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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

SIGAMOS O CAMINHO DA VERDADE...


















SIGAMOS O CAMINHO DA VERDADE...

Revistamo-nos de concórdia; e humildes e moderados, rejeitemos para longe toda murmuração e maledicência, justificando-nos não por palavras, mas por obras. Pois se disse: Quem fala muito, ouvirá por sua vez; ou acaso se julga justo o homem falador? (cf. Jó 11,2).

Cumpre-nos, portanto, estar prontos a fazer o bem; de Deus tudo procede. Pois ele nos predisse: Eis o Senhor, e sua recompensa está diante dele para dar a cada um segundo suas obras (cf. Ap 22,12). Por isso exorta-nos a nós que nele cremos de todo o coração, a não sermos preguiçosos e indolentes em toda obra boa. Nele nos gloriemos, nele confiemos. Submetamo-nos à sua vontade e, atentos, observemos a multidão dos anjos, como a seu redor cumprem sua vontade. A Escritura conta: Miríades de miríades assistiam-no e milhares de milhares o serviam e clamavam: Santo, santo, santo, Senhor dos exércitos; toda a criação está cheia de sua glória (Cf. Dn 7,10;Is 6,3).

Por conseguinte também nós, em consciência, congregados como um só na concórdia, com uma só voz clamemos sem descanso para nos tornarmos participantes de suas excelentes e gloriosas promessas: Os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, nem suspeitou o coração dos homens, quão grandes coisas preparou para os que o aguardam (Cf. 1Cor 2,9).

Que preciosos e maravilhosos são, caríssimos, os dons de Deus! Vida na imortalidade, esplendor na justiça, verdade na liberdade, fé na confiança, temperança na santidade; e tudo isto nossa inteligência concebe. O que não será então o que se prepara para aqueles que o aguardam? O Santíssimo Artífice e Pai dos séculos é o único a conhecer a quantidade imensa e a beleza de tudo isso.

Assim, pois, a fim de participarmos dos dons prometidos, empreguemos todo o empenho em sermos contados no número dos que o esperam. E como se fará isto, diletos? Far-se-á, se pela fé nosso pensamento se estabilizar em Deus, se procurarmos com diligência aquilo que lhe é agradável e aceito, se fizermos tudo quanto se relaciona com sua vontade irrepreensível e seguirmos a via da verdade, rejeitando para longe de nós toda injustiça.

Paz e Bem!

Fonte: Da Carta aos coríntios, de São Clemente I, papa - (Cap.30,3-4;34,2-35,5: Funk 1,99.103-105) (Séc.I)


domingo, 30 de outubro de 2011

Ecos da celebração do Espírito de Assis

ou A peciência de Evangélica segundo Francisco
[Frei Dorvalino Fassini, OFM]

Entre as primeiras caracterizações ou definições do carisma franciscano costuma-se colocar a penitência evangélica. “Somos penitentes de Assis”, respondiam os primeiros frades ao serem interrogados acerca de sua origem (Cf. LTC 37).

Só que ser penitente para Francisco em vez do caminho dos fariseus que, através de seus exercícios e sacrificações, buscam sua auto-realização, significa percorrer o jubiloso caminho de retorno do filho pródigo para sua origem, o paraíso perdido, a casa do Pai, inaugurado pela Paixão do Filho do Homem, Jesus Cristo, pobre crucificado, o novo Adão.

Por isso, ao perpassarmos todos os momentos da vida de Francisco haveremos de perceber o júbilo não do herói que busca seu próprio engrandecimento, mas a perfeita alegria do caminho das bem-aventuranças que culmina e se consuma no alto do Gólgota quando Cristo exclama, sumamente feliz e realizado: “Tudo está consumado”.

Consequentemente, a penitência evangélico-franciscana, antes do aspecto de sacrificação, deve ser compreendida como a grande, profunda e radical transformação – conversão – do mundo todo, da humanidade toda, inaugurada por Jesus Cristo e continuada pelo seu Espírito: inauguração de um novo Céu e de uma nova Terra, o Reino de Deus ou dos céus no meio de nós, como costumava proclamar o Senhor em seus sermões pela Palestina.

Isso tudo significa que, segundo Francisco, a penitência evangélica, entendida como o júbilo do filho pródigo que, tocado pela misericórdia do Pai, põe-se no caminho da volta para a casa paterna, não se restringe apenas a algumas pessoas, no caso os cristãos, muito menos a um grupo restrito que se dedica a sacrifícios e penitências(1). Trata-se, antes, de um dom semeado no âmago mais profundo de cada criatura, de cada homem e de cada acontecimento, no coração, enfim, de toda a história da humanidade. Não somos, portanto, os únicos penitentes e nem mesmo os melhores. Mas, a nós seguidores de São Francisco, é entregue e confiado este carisma como missão ou profissão específica e oficial por parte da Igreja.

Francisco vê na penitência evangélica a “exultatio” (exultação), o júbilo dos filhos pródigos – a humanidade toda - que, tocados pela misericórdia do Pai, se animam a pôr-se no caminho do retorno ao Paraíso perdido da casa paterna. Eis o grande princípio do qual nasce, prospera e amadurece toda a nova vida de Francisco e de toda aquela primeira geração de frades, clarissas e irmãos e irmãs da Terceira Ordem.

Recordemos que foi com este entusiasmo que Francisco iniciou sua conversão ou vida de penitente, desligando-se do mundo para entregar-se inteiramente a Jesus Cristo e seu Evangelho: Ouvi todos e entendei-me! Até agora, chamei Pedro de Bernardone meu pai, mas porque me propus servir a Deus, devolvo-lhe o dinheiro, por cuja causa estava perturbado, e todas as vestes que obtive com seus bens, querendo sem demora dizer: Pai nosso que estás nos Céus e não pai Pedro de Bernardone(2).

Não esqueçamos, também, que o convite à misericórdia e ao amor - coração da penitência evangélica - perpassa todo o ministério da Boa Nova de Jesus: Ide e aprendei o que significam as palavras: Quero misericórdia e não sacrifícios(3). E é bem esse o tom que perpassa toda a vida de Francisco. Neste ponto, a compreensão que Francisco tem de penitência é tão originária quanto originária é a Boa Nova de Jesus Cristo. E como essa também aquela só é compreensível pela fé. Pois, como ensina Pascal, ao se falar das coisas humanas, diz-se que é preciso conhecê-las primeiro para então amá-las, o que se transformou em provérbio. Os santos, ao contrário, dizem que, ao se falar das coisas divinas, é preciso amá-las primeiro, e que só se penetra na verdade por meio da caridade, o que é uma das sentenças mais úteis(4).

Esse princípio exultante e jubiloso do penitente evangélico vem expresso de diversas formas. Ele aparece, por exemplo, quando, na famosa Carta aos Fiéis proclama a bem-aventurança dos que odeiam seus corpos com vícios e pecados para receber o corpo e o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Recordemos que é esse mesmo princípio que o Senhor, no sermão da montanha, estabelece como caminho para o sumo da felicidade, da bem-aventurança e da realização dos seus seguidores(5).

O júbilo aparece, ainda, através dos verbos que expressam a concretização dessa penitência: amar e receber o Senhor [...], fazer frutificar [...], trazer no coração o Senhor [...], ser filho do Pai celeste [...], etc., culminando na jubilosa exclamação: Oh! Quão felizes e benditos são estes e estas...

A tonalidade jubilosa desta Vida e desta Regra, porém, brilha com toda a sua intensidade e sublimidade quando, na mesma Carta, fala da familiaridade do penitente com as Três Pessoas divinas. Familiaridade que nos torna esposas, irmãos e mães de Nosso Senhor Jesus Cristo; familiaridade que nos dá a ventura de “ter” no céu “um Pai”, um “esposo”, um “irmão” e até mesmo um “filho”.

Até mesmo sua morte em vez de choro foi recheada de alegria e festa, pois, quando o santo viu que sua hora estava chegando mandou trazer um pão, abençoou-o e partiu-o, dando um pedacinho para cada companheiro presente, querendo assim, a exemplo do seu Senhor celebrar, também ele, a alegria da passagem dessa vida para junto do Pai. Quis, assim, passar em ação de graças os poucos dias que ainda restavam até sua morte, convidando todas as criaturas ao louvor de Deus pedindo aos frades que lhe entoassem o Cântico das Criaturas, exortando para esse louvor até a morte, terrível e aborrecida por todos, e, correndo alegre ao seu encontro, convidou-a a ser sua hóspede: Bem-vinda minha irmã morte! (Cf. 2C 217).

  1. Acerca da retumbância desse júbilo leia-se Lc 15,22-24: Mas o pai disse aos seus servos: “Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçados nos pés; trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado”. E começaram a regozijar-se.
  2. LTC 20,3.
  3. Mt 9, 13.
  4. Pascal, "Pensées et opuscules", Paris, 1912, p. 185, citado por Heideger M. em Ser e Tempo, Vozes, 1988, p. 194. O mesmo pensamento já expressava Sto. Agostinho: "Non intratur in veritatem, nisi per charitatem (“Não se entra na verdade senão pela caridade”. Agostinho, "Opera", Migne, P .1. XLII, "Augustinus" VIII, "Contra Faustum", lib. 32, cap. 18, idem.
  5. Cf. Evangelho das bem-aventuranças (Mt 5,1-12 segundo o qual Cristo conclui afirmando: Alegrai-vos e exultai, porque grande será a vossa recompensa nos céus).

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

ORAÇÃO PARA NÃO ANDAR NA CONTRA MÃO DA VIDA ETERNA














ORAÇÃO PARA NÃO ANDAR NA CONTRA MÃO DA VIDA ETERNA

Senhor, não sei o que dizer frente as minhas fraquezas...
Nem sei o que pensar...
De fato, gostaria que tudo fosse perfeito sem erro algum...
Mas, não cabe somente a mim, pensar assim...
Creio que esse é um dos mais intensos desejos do meu coração...
Para não te ver magoado meu Senhor...

No entanto, sei que és perfeito...
e nunca te magoas como nos magoamos...
Mas, este é o meu modo de pesar,
porque creio que tudo o que fizestes é bom...
Por isso, peço-te humildemente...
Ajuda-me a não perder o santo temor de Ti, Senhor...
Porque, o que seria de mim se não te obedecesse até o fim?
O que seria de mim se não te ouvisse antes de agir?

Ó Senhor, peço-te ainda mais este favor...
Não me deixe decidir nada sem a tua anuência...
junto aos superiores que pusestes à minha frente...
Desse modo, estarei convicto de que ages no meio de nós
que aqui estamos e atuamos em teu nome...
Porque sem a tua direção,
andamos sozinhos na contramão de tua santa vontade...

Senhor, não é fácil te ouvir em meio ao barulho deste mundo,
em meio aos interesses pessoais...
Então, te peço a graça de não ter nenhum interesse egoísta...
Caso contrário, não me sinto apto para o teu Reino...
Porque, se os meus interesses...
não tiverem como fonte de inspiração os teus interesses...
e se a tua Vontade não for o suporte de minha vida...
Eu não sei o que será de mim aqui e por toda a eternidade...

Por isso, meu Deus...
Quero viver de tal modo unido à tua vontade...
que nada mais me perturbe neste mundo...
É disso que eu preciso meu Senhor,
para me ater seguro no caminha da tua salvação...
Para não andar na contra mão da vida eterna...

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


Creative Commons License
FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.

A origem do cordão franciscano


O cordão franciscano nascido enquanto ele faz o seu próprio caminho de vida franciscana. Francisco deu o passo final na conversão difícil , que durou vários anos, para descobrir o que Deus queria dele em ouvir o Evangelho. Era 01 de fevereiro de 1208 quando , com cerca de 26 anos, ouviu as palavras que Jesus disse a seus discípulos quando os enviou a pregar, o que eles disseram que não precisa de nada para a estrada, "nem duas túnicas, nem sandálias, nenhuma equipe ... " (Mt 10.10).
Após a reflexão oportuna finalmente entendi que o Senhor lhe havia mostrado o caminho que deve seguir e não ficar indo em breve. Este tirou o cinto de couro e colocou uma corda ao redor da cintura.Esta mudança é particularmente significativo considerando que o cinto era uma peça essencial no vestuário medieval, porque não tinha bolsos. Cintos disponíveis em uma série de fivelas que foram usados ​​para o transporte de coisas dos sacos para os comerciantes, mesmo os selos e canetas aos notários ( 1 ) . Era uma peça de roupa que é tanto o estado funcional e de segurança foi, e era um reflexo de que a sociedade do século XIII em que o comércio com o Oriente, o resultado das Cruzadas, tinha dado um valor de dinheiro, até então, se não ( 2 ) .
Os homens daquele tempo eram tão imersos em seus negócios, eles não tinham tempo para Deus.Portanto, com este gesto , Francisco depositam sua confiança no Senhor e que o fez livres para seguir ,para que o seu cinto de idade não era mais que um empecilho, um utensílio que ligava os homens de seu tempo aos seus negócios e lucros .
Aludindo a esta mudança, Angel Francisco Tancredi convenceu o cavaleiro, que mais tarde se tornouem um de seus companheiros mais fiéis: "Por muito tempo você usa cinto, espada e esporas tem que troca o cinto de corda, a espada pela cruz, e esporas na estrada poeirenta. Venha, siga-me, porque eu vou cavaleiro de Cristo " .
O franciscano cabo de três nós simbolizam obediência, pobreza e castidade, três votos a fim de evitar que nada atingindo Cristo. Assim, escapa da pobreza sendo escravizados ao dinheiro, com a riqueza de Deus, a obediência é a liberdade de seguir a vontade do Pai, e da castidade é o caminho para não se concentrar ama uma pessoa, mas em todos.
O cordão franciscano é, em última análise um símbolo da pobreza evangélica e seguir Jesus, sem condições.

1 . Piero Bargellini, Os santos também são homens . Madrid, Ediciones Rialp (Col. Patmos, livros espirituais - 116), 1964, pp 107-123: San Francisco, os homens fantasiam .
2 . Eloi Leclerc, OFM, Francisco de Assis, o encontro entre o Evangelho ea História em Selections franciscanismo , vol. XI, n. 32 (1982) 239-253.

Blog Fraternidade OFS São Luchésio e Buonadona

Fraternidade São Luchésio e Buonadona
Balneário Camboriú, SC

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

[OFS : Origens, aspectos históricos e situação no século XXI]

1 ORIGEM E ASPECTOS HISTÓRICOS DA OFS

Sendo Francisco de Assis chamado "o santo da fraternidade universal", por ter abraçado toda a criação como sua irmã, não poderia deixar de atender ao Espírito de Deus, que o inspirou a orientar à vivência do Evangelho a todos os filhos de Deus, inclusive aqueles homens e aquelas mulheres que desejavam viver em penitência em suas próprias casas.

Na história das "Ordens Terceiras", consideradas como realidades autônomas, encontra-se que esta denominação foi usada oficialmente pela primeira vez com relação à Terceira Ordem Franciscana num testamento de 1292 .

Em razão da absoluta precedência de São Francisco na orientação espiritual de grupos penitenciais, os "collegia" dos penitentes que seguiam os ensinamentos de São Francisco acabaram por dar lugar à Ordem da penitência de São Francisco . Isto no sentido oficial, quando teria sido institucionalizada pela Igreja. Popularmente já era conhecida e utilizada esta expressão desde os tempos da vida de São Francisco de Assis.

A Ordem Franciscana Secular, assim chamada depois do Concílio Vaticano II, em conseqüência do "aggiornamento" pós conciliar, é uma associação pública na Igreja , formada por fiéis privilegiados, por serem beneficiários de uma "graça concedida em favor de determinadas pessoas" , para viver uma vocação específica, com uma precisa identidade .

A vida apostólica de São Francisco e de seus primeiros companheiros, indiscutivelmente, teve início na sua experiência de "conversão" (metanoia). Sua conversão se expressou num compromisso pessoal de transformação interior e num dom de iluminação para os outros. Converter-se significa reconhecer a universal paternidade de Deus sobre toda a criação e significa reconhecer a universal fraternidade do homem com todas as coisas criadas.

A experiência de vida apostólica de São Francisco e de seus primeiros companheiros resume-se no seu esforço de converter-se e de pregar a conversão: facere et praedicare poenitentiam. Inicialmente, eles são (e são reconhecidos como) os "Penitentes de Assis" .

O "Memoriale propositi", que vigorou de 1221 a 1228, foi um documento da Igreja dirigido a todas as fraternidades de penitentes em geral, dentre eles, os de Assis. Foi aprovado pelo Papa Gregório IX para todos os penitentes da época, portanto sem nenhuma influência de Francisco de Assis.

Na Regra Não Bulada dos Frades Menores – (Cap. XXIII, 16 a 22), consta o ardente desejo de Francisco pela salvação de toda a humanidade. A inspiração original de Francisco consta da "Carta aos Fiéis", que é hoje o Prólogo da Regra de 1978.

O Papa Nicolau IV (que era frade menor) em 18 de agosto de 1289 aprovou a Bula "Supra Montem", com a qual a Ordem da Penitência do mundo inteiro foi confiada ao cuidado dos Frades Menores como visitadores e procuradores de suas fraternidades, sendo que, deste apostolado, deviam prestar contas diretamente aos Sumos Pontífices.

Em 30 de maio de 1883 o Papa Leão XIII (franciscano e membro da OFS), aprovou uma Regra específica para os franciscanos seculares, por meio da Encíclica "Misericors dei Filius". Nota-se menos rigor nesta Regra, pois o Papa entendeu que a situação do século XIII era bem diferente do século XIX. Somente em 25 de agosto de 1957 foram aprovadas as primeiras Constituições Gerais da OFS, relativas à Regra de Leão XIII. Não foram feitas a partir da própria OFS, mas impostas. Por isso não atenderam completamente às aspirações de muitos franciscanos seculares.

Pelo Breve Apostólico "Seraphicus Patriarcha", em 24 de junho de 1978 foi aprovada a Regra de Paulo VI, assinada poucas semanas antes de sua morte. Em 27 de setembro de 1982, o Papa João Paulo II recebeu peregrinos franciscanos seculares na sala máxima e lhes disse: "Amai, estudai e vivei a Regra da Ordem Franciscana Secular, ...Ela é um autêntico tesouro nas vossas mãos, sintonizado no espírito do Concílio Vaticano II e correspondente ao que a Igreja espera de vós. Amai, estudai e vivei esta Regra, porque os valores nela contidos são eminentemente evangélicos. Vivei estes valores em fraternidade e vivei-os no mundo, no qual, pela vossa vocação secular, estais envolvidos e radicados. Vivei estes valores evangélicos nas vossas famílias, transmitindo a fé com a oração, o exemplo com a educação, e vivei as exigências evangélicas do amor recíproco, da fidelidade e do respeito à vida. Cristo, o pobre e crucificado, seja para vós, como foi para Francisco de Assis, o inspirador e o centro da vida com Deus e com os homens". Esta Regra tem apenas 26 artigos, profundos, belíssimos pelo que contém. Muitos livros já foram escritos sobre ela, mas o Capítulo II, relativo à forma de vida é considerado o mais importante.

Em 8 de setembro de 1990, foram aprovadas em caráter experimental as Constituições Gerais da Regra aprovada pelo Papa Paulo VI com três grandes linhas mestras: a secularidade, a unidade e a autonomia. No decorrer de dez anos após ampla consulta, que envolveu todas as Fraternidades Nacionais com seus respectivos Conselheiros Internacionais e a própria Presidência do Conselho Internacional da OFS, essas Constituições Gerais foram atualizadas e suas emendas aprovadas em 8 de dezembro de 2000, promulgadas em 6 de fevereiro de 2001 e entraram em vigor a partir de 6 de março de 2001. No texto foram observados os seguintes critérios: adesão ao direito comum e ao direito próprio da OFS; respeito pelo texto já aprovado em 1990 pela Santa Sé; flexibilidade organizativa; adaptação cultural e lingüística.

2 A ORDEM FRANCISCANA SECULAR NO SÉCULO XXI

Como está a Ordem Franciscana Secular no século XXI? Com seus documentos organizados e aprovados pelas instâncias superiores competentes, a OFS tem condições de caminhar com orientações seguras. Todos eles foram escritos para serem observados pelos franciscanos seculares não como legalistas, mas para serem estudados, vendo por entre as linhas as luzes do Espírito que nos chamou a uma grande vocação, que é uma verdadeira escola de espiritualidade e de cidadania.

O binômio fé e vida está presente na vivência de toda a Regra da Ordem Franciscana Secular. Não há mais lugar para um devocionismo inoperante como ocorreu em algumas fraternidades no passado, mas para um dinamismo que envolve todo o cotidiano, em qualquer circunstância, tanto na vida pessoal como na fraternidade.

Com o passar do tempo, o crescimento da família e o desenvolvimento das atividades da Ordem Franciscana Secular, foi necessária sua atualização, que ocorreu com a Regra de 1978 e respectivas Constituições Gerais. Seus membros vivem em recíproca comunhão vital com toda a Família Franciscana e configura-se como uma união orgânica, isto é, como um corpo , cujas células vitais, as Fraternidades locais, por sua vez agrupam-se em Regiões, que abrangem as nações espalhadas pelo mundo, dando o sentido universal e eclesial, as quais têm na Igreja a sua própria personalidade moral .

2.1 [As Fraternidades Locais]

As Fraternidades Locais devem ser erigidas canonicamente e assim elas se tornam "a célula primeira de toda a Ordem" . Elas têm autonomia administrativa quanto aos seus bens e atividades apostólicas, estas organizadas por seus animadores e guias, isto é, os membros de seus respectivos Conselhos, os quais cuidarão de sua atuação em comunhão com as fraternidades do mesmo nível e as orientações recebidas das fraternidades dos níveis superiores.

É na fraternidade local que se desenvolve toda a vocação franciscana secular. Sendo a base de todo o edifício, podemos dizer que nela é que os irmãos e irmãs aprendem as noções sobre a OFS, sua forma de vida e atividade apostólica, esta com atenção especial à presença ativa na Igreja e no mundo, por uma sociedade justa e fraterna, a partir da vida na própria família, sendo mensageiros de alegria e esperança na secularidade.

A Eucaristia é o centro da vida da Fraternidade. Quando se celebra com a participação da Fraternidade procura-se sublinhar o vínculo fraterno que caracteriza a identidade da Família Franciscana. Os franciscanos seculares são convidados a participar com a maior freqüência possível, lembrando do respeito e do amor de São Francisco que na Eucaristia viveu todos os mistérios da vida de Cristo.

Cada fraternidade local é uma comunidade eclesial. Sua assistência espiritual é confiada ao cuidado pastoral da Ordem religiosa franciscana que a erigiu. O Assistente Espiritual é membro de direito, com voto, do Conselho da Fraternidade a qual presta a assistência e colabora com o mesmo em todas as atividades. Não exerce o direito de voto nas questões econômicas .

A JUFRA tem organização específica, com métodos de formação adequados para os jovens. Contudo, a OFS se considera responsável por ela e geralmente uma Fraternidade de JUFRA está intimamente ligada a uma Fraternidade Local da OFS. Até porque, embora seja livre a opção vocacional dos jovens tanto dentro como fora da Família Franciscana, a grande maioria ingressa nas fileiras da OFS. Temos atualmente a importante figura do animador fraterno, que é um membro professo da OFS, que atua na Fraternidade de JUFRA, como elo de ligação entre ambas. As Constituições Gerais da OFS dedicaram os artigos 96 e 97 à Juventude Franciscana, afim de orientar tanto os jovens, como a própria OFS para promover a vitalidade e expansão das Fraternidades de JUFRA. Também na JUFRA, a Fraternidade Local é a célula vital, onde os jovens vivem a formação inicial e o discernimento para a vocação a ser abraçada no seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo ao modo de São Francisco de Assis.

2.2 [A Fraternidade Regional]

A Fraternidade Regional agrupa as Fraternidades de vizinhança geográfica, ou realidades pastorais comuns, cuidando da união entre elas e a integração colegiada das Ordens Franciscanas Religiosas que cuidam da assistência espiritual em seu âmbito. É animada e guiada por um Conselho e um Ministro, regida pelos Estatutos Regional e Nacional e tem sede própria (adquirida, alugada ou cedida).


2.3 [A Fraternidade Nacional]

A Fraternidade Nacional é a união orgânica de todas as Fraternidades Locais existentes num país, unidas e coordenadas entre si, mediante as Fraternidades Regionais. É animada e guiada por um Conselho e um Ministro, regida por Estatuto próprio e tem sede (adquirida, alugada ou cedida).
Geralmente em sua sede funciona o secretariado, que cuida do expediente, do arquivo, do almoxarifado e das relações com os membros do Conselho Nacional, com todas as Fraternidades Regionais e Locais que se dirigem a este órgão executivo para suas necessidades.

A constituição de Fraternidades Nacionais é de competência da Presidência do CIOFS a pedido e após diálogo com os Conselhos das Fraternidades interessadas e os Superiores Religiosos, aos quais competirá a assistência espiritual.

A Assembléia ou Capítulo Nacional representa todas as Fraternidades de seu território, com poderes legislativo, deliberativo e eletivo. A Fraternidade Nacional é uma instância de governo que, com seu próprio Estatuto determina a composição do Capítulo, bem como de seu Conselho, conforme suas atividades e condições culturais, a periodicidade, as competências e o modo de convocação.

2.4 [A Fraternidade Internacional]

A Fraternidade Internacional abarca todas as Fraternidades franciscanas católicas do mundo. Atua conforme seu próprio Estatuto e as Constituições Gerais. Tem característica diversa em sua composição: tem um Conselho Internacional com representantes das Fraternidades constituídas no mundo, que são os Conselheiros Internacionais, um representante da JUFRA e quatro Assistentes Gerais que formam a CAS: Conferência dos Assistentes Espirituais e pela Presidência do CIOFS, que a integra, juntamente com o Ministro Geral.

A Presidência do CIOFS é formada pelo Ministro Geral, Vice Ministro, sete Conselheiros da Presidência atualmente constituídos para as áreas lingüísticas: portuguesa, italiana, espanhola, inglesa (dois Conselheiros), francesa e alemã, um representante da Juventude Franciscana e os quatro Assistentes Gerais. As Constituições Gerais estabelecem no artigo 72.2, que os Conselheiros da Presidência podem representar as áreas baseando-se em critérios lingüísticos, culturais e geográficos.

Quando reunida em Capítulo Geral, a Fraternidade Internacional representa a máxima instância de governo, com poderes: legislativo, deliberativo e eletivo, podendo legislar e expedir normas conforme a Regra e Constituições Gerais. Isto ocorre para as eleições a cada seis anos e ao menos um Capítulo Intermediário a cada três anos.

A Presidência se reúne ordinariamente ao menos uma vez ao ano, contudo, dado o crescimento do número de Fraternidades, os trabalhos das Comissões de Presença no mundo, Jurídica e Econômica, bem como a realização das Visitas Fraterno Pastorais e Capítulos e, sobretudo, as Fraternidades emergentes, têm mostrado a necessidade das citadas reuniões serem realizadas ao menos duas vezes ao ano, sem prejuízo do uso constante da comunicação eletrônica via INTERNET, telefônica via SKIPE ou outros meios, além da via postal.

Pelas últimas informações obtidas na reunião da Presidência de abril de 2006, a OFS está presente em 103 países: 59 com Fraternidades constituídas e 44 com Fraternidades emergentes.

Quanto à sede, podemos dizer que este ano de 2006 é histórico para a OFS, pois, foi assinado o contrato de compra de um apartamento com boa localização em Roma, onde funcionará o Secretariado Internacional da OFS, com seu almoxarifado, arquivo e todos os equipamentos necessários às suas atividades administrativas e de contado com todas as nações do mundo. Isto ocorreu graças à colaboração colegiada de toda a Família Franciscana, bem como de todos os franciscanos seculares, que precisam continuar contribuindo até que seja quitado o referido contrato, bem como com as despesas ordinárias relativas às atividades do próprio Secretariado e Presidência do CIOFS.

2.5 Atividades comuns em todos os níveis

Formação inicial

Este tempo de formação inicial compreende duas fases:
  • A iniciação, na qual se observa nos candidatos as condições para a admissão à Ordem: professar a fé católica, viver em comunhão com a Igreja, ter boa conduta moral e dar sinais claros de vocação. Neste período deve ocorrer o discernimento da vocação e o recíproco conhecimento entre a Fraternidade e o aspirante.
  • A formação específica onde ocorre a maturação da vocação, a experiência de vida evangélica junto com a fraternidade e o melhor conhecimento da Ordem. Compreende reuniões de estudo, oração, experiências concretas de serviço e de apostolado. Dá-se abertura para que os formandos conheçam outras fraternidades, por meio de encontros distritais, jornadas franciscanas e outros eventos. Este período prepara os candidatos para a profissão ou promessa de vida evangélica, que é um compromisso perpétuo, que se celebra conforme as disposições do Ritual da OFS.

Formação Permanente

Esta formação compreende toda a vida. Tem por objetivo ajudar a cada membro da OFS em seu itinerário vocacional.

As fraternidades locais devem programá-la no ano precedente, sendo que devem buscar o elenco dos temas nas prioridades regionais, nacionais, internacionais e além desses, nas necessidades apresentadas pela Fraternidade, conforme tenha sido observado pelos membros do Conselho, ou em seu próprio Capítulo local.


A Assistência Espiritual e Pastoral à OFS

Este assunto é muito importante para a OFS. Somos a dimensão secular do carisma franciscano, não podemos nos distanciar de nossos Frades e Irmãs religiosas franciscanas, porque precisamos viver a recíproca comunhão vital entre todos os membros da Família Franciscana.

O cânon 303 do CDC assegura à OFS por meio dos seus Assistentes Espirituais a fidelidade ao carisma, a comunhão com a Igreja e a Família Franciscana, valores esses que são um compromisso de vida para os franciscanos seculares.
A atividade dos Assistentes é de competência dos Ministros Gerais para o Conselho da Presidência do CIOFS e Conselho Internacional e dos Ministros Provinciais para os Conselhos Nacionais, Regionais e Locais. As atividades podem ser exercidas pessoalmente, ou mediante um delegado idôneo e preparado.

Nas Fraternidades Regionais, Nacionais e Internacional, podem existir as Conferências, compostas de um representante de cada ramo da Família Franciscana: OFM, OFMConv, OFMCap e TOR, a fim de melhorar o desempenho das atividades da assistência espiritual, bem como acompanhar com adequado cuidado o cumprimento de suas atribuições.

Têm crescido muito o interesse pelo trabalho da assistência espiritual com o apoio dado pela Conferência dos Assistentes Gerais, que em 2002, editou o Estatuto para a Assistência Espiritual e Pastoral à Ordem Franciscana Secular e em 2006 o Manual para a assistência à OFS e à JUFRA (este ainda deverá ser traduzido para o português). Contudo, há muito a ser feito nas Fraternidades Nacionais, Regionais e Locais, sobretudo.

A Ordem Franciscana Secular valoriza muito os seus Assistentes Espirituais em todos os níveis, mas é na Fraternidade Local que sua atuação é de suma importância, pois eles têm ontatos mais freqüentes com os membros da Fraternidade, têm a oportunidade de conhecê-los e contribuir com sua formação inicial e permanente.


A Comunhão com a Família Franciscana e a Igreja

As Fraternidades da Ordem Franciscana Secular em geral são abertas à comunhão com toda a Família Franciscana, participando de atividades comuns e fazendo-se presente em ocasiões especiais para as quais éconvidada.

Muitos membros da OFS participam de organismos internacionais, nacionais, regionais e locais da Família Franciscana em diversos países.

A comunhão com a Igreja se realiza com mais ênfase nas Fraternidades Locais que atuam junto às respectivas Paróquias e aquelas cujos membros particularmente pertencem a uma Pastoral ou alguma atividade específica.
Existem também as atividades de membros da OFS nas Dioceses.

A OFS tem oferecido à Igreja ao longo da história, um bom número de diáconos, sacerdotes, religiosas, bispos, arcebispos, papas, santos e santas. Seus membros, têm, portanto, muitos exemplos para conhecer, amar e glorificar a Deus com suas próprias vidas, continuando esta obra.

A nível internacional há um vínculo muito particular com o Santo Padre o Papa, de quem a OFS recebeu a aprovação de todas as suas Regras e a confirmação de sua missão na Igreja e no mundo.

3 CONCLUSÃO

São patronos da OFS São Luiz IX, rei da França e Santa Isabel da Hungria. De Santa Isabel, estaremos celebrando o oitavo centenário em 17 de novembro de 2007. Como o XII Capítulo Geral da OFS será realizado de 15 a 22 de novembro de 2008, a Hungria ofereceu-se para ser a Sede do próximo Capítulo Geral, o que foi aceito pela Presidência, pois está previsto que nesta ocasião estaremos finalizando as comemorações do oitavo centenário do nascimento de Santa Isabel, que terá a duração de um ano. Junto a estas festividades a OFS participará também do oitavo centenário do nascimento do carisma e da aprovação da Regra deSão Francisco junto com toda a Família Franciscana.

Em todo o contexto da Ordem Franciscana Secular no século XXI, o que realmente importa a todos que abraçaram esta vocação é nossa vitória final com Cristo. Lutamos por um mundo de paz, de fraternidade, de amor a todas as criaturas, com os olhos postos no Evangelho, na Regra e no mundo de hoje.

O mundo é nossa cela, nele passamos por todas as situações comuns de todos os homens e mulheres que se põem a caminho para alcançar sua meta como filhos de Deus.

Como São Paulo o fez, podemos também nós comparar nossa corrida vivendo de tal modo que, afinal, possamos dizer: combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. Sim, guardar a fé e fortalecê-la para animar a outros para viverem a vocação franciscana secular, ou qualquer outra na Família Franciscana, ou mesmo ajudar as pessoas a viverem melhor sua vida cristã na Igreja é um grande desafio para os nossos dias e felizes aqueles e aquelas que perseverarem até o fim.

O ideal de vida dos franciscanos seculares é algo grandioso, que nos faz alcançar a intimidade com a Trindade Santa e viver em paz no meio de tantos conflitos e sofrimentos dos quais até mesmo nós, que vivemos nossa fé, não estamos livres de sermos vitimas ou por infelicidade, autores de situações constrangedoras, como seres humanos que somos.

Contudo, nem São Francisco, e tantos outros santos passaram por esta vida sem altos e baixos, alegrias e sofrimentos, sucessos e fracassos. A vida da Ordem Franciscana Secular tem sido assim também, ao longo dos séculos, mas ninguém poderá deixar de afirmar que para quem tem a vocação franciscana secular, este é um caminho seguro, garantido por Nosso Senhor Jesus Cristo, para alcançar a plenitude da vida, não só para a eternidade, mas começando a vivê-la desde já, para continuar a construir a história desta Ordem que tantos santos já levou aos altares.

Confiantes no Evangelho, na Regra e na misericórdia do Senhor, continuaremos a viver nossa vida de penitência no século XXI, plantando sementes, das quais, não vemos o crescimento, mas o Senhor de tudo é quem conhecerá o verdadeiro fruto na colheita final.

Autora: Maria Aparecida Crepaldi, OFS
Síntese: Rosalvo Mota, OFS

terça-feira, 25 de outubro de 2011

DESEJO-TE, SENHOR...













DESEJO-TE, SENHOR...

Meu Senhor e meu Deus...
O que devo fazer para vencer a mim mesmo?
Sei meu Senhor que devo lutar bravamente...
E não dar trégua alguma a esse inimigo que sou de mim mesmo...
Porque constantemente estou interagindo com tudo e com todos...
Porém, às vezes me sentindo um nada, como se estivesse desligado de Ti...

Por isso, não posso esquecer que o Senhor é a razão do meu viver...
A Fonte Inesgotável de todo ser, onde encontro segurança...
Aonde me sinto criança retornando à inocência do eu original...
Aonde tudo é alegria infinda e a satisfação da vida parece não mais acabar...

Senhor, onde posso viver sem o mal por perto?
Sem os desacertos do pecado e suas consequências?
Onde posso viver contigo e com todos em verdadeira harmonia e santidade?
Onde a verdade reine para sempre e a felicidade não seja um de repente,
mas o sentido da  vida permanente?

Senhor, não encontro resposta alguma fora de Ti...
Porque aqui tudo me parece passageira ilusão...
Onde passamos e não damos conta de que só em Ti a vida é eterna...
Por isso, Senhor, a nada deste mundo devemos nos apegar...
para não nos atrapalharmos no teu seguimento Senhor...
e assim podermos chegar ao teu reino de amor que não tem fim...

Desejo-Te Senhor ardentemente, com o desejo de tua salvação...
Dá-nos a tua santa mão para não tropeçarmos nas armadilhas do diabo...
E assim podermos vencer as batalhas que hora travamos...
Não caindo nos desenganos que nos afastam de Ti...
Porque somente assim, Senhor, os homens perceberão que a verdade,
Vencerá para sempre a maldade, e esta não mais existirá...

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.

Breve mensagem da Ministra Geral da OFS

Aparecida: encontro da OFS





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Saindo de Porto Feliz, na noite de sábado de Porto Feliz, irmãos professos e leigos partiram para Sorocaba até os irmãos da fraternidade Santa Maria dos Anjos, para juntos peregrinarem até o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Com uma clima amistoso, fraterno, a viagem ocorreu muito bem, na ida e volta. As 9h30m estava marcada a concentração de todas as fraternidades do Brasil que foram até Aparecida para saudar o Capítulo Geral (internacional) que ocorre no Brasil.
No espaço de eventos “Tribuna Dom Aloísio Lorscheider”, irmãos franciscanos de todo o Brasil e de outros países se reuniram, para momentos de animação, oração e mensagens. Aconteceu também o encontro com Ministra Geral da OFS, Encarnación del Pozo, além de representantes de 112 fraternidades de todo mundo.

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Ao meio-dia, todos se dirigiram para a Basílica, onde participaram de Missa de Ação de Graças, presidida pelo ex-Provincial da Imaculada Conceição, D. Caetano Ferrari, bispo de Bauru, concelebrada pelos bispos: Dom Frei João Mamede Filho, OFMConv de Umuarama e Dom Fernando Mazon.

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Também neste domingo, os capitulares fizeram mais um encontro, desta vez com as Irmãs Clarissas, na Fazenda Esperança, Guaratinguetá, celebrando os 800 anos de fundação da Segunda Ordem.

Fotos da Missa:
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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A geração dos ‘’sem-teo’’

Crise de fé é uma expressão otimista, no fundo. Parece a crise dos bancos. Algo que, com oportunas recapitalizações, pode ser posta nos eixos. Mas o fenômeno em curso no Velho Continente, casa e coluna do catolicismo, vai muito além. A Europa entrou em uma era de descristianização.

A reportagem é de Marco Politi, publicada no jornal Saturno, 21-10-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A primeira década de 2000 viu a afirmação de uma geração que, no seu conjunto, perdeu a memória viva, o vínculo real com o patrimônio cristão. Armando Matteo, assistente eclesiástico dos universitários católicos (Fuci), fala de "primeira geração incrédula" e não tem medo de afirmar que o cristianismo está se tornando estranho aos homens e às mulheres do nosso tempo.

As massas não devem se enganar com os grandes encontros ou as declarações de "pertencimento" ao cristianismo que se verificam nas pesquisas. É uma pertença sem crença. Meramente sociológica. Mas se a diferença entre identidade formal e fé substancial é típica de outras épocas, muitas vezes caracterizada por flutuações no curso da existência, o sinal da atual geração incrédula se revela (para a grande massa, sem se deter nas pequenas minorias motivadas) por meio de uma "surdez geral quando se fala de Deus, de fé, de oração, de comunidade". Uma atitude que supera em muito a escassa participação na missa e nos sacramentos. É uma perda sistêmica dos fundamentos culturais do cristianismo, dos ensinamentos, dos símbolos derivados do Antigo e do Novo Testamento. O fenômeno se manifesta ainda na infância, a partir do momento em que a família não exerce mais um lugar de transmissão primária da fé.

Foram removidos das suas raízes conceitos poderosos como eternidade, criação, providência, destino escatológico. Paraíso e inferno não são mais representáveis. Darwin subverteu a imagem do Deus Criador. Auschwitz tornou impossível a ideia de que o mal, embora grande, possa ter uma função voltada para o bem. O próprio Bento XVI em seu livro-entrevista Luz do Mundo (Ed. Planeta), por exemplo, reconhece que hoje a ideia do sangue de Cristo como "resgate" dos pecados do homem corre o risco de não chegar mais aos contemporâneos. Por outro lado, da sua pregação contra o relativismo, surge a dificuldade de propor o conceito de verdade absoluta.

Declinados os conflitos ideológicos do século XX, quando ainda se contrapunham visões de mundo fortes, a novidade radical não consiste no aumento do ateísmo. Matteo defende com justiça que a nova geração não se coloca contra Deus e a Igreja, mas "está aprendendo a viver sem Deus e sem a Igreja".

Referir-se aos "vizinhos" ou aos "distantes" com relação à religião, como ainda se fazia há alguns anos, tem cada vez menos sentido. A maioria dos jovens se sente a caminho – ou melhor, nômade –, privilegiando o primado da experiência pessoal. A presença de Deus não é mais um axioma individual e social. Acreditar em Deus é uma "possibilidade".

Alessandro Castegnaro, que dirige o Observatório Sociorreligioso do Triveneto, não por acaso intitula uma recente pesquisa sua sobre o mundo juvenil de C'è campo? [Há espaço?]. O ponto de interrogação expressa a intermitência com que são captados os temas da espiritualidade, da religião, da Igreja.

As novas levas respeitam expoentes eclesiais individuais e apreciam a Igreja quando indica horizontes de valores. Mas a separação da instituição é enorme, e a individualização das escolhas é máxima. Regras e crenças são submetidas a um mecanismo de seleção e de redução sobre os quais a Igreja não tem nenhum poder. Dogmas fundamentais – como a pessoa de Deus, a filiação divina de Cristo, a ressurreição, o além – assumiram uma fisionomia indeterminada. Grande parte dos conceitos teológicos são percebidos como imagens velhas. A Igreja como um todo é percebida como antiquada. "Eles não acertam as contas com o que vivemos. Contam-nos uma história que não existe", resume Castegnaro, sintetizando as confissões que surgiram nos grupos focais.

Em grande parte, o renascimento religioso ou espiritual não equivale a um retorno ao seio da instituição eclesiásticas. E há um dado interessante: agora as moças se afastam da instituição exatamente como os rapazes. Não vale mais o esquema do passado, em que existia um maior apego feminino à Igreja. Nem a vitalidade das associações ou dos movimentos é garantia de uma "reconquista". A preciosa pesquisa de Alberto Cartocci revela que as regiões italianas onde se realizam maiores iniciativas de testemunho e de ativismo são também aquelas em que a secularização avança inexoravelmente. Trata-se das regiões central-setentrionais. No Sul, ao contrário, o menor desenvolvimento econômico e social é acompanhado pela manutenção de um catolicismo tradicional.
  • Armando Matteo, La prima generazione incredula, Ed. Rubbettino, 110 páginas
  • AA.VV., C’è Campo?, Ed. Marcianum, 626 páginas
  • Roberto Cartocci, Geografia dell’Italia cattolica, Ed. Il Mulino, 200 páginas
Para ler mais:

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