Uma tese que poderá interessar quem estuda Historia do Franciscanismo no Brasil:
Título: A missionação franciscana no estado do Grão-Pará e Maranhão (1622-1750) : agentes, estruturas e dinâmicas
Autora: Amorim, Maria Adelina, 1958-
Resumo:
Esta Tese pretende analisar, partindo do conhecimento da sua estrutura
interna, o modo como a Ordem Franciscana se implantou no antigo Estado
do Grão-Pará e Maranhão, e aí exerceu o seu munus durante três séculos.
Sistematiza-se, à luz de abundante documentação inédita, a orgânica
desta Ordem Mendicante, os seus principais agentes, com destaque para
Frei Cristóvão de Lisboa, e o seu percurso histórico na Amazónia
colonial portuguesa. Explicam-se os mecanismos e dinâmicas de que os
Menores, sobretudo os da Província de Santo António, responsável
primeira desse processo, se serviram no decurso do seu apostolado,
relacionando-a com outras instituições e agentes, tanto no terreno,
desde os moradores, índios ou brancos, aos membros de governação local e
às outras ordens regulares e clero secular, como no Reino, desde a
Coroa às instâncias que regulavam a vida eclesiástica e a missionação.
Parte-se, assim, do entendimento do sentido de Missão da Ordem
Franciscana nas suas bases arcanas, e a orgânica das estrutura daí
decorrentes, tomando como pressuposto que, se não houvesse essa matriz
fundadora – o desiderato de evangelizar, propagar a fé cristã, divulgar a
mensagem, pregar o Evangelho –, a própria existência desta organização
no antigo Estado colonial do Norte brasileiro estaria comprometida.
Seguindo a exportação de práticas evangelizadoras e de modelos
pedagógicos, a acção dos Franciscanos antoninos no espaço amazónico nos
séculos XVII e XVIII foi uma história marcada por duas vertentes
distintas e complementares: a fidelidade a valores de identidade e a um
lugar de pertença, ou seja, uma instituição com Regra, estatutos e
jurisdição próprios, e a aplicação desta, tantas vezes de forma
contraditória e conflitual. Tal explica o papel identitário dos
antoninos, e também os conflitos com as estruturas da governação
colonial, os vários grupos laicos e religiosos e, até, os que
existiram no seio da família franciscana entre os três ramos, com a
chegada de frades da Piedade (1693) e a cisão com os da Conceição
(1706). Tem que se entender o historial desta instituição, não só a
partir da actuação no espaço colonial onde estavam integrados, mas
também dentro da dinâmica da Ordem Seráfica, que foi sempre um factor
determinante, fazendo valer privilégios, prerrogativas e jurisdições em
qualquer lugar do antigo Império português. Importa perceber de que modo
os Franciscanos actuaram, quais os processos que utilizaram, e o que
tinham de diverso em relação a outras instituições afins; que marca 14
identitária lhes permitiu distinguirem-se dos outros agentes no terreno.
Que diferença? Há diferença? E se a História precisa de interpretar os
vestígios memoriais subjacentes, o presente estudo vem demonstrar que os
Franciscanos não escreveram a sua História na areia, e que é r
possível reavaliar este capítulo da historiografia luso-brasileira. É
deste legado histórico, cultural, ideológico, e patrimonial, edificado
pelos Franciscanos desde a formação do Estado pará-maranhense, a partir
de 1621, que trata a presente dissertação.
Nota: Tese de doutoramento, História (História e Cultura do Brasil), Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2012
Versão online: http://hdl.handle.net/10451/5393
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