Deu no CCFMC Boletín Outubro de 2007:
Até ao Concílio Vaticano Segundo foi válida a tese de “extra ecclesiam nulla salus”, quer dizer, a convicção de que “não era possível nenhuma salvação fora da Igreja”. A missão, portanto, foi uma coisa de vida ou morte para a salvação dos homens. Desde o Concílio tem-se modificado essencialmente o conceito de missão. A declaração sobre as possibilidades de salvação nas religiões não cristãs alarga o horizonte. A missão não tem que ver primordialmente com o céu. E a missão também não significa que a Igreja seja a única via para a salvação dos homens. Felizmente aprendemos outra vez a entender que Deus é maior do que a Sua Igreja visível na terra e que Ele estava presente entre os homens, muito tempo antes de terem chegado os missionários.
Porque então a missão? Precisamos duma nova justificação para as missões. Missão no sentido da idéia do Reino de Deus, isto é, fazer palpável e experimentável a promessa de Deus dum Reino de paz, justiça e amor. As pessoas que vivem nas favelas das grandes metrópoles devem sentir na própria carne que Deus as ama. Portanto, não é nada suficiente que anunciemos o Evangelho ou, então, lhes prometamos o céu. O Deus da Bíblia apareceu como um Deus da vida. Quer que os homens possam viver - sem fome, sem miséria, sem estarem entregues à total falta de esperança. Esta é a mensagem libertadora do Evangelho. Promete a libertação de todas as experiências nefastas, libertação de miséria e necessidades, do pecado e da morte. Para manter vivo este sonho divino e fazê-lo sentir nos homens precisamos das missões, hoje mais do que nunca.Se aprendermos com Jesus, poderíamos adivinhar do que se trata. Quando Jesus quis explicar aos Seus discípulos como deveriam explicar a Sua mensagem aos homens, não profere um discurso muito comprido, demonstra-a com exemplos práticos. Os homens tinham-no seguido em massa. Quando viu a multidão, teve compaixão pois “estavam cansados e exaustos”, como diz o Evangelho. Seguiram Jesus porque Ele despertou as suas esperanças e a sua ânsia de serem libertos das suas necessidades diárias. Agora os Doze, que estavam sempre junto Dele, deveriam mostrar o que tinham entendido. Mandou-os aos homens para os animar e consolar. “Ide e anunciai, o Reino de Deus está perto.” Não só com palavras, mostrem o que isto significa. “Curai os doentes, ressuscitai os mortos, libertai os leprosos, expulsai os demônios.” Isto é, não uma compaixão barata segundo o lema: “ânimo, há de se resolver tudo”, mas sim tomar realmente a sério as preocupações e os problemas das pessoas. Este é o núcleo da mensagem de Jesus. Ele anuncia um Deus que toma a sério os sofrimentos e as experiências nefastas das pessoas; um Deus que tem compaixão e que liberta; um Deus que não nos dá fardos a carregar fazendo esperar pelo Céu. Já aqui na terra devem participar no vindouro Reino dos Céus, devem experimentar que Deus as ama.
O mês de outubro é tradicionalmente o mês das Missões. As pessoas devem ser advertidas sobre esta preocupação nuclear da Igreja. A missão como promoção do Reino de Deus tem lugar do mesmo modo entre nós como no ultramar; é a tarefa de todos que acreditam num Deus amante e amigo dos homens.
Andreas Müller OFM
Extraído de http://www.ccfmc.net/wPortugues/cbcmf/cbcmf-news/2007/2007_10_News.shtml?navid=93 acesso em 29 ago. 2008.
Nenhum comentário:
Postar um comentário