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sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA...


 FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA (Mt 2,13-15.19-23)(30/12/22)


Caríssimos, toda família tem um começo e uma história que não termina, pois continua nos filhos com novas famílias e novas histórias. Com a Sagrada Família não acontece de igual modo, porque ela representa a Família Divina, em que Deus é o Pai e Maria é a Mãe do Filho de Deus e nossa Mãe por adoção conforme vemos aos pés da cruz no calvário. (cf. Jo 19,27). E são José, escolhido como pai adotivo de Jesus, e protetor da Sagrada Família. 

Vejamos o exemplo da Sagrada Família: Maria cuida do seu Filho recém nascido com o máximo amor e carinho que uma mãe pode dar, pois tem consciência que Ele é Deus conosco. José se mantém na escuta de Deus e por meio de sonhos, ouve o que o anjo lhe diz, e obedece em tudo sem duvidar. Quanto a Jesus sente-se amado e cuidado com todo zelo que brota do coração de Maria e José.

De fato, a nossa história de vida é um chamado de Deus e uma resposta que lhe damos a cada momento que vivemos neste mundo, e quando pomos em prática a Sua Palavra, é Ele mesmo quem nos conduz pela graça do Espírito Santo, fazendo-nos cumprir a Sua Santa Vontade, como o fez com a Sagrada Família, livrando-a de todos os perigos.

No Evangelho de hoje a Sagrada Família "foge de um rei maléfico, cego pelo ódio e pela vaidade. Assim a família de Nazaré é a imagem de cada família santa que vive em meio ao pecado deste mundo: é uma família perseguida! Cada família que quer viver o plano de Deus deve preparar-se para sofrer, estar pronta para a perseguição porque a honestidade e a fidelidade aborrecem os desonestos e os infiéis.

A retidão de coração nunca foi fácil. Mas o sacrifício faz crescer a virtude e oferece novos espaços para a caridade: é por isso que é uma bênção! A família de Nazaré está toda reunida em torno do seu Filho e vive o seu amor pelo Filho como um serviço à sua vocação. Maria e José assistem maravilhados enquanto os vários acontecimentos da vida de Jesus revelam cada vez mais claramente o plano de Deus para Ele. 

E com o coração aberto e dócil, reúnem todos os espaços de luz que Deus lhes oferece para os fazer compreender a vocação do seu Filho: e colocam-se ao serviço da vontade de Deus. Esta é a tarefa de cada pai, cuidadoso em saber captar na vida dos seus filhos todos os sinais que revelam a tarefa do bem que lhes foi atribuída por Deus: guiá-los, educá-los, amar as características da sua personalidade e amadurecê-los para um serviço de amor entre os seus irmãos e irmãs. É uma missão maravilhosa, exigente e indispensável!" (Cardeal Ângelo Comastri).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

FESTA DE SÃO JOÃO EVANGELISTA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 20,2-8)(27/12/22)


Caríssimos, a Igreja hoje celebra a Festa de São João Evangelista. "João era discípulo de Jesus, aquele que Jesus amava e que esteve com ele até a morte na cruz. Era o mais jovem dos apóstolos, pescador e a tradição delega a ele o texto do quarto evangelho, três cartas e o livro do Apocalipse.

Nos Atos dos Apóstolos, ele aparece sempre com São Pedro. Após Pentecostes João ficou pregando em Jerusalém. Participou do Concílio de Jerusalém, depois com Pedro se transferiu para a Samaria. Mas logo foi viver em Éfeso, para onde teria levado também a mãe de Jesus. Nesta cidade organizou comunidades e foi perseguido.

João morreu e foi sepultado em Éfeso. Tinha aproximadamente noventa anos de idade, após muito sofrimento por todas as perseguições que sofreu durante sua vida por pregar a Palavra de Deus." (Liturgia das horas).

Com efeito, a experiência da convivência de João com o Senhor Jesus é tão marcante em sua vida que no início da sua Primeira Carta escreveu: "Caríssimos, o que era desde o princípio, o que nós ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos tocaram da Palavra da Vida, 

– de fato, a Vida manifestou-se e nós a vimos, e somos testemunhas, e a vós anunciamos a Vida eterna, que estava junto do Pai e que se tornou visível para nós – isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos, para que estejais em comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. Nós vos escrevemos estas coisas para que a nossa alegria fique completa."

Decerto, a Santa Amizade entre Deus e o ser humano, representada pela convivência de Cristo com o seu discípulo amado, nos faz sentir-nos amados de igual modo, pois é algo tão cândido que nos leva a desejar esse santo afeto, dádiva do Espírito Santo às almas puras. João viveu essa experiência tão intensamente que a transpareceu em cada palavra de seus escritos.

Portanto, caríssimos, pelo relato dos Evangelhos, vemos que o Senhor Jesus "ama cada um dos seus discípulos, mas ninguém é amado da mesma forma que os outros. Pelo contrário, cada um é amado e sente-se amado de uma forma única. Assim, ele modula para João uma amizade terna adequada ao seu temperamento sensível e aberto, e faz dele o discípulo amado, representando cada um de nós. (Jo 13,23). 

Com o apóstolo Pedro, um homem mais realista e menos contemplativo do que João, um homem de súbitas explosões e de generosidade quase selvagem, Jesus age de forma decisiva, tal como convém ao temperamento de Pedro. De fato, o Senhor Jesus é um amigo único, aquele que ninguém pode passar sem a sua amizade." (Pe. Ubaldo Terrinoni).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

O SEU NOME É JOÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 1,57-66)(23/12/22).


Caríssimos, a obra da salvação exige uma Teofania - ação direta de Deus - devido a sua complexidade, pois somente Ele conhece os seres que criou e como livra-los do maligno e sua fúria, uma vez que o mal é a negação do bem que Deus criou somente para bem e não para mudar a sua essência. Ocorre que essa obra salvífica requer a nossa cooperação, pois somos os seus beneficiários diretos e conosco toda a criação. 

Com efeito, essa obra deu início com o seu anúncio (cf. Gn 3,15) depois do pecado dos nossos primeiros pais, passando pela vinda dos Patriarcas, das alianças com o povo do Antigo Testamento, os juízes, profetas, reis, as promessas culminando com a vinda de João Batista que anunciou a chegada do Messias preparando a sua estrada, isto é, o seu Ministério Salvífico.

Decerto, a principal característica desse Plano Salvífico é que ele é gerido pelo próprio Deus como Ele mesmo disse: "Pois eis o que diz o Senhor Javé: vou tomar eu próprio o cuidado com minhas ovelhas, velarei sobre elas." (Ez 3,11). Ou seja, ao enviar o seu Filho como o Messias prometido, tendo em João Batista seu precursor, Deus por meio Dele realiza a sua obra.

Comentando o Evangelho de hoje, disse o Papa Emérito, Bento XVI: "Os quatro Evangelhos dão grande destaque à figura de João Batista, como o profeta que conclui o Antigo Testamento e inaugura o Novo, indicando Jesus de Nazaré como o Messias, o Ungido do Senhor. 

De fato, será o próprio Jesus a falar de João nestes termos: "Ele é aquele de quem está escrito: Eis que diante de ti envio o meu mensageiro para preparar o teu caminho. Em verdade vos digo que não há ninguém maior do que João Batista entre os nascidos de mulher; mas o menor no reino dos céus é maior do que ele" (Mt 11,10-11). 

Portanto, caríssimos, Deus é o autor da criação e seu único Salvador. Por isso, fiquemos certos de uma coisa: Ele nunca muda a nossa essência ou a intenção com a qual nos criou, sermos santos como Ele é Santo, foi por isso que permitiu o sacrifício cruento do Seu amado Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. 

Destarte, se mesmo assim os homens continuarem negando a sua benevolência e misericórdia, por meio dos pecados que estão cometendo; não haverá mais solução fora do justo juízo de Deus que cairá sobre a humanidade, pois Ele julgará a cada um segundo as suas obras. 

Todavia, como ainda estamos no tempo da sua Divina Misericórdia, resta-nos o arrependimento e a conversão, a Confissão Sacramental e o perdão dos pecados. Sem isso "É horrendo cair nas mãos de Deus vivo." (Hb 10,31).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

O SENHOR FEZ EM MIM MARAVILHAS, SANTO É O SEU NOME...

 

PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 1,46-56)(22/12/22)


Caríssimos, as virtudes eternas são dons do Espírito Santo que nos foram concedidos para melhor servirmos ao nosso Deus e Pai Celestial, pois, como seus filhos e filhas, somos seus servos e servas, e isso é um grande privilégio que nos honra muito. Decerto, bem como canta o salmista: "Servi ao Senhor com alegria, ide a ele cantando jubilosos!" (Sl 99,1).

Com efeito, na primeira leitura vemos o episódio de Ana que era tida como estéril e humilhada por isso, pois para a sociedade de então era símbolo de maldição; no entanto, ela se entregou a Deus em oração, e abençoada por Ele concebeu um filho, o consagrou totalmente ao seu serviço no Templo o que fez dele um Profeta e juiz do seu povo; trata-se do grande Samuel.

No Evangelho de hoje Maria canta um hino de louvor a Deus por lhe ter concedido a graça de gerar o Messias prometido ao seu povo, o qual foi revelado pelo Anjo Gabriel como Filho de Deus e Salvador da humanidade. E Maria se apresenta como a serva do Senhor, aquela que humildemente faz a sua vontade, por isso, todas as gerações lhe proclamarão bem aventurada, porque grandes coisas fez por ela o Senhor cujo nome é Santo.

São Beda, monge beneditino e doutor da Igreja (Séc. VIII), cometando este canto escreveu: "E Maria disse: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador». O Senhor me engrandeceu, diz ela, com um dom tão grande e tão inaudito que é impossível explicá-lo com palavras humanas, e dificilmente o poderá compreender o sentimento mais íntimo do coração. Por isso entrego-me com todas as forças da minha alma ao louvor e à ação de graças.

«O Todo-poderoso fez em mim maravilhas, santo é o seu nome». De fato, só aquele em quem o Senhor realiza obras grandiosas pode proclamar dignamente a sua grandeza e exortar os que participam da mesma promessa e dos mesmos sentimentos: «Engrandecei comigo ao Senhor; exaltemos juntos o seu nome» (Sl 34,4).

«Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia». Com admirável propriedade, o cântico chama a Israel servo do Senhor, isto é, obediente e humilde, a quem o Senhor acolheu para o salvar, segundo as palavras do profeta Oseias: «Quando Israel era ainda criança, eu o amei» (11,1). Quem não quer humilhar-se não pode ser salvo, mas «quem se fizer como uma criança será o maior no Reino dos Céus» (Mt 18,4)."

Portanto, caríssimos, servir a Deus humildemente é reconhce-lo, é ama-lo com todo o nosso coração e dedicar toda a nossa vida a Ele, como o fez nossa Mãe, Maria Santíssima, que nunca mediu esforço para que a Palavra e a Vontade do seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, chegasse aos confins da terra como chegou.

Destarte, cantemos com nossa Mãe amada os acordes de seu canto que são os mais belos que já existiu no tempo e na eternidade: "A minha alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em Deus meu Salvador. Porque olhou para a humildade de sua serva, doravante as gerações hão de chamar-me de bendita. O Senhor fez em mim maravilhas, santo é o seu nome." Decerto, essas suas palavras proféticas ecoam por toda a eternidade glorificando o Senhor por tudo o que Ele fez em nosso favor. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

CRER PARA VER ACONTECER A VONTADE DE DEUS...

PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 1,5-25)(19/12/22)

Caríssimos, é vontade de Deus que sejamos salvos, mas precisamos cooperar com Ele para que a salvação aconteça tal qual Ele determinou em seu desígnio de amor. O certo é que Ele sempre nos dará sinais de que está conosco conduzindo-nos por meios dos seus escolhidos que claramente nos revelam a sua Santa Vontade para que nós a façamos.

Com efeito, é inevitável perguntarmos: o que acontece com os milhões de pessoas pessoas que nascem e morrem todos os dias de geração em geração? Na verdade a resposta somente Deus conhece, no entanto, se trilharmos o Seu caminho seguindo fielmente o seu Filho, Nosso Jesus Cristo, no seio da sua Santa Igreja, então, trazemos essa resposta impressa em nossas almas por conta da graça da fé que nos foi dada no batismo.

Comentando o Evangelho de hoje disse o Papa Francisco: "É evidente o contraste entre Maria, que tinha fé, e Zacarias, o marido de Isabel, que tinha duvidado, e não tinha acreditado na promessa do anjo, e por isso permaneceu mudo até ao nascimento de João. Este episódio ajuda-nos a ler o mistério do encontro do homem com Deus, sob uma luz muito especial. Um encontro que não está sob a bandeira de prodígios espantosos, mas sim sob a bandeira da fé e da caridade. 

Maria, de fato, é abençoada porque acreditou: o encontro com Deus é fruto da fé. Zacarias, por outro lado, que duvidara e não acreditara, permaneceu surdo e mudo. Para crescer na fé durante o longo silêncio. De fato, sem fé permanecemos inevitavelmente surdos à voz consoladora de Deus; e continuamos incapazes de proferir palavras de consolo e esperança para os nossos irmãos e irmãs. 

E vemos isso todos os dias: pessoas que não têm fé, ou muito pouca fé, quando têm de se aproximar de uma pessoa que está sofrendo, dizem-lhe palavras, mas não conseguem chegar ao seu coração porque não têm força. Não têm força porque não tem fé, e se não tem fé, as palavras não chegam ao coração dos outros.

Que a Virgem Maria nos obtenha a graça de viver um Natal extrovertido, e não disperso: extrovertido, porque no centro não está o nosso "eu", mas Jesus e os nossos irmãos e irmãs, especialmente aqueles que precisam de uma mão. Então deixemos espaço para o Amor que, ainda hoje, quer tornar-se carne e vir habitar entre nós." (Papa Francisco - Angelus, 23/12/18).

Portanto, caríssimos, tudo em Deus é sempre novo, porque é eterno, por isso, com Ele e para Ele a nossa fé católica é sempre nova e sempre tende a crescer, isto porque não confiamos em nós mesmos, mas no seu infinito amor paternal que cuida dos seus filhos e filhas que Nele confiam e se deixam conduzir por seu Filho Jesus, como o fez a Virgem Mãe e todos os que a seguiram no caminho da fé.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.
 

domingo, 18 de dezembro de 2022

Homilia do 4Dom do Tempo do Advento...


 Homilia do 4°Dom do Advento (Mt 1,18-24)(18/12/22)


Caríssimos, mesmo tendo recebido o batismo, fazermos parte do povo de Deus e procurar viver segundo a Sua vontade, ainda assim precisamos das evidências da sua presença e proteção, e isso devido à nossa fragilidade por confiarmos em nós mesmos e não no seu divino poder como deveríamos. 

Com efeito, esta liturgia do quarto Domingo do Advento nos ensina o quanto precisamos de conversão, de purificação da nossa fé e da entrega total da nossa vida nas mãos de Deus, porque somente assim nos sentiremos seguros e protegidos caso lhe obedeçamos em tudo o que nos ensina, como vimos acontecer com Maria e José. 

O relato do nascimento de Jesus segundo Mateus tem como base a Profecia de Isaías: "Ouvi então, vós, casa de Davi; será que achais pouco incomodar os homens e passais a incomodar até o meu Deus? Pois bem, o próprio Senhor vos dará um sinal: Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel." (Is 7,13-14).

Decerto, o Senhor age sempre com simplicidade sem estardalhaço ou chamando a atenção, porque é Deus, de tal modo que somente pela fé podemos ler e compreender os seus sinais, por meio do seu estilo humilde de se revelar e nos dar a conhecer a sua vontade para a nossa salvação.

No Evangelho de hoje, Maria, a pobre serva do Senhor, recebe a revelação de ser a escolhida de Deus, diz o seu sim a Ele, e assim concebeu o Seu Filho pela a ação do Espírito Santo, mesmo estando noiva de José a quem estava prometida em casamento, porém, sem lhe revelar o que havia acontecido. "No entanto, Deus intervém. Em sonho, um anjo convida José a não ter medo de tomar Maria como sua esposa, porque o que nasce nela é obra do Espírito Santo. 

Assim que José desperta do seu sono misterioso, obedece imediatamente. A prontidão com que ele responde à Palavra de Deus é impressionante. Ele aceita a novidade do plano de Deus e com simplicidade e generosidade responde com a sua vida. Decerto, José, um homem justo, com uma fé sempre obediente, dá lugar à vontade de Deus mesmo que ele não a possa ainda compreender plenamente. 

Portanto, caríssimos, "José é um exemplo para cada um de nós de confiar na Palavra de Deus, não temer, não ter medo de a pôr em prática, de saber sonhar. Quando sonhamos sozinhos, vivemos em ilusões; quando sonhamos em Deus, com Ele e para Ele, começamos uma nova realidade", uma nova história. (Mons Angelo Spina).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 17 de dezembro de 2022

NA VIDA COTIDIANA, ESCUTAR DEUS É O FUNDAMENTO DO BEM VIVER...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 1,1-17)(17/12/22)


Caríssimos, o nosso Deus que nos criou por amor sempre manteve seu propósito de amor para conosco, ou seja, nunca nos abandonar mesmo quando pecamos, e isso Ele mantém até o fim dos nossos dias neste mundo. Porém, precisamos cooperar com Ele para a nossa salvação, como nos ensina o livro de Sabedoria:

"Deus não é o autor da morte, a perdição dos vivos não lhe dá alegria alguma. Ele criou tudo para a existência, e as criaturas do mundo devem cooperar para a salvação. Nelas nenhum princípio é funesto, e a morte não é a rainha da terra, porque a justiça é imortal." (Sb 1,13-15).

Na primeira leitura "Jacó chamou seus filhos e disse: “Juntai-vos e ouvi, filhos de Jacó, ouvi Israel, vosso pai!" (Gn 49,2). De fato, "Deus deseja reunir-nos sob o Seu manto para que não nos sintamos perdidos como ovelhas sem pastor, como nômades sem destino. Porém, para nos deixarmos acolher sob os Seus cuidados devemos encontrar tempo para rezar, para alimentar as nossas almas e para nos esforçarmos por fazer o bem, saindo de nós mesmos.

Mas há também outro aspecto que nos ajuda a sentir-nos sob o manto de Deus que é acolher, ouvir, meditar e viver a Palavra que Ele nos fala todos os dias. É como se todos os dias Ele nos chamasse e dissesse: Tenho algo a dizer-vos: Vem ter comigo.

Em vez disso, muitas vezes, vamos para o outro lado, ignoramo-Lo, enquanto precisamos realmente pensar que as leituras que a Igreja nos oferece diariamente na liturgia, por exemplo, é Deus que nos reúne, e nos chama a Si, como um avô que reúne os seus netos para contar alguma história que os possa ensinar algo para toda a vida." (Pe. Paulo Quattrone).

Comentando o Evangelho de hoje, disse o Papa Emérito, Bento XVI: "Nesta genealogia, para além de Maria, são mencionadas quatro mulheres. Não são Sara, Rebecca, Lia, Rachel, ou seja, as grandes figuras da história de Israel. Paradoxalmente, ao invés, são quatro mulheres pagãs: Raab, Rute, Betsabéia, Tamar, que aparentemente 'perturbam' a pureza de uma genealogia. 

Mas nestas mulheres pagãs, que aparecem em pontos decisivos da história da salvação, resplandece o mistério da igreja dos pagãos, a universalidade da salvação. São mulheres pagãs em quem o futuro, a universalidade da salvação, aparece. 

São também mulheres pecadoras, e por isso o mistério da graça também aparece nelas: não são as nossas obras que redimem o mundo, mas é o Senhor que nos dá a verdadeira vida. São mulheres pecadoras, sim, em quem aparece a grandeza da graça de que todos nós precisamos. 

No entanto, estas mulheres revelam uma resposta exemplar à fidelidade de Deus, mostrando fé no Deus de Israel. E assim vemos a igreja dos gentios, um mistério de graça, a fé como um dom e um caminho para a comunhão com Deus.

A genealogia de Mateus, portanto, não é simplesmente a lista de gerações: é a história realizada principalmente por Deus, mas com a resposta da humanidade. É uma genealogia da graça e da fé: é precisamente na fidelidade absoluta de Deus e na fé sólida destas mulheres que repousa a continuação da promessa feita a Israel." (Bento XVI - Santa Missa por ocasião da Carta. Spidlík, 17/12/09).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

JOÃO BATISTA É UMA LÂMPADA QUE APONTA PARA A LUZ DE CRISTO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 5,33-36)(16/12/22)

Caríssimos, a linguagem de Cristo revela quem é Deus, como Ele age sempre em nosso favor e para a nossa salvação. Porém, se faz necessário que o escutemos para Nele permanecermos e darmos frutos de penitência e conversão; caso contrário, não veremos a Sua Face e nem viveremos no para sempre da Sua Glória Eterna.

O povo preparado por Deus para receber o seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, inúmeras vezes foi visitado por Ele por meio dos Profetas que os chamava à conversão, muitas vezes, porém, não lhes davam ouvidos e continuavam no pecado e na dureza de coração; apesar de tal fechamento em si mesmos, Deus jamais deixou de os amar e perdoar os muitos pecados que cometiam.

Desse modo, enviou o Seu Filho esperando que eles o recebessem como o Messias prometido, no entanto, como vimos, eles não só o rejeitaram, mas também o crucificaram sem Ele ter culpa alguma, todavia, em resposta a tão grande crueldade, Deus ressuscitou seu Filho amado, dando-nos por Ele o perdão dos nossos pecados e a salvação.

No Evangelho de hoje o Senhor "Jesus disse aos judeus: “Vós mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. Eu, porém, não dependo do testemunho de um ser humano. Mas falo assim para a vossa salvação. João era uma lâmpada que estava acesa e a brilhar, e vós com prazer vos alegrastes por um tempo com a sua luz.

Mas eu tenho um testemunho maior que o de João; as obras que o Pai me concedeu realizar. As obras que eu faço dão testemunho de mim, mostrando que o Pai me enviou”. (Jo 5,33-36). Ou seja, o Senhor Jesus revelou-se como Messias por meio das obras que realizou; ora, tais obras é impossível aos homens realiza-las sem o auxílio da sua graça, e até hoje é assim.

Portanto, caríssimos, preparemo-nos, pois, como disse são João Batista: "O machado já está posto à raiz das árvores: toda árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Eu vos batizo com água, em sinal de penitência, mas aquele que virá depois de mim é mais poderoso do que eu e nem sou digno de carregar seus calçados. 

Ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo. Tem na mão a pá, limpará sua eira e recolherá o trigo ao celeiro. As palhas, porém, queimá-las-á num fogo inextinguível." (Mt 3,10-12).

Destarte, "este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram más. Porquanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas aquele que pratica a verdade, vem para a luz. Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em Deus." (Jo 3,19-21).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

SER PEQUENO PARA SER GRANDE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 7,24-30)(15/12/22)


Amados irmãos e amadas irmãs, na primeira leitura nós ouvimos da boca de Deus a promessa que tanto nos alegra e inflama a nossa esperança e a nossa fé: "Podem os montes recuar e as colinas abalar-se, mas minha misericórdia não se apartará de ti, nada fará mudar a aliança de minha paz, diz o teu misericordioso Senhor." (Is 54,10).

De fato, precisamos ouvir essas palavras e esperar confiantes que elas se cumpram em nossa vida com a vinda do Senhor Jesus Cristo, o ungido de Deus que nos salva de todos os males que ainda nos aflige neste mundo, mas, por pouco tempo, pois Ele tem pressa e não quer que se perca nenhum daqueles que o Pai lhe deu.

No Evangelho de hoje o Senhor "Jesus começou a falar sobre João às multidões: “Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Que fostes ver? Um homem vestido de roupas finas? Ora, os que se vestem com roupas preciosas e vivem no luxo estão nos palácios dos reis. 

Então, que fostes ver? Um profeta? Eu vos afirmo que sim, e alguém que é mais do que um profeta. Eu vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João. No entanto, o menor no Reino de Deus é maior do que ele." Ou seja, a partir da grandeza de João e da nossa pequenez, o Senhor Jesus revela quão grande seremos na vida eterna.

Por isso, perguntamos: em que consiste a grandeza de João Batista? Em ser fiel à sua missão de Precursor do Messias, ou seja, aquele que o torna conhecido como Salvador da humanidade, como proclamou Zacarias em seu cântico profético: "E tu, menino, serás chamado Profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor e lhe prepararás o caminho,
para dar ao seu povo conhecer a salvação, pelo perdão dos pecados." (Lc 1,76-77).

Portanto, caríssimos, "cada um de nós é chamado a preparar o caminho para o Senhor Jesus, e preparar os corações para recebe-lo. O discípulo, de fato, não vive para falar de si próprio e dos seus atos, nem para afirmar as suas próprias ideias ou convicções. A vida inteira do discípulo é estar a serviço do Evangelho. Ele trabalha para que o Evangelho chegue aos confins da terra, toque o coração das pessoas e estas se convertam a Deus. 

Os discípulos e as comunidades cristãs têm como missão apontar para Jesus e a dizer ao mundo: "Eis o Cordeiro de Deus". É necessário dizer isto com palavras e com o testemunho de vida, tal como João Batista fez com Jesus." (Mons Angelo Spina).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

A NOSSA SALVAÇÃO VEM DO SENHOR QUE FEZ O CÉU E A TERRA....


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 7,19-23)(14/12/22)


Caríssimos, "assim como existe um só Deus, existe um só Ungido (Messias) capaz de obter a salvação para os homens. A pergunta feita a Jesus pelos discípulos do Batista, "sois vós aquele que está para vir", parece ecoar a passagem de Isaías, onde o Senhor diz: "Eu sou o Senhor, não há outro". A resposta de Jesus aos discípulos enviados a Ele pelo Batista é: mostrar o que está a acontecendo à sua volta, pois essa é a resposta suficiente sobre a Sua identidade. 

Isaías refere-se à singularidade de Deus e à salvação que só Ele é capaz de dar. Para o profeta, é uma salvação cósmica, ou seja, a criação dos céus, a disposição da terra e, em geral, a ordem do mundo, concebida pelo Criador de uma forma adequada à vida das criaturas e, em particular, do homem; é também, inseparavelmente, uma salvação destinada à humanidade numa dimensão além da sobrevivência natural. 

A singularidade de Deus está assim ligada à singularidade da salvação, que não pode ser encontrada fora Dele, ou noutras promessas de redenção vindas de baixo. Isaías alude à descida da justiça do céu, que é precisamente a imagem de um dom que Deus dá ao mundo, e que será personificado no nascimento humano do Seu Filho. Assim, a salvação do homem vem de cima e não de baixo. 

A passagem do Evangelho de Lucas concentra-se, mais uma vez, na figura central do tempo do Advento, que é João Batista, sobre quem Jesus faz algumas afirmações importantes. De fato, João apresenta-se como o prelúdio, como o anúncio do iminente cumprimento das antigas promessas. 

Com efeito, quando notamos que nas nossas vidas não sabemos o que nos espera, é porque perdemos a capacidade de olharmos com coragem para além dos nossos limites. No entanto, quando pomos a nossa confiança no Senhor Jesus, saboreamos os frutos da nossa missão apostólica como João experimentou.

O Senhor não tem limites quando se trata de cumprir a Sua missão: de fato, os cegos recuperam a visão, os coxos andam. Então, perguntemos: em quem pomos a nossa esperança e felicidade? Uma vez que a esperança está intimamente ligada à felicidade interior, o cristão deve viver como qualquer outra pessoa, mas sempre com os seus olhos fixos em Jesus, que nunca nos abandona. 

Um cristão não pode viver a sua vida à margem de Jesus e do Seu Evangelho. Centremos, portanto, o nosso olhar n'Ele, que pode fazer tudo, e não coloquemos limites na nossa esperança. De fato, Nele encontramos muito mais do que podemos ousar ou pedir. A Igreja propõe este tempo de Advento porque quer que cada crente reafirme em Jesus a virtude da esperança na sua própria vida.

Muitas vezes perdemo-la porque confiamos demasiado nas nossas próprias forças e não queremos reconhecer que estamos doentes, necessitados da mão curadora de Jesus. Mas assim deve ser, e como Ele nos conhece e sabe que somos todos feitos da mesma matéria, Ele oferece-nos a Sua mão salvadora. 

A esperança cristã é mantida viva na noite da alma se ela procura persistentemente Jesus e se aceita a cruz. Então, o próprio Jesus dar-nos-á a recompensa numa alegria divina, que dá pleno significado à tristeza, e transforma-a numa oferta frutuosa para o bem do mundo. 

Portanto, caríssimos, agradeçamos ao Senhor Jesus, por nos ter tirado da lama do pecado e ter enchido o nosso coração da esperança da vida eterna." (Frei Salvador - Cicilia - Itália).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

SANTA LUZIA ROGAI POR NÓS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 21,28-32)(13/12/22)


Caríssimos, são duas as virtudes que Adão e Eva não usaram no paraíso e por isso não foram fiéis a Deus no início de sua missão, as virtudes da obediência e da humildade. Pois, com essas virtudes poderiam derrotar o inimigo de nossas almas, como o Senhor Jesus o derrotou ao fazer-se homem no seio virginal de Maria, e obedecer humildemente ao Pai até a morte e morte de cruz.

Comentando o Evangelho de hoje, disse o Papa Emérito, Bento XVI: No Evangelho fala-se de dois filhos, atrás dos quais, no entanto, está, de uma forma misteriosa, um terceiro. O primeiro filho diz ao pai que sim, mas não faz o que lhe foi ordenado. O segundo filho diz 'não', mas depois faz a vontade do seu pai. O terceiro filho diz "sim" e também faz o que lhe é ordenado. 

Este terceiro filho é o Filho único de Deus, Jesus Cristo [que] ao entrar no mundo, disse: "Eis que venho, ó Deus, para fazer a Tua vontade" (Heb 10,7). Ele não disse apenas este 'sim', mas cumpriu-o e o sofreu até à morte.

 "Embora Ele estivesse na condição de Deus, Ele não considerou um privilégio ser como Deus, mas esvaziou-se a si mesmo assumindo a condição de servo, tornando-se como os homens. E ao ser reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais tornando-se obediente até à morte e morte na cruz" (Fil 2,6-8). 

Em humildade e obediência, Jesus fez a vontade do Pai, morreu na cruz pelos seus irmãos e irmãs - por nós - e redimiu-nos do nosso orgulho e teimosia. Agradeçamos-lhe pelo seu sacrifício, dobremos os joelhos perante o seu Nome, e proclamemos juntamente com os discípulos da primeira geração: "Jesus Cristo é o Senhor - para glória de Deus Pai" (Fil 2,10). (Bento XVI - Santa Missa em Friburgo, 25/09/11).

Portanto, caríssimos, tudo o que Deus nos pede é que lhe obedeçamos e sejamos fiéis como o seu amado Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, que ao obedecer-lhe, venceu a nossa desobediência e orgulho, e nos concedeu o que havíamos perdido nos nossos primeiros pais, para assim vencermos o terrível inimigo de nossas almas.

Destarte, rezemos confiantes esta oração da liturgia de hoje: "Ó Deus, que a intercessão da gloriosa virgem santa Luzia aumente o nosso fervor, para que possamos celebrar o seu martírio e contemplar, um dia, a sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo."

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 11 de dezembro de 2022


 Homilia do 3°Dom do Advento (Mt 11,2-11)(11/12/22)


Caríssimos, a liturgia deste 3°Dom do Advento, nos mostra o quanto precisamos permanecer no Senhor Jesus para fazermos as mesmas obras que Ele faz, como Ele mesmo disse: "Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai.

E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Qualquer coisa que me pedirdes em meu nome, vo-lo farei." (Jo 14,12-14). Ou seja, as obras são feitas por Jesus, mas nós as pedimos por meio da oração, em razão da fé no seu divino poder.

O Evangelho de hoje começa sua narrativa dizendo: "João estava na prisão. Quando ouviu falar das obras de Cristo, enviou-lhe alguns discípulos, para lhe perguntarem: “És tu aquele que há de vir ou devemos esperar um outro?” 

Jesus respondeu-lhes: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!” (Mt 11,2-11). 

Com isso, compreendemos que não basta dizer palavras sem que elas se cumpram, pois seriam palavras ditas ao vento, por isso, disse Santo Antônio de Pádua: "Cessem as palavras, falem as obras." Também são Tiago nos ensina isso: "Assim como o corpo sem a alma é morto, assim também a fé sem obras é morta." (Tg 2,26).

Mas, o que nos falta para fazermos as obras da salvação que recebemos do Senhor Jesus como missão? Realmente falta muito, começando pela coerência de vida, ou seja, será que a nosso viver é realmente uma expressão da Palavra viva de Deus? Só em pensar o quanto estamos distantes dessa correspondência temos uma enorme sensação de impotência.

Portanto, caríssimos, a vivência do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, é uma antecipação do que os redimidos vivem no Reino de Deus. Decerto, como seria bom suportarmos as tribulações desta vida com a consciência limpa pela missão cumprida como são João Batista as suportou. 

Destarte, nesta frase que o Senhor Jesus disse: "Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!” Se encontra a essência do seu seguimento, pois significa a nossa correspodência ao seu chamado como suas autênticas testemunhas por Palavras e por obras.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 10 de dezembro de 2022

SEGUIR O SENHOR JESUS, A EXEMPLO DOS SANTOS E SANTAS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 17,10-13)(10/12/22). 


Amados irmãos e amadas irmãs, paz e bem! Sejam bem-vindos e bem-vindas à nossa meditação diária. Olhando o exemplo de vida dos santos e santas que seguiram nosso Senhor Jesus Cristo, vemos algo em comum entre eles: a renúncia da própria vontade, dos apego às coisas deste mundo e a disponibilidade para segui-lo em qualquer situação da vida, com um único objetivo: ser santos como Ele é Santo. 

Mas, como alcançar essa graça? Permanecendo fiéis à sua Santa Palavra e ao mandamento do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. É isso o que nos mostra esta lirugia de hoje, a começar pelo exemplo do Profeta Elias na primeira leitura, por cuja vida impecável realizou milagres e prodígios confirmando a autenticidade da fé no Deus Altíssimo, por quem foi arrebatado ao céu.

 Comentando o Evangelho de hoje, disse O Papa Emérito, Bento XVI: "Ao anunciar aos seus discípulos que terá de sofrer, ser morto antes de ressuscitar, Jesus quer que eles compreendam quem Ele realmente é. Um Messias sofredor, um Messias Servo, e não um todo-poderoso libertador político. Ele é o Servo obediente à vontade do seu Pai até ao ponto de perder a própria vida. Assim, Jesus vai contra o que muitos esperavam dele. A sua afirmação é chocante e desconcertante. 

Seguir Jesus é tomar a sua cruz para o acompanhar no seu caminho, um caminho desconfortável que não é o caminho do poder ou da glória terrena, mas o caminho que leva necessariamente a renunciar a si próprio, a perder a própria vida por Cristo e pelo Evangelho, a fim de a salvar. Pois estamos certos de que este caminho conduz à ressurreição, à vida verdadeira e definitiva com Deus. 

Decidir acompanhar Jesus Cristo que se tornou o Servo de todos exige uma intimidade cada vez maior com Ele, escutando atentamente a Sua Palavra para dela extrair a inspiração para as nossas ações." (Bento XVI - Santa Missa em Beirute, 16/09/12).

Portanto, caríssimos, seguir a Cristo, como seus verdadeiros discípulos, é viver a obediência incondicional à vontade de Deus como vimos no seu exemplo de todos os santos e santas, principalmente de Maria Santíssima e são José, seu castíssimo esposo. 

Destarte, escutemos atentamente esta exortação do Senhor: "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á." (Mt 16,24-25).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

VINDE A MIM VÓS QUE ESTAIS CANSADOS E ABATIDOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 11,28-30)(07/12/22)


Caríssimos, é de se notar que quanto mais buscamos uma vida de santidade, mais percebemos uma força contrária querendo nos impedir ou atrapalhar esse nosso desejo. Por isso, diz o Senhor: "Cansam-se as crianças e param, os jovens tropeçam e caem, mas os que esperam no Senhor renovam suas forças, criam asas como as águias, correm sem se cansar, caminham sem parar." (Is 40,30-31)

Com isso, compreendemos que Deus jamais nos desampara, justamente porque conhece a nossa fragilidade diante das adversidades que encontramos em nosso percurso para Ele, de modo que, não acreditar nessa verdade significa desprezar a sua Divina e tão preciosa ajuda e proteção. 

De fato, devido a nossa finitude conhecemos somente o que está ao nosso alcance, pelo contrário, Deus conhece todas as coisas infinitamente mais do que nós conhecemos, como nos ensina o Profeta Isaías na primeira leitura. 

“Com quem haveis de me comparar, e a quem seria eu igual?” – fala o Santo. Levantai os olhos para o alto e vede: Quem criou tudo isto? – Aquele que expressa em números o exército das estrelas e a cada uma chama pelo nome: tal é a grandeza e força e poder de Deus que nenhuma delas falta à chamada." (Is 40,25-26).

No Evangelho de hoje, o Senhor Jesus tomou a palavra e disse: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Mt 11,28-30). 

Comentando esse Evangelho disse o Papa Francisco: "Jesus lança o seu jugo sobre os seus discípulos, no qual a Lei encontra o seu cumprimento. Ele quer ensinar-lhes que irão descobrir a vontade de Deus através da sua pessoa, não através de leis e prescrições frias que o próprio Jesus condena. Basta ler Mateus capítulo 23! Ele está no centro da sua relação com Deus, está no centro da relação com os discípulos e está no centro da vida de cada um de nós. 

Ao receber o "jugo de Jesus", cada discípulo entra em comunhão com Ele e torna-se participante do mistério da sua cruz e da sua missão salvífica. Jesus propõe aos seus discípulos um caminho de conhecimento e imitação. Jesus não é um mestre que impõe severamente fardos pesados aos outros, que Ele não carrega; por isso, repreendeu os doutores da lei. 

Ele dirige-se aos humildes, aos pequenos, aos pobres, aos necessitados porque ele próprio se tornou pequeno e humilde. Ele compreende os pobres e os que sofrem, porque Ele próprio é pobre e sofre. Para salvar a humanidade, Jesus não percorreu um caminho fácil; pelo contrário, o seu caminho foi doloroso e difícil.

O jugo que os pobres e oprimidos carregam é o mesmo jugo que Ele carregou perante eles: é por isso que é um jugo leve. Ele suportou sobre os seus ombros as dores e os pecados de toda a humanidade. Para o discípulo, portanto, receber o jugo de Jesus significa receber a sua revelação e acolhe-la: Nele, a misericórdia de Deus tomou sobre si a pobreza da humanidade, dando assim a todos a possibilidade de salvação." (Papa Francisco - Audiência Geral, 14/09/16).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

O SENHOR É O MEU PASTOR E NADA ME FALTARÁ...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 18,12-14)(06/12/22)


Amados irmãos e amadas irmãs, neste mundo inseguro por conta dos pecados nele praticados; e pela falta da prática das virtudes eternas o que fazer para vencer a insegurança e o medo de perder tudo até mesmo a própria vida? 

A única resposta que nos conforta é nos depositar nas mãos de Deus que nos enviou o seu Filho, nosso Senhor Jesus, como Pastor de nossas almas, aquele que nos dar a vida eterna.
Meditemos com amor e atenção o Pequeno Sermão de hoje. 

Caríssimos, existe em nós uma necessidade de nos mantermos seguros, tranquilos sem nos atormentar em nossos pensamentos, mas isso só é possível quando, por meio da fé, nos sentimos protegidos pelo nosso bom Pastor, nosso Senhor Jesus Cristo, quais ovelhas que somos do seu rebanho.

Decerto, sem a sua presença e proteção nos sentimos com que perdidos, sem rumo, mergulhados nos labirintos deste mundo tenebroso. De fato, por mais que tenhamos sob o nosso comando tudo o que diz respeito a nossa existência nem assim nos sentimos totalmente seguros; visto que tem sempre algo previsível ou imprevísivel que tenta nos atormentar.

No Evangelho de hoje "disse Jesus a seus discípulos: Que vos parece? Se um homem tem cem ovelhas, e uma delas se perde, não deixa ele as noventa e nove nas montanhas, para procurar aquela que se perdeu? Em verdade vos digo, se ele a encontrar, ficará mais feliz com ela, do que com as noventa e nove que não se perderam. Do mesmo modo, o Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequeninos."

De fato, quando o Senhor Jesus fala em se perder, significa perder do estado de graça, isto é, viver sem a sua presença em nossa vida, porque Ele é a única Fonte de segurança que temos; fora Dele ninguém neste mundo se sente seguro por si mesmo, porque à medida que o tempo passa temos consciência que perderemos tudo, menos o amor e o bem que Deus nos deu a praticar, e esse é o nosso maior tesouro.

Portanto, caríssimos, ser encontrados pelo Senhor Jesus quais ovelhas perdidas do seu rebanho, significa conversão, mudança dos parâmetros que dirige nossa vida; significa deixar-nos conduzir pela sua Palavra que nos aponta o caminho da verdade que nos conduz ao Reino dos Céus, que é Ele mesmo. (cf. Jo 14,6).

Destarte, ser ovelha do rebanho do Senhor Jesus, é ouvir a sua voz que é inconfundível e seguir os seus passos sem jamais duvidar, isto é, sem dar espaço para as vozes das tentações e do inimigo de nossas almas. Em suma, é fazer silêncio interior para ouvir a voz do Senhor. 

"As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu llhes dou a vida eterna; elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém as pode arrebatar da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um." (Jo 10,27-30).

Amados irmãos e amadas irmãs, assim seja a nossa conduzida por nosso Bom Pastor, nosso Senhor Jesus Cristo, como nos ensinou o rei Davi: "O Senhor é meu pastor, nada me faltará. Restaura as forças de minha alma. Pelos caminhos retos ele me leva, por amor do seu nome." (Sl 22,1-3).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 3 de dezembro de 2022

O DESEJO DE VER A DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 9,27-31)(02/12/22)


Amados irmãos e amadas irmãs, existe em nós um desejo permanente de ver a Deus face a face. Foi pensando nesse desejo que Santo Anselmo escreveu: "Vamos, coragem, pobre homem! Foge um pouco de tuas ocupações.
Esconde-te um instante do tumulto de teus pensamentos. Põe de parte os cuidados que te absorvem e livra-te das preocupações que te afligem.

Dá um pouco de tempo a Deus e repousa nele. Entra no íntimo de tua alma, afasta tudo de ti, exceto Deus ou o que possa ajudar-te a procurá-lo; fecha a porta e põe-te à sua procura. Agora fala, meu coração, abre-te e dize a Deus: Busco a vossa face; Senhor, é a vossa face que eu procuro (Sl 26,8).

Meditemos com amor e atenção o Pequeno Sermão de hoje.

Caríssimos, existe uma certa diferença entre a dimensão visível da existência e a dimensão invisível, com uma dependência entre ambas. Decerto, todas foram criadas por Deus e estão diretamente ligadas a Ele, e são representadas pelo tempo envolto pela eternidade. 

Com efeito, para entender melhor esse enunciado basta respirarmos e perceber que o ar é um elemento invisível e ocupa todos os espaços da nossa existência, de modo que, sem ele a vida deixa de existir naturalmente. Decerto, Deus é o nosso Pai e tudo dispôs para o nosso bem só precisamos ama-lo e segui-lo na pessoa do seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.

Mas, o que isso tudo tem a ver com a liturgia de hoje? Trata-se da fé, dom do Espírito Santo, que torna possível o nosso encontro com Deus, que é invisível, de quem dependemos totalmente, assim como do ar que respiramos. No Evangelho de hoje, o Senhor Jesus curou dois cegos que a Ele se dirigiram com perseverança crendo que os podia curar.

De fato, esse encontro entre os dois cegos e Jesus nos mostra que a nossa humanidade precisa mais do nunca se aproximar da Luz do Senhor e clamar a Ele com a fé viva destes cegos, para voltar a encherga-lo e segui-lo fielmente a caminho da vida eterna. Aliás, Ele mesmo nos faz esse convite: "Eu sou a Luz do mundo; aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida." (Jo 8,12).

Portanto, caríssimos, esse episódio nos ensina que o Senhor Jesus está sempre presente em todos os momentos de nossa vida, mesmo se não o enchergamos nitidamente, como a princípio os cegos não o enchergavam, mas guiados pela luz da fé perceberam a Sua presença, clamaram e foram curados da cegueira que os impedia a normalidade da vida. 

Destarte, rezemos com Santo Anselmo esta belíssima oração: "Olhai-nos, Senhor, ouvi-nos, mostrai-vos a nós. Dai-nos novamente a vossa presença para sermos felizes, pois sem vós somos infelizes! Tende piedade dos rudes esforços que fazemos para alcançar-vos, nós que nada podemos sem vós.

Ensinai-nos a vos procurar e mostrai-vos quando vos procuramos; pois não podemos procurar-vos se não nos ensinais nem encontrar-vos se não vos mostrais. Que desejando vos procuremos, procurando vos desejemos, amando vos encontremos, e encontrando vos amemos ainda mais." 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

IDE E ANUNCIAI, O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 9,35–10,1.6-8)(03/12/22)


Caríssimos, aos olhos dos incrédulos quem manda neste mundo é o maligno que tenta dominar a tudo e a todos e age impunemente como se não tivesse de prestar contas das maldades que pratica por meio daqueles que o servem; no entanto, tudo tem um tempo definido e depois disso vem o justo juízo de Deus que julgará a todos segundo as suas obras.

Decerto, cada um colherá o que plantou e isso desde já, como disse são João Batista: "O machado já está posto à raiz das árvores. E toda árvore que não der fruto bom será cortada e lançada ao fogo." (Lc 3,9). Ou também como disse o Senhor Jesus: "Não os temais, pois; porque nada há de escondido que não venha à luz, nada de secreto que não se venha a saber." (Mt 10,26).

São Paulo na Carta aos Efésios escreveu: "Nenhuma palavra má saia da vossa boca, mas só a que for útil para a edificação, sempre que for possível, e benfazeja aos que ouvem. Não contristeis o Espírito Santo de Deus, com o qual estais selados para o dia da Redenção.

Toda amargura, ira, indignação, gritaria e calúnia sejam desterradas do meio de vós, bem como toda malícia. Antes, sede uns com os outros bondosos e compassivos. Perdoai-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou, em Cristo." (Ef 4,29-32).

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus disse aos seus discípulos: “A Messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!” (Mt 9,37-38). Com efeito, Deus conhece muito bem todas as nossas necessidades, mas, por que Ele requer as nossas orações para suprir-las? 

Porque rezar é amar, é fazer a Sua Vontade, é nos deixar conduzir por Ele que sempre quer a nossa colaboração na obra da salvação. Então, rezar, nesse sentido, é estar a serviço do Reino dos Céus, vivendo a nossa filiação divina gozando da intimidade do nosso Pai celestial.

Portanto, caríssimos, estamos a caminho da eternidade, o SenhorJesus caminha conosco e por meio da nossa fé revela o seu poder, como vimos no Evangelho de hoje: "E, chamando os seus doze discípulos deu-lhes poder para expulsarem os espíritos maus e para curarem todo tipo de doença e enfermidade.

Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. 8Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar!" Destarte, tudo o que precisamos é obedece-lo.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

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