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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Francisco, o Santo-Alegria

Frei Hipólito Martendal

1. Introdução - Tenho a impressão de que em nossos dias fala-se mais em felicidade do que em alegria. Sinto certa apreensão, pois isso representa certa banalização mais abrangente. Você entra numa lojinha qualquer para comprar um par de meias, ou umas cuecas e já sorridente vendedora o trata por "meu amor". Ser amado e feliz passou a ser uma obrigação universal. Pobres dos melancólicos, dos abatidos, dos deprimidos! Felicidade parece-me algo tão beatífico! Lembra conquista definitiva, realização, plenitude.

2. São Francisco e a alegria - Francisco declara bem-aventurados os frades que vivem situações àquelas às quais o Evangelho qualifica de bem-aventuranças. Em geral são declarações dele a respeito de quem procede evangelicamente, como nas suas Admoestações diz: "bem-aventurado aquele que nada retém para si". Neste sentido encontrei - só nos escritos atribuídos a Francisco - 12 vezes a expressão bem-aventurado (s) e uma vez "felizes" como sinônimo de bem-aventurados. Na verdade são promessas de felicidade se os frades conseguirem realizar determinadas propostas evangélicas. Quando Francisco lida com o dia-a-dia de seus irmãos e refere-se às qualidades e virtudes para a boa vivência da fraternidade, para o sucesso na luta contra Satanás e a eficiência da evangelização, ele fala 19 vezes em alegria.

3. Alegria como virtude - Não é muito fácil transformar a alegria em virtude, pois alegria parece constituir-se apenas de uma emoção primária agradável, fruto da posse de coisas desejadas. O problema está naquilo que se deseja. A alegria do Tio Patinhas por encontrar mais uma mina de ouro não é virtuosa, pois é fruto de sua desmedida cobiça e poderá incentivar outros a se entregarem ao materialismo.

Francisco, por sua vez, acabara de romper com o pai ganancioso e com a riqueza de que podia usufruir na família. Procurava em seu íntimo uma forma de viver mais de perto o ideal do Evangelho e do modo de ser do próprio Cristo. Numa missa ouve aquela passagem na qual Jesus envia seus discípulos a pregar. Depois pede ao sacerdote que lhe explique a leitura. Diante do quadro dos enviados "sem bastão", sem dinheiro, sem reserva de pão, sem calçados", ocupados unicamente em pregar o Reino de Deus e a penitência, Francisco tem uma iluminação. Segundo Tomás de Celano, ele exclama: "É isso que eu quero, isso que procuro, é isso que DESEJO DE TODO CORAÇÃO".

Ora, quem consegue conquistar "aquilo que deseja" de todo o coração, só pode experimentar uma alegria correspondente. É o que Jesus afirma ao comparar o Reino a um tesouro. Quem o encontrar abre mão de TUDO o que possui e, "cheio de alegria compra aquele campo" (Mt 13,44). Para chegar ao TESOURO, Francisco teve que perder tudo. Enquanto ia perdendo, já sentia o coração enchendo-se de alegria. A conclusão disso foi claríssima para ele: a alegria é o certificado de qualidade da evangelização. Só é bom discípulo e bom anunciador do Reino quem não conseguir esconder aos demais - por causa da alegria irreprimível - que ele encontrou algo realmente extraordinário.

4. Desdobramentos da alegria - São Francisco está a uns cinco meses de sua morte. Seu corpo reduziu-se a uma ruína humana. Não consegue mais escrever. O sofrimento físico é atroz e torturante. Dita assim mesmo um testamento com suas últimas recomendações. Depois pede que Frei Leão escreva o que ele tem a dizer sobre aquilo que considera ser a ALEGRIA PERFEITA. Francisco imagina duas situações. Na primeira chegam mensageiros anunciando sucessos inimagináveis de sua Ordem nos mais diversos recantos da Terra. "Digo-te - afirma ele - que em tudo isso não está a verdadeira alegria". Na segunda Francisco imagina-se numa emergência hipotética. Ele próprio, o fundador da Ordem, volta para o conventinho da Porciúncula, "sua" casa-mãe, todo machucado, esgotado pela fadiga e quase morto pela mais violenta nevasca. Bate muitas vezes na porta. Por três vezes, o porteiro abre, xinga Francisco de todas as formas. Conclui o santo: "Pois bem, se eu tive tido paciência e permanecer imperturbável, digo-te que aí está a verdadeira alegria, a verdadeira virtude e salvação da alma".

Por muito tempo, por mais que isso impressionasse, eu imaginava que era o tranvasar da expressividade dramática da alma latina, italiana, de Francisco. Mas, eis que em um de seus biógrafos encontrei a explicação. Francisco não se ligava no conteúdo da ofensa de quem o agredia. Concentrava-se na desordem do coração e pecado do ofensor. Em vez de ficar ofendido, enchia-se de cuidados e compaixão pelo irmão agressivo.

5. Pretensão - Deus e Jesus Cristo tornam-se cada vez mais a única e avassaladora paixão de São Francisco. No altar desta paixão, ele sacrifica tudo, inclusive todos os outros possíveis projetos e desejos. É isso que ele entende por POBREZA. Sobra só um desejo irresistível: imitar em tudo seu Cristo-Paixão, sem sofrer menos que Ele "pela salvação de todos". Assim, Francisco desenvolveu uma blindagem protetora contra todas as adversidades, todas as injustiças, toda forma de sofrimento. Todo sofrimento é sempre invadido pela luz e significado que brotam de seu CRISTO-MODELO. Ocorre uma verdadeira transubstanciação da dor e do sofrimento. Adquirem uma nova natureza. Aí fica difícil saber onde termina Francisco e onde começa Cristo. Nesta comunhão, os contornos e as figuras de ambos se embaralham nossos olhos. Então toda sorte de sofrimentos simplesmente o fazem sentir-se mais perto, mais identificado com seu divino mestre e modelo, sua única paixão. Isso realimenta e purifica sua indefectível alegria.
Por isso seus contemporâneos afirmavam que Francisco era outro Cristo.


Extraído de http://www.franciscanos.org.br/v3/vidacrista/artigos/hipolito/artigos_27.php acesso em 27 abr. 2010.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Poça d'agua

Tem momentos
que eu gostaria de ser
humilde poça d'agua
para que refletisse o céu

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A Ordem Franciscana Secular e seus Assistentes

Refletindo e provocando

Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM (*)

1. Fala-se de uma assistência espiritual e pastoral a ser prestada pelos assistentes aos irmãos e irmãs da Ordem Franciscana Secular. O termo adotado é assistente e não conselheiro, nem diretor, sem comissário. Há um respeito pelo caráter secular da OFS. O que não quer dizer que o assistente se coloque numa posição de inferioridade.

2. Dito isto parece fundamental que todas as Fraternidades tenham assistentes. Não se trata de uma figura decorativa, útil apenas para celebrar a missa, dar absolvição aos penitentes e dizer algumas palavras na reunião geral ou mensal. O franciscano assistente da I Ordem ou da TOR visa garantir a fidelidade da OFS ao carisma franciscano, a comunhão com a Igreja e a união com a Família franciscana.

3. A pedido das Fraternidades, os Provinciais são obrigados a nomear assistentes em nível de sua jurisdição. Documento da Conferência dos Ministros Gerais fala de pessoas idôneas para este serviço. Por isso, a nomeação e escolha será feita com discernimento. Frades exemplares e cheios de fervor franciscano serão os assistentes. O assistente acompanha um grupo durante um tempo. É membro do Conselho e tem palavra importante e indispensável a dizer.

4. Os que são nomeados não podem ser entregues à própria sorte. Precisam ser acompanhados em sua missão. Já no tempo da formação inicial, os Provinciais urgirão que os jovens frades conheçam e estimem a Ordem Franciscana Secular e coloquem como possibilidade de suas vidas se dedicarem a eles. Encontros regulares de acompanhamento dos assistentes deverão ser programados nos regionais da OFS. Pergunto: também com os assistentes de uma determinada Provincia?

5. Os assistentes serão capazes de acompanhar os franciscanos seculares na formação inicial e permanente. Mais do que isso: acompanharão as etapas da vida dos irmãos na busca da santidade, no desejo de serem pessoas engajadas na vida da Igreja, no crescimento em todos os sentidos. Toda sua atividade será feita em estreita comunhão com os leigos do Conselho.

6. Ouve-se dizer que a Igreja do século XXI será dos leigos. Até agora não vimos efetivamente a concretização do fato. Muitos frades não se sentem animados a serem assistentes da Fraternidades da OFS constituídas de pessoas envelhecidas, marcadas por um certo devocionalismo e, segundo alguns, pela preocupação de conservar o adquirido. Ora, parece fundamental que os frades estimem essa família de leigos, dotada de uma Regra atualizada, pautada nos documentos do Vaticano II. A presença competente de um assistente poderá ser ajuda no sentido de que leigos franciscanos, os que já professaram e os que poderão ainda ingressar nas fileiras da Ordem, venham a constituir um laicato maduro. Não se trata apenas de preparar os leigos para serem auxiliares da pastoral litúrgica ou responsáveis pela pastoral do batismo ou dos outros sacramentos. Os franciscanos seculares, auxiliados por entusiasmados assistentes, precisam ser iniciados no método do ver, julgar e agir.

7. Os frades assistentes saberão, eles que vivem, dia a dia, a fraternidade passar para os terceiros o gosto pela vida fraterna, pela oração em comum, pela partilha de vida. O Conselho saberá organizar reuniões cheias de vida, com a presença de todos, com a participação de todos.

8. Evidentemente que as fraternidades seculares deverão também colaborar. Não adianta chamar um assistente que será envolvido nas teias da mesmice e da repetição de ritos que não levam ao amanhã do mundo e de uma vida franciscana sem o frescor do Evangelho. Pode ser que, em certas circunstâncias, fraternidades seculares desmotivem seus assistentes.

9. Na apresentação do seu Relatório no Capítulo dos Frades Menores de 2009, o Ministro Geral José Rodriguez Carballo, referia-se ao fato de que os frades, no contexto atual, trabalharão em colaboração com os leigos. Transcrevemos algumas de suas recomendações:

• Falar mais com os leigos do que falar dos leigos.

• Formarmo-nos para uma colaboração na reciprocidade, segundo a qual os leigos não sejam meros clientes, mas verdadeiros protagonistas, que não sejam um carbono de nossa vida religiosa e que a partir de sua própria identidade assumam suas especificas responsabilidades.

• Formar os leigos no carisma franciscano se desejamos que eles entrem plenamente na missão eclesial de nossa Ordem e se desejamos que o nosso carisma continue tendo expressão na Igreja e no mundo.

• Estar aberto para reler nosso carisma, situando-o de uma maneira nova, nestes tempos delicados e difíceis, adaptando-o a formas que sejam necessárias aos novos tempos, às novas situações e às diversas urgências com plena docilidade às inspirações divinas e ao discernimento eclesial (Vita Consecrata 37). Uma estreita colaboração com os leigos nos levará sem dúvida alguma a uma nova compreensão de nossa identidade dom Irmãos Menores.

10. Algumas sugestões e solicitações:

• O Assistente precisa gostar dos leigos da Ordem Franciscana Secular. Não pensamos num gosto sentimental. Eles são nossos irmãos, irmãos leigos que o Senhor nos dá.

• O Assistente participará de todas as reuniões da Fraternidade do Conselho, na medida do possível ( e quase do impossível...).

• Sempre terá em mente que lhe cabe acompanhar um grupo. Insistimos no verbo acompanhar. O pastoral sempre comporta o acompanhamento e não visitas esporádicas.

• Procurará ele sempre estar perto dos que fazem a formação inicial. E dará seu parecer sincero e abalizado na hora da profissão. Nas reuniões formará leigos no carisma franciscano.

• Despertará nos seculares o gosto pela Eucaristia, se possível diária. Da mesma forma levará os irmãos a viverem a Liturgia das Horas no seu dia-a-dia.

• No intuito de formar um laicato maduro na Igreja procurará o Assistente exercitar os irmãos no método do ver-julgar-agir.

• Os Conselhos deverão ser despertos para o estudo e para a formação de lideranças leigas que abram caminhos novos para o franciscanismo.

• Junto com os leigos os frades assistentes precisam descobrir meios e modos para mostrar que o carisma franciscano é significativo para nossos tempos, apesar da diminuição do numero dos franciscanos e do envelhecimento de muitas fraternidades.

(*) Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
Assistente Nacional da OFS pela OFM e Assistente Regional do Sudeste III

Luquésio e Buonadonna

Geralmente o casal de Bem-aventurados, Luquésio e Buonadonna, são considerados os “primeiros terciários”. Mas um autor atual diz que “essa tradição” não é certa. Para alguns, eles foram os primeiros a alcançar a glória do altar, pois em Poggibonsi, o culto dos Bem-aventurados Luquésio e Buonadonna começou logo depois da morte deles.

Luquésio nasceu em Gaggiano. Como jovem sonhou com as armas e a glória militar. A princípio pertenceu ao partido dos Gibelinos (do imperador); mas, por interesse comercial passou ao partido dos Guelfos (do Papa). Casou-se com Buonadonna, natural de Poggibonzi, onde foram morar.

Ambos eram apegados aos bens materiais, principalmente ao dinheiro. Trabalharam no comércio; emprestaram dinheiro aos ricos e nobres e tornaram-se muito ricos. Buonadonna, sentia-se feliz vendo o marido prosperar, mas esta felicidade ilusória, no luxo e no conforto, resultou no afastamento de Deus. Nem sempre seus negócios eram honestos.

Aconteceu uma crise de víveres e Luquésio prevendo-a, comprou todo o estoque de trigo, e como único possuidor do produto, elevou os preços e teve lucros extraordinários.

Mas estranho: no momento de gozar o que tanto almejara, sentia-se insatisfeito. Por que? Se perguntava. Naquela época, S. Francisco andava pregando na região e todos comentavam que, sendo ele filho de um rico comerciante, tudo abandonou: fazia penitência e falava sobre o Reino de Deus. Sua atitude impressionou a Luquésio que desejou falar-lhe; e a oportunidade logo surgiu com a ida de S. Francisco a Arezzo, uma hora de Poggibonzi. Vai ouvi-lo na praça pública e parece que suas palavras lhe são dirigidas: “Não façais caso do dinheiro, pois ele nos afasta de Deus, tornando-nos infelizes... daí aos pobres ao invés de amontoar riqueza; amai a pobreza por amor a Cristo, e Ele vos restituirá a alegria...” Ao final da prática, Luquésio procura S. Francisco e expõe-lhe sua vida.

S. Francisco diz que ele recebeu uma grande graça e a ela devia corresponder. – O Senhor abriu-lhe os olhos – Luquésio voltou em paz para sua casa e resolveu mudar de vida! – verificou seus livros, providenciou a venda de suas casas e fazendas, e quando recebia o dinheiro ia levá-lo a quem tinha sido injusto ou avarento; e repartia com os pobres sua riqueza.

Mas isto não agradou a sua esposa, que nada compreendia e não se conformava. Luquésio, como bom marido, teve muita paciência com ela, rezou muito por ela e afinal o momento da graça de sua conversão chegou.

Certo dia, em que a afluência dos pobres foi muito grande, Buonna abriu a arca de pão para a mesa e verificou que estava vazia. Luquésio lhe pede alguns pães para aquela gente. Ela se irrita, mas Luquésio não perde a calma dizendo que não pode despedir aqueles pobres de mãos vazias e lhe diz: “Pensa naquele que com 5 pãezinhos e 2 peixes saciou a fome de milhares de pessoas. Vai pensando Nele e traze-me os pães”. Buonna, quase inconscientemente abre novamente a arca e com grande susto vê uma quantidade de pães frescos... E a luz de Deus a ilumina. Toma os pães e os leva aos pobres. Pede perdão ao marido por sua atitude anterior e diz que também quer servir a Deus. A seguir, ambos procuraram S. Francisco e manifestaram seu desejo de seguir o gênero de vida dos irmãos, mas como casados não sabiam como fazer.

A Providência Divina os encaminhou no momento certo, por S. Francisco, pouco antes, se havia encontrado com o Cardeal Hugolino, para acertar as bases da fundação de uma Ordem Terceira, na qual os casados poderiam servir a Deus, com perfeição. Unidos em Fraternidade, sob a obediência de um Diretor e uma Regra de Vida, seria mais fácil a santidade.

Luquésio e Buonadonna, daí em diante foram andando juntos, no verdadeiro amor cristão, na pobreza franciscana e na mais impressionante harmonia conjugal. Distribuíram todos os seus bens aos pobres e descobriram a mais profunda alegria evangélica, na vivência do seu carisma franciscano.

Um conhecido francisconólogo leigo, da O.F.S. conta o fim de Luquésio e Buonadonna: “Deus fez com que esses esposos, que foram unidos em vida, permanecessem unidos na morte. Em abril de 1250, Luquésio teve de ficar de cama, quando de repente Buonadonna ficou também doente. Isso afetou tanto o marido, que a sua doença agravou-se. Assim mesmo conseguiu levantar-se para ajudar a sua mulher a receber o sacramento dos enfermos. Pegou na mão dela e lhe disse: - “Querida, já que tanto nos amamos em vida, por que não vamos juntos para a pátria eterna? Por isso espera-me, por favor!” E ele voltou para sua cama, chamou o Pe. Hildebrando, seu amigo, que estava deixando a casa, e pediu lhe administrasse também o sacramento dos enfermos. Vendo, então, que Buonadonna estava morrendo, Luquésio fez o sinal da cruz, invocou, pela última vez a Virgem Maria e S. Francisco e, os dois juntos, entregaram sua alma a Deus”.

Pela força do seu exemplo, o casal converteu a maior parte da população da cidade. O Papa Inocêncio XII, em 1694, beatificou os dois. A Liturgia Franciscana os recorda no dia 28 de abril.

Trecho do artigo: Ordem Franciscan Secular [sic]. Disponível em http://www.matrizsaofrancisco.com.br/temasview.php?id=9&PHPSESSID=853d0459b115039a054e21df0135a710 acesso em 27 abr. 2010.

Ilustração: San Lucchese / Memmo di Filippuccio. Séc. XIV. Poggibonsi, Itália : Convento di San Lucchese. Disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:S_lucchese.jpg acesso em 27 abr. 2010.

terça-feira, 27 de abril de 2010

QUEM VIVER, VERÁ

















QUEM VIVER VERÁ...

O que há de mais fácil senão condenar junto com os culpados, também justos e inocentes? Nesse caso faz-se uma generalização absurda e se comete um pecado ainda maior que o pecado dos culpados... E como ficam às vítimas dos culpados? E Como ficam as vítimas inocentes, condenadas como se fossem culpadas?

De fato, temos que separar o joio do trigo, para não cometermos tal injustiça. Ou seja, devem-se punir os verdadeiros culpados, mas preservar os inocentes e abnegados e assim repararmos solidariamente as percas das verdadeiras vítimas; sejam elas às que sofreram os danos dos culpados; sejam elas os inocentes que foram julgadas como se tivessem a mesma culpa. Pois, é o que está acontecendo atualmente.

“Uma cusparada atingiu o jovem padre de cheio no rosto. Transbordando ódio, um turista desconhecido lhe gritou: “Pedófilo asqueroso!”. Silêncio. Os outros visitantes da Acrópole de Atenas olham distraidamente para a perfeita fileira de colunas de mármore. Ninguém faz nada, enquanto o jovem padre, cabisbaixo, limpa o rosto. Por esses dias se escutam muitas histórias desse tipo. Ao descer de um trem, um padre que há quarenta anos serve abnegadamente o Evangelho é alvo das mesmas palavras de insulto. Uma casa de religiosas recebe telefonemas anônimos ofensivos...”(*)

Ora, na questão da pedofilia e do homossexualismo que assola pequena parte do clero, pois, somos cerca de 400.000 mil sacerdotes em todo o mundo, dos quais 0,1% se deixou conduzir pelos espíritos imundos da pedofilia e do homossexualismo...; não sejamos ingênuos e nem nos arvoremos em juízes condenatórios, como os “donos” da mídia querem que sejamos.

Porquê, como ficam os 99,99% dos abnegados sacerdotes que se dedicam dia e noite ao serviço da salvação das almas? E ainda. Que moral têm os “donos” da mídia mundial e do Brasil, para condenar a Igreja e todos os sacerdotes como se fossem farinha do mesmo saco; se dia e noite eles implantam no coração da sociedade as mais terríveis e abomináveis práticas de depravação e deturpação da convivência humana? São esses “donos” da mídia que pelo aumento de audiência divulgam as mais imorais cenas, a ponto de o governo criar vetos em certos horários para tais cenas por serem descabidas e aviltantes ao bom senso.
O que esses “donos” da mídia, com seus veículos de comunicação poderosos, estão espalhando por ai, é que a Igreja Católica é culpada por aqueles que trouxeram para dentro dela escândalos e podridões, que não existe na Igreja, mas que ela leva a culpa por aqueles que se deixaram (0,1%) seduzir e conduzir por espíritos imundos que nada tem a ver com a salvação dos homens. Eles fazem isso porque a Igreja Católica é uma das únicas instituições na face da terra que se opõe às suas práticas abjetas que ofendem a Deus e à humana criatura com o veneno perverso e malicioso de suas mensagens satânicas midiáticas. Aliás, a calúnia sempre foi a arma que esses “senhores” midiáticos usaram e usam para aumentar ainda mais seu poderio sobre as massas ingênuas, fazendo-lhes a cabeça, à ponto de se tornarem perseguidores até de inocentes que nada têm a ver com os culpados.

“Uma histeria coletiva se espalha, insuflada por esses poderosos da Televisão e pelos “intocáveis” papas de um jornalismo pseudointelectual. É lógico que algumas reações espontâneas sejam compreensíveis. A consequência, um sofrimento incrível. A vergonha se manifesta. Os abusos, o silêncio culposo, os erros estúpidos, o covarde desvio de atenção - tudo isso são fatos reais e muito graves. Jesus Cristo terá de lavar o rosto de sua Igreja. Todos nós teremos de redescobrir a audácia de Deus ao confiar a homens tão fracos um dom tão grande como é o sacerdócio”. (*) Todavia, nada disso justifica essa perseguição esdrúxula por parte dos “senhores” midiáticos, tão e até mais culpados que os ditos “padres” pedófilos ou homossexuais de plantão.

Quem viver, verá todo esse lixo podre de nossas televisões e imprensa falada e escrita; como também as práticas malditas de homens escolhidos para fazerem o bem e optaram pelo mal, escorrendo pelo ralo do inferno onde encontrarão os demônios à quem sempre serviram. Pois, ai daqueles que tentam trazer para dentro da Igreja o que Ela não é e o que Ela não tem, ou seja, escândalos e podridões; quer pela desobediência às Leis de Deus; quer pelas acusações generalizadas não poupando, por causa dos poucos culpados, a maioria de inocentes e santos homens que dedicam a vida inteira à Deus pela salvação de todos.

Que fiquem certos, se não houver sincero arrependimento por parte de todos esses, a justiça divina não faltará no julgamento dos verdadeiros culpados por todo o mal semeado; pois, tudo o que é necessário para a salvação humana Deus já dispôs em Seu Filho Amado, Jesus Cristo, Senhor dos vivos e dos mortos. Agora, o não se arrependimento e a não mudança de vida, equivale ao pecado contra o Espírito Santo, ou seja, equivale a dizer não à salvação eterna.

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

(*) Associação Brasileira Ajuda à Igreja que Sofre Caixa Postal 66051 - CEP: 05311-970 - São Paulo - SP - www.ais.org.br /

Quando Clara deixa a casa paterna

Continuamos a percorrer os passos de Clara. Nesta página nos deteremos nos acontecimentos daquele famoso domingo de ramos. Sempre temos em mão a obra Chiara di Assisi. Un silenzo che grida (Ed. Porziuncola, Assisi) de Chiara Giopvanna Cremaschi (p. 35-39).

Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM

1. Era o Domingo de Ramos de 1211. Clara, com a mãe e as irmãs participam da missa na Catedral de São Rufino, celebração presidida por Dom Guido, essa igreja tão pertinho da casa dos Favarone. No momento em que todos se levantam para receber os ramos. Clara por um sentimento de reserva ou porque pensava naquilo que estava para realizar à noite, não se mexe. Acontece alguma coisa fora de todo ritual. O bispo, passando no meio dos fiéis, vai até Clara para dar-lhe o ramo. “Neste gesto, sem dúvida, podemos ver a bênção do pastor da diocese, o selo eclesial de uma escolha que somente o Amor dá a coragem de realizar, através de liberdade profunda que é dom do Espírito”.

2. Naquela noite, ela vai colocar em prática um plano que traçara em combinação com Francisco e seus companheiros. No momento da realização está completamente só. Ela busca a força do Senhor. Ao mesmo tempo demonstra coragem e manifesta firmeza de decisão, o que aliás, ocorrerá ao longo de sua vida nova. Espera que todos, em casa, durmam. Não sairá pela porta comum, mas por uma porta secundária que existia para que os habitantes pudesse se defender de um eventual assalto. Esta porta habitualmente não é usada e tem pedras e travas. Só a força de muitos homens conseguia desentravá-la. Tão cheia de decisão de realizar seu plano e com a força de Jesus Cristo Clara consegue desobstruir o caminho. No dia seguinte seus familiares ficarão estupefatos em ver a coragem e a força da moça!

3. “Tendo saído de casa e já na estrada, a jovem deixa às suas costas a cidade adormecida e corre lepidamente na direção da única porta da cidade que está aberta”. Talvez estivessem sendo realizados trabalhos de conserto e assim depois do por do sol essa porta continuava sem trancas e aberta. Há quem afirme que alguém, sabendo do plano de Clara, tenha facilitado a coisas e deixado a dita porta aberta. Por que Clara resolve fugir? Por que não tentou conversar com a família? A jovem conhecia o caráter dos familiares, de modo especial a intransigência do Tio Monaldo. Este até aceitaria que ela ingressasse num mosteiro de contemplativas como o das beneditinas. Mas, certamente, teria enormes reticências quando se tratava de seguir um caminho que não existia, seguindo apenas a indicações de um jovem penitente que até aquele momento não tinha mais do que uma aprovação oral por parte da Igreja. Clara, nesse momento, muda de classe social, Coloca-se entre os minores, ela que pertencia a uma mais importantes famílias de Assis. São escolhas que não são aceitas pelos aristocratas da província. Esses os motivos pelos quais Clara foge à noite, sem seguranças exteriores.

4. Para que tudo fique sem mal entendidos, Clara vende a sua herança e a dá aos pobres, segundo a ordem do Evangelho. As Fontes fazem questão de colocar este gesto fundamental para o seguimento de Cristo. Não sabemos o modo como ela realizou a venda. Uma mulher da Idade Média, sob certos aspectos, podia dispor dos próprios bens mais facilmente do que hoje. Podia fazê-lo mesmo sendo bastante jovem. A idéia da maioridade de alguém era muito diferente da que temos hoje. As mulheres se casavam em torno dos quatorze anos. Estudos feitos na legislação de Assis dizem que uma mulher podia alienar a parte dos bens que lhe cabiam como dote.

5. Irmã Cristina de Messer Bernardo de Suppo de Assis, no Processo de Canonização: “A testemunha também disse que, quando Santa Clara vendeu sua herança, os parentes quiseram dar um preço maior que todos os outros, e ela não quis vender a eles, mas vendeu a outros para que os pobres não fossem defraudados, E tudo o que vendeu na venda da herança distribuiu-o aos pobres”. Para nós, segundo Chiara G. Cremaschi, é difícil saber os motivos pelos quais os pobres seriam defraudados se Clara tivesse vendido para seu parentes. Talvez Clara achasse que vendendo a seus parentes o resultado ficaria, de alguma forma, no círculo familiar e seu gesto perderia algo do brilho que pudesse ter.

6. “Assim, parece clara a situação da jovem que tinha fugido na noite daquele domingo de ramos: tinha deixado tudo para seguir aquele que se fez pobre por nós, para viver a entrega confiante e total dos pequenos que confiam inteiramente no Pai misericordioso. A primogênita dos Favarone tem cerca de dezoito anos que indicavam maturidade e consciência do que estava sendo feito. Não é o caso de se saber se está mesmo acompanhada de alguém. Corre velozmente na direção de Cristo Jesus como a esposa do Cântico dos Cânticos. O único apoio que tem vem de seu Dileto. Quando se aproxima da Capelinha da Porciúncula, os frades vêm a seu encontro com tochas acesas, pequenos pontos luminosos numa noite nupcial iluminada por aquele que fala ao coração da jovem. Enfeitara-se com a veste mais bela e vai ao encontro do Esposo. A partir de então, tudo só vai ter sentido a partir dele”.

Extraído de http://www.franciscanos.org.br/v3/almir/artigos/clara/04.php acesso em 26 abr. 2010.

Ilustração: São Francisco e a profissão de Santa Clara / Francisco João. 1692. Évora, Portugal : Catedral de Évora. Foto (cortada) de Georges Jansoone disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Evora82.jpg acesso em 26 abr. 2010.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

A VERDADEIRA LIBERTAÇÃO


A VERDADEIRA LIBERTAÇÃO

O pecado é uma herança de origem espiritual, por isso, São Paulo afirma: “Como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano, porque todos pecaram...” (Rm 5,12). E ainda: “Com efeito, todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus, e são justificados gratuitamente por sua graça; tal é a obra da redenção, realizada em Jesus Cristo”. (Rm 3,23-24).

O Catecismo da Igreja Católica define pecado como sendo uma falta grave contra Deus e é traduzido por “uma palavra, um ato ou um desejo contrários à Lei Eterna”. (CIC 1849-50). Por isso, o pecado é a ausência do verdadeiro bem, visto que deixa-se o Bem Eterno pelo bem passageiro, fugaz, incapaz de satisfazer a quem o comete; o resultado nefasto de tal distorção é o vazio existencial e a morte; a não ser que haja arrependimento sincero, para se obter o perdão divino pela absolvição sacramental e assim voltar ao convívio sagrado, à perfeita comunhão com o Senhor.

Vede o que São João escreve sobre isso: “Todo aquele que peca transgride a lei, porque o pecado é transgressão da lei. Sabeis que (Jesus) apareceu para tirar os pecados, e que nele não há pecado.Todo aquele que permanece nele não peca; e todo o que peca não o viu, nem o conheceu”. (1Jo 3,4-6).

Ora, a Lei de Deus é um remédio, uma proteção, uma força divina contra o pecado e todo o mal. Quem a cumpre se encontra protegido porque permanece em estado de graça, isto é, de felicidade, e vive a realidade da plena comunhão com a Vontade de Deus; por isso, é intocável pelo mal por causa da inocência que carrega em si; e mesmo que passe por diversas provações, sai ileso, porque essas provações lhe servem de mérito e não de pesar.

Vejamos um exemplo disso: “Chamaram os apóstolos e mandaram açoitá-los. Ordenaram-lhes então que não pregassem mais em nome de Jesus, e os soltaram. Eles saíram da sala do Grande Conselho, cheios de alegria, por terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus. E todos os dias não cessavam de ensinar e de pregar o Evangelho de Jesus Cristo no templo e pelas casas”. (At 5,40-42).

Também São Tiago escreve sobre isso: “Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Mas é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma”. (Tiag 1,2-4).

O pecador que experimenta em sua alma a misericórdia de Cristo Jesus, experimenta a verdadeira libertação espiritual, porque Cristo é o cumprimento de toda a lei e veio da parte do Pai para nos dar a salvação. Ser salvo por Ele significa ser livre do pecado, do demônio, autor e princípio do pecado e da morte.

Sabemos por experiência natural do livre arbítrio de que somos dotados, mas isso não significa que não somos dependentes. Porém, a pior de todas as dependências é a escravidão do pecado, pois, nela se encontra a força tenebrosa demoníaca a que o ser humano se prende quando sede sua liberdade natural ao mal. Vejamos como isso acontece.

Ninguém em sã consciência comete qualquer pecado sem que, primeiro venha a tentação; segundo, ela seja aceita; terceiro, se decida pelo pecado; e quarto, se cometa o mesmo. Ou seja, ninguém em sã consciência é culpado de qualquer mal sem que aconteça esse processo; em outras palavras, pode-se muito bem, pela liberdade e autoridade de existir, dada por Deus às suas criaturas, se evitar o mal.

Aliás, São Tiago já nos alertou sobre isso:Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam. Ninguém, quando for tentado, diga: É Deus quem me tenta. Deus é inacessível ao mal e não tenta a ninguém. Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia. A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. Não vos iludais, pois, irmãos meus muito amados”. (Tiag 1,12-16).

Também São Paulo assim discorre a esse respeito:Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela”. (1Cor 10,13).

Por acaso, da parte do Senhor, faltará para seus filhos e filhas prazer, satisfação, salvação, santidade, alegria, paz, vida eterna? Nunca. O problema é que os homens buscam esses bens em si mesmos e não em Deus, seu criador, que é a Fonte de todo Bem. Ora, fomos criados por Deus para vivermos em perfeita união com Ele pela obediência aos seus mandamentos. E mesmo os homens se desgarrando da proteção divina; o Senhor não nos deixou escravos de nossos pecados, mas veio em nosso socorro, enviando o seu Filho amado para nos resgatar e livrar de todo o mal, por sua morte e ressurreição; logo, quem vive em Cristo, vive a realidade de ser nova criatura à caminho da santificação eterna.

Assim, meus caríssimos, vós que sempre fostes obedientes, trabalhai na vossa salvação com temor e tremor... Porque é Deus quem, segundo o seu beneplácito, realiza em vós o querer e o executar. Fazei todas as coisas sem murmurações nem críticas, a fim de serdes irrepreensíveis e inocentes, filhos de Deus íntegros no meio de uma sociedade depravada e maliciosa, onde brilhais como luzeiros no mundo, a ostentar a palavra da vida”. (Fil 2,12a-16a).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

 


Assistência Espiritual e Pastoral à Ordem Franciscana Secular

Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM (*)

No dia 4 de outubro de 2009, a Conferência dos Ministros Gerais da Primeira Ordem Franciscana e da TOR publicou a mais recente versão do Estatuto para Assistência Espiritual e Pastoral à Ordem Franciscana Secular. Houve poucas mudanças com relação à edição anterior (2002) que aparece no livro Documentos da Ordem Franciscana Secular. Oportunamente será publicada a nova versão do estatuto revisto. Foram poucas as atualizações realizadas sempre em vista de uma melhor compreensão do texto. Nosso propósito aqui é chamar atenção para algumas recomendações e insistências dos Ministros na apresentação do Documento de 2009.

  1. Lembram os Ministros palavras de Bento XVI no encontro com a Família franciscana em Castel Gandolfo, em junho de 2009. O Papa pedia que os franciscanos continuassem, com valentia e confiança, a anunciar o Evangelho de Cristo e sua beleza e, como Francisco, voltar a sair e reconstruir hoje a casa do Senhor, a Igreja.

  2. Os Ministros realçam a unidade de toda a Família franciscana: “Conscientes de nossa comum vocação e missão, queremos juntos fazer presente o carisma do comum Seráfico Pai na vida e na missão da Igreja, de maneiras e formas diversas, mas em recíproca comunhão vital, que nos caracteriza desde as origens. Com efeito, desde o começo do carisma, existiam muitos vínculos vivos e fraternos entre os Frades Menores e os penitentes seculares, que queriam viver uma forma de vida semelhante à de Francisco e de seus frades. De seu testemunho e de sua pregação itinerante nascia em torno dos frades outras formas de vida franciscana, tanto ativa como eremítica e contemplativa, que acolhia religiosos, leigos, clérigos, em uma nova família espiritual, a Família franciscana”.

  3. Entre as distintas formas que existem hoje na Família franciscana ocupa um lugar singular a forma de vida dos franciscanos seculares, que vivem o carisma em sua dimensão secular. Eles, historicamente, estão vinculados aos religiosos franciscanos. A Igreja concedeu como privilégio de serem os primeiros responsáveis pelo cuidado pastoral e espiritual aos superiores maiores da Primeira Ordem e da TOR. “Nós somos responsáveis da mais alta direção (o altius moderamen), que tem como finalidade garantir a fidelidade da OFS ao carisma franciscano secular, a comunhão com a Igreja e união com a Família Franciscana, valores que representam para os franciscanos seculares um compromisso de vida”.

  4. Na qualidade de Superiores maiores, os Gerais são chamados a exercer essa missão pessoalmente ou através de delegados, os assistentes espirituais, para garantir a cada Fraternidade o cuidado pastoral e espiritual. A assistência visa ajudar os terceiros em seu caminho de fé e de santificação, em sua missão específica e na sólida formação cristã e franciscana.

  5. Os assistentes (nos diferentes níveis) serão escolhidos com atento discernimento, de maneira que sejam idôneos para este serviço. Os superiores (nos diferentes níveis) cuidarão de sua formação específica, para que possam oferecer uma assistência espiritual autêntica, bem alicerçada na espiritualidade franciscana e sejam capazes de acompanhar os responsáveis seculares e respectivos conselhos no campo da formação inicial e permanente.

  6. “Uma vez nomeados os assistentes espirituais não podem ser abandonados a si mesmos, mas devem ser acompanhados e animados a trabalharem com amor junto aos franciscanos seculares, tanto por parte de sua comunidade, quanto de seu superior maior, num autêntico espírito de família”.

  7. Necessário fazer de sorte que não existam Fraternidades privadas desta orientação essencial por parte da assistência. Não deve acontecer que a falta de disponibilidade de religiosas e religiosos franciscanos redunde no fechamento de uma fraternidade secular.

  8. Os Gerais consideram importante a questão da assistência colegiada.

  9. O instrumento para a formação dos Assistentes é precisamente o Estatuto à Assistência já conhecido e agora publicado com pequenas modificações.

  10. Os Ministros agradecem a dedicação de tantos assistentes à OFS. Concluem sua apresentação citando Encarnación del Pozzo, Ministra Geral da OFS, em Assis, no Capitulo das Esteiras, a 16 de abril de 2009: “O cuidado pastoral e a assistência à OFS, mais do que uma norma jurídica, deverá brotar do amor e da fidelidade à sua própria vocação e do desejo de comunicá-la, respeitando a natureza da Fraternidade secular dando prioridade ao testemunho de vida franciscana e mais especialmente ao acompanhamento fraterno”.
(*) Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
Assistente Nacional da OFS pela OFM e Assistente Regional do Sudeste III

Francisco de Asís : una síntesis biográfica

Paz e bem!

Agora foi a vez da
Karina Emilce Adoryan,
uma amiga, que,
em meio aos cuidados de seu bebê,
traduziu a apresentação
Francisco de Assis : uma sintese biografica

A língua da vez é o espanhol,
confiram:

Se tiverem amigos hispanohablantes mostrem para eles.

Mais uma vez registro que como a apresentação está sob licença Creative Commons todos podem copiar, distribuir e criarem obras derivadas (inclusive novas traduções).

sexta-feira, 23 de abril de 2010

DA PUREZA DA MENTE E DA RETA INTENÇÃO




















DA PUREZA DA MENTE E DA RETA INTENÇÃO

Com duas asas se levanta o homem acima das coisas terrenas: simplicidade e pureza. A simplicidade deve consistir na intenção, a pureza, no afeto. A simplicidade procura a Deus, a pureza o alcança e frui. Em nenhuma boa obra acharás estorvo, se estiveres interiormente livre de afeições desordenadas.

Se nada mais desejares que o beneplácito de Deus e o proveito do próximo, gozarás de absoluta liberdade interior. Se teu coração for reto, toda criatura te será um espelho de vida e um livro de santa doutrina. Não há criatura tão pequena e vil, que não dê testemunho da bondade de Deus. Se fosses interiormente bom e puro, logo verias tudo sem dificuldade e compreenderias bem.

O coração puro penetra o céu e o inferno. Cada um julga segundo seu interior. Se há alegria neste mundo, é o coração puro que a goza; se há, em alguma parte, tribulação e angústia, é a má consciência que as experimenta. Como o ferro metido no fogo perde a ferrugem e se faz todo incandescente, assim o homem que se entrega inteiramente a Deus fica livre da tibieza e transforma-se em novo homem.

Quando o homem começa a esfriar no fervor, logo teme o menor trabalho e, aceita, de bom grado, as consolações exteriores. Quando, porém, começa, perfeitamente, a vencer-se a si mesmo e a caminhar varonilmente pelas vias do Senhor, tem por leves as coisas que dantes lhe pareciam pesadas.
...

“Para os puros todas as coisas são puras. Para os corruptos e descrentes nada é puro: até a sua mente e consciência são corrompidas. Proclamam que conhecem a Deus, mas na prática o renegam, detestáveis que são, rebeldes e incapazes de qualquer boa obra”. (Tit. 1,15-16).
...

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

Fonte: http://www.culturabrasil.pro.br/imitacao.htm (19/04/2010.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

DEIXAI-VOS CONDUZIR PELO ESPÍRITO SANTO DE DEUS




















DEIXA-VOS CONDUZIR PELO ESPÍRITO SANTO DE DEUS

“Sede santos como o vosso Pai do Céu é Santo” (Mt 5,48). Caríssimos, Jesus jamais proclamaria essa verdade se não fossemos capazes de atingir sua plenitude. A santidade é uma vocação universal, Deus nos criou para sermos santos em todos os sentidos do nosso viver.

De fato, o ser humano, criado à “imagem e semelhança” de Deus, precisa compreender e viver essencialmente o que é; sem essa compreensão e vivência, há uma distorção dos valores humanos e eternos que estão gravados em nossas almas e essa distorção se torna empecilho para permanência da vida humana e, em consequência, para tudo o que existe na criação.

Sabemos por experiência própria que não podemos contrariar as leis naturais e divinas que nos regem, pois, se o fizermos, perdemos o que somos, o que temos e vivemos, porque perdemos a vida e tudo o que a compõe. Ora, quando analisamos o comportamento humano, não podemos esquecer que é dele que depende o equilíbrio da natureza; visto que, basta um deslize comportamental, para que vidas sejam destruídas e haja transtornos e desequilíbrios de toda espécie.

Ultimamente, vemos a nossa sociedade atordoada por comportamentos sub-humanos onde vidas são dissipadas, crianças e adolescentes vilipendiados e famílias dilaceradas pelo mal causado por seres que foram criados para viver e fazer somente o bem. Caríssimos, não somos ingênuos e nem é esse o nosso intento, mas sabemos muito bem quem está por trás desses comportamentos, ou seja, o espírito da pedofilia, do homossexualismo e outros espíritos maléficos.

Tudo o que Deus criou é bom, mas é preciso que essa bondade criada permaneça ligada à fonte que a criou; logo, qualquer um que se deixe conduzir pelo espírito da pedofilia ou do homossexualismo, contraria a própria natureza, distorce a bondade recebida de Deus, causando uma série de transtornos à si mesmo e aos demais; visto que não existe satisfação permanente no desejo sexual fora do Plano de Deus para a nossa Salvação.

É como São Paulo escreve:

“Os que vivem segundo a carne gostam do que é carnal; os que vivem segundo o espírito apreciam as coisas que são do espírito. Ora, a aspiração da carne é a morte, enquanto a aspiração do espírito é a vida e a paz. Porque o desejo da carne é hostil a Deus, pois a carne não se submete à lei de Deus, e nem o pode. Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus.

Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o Espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é dele. Ora, se Cristo está em vós, o corpo, em verdade, está morto pelo pecado, mas o Espírito vive pela justificação. Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós.

Portanto, irmãos, não somos devedores da carne, para que vivamos segundo a carne. De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, vivereis, pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.

Porquanto não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: Aba! Pai! O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus. E, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, contanto que soframos com ele, para que também com ele sejamos glorificados". (Rm 8,5-17).

Não condenamos ninguém porque não somos juízes; no entanto, cada um se condena ou não por aquilo que está vivendo. Jesus veio para salvar a todos, mas é preciso que todos queiram ser salvos por ele; ora, o espírito da pedofilia e do homossexualismo não vem de Deus porque Deus é inacessível ao mal.

Portanto, quando a Sagrada Escritura exclui o espírito da pedofilia e do homossexualismo do viver humano, Ela o faz com a intenção da satisfação que o Espírito Santo nos dá aqui e eternamente no Reino dos Céus.

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

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terça-feira, 20 de abril de 2010

Possível agenda para a igreja nos próximos anos

Luiz Alberto Gomez de Souza *
Adital -

Tempos de mutações

Sempre reagi contra a idéia de uma secularização linear, com o declínio inevitável do sagrado. Este está profundamente presente em nossas sociedades, mas num mundo pluralista e de pós-cristandade. E nem sempre nós católicos soubemos entender esses novos tempos e viver um outro clima(1).

O filósofo católico Pietro Prini, num livro provocador, falou de um cisma oculto ou subterrâneo (scisma sommerso), a partir de uma quebra de comunicação entre a Igreja e a sociedade: "O 'aggiornamento' da Igreja no mundo contemporâneo, iniciado no Concílio e continuado por uma geração de teólogos excepcionalmente preparada e aberta, foi estancado nos últimos anos, logo quando era necessário ter a coragem de confrontar a Fé com os resultados doutrinários e metodológicos das ciências antropológicas de hoje". Rompeu-se a comunicação entre o emissor da mensagem com seus códigos tradicionais (a Igreja) e o receptor contemporâneo com sua nova sensibilidade e novas necessidades. Sempre deve haver uma reciprocidade ativa entre quem envia e quem recebe uma mensagem. Este último não é um ser passivo, que acolhe com indiferença enunciados gerais, a-históricos ou passadistas, mas com uma qualificação psicológica, mental, social e histórica precisa(2). Uma linguagem em descompasso histórico passa a não dizer-lhe grande coisa. Seu comportamento vai se configurando à margem de normas e prescrições que lhe parecem estranhas ou incompreensíveis.

Frente a uma ética e a receitas com invólucros de outros tempos, muitos fiéis não entram em heresia (negação de uma doutrina), mas tomam um distanciamento da autoridade (distacco em italiano), que caracterizaria mais bem um cisma de fato, um não recebimento de uma mensagem ou ordem na qual não descobre sentido. Não se trata propriamente de indiferença, mas de um processo de filtragem. Isso fica claro no que se refere à ética da sexualidade (uso de anticoncepcionais, por exemplo). As falas do magistério podem perder-se no vazio da não-comunicação. Uma pesquisa para o New York Times, em 1993, do jornalista católico Peter Steinfels, indicava que 8 entre 10 católicos norte-americanos não aceitavam a afirmação de que o uso de métodos artificiais de controle da natalidade era errado; 9 de cada 10 consideravam que alguém que utilizasse métodos artificiais poderia ser um bom católico(3).

Prini fez a crítica a um certo "personalismo substancial" que se baseia numa noção de essência imutável, para contrapô-lo a um "personalismo intersubjetivo", baseado na intercomunicação e na troca de conhecimentos e de sensibilidades(4). É praticamente o "personalismo comunitário" de Emmanuel Mounier e a relação Eu-tu de Martin Buber(5). A doutrina não teria de adaptar-se passivamente a novas exigências, o que seria cair num relativismo ético, mas tratar de entender os novos códigos de linguagem, rever-se sem renunciar a solidariedades profundas, integrar novas descobertas e entrar em sintonia fina com a consciência histórica em transformação. Aliás, a noção de "consciência histórica", que aprendemos na JUC dos anos 60 com nosso mestre Pe. Henrique de Lima Vaz, nos ajudaria a esse respeito(6).

Uma agenda para o mundo

Uma nova agenda para a Igreja teria de partir das premissas acima enunciadas. Começamos com os grandes temas do mundo de hoje, que deveriam fazer parte dessa agenda atualizada da Igreja. Mas ao lado deles, temos os outros, em sua vida interna. Para usar termos dos tempos do Vaticano II, elementos ad extra e ad intra. Há que partir dos primeiros, para evitar uma visão apenas voltada para dentro da instituição.

O Vaticano II foi o esforço tardio de encontro da Igreja com o mundo moderno, ela que tivera tanta dificuldade para entendê-lo e vivera, no começo do século XX, a "crise modernista". O concílio terminou em 1965 e, três anos depois, em 1968, foi emergindo na rebelião dos jovens a consciência de uma modernidade em crise e o prenuncio de uma nova época. Evito falar de pós-modernidade, por julgar esse conceito ainda moderno (visão linear da história, do pré ao pós) e marcado por uma visão fraturada e carente de sentido da história. A tradição judeu-cristã se distancia dessa ótica desconexa. Mas de toda a maneira, foi se manifestando uma ruptura. Novos tempos aquarianos, cantavam os jovens da contracultura.

Já em 1932, Emmanuel Mounier pressentira uma crise de civilização à frente e propunha um programa de recomeço: "refazer a renascença", tempo em que surgira a modernidade(7). Em meu livro, A utopia surgindo no meio de nós, me estendo sobre esse processo complexo que vai além de mudanças políticas ou econômicas e assinala também uma verdadeira mutação social, psicológica e cultural(8).Uma primeira grande tarefa seria de entrar em sintonia com essa idade nova(9) e seus "sinais dos tempos", de entender criticamente seus códigos, em reciprocidade ativa.

Mas esses novos tempos aprofundaram as desigualdades na sociedade e entre as nações. Ao mesmo tempo, mundo do desenvolvimento tecnológico e da exclusão social. Mundo do pobre. Nunca é mais atual e irrenunciável a opção preferencial pelos pobres, pelos "condenados da terra" (Fanon). D. Hélder não conseguira, no Vaticano II, num clima basicamente europeu, introduzir com centralidade a idéia de Igreja dos pobres. Ela chegou em Medellín e em Puebla. Por eles e seu "potencial evangelizador" (Puebla, nº1147) se concretiza a universalidade da salvação de todos os homens e mulheres.

Os novos sujeitos históricos deverão ser levados em conta. Entre eles, os mais contestadores e desafiantes são as mulheres. De certa maneira, os movimentos femininos são os subversivos por excelência, já que põe o dedo na mais antiga das dominações, a patriarcal. Num primeiro momento, através das sufragistas, exigiram igualdade de direitos. Mas freqüentemente o dominado, para achar espaço, tem de seguir o modelo do dominador. Igualdade sim, mas com direito à diferença, sem precisar copiar e repetir o mundo masculino.

O imperialismo ocidental impusera o mundo branco. Outras etnias se rebelaram. No Brasil, os movimentos negros irromperam com vigor, denunciando os racismos larvares ou explícitos num país escravocrata até bem pouco atrás. E recuperaram sua cultura, seus valores, sua espiritualidade e tradições religiosas. Na América, as comunidades originais redescobriram sua força, seus hábitos e sua maneira de ser e de viver, dos valentes araucanos do sul do continente, aos quéchuas, aimaras, os povos centro-americanos, do México, dos Estados Unidos e do Canadá. O zapatismo, no México, foi a grande manifestação de um povo que reivindica sua identidade, superando altaneiro seus complexos ancestrais e surgindo como sujeito político e social.

A categoria da diferença, lançada pelas mulheres, impôs o pluralismo de um universal das diversidades, numa perspectiva intercultural. Mas a sociedade foi também superando uma visão antropocêntrica e descobrindo as múltiplas dimensões da vida no planeta terra. Direitos da pessoa, mas também direitos do planeta, ensinou Theodore Roszak(10). A terra como grande útero, fonte da vida, mãe Gaia (Lovelock). Há uma nova sensibilidade ecológica, num planeta ameaçado pela destruição.

O chamado mundo pós-industrial trouxe grandes transformações na informática, na robótica, na engenharia genética e na biotecnologia. Mundo interligado pela internet; há uma intensa intercomunicação e intercâmbio. A robótica, a largo prazo, libera o homem de trabalhos pesados mas, mais imediatamente, dispensa mão de obra e leva à desocupação. O processo é contraditório. A engenharia genética abre insuspeitados caminhos de intervenção na fonte da vida, com terríveis ambigüidades: ampliação dos horizontes da saúde e do bem-estar, manipulação perigosa de aprendizes de feiticeiros. A bioética está ainda balbuciante e caminha indecisa e questionadora(11). São mais as interrogações do que as pistas de respostas.

Aliás, essa é uma característica do mundo moderno. A rapidez das transformações coloca sempre novos desafios e situações inéditas. Isso obriga a análises cuidadosas, sem respostas definitivas ou unívocas. A Igreja, habituada a um mundo tecnocientífico bem mais simples, muitas vezes quis dar orientações taxativas para todo tipo de comportamento humano ou decidir inflexível sobre as teorias científicas. Seu equívoco diante de Galileu levou a um arrependimento tardio. Isso pode repetir-se diante de novos horizontes.

E aqui se abre o complexo campo da ética das relações humanas, do corpo e da sexualidade. Há um diálogo de surdos com o mundo a esse respeito e uma verdadeira esquizofrenia entre normas proclamadas e práticas habituais(12).O tema do prazer é, com certa facilidade, ligado à culpa e ao pecado, numa denúncia de uma civilização hedonista, que pode ter uma certa parte de razão, mas que não esconde um pessimismo sobre a natureza humana na velha tradição jansenista. A prática sexual é muitas vezes reduzida a uma necessidade de reprodução da espécie e a um "remédio diante da concupiscência" e não ao desenvolvimento das relações corporais da inter-relação humana, no que tem de enriquecedora e prazerosa. Pietro Primi propõe uma nova ética interpessoal da sexualidade, na reciprocidade corpórea do amor, no prazer comunicativo(13). Não se trata de aceitar um vale tudo ou uma permissividade egocêntrica; mas, ao contrário, de abrir os espaços da sexualidade às relações interpessoais do eu-tu, que leva naturalmente ao nós plural da reprodução, à descoberta de um espaço do eros com sua beleza própria. Uma atitude de medo e de repressão não sabe ver a diferença entre o erotismo instigante e a pornografia destrutiva.

Aliás, essa repressão pode ser fonte de inibições e, pior ainda, explodir em perversões. A violência e o abuso sexual, no interior das mesmas famílias e das comunidades sociais e religiosas, são o sinal de uma relação doentia em relação a essa temática. A pedofilia na Igreja, que explodiu como um escândalo pelo mundo afora, é apenas uma parte de um problema ainda maior.

A sexualidade é um tema que a Igreja dos clérigos, com o celibato obrigatório e imposto, tem tratado muitas vezes com desconforto e rigidez. Peter Steinfels, aliás, analisando os casos de pedofilia entre os sacerdotes, os vê como bem mais complexos, tendo a ver, em parte, com um mau tratamento do tema da homossexualidade(14). E esta é uma área mal trabalhada, no relativo às diferentes opções sexuais e à situação dos homossexuais e das lésbicas na sociedade e nas religiões, enquanto grupos humanos discriminados. Isso deveria levar a uma maior humildade e cuidado no trato de problemas sérios que exigiriam uma enorme dose de prudência, delicadeza e muita compaixão.

Voltando aos grandes temas do mundo de hoje, ao lado dos enormes avanços da técnica e da ciência, temos o crescimento da violência e da destruição. O século XX viu duas grandes conflagrações e sempre esteve sacudido por conflitos regionais e locais. Entramos nesse clima no novo milênio, com o 11 de setembro, a invasão do Afeganistão e do Iraque, com a destruição recíproca de judeus e de palestinos e com atentados suicidas. Os fundamentalismos levantam a bandeira da guerra santa e setores conservadores do ocidente falam de um eixo do mal. Nesse sentido, foi um sinal profético e firme a notável posição de João Paulo II, condenando guerras e violências, defendendo os direitos humanos das vítimas e denunciando o uso blasfemo do nome de Deus para justificar a violência.

Uma agenda interna

A Igreja do segundo milênio, no ocidente, com a reforma gregoriana do século XI, tornou-se basicamente uma instituição dos clérigos, que concentraram neles o poder. É interessante notar que dois livros críticos sobre a Igreja nos Estados Unidos se referem ao tema do poder dos leigos na Igreja. Para Peter Steinfels, há que desenvolver sempre mais a liderança leiga(15).O tema é tratado com mais desenvolvimento e com propostas concretas em outro livro de 2003, de David Gibson, com expressivo sub-título: "Como os fiéis estão moldando o novo catolicismo americano". Citando outro autor, Scott Appleby, propõe passar da trilogia pagar-rezar-obedecer (pay, pray, and obey), para permanecer-rezar-pressionar (stay, pray and inveigh). Vê uma presença leiga crescente na vida litúrgica a partir do Vaticano II. Procura entender o êxodo ("porque estão partindo" ), para descobrir mais adiante o mistério da identidade católica que leva tantos a permanecer. E constata uma revolução do povo de Deus a partir da base (cap. 6, "Revolution from below. ‘We, the people of God’"). "Uma reforma de governabilidade (governance) deveria centrar-se no laicato e recuperar sua confiança - o fator crítico para resolver a crise - envolvendo-o mais fortemente na administração da Igreja"(16).

Há também o grande tema dos ministérios. Desde as primeiras comunidades cristãs, foram surgindo diferentes serviços -diaconias- numa distribuição de tarefas. O episcopado e o presbiterado eram apenas duas delas, anda que as mais importantes. Mas nos últimos tempos se insistiu na distinção entre ministérios ordenados e não ordenados, com demasiada subordinação destes àqueles. As chamadas ordens menores eram apenas etapas para as ordens maiores. A redescoberta de um diaconado autônomo e específico de homens casados, abriu, entretanto, novos caminhos. Haveria que redescobrir a multiplicidade dos ministérios, superando sua polarização. Há sempre novas necessidades, que exigem criatividade - e outras atividades a serem inventadas. Estaríamos assim mais perto das comunidades cristãs primitivas, com suas inúmeras diaconias.

Além disso, é importante separar o presbiterado da vida religiosa. Esta última, nas ordens tradicionais, não se reduzia aos clérigos. São Francisco, por exemplo, foi leigo quase toda sua vida, diácono só ao final. As congregações religiosas modernas é que foram sendo constituídas por clérigos. Têm nelas irmãos leigos, mas como uma categoria subordinada. Na verdade, uma comunidade masculina de vida religiosa apenas precisaria de alguns presbíteros para presidir a eucaristia e administrar sacramentos que lhe são reservados.

O celibato é mais próprio da vida religiosa, vida em comum, do que do presbiterado. Foi a igreja ocidental que prescreveu o voto do celibato para os clérigos. Isso não se encontra nas igrejas do oriente. Não há uma razão doutrinal - só disciplinar - para a não ordenação de homens casados. Diante da diminuição de vocações, e das necessidades inadiáveis para a celebração eucarística nas comunidades, há a consciência crescente num número cada vez maior de bispos - ousaria dizer que hoje são uma grande maioria silenciosa - para a revisão dessas normas. Fala-se disso em voz baixa ou por alusões indiretas, em assembléias eclesiásticas. O celibato, enquanto opção livre, pode ter uma dimensão positiva de dom e não apenas de renúncia. Não se trataria de uma fuga, uma sublimação neurótica, mas do descobrimento de um amor que se abre a todos, numa relação de alteridade e não de recuo sobre si mesmo.

Há um anseio crescente para repensar a vida religiosa, respeitados os carismas fundadores. Aliás, as reformas, no mundo beneditino ou no carmelo, foram uma necessidade de atualização e de purificação. As iniciativas de Bernardo ou de Teresa podem voltar em revisões coletivas. Experiências de religiosos e religiosas inseridos na sociedade, abandonando obras tradicionais, sua presença como agentes de pastoral, mostram a vitalidade de um processo renovador.

E isso nos encaminha ao tema das mulheres na Igreja. Elas são maioria nas comunidades e nos serviços, mas continuam subordinadas aos clérigos. Leigas, religiosas, membros de institutos seculares, representam talvez, hoje, o setor mais vital na vida eclesial. A velha tradição patriarcal - de clérigos celibatários - resiste mais do que na sociedade. Mas não poderá opor-se por muito tempo às pressões. Já no Encontro Intereclesial das CEBs de 1992, em Santa Maria, o plenário das mulheres pediu para participar "em todas as instâncias dos ministérios". Uma decisão de um dicastério romano ainda que com aprovação papal, vedando o acesso ao sacerdócio das mulheres, é apresentado como irreversível. Mas não se revestiu do caráter solene das proclamações dogmáticas. Sem sólida base escriturística e com uma tradição mais cultural que doutrinária, é possivelmente passível de reexame mais adiante.

Um dos anseios maiores é o referente à participação dos fiéis, o povo de Deus. A consciência democrática é um valor universal adquirido e penetra em todas as instituições. Há uma contradição de uma Igreja que prega participação na sociedade e não a aplica na sua vida interna. As CEBs, novo jeitos de ser Igreja, são um laboratório de participação num processo vital de "eclesiogênese".

Isso leva também à necessária descentralização. No ocidente as dioceses nasceram no mundo medieval e passaram a ligar-se diretamente a Roma. Mas antes disso, nas Igrejas dos primeiros séculos, havia sínodos regionais e estruturas que se mantém nos patriarcados orientais. Em torno a Alexandria ou Antioquia, Lião ou Toledo, igrejas locais vizinhas se articulavam. Com o surgimento, na modernidade, dos Estados-Nações, as estruturas nacionais foram se fortalecendo. O processo de romanização, ao final do século XIX, em reação ao galicanismo francês, quis manter as dioceses ligadas diretamente à Sé de Pedro. Nesse sentido, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil foi pioneira, ainda que haja até hoje resistências a essas estruturas nacionais. O Vaticano II colocou em pauta o tema da colegialidade, a nível nacional, regional e internacional.

Temos de repensar também a relação entre a Fé e a política. A cristandade terminou com a modernidade(17) Não se trata de fazer uma política cristã, mas a Fé ilumina uma opção política tomada a partir de opções pessoais e de uma análise da realidade. Elas têm esferas próprias, mas não estão isoladas uma da outra, se interligando na ação plural e livre dos cristãos(18).

Outro tema central é o do ecumenismo. A relação da Igreja Católica com as Igrejas Evangélicas históricas é mais fluida. Difícil é o contato com muitas Igrejas pentecostais e neopentecostais, algumas bastante reticentes ao ecumenismo. As mesmas Igrejas Ortodoxas, com suas estruturas tradicionais, defendendo suas autonomias e peculiaridades próprias, têm dificuldade em integrar-se em espaços mais amplos. O Conselho Mundial das Igrejas atravessa atualmente um momento crítico. Mas permanece latente entre os cristãos um desejo de unidade.

A ambição é ainda mais ampla do que o ecumenismo do mundo cristão. Na mundialização contemporânea e nos tempos de pluralismos, abre-se o grande espaço do diálogo inter-religioso ou, como dizem alguns, de um macro-ecumenismo. O Papa João Paulo II deu passos significativos e proféticos nos encontros de Assis, ainda que as estruturas curiais tenham feito intervenções restritivas em direção contrária(19).

Há, pois, um mal-estar latente e a exigência crescente de uma revisão coletiva. O bispo francês Gaillot, retirado de sua diocese de Evreux, que criou a diocese virtual de Partênia, expressa o descompasso entre a sociedade atual e a Igreja no título de seu livro: O mundo clama, a Igreja sussurra(20). O teólogo dominicano Christian Duquoc e o historiador Giuseppe Alberigo fizeram análises severas(21).

Da católica e tradicional Espanha partem críticas contundes, com teólogos do nível de González Faus e de Benjamín Forcano(22). O bispo emérito chileno Carlos González, sucessor de Mannuel Larran em Talca, publicou uma revisão corajosa sobre os problemas atuais da Igreja(23). Aliás, vários bispos eméritos têm se manifestado: Cardeal Arns, José Maria Pires, Waldyr Calheiros, Clemente Isnard, Tomás Balduíno ou Pedro Casaldáliga.

No meu livro A utopia surgindo no meio de nós insisti no dinamismo latente da sociedade, tão claramente expresso nos Fóruns Sociais Mundiais. Desse ponto de vista sou otimista. Minha posição é mais mitigada no que se refere à Igreja, ainda que tenha contestado análises pessimistas e apostado na vitalidade das CEBs e das pastorais sociais. Entretanto, não há como negar que os movimentos que mais cresceram nos últimos tempos na Igreja Católica, têm uma espiritualidade intimista e voltada para dentro.

Fala-se de inverno na Igreja. A imagem pode se referir a alguns aspectos institucionais e não levar em conta processos emergentes que vêm das bases. Um leigo italiano, importante na política do pós-guerra, Giuseppe Dossetti, um dia abandonou a vida pública e criou um centro de espiritualidade e de meditação. Anos mais tarde, diante de um cenário nacional preocupante, com partidos em dissolução e corrupção espalhada, sentiu-se na obrigação de voltar a falar. Considerando que a Itália estava num momento sombrio de vida cidadã, inspirou-se num texto do profeta Isaías, quando este se dirigiu a um soldado que vigiava nos muros de sua cidade: "Sentinela, o que resta da noite?" A sentinela respondeu: "Ainda é noite, mas a manhã vem chegando" (Isaias 21, 11-12). Do fundo da escuridão se poderia descobrir um clarão tênue de luz e de calor que chega. Podemos aplicar o caso à Igreja, ainda que num nível bem menos grave. Há que saber pressentir a novidade e o amanhecer que se anunciam adiante, a partir de práticas criativas. D. Hélder gostava de referir-se, na Igreja e na sociedade, às "minorias abraâmicas" fecundas e transformadoras(24).

O teólogo convertido J. H. Newman, mais adiante cardeal, em célebre artigo de 1859, tratou de um momento especialmente difícil na vida da Igreja, logo depois do Concílio de Nicéia, no século IV, quando uma parte do episcopado aderira à heresia ariana e o próprio papa Libério estava indeciso. Para ele, quem manteve a Fé não foram basicamente nem Roma nem os bispos divididos, mas o "consensus fidelium", o espírito religioso dos fiéis. O Pe. Congar, analisando o fato e apoiando-se no Pe. Lebreton, não separa fiéis e hierarquia, mas a Fé do povo e a especulação de alguns teólogos. Jean Guitton, com Newman, valorizou a ação dos leigos nesse episódio tormentoso e partiu daí para ver sua relevância na vida da Igreja de nossos dias(25).

A situação, hoje, não está nesses limites extremos; mas, coloca para os fiéis, povo de Deus, desafios bastante significativos. É claro, diante da necessidade de mudanças, há a espessura e a opacidade das resistências e alguns temas estão aparentemente congelados. Há que guardar acesa a Esperança. Sempre na história apareceram carismas refundadores que remoçaram a Igreja e, sobretudo, contamos com a presença do Espírito Santo. Quando menos se espera, surge a surpresa de outra "flor de inesperada primavera", na bela expressão de João XXIII sobre o Vaticano II. Um novo concílio mais adiante, quem sabe...(26).

[O autor é doutor em sociologia pela Universidade de Paris. Militou na JEC desde 1950 e depois na JUC, onde foi membro da equipe nacional; Secretário Geral da JEC Internacional. Assessorou D. Helder Camara na preparação do Concílio. Foi funcionário das Nações Unidas (CEPAL, Chile e México, FAO, Roma) e professor em Universidades do Rio de Janeiro. Assessor de movimentos sociais e pastorais. Atualmente é Diretor do Programa de Estudos Avançados em Ciência e Religião na Universidade Candido Mendes].

Notas:

(1) "Secularização em questão e potencialidade transformadora do sagrado" in L. A. Gómez de Souza, A utopia surgindo no meio de nós. Rio de Janeiro, Mauad, 2003, pp. 91-108.
(2) Pietro Prini, Lo scisma sommerso. Il messagio cristiano, la società moderna e la chiesa católica. Garzanti, 1999, p. 9.
(3) Peter Steinfels, A people adrift. The crisis of the Roman Catholic Church in America. N.Y., Simon & Schuster, 2003, p. 258. O título é severo: Um povo à deriva.
(4) Prini, op. cit., pp. 85-90
(5) Mounier, "Manifeste au service du personnalisme", Oeuvres, vol I, Paris, Seuil, 1961 pp. 481-649. Roberto Bartholo Jr. Você e eu. Martin Buber. Presença palavra, Rio de Janeiro, Garamond, 2001.
(6) Henrique de Lima Vaz, "Consciência cristã e responsabilidade histórica", in Herbert José de Souza e L. A. Gomez de Souza (eds.), Cristianismo hoje. Rio de Janeiro, Ed. Universitária da UNE, 1962.
(7) Mounier, "Refaire la renaissance", Oeuvres, , vol I., op. cit., pp. 137-174. "Mounier et sa génération. Correspondance", Oeuvres, vol. IV, Paris, Seuil, 1963, carta de 1941, p.477.
(8) L. A. Gomez de Souza, A utopia surgindo no meio de nós, Rio de Janeiro, Mauad, 2003, pp.40, 76.
(9) Termo muito caro a Alceu Amoroso Lima que, nos anos 30, publicou dois livros com essa idéia no título. Com uma ponta de exagero ou de ironia, talvez possamos ver aí uma tradução antecipada da new age.
(10) Theodore Roszak, Person-planet. The creative disintegration of industrial society. Londres, Granada Publishing, 1981.
(11) L.A. Gomez de Souza (org.), Desafios do século XXI.. Biociência, reprodução e sexualidade, fundamentalismos e ética, Rio de Janeiro, Educam, 2008.
(12) Lucia Ribeiro, Sexualidade e reprodução. O que os padres dizem e o que deixam de dizer. Petrópolis, Vozes, 2001, pp. 55-87.
(13) P. Prini, Lo scisma sommerso, op. cit. pp. 75-84.
(14) Peter Steinfels, A people adrift, op. cit., p. 275.
(15) Peter Steinfels, A people adrift, op. cit. p. 358.
(16) David Gibson, The coming Catholic Church. How the faithful are shaping a new American Catholicism.. San Francisco, Harper, 2003, pp. 35, 53, 63, 82, 109, 343 e 344.
(17) Mounier, "Feu la chrétienté", Oeuvres, vol. III, Paris, Seuil, 1962, pp. 531-713.
(18) L.A. Gomez de Souza, Uma fé exigente, uma política realista. Rio de Janeiro, Educam, 2008.
(19) No Brasil, o teólogo leigo Faustino Teixeira tem trabalhado bastante o tema. Ver dois livros organizados por ele, Diálogo de pássaros: nos caminhos do diálogo inter-religioso. São Paulo, Paulinas, 1993; O diálogo inter-religioso como afirmação da vida.. São Paulo, Paulinas, 1997. Do mesmo autor, "Diálogo inter-religioso: desafio da acolhida e da diferença", Perspectiva Teológica, nº 34, 2002, pp. 155-177, "O diálogo inter-religioso no tempo da cidadania da identidade, Tempo e Presença, nº 332, novembro - dezembro 2003.
(20) Jacques Gaillot, Le monde crie, l’Église murmure. Paris, Sylos Alternatives, 1991. Id., Église virtuelle, Église de l’an 2000. Un evêque au royaume d’internet. Paris, Albin Michel, 1999.
(21) Christian Duquoc, Credo la chiesa: precarietà istitutionale e regno de Dio, ed. Queriniana, 2001. Giuseppe Alberigo, "Del palo a la misericordia: el magisterio en el catolicismo contemporáneo", Selecciones de Teología, vol. XXIII, fasc. 87, 1983, pp. 201-216.
(22) J.J. González Faus, "El meollo de la involución eclesial", Fé y Razón, Madri, octubre de 1989. Benjamín Forcano tem uma ampla e contundente produção. Ver sua obra, El evangelio como horizonte, em três volumes: 1. Del legalismo a la libertad. 2. Disidencia evangélica. 3. Subvertir la historia. Madri, Nueva Utopía, 1999.
(23) O bispo Carlos González C., La mirada atenta y el paso ligero. Santiago, Cesoc - ed. Chile - América, 2003.
(24) L. A. Gómez de Souza, "Isaías e D. Helder, alegria e esperança", in Maria Clara Bingemer e Eliana Yunes (org.), Profetas e Profecias, São Paulo, Loyola, 2002.
(25) Artigo de Newman na revista The Rambler, de julho de 1859. Ver J. H. Newman, Pensées sur l’ Église, Paris, Cerf, 1956, pp. 404-439. Yves Congar , Jalons pour une théologie du laïcat, Paris, Cerf, 1954, p. 395. Jean Guitton, L’Église et les laïcs, Paris, DDB, 1963.
(26) L. A. Gómez de Souza, Do Vaticano II a um novo concílio? O olhar de um cristão leigo sobre a Igreja. São Paulo, Loyola - Ed. Rede da Paz, 2004.

* Sociólogo, Diretor do Programa de Estudos Avançados em Ciência de Religião da Universidade Candido Mendes

Extraído de http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=47104 acesso em 20 abr. 2010.

Ilustrações:
Business planning / por abductit. 2009. Disponível em http://www.flickr.com/photos/42231620@N07/4004643107/ acesso em 20 abr. 2010.
Nordkap, selbst fotografiert, MJ, 2005 / Eleassar. 2005. Disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Nordkap_globe,_2005.JPG acesso em 20 abr. 2010.
Interior da Capela do Bom Fim em Porto Alegre : detalhe / Eugenio Hansen. 2009. Original disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Capela_do_Bom_Fim_Interior_65.JPG acesso em 20 abr. 2010.

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