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domingo, 31 de julho de 2022

Homilia do 18°Dom do Tempo Comum...


 Homilia do 18°Dom Tempo Comum (Lc 12,13-21)(31/7/22)

Caríssimos, ao longo da história humana o poder advindo dos bens materiais sempre se mostrou um fascínio para aqueles que fizeram da cobiça uma arma para acumular indevidamente o que Deus nos deu para todos. Por isso, a sobrevivência se tornou uma questão de vida ou morte, e não mais um motivo de solidariedade e partilha fraterna.

Com efeito, está mais do que comprovado: quem se apega aos bens deste mundo ao morrer nada leva consigo a não ser o egoísmo que ceifou de seus corações a generosidade e a comunhão fraterna. Assim a Palavra do Senhor nos ensina a confiar na providência divina que tira de nossas almas o veneno da incredulidade, para nos fazer compreentender "que tudo é possível ao que crer."

Na segunda leitura são Paulo ao nos ensinar a buscar as coisas do alto nos mostra que a fé nos livra das práticas nefastas deste mundo e nos leva a viver ressuscitados com Cristo: "Irmãos, Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. 

Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória." Portanto, fazei morrer o que em vós pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria." (Cl 3,1-4).

No Evangelho de hoje "alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”. Jesus respondeu: “Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?” E disse-lhes: “Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”.

Portanto, caríssimos, a vivência da fé nada mais é do que a dependência da graça de Deus que nos sustenta na vida mesmo se não a professamos devidamente. Por isso, precisamos corresponder ao que o Senhor Jesus nos ensina para darmos os frutos da salvação eterna que Dele recebemos.

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 30 de julho de 2022

QUANDO O PODER POLÍTICO NÃO É UM SERVIÇO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 14,1-12)(30/07/22)

Caríssimos, existe um ditado popular que diz: "Quer conhecer um homem dê poder a ele." Todavia, em se tratando do exercício do poder temporal, na verdade, esse é limitado, pois, o tempo se encarrega de suprimi-lo, porque só Deus tem todo poder sobre o céu e sobre a terra e ninguém mais. 

Por isso, o poder presente em todas as criaturas tem fim, e só resta o resultado do que foi feito com o poder recebido, desse modo, se foi usado para fezer o bem que vem de Deus, tem os méritos desse bem feito; no entanto, se foi usado para o mal, no mal será sepultado cujo resultado é a perdição eterna para quem o exerceu.

Com efeito, à todos que exercem ou se arvoram na busca frenética do poder temporal eis o que diz o Senhor: "Amai a justiça, vós que governais a terra, tende para com o Senhor sentimentos perfeitos, e procurai-o na simplicidade do coração, porque ele é encontrado pelos que o não tentam, e se revela aos que não lhe recusam sua confiança; com efeito, os pensamentos tortuosos afastam de Deus, e o seu poder, posto à prova, triunfa dos insensatos. (Sab 1,1-3)

No Evangelho de hoje vemos o modo como o rei Herodes exerceu o poder político que lhe foi conferido: adulterar, fazer falso juramento, assassinar inocentes e se ufanar sem um mínimo de respeito por suas vítimas. 

E o resultado nefasto de seu desvario foi este: "No dia marcado, Herodes, vestido em traje real, sentou-se no tribunal e lhes dirigiu uma alocução. O povo aplaudia: É a voz de um deus, e não de um homem! No mesmo instante, o anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado honra a Deus. E, roído de vermes, expirou. (At 12,21-23).

Portanto, caríssimos, o exercício do poder temporal foi nos dado por Deus como um serviço prestado para o bem de todos, e não como instrumento de perseguição, opressão, corrupção e todos os meios perversos para se perpetuar no poder. 

Destarte, aí daqueles que usam o poder temporal de forma perversa e enganosa, infelizmente não esperem um juízo favorável no dia do juízo final, pois, não pode entrar na felicidade eterna os que causaram a morte de tantos que precisaram dos bens necessários e não obtiveram por conta do pecado da corrupção.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 29 de julho de 2022

SANTA MARTA, SÃO LÁZARO E SANTA MARIA, ROGAI POR NÓS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 11,19-27)(29/07/22).

Caríssimos, a Igreja hoje celebra a memória de três grandes amigos de Jesus: Marta, Lazaro e Maria, e nada mais desafiador do que acreditar na Palavra do Senhor que se realiza ao ser pronunciada com o poder que lhe é próprio, mas a partir da profissão de fé de Marta: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele te concederá”. (Jo 11,21-22).

Com efeito, nós usamos a palavra para tantas coisas e muitas vezes em prol dos nossos interesses; ao contrário, o Senhor Jesus a usa para criar, libertar e salvar, porque nos ama e pelo poder da sua Palavra o demonstra. E desse modo, respondeu a Marta: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês isto?” (Jo 11,25-26).

De certo, essa mesma pergunta o Senhor Jesus nos faz principalmente quando passamos por algum momento difícil como esse de Marta que na sua dor respondeu: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”. (Jo 11,27).

Ah! Quanta convicção, quanto amor, quanta confiança depositada na Palavra do seu Divino Mestre. Peçamos ao Senhor Jesus uma fé semelhante que vê acontecer o impossível ao poder humano, mas não ao Seu Poder. 

Portanto, caríssimos, crer assim é amar a Deus e amar a Deus é fazer a sua vontade como nos ensinou são João: "E nós conhecemos o amor que Deus tem para co­nosco, e acreditamos nele. Deus é amor: quem permanece no amor, permanece com Deus, e Deus permanece com ele." (1Jo 4,16).

Destarte, a vida natural é tão curta se comparada com a vida eterna que temos pela frente, então, vivamos cada momento da nossa existência em perfeita comunhão com o Senhor Jesus que por seu infinito amor quis permanecer conosco para nos levar consigo à glória do Seu Reino.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 28 de julho de 2022

O REINO DOS CÉUS AINDA É COMO UMA REDE LANÇADA NO MAR E PEGA TODO TIPO DE PEIXE


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 13,47-53)(28/07/22)

Caríssimos, esta liturgia de hoje nos dá uma leve compreensão de como será o juízo final em que todos seremos julgados inocentes ou culpados, salvos ou condenados. Com efeito, na parábola contada por Jesus a respeito da rede que os pescadores lançaram no mar, dá pra compreender que a rede é a evangelização e os peixes são todos os seres humanos que vivem no mar revolto deste mundo.

Dá pra entender ainda que não basta ser pescados, ou seja, evangelizados, mas precisamos ser peixes bons, caso contrário, seremos descartados e lançados fora. De fato, no mar da graça de Deus não nos faltam alimentos para sermos peixes bons, e estes estão presentes nos Sacramentos, em especial a Santa Eucaristia que recebemos em cada Santa Missa.

Não nos falta o alimento da Palavra que nos fortalece em nosso processo de conversão e no propósito de santidade; não podemos esquecer a oração que é o dom do Espírito Santo que nos faz viver em perfeita comunhão com o nosso Pai celestial. Temos também como alimento o Sacramento da Confissão pelo qual recebemos o perdão e a purificação de nossas almas. 

Enfim, temos a intercessão de Maria Santíssima, são José e de todos os santos e santas como também dos nossos anjos da guarda. De certo, temos ainda as obras de misericórdia que Deus tem preparado para que as pratiquemos em favor dos nossos irmãos e irmãs mais necessitados. 

Comentando esse Evangelho disse o Papa Francisco: "O julgamento final já está em curso, começa agora no decurso da nossa existência. Esse julgamento é pronunciado em cada momento da vida, como resposta ou à nossa aceitação com fé da salvação presente e operante em Cristo; ou da nossa incredulidade, com o consequente fechamento dentro de nós mesmos. 

Mas se nos fecharmos ao amor de Jesus, somos nós que nos condenamos a nós mesmos. A salvação é abrir-se a Jesus, e Ele nos salva; se somos pecadores - e todos somos - pedimos-Lhe perdão, e se vamos ter com Ele com o desejo de sermos bons, o Senhor perdoa-nos. Mas para isso temos de nos abrir ao seu amor, que é mais forte do que todas as outras coisas."

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 27 de julho de 2022

O REINO DOS CÉUS É COMO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 13,44-46)(27/07/22)

Caríssimos, a maior alegria da nossa alma é permanecer na presença de Deus, é gozar da sua amizade e do seu amparo, porque somos frágeis, muito frágeis, porém, quando nos voltamos para Ele de todo coração a sua alegria nos preenche e o nosso desejo é permanecer assim como se nenhum mal existisse, como se aqui já fosse o céu.

Mas, quando o desequilíbrio deste mundo nos ataca por todos os lados e não nos firmamos no amparo do Senhor, a angústia e a ansiedade nos invade e já não nos sentimos protegidos, é como se a nossa confiança Nele fosse nos deixando, no entanto, é nesse momento que o ouvimos: “Se te converteres, converterei teu coração, para te sustentares em minha presença; se souberes separar o precioso do vil, falarás por minha boca."

E acrescenta: "Em favor deste povo, farei de ti uma muralha de bronze fortificada; combaterão contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para te salvar e te defender diz o Senhor. Eu te libertarei das mãos dos perversos e te salvarei dos prepotentes." 

Então, experimentamos de volta o seu amparo e Nele nos depositamos dizendo com o Salmista: "O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei? O Senhor é o protetor de minha vida, de quem terei medo? Quando os malvados me atacam para me devorar vivo, são eles, meus adversários e inimigos, que resvalam e caem." (Sl 26,1-2). 

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus como sempre nos apresenta o Reino de Deus de forma simples e clara: “O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. "Ou seja, vender e comprar significa deixar os nossos apegos pela liberdade do Seu Reino. E isso representa o nosso processo de conversão.

Portanto, caríssimos, qual é a pérola preciosa da nossa história de vida? O que realmente move o nosso coração, o nosso viver? As coisas que passam ou as graças que nos são dadas por deixarmos tudo para seguir Jesus? São essas respostas que precisamos dar ao Senhor como as deu Maria Santíssima, são José e todos os que o seguiram na via da santidade.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 26 de julho de 2022

SÃO JOAQUIM E SANT'ANA ROGAI POR NÓS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 13,16-17)(26/07/22).

Caríssimos, a Igreja hoje celebra a memória de são Joaquim e santa Ana, pais de Maria Santíssima e avós de nosso Senhor Jesus Cristo. Comentando esta memória escreveu São João Damasceno: "Estava determinado que a Virgem Mãe de Deus iria nascer de Ana. Por isso, a natureza não ousou antecipar o germe da graça, mas permaneceu sem dar o próprio fruto até que a graça produzisse o seu.

De fato, convinha que fosse primogênita aquela de quem nasceria o primogênito de toda a criação, no qual todas as coisas têm a sua consistência (cf. Cl 1,17). Ó casal feliz, Joaquim e Ana! A vós toda a criação se sente devedora. Pois foi por vosso intermédio que a criatura ofereceu ao Criador o mais valioso de todos os dons, isto é, a mãe pura, a única que era digna do Criador. 

Ó casal feliz, Joaquim e Ana, sem qualquer mancha! Sereis conhecidos pelo fruto de vossas entranhas, como disse o Senhor certa vez: Vós os conhecereis pelos seus frutos (Mt 7,16). Estabelecestes o vosso modo de viver da maneira mais agradável a Deus e digno daquela que de vós nasceu. 

Na vossa casta e santa convivência educastes a pérola da virgindade, aquela que havia de ser virgem antes do parto, virgem no parto e continuaria virgem depois do parto; aquela que, de maneira única, conservaria sempre a virgindade, tanto em seu corpo como em seu coração.

Ó castíssimo casal, Joaquim e Ana! Conservando a castidade prescrita pela lei natural, alcançastes de Deus aquilo que supera a natureza: gerastes para o mundo a mãe de Deus, que foi mãe sem a participação de homem algum. Levando, ao longo de vossa existência, uma vida santa e piedosa, gerastes uma filha que é superior aos anjos e agora é rainha dos anjos.

Ó formosíssima e dulcíssima jovem! Ó filha de Adão e Mãe de Deus! Felizes o pai e a mãe que te geraram! Felizes os braços que te carregaram e os lábios que te beijaram castamente, ou seja, unicamente os lábios de teus pais, para que sempre e em tudo conservasses a perfeita virgindade!"

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

PODEIS BEBER O CÁLICE QUE EU DEVO BEBER?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 20,20-28)(25/07/22)

Caríssimos, pelo santo batismo recebemos a graça da salvação eterna de nossas almas, no entanto, na primeira leitura são Paulo nos adverte e nos exorta: "Irmãos, trazemos esse tesouro em vasos de barro, para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós." (2Cor 4,7). 

Ou seja, reconhecemos a nossa fragilidade para que permaneça em nós a graça recebida e assim darmos os frutos da salvação que ela exige, pois, fomos salvos não por nós, mas, por Cristo que deu a sua vida em resgate da nossa, para que, de igual modo, façamos o mesmo. E dar a vida nesse sentido é renunciar à própria vontade.

No Evangelho de hoje, "a mãe dos filhos de Zebedeu, porta-voz dos seus filhos Tiago e João, aproxima-se de Jesus para pedir um favor: "Dize a estes meus filhos que sentem-se um à tua direita e outro à tua esquerda no teu reino". De fato, é uma mãe que, do ponto de vista humano, pede o melhor para os seus filhos. Eles, porém, não compreenderam a proposta de Jesus, pois, estavam apenas preocupados com os próprios interesses. 

Jesus então lhes diz: "O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos". Desse modo, fá-los compreender qual é o sentido da sua vida e missão. De fato, a grandeza e o serviço de cada apóstolo reside em partilhar a vontade do Senhor, de amar o outro sempre e em qualquer circunstância, até ao ponto de o pôr à frente da própria vida. 

Desse modo, o último lugar é conceber tudo em nossas vidas como serviço e não como poder. É pensar no que podemos fazer pelo outro e não como usar o outro. Aquele que quer ser o primeiro desista do primeiro lugar, e será verdadeiramente o primeiro." (Mons. Angelo Spina, Arcebispo de Ancona - Osimo).

Portanto, caríssimos, no seguimento de Cristo não somos nós que fazemos escolhas por nós mesmos, mas somos chamados e enviados como servos de todos; quem pensa seguir o Senhor buscando vantagens pessoais cai em um destes pecados: anuncia não a Cristo, mas a si mesmo e os próprios interesses; ou então, abandona o discipulado por não ter renunciado a própria vontade para segui-lo.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

HOMILIA DO 17°DOM DO TEMPO COMUM...


 Homilia do 17°Dom do Tempo Comum (Lc 11,1-13)(24/07/22)

Caríssimos, hoje seguimos o Senhor Jesus na prática da oração como os discípulos o seguiram ao pedir que lhes ensinasse a rezar como João Batista ensinou aos seus discípulos; no entanto, o ensinamento do Senhor vai além do esperado, pois, não ensina apenas se dirigir a Deus, mas a encontra-lo como Pai e a ama-lo como filhos num diálogo sensível, simples e direto.

E desse modo, nos deu a mais perfeita oração que toca de perto todos os aspectos do divino e do humano, fazendo-nos adentrar humildemente na intimidade do Pai, como era a sua prática, constatada pelos Apóstolos e por nós: "Quando rezardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos, e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação". (Lc 11,2-4).

Com efeito, tamanha é a ousadia dessa oração pela ternura e humildade com que é composta que é impossível não ser ouvida e atendida de imediato, e isso por ser um diálogo franco, expressivo e cheio de confiança de quem como uma criança se entrega totalmente ao aconchego de seu genitor. 

De certo, esse modo de rezar que o Senhor Jesus nos ensina transforma os nossos anseios em desejos, nossas necessidades em satisfação, nossos medos em confiança inabalável e a secura do deserto de nossas almas em oásis de paz interior e exterior. Mas atenção, porque toda oração requer reta intenção, autenticidade e perseverança para alcançar a graça desejada em vista da salvação de todos.

Portanto, caríssimos, como vimos no Evangelho de hoje e em toda trajetória do Senhor Jesus e de todos que o seguiram em todos os tempos, a oração é essencial para nos mantermos unidos a Deus e entre nós; aliás, são Paulo nos ensina que é o Espírito Santo que reza em nós e conosco. 

"Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, o qual intercede pelos santos, segundo Deus." (Rm 8,26-27).

Destarte, a oração do Pai nosso é uma oração comunitária mesmo quando a rezamos sozinhos, porque por ela nos unimos a todos os filhos e filhas de Deus aonde quer que estejam.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 23 de julho de 2022

TRIGO E JOIO CRESCEM JUNTOS, MAS SÃO INCONFUNDÍVEIS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 13,24-30)(23/07/22)

Caríssimos, a liturgia de hoje nos conduz à perfeita comunhão com o Senhor Jesus; e nos mostra que sem essa comunhão não tem como se deixar conduzir pelo Espírito Santo, não tem como viver segundo a Sua Vontade e nem participarmos do Reino de Deus, porque este nada mais é do que a vivência do Evangelho como Ele nos ensinou.

Com efeito, a prática da fé consiste em vivermos na presença de Deus todos os momentos de nossa vida e disso não podemos esquecer, pois, caso esqueçamos nos perdemos facilmente por nos desligarmos Dele, como nos ensina: "Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e queimar-se-á." (Jo 15,6).

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos apresenta a Parábola do trigo e do joio, e nela nos mostra que apesar do joio semeado pelo inimigo, a semente do trigo cresce, amadurece e dá muitos frutos, todavia, somente na colheita é que o joio será arrancado, amarrado e queimado, para então o trigo ser recolhido no seleiro da eternidade.

De certo, para se conhecer o trigo e o joio, o discernimento se faz necessário, pois, apesar de serem diferentes em seus conteúdos, o joio parece mais atrativo, porém, profundamente nocivo a ponto de ser arrancado, queimado e lançado fora. Desse modo, compreendemos que o cristão não vive de aparência, mas da essência da graça do Espírito Santo que age em sua alma. 

São Paulo chama o joio de obras da carne e estas são: "fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus!" (Gl 5,19-21).

Por outro lado, chama o trigo de Fruto do Espírito, isto é: "caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há lei. Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito." (Gl 5,22-25).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 22 de julho de 2022

SANTA MARIA MADALENA ROGAI POR NÓS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 20,1-2.11-18)(22/07/22).

Caríssimos, a Igreja hoje celebra a Festa de santa Maria Madalena, apóstola da ressurreição de Cristo, aquela que levou seu anúncio aos Apóstolos, e que por isso, passou a conviver com Ele nessa condição. De certo, ela chegou ao túmulo do Senhor pensando naturalmente que estava morto, mas o encontrou vivo e interagindo com ela.

De fato, são Paulo nos ensina que em nosso batismo fazemos essa mesma experiência e passamos a viver a condição de ressuscitados com o Senhor: "Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova." (Rm 6,3-4)

Na primeira leitura a amada procura o amor da sua vida e o encontra e com Ele permanece depois de o procurar fora de si, que na verdade Ele já estava em sua alma, ou seja, encontrar o Senhor Jesus como único amor de nossa vida é nos deixar guiar pela fé que nada mais é do que nos deixar conduzir pelo Espírito Santo que nos ensina toda a verdade a seu respeito e que nos leva a santidade.

Portanto, caríssimos, duas são as condições da alma enamorada como vimos em santa Maria Madalena: a primeira, movida pelo amor do Senhor, ela o procura no sepulcro, que representa a nossa condição natural; a segunda, representada pelo nosso batismo, o encontra ressuscitado, o escuta e o anuncia tal qual foi enviada. E foi assim, que recebemos dos Apóstolos esse mesmo anúncio e o transmitimos cotidianamente conforme o vivenciamos no seio da Santa Igreja.

Destarte, escutemos são Paulo e façamos a mesma experiência de santa Maria Madalena que procurou o Senhor e o encontrou porque o amava: "Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus.

Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então também vós aparecereis com ele na glória." (Cl 3,1-4).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

TEM ALGO MAIS ESPECIAL NA VIDA DO QUE ESCUTAR A VOZ DE DEUS?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 13,10-17)(21/07/22).

Caríssimos, "para bom entendedor meia palavra basta"; de fato, esse ditado popular revela um coração aberto e livre das ideologias, dos pensamentos vãos, desordenados e estranhos; um coração pronto para ouvir a voz de Cristo e segui-lo fielmente, pois, quem escuta o Senhor de bom grado jamais se deixa levar pela mentalidade deste mundo.

Com efeito, Deus que tudo criou com o poder da Sua Palavra continua a dialogar com suas criaturas, porém, quem o escuta e o segue fielmente por uma vida de justiça e santidade? Para responder essa pergunta basta uma simples análise desta nossa sociedade tecnológica para logo perceber quanto disse me disse, quanta comunicação inútil, e quanta maldade em tudo isso. Ou seja, sinal de que não estão escutando a voz de Deus.

Na primeira leitura eis o que proclamou o Profeta Jeremias por ordem do Senhor: “Ó céus, espantai-vos diante disso, enchei-vos de grande horror, diz o Senhor. Dois pecados cometeu meu povo: abandonou-me a mim, fonte de água viva, e preferiu cavar cisternas, cisternas defeituosas que não podem reter água”. (Jr 2,12-13). Em outras palavras, deixaram de ouvir a Deus para seguir a mentalidade perversa deste mundo.

No Evangelho de hoje os discípulos interrogaram o Senhor Jesus quanto ao fato de se dirigir ao povo em parábolas, ao que Ele respondeu: “Porque a vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não é dado. Pois à pessoa que tem, será dado ainda mais, e terá em abundância; mas à pessoa que não tem, será tirado até o pouco que tem." (Mt 13,11-12). Ou seja, quem escuta a voz do mundo não deixa espaço na alma para ouvir a voz de Deus. Por isso, perde tudo até mesmo a vida que julga ter.

Portanto, caríssimos, essa resposta do Senhor Jesus parece um tanto dura, no entanto, Ele apenas confirma o que profetizou Isaías: "Porque o coração deste povo se tornou insensível. Eles ouviram com má vontade e fecharam seus olhos, para não ver com os olhos nem ouvir com os ouvidos, nem compreender com o coração, de modo que se convertam e eu os cure’. (Mt 13,15).

Destarte, escutemos atentamente o Senhor: "Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram”. (Mt 13,16-17).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 20 de julho de 2022

SAIU O SEMEADOR A SEMEAR...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 13,1-9)(20/07/22).

Amados irmãos e amadas irmãs, nada e ninguém existe sem que seja vontade de Deus que tudo criou por amor e para o amor; e se qualquer criatura seja natural ou espiritual não corresponder a esse propósito divino, se perderá para sempre caso não se converta. 

Desse modo, tudo o que contraria a vontade de Deus que é amor, deixa de existir em seu desígnio, para existir sem Ele, e isso chamamos de inferno, isto é, o viver num tormento eterno, sem amor, sem paz, sem alegria, sem nenhum sentimento bom ou mesmo desejo de felicidade.

A liturgia de hoje trata de vocação, ou seja, do chamado de Deus, e o primeiro deles é a existência, em seguida vem o chamado específico, como meditamos na primeira leitura, e ele acontece ainda no seio de nossa mãe, a exemplo do Profeta Jeremias: “Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações”. (Jr 1,5).

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus se dirige à multidão que o escutava atentamente por meio de Parábolas, e nesta ocasião conta-lhe a Parábola do semeador que semea suas sementes em quatro tipos de terrenos: à beira do caminho; no terreno pedregoso; entre os espinhos, e no bom terreno.

Portanto, caríssimos, a pergunta é a seguinte: qual desses terrenos nós somos? A resposta adequada à essa pergunta vem do mais íntimo de nós, pois, o crescimento das sementes se dá pela graça do Espírito Santo à medida que o escutamos interiormente e nos deixamos fecundar por Ele, para darmos os frutos de vida eterna.

Destarte, como nos ensina o Profeta Isaías, todos somos chamados por Deus: "Levantai os olhos para o céu e olhai. Quem criou todos esses astros? Aquele que faz marchar o exército completo, e a todos chama pelo nome, o qual é tão rico de força e dotado de poder, que ninguém falta ao seu chamado." (Is 40,26).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 19 de julho de 2022

MARIA SANTÍSSIMA É A PRÓPRIA VONTADE DE DEUS PARA NÓS!


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 12,46-50)(19/07/22)

Caríssimos, a vontade de Deus sempre será o único objetivo a ser alcançado por todos nós que recebemos o batismo e somos seus filhos e filhas, porque na Sua Santa Vontade se encontra a plenitude da vida, e o que virá além dela cabe ao Senhor nos fazer viver conforme os seus desígnios de amor. 

De fato, naturalmente é muito pouco o que vivemos e que chamamos de felicidade, que não tem comparação alguma com o que Deus tem preparado como herança para aqueles que o amam incondicionalmente. São Paulo ao fazer essa experiência escreveu: "Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada." (Rm 8,18). 

Eis o que escreveu são Pedro a esse respeito: "Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Na sua grande misericórdia ele nos fez renascer pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma viva esperança, para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada para vós nos céus; para vós que sois guardados pelo poder de Deus, por causa da vossa fé, para a salvação que está pronta para se manifestar nos últimos tempos." (1Pd 1,3-5).

No Evangelho de hoje: "Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo”. Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. (Mt 12,46-50).

Portanto, caríssimos, o parentesco que o Senhor Jesus veio nos fazer participar tem como fundamento a vontade de Deus, e nesse episódio Ele apresenta Maria Santíssima como modelo perfeito daqueles que fazem a sua Santa Vontade, caso contrário ela jamais poderia ser sua mãe.

Destarte, por mais frágeis que sejamos nunca poderemos abrir mão de fazer a vontade do Pai, e para isso basta seguirmos o exemplo de Maria Santíssima e de todos que como ela seguiram o seu amado Filho, nosso Senhor Jesus Cristo até a sua Paixão, Morte e Ressurreição.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 18 de julho de 2022

NENHUM SINAL SARÁ DADO À ESSA GERAÇÃO ADÚLTERA E INCRÉDULA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 12,38-42)(18/07/22)

Caríssimos, a vida sem amor é uma somatória de atos negativos contrários as virtudes que nos levam à felicidade eterna; por outro lado, quando fazemos a vontade de Deus somos felizes, bem como nos ensina o Profeta Miquéias: "Já te foi dito, ó homem, o que convém, o que o Senhor reclama de ti: que pratiques a justiça, que ames a bondade, e que andes com humildade diante do teu Deus."(Miq 6,8).

Com efeito, a liturgia de hoje nos mostra um embate entre o crê e o não crê; entre aqueles que pedem sinais para crê e à própria incredulidade que nega tais sinais e por isso insiste em pedi-los mesmo tendo consciência da má conduta que vivem e que não lhes deixa crer. Pois, o nosso viver ou é uma expressão do amor com o qual Deus nos criou ou então é a negação desse amor.

No Evangelho de hoje "alguns mestres da Lei e fariseus disseram a Jesus: “Mestre, queremos ver um sinal realizado por ti”. Jesus respondeu-lhes: “Uma geração má e adúltera busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas." (Mt 12,38-39). Ou seja, quem busca sinais para crer, não acreditará mesmo que os veja.

De fato, quem se aproxima do Senhor trazendo no coração tal conduta não o respeita nem o ama, pois Ele já havia realizado inúmeros sinais e no entanto não creram. Daí compreendemos que não são os sinais milagrosos que nos levam a crer, mas é a fé que existe em nossas almas que os fazem acontecer, como nos ensinou o Senhor: "Tudo é possível ao que crer." (Mc 9,23b).

Portanto, caríssimos, um viver fecundo cheio do fruto do Espírito Santo, que é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança", é o que fundamenta a verdadeira fé e que faz presente o poder de Deus em nossa vida.

Destarte, é essa fé que nos aproxima de Deus para ama-lo e sermos amados por Ele que nos deu o Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, para que Nele acreditando recebamos a salvação.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 17 de julho de 2022

COMO RECEBEMOS O SENHOR JESUS?


 Homilia do 16° Dom do Tempo Comum (Lc 10,38-42)(17/07/22).

Caríssimos, a liturgia de hoje trata da hospitalidade como meio de encontrarmos o próprio Deus naqueles que Ele nos envia para servi-lo, e isso requer discernimento, generosidade, solidariedade e caridade fraterna virtudes próprias de quem se dispõe ao serviço do Reino de Deus para que se cumpra a sua vontade.

Na primeira leitura Abraão recebeu com delicadeza e prontidão três visitantes sem saber que eram anjos, recebendo deles uma promessa digamos impossível à lógica humana, pois Ele e Sara eram avançados em idade e impossibilitados de terem filhos. No entanto, confiaram no que lhes foi prometido e Deus assim realizou o seu plano de salvação.

Na segunda leitura são Paulo se dirige aos Colossenses dizendo: "Irmãos: Alegro-me de tudo o que já sofri por vós e procuro completar em minha própria carne o que falta das tribulações de Cristo, em solidariedade com o seu corpo, isto é, a Igreja." E isso ele o fez revelando este grande mistério: "a presença de Cristo em vós, a esperança da glória."

No Evangelho de hoje vemos os exemplos de hospitalidade de Marta e Maria, ao receberem o Senhor Jesus em sua casa; elas apresentam duas atitudes também presente em nós. Por um lado, "Marta estava ocupada com muitos afazeres. Então, aproximou-se e disse: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que ela me venha ajudar!” Ao que o Senhor respondeu: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas."

De fato, o ativismo de Marta a impedia de escutar o Senhor e isso a levou de certa forma a ser áspera, rude e até indelicada. Por outro lado, "Maria sentou-se aos pés do Senhor, e escutava a sua palavra." E diante dessa atitude disse: "Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”.

Com efeito, essas duas atitudes revelam os dois estágios da vida consagrada: ativo e contemplativo. O primeiro mostra que no ativismo recebemos o Senhor, porém, com o coração agitado, cheio de preocupação e reclamações de modo que isso nos impede de escuta-lo. O segundo mostra a alma em estado de graça que escuta o Senhor para em comunhão com Ele realizar o serviço que deve feito, porém, sem preocupação ou agitação alguma.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 16 de julho de 2022

NOSSA SENHORA DO CARMO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 12,46-50)(16/07/22)

Caríssimos, as promessas de Deus se cumprem na Íntegra, porque a Sua Palavra é Palavra de vida eterna, por isso, a antecipa em profecia para nos dar a segurança de que é Ele mesmo quem nos fala, desse modo, mesmo que alguém duvide isso não muda em nada o que anunciou; pois, mesmo duvidando não deixa de ver a realização do seu anúncio.

Com efeito, a Igreja hoje celebra a Festa de Nossa Senhora do Carmo uma das mais belas devoções à Virgem Maria, que tem como referência o Monte Carmelo. De certo, "a Sagrada Escritura celebra a beleza do Carmelo, onde o profeta Elias defendeu a pureza da fé de Israel no Deus vivo. No século XII, alguns eremitas foram viver nesse monte e, mais tarde, constituíram uma Ordem de vida contemplativa sob o patrocínio da Santa Mãe de Deus, Maria." (Liturgia das Horas).

São Leão Magno (séc. V) faz o Seguinte comentário sobre a Natividade do Senhor: "Uma virgem da descendência real de Davi foi escolhida para a sagrada maternidade; iria conceber um filho, Deus e homem, primeiro em seu espírito, e depois em seu corpo.

E para evitar que, desconhecendo o desígnio de Deus, ela se perturbasse perante efeitos tão inesperados, ficou sabendo, no colóquio com o anjo, que era obra do Espírito Santo o que nela se realizaria. Maria, pois, acreditou que, estando para ser em breve Mãe de Deus, sua pureza não sofreria dano algum.

Portanto, a Palavra de Deus, que é Deus, o Filho de Deus, que no princípio estava com Deus, por quem tudo foi feito e sem ela nada se fez (cf. Jo 1,2-3), a fim de libertar o homem da morte eterna, se fez homem. Desceu para assumir a nossa humildade, sem diminuir a sua majestade.

Permanecendo o que era e assumindo o que não era, uniu a verdadeira condição de escravo à condição segundo a qual ele é igual a Deus; realizou assim entre as duas naturezas uma aliança tão admirável que, nem a inferior foi absorvida por esta glorificação, nem a superior foi diminuída por esta elevação."

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 15 de julho de 2022

O FILHO DO HOMEM É SENHOR TAMBÉM DO SÁBADO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 12,1-8)(15/07/22)

Caríssimos, os seres humanos que não encontram Deus por meio do seu Filho Jesus Cristo, não se deixam conduzir pelo Espírito Santo, por isso, caem na indiferença religiosa e na incredulidade não deixando espaço em suas almas para a conversão que lhes proporciona esse maravilhoso encontro. E o resultado nefasto desse desvario são os vícios e todo tipo de pecados que os leva a maldade e a morte.

Na primeira leitura o Rei Ezequias foi acometido de uma grave doença, recebeu a visita do Profeta Isaías que lhe deu a notícia de que em breve morreria, ao que o Rei profundamente comovido rezou: “Peço-te, Senhor, te lembres de que tenho caminhado em tua presença, com fidelidade e probidade de coração, e tenho praticado o bem aos teus olhos”. Ezequias prorrompeu num grande choro."

Ora, essa atitude de Ezequias nos ensina o quanto Deus cuida de nós e responde as nossas orações, como vemos a seguir: "A palavra do Senhor foi dirigida a Isaías: “Vai dizer a Ezequias: Isto diz o Senhor, Deus de Davi, teu pai: ‘Ouvi a tua oração, vi as tuas lágrimas; eis que vou acrescentar à tua vida mais quinze anos, vou libertar-te das mãos do rei da Assíria, junto com esta cidade, que ponho sob minha proteção’."

No Evangelho o Senhor Jesus é questionado pelos fariseus por conta dos discípulos que ao sentirem fome arrancavam as espigas de trigo e as comiam em dia de sábado; ao que o Senhor lhes respondeu: "Nunca lestes na Lei, que em dia de sábado, no Templo, os sacerdotes violam o sábado sem contrair culpa alguma?"

E concluiu: "Ora, eu vos digo: aqui está quem é maior do que o Templo. Se tivésseis compreendido o que significa: ‘Quero a misericórdia e não o sacrifício’, não teríeis condenado os inocentes. 8De fato, o Filho do Homem é senhor do sábado”.

Portanto, caríssimos, por esse episódio vemos o quanto Deus nos ama e nos concede as suas graças muito além das nossas necessidades e as daqueles que nos foram confiados. No entanto, vemos também que a Sua Lei não pode ser usada de forma arbitrária, isto é, para julgar e condenar o próximo, pois o verdadeiro sentido da Lei é "a misericórdia e não o sacrifício."

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 14 de julho de 2022

VINDE A MIM...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 11,25-27)(14/07/22)


Caríssimos, na primeira leitura desta liturgia assim reza o Profeta Isaías: "O caminho do justo é reto, e tu ainda aplainas a estrada ao justo. Sim, no caminho dos teus juízos esperamos em ti, Senhor; para o teu nome e para a tua memória volta-se o nosso desejo. Quando vem a noite anseia por ti a minh’alma e com a força do espírito te procuro no meu íntimo. Quando brilharem na terra teus juízos, os habitantes do mundo aprenderão a ser justos." (Is 26,7-9)


Daí perguntamos, do que mais sentimos falta neste mundo? Sem dúvida alguma de vivermos na presença de Deus sem jamais ofende-lo; de termos todos os nossos desejos de eternidade realizados; de vivermos amando a Deus sobre todas as coisas e amando-nos uns aos outros como a nós mesmos; e por fim, de ver o mal estirpado para sempre do nosso meio.


Com efeito, no Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos faz este convite especial: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Mt 11,25-27)

De certo, este mundo repleto de tantos males e de tantas tragédias humanas por conta dos pecados que nele se comete, tem se tornado um fardo muito pesado para nós que nele vivemos; por isso, é urgente aceitarmos humildemente o convite que o Senhor Jesus nos faz, pois sem ele em nossa vida, o fardo pesado deste mundo se torna insuportável e nos esmaga por completo.

Portanto, caríssimos, como fazer para aceitar o convite especial que hoje o Senhor Jesus nos faz? É só segui-lo fielmente pela via da oração e a prática dos Sacramentos; pela vivência da fé inabalável na sua presença Eucarística; pela prática da Sua Palavra e das obras de misericórdia. 

Destarte, confiantes de que tudo o que nos ensina é sinal sensível da sua presença em nosso meio nos conduzindo para a glória do Seu Reino, para a plenitude da vida eterna, nos entreguemos em suas mãos pela intercessão de Maria Santíssima, de São José e de todos os anjos, santos e santas que com Ele vive e reina para sempre.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 13 de julho de 2022

EU TE LOUVO PAI, SENHOR DO CÉU E DA TERRA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 11,25-27)(13/07/22)

Caríssimos, muitos não dão importância à própria vida e por isso fazem pouco caso da vida dos outros não respeitando a imagem e semelhança de Deus que somos. Com efeito, é essa falta de respeito e desobediência à Palavra de Deus que tem levado este mundo ao desequilíbrio que vemos, por fazerem da ganância pelo poder temporal instrumento de opressão e da própria condenação.

De fato, todo arrogante, prepotente que vive arrotando soberba e todo tipo de impropérios se assemelha aqueles que se portam como seres irracionais, por fazerem o que querem sem levar em conta o bem de todos, mas os próprios interesses mesquinhos, como se nada e ninguém os detesse; no entanto, a esses diz o Profeta Isaías: "Por isso, enviará o Dominador, Senhor dos exércitos, contra aqueles fortes guerreiros o raquitismo; e abalará sua glória com convulsões que queimam como fogo”. (Is 10,16).

O livro de Sabedoria ensina como se devem portar os governantes deste mundo: "Amai a justiça, vós que governais a terra, tende para com o Senhor sentimentos perfeitos, e procurai-o na simplicidade do coração, porque ele é encontrado pelos que o não tentam, e se revela aos que não lhe recusam sua confiança; com efeito, os pensamentos tortuosos afastam de Deus, e o seu poder, posto à prova, triunfa dos insensatos." (Sb 1,1-3).

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus exulta de alegria e louva ao Pai por revelar aos pequeninos os tesouros da Sua Sabedoria e do Seu amor: "Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado." (Mt 11,25-26). 

E continua Ele: "Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. (Mt 11,27). Eis o diz Guilherme de Saint-Thierry monge beneditino a esse respeito: "Ninguém conhece o que há em Deus, a não ser o Espírito de Deus (cf 1Cor 2,11). 

Corre, pois, a participar do Espírito Santo. Ele torna-Se presente logo que é invocado; mais ainda, não poderia ser invocado se não estivesse já presente. E, quando é invocado, vem e traz consigo a abundância da bênção de Deus. É essa a corrente impetuosa do rio que alegra a cidade de Deus (cf Sl 45,5).

E, quando Ele vier, se te encontrar humilde, tranquilo e cheio de respeito pelas palavras de Deus, repousará sobre ti (cf Lc 1,35) e revelar-te-á o que Deus Pai oculta aos sábios e prudentes deste mundo. Então, começará a brilhar aos teus olhos aquilo que a Sabedoria pôde ensinar na Terra aos seus discípulo, mas que eles não puderam compreender enquanto não veio o Espírito de verdade, que havia de lhes ensinar a plena verdade (cf Jo 16,12-13)."

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 12 de julho de 2022

SEM CONVERSÃO, SEM SALVAÇÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 11,20-24)(12/07/22)

Caríssimos, não podemos viver tranquilos sem que essa tranquilidade venha de Deus, nosso Pai celestial como Jesus nos ensina (cf. Mt 6,24-34), pois, Ele nos conhece plenamente muito além do que podemos imaginar, basta confiarmos Nele de todo o nossa coração e nos manter na Sua presença por um viver íntegro, conforme a Sua Santa Vontade.

De fato, é muito fácil manter a nossa confiança em Deus quando tudo parece sob o nosso controle, no entanto, quando nos vemos incomodados pelo desequilíbrio deste mundo que vive numa constante guerra fratricida, nos damos conta de que para nos manter em paz precisamos confiar inteiramente no Senhor e nos deixar conduzir pelo que Ele nos ensina, desse modo, veremos que é Ele que mantém tudo sob controle.

Com efeito, "Acreditar em Deus, é sentir-se protegido e amado por Ele; é saber que cada oração, cada palavra, cada acontecimento triste ou alegre, cada doença, tudo, tudo é visto por Ele. É ter total confiança Nele, entregar-nos ao Seu amor, é ter a certeza de ser compreendido, confortado, ajudado, e amar como Ele deseja; assim sentiremos a Sua presença nas nossas almas e veremos "milagres" acontecerem à nossa volta." (Fr Salvatore, OFMConv - Cícilia- Itália).

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus censura as cidades aonde realizou milagres e prodígios por não terem se convertido; não pelo fato de terem visto tais sinais, mas sim, por terem recebido tantos benefícios e mesmo assim permanecerem com o coração endurecido sem nenhum sinal de conversão. 

Portanto, caríssimos, também em nossos dias vemos que a prática da fé é mínima em relação ao tempo perdido com a Internet, com as ideologias políticas e outras, todas contrárias a vontade de Deus, de modo que tais comportamentos incitam o ódio, a violência e todo tipo de maldade que leva à injustiça e a morte todos os seguem essa via de perdição.

Destarte, a nossa confiança no Senhor Jesus é fruto da ação do Espírito Santo em nossas almas que nos faz permanecer Nele em meio a este mundo tenebroso que se levante contra nós com todo tipo de ameaças e outros impropérios. 

De certo, rezemos com o salmista: "O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei? O Senhor é o protetor de minha vida, de quem terei medo? Quando os malvados me atacam para me devorar vivo, são eles, meus adversários e inimigos, que resvalam e caem." (Sl 26,1-2).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 11 de julho de 2022

TRÊS ATITUDES PARA SEGUIR O SENHOR JESUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 10,34-11,1)(11/07/22)

Caríssimos, a liturgia de hoje nos mostra o conflito que existe no íntimo de cada um de nós quando nos dispomos a seguir o Senhor Jesus de todo o nosso coração tal qual Ele nos ensina; de fato, quando pomos em prática as suas instruções logo experimentamos o que significa ser seus verdadeiros discípulos, ou seja, o viver sem apegos, repleto de coerência; caso contrário nosso seguimento não passa de aparência.

No Salmo desta liturgia o salmista revela o quanto é nocivo para a nossa alma a prática da fé sem coerência, diz ele: “Como ousas repetir os meus preceitos e trazer minha Aliança em tua boca? Tu que odiaste minhas leis e meus conselhos e deste as costas às palavras dos meus lábios! 

Diante disso que fizeste, eu calarei? Acaso pensas que eu sou igual a ti? É disso que te acuso e repreendo e manifesto essas coisas aos teus olhos”. Quem me oferece um sacrifício de louvor, este sim é que me honra de verdade. A todo homem que procede retamente eu mostrarei a salvação que vem de Deus." (Sl 49).

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos ensina três atitudes fundamentais para segui-lo coerentemente: renúncia ao apego familiar, que significa ama-lo sobre todas as coisas; tomar a cruz e sigui-lo fielmente para sermos dignos dele; e por fim, renunciar a si mesmo, isto é, não querer salvar a própria vida, mas se for a vontade de Deus, perde-la por amor a Ele.

Portanto, caríssimos, o que importa mesmo não é o que deixamos para seguir o Senhor Jesus e cumprirmos a sua vontade, mas sim, o que recebemos Dele aqui, isto é, cem por cento, e no seu Reino, a vida eterna. Pois, sabemos que as vantagens deste mundo são passageiras, isso porque nada levamos quando daqui partirmos, a não o amor com que amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.

Destarte, escutemos atentamente o Senhor Jesus: "Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus." (Mt 7,21). De certo, a vontade de Deus é que sigamos o Seu amado Filho até fim dos nossos dias neste mundo para obtermos como herança a vida eterna no Seu Reino.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 10 de julho de 2022

HOMILIA DO 15° DOM DO TEMPO COMUM...


 Homilia do 15°Dom do Tempo Comum (Lc 10,25-37)(10/07/22)

Amados irmãos e amadas irmãs, por nossa condição natural normalmente interagimos com as demais criaturas em busca do bem viver, uma vez que dependemos umas das outras; no entanto, só isso não nos basta, pois, o que mais desejamos é a felicidade eterna, e essa somente Deus pode nos dar e ninguém mais. 

Na primeira leitura Moisés mostra ao povo Eleito que a Palavra de Deus é a sua voz escrita que os orienta e conduz a fim de que sejam felizes pondo em prática o que Ele lhes ensina: "Ouve a voz do Senhor, teu Deus, e observa todos os seus mandamentos e preceitos, que estão escritos nesta lei. Esta palavra está ao teu alcance, está em tua boca e em teu coração, para que a possas cumprir."(Dt 30,10.14)

Na segunda leitura são Paulo nos ensina que o Senhor Jesus é Deus visível e atuante no meio de nós: "Cristo é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois, por causa dele, foram criadas todas as coisas, no céu e na terra, as visíveis e as invisíveis, tronos e dominações, soberanias e poderes. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele existe antes de todas as coisas e todas têm nele a sua consistência. (Cl 1,15-17).

E tudo isso experimentamos por meio da fé, porque é ela que nos leva à plena comunhão com o Senhor Jesus, o qual por seu sacrifício e morte de cruz venceu o pecado, o poder do inferno e a morte para nos dar a vida eterna. Desse modo, como nos ensina são Paulo: "Porque é nele que vivemos, nos movemos e somos." (At 17,28). 

No Evangelho de hoje "um mestre da Lei se levantou e, querendo pôr Jesus em dificuldade, perguntou: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna? Jesus lhe disse: “O que está escrito na Lei? Como lês?” Ele então respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como a ti mesmo!” Jesus lhe disse: “Tu respondeste corretamente. Faze isso e viverás”.

Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” Ao que o Senhor contou a Parábola do bom Samaritano mostrando que a fé não é teoria, nem fruto do conhecimento da Lei, pois isso, o sacerdote e o levita tinham de sobra, porém, nada fizeram pelo homem que foi assaltado e quase morto.

No entanto, o Samaritano que era tido como insano e à margem da Lei, teve compaixão do homem ferido e lhe prestou socorro livrando-o da morte; desse modo, concluiu o Senhor: “Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”. Então Jesus lhe disse: “Vai e faze a mesma coisa." Ou seja, a fé é a prática das virtudes eternas, e não apenas o conhecimento delas.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

sábado, 9 de julho de 2022

PARA O DISCÍPULO, BASTA SER COMO O SEU MESTRE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 10,24-33)(09/07/22)

Caríssimos, qual é o testemunho que damos de Cristo em nosso dia a dia? E não me refiro somente testemunha-lo com palavras, mas principalmente por atitudes e em verdade em meio a este mundo que o nega e o persegue por não ama-lo, por não segui-lo.

No Evangelho o Senhor Jesus disse: “O discípulo não está acima do seu senhor. Para o discípulo, basta ser como o seu mestre, e para o servo, ser como o seu senhor. Se ao dono da casa eles chamaram de Belzebu, quanto mais aos seus familiares!" (Mt 10,24-25).

Com efeito, é este o nosso verdadeiro testemunho, vivermos como filhos e filhas de Deus neste mundo que vive mergulhado nas discórdias e contradições; para isso o Senhor Jesus nos garante que permanece conosco, de modo que, não devemos temer os que nos perseguem. Ou seja, Ele não nos promete um viver tranquilo e sem perseguição, porém, fiquemos certos de que jamais nos abandona.

Comentando esse Evangelho disse o Papa Emérito, Bento XVI: "Parece que a violência, o totalitarismo, a perseguição, a brutalidade cega se revelam mais fortes, silenciando a voz das testemunhas da fé, que podem parecer humanamente como os perdedores da história. Mas Jesus Ressuscitado ilumina o seu testemunho e assim compreendemos o significado do martírio.

Na derrota, na humilhação daqueles que sofrem por causa do Evangelho, um poder age que o mundo não conhece: "Quando sou fraco", exclama o apóstolo Paulo, "é então que sou forte" (2 Cor 12,10). Ou seja, é a força do amor, indefeso e vitorioso mesmo na aparente derrota. É a força do amor que desafia e vence a morte." (Bento XVI - Basílica de São Bartolomeu, 7/04/08).

Portanto, caríssimos, as Palavras do Senhor Jesus nos tranquiliza e nos dá coragem em meio às perseguições deste mundo, bem como nos ensina: "Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!

Não se vendem dois pardais por algumas moedas? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai. Quanto a vós, até os cabelos da cabeça estão todos contados. Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais." (Mt 10, 28-31).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 8 de julho de 2022

SEREIS PERSEGUIDOS POR MINHA CAUSA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 10,16-23)(08/07/22)

Caríssimos, existem certos acontecimentos muito difícil de entender se os analisamos com os nossos limitados critérios; por exemplo, por que Deus que tem todo poder sobre o céu e a terra quis sofrer como um de nós e quis morrer numa cruz como se não tivesse nenhum poder? Por que os justos e inocentes sofrem sem terem culpa alguma tal qual sofreu o Senhor Jesus?

De fato, somente mediante os critérios da fé é que podemos entender os acontecimentos que não entendemos com os nossos critérios, porque "tudo é possível ao que crê" (Mc 9,23b); e é isso o que nos ensina o Senhor Jesus: "Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão." (Jo 16,12-13). 

Santo Inácio de Antioquia, assim exorta são Policarpo sobre as provações que sofremos: "Suporta todos os teus irmãos com paciência, como o Senhor te suporta a ti; suporta-os a todos com amor, como aliás fazes. Ora sem descanso; suplica uma sabedoria ainda maior; vela e mantém o teu espírito alerta; fala a cada um em particular, a exemplo de Deus. 

Suporta as enfermidades (cf Mt 8,17) de todos como verdadeiro atleta; onde houver mais esforço, aí haverá mais ganho. Se apenas amares os bons discípulos, não terás qualquer mérito; os que tens de submeter pelo amor são principalmente os mais afetados. Não se aplica o mesmo bálsamo a todos os ferimentos; apazigua as crises agudas com compressas humedecidas. 

Sê em todas as coisas prudente como as serpentes e simples como as pombas. Tu, que és carne e espírito, trata com bondade aquilo que se alcança pelos sentidos, mas reza para que o mundo invisível te seja revelado. Deste modo, não te faltará coisa alguma, e serás rico com os dons do Espírito.

Um grande atleta triunfa a despeito dos golpes. É principalmente por Deus que temos de aceitar todas as provas, a fim de que também Ele nos aceite. Redobra o teu zelo; examina atentamente esta época. Espera naquele que está para além do tempo, que é eterno e invisível, mas Se deixou ver por nós, naquele que, sendo intangível e incapaz de sofrer, conheceu a Paixão e consentiu em todos os sofrimentos." (Santo Inácio de Antioquia (?-c. 110) bispo, mártir. Carta a Policarpo (69-155, santo, bispo e mártir).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 7 de julho de 2022

A PAZ ESTEJA NESTA CASA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 10,7-15)(07/07/22)

Caríssimos, a verdadeira paz interior nasce nas almas que escutam a Palavra de Deus levada por seus discípulos presentes na Sua Igreja e que o anunciam como Aquele que salva, cura e faz feliz a todos que o seguem fielmente a caminho da vida eterna. Todos eles são enviados e portam consigo esse conteúdo divino aonde quer que esteja com quem quer que esteja.

Santo Efrém comentando esse Evangelho escreveu: "Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: a paz seja nesta casa" (Lc 10, 5), para que o próprio Senhor lá entre e resida, como junto de Maria. Esta saudação é o mistério da fé que brilha no mundo; por ela, o ódio é asfixiado, a guerra interrompida e os homens compreendem-se mutuamente.

O efeito desta saudação estava oculto por um véu, apesar da prefiguração do mistério da ressurreição, que ocorre sempre que a luz aparece e a aurora expulsa a noite. A partir do momento em que Cristo enviou os seus discípulos pela primeira vez, os homens começaram a dar e a receber esta saudação, que é fonte de cura e de bênção.

Esta saudação, com o seu poder oculto, é amplamente suficiente para todos. Foi por isso que Nosso Senhor a enviou como pré-anúncio com os seus discípulos, para que ela realizasse a paz e, levada pela voz dos apóstolos, seus enviados, Lhe preparasse o caminho.

Ela foi semeada em todas as casas, entrou em todos os corações que a entenderam, para separar e distinguir os seus filhos, reconhecendo-os. Ela permanecia neles, mas denunciava os que lhe eram estranhos, porque não a acolhiam.

Esta saudação de paz não secava, jorrava dos apóstolos para os seus irmãos, desvendando os tesouros inesgotáveis do Senhor. Presente naqueles que a davam e nos que a acolhiam, este anúncio de paz não sofria diminuição nem divisão.

Sobre o Pai, anunciava que Ele está perto de todos e em todos; sobre a missão do Filho, revelava que Ele está por inteiro junto de todos, mesmo que o seu fim seja estar junto do Pai. Ela não cessa de proclamar que, doravante, as figurações são realizadas e a verdade expulsa enfim as sombras." (Santo Efrém (c. 306-373) Diácono, e doutor da Igreja).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 10,1-7)(06/07/22)

Caríssimos, a nossa convivência com o próximo depende cem por cento da nossa convivência com Deus; e sem comunhão com seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, também não temos comunhão com o seu e nosso Pai celestial, é por isso que vemos tanto desequilíbrio, confusão, violência e perversão neste mundo, pois, como disse o Senhor: "Sem mim nada podeis fazer." (Jo 15,5).

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus envia os Apóstolos com uma missão clara e precisa: “Não deveis ir aonde moram os pagãos, nem entrar nas cidades dos samaritanos! Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’”. Ou seja, a missão local prepara a missão universal sua e dos seus discípulos gerados no batismo que hoje cabe a nós.

Comentando esse Evangelho disse o Papa Francisco: "Devemos ter a coragem da fé, sem nos deixarmos conduzir pela mentalidade que nos diz: «Deus não é útil, não é importante para ti», e assim por diante. É precisamente o contrário: Deus é a nossa força! Deus é a nossa esperança! Caros irmãos e irmãs, nós somos os primeiros que devemos ter bem firme em nós esta esperança e dela devemos ser um sinal visível, claro e luminoso para todos.

A nossa esperança de cristãos é forte, certa e sólida nesta Terra onde Deus nos chamou a caminhar, e está aberta à eternidade, porque se funda em Deus, que é sempre fiel. Não devemos esquecer: Deus é sempre fiel; Deus é sempre fiel para connosco. Ressuscitar com Cristo mediante o batismo (Rom 6,4), com o dom da fé, para uma herança que não se corrompe (1Ped 1,4), leva-nos a procurar em maior medida as realidades de Deus. 

Prezados irmãos e irmãs, a quantos nos perguntarem a razão da nossa esperança (1Ped 3,15), apontemos para Cristo ressuscitado. Indiquemo-lo com o anúncio da Palavra, mas sobretudo com a nossa vida de ressuscitados. Manifestemos a alegria de ser filhos de Deus, a liberdade que nos permite viver em Cristo, que é a verdadeira liberdade, aquela que nos salva da escravidão do mal, do pecado e da morte!

Ser cristão não se reduz a seguir os mandamentos; significa permanecer em Cristo, pensar como Ele, agir como Ele, amar como Ele; significa deixar que Ele tome posse da nossa vida e a mude, transforme e liberte das trevas do mal e do pecado.

Contemplemos a pátria celeste, e teremos uma luz e força renovadas, também no nosso compromisso e nas nossas labutas diárias. É um serviço precioso que devemos prestar a este nosso mundo, que muitas vezes já não consegue elevar o olhar, já não consegue olhar para Deus." 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria, OFMConv.

terça-feira, 5 de julho de 2022

"PEDI AO DONO DA MESSE QUE ENVIE OPERÁRIOS PARA SUA COLHEITA"


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 9,32-38)(05/07/22)

Caríssimos, a incredulidade é um espírito maligno que fecha os homens em si mesmos não lhes permitindo crer em Deus, mas nos ídolos que os escraviza levando-os à perversão e a todo tipo de maldade. Bem como nos ensina são Paulo: "Nota bem o seguinte: nos últimos dias haverá um período difícil. 

Os homens se tornarão egoístas, avarentos, fanfarrões, soberbos, rebeldes aos pais, ingratos, malvados, desalmados, desleais, caluniadores, devassos, cruéis, inimigos dos bons, traidores, insolentes, cegos de orgulho, amigos dos prazeres e não de Deus, ostentarão a aparência de piedade, mas desdenharão a realidade. Dessa gente, afasta-te!" (2Tm 3,1-5). 

Com efeito, são tantos os que se deixaram prender por esse espírito imundo que este mundo está totalmente contaminado por ele e se destruindo pouco a pouco, de modo, que somente uma intervenção divina o poderá libertar, o que certamente acontecerá dada a urgência dessa ação libertadora como vimos no Evangelho de hoje.

Sem dúvida alguma, o mal está com os seus dias contados, porque tudo neste mundo tem limite, e por isso mesmo, não é possível abusar tanto da misericórdia de Deus sem que haja uma intervenção da Sua Justiça a fim de julgar os culpados e libertar os inocentes. De certo, é nessa direção que caminha a nossa humanidade.

Portanto, caríssimos, enquanto ainda temos tempo o Senhor Jesus nos chama a oração de intercessão para que nos seja dado operários disponíveis, prontos para o serviço da salvação das almas que se arrependem e voltam ao caminho da salvação: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!" (Mt 9,37-38).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 4 de julho de 2022

CORAGEM FILHA, TUA FÉ TE SALVOU


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 9,18-26)(04/07/22)

Caríssimos, o nosso encontro com Deus é inevitável seja no tempo no qual vivemos seja na eternidade para onde estamos indo em definitivo tal qual nos ensina a Carta aos Hebreus: "Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo." (Hb 9,27). 

O fato é que todos temos esse encontro marcado, todavia, os meritos para ve-lo face a face são a fé, a obediência incondicional à sua Palavra e as obras de misericórdia que revelam o nosso amor ao próximo como a nós mesmos; pois, são essas virtudes que demonstram que somos verdadeiros discípulos de Cristo.

No Evangelho de hoje: "Enquanto Jesus estava falando, um chefe aproximou-se, inclinou-se profundamente diante dele, e disse: “Minha filha acaba de morrer. Mas vem, impõe tua mão sobre ela e ela viverá”. Jesus levantou-se e o seguiu, junto com os seus discípulos." (Mt 9,18-19). 

De fato, a atitude de humildade e a súplica confiante de que o Senhor Jesus podia ressuscitar a sua filha, levou esse homem alcançar a graça desejada uma vez que por si mesmo se achava impotente diante da tragédia que se abatera sobre a sua família. 

Com isso, compreendemos que a fé acompanhada da humildade e da oração tudo alcança, porque nos leva a interação com o Senhor Jesus que em sua infinito amor nos atende de imediato, pois é Deus e tudo pode realizar em nosso favor como Ele mesmo nos ensinou: "Tudo é possível ao que crê." (Mc 9,23b).

Com efeito, ainda dentro desse episódio vemos o caso da mulher que a doze anos sofria de uma hemorragia e que ao encontrar o Senhor Jesus que passava a caminho da casa do chefe da Sinagoga, viu neste encontro a oportunidade de sua cura e libertação do mal que a afligia, no que também foi atendida e ainda escutou do Senhor: “Coragem, filha! A tua fé te salvou”. (Mt 9,22a).

Portanto, caríssimos, o Senhor Jesus por meio desses dois episódios nos ensina os meios de vivermos em comunhão com Ele por meio da fé e das outras virtudes que recebemos no batismo e que nos leva à prepararmos para o nosso encontro definitivo com o nosso Pai celestial.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 3 de julho de 2022

A INSPIRAÇÃO DIVINA E A PRÁTICA DE VIDA...


 

A inspiração divina e a prática de vida... 

E como sempre tudo o que fazemos como inspiração divina é vontade de Deus que se cumpre em nossa vida e na vida daqueles a quem nos dirigimos e codividimos tais inspirações... 

Sem essa graça a vida fica sem graça, a missão se relativisa e gera insegurança... Por isso, bom mesmo é usar o dom do discernimento e fazer a coisa correta como deve ser feita... 

No mais, deixemos de lado os julgamentos, simplesmente façamos tudo por amor, porque quem ama o que faz dificilmente erra, e quando erra tem a humildade de se deixar corrigir... 

Porém, estejamos preparados para as pedradas dos insatisfeitos... 

Pois, esses estão sempre achando defeitos mesmo que eles não existam... 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO...



 Solenidade de São Pedro e São Paulo (Mt 16,13-19)(03/07/22)

Caríssimos, a Igreja do Brasil hoje celebra a Solenidade de são Pedro e são Paulo cujas vidas dedicaram totalmente ao Senhor Jesus no cumprimento da missão de anuncia-lo não somente na terra santa, mas também em todas as nações, de modo que por seus escritos continuam fiéis anunciadores do Santo Evangelho da nossa salvação até que o Senhor Jesus venha.

De fato, a nossa história de vida é também a história da nossa salvação; é isso o que vimos na trajetória existencial de são Pedro e são Paulo, esees dois grandes baluardes da nossa fé católica, o primeiro um simples pescador da Galiléia, o outro um oficial da guarda religiosa; ambos se tornaram os maiores divulgadores do Evangelho no mundo inteiro.

Escrevendo sobre o martírio destes dois grandes apóstolos disse Santo Agostinho: "O martírio dos santos apóstolos Pedro e Paulo consagrou para nós este dia. Não falamos de mártires desconhecidos. Sua voz ressoa e se espalha em toda a terra, chega aos confins do mundo a sua palavra (Sl 18,5). Estes mártires viram o que pregaram, seguiram a justiça, proclamaram a verdade, morreram pela verdade.

Num só dia celebramos o martírio dos dois apóstolos. Na realidade, os dois eram como um só. Embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro foi à frente; Paulo o seguiu. Celebramos o dia festivo consagrado para nós pelo sangue dos apóstolos. Amemos a fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos e as pregações destes dois apóstolos." (Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo (Séc.V).

Portanto, caríssimos, como vimos pelos os exemplos de Pedro e Paulo, o que conta mesmo na nossa vida é o como a vivemos para a eternidade, bem como nos ensinou são Paulo na segunda leitura: "Quanto a mim, eu já estou para ser derramado em sacrifício; aproxima-se o momento de minha partida. 

Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que esperam com amor a sua manifestação gloriosa." (2Tm 4,6-8).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

sábado, 2 de julho de 2022

VINHO NOVO EM ODRES NOVOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 9,14-17)(02/07/22)

Caríssimos, no Evangelho de hoje os discípulos de João Batista perguntam ao Senhor Jesus porque os seus discípulos não jejuavam como eles e os fariseus, ao que o Senhor respondeu: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão." ou seja, Jesus é o próprio Deus em pessoa, e o jejum é meio e não um fim em si mesmo.

Comentando o Evangelho de hoje, escreveu são Pedro Crisólogo: "Rogo-vos, pois, irmãos, pela misericórdia de Deus, que ofereçais o vosso corpo como hóstia viva, santa e agradável a Deus" (Rom 12,1). Com este pedido, o apóstolo Paulo ensina todos os homens a participarem no sacerdócio. Não é no exterior que o homem procura aquilo que vai oferecer a Deus; ele traz consigo e em si o que vai sacrificar a Deus, para seu próprio bem.

"Rogo-vos pela misericórdia de Deus": irmãos, este sacrifício é à imagem de Cristo, que imolou o seu corpo e ofereceu a sua vida pela vida do mundo. Na verdade, Ele fez do seu corpo um sacrifício vivo, Ele que vive, após ter sido morto. Nesse sacrifício tão grande, a morte é aniquilada, conquistada pelo sacrifício. É por isso que os mártires nascem no momento da sua morte, a sua vida começa quando termina: eles vivem quando são mortos e brilham no Céu quando na Terra se pensa que morreram.

"Não quiseste sacrifícios nem oblações, mas abriste-me os ouvidos; não te agradaram holocaustos nem vítimas" (Sl 39,7). Sê simultaneamente o sacrifício oferecido e aquele que o oferece a Deus. Não percas aquilo que o poder de Deus te ofereceu. Veste o manto da santidade. Toma o cinto de castidade. 

Que Cristo seja o véu da tua cabeça; a cruz, a proteção da tua testa, que te faz perseverar. Conserva no teu coração o sacramento das Escrituras divinas. Que a tua oração arda sempre como incenso agradável a Deus. Toma "a espada do Espírito" (Ef 6,17); que o teu coração seja o altar onde poderás, sem temor, oferecer toda a tua pessoa e toda a tua vida.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 1 de julho de 2022

POR QUE JULGAR ANTES DO TEMPO?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA 

POR QUE JULGAR? 

É verdade não dou importância se me julgam injustamente...

Porque eu não quero julgar ninguém...

Afinal este mundo já está cheio de juízes... 

Então, pra que me alvorar em ser mais um deles? Basta de julgamentos de valor... 

Melhor mesmo é usar o dom do discernimento e fazer a coisa certa... 

Sem julgar nem condenar ninguém... 

No entanto, se me pedem um conselho não exito em da-lo... 

E o faço seguindo o conselho do meu Senhor e Deus: "Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.

Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também." (Lc 6,36-38).

Tem algo mais nobre do que ser livre dos pecados dos outros e dos nossos?

Porque julgar é trazer para dentro de nós os pecados julgados, e intrelaça-los com os nossos... 

De certo, isso gera uma confusão medonha, porque ocupa o lugar de Deus em nossas almas nos causando um prejuízo enorme... 

Porque se somos cheios de tantos pecados, não existe espaço para sermos misericordiosos, só nos resta padecer sem necessidade alguma...

Então, para que julgarmos uns aos outros?

Se não aceito certos comportamentos que não condizem com o que penso e vivo,

é para não correr o risco de segui-los...

No entanto, não julgo, nem condeno os seus autores... 

Porque não estou aqui para isso, 

mas para viver bem e deixar que os outros façam o mesmo... 

Sem dúvida, somos livres até que digamos o contrário com os nossos atos não condizentes com a verdade... 

E quer saber mais... 

O nosso livre arbítrio é o paraíso interior que Deus nos deu aqui na terra... 

E a chave da porta desse paraíso é a obediência a Sua Divina Palavra... 

Então, não deixemos entrar nele nada e ninguém que contrarie a Palavra de Deus...

Caso contrário, seremos escravos, e perdemos a liberdade do nosso paraíso deixando entrar nele o mal do pecado que nos escraviza...

Então, escutemos humildemente são Paulo e ponhamos em prática o que nos ensina: "Por isso, não julgueis antes do tempo; esperai que venha o Senhor. Ele porá às claras o que se acha escondido nas trevas. Ele manifestará as intenções dos corações. Então cada um receberá de Deus o louvor que merece." (1Cor 4,5).

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv.

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