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quarta-feira, 30 de março de 2022

CRER EM DEUS É OBEDECE-LO, É AMA-LO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 5,17-30)(30/03/22).

Caríssimos, a superficialidade da vida consiste em deixar as coisas santas pelas profanas; em deixar as coisas eternas pelas mundanas; deixar o silêncio interior pelo barulho ensurdecedor deste mundo; e o resultado nefasto desse desvario não poderia ser outro, ou seja, maldade, violência e todo tipo de desequilíbrio que leva à morte e a perdição eterna dos que seguem essa via. 

No entanto, inda estamos no tempo da Divina Misericórdia e por isso nem tudo está perdido, pois, o Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, é a Fonte inesgotável do amor e da misericórdia do Pai, e se faz presente realmente neste mundo para perdoar e salvar todos os pecadores arrependidos por meio da Sua Santa Igreja, Sacramento universal da Salvação, e a parte visível do Reino de Deus no seio da humanidade.

E isto está comprovado por estas Palavras do Senhor: "E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus." (Mt 16,18-19). De fato, sem essa autenticidade ninguém se salvaria, pois, se dependesse de nós pecadores não existiria mais nenhuma criatura na face da terra.

Da boca do Profeta Isaías ouvimos estas palavras: "Louvai, ó céus, alegra-te, terra; montanhas, fazei ressoar o louvor, porque o Senhor consola o seu povo e se compadece dos pobres. Disse Sião: “O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de mim!” Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto de seu ventre? Se ela se esquecer, eu, porém não me esquecerei de ti." Ou seja, Deus está atento a tudo o que nos acontece, pois, como prometeu, jamais nos abandona.

No Evangelho de hoje ouvimos o que diálogo entre o Senhor Jesus e os judeus, e como seus algozes reagiram à este Seu ensinamento: “Meu Pai trabalha sempre, portanto também eu trabalho”. Então, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque, além de violar o sábado, chamava Deus o seu Pai, fazendo-se, assim, igual a Deus." Ou seja, quem se fecha para o amor de Deus, condena-se à uma vida de ódio e injustiças, por conta da maldade que cultiva.

Oremos: Senhor Jesus Cristo, Filho amado de Deus, escuta as nossas súplicas e dá-nos a graça da perseverança final; não permitas que sejamos vencidos pelas tentações e astúcias do inimigo; dá-nos Senhor por teu infinito amor a vitória sobre todo o mal, pelos méritos de tua Mãe, Maria Santíssima, e de São José seu castíssimo esposo. Amém! Assim seja!

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 29 de março de 2022

A PERSEVERANÇA NA FÉ...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 5, 1-16)(29/03/22)

Caríssimos, estamos no tempo da prova, passando pelo deserto deste mundo rumo a terra prometida, o Reino de Deus. Por isso mesmo, somos muito bem cuidados, pois, sabemos que o deserto é inóspito, mas o Senhor da nossa vida nos cuida como uma mãe cuida de seus filhos e filhas dando-lhes aconchego e proteção; desse modo, somos alimentandos por Ele com o Maná do céu, a Santa Eucaristia; e saciados com a água viva do Espírito que jorra para a vida eterna.

Com efeito, tudo o que precisamos é nos manter perseverantes no seguimento de nosso Senhor Jesus Cristo, com alegria e entusiasmo, pois, estamos quase chegando na abundância dos bens eternos, que Ele tem preparado para aqueles que o amam a toda prova, como nos ensinou são Paulo: "Eis uma verdade absolutamente certa: Se morrermos com Cristo, com Cristo viveremos. Se soubermos perseverar, com ele reinaremos." (2Tm 2,11-12).

O Evangelho de hoje conta o episódio da cura de um paralítico na Piscina de Betesda, como narra são João: "Aí se encontrava um homem, que estava doente havia trinta e oito anos. Jesus viu o homem deitado e sabendo que estava doente há tanto tempo, disse-lhe: 'Queres ficar curado?' O doente respondeu: 'Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Jesus disse: 'Levanta-te, pega na tua cama e anda.' No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou na sua cama e começou a andar."

De certo, o que mais nos chama a atenção nesse episódio é a perseverança desse homem que mesmo convivendo tanto tempo com tal enfermidade jamais perdeu a fé e a esperança, pois, assim que ouviu as palavras do Senhor Jesus, confiou, se levantou e foi curado de imediato. Outra coisa que nos chama a atenção é o legalismo dos Judeus, que mesmo vendo tão grande milagre o rejeitaram, por ter sido realizado em dia de sábado.

Portanto, caríssimos, tenhamos cuidado para não cairmos na tentação do legalismo e nas suas consequências, pois, a Lei de Deus nos foi dada como pedagogo que nos conduz a Cristo, e não para nos afastar dele. De fato, todo legalista é exigente com os outros, mas conivente com os próprios erros, por isso, são incapazes de amar e ser misericordiosos.

Destarte, a fé verdadeira nos une ao Senhor Jesus e o permite agir em nossa vida para nos libertar do pecado que é a causa de todos os males que nos atinge, como Ele mesmo disse ao paralítico: "Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior." Ou seja, voltar ao pecado equivale a perder o estado de graça recebido, para se deixar escravizar novamente pelo maligno.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

O QUE É SER LIVRE?


 Para refletirmos... O que é ser livre?

Caríssimos, a liberdade que julgamos ter por nós mesmos é frágil, insustentável; autossuficiência não existe, porque dependemos cem por cento... Pensamos que somos livres fazendo o que vem à nossa mente, quando na verdade, terminamos escravos do que fazemos, e o pior de tudo é quando não admitimos isso; formulamos os próprios conceitos, mas logo caímos no tédio por conta da fragilidade dos mesmos, e com isso, nos sentimos confusos, sem ânimo... 

De certo, isso ocorre porque o "Eu", não é Deus... 

Deus é Amor... 

Verdade, 

Unidade, 

Comunhão, 

Partilha... 

Desse modo, o individualismo racional, emocional, com aparência de liberdade, 

é o inverso do amor; 

é o cúmulo do egoísmo, 

é a morte do próprio eu... 

Pois, onde não existe o amor de Deus, tudo de bom deixa de existir... 

De fato, a vida humana é um grande mistério que não passa de um sopro que se esvai a qualquer momento, e é nesse instante que compreendemos: a liberdade que pensávamos ter, não mais a temos, porque a morte é o ápice do seu limite...

Dúvida quanto a isso não existe... Amor incondicional... Quem sabe? 

Deixar a pretensa liberdade pela liberdade do Espírito Santo... Eis a questão... 

Ou seja, como fazer para deixa-LO comandar-nos totalmente? 

Oração mental/do coração... Silêncio exterior e interior... Escuta... 

De fato, a vida é um sopro que passa num brevíssimo segundo... Porém, para se fazer eternidade no coração do Amado... 

É como um pequeno rio de água viva que entra no Mar Eterno do amor de Deus... 

Aí sim, o livre árbitro é livre sem o eu em si, mas em DeuS... 

De fato, o Senhor é paciente conosco, Ele sabe esperar até que digamos: "Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim..."

Portanto, caríssimos, a vida é realmente um grande mistério, viver é uma missão que devemos cumprir certos de que somente a vontade de Deus nos leva à santidade; que essa seja a verdade vivida por cada um de nós, seus filhos e filhas...

Destarte, "Amar é querer o Bem, o Sumo Bem, e o Sumo Bem é Deus. Ser livre é escolher o Bem, o Sumo Bem, e o Sumo Bem é Deus." (Beato João Duns Scoto).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 26 de março de 2022

A LUTA CONTRA O MAL...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 11,14-23)(24/03/22)

Caríssimos, a grande luta interior que travamos é aquela de vencermos a nós mesmos para permanecermos em estado de graça, isto é, em plena comunhão com a vontade de Deus em todos os sentidos do nosso viver, e ninguém consegue isso sem o auxílio da sua graça. Na décima admoestação, disse são Francisco: "Teu pior inimigo és tu mesmo, vence-te a ti mesmo e nenhum inimigo visível ou invisível poderá prejudicar-te."

No Evangelho segundo são João, o Senhor Jesus assim nos ensina: "Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer." (Jo 15,5). Ou seja, é essa comunhão com Cristo que nos faz vencer a nós mesmos para darmos os frutos da sua presença em nossas almas. Porque o nosso paraíso neste mundo é o nosso livre arbítrio, e a chave que o abre e fecha é a nossa obediência a Cristo.

No Evangelho de hoje vemos a luta que o Senhor Jesus empreende contra o maligno, expulsando-o de um homem mudo, mas logo foi mal interpretado e confundido com o inimigo, no entanto, a sua resposta não deixa espaço para falsas interpretações: "Vós dizeis que é por Belzebu que eu expulso os demônios. Se é por meio de Belzebu que eu expulso demônios, vossos filhos os expulsam por meio de quem? Por isso, eles mesmos serão vossos juízes. Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus."

Comentando a respeito dessa luta espiritual discorreu o Papa Emérito Bento XVI: "A Quaresma lembra-nos, portanto, que a existência cristã é uma luta implacável, na qual devem ser usadas as “armas” da oração, do jejum e da penitência. Lutar contra o mal, contra todas as formas de egoísmo e ódio, morrer para si mesmo para viver em Deus, é o caminho ascético que todo discípulo de Jesus é chamado a seguir com humildade e paciência, com generosidade e perseverança.

O seguimento dócil do divino Mestre torna os cristãos testemunhas e apóstolos da paz. Poderíamos dizer que esta atitude interior nos ajuda a destacar melhor também qual deve ser a resposta cristã à violência que ameaça a paz no mundo. Certamente a não vingança, nem ódio e nem mesmo a fuga por uma falsa prática religiosa.

A resposta de quem segue a Cristo é antes a de seguir o caminho escolhido por Aquele que, perante os males do seu tempo e de todos os tempos, abraçou decididamente a Cruz, seguindo o caminho mais longo, mas eficaz do amor. Seguindo seus passos e unidos a ele, todos devemos nos opor ao mal com o bem, à mentira com a verdade, o ódio com o amor." (Bento XVI - Santa Missa das Cinzas, (01/03/2006).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

SOLENIDADE DA ENCARNAÇÃO DO SENHOR...




PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 1,26-38)(25/03/22)

Caríssimos, em Maria a nossa liberdade encontra a sua eternidade plenamente com a encarnação do Verbo de Deus que se fez Carne e habitou nela e caminha conosco nos conduzindo à felicidade eterna. De fato, pelo sim de Maria, Deus assumiu a natureza humana e a divinizou para sempre, por isso, sejamos pacientes e esperemos a total realização dessa obra divina.

De certo, a liberdade humana é plenamente livre se se encontra na Liberdade Divina e nela permanece, caso contrário, é morta em si mesma, uma vez que a morte é o seu limite, e somente unida à Cristo é que ela pode vence-la, como nos ensinou são Paulo (cf.1Cor 15,21-58). Por isso, entregar a liberdade ao pecado, é perde-la, como nos ensina o Senhor: "Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo." (Jo 8,34).

Santa Catarina de Sena discorrendo a respeito do sim de Maria pelo qual concebeu o Filho de Deus por obra e graça do Espírito Santo, disse: "Ó Maria, foi em ti que hoje apareceu a força e a liberdade de Deus. Pois eis que, após a grave e grande deliberação do conselho divino, te foi enviado um anjo, para te revelar o mistério desse conselho e pedir a tua adesão a ele.  

E o Verbo não desceu ao teu seio enquanto tu não deste o teu livre consentimento: esperou à porta da tua vontade que quisesses abrir Àquele que desejava vir a ti, e que não teria entrado se tu não Lhe tivesses aberto a porta com a tua resposta: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».

Prova nítida da força e da liberdade da nossa vontade! Sem ela, o bem e o mal não podem ser realizados; nem os demônios nem criatura alguma podem constrange-la a pecar, se ela não quiser; como também nada pode forçá-la a fazer o menor bem se ela se recusar. Sim, a vontade humana é livre, esta vontade que nada pode reduzir ao bem nem ao mal sem o seu consentimento. 

O Deus eterno bateu à porta da tua vontade, ó Maria, e se tu não tivesses querido abrir, Deus não teria se encarnado em ti. Enrubesce, pois, alma minha, vendo que o próprio Deus vem hoje assemelhar-Se a ti em Maria; hoje podes ver claramente que, embora tenhas sido criada sem a tua vontade, não serás salva se não consentires em o ser, pois Deus bate à porta e espera que Maria consinta em Lha abrir." (Santa Catarina de Sena).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.
 

AS DUAS FACES DA PRÁTICA RELIGIOSA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 1,26-38)(26/03/22)

Caríssimos, vivemos sempre em busca de algo enquanto não repousarmos em Deus; às vezes, no entanto, nos deixamos levar pela inquietude, e perdemos facilmente a paciência e até nos irritamos quando as coisas não se dão como gostaríamos ou se contrariam os nossos interesses. De fato, se essa é a nossa postura na convivência diária, ela revela o quanto estamos distantes de Deus ainda que professemos a fé.

Por isso, precisamos fazer um bom exame de consciência, para rever a nossa convivência com Deus, conosco e com o próximo. O que realmente estamos vivendo do que nos ensinou o Senhor Jesus com o seu exemplo de vida e com a sua Palavra? Porque somente assim poderemos corrigir a nossa má conduta para darmos os frutos das virtudes eternas sem os quais não passamos de figueiras estéreis, frondosas por fora, mas ocas por dentro.

O Evangelho de hoje nos mostra as duas faces da prática religiosa; a primeira busca a glória para si mesmo e não a glória que é somente de Deus, por isso, tem como fundamento a superficialidade, as vãs comparações; os falsos julgamentos e condenações do próximo, o que resulta em uma fé falsa que nada alcança além do orgulho e da soberba, que constituem um abismo de contradições.

A segunda face da prática religiosa busca, com verdadeiro arrependimento, a misericórdia de Deus, reconhecendo-se indigno de estar na sua presença, porém, com o desejo de ser perdoado e o firme propósito de conversão; e é isso o que atrai a justificação, pois, o penitente humilde de coração alcança todas as graças que o leva ao perdão e à salvação.

Portanto, caríssimos, a fé não é uma filosofia de vida, não é uma teoria, não se funde com ideologias; não é uma prática superficial dotada de rigorismo empedernido que só serve ao radicalismo venenoso. A fé é a obediência pura e simples à Palavra de Deus cujo fundamento é o amor, a humildade, a misericórdia e o perdão, ou seja, nela não existe alarde nem falsa aparência, porque é transparência de Cristo.

Destarte, a Quaresma é um tempo propício que Deus nos dá para que amparados pelos méritos de Cristo, lutemos contra as tendências pecaminosas e assim vencermos todos os males que atentam contra a nossa integridade. Mas, para isso, é fundamental o silêncio interior e exterior, a oração do coração, a penitência e os outros exercícios quaresmais que reforçam em nós as virtudes que nos mantém em pleno comunhão de amor com o nosso Pai celestial.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 23 de março de 2022

AS EVIDÊNCIAS DA FÉ E O NOSSO ENCONTRO COM DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 5,17-19)(23/03/22)

Caríssimos, o discipulado de nosso Senhor Jesus Cristo tem como fundamento a sua Presença Real em meio a nós, nos conduzindo pelo caminho da santidade que nos leva a vida eterna; para isso, Ele nos dá as evidências da fé que nos faz viver em constante comunhão de amor com Ele, com o Pai e o Espírito Santo; e entre nós que o seguimos.

E quais são essas evidências? A Sua Santa Igreja, tendo à frente os sucessores de Pedro, atualmente o Papa Francisco; os seus ensinamentos presente nas Sagradas Escrituras que ela transmite fielmente; os Santos Sacramentos, em especial a Santa Eucaristia que é a Sua Presença Real; o testemunho dos Santos e Santas de todos os tempos, e o nosso testemunho, pois, crer no Senhor é conviver com Ele pela oração e a vivência da Sua Palavra.

O Papa Emérito Bento XVI discorrendo sobre a evidência de Cristo conosco, disse: "A fé não significa apenas aceitar um certo número de verdades abstratas sobre os mistérios de Deus, do homem, da vida e da morte, das realidades futuras. A fé consiste numa relação íntima com Cristo, uma relação baseada no amor Daquele que nos amou primeiro (cf. 1Jo 4,11), até à oferta total de si mesmo. 

Que outra resposta podemos dar a um amor tão grande, senão a de um coração aberto e pronto a amar? Mas o que significa amar a Cristo? Significa confiar Nele mesmo na hora da provação, segui-lo fielmente também na Via Crucis, na esperança de que em breve chegará a manhã da ressurreição. Confiando-nos a Cristo não perdemos nada, mas ganhamos tudo. Em suas mãos nossa vida adquire seu verdadeiro sentido.

O amor a Cristo se expressa no desejo de sintonizar a vida com os pensamentos e sentimentos de seu Coração. Isso se realiza através da união interior baseada na graça dos sacramentos, fortalecida pela oração contínua, louvor, ação de graças e penitência. Não pode faltar uma escuta atenta às inspirações que Ele suscita através da sua Palavra, das pessoas que encontramos, das situações da vida quotidiana.

Amá-lo significa permanecer em diálogo com ele, conhecer sua vontade e realizá-la prontamente. Mas viver a fé como relação de amor com Cristo significa também estar disposto a renunciar a tudo o que constitui a negação do seu amor. Por isso Jesus disse aos Apóstolos: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos". (Bento XVI - Santa Missa em Varsavia, 26/5/2006).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 22 de março de 2022

PERDOAR É AMAR, É FAZER A VONTADE DE DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 18,21-35)(22/03/22)

Caríssimos, a liturgia de hoje nos apresenta o tema do Perdão como condição "sine qua non" para a nossa salvação, ou seja, sem o qual não existe salvação. O perdão é o cancelamento total das ofensas e do mal praticado, e é isso o que Deus faz conosco por meio do Seu Filho amado, como nos ensinou são Paulo: "Com efeito, todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus, e são justificados gratuitamente por sua graça; tal é a obra da redenção, realizada em Jesus Cristo." (Rm 3,22-24).

Com efeito, no Evangelho de hoje Pedro faz uma pergunta ao Senhor Jesus apresentando o máximo que para ele seria possível ao ser humano perdoar: "Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes? Jesus respondeu: 'Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete." Ou seja, o perdão é tão precioso, tão essencial que jamais devemos limita-lo. 

Em seguida o Senhor contou uma Parábola fazendo uma analogia entre o perdão que de Deus recebemos e o perdão que temos o dever de dar; e no exemplo dessa Parábola, o empregado não perdoou o seu devedor que pouco lhe devia, mesmo tendo sido perdoado de sua enorme dívida. Por isso, foi condenado. E o Senhor concluiu: "É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão."

De certo, eis o entendimento a que chegamos por meio deste semelhante ensinamento do Senhor: "Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também." (Lc 6,36-38).

Portanto, caríssimos, seguindo esses ensinamentos do Senhor Jesus aprendemos que perdoar é amar, é fazer a vontade de Deus decididamente, por isso, quem ama perdoa sempre e é inatingível pelas ofensas sofridas, porque não as carrega na alma e nem a imagem negativa de seus algozes, mesmo que sejam pregados numa cruz.

Destarte, Deus nos criou por amor e somente para amar, por isso, não existe paz num coração que não perdoa; porque perdoar é uma decisão da alma fortalecida pela graça da misericórdia divina que a preenche em todos os sentidos, não deixando espaço para os ressentimentos e máguas advindas da falta de perdão.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 21 de março de 2022

O PROCESSO DE CONVERSÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 4,24-30)(21/03/22)

Caríssimos, a virtude da coerência ou autenticidade nos torna inabaláveis, e mesmo se sofrermos rejeição, ameaça de morte e outros impropérios semelhantes, nada nos altera ou tira-nos a calma, porque a transparência de nossas ações revelam quem somos e a missão que de Deus recebemos para levarmos a bom termo a obra da salvação. É isso o que nos mostra esta liturgia.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus, depois de trinta anos vivendo na simplicidade da Sagrada Família em Nazaré, se dá a conhecer aos seus concidadãos como o Messias enviado a parir da profecia de Isaías proclamada por Ele na Sinagoga. Todavia, não foi aceito devido ao preconceito que nutriam, porque o conheciam, mas, não enxergavam quem Ele era realmente. 

No entanto, ao ser rejeitado o Senhor lhes respondeu: “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria." E deu-lhes o exemplo dos profetas Elias e Eliseu, que distribuíram as bênçãos de Deus a dois estrangeiros diante da incredulidade do povo eleito. Ou seja, Deus se dá a conhecer na simplicidade do Seu Filho, porém, somente os humildes de coração o acolhem e o seguem.

Com efeito, a Palavra do Senhor Jesus é a verdade que cura, salva e faz feliz a quem o ouve com o propósito de converter-se; por outro lado, ela é pedra de tropeço para quem insiste permanecer no pecado, uma vez que o pecado escraviza quem o comete e por isso não se abrem para a conversão e a salvação que o Senhor lhes concede.

Portanto, caríssimos, escutemos são Paulo a respeito do processo de conversão: "Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito." (Rm 12,1-2).

Destarte, a fé não é um direito para que se possa exigir de Deus milagres, obrigando-o a fazer a nossa vontade; mas sim, livre adesão ao plano da nossa salvação que passa impreterivelmente pelo processo de conversão permanente, sem o qual não existe mudança de mentalidade nem comunhão com a vontade de Deus. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 20 de março de 2022

Homilia do 3°Dom da Quaresma...


 Homilia do 3° Dom da Quaresma (Lc 13,1-9)(20/03/22)

Caríssimos, a liturgia de hoje nos alerta e nos fortalece no combate contra as tentações e os pecados delas advindos. Na primeira leitura que trata do chamado do Patriarca Moisés, Deus se revela como Aquele que percebe e sente de perto os sofrimentos do seu povo e vem liberta-lo, como Ele mesmo afirma: “Eu vi a aflição do meu povo que está no Egito e ouvi o seu clamor por causa da dureza de seus opressores. Sim, conheço os seus sofrimentos. Desci para liberto-los."

Com efeito, a realidade de dor e sofrimento que hoje vivemos não é diferente da realidade daquele tempo, porém, lá com aqui a causa dessas dores são os pecados cometidos contra Deus e contra seus filhos e filhas; no entanto, tais pecados, que é a causa de todos os males, podem vir de fora ou de dentro das nossas comunidades; e a dor maior é perceber que os mais escandalosos e cruéis, por vezes, veem de dentro delas.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus, na sua ação evangelizadora, chama os habitantes de Jerusalém à conversão a partir de dois acontecimentos trágicos que se lhe noticiaram ocorridos na região da Galileia e na própria Jerusalém nos quais houveram muitas vítimas fatais: “Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal coisa? Eu vos digo que não. Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo.

E aqueles dezoito que morreram, quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”. Ou seja, o Senhor Jesus nos alerta que tais acontecimentos não são frutos do acaso, mais causados, e a culpa não é só das vítimas, mas de todos os que enveredam pela via do pecado. Por isso, sem exceção, todos precisamos de conversão.

Portanto, caríssimos, a conversão a que o Senhor Jesus nos chama, consiste em combater as tentações que chegam à nossa mente, não dialogando com elas e nem permitindo que entrem em nossa vida, para assim darmos os frutos da salvação que Dele recebemos. De fato, tais tentações são vícios e tendências pecaminosas que tira-nos a paz, a alegria de viver e a disposição para humildemente servi-lo.

Destarte, atenção para este discernimento: toda tentação é sempre contra Deus, contra o próximo e contra nós mesmos. Por isso, a arma mais poderosa e eficaz contra elas é o estado de graça advindo dos Sacramentos da Penitência, da Eucaristia, e da vida de oração; sem isso corremos sério risco de nos deixar dominar pelo pecado. Escutemos, então, são Tiago: "Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam." (Tg 1,12).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 19 de março de 2022

SOLENIDADE DE SÃO JOSÉ...


 SOLENIDADE DE SÃO JOSÉ (Mt 1,16.18-21.24a)(19/03/22)

Caríssimos, hoje a Igreja celebra a Solenidade de São José, esposo da Santíssima Virgem Maria e pai adotivo de Jesus. Homem repleto das virtudes que Deus lhe concedeu para acolher, cuidar, dar atenção e afeto ao seu amado Filho, que se fez homem gerado pela ação do Espírito Santo no seio virginal de Maria. Com efeito, em José, descendente do rei Davi, Deus cumpriu a promessa que havia feito ao seu pai de perpetuar o seu reino por meio da sua descendência. 

Vejamos então algumas virtudes pelas as quais Deus conduziu José no cumprimento da sua missão. Como descreveu são Mateus no Evangelho de hoje: "José era um homem justo," ou seja, cumpridor da Lei de Deus, por isso, vivia em constante sintonia com Ele; de modo que, quando a situação pareceu-lhe embaraçosa com a gravidez inexplicavel da sua noiva, mesmo sem entender, não a repudiou, mas, recolheu-se em oração para ouvir a Deus, por isso, foi visitado pelo seu anjo que o tranquilizou quanto ao que estava acontecendo.

De fato, José é o homem do silêncio e da escuta; com ele aprendemos a escutar a Deus e nos deixar conduzir por Ele para cumprirmos a missão à qual nos chama conforme os seus desígnios de amor. De certo, normalmente vemos a realidade a partir da nossa naturalidade, mas quando nos deixamos conduzir pelo Senhor, passamos a enxerga-la a partir da sua vontade, e assim realizamos o seu querer e agir para a salvação de todos.

Com efeito, José é o homem da fé inabalável e da prudência, e isso o demonstra nos momentos mais difíceis da sua vida, como por exemplo, na situação da gravidez inexplicável de Maria; pois, não a julgou e nem duvidou do que o anjo lhe revelou, mas, deixou-se envolver pelo mistério de Deus pondo em prática o que lhe fora recomendado, como o fez Abraão quando foi visitado por Deus ao confiar totalmente nas suas promessas.

Por fim, José é um homem simples, pobre e trabalhador, embora fosse descendente do grande rei Davi, não possuía bens, pois, era um simples carpinteiro da Aldeia de Nazaré. No entanto, sua riqueza se encontrava nas virtudes com as quais cumpria os desígnios de Deus. Por isso, aprendeu muito bem a renunciar a si mesmo e abir-se inteiramente à Sua Santa Vontade dia após dia cuidando de realiza-la inteiramente, tornando-se para nós um exemplo a ser seguido no cumprimento dos desígnios do Altíssimo.

Portanto, caríssimos, façamos com amor e devoção esta oração pedindo a intercessão de são José: "Salve, guardião do Redentor e esposo da Virgem Maria. Deus te confiou o seu Filho Jesus; em ti Maria depositou a sua confiança; e sob tua custódia, o Cristo se fez homem. Ó Beatíssimo são José, mostra-te pai também para nós e guia-nos no caminho da vida. Obtém-nos graça, misericórdia e coragem, e defende-nos de todo mal," como defendeste a Sagrada Família de Nazaré. Amém!

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 18 de março de 2022

QUEM ACOLHE O SENHOR JESUS, ACOLHE O REINO DE DEUS; QUEM NÃO O ACOLHE, SE PERDE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 21,33-43.45-46)(18/03/22)

Caríssimos, o ar que respiramos é invisível e não precisamos fazer nenhum esforço para provar que ele existe visto que o respirarmos naturalmente, pois, sem ele não existimos, ou seja, nós convivemos com um elemento invisível do qual dependemos cem por cento e só percebemos a falta que ele nos faz quando sofremos com alguma doença respiratória. 

Com efeito, convivemos com Deus a todo momento e só percebemos a sua ausência quando pecamos, pois, o pecado é uma terrível doença espiritual que nos leva à perca da graça santificante assim que o cometemos; e desse modo, deixamos de perceber a evidência da presença de Deus em nossa vida por conta das más ações praticadas.

No entanto, como estamos no tempo da misericórdia, é possível retornar ao estado de graça quando arrependidos da prática pecaminosa nos voltamos para o Senhor de todo coração a fim sermos perdoados no Sacramento da Confissão e assim sermos curados da doença maléfica do pecado.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus conta, aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo, a Parábola dos vinhateiros perversos que se apossaram da vinha do seu senhor e não devolveram os frutos esperados, e ainda espancaram e mataram os empregados enviados e até o próprio Filho do dono da vinha, consumando, com isso, a própria condenação.

 Escutemos, então, com acurada atenção a conclusão dessa Parábola: "Pois bem, quando o dono da vinha voltar, que fará com esses vinhateiros?” Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo”.

Então Jesus lhes disse: “Vós nunca lestes nas Escrituras: ‘A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos?” Por isso eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos."

Portanto, caríssimos, escutemos ainda o Senhor: "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em mim, ele o cortará; e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto. Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer." (Jo 15,1-2.5).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 17 de março de 2022

NEM TUDO É O QUE PARECE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 16,19-31)(17/03/22)

Caríssimos, as interrogações fazem parte da nossa vida desde a mais tenra idade; o fato é, que estamos sempre perguntando, como se o desejo de conhecer não tivesse fim; e por mais conhecimento que tenhamos pouco ou nada conhecemos dada a imensidão dos mistérios de Deus. E por mais que o homem interrogue a Seu respeito, continuará a interrogar sem nunca dizer a si mesmo: o que conheço, já é mais do que suficiente.

Com efeito, esta liturgia de hoje nos leva à uma série de perguntas que somente na eternidade conheceremos as respostas. No entanto, quem ama a Deus e ao próximo como a si mesmo, não se interroga tanto, pois o amor com que ama e é amado, responde todas as interrogações, porque ele é a essência da vida e de todo conhecimento que podemos ter.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus conta a Parábola do pobre Lázaro que faminto vivia na porta de um rico a espera das migalhas que sobravam dos banquetes que diariamente dava; sua situação era tão drástrica que aos olhos dos que por ali passavam mais parecia um ser desprezível, que ninguém valoriza, de modo que somente os cães vinham lamber as suas feridas. Ou seja, essa Parábola é tão atual que ficamos pasmos ao fazermos por ela uma leitura do nosso tempo.

Comentando esse Evangelho, o Cardeal Comastre, escreveu: "Por trás da Parábola contada por Jesus existem algumas perguntas: quem é o verdadeiro sortudo? O pobre ou o rico? Ele responde: o pobre. Quem é o verdadeiro sortudo? Quem está indo bem ou quem faz o bem? Ele responde: aquele que faz o bem! Quem é o verdadeiro sortudo? Quem se diverte ou quem se converte? Ele responde: quem se converte!  

Cristo dá um nome ao mendigo: seu nome é Lázaro. Sim, este homem tem nome, porque sofre; sofre injustiças, mas permanece na esperança. Lázaro é o homem visitado pela cruz, o homem que aparentemente não vale nada e é desprezado, a quem todos recusam, a quem ninguém invejaria. Então, uma pergunta surge de imediato: qual dos dois percebe o propósito da vida? Cristo responde: "O rico morreu e o egoísmo foi o seu inferno. Lázaro morreu e sua paciência lhe deu a alegria do paraíso”. Lázaro tem a Deus ao seu lado.  

Nessas palavras de Jesus, fica clara a afirmação da eternidade como último critério para avaliar o presente e também para compreender a justiça e a misericórdia de Deus. Às vezes, os fatos da vida parecem contra Deus, contra sua bondade, contra sua justiça. Mas o mundo não acabou, a história não acabou: vamos dar tempo a Deus! A parábola nos lembra que o cristão vive hoje olhando para o último dia, em que a justiça de Deus prevalecerá para todos, que é misericórdia para aqueles que escolheram a misericórdia, e condenação para aqueles que recusaram a misericórdia."

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

quarta-feira, 16 de março de 2022

QUEM QUISER SER O PRIMEIRO, SEJA O SERVO DE TODOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 20,17-28)(16/03/22)

Caríssimos, quem faz a vontade de Deus neste mundo, sabe que a perseguição e a incompreensão são inevitáveis, seja veladamente ou claramente. No entanto, se pelo nosso serviço transparecemos Cristo, nada temos a temer mesmo que soframos alguma perseguição, porque é a Ele a quem servimos naqueles que ajudamos.

De fato, esse mundo é um deserto, um lugar de desafio e provação, e Deus nos prova porque nos ama e nos defende, porém, nos ensinando que somente Nele nos mantemos seguros e inabaláveis, porque sem Ele nada podemos fazer. 

De certo, quem vive na insípidez do deserto deste mundo duas virtudes são necessárias para vence-la: a paciência e a perseverança, como nos ensina são Tiago: "Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Mas é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma." (Tg 1,2-4).

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus após revelar que será escarnecido, fragelado e crucificado, porém, ressuscitará ao terceiro dia, recebeu a visita da mãe de Tiago e João lhe pedindo um lugar para os filhos à sua direita e à sua esquerda no Seu Reino; ora, essa atitude dela despertou a revolta dos outros discípulos; no entanto, o Senhor lhes respondeu: “Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. Entre vós não deverá ser assim. 

Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo. Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos”. 

Portanto, caríssimos, quem pensa servir a Deus buscando as glórias e as vantagens deste mundo, liberte-se logo dessa tentação; pois, o Filho de Deus humilhou-se até a morte de cruz para nos dar a salvação, nos ensinando que não existe outra via para vida eterna fora da cruz de cada dia. 

Destarte, repitamos com são Paulo estas palavras que são alento para as nossas almas: "Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo." (Gl 6,14). "Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro." (Fl 1,21).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 15 de março de 2022

SENHOR, LIVRAI-NOS DO PECADO DA HIPOCRISIA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 23,1-12)(15/03/22)

Caríssimos, a vida vivida de acordo com a fé requer coerência na prática da mesma, ou seja, crer em Deus é viver em tudo segundo a Sua Santa Vontade, caso contrário, não existe coerência entre o que se crê e o que se vive. É isto o que nos mostra a liturgia de hoje a começar pela primeira leitura em que o Profeta Isaías conclama o povo voltar-se para Deus de todo coração, porque vivia mergulhado numa fé aparente sem um mínimo de coerência.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus alerta a multidão e os seus discípulos quanto a hipocrisia dos escribas e fariseus: “Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo."

De fato, tal hipocrisia consiste em usar a fé para obter vantagens materiais, religiosas, sociais e políticas, por meio da manipulação do povo simples; vivendo uma fé aparente repleta de superficialidade desdenhando da verdadeira fé. E foi por tirar-lhes tais máscaras revelando as suas perversões e incoerências, que o Senhor Jesus foi odiado, perseguido e morto cruelmente por eles.

Portanto, caríssimos, escutemos atentamente este ensinamento de são Tiago: "Rejeitai, pois, toda impureza e todo vestígio de malícia e recebei com mansidão a palavra em vós semeada, que pode salvar as vossas almas.

Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes; isto equivaleria a vos enganardes a vós mesmos. Aquele que procura meditar com atenção a lei perfeita da liberdade e nela persevera - não como ouvinte que facilmente se esquece, mas como cumpridor fiel do preceito -, este será feliz no seu proceder." (Tg 1,21-25).

Destarte, a liberdade que Deus nos deu nos torna livres plenamente quando o obedecemos por amor; caso contrário, seremos escravos do pecado e do mal que nele reside; e desse modo, perdemos o livre arbítrio que havíamos recebido de Deus, como nos ensinou o Senhor Jesus: "Todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo." (Jo 8,34b).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 14 de março de 2022

"SEDE MISERICORDIOSOS COMO O VOSSO PAI CELESTE É MISERICORDIOSO"


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 6,36-38)(14/03/22).

Caríssimos, a fé que vivemos nada mais é do que a prática da Palavra de Deus, isto é, da sua voz escrita nos falando e nos ensinando como segui-lo fielmente, de modo que, não tem como duvidar; basta obedece-lo com a certeza de que é Ele quem nos conduz para uma vida de justiça e santidade diante Dele, porque tudo é nú e descoberto aos seus olhos. Assim evitaremos a hipocrisia que leva a um viver de aparências, em que se professa a verdade, mas, põe-se em prática o contrário do que foi professando.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos ensina como viver o amor fraterno que gera a unidade e a paz, diz Ele: “Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados." Ou seja, na sua Palavra já está o poder de se cumpri-la, basta pôr em prática para colhermos os frutos da nossa obediencia.

Vejamos esses preceitos um a um: "Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso." Ou seja, a medida do amor é a misericórdia, logo, o amor não tem medida, por isso, quem ama não tem outra coisa para dar fora do amor; porque é assim que Deus faz conosco, nos concedendo a Sua Divina Misericórdia que não tem limites, uma vez que sem ela jamais poderíamos ser salvos.

"Não julgueis e não sereis julgados." Por incrível que pareça esse é o pecado mais cometido na face da terra e é o que leva os homens a cometerem os mais terríveis pecados. De fato, todas as vezes que julgamos trazemos para dentro de nós os pecados julgados e a imagem negativa dos que julgamos, e isso ocupa o espaço de Deus em nossas almas, gerando mágoa, ressentimento, revolta, desejo de vingança e ódio.

"Não condeneis e não sereis condenados." Sem dúvida, esse é o pior estado de alma que existe, porque confunde-se o pecador com o pecado antes mesmo do juízo final, desse modo, tirar-se-lhe todas as chances de arrependimento e de mudança de vida, e isso demonstra a ausência da misericórdia no coração dos que vivem condenando os outros, por isso, serão condenados, como escreveu são Tiago: "Haverá juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o julgamento." (Tg 2,12).

"Perdoai e sereis perdoados." Perdoar é amar, é fazer a vontade de Deus, porque é Deus mesmo quem perdoa por meio de nós, por isso, o perdão é um exorcismo que expulsa o maligno da alma de quem perdoa e de quem é perdoado. De certo, o perdão é uma fonte de paz e um escudo de proteção que nos livra de todas as ofensas e nos mantém íntegros e inocentes, disponíveis para amar e fazer o bem que Deus preparou para que nós o praticássemos.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.


domingo, 13 de março de 2022

HOMILIA DO 2° DOM DA QUARESMA...


 Homilia do 2° Dom da Quaresma (Lc 9,28b-36)(13/03/22)

Caríssimos, temos consciência da brevidade da nossa vida neste mundo, mas também por graça de Deus trazemos em nossas almas a esperança da vida eterna que Ele nos deu pela ressurreição do Seu Filho. De fato, tudo o que Deus tem revelado nas Sagradas Escrituras diz respeito ao devir, ou seja, o vir a ser eterno, e nos leva a crer ainda mais que as provações que aqui padecemos não tem proporção alguma com a glória futura que herdaremos.

Na primeira leitura ao fazer aliança com Abraão, Deus o fez a partir de duas promessas: a primeira de que ele seria pai de uma grande multidão; e a segunda de que herdaria a terra prometida, porém, o Senhor as cumpriu nos seus descendentes, pois, sabemos que Abraão não as recebeu em vida porque elas simbolizavam o que nós hoje recebemos pela fé, ou seja, a participação na sua família divina como herdeiros do Reino dos céus.

O Evangelho de hoje narra a Transfiguração do Senhor. Mas, qual é o significado desse fenômeno, e qual é a importância dele para a nossa fé? Vejamos: "Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para rezar. Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante." Ou seja, o Senhor lhes dá a conhecer por antecipação a glória futura que herdarão, porém, faz isso para que não se escandalizem ao verem-no padecer a paixão e morte de cruz.

De igual modo, o Senhor os leva à evidência da salvação eterna pela presença de Moisés e Elias, como também os faz ouvir pessoalmente a voz de Deus advinda da nuvem que os cobriu; como outrora falava com Moisés na tenda de reunião e todo o povo contemplava a mesma nuvem certos da Sua Presença entre Eles. Sem dúvida alguma tais sinais são para nós a evidência de que Senhor permace conosco nos conduzindo para o Seu Reino.

Portanto, caríssimos, não sabemos o dia e a hora em que o Senhor Jesus nos levará para a Sua glória, porém, temos Dele o que nos prometeu: "Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais." (Jo 14,1-3). 

Destarte, a única atitude que o Senhor Jesus nos pede é que tenhamos confiança na Sua promessa, pois, a seu tempo Ele a cumprirá. De fato, como Ele mesmo disse: "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão." (Mt 24,35).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

ORAI PELOS VOSSOS INIMIGOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 5,44-48)(12/03/22).

Caríssimos, existe em nós um dom que contém em si o descernimento, o poder de decisão e o de se cumprir o que foi decidido, trata-se da obediência, também chamada submissão amorosa quando a usamos para amar e servir a Deus de todo coração. De fato, esse dom é tão importante para a nossa salvação que nada se compara a liberdade que ele nos proporciona ao fazermos por ele a vontade de Deus.

Porém, se usado para o mal, ele leva à escravidão psíquica, física, espiritual, tornando-se um antro de perdição e de infelicidade eterna. São Paulo nos alertando sobre esse perigo disse: "Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma." (1Cor 6,12). E acrescenta: "Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é dele." (Rm 8,8-9).

De fato, para exercitarmos com precisão o dom da obediência precisamos nos deixar conduzir pelo Santo Santo, pois, somente Ele nos dá a verdadeira liberdade de expressão e de ação (cf. 2Cor 3,17), como ainda nos ensina são Paulo: "De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, vivereis, pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus." (Rm 8,13-14).

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus ensina os seus discípulos a respeito do perdão e da oração de intercessão por aqueles que nos perseguem, diz Ele: “Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!" Ou seja, de uma mesma fonte não pode sair água podre e água limpa; o ódio é água podre; o amor é água límpida, cristalina.

E continua o Senhor: "Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre os justos e injustos. Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis?" Ou seja, não vamos deixar de amar, porque existem pessoas que não amam; nem vamos deixar de ser bons, porque uns tantos decidiram pela maldade. De certo, enquanto estivermos neste mundo sigamos fielmente na íntegra o que nos ensina nosso Senhor Jesus Cristo.

Portanto, caríssimos, a prática das virtudes eternas gera os frutos do Espírito Santo em nossas almas: "O fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há lei. Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito." (Gl 5,22-25).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 11 de março de 2022

PAI PERDOA, ELES NÃO SABEM O QUE É FAZEM...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 5,20-26)(11/03/22)

Caríssimos, o amor não é apenas uma Lei, mas a Potência Divina agindo em nossa vida quando abrimos o coração para nele Deus habitar. A vida boa, bela e perfeita só é possível à quem ama incondicionalmente a Deus sobre de todas as coisas e ao próximo para a si mesmo, fora desse amor, a alma humana se esvazia das virtudes eternas que a mantém em estado de graça, por isso, sucumbe facilmente à menor tentação, por se deixar enganar pelas insídias do maligno.

Com efeito, esta liturgia de hoje é um alento para a fé e um conforto para a alma, pois, trata do perdão incondicional que é um exorcismo para quem perdoa e para quem é perdoado, porque quando perdoamos, é Deus mesmo quem perdoa por meio de nós.

De fato, quando o espaço sagrado da alma é ocupado pelo pecado da soberba, essa a escraviza, impedindo a prática das virtudes, por isso, muitos teem dificuldade de perdoar. Todavia, quando se voltam para Deus com a intenção do perdão, logo sentem um alívio, pois, sua graça age de imediato abrindo espaço para a virtude da misericórdia.

Na primeira leitura o Profeta Ezequiel fala a respeito da importância do arrependimento e da prática do direito e da justiça para se obter o perdão dos pecados e a mudança de vida: “Se o ímpio se arrepender de todos os pecados cometidos, e guardar todas as minhas leis, e praticar o direito e a justiça, viverá com certeza e não morrerá. Nenhum dos pecados que cometeu será lembrado contra ele. Viverá por causa da justiça que praticou."

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus faz uma revisão do quinto mandamento e começa dizendo: “Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus." De fato, a base da justiça é a misericórdia e o amor fraterno, pois, o justo nunca julga nem condena ninguém, mas perdoa sempre porque somente assim ajuda aos que caíram a se levantarem de suas quedas.

Portanto, caríssimos, perdoar é amar, é fazer a vontade de Deus; não perdoar é se condenar a si mesmo, pois, doravante levará na alma os pecados julgados e a imagem negativa daqueles que julgou, e isso ocupa o espaço de Deus dentro da alma, causando mágoas, ressentimentos, rancor e ódio, que são veneno espiritual que a corroe por dentro.

Destarte, sem a convivência interior com o Senhor Jesus, que é a Fonte do amor e da misericórdia infinita, não se pode progridir no convívio com o próximo, porque a tendência de quem vive julgando e condenando os outros é se afastar cada vez mais da prática da fé e do convívio com o Senhor.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

A ORAÇÃO QUE NOS LEVA AO CÉU...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 7,7-12)(10/03/22)

Caríssimos, a oração é o jeito perfeito da alma expressar a fé no seu colóquio com o Senhor, para Nele permanecer durante todo o seu percurso neste mundo até chegar ao céu. Ela é tão importante nesse encontro com Deus que todos os santos e santas de todos os tempos sempre recorreram a Ele com uma prece nos lábios vinda do mais profundo da alma, como vimos na primeira leitura em que a rainha Ester expõe as suas dores e angústias, por conta do iminente perigo da extinção do seu povo.

Desse modo, compreendemos que no dom da oração estão contidos os nossos desejos e intenções; nossos pedidos de socorro e intercessão; as nossas dores e sofrimentos, mas também nossos louvores e agradecimetos por reconhecermos que todos os bens veem somente de Deus. Na Introdução de uma parábola do Senhor Jesus sobre a virtude da perseverança, escreveu são Lucas: "Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo." (Lc 18,1).

Com efeito, a prática de algumas virtudes essenciais asseguram a eficácia da oração, são elas: a humildade, pois, como afirma são Tiago citando o livro de Provérbios: "Deus resiste aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes (Pr 3,34). Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará." (Tg 4,6b.10). Depois, a confiança inabalável, principalmente quando os acontecimentos parecerem impossíveis, como nos ensinou o Senhor Jesus: "Aos homens isto é impossível, mas a Deus tudo é possível." (Mt 19,26).

Por fim, a reta intenção na busca da vontade de Deus, como vemos no Evangelho de hoje: "Quem de vós dá ao filho uma pedra, quando ele pede um pão? Ou lhe dá uma cobra, quando ele pede um peixe? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedirem!"

Portanto, caríssimos, escutemos são João Crisóstomo discorrendo sobre este dom: "A oração é venerável mensageira que nos leva à presen­ça de Deus, alegra a alma e tranquiliza o coração. Não penses que essa oração se reduza a palavras. Ela é desejo de Deus, amor inexprimível que não provém dos homens, mas é efeito da graça divina, como diz o Apóstolo: "Nós não sabemos o que devemos pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis" (Rm 8,26).

Destarte, muita atenção para a regra de ouro do ensinamento do Senhor: "Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles. Nisto consiste a Lei e os Profetas”. Ou seja, nenhuma oração é eficaz sem a prática dessa regra, por causa da ausência da caridade fraterna.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

O SINAL DE JONAS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 11,29-32)(09/03/22).

Caríssimos, o que é converter-se? É romper difinitivamente com o mundo do pecado, para entregar-se totalmente à vontade de Deus; porque não se converter é persistir no pecado e sob o jugo do maligno. É isto o que nos ensina o Senhor Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo." (Jo 8,34). E nos exorta: "Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus verdadeiros discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos livrará." (Jo 8,31-32).

De certo, para que aconteça essa libertação se faz necessário quatro atitudes fundamentais: arrependimento sincero, confissão, penitência e conversão, para se eliminar o mal procedimento e assim aderir ao Senhor Jesus de todo o coração, como vimos acontecer com os habitantes de Nínive ao ouvirem as Palavras do Profeta Jonas. Porque somente o Senhor Jesus nos liberta do pecado e do jugo do inimigo de nossas almas.

No Evangelho de hoje a multidão pede ao Senhor Jesus um sinal para crer, no entanto, Ele a censura mostrando que a fé não é fruto de sinais e prodígios, não nasce de acontecimentos extraordinários, mas do encontro com Ele, como explicou: "Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. Com efeito, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração."

De fato, Jonas passou três dias no ventre de uma baleia para ser lançado providencialmente na praia a fim de cumprir a missão que recebera de Deus, anunciar a destruição dos ninivitas caso não se convertessem, e isso serviu de sinal para eles. De igual modo, após a sua morte de cruz, o Senhor Jesus passou três dias sepultado e ressuscitou dos mortos, servindo de sinal para que toda humanidade se converta.

Portanto, caríssimos, a fé que recebemos no batismo nos fez ressuscitar com o Senhor Jesus, bem como nos ensina são Paulo: "Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova." (Rm 6,3-4).

Destarte, a nossa conversão é um processo contínuo e só termina com o último respiro por mais santos que sejamos, por isso, todo cuidado é pouco, pois, a santidade é o estado da alma totalmente imersa em Deus, como o rio que se encontra na imensidão do mar; mas isso, somente quando não sofre desvio. De certo, mantenhamos, então, nossa vida em estado de graça pela oração, penitência e conversão, pois, o rio que se mantém sem desvio corre suavemente até chegar na imensidão do mar. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

JESUS NOS ENSINA A REZAR...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 6,7-15)(08/03/22)

Caríssimos, não basta recebermos os dons de Deus, precisamos aprender a usá-los, pois, por mais perfeito que sejamos por nós mesmos, tomemos consciência de que nada conhecemos além do que a nossa razão pode compreender. Por isso, disse são Paulo: "Na verdade, julgo como perda todas as coisas, em comparação com esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor. Por ele tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de ganhar Cristo e estar com ele." (Fl 3,8-9).

Com efeito, no Evangelho de hoje o Senhor Jesus ensina os seus discípulos a rezar e assim os instrui: “Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais." Ou seja, oração não é uma multiplicidade de pedidos, é encontro com o Pai nosso que nos conhece e nos recebe como seus filhos e filhas.

E qual deve ser a nossa postura nesse encontro com o nosso Pai celestial? O Senhor Jesus também nos ensina: "Quando orardes, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á." (Mt 6,5-6). Ou seja, oração é intimidade da alma que encontra em Deus a saciedade que tanto precisa.

Vejamos, ainda o que nos ensina o Senhor Jesus no mais perfeito modelo de oração, o Pai nosso: as três primeiras invocações nos conduz, ao verdadeiro testemunho: "santificado seja o vosso nome"; à fé inabalável: "venha a nós o vosso reino", e ao amor incondicional: "seja feita a vossa vontade." Ou seja, é o apelo humilde da alma que se submete livremente ao Seu Criador. 

De certo, nas outras três invocações apresentamos a nossa fragilidade frente as adversidades para obtermos a graça de vence-las: do alimento corporal: "O pão nosso de cada dia dai-nos hoje." Do perdão para vencermos as nossas imperfeições: "Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido". E por fim, a graça para vencermos as tentações e o maligno que as sugere: "E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal."

Portanto, caríssimos, eis a conclusão que chegamos sobre a oração que o Senhor Jesus nos ensinou: rezar é amar, é fazer a vontade de Deus, ou seja, é um encontro íntimo, um diálogo amoroso, uma escuta atenta; para assim transparecermos a sua presença, como Moisés, que ao sair do seu encontro com o Senhor, transparecia o Seu brilho estampado em em sua alma e em sua face. (cf. Ex 34,29-35).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

O AMOR É O ÚNICO CRITÉRIO NO DIA DO JUÍZO FINAL...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 25,31-46)(07/03/22)

Caríssimos, a nossa comunhão com a vontade de Deus, é tão necessária para nos manter em estado da graça que se assemelha ao ar que respiramos, visto que sem ele e os outros elementos naturais não existe vida. De igual modo, sem a graça de Deus nada somos nada podemos por nós mesmos; daí a necessidade de busca-lo pela nossa obediência aos seus preceitos, porque esse é o meio pelo qual nós o encontramos e Nele permanecemos dando os frutos da sua presença em nossa vida.

Com efeito, após a queda dos nossos primeiros pais, o pecado entrou em nossa natureza e com ele entrou a desordem e a incapacidade de governar dignamente a nossa vida, desse modo, somente mediante a remissão dos nossos pecados realizada pelo Senhor Jesus por sua morte de cruz, é que voltamos ao estado de graça original, isto é, à comunhão com a vontade de Deus, para que pela obediência a nós restituida permaneçamos unidos a Ele em todos os sentidos da nossa vida.

A liturgia de hoje nos apresenta uma série de preceitos cujo fundamento é o amor fraterno único meio de experimentarmos o amor de Deus. Aliás, bem como o Senhor Jesus nos ensina no Evangelho de hoje: "Em verdade eu vos digo, que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!" Ou seja, "o amor ao próximo como a si mesmo", traduzido pelas obras de misericórdia, é o único critério exigido no dia do juízo final.

De fato, num mundo repleto de pecados como o nosso, o que fazer para evitar a perdição eterna das nossas almas? A resposta à essa pergunta se encontra nesta exortação de são Paulo: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba. O que o homem semeia, isso mesmo colherá. Quem semeia na carne, da carne colherá a corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na fé."

(Gl 6,7-10).

Portanto, caríssimos, reforçando a nossa prática quaresmal, escutemos ainda esta outra exortação de são Paulo: "Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai. Tudo o que fizerdes, fazei-o de bom coração, como para o Senhor e não para os homens, certos de que recebereis, como recompensa, a herança das mãos do Senhor. Servi a Cristo, Senhor." (Cl 3,17.23-24).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 6 de março de 2022

HOMILIA DO 1 ° DOM DA QUARESMA...


 Homilia do 1°Dom da Quaresma (Lc 4,1-13)(06/03/22)

Caríssimos, por incrível que pareça somos frequentemente tentados, pelo inimigo de nossas almas, a nos separar de Deus, porque caso caiamos em tais tentações facilmente seremos derrotados e destruídos por ele. Sem dúvida alguma, o mal é uma realidade sobrenatural que tenta nos atrair para si nos oferecendo falso prazer, falso poder e falsa liberdade, sempre com o intuito de nos separar de Deus.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto aonde foi tentado pelo maligno. São Lucas em sua narração apresenta as três tentações que mais afastam os homens de Deus e os expõe as mais terríveis perversões: o prazer fácil dos sentidos sem um santo propósito; o poder temporal não como serviço, mas como dominação, e a falsa sensação de liberdade, sem a vontade de Deus.

Com efeito, o modo como o Senhor Jesus lidou contra as insídias do maligno, nos dá a certeza de que Deus está no comando e é invencível, e a Sua Palavra posta em prática nos mantém unidos a Ele e nos faz invencíveis também; vejamos como procedeu o Senhor: à tentação do prazer fácil, respondeu: “A Escritura diz: ‘Não só de pão vive o homem". 

À tentação do poder temporal malignamente exercido, respondeu: "A Escritura diz: ‘Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás’”. Ou seja, todo poder pertence somente a Deus. E por fim, à tentação da falsa fé, que consiste na falsa interpretação da Palavra de Deus, o Senhor respondeu: “A Escritura diz: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus”. Ou seja, quem ama a Deus obedecendo os Seus Mandamentos, jamais tem dúvida da Sua proteção.

Portanto, caríssimos, fiquemos atentos ao que o Senhor Jesus nos ensina nas Sagradas Escrituras, pois nelas estão contidas todas as respostas que devemos dar às tentações que chegam à nossa mente, porque todas elas são intromissões do maligno querendo nos enganar e nos separar de Deus.

Destarte, nessa luta contra as tentações nunca estamos sozinhos o Senhor vai à nossa frente e luta bravamente conosco para nos fazer vencer todas as batalhas basta estarmos atentos em vigilante oração que é a nossa arma de combate mais poderosa juntamente com a Sua Santa Palavra.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 5 de março de 2022

O CHAMADO QUE NOS LEVA PARA O CÉU...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 5,27-32)(05/03/22)

Caríssimos, os valores eternos da obediência, do amor e da justiça são para nós amparo, socorro, e a convicção de que é Deus mesmo que nos conduz por meio desses valores. Por outro lado, os valores monetários, estéticos, políticos, e todos os outros ditos humanos, são só aparentes, porque são reconhecidos apenas enquanto aqui existimos. Uma vez que, após a morte, tudo o que é aparente desaparece como fumaça que se esvai em meio a atmosfera que nos envolve.

Sem dúvida alguma, muitos buscam riqueza, poder, prazer, fama e tantas outras influências que já não teem tempo para Deus, ou seja, vivem tão ocupandos com seus interesses mesquinhos, que se esquecem que Deus é a única Fonte de vida eterna, e sem Ele ninguém é feliz. No entanto, quando caem no vazio existencial se lembram Dele, seja para pedir socorro ou renega-lo dependendo dos valores humanos e cristãos que ainda trazem em suas almas.

Com efeito, esta liturgia de hoje vem nos mostrar a necessidade de uma constante conversão, ou seja, de voltarmos para o Senhor de todo coração e segui-lo fielmente até o fim de nossos dias neste mundo. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus olha para o cobrador de impostos Levi e lhe diz: "Segue-me." O seu olhar e chamado são tão envolventes e irresistível que ele deixa tudo para segui-lo.

De certo, sentir-nos chamados pelo Senhor Jesus, como os Apóstolos sentiram, é percorrer o mesmo caminho de conversão que nos leva à conformidade com o Senhor, como nos ensina são João: "Aquele que afirma permanecer nele deve também viver como ele viveu." (Jo 2,6). Em outras palavras, significa deixar o barulho deste mundo para nos manter na quietude da paz interior que o chamado do Senhor nos proporciona.

Portanto, caríssimos, o chamado que o Senhor Jesus nos faz se transforma em seguimento que é a nossa participação na sua vida divina e sua missão, de modo que, tudo o que recebemos dessa comunhão com Ele, transmitimos ao próximo, àqueles com quem convivemos e também os que estão longe. Isto é, fazer do nosso viver o Seu Evangelho vivo para que seja lido e vivido por todos que encontramos a caminho do Reino dos céus. 

Destarte, o chamado é sempre uma revelação do infinito amor de Deus por nós, um amor que não pára diante de nenhuma adversidade. O certo é que o Senhor Jesus nos chama e nos dar a graça de segui-lo fielmente num processo de conversão permanente que consiste em deixar os valores passageiros deste mundo, pelos valores eternos do Seu Reino.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 4 de março de 2022

A PRÁTICA DA FÉ REQUER EMPENHO, DETERMINAÇÃO E COERÊNCIA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 9,14-15)(04/02/22)

Caríssimos, a prática da fé não é um ato meramente externo, natural, baseado no instinto de proteção; e não é uma busca fantasiosa; ou uma criação da mente, nem tão pouco uma teoria ou uma filosofia de vida; mas sim uma relação íntima com Deus, ao encontra-lo no coração das nossas almas, isto é, na nossa consciência, e com Ele dialogarmos como seus filhos e filhas.

De fato, nesse encontro espiritual com o Senhor, o dom da oração é fundamental, porque é o espaço sagrado em que o encontramos e com Ele mantemos um diálogo justo, santo, expondo não somente o que precisamos, mas principalmente o quanto o amamos, o louvamos e agradecemos por todos os benefícios que Dele recebemos.

Desse modo, compreendemos que, como é a nossa oração, assim é também a nossa vida. Se a nossa oração é esse diálogo amoroso em que falamos e silenciamos para ouvir as suas inspirações e depois traduzi-las na nossa prática de vida por meio da caridade fraterna, da justiça, bondade, humildade, perdão, compreensão e as outras virtudes, é sinal de que realmente o encontramos e permanecemos na Sua Presença. Porque, é dessa relação com o Senhor que nasce a nossa relação com os nossos irmãos e irmãs.

Todavia, se a nossa prática da fé brotar de uma oração superficial, que não se traduz em gestos concretos de solidariedade e amor fraterno nas nossas relações interpessoais, obviamente ouviremos do Senhor o que Ele revelou ao profeta Isaías: "Esse povo vem a mim apenas com palavras e me honra só com os lábios, enquanto seu coração está longe de mim e o temor que ele me testemunha é convencional e rotineiro." (Is 29,13).

Portanto, caríssimos, sejamos cuidadosos e prestemos muita atenção às tentações que chegam à nossa mente para não cairmos em tais ciladas do inimigo de nossas almas, principalmente a tentação do falso julgamento, das comparações indevidas e das críticas impiedosas que não passam de hipocrisia fruto de uma mente doentia, e da prática superficial da fé que consiste em investigar a vida dos outros, ao invés de ser misericordiosos, compreensivos, afáveis e caridadosos.

Destate, as práticas quresmais da oração, do jejum e das obras de misericórdia, assumem o seu real sentido quando nos conduz a um viver mais solidário, fraterno, misericordioso e repleto de compaixão, porque somente assim testemunhamos verdadeiramente que Deus se faz presente na nossa vida.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 3 de março de 2022

SE ALGUÉM QUER ME SEGUIR... TOME A SUA CRUZ DE CADA DIA E SIGA-ME...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 9,22-25)(03/03/22)

Caríssimos, dentre os acontecimentos desta breve vida natural, o mais trágico de todos é a morte, porque significa desaparecer, sumir como presença real, por isso, quando um ente querido morre, seus parentes sentem sua perda, no entanto, permanece a lembrança dos momentos felizes impressa em suas almas, e logo dizem: quanta saudade... Quanta falta nos faz... De fato, o que seria de nós sem a garantia da vida eterna que o Senhor Jesus nos dá (cf. Jo 14,1-6)?

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus anuncia que sofrerá muito e será morto por seus algozes, os anciãos, os sumos sacerdotes e doutores da Lei; mas também anuncia que no terceiro dia ressuscitará. Por isso, alerta os seus discípulos e a todos os seus seguidores: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará. Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo?” (Mc 9,22-25).

De fato, mesmo em meio as provações que sofremos neste mundo por conta da nossa finitude, a esperança que nasce da fé na ressurreição nos dá uma enorme sensação de segurança, porque não vivemos para este mundo nem para nós mesmos, mas sim para Deus que nos criou por amor e nos sustenta na vida por sua Divina Providência; e caso falharmos não correspondendo ao Seu amor, logo vem em nosso socorro por Sua Divina Misericórdia.

No entanto, não basta nos sentirmos amados, perdoados e queridos até a última gota do Sangue de Cristo; é preciso perseverarmos no estado de graça, isto é, na comunhão com o Senhor, porque, caso contrário, facilmente nos deixamos dominar pelo pecado que causa a morte de quem o comete. 

De certo, a quaresma é um tempo de treinamento que fazemos por meio da oração, da penitência e das obras de misericórdia a fim de nos fortalecer no combate espiritual contra as tentações e o pecado, de modo que, vencendo a nós mesmos, venceremos todos os inimigos visíveis e invisíveis, mas isso só é possível mediante a renúncia de si mesmo, para seguirmos o Senhor Jesus, levando a nossa cruz de cada dia. Aliás, depois da crucifixão do Senhor Jesus, ninguém entra no céu sem antes passar pelo crivo da cruz.

Portanto, caríssimos, recitemos com profunda devoção esta apaixonante exortação de são Paulo: "Meu ardente desejo e minha esperança são que em nada serei confundido, mas que, hoje como sempre, Cristo será glorificado no meu corpo (tenho toda a certeza disto), quer pela minha vida quer pela minha morte. Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro." (Fl 1,20-21).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 2 de março de 2022

QUARESMA TEMPO DE CONVERSÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA 

(Mt 6,1-6.16-18)(02/03/22)

Caríssimos, a quaresma é um tempo privilegiado de conversão, de combate espiritual, de jejum medicinal e curativo, e sobretudo tempo de escuta da Palavra de Deus, que é a sua voz escrita nos falando diretamente, e de uma catequese mais aprofundada que nos recorda os grandes temas batismais em preparação para a Páscoa. 

Nesse tempo o povo de Deus empreende um esforço exigente, porém, libertador, que deve abri-lo ao chamado do Senhor e da comunidade cristã. Privando-se do alimento terreno nas múltiplas formas que se lhe apresentam, aprenderá a saborear, acima de tudo, o Pão da Palavra de Deus e o Pão da Eucaristia, alimentos da alma a caminho da vida eterna, desse modo, sentirá o dever de compartilhar os bens deste mundo com os mais necessitados.

Com efeito, são três os exercícios quaresmais pelos quais nos entregamos inteiramente a Deus para acolher a sua vontade e realiza-la por meio da nossa prática de vida, a saber: oração, penitência ou jejum e esmola. A primeira delas, a oração, é um encontro filial feito com o Senhor no coração da nossa alma que é a nossa consciência por onde passa todos os pensamentos e de onde nascem as nossas escolhas e decisões, e o estado de alma que resulta da nossa prática da fé.

O segundo exercício quaresmal é a penitência ou jejum; que não significa somente privar-se de algum alimento, mas, mortificar o que em nós não é a vontade de Deus, como nos ensinou são Paulo: "Mortificai, pois, os vossos membros no que têm de terreno: a devassidão, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria. Dessas coisas provém a ira de Deus sobre os descrentes." (Cl 3,5-6).

O terceiro e último exercício quaresmal, é a esmola; pois, fazer o bem, é o critério que autentica a nossa fé, uma vez que Deus nos criou somente para fazermos o bem e sem olhar a quem e sem esperar recompensa ou agradecimento, porque quem faz o bem, é recompensado por Deus pelo bem feito, ou seja, se sente bem, como nos ensinou são Paulo: "Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na fé." (Gl 6,7-10).

Portanto, caríssimos, o ápice da nossa fé, é o nosso encontro pessoal com o Senhor Jesus na Eucaristia, porque comungar o Senhor, é ser um só com Ele, é ser o seu sacrário vivo, e leva-lo à todas as pessoas que encontrarmos neste mundo. 

Destarte, celebrar a Eucaristia nesse Tempo da Quaresma, é percorrer com o Senhor Jesus o itinerário da provação que pertence à Igreja e pessoalmente a cada um de nós que professamos a fé; é assumir decididamente a obediência filial ao Pai, e o dom de si aos irmãos e irmãs, porque isso constitui o nosso sacrifício espiritual.

Uma santa e perseverante quaresma para todos...

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.

EIS QUE DEIXAMOS TUDO PARA TI SEGUIR...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mc 10,28-31)(01/03/22)

Caríssimos, olhando este mundo repleto de tentações, pecados, guerras, violência, sofrimentos e tanta maldade, se confiarmos em nós mesmos, nos sentimos inseguros, angustiados, preocupados, cheios de medos, e até sofremos a tentação de pensar que Deus abandonou este mundo deixando-o à mercê do mal. No entanto, ao meditarmos nos sofrimentos de nosso Senhor Jesus Cristo, entendemos que Deus padece conosco as nossas dores para nos libertar da morte e de todo mal.

São Paulo na sua Carta aos Romanos escreveu: "Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada. Por isso, a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus. Pois a criação foi sujeita à vaidade (não voluntariamente, mas por vontade daquele que a sujeitou), todavia com a esperança de ser também ela libertada do cativeiro da corrupção, para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus." (Rm 8,18-21).

De fato, a felicidade tem nome e se chama Jesus Cristo, o Filho amado de Deus, que por seu sacrifício de cruz nos libertou para sempre do pecado e do poder do inferno. De certo, quem vive em comunhão permanente com o Senhor experimenta a sua amizade, o seu amor pela obediência à sua Palavra, como Ele nos ensinou: "Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros. Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós." (Jo 15,14.17-18).

Na primeira leitura assim nos exorta são Pedro: "Por isso, preparai a vossa mente; sede sóbrios e ponde toda a vossa esperança na graça que vos será oferecida na revelação de Jesus Cristo. Como filhos obedientes, não modeleis a vossa vida de acordo com as paixões de antigamente, do tempo da vossa ignorância. Antes, como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos, também vós, em todo o vosso proceder. Pois está na Escritura: “Sede santos, porque eu sou santo”.

No Evangelho de hoje Pedro sentindo-se inseguro quanto ao futuro se dirigiu ao Senhor com estas palavras: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. Respondeu Jesus: “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida — casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições — e, no mundo futuro, a vida eterna."

Portanto, caríssimos, e nós o que deixamos para seguir o Senhor Jesus? Se a nossa resposta for, deixamos tudo, fiquemos certos de que a mesma resposta que Ele deu aos Apóstolos, também dá a cada um de nós, e isso é a garantia da nossa salvação.

Destarte, recitemos de coração estas palavras de santa Tereza D'Avila, pois, são conforto e segurança para as nossas almas:

"Nada te perturbe,

nada te amedronte

tudo passa

a paciência tudo alcança...

A quem tem Deus

nada falta

só Deus basta."

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

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