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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

BENS TRANSITÓRIOS X BENS ETERNOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 10,17-27)(28/02/22)

Caríssimos, a riqueza material sempre foi uma fonte de atração por conta das vantagens que aparentemente oferece, por isso, um número incalculável de homens e mulheres desejam ser ricos pensando que todos os seus problemas serão resolvidos; e no entanto, no mais das vezes, tal riqueza tem sido uma fonte de infelicidade e perdição devido o apego que gera o hedonismo, egoísmo e tantos outros males, tornando a vida sem sentido, além do que, após a morte, nada de proveito poderão levar.

No Evangelho de hoje um homem rico se aproximou do Senhor Jesus e perguntou: "Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” Jesus disse: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. Tu conheces os mandamentos: não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não prejudicarás ninguém; honra teu pai e tua mãe!”

Ele respondeu: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude”. Jesus olhou para ele com amor, e disse: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!” De fato, por essa resposta compreendemos que não basta somente o cumprimento formal dos mandamentos, uma vez que o seguimento do Senhor requer a renúncia de si mesmo e de todos os apegos para segui-lo livremente.

Com efeito, no seu colóquio com o homem rico, o Senhor Jesus usou quatro verbos decisivos que postos em prática nos faz seus verdadeiros discípulos: ir, vender, dar e seguir. Esses verbos quando impulsionados pela fé, nos une totalmente ao Senhor que por seu infinito amor nos conduz ao verdadeiro tesouro do céu, como Ele disse ao seu interlocutor: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!"

Portanto, caríssimos, no final desse episódio vimos que o homem rico teve a maior oportunidade da sua vida, ou seja, encontrar o Senhor Jesus e manter um diálogo com Ele; porém, porque pensou a partir da riqueza que possuía e não da que lhe foi prometida, decidiu não seguir o Senhor, por se apegar desordenadamente aos bens transitórios e não dar importância alguma aos bens eternos. 

Destarte, também o nosso encontro com o Senhor Jesus é sempre um aprendizado que nos leva à renúncia de nós mesmos e dos nossos apegos, pois, somente assim nos pomos totalmente disponíveis para segui-lo como único caminho que nos leva ao tesouro da vida eterna.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

HOMILIA DO 8° DOM DO TEMPO COMUM...


 Homilia do 8°Dom Tempo Comum (Lc 6,39-45)(27/02/22)

Caríssimos, a vida que vivemos é uma expressão do nosso devir, ou seja, do nosso vir a ser eterno, por isso, todas as nossas ações são julgadas desde o momento que as praticamos; no entanto, estamos no tempo da misericórdia divina, em que podemos nos arrepender dos pecados cometidos e sermos perdoados para não voltar a comete-los, caso contrário, nos condenamos a nós mesmos.

Com efeito, dado esse enunciado, entendemos que todos somos réus e não juízos uns dos outros, como nos ensinou são Tiago: "Meus irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de seu irmão, ou o julga, fala mal da lei e julga a lei. E se julgas a lei, já não és observador da lei, mas seu juiz. Não há mais que um legislador e um juiz: aquele que pode salvar e perder. Mas quem és tu, que julgas o teu próximo?" (Tg 4,11-12).

Com efeito, a Palavra de Deus é a Sua voz escrita e a sua garantia de que ela se cumpre na íntegra assim que a pomos em prática, de modo que, experimentamos os frutos dos seus benefícios em nossas almas. Todavia, se por um lado Ela é incentivo e fonte inesgotável de todas as graças que necessitamos; por outro, ela é o parâmetro com o qual o justo juiz que nos julgará quando da nossa partida deste mundo.

No Evangelho de hoje, disse o Senhor Jesus: "Por que vês o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu próprio olho? Como podes dizer a teu irmão: irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tu não vês a trave no teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão." Ou seja, "tirar a trave do olho", significa reconhcer os próprios pecados e corrigir-los, para depois fazer uma coerente correção fraterna que consiste em ajudar o próximo a liberta-se dos pecados que cometera. 

Portanto, caríssimos, quem julga o próximo sem misericórdia, será julgado do mesmo modo; quem condena será condenado; quem perdoa será perdoado. De fato, toda vez que julgamos alguém, trazemos para dentro de nós os pecados julgados e a imagem negativa de quem julgamos, e isso, ocupa o espaço de Deus em nossas almas; ora, e onde não existe espaço para Deus, se faz presente toda espécie de mal.

Destarte, a maior fonte de alegria e paz é o perdão, porque quando perdoamos, é Deus quem perdoa por meio de nós, uma vez que o perdão é um dom de libertação para nós e para aqueles a quem perdoamos; por isso, nunca traga para dentro de si a imagem negativa de quem quer que seja, pois, de uma mesma fonte não pode sair água pura e água podre, isto é, o bem e o mal.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

A ORAÇÃO, A INOCÊNCIA E O REINO DE DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 10,13-16)(26/02/22)

Caríssimos, a liturgia de hoje nos propõe dois temas de suma importância para a vivência da fé: a oração como caridade fraterna, e o ser como criança para entrar no Reino de Deus. Com efeito, a oração é o meio pelo qual nos unimos ao Senhor Jesus e Nele permanecemos para darmos os frutos dessa união, como Ele nos ensina: "Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos." (Jo 15,7-8).

Na primeira leitura são Tiago nos exorta a respeito do poder da oração de intercessão: "Caríssimos, se alguém dentre vós está sofrendo, recorra à oração. Se alguém está alegre, entoe hinos. Se alguém dentre vós estiver doente, mande chamar os presbíteros da Igreja, para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração feita com fé salvará o doente e o Senhor o levantará. E se tiver cometido pecados, receberá o perdão."

De fato, "a oração perseverante, que no seu apogeu se faz sacramento, firmada na ajuda fraterna, é o segredo da força misteriosa que sustenta cada cristão e toda comunidade na alegria e na dor, na provação e na doença, na tentação e no pecado. O cristão que ora está unido a Cristo, participa da sua força de salvação e vive na alegria. De modo particular, a Eucaristia é a prece em que mais explicitamente se manifesta o agradecimento e a confissão dos pecados, a intercessão pelos doentes e as súplicas pelo perdão de todos os homens." (MR).

No Evangelho de hoje os pais traziam suas crianças para serem abençoadas pelo Senhor Jesus, todavia, os Apóstolos as proibiam de se aproximar Dele, ao que os Senhor os repreendeu dizendo: "Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas. Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”. Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos."

Portanto, caríssimos, esse episódio nos chama a atenção pelas virtudes que observamos nas crianças, e também em nós, se formos como elas; trata-se da inocência, espontaneidade, disponibilidade, humildade e a convivência fraterna dentre tantas outras; de certo, são essas virtudes que revelam que o Reino de Deus a elas pertence, como também a nós se as praticarmos.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

O QUE DEUS UNIU, O HOMEM NÃO SEPARE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 10,1-12)(25/02/22)

Caríssimos, vivemos numa sociedade dividida pelo pecado, em que homens e mulheres estão se deixando levar pelo espírito de egoísmo, interesses mesquinhos, fornicação, adultério e tantos outros que mancham suas almas. E com isso não dão mais espaço para o Espírito do Senhor, que é a única Fonte da verdadeira unidade naqueles que se deixam conduzir por Ele. Sem dúvida, a facilidade em ceder às tentações, é o motivo da perca da liberdade e da paz interior. 

Com efeito, no Evangelho de hoje mais uma vez os fariseus, cheios de más intenções, tentam fazer o Senhor Jesus cair em alguma contradição para o condenarem, por isso, lhe perguntam se é lícito ou não o divórcio; ao que o Senhor lhes perguntou: “O que Moisés vos ordenou?” Eles responderam: “Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio e despedi-la”. 

Jesus então disse: “Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu este mandamento. No entanto, desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!"

O Concílio Vaticano II, assim se expressa a respeito do Sacramento do Matrimônio: "A íntima comunidade da vida e do amor conjugal, fundada pelo Criador e dotada de leis próprias, é instituída por meio da aliança matrimonial, eu seja, pelo irrevogável consentimento pessoal. Deste modo, por meio do ato humano com o qual os cônjuges mùtuamente se dão e recebem um ao outro, nasce uma instituição também à face da sociedade, confirmada pela lei divina. 

Em atenção ao bem dos esposos, dos filhos e também da sociedade, este sagrado vínculo não está ao arbítrio da vontade humana. O próprio Deus é o autor do matrimônio, o qual possui diversos bens e fins, todos eles da máxima importância, para a continuidade do gênero humano, para o proveito pessoal e o destino eterno de cada membro da família, para a dignidade, estabilidade, paz e prosperidade da sociedade humana. 

Esta união íntima, entrega recíproco de duas pessoas, exige do mesmo modo, o bem dos filhos, a inteira fidelidade dos cônjuges e a indissolubilidade da sua união." (GS 48).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

O CUIDADO COM OS SENTIDOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 9,41-50)(24/02/22)

Caríssimos, o nosso livre arbítrio é o poder de decisão que Deus nos deu em vista somente do bem de todos e nunca para a prática do mal. De fato, o poder natural que temos quando exercido por amor a Deus, torna-se uma dádiva inigualável, porque realiza os seus desígnios de amor para a salvação de todos. Todavia, quando exercido para oprimir e maltratar seus filhos e filhas, torna-se uma pedra de tropeço para quem o exerce.

Na primeira leitura são Tiago nos mostra que a riqueza acumulada leva a alma de tais acumuladores à total ruína e perdição eterna. Diz ele: "E agora, ricos, chorai e gemei, por causa das desgraças que estão para cair sobre vós. Vossa riqueza está apodrecendo, e vossas roupas estão carcomidas pelas traças. Vosso ouro e vossa prata estão enferrujados, e a ferrugem deles vai servir de testemunho contra vós e devorar vossas carnes, como fogo!"

Com efeito, essa linguagem parece muito severa, todavia, ela é uma antecipação do que acontecerá no juízo final, em que não se terá mais o livre arbítrio, e por isso, não se pode voltar atrás nas decisões tomadas em vista do mal, porque, uma vez praticado, ele fica registrado na alma e não tem como apagar, isto porque o tempo do arrependimento e da conversão termina com o último respiro, restando apenas a justa sentença que será pronunciada contra os que se deram às práticas maléficas.

No Evangelho de hoje, o Senhor Jesus disse: "Se tua mão te leva a pecar, corta-a! É melhor entrar na Vida sem uma das mãos, do que, tendo as duas, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. Se teu pé te leva a pecar, corta-o! É melhor entrar na Vida sem um dos pés, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno. Se teu olho te leva a pecar, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno, ‘onde o verme deles não morre, e o fogo não se apaga’”.

De certo, nessa passagem o Senhor Jesus nos alerta para o bom uso dos sentidos, pois, mesmo que percamos parte deles evitando o mal procedimento, essa disciplina necessária nos mantém em estado de graça e nos livra da condenação eterna ao fogo do inferno. Ou seja, não se trata de cortar os membros físicos, mas sim o mal uso deles. 

Portanto, caríssimos, para bom entendedor meia palavra basta, ou seja, o Senhor Jesus está nos dizendo claramente: usa os dons que Deus te deu somente para o bem, porque esta é a sua vontade. Destarte, felizes são todos aqueles que fazem de sua vida uma expressão da Presença de Deus neste mundo pela prática das virtudes e dos dons que Dele receberam em vista da salvação de todos.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

TODOS SOMOS RÉUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 9,38-40)(23/02/22)

Caríssimos, a brevidade da vida natural é uma realidade que nos toca diretamente, pois, a todo instante vemos que a vida de tantos se esvai como um sopro, e poucos são os que se dão conta disso evitando viver desordenadamente. No Salmo responsorial desta liturgia meditamos: "Ninguém se livra de sua morte por dinheiro nem a Deus pode pagar o seu resgate. 

A isenção da própria morte não tem preço; não há riqueza que a possa adquirir, nem dar ao homem uma vida sem limites e garantir-lhe uma existência imortal. Morrem os sábios e os ricos igualmente; morrem os loucos e também os insensatos, e deixam tudo o que possuem aos estranhos." (Sl 48).

De fato, pesa sobre nós uma sentença de morte que cedo ou tarde se cumprirá mesmo que não queiramos. No entanto, meditando com estas palavras do profeta Miqueias: "Já te foi dito, ó homem, o que convém, o que o Senhor reclama de ti: que pratiques a justiça, que ames a bondade, e que andes com humildade diante do teu Deus." Percebemos que essas virtudes, são graças derramadas por Deus em nossas almas para nos manter na vida ao pratica-las.

No Evangelho de hoje o Apóstolo João cheio de zelo se dirige ao Senhor Jesus com estas palavras: "Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue”. Jesus lhe disse: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é a nosso favor”. De fato, a graça é de Deus, e Ele a concede a quem verdadeiramente está disposto a recebe-la, mesmo que não faça parte dos nossos.

Portanto, caríssimos, não somos os donos da Verdade nem juízes uns dos outros, pelo contrário, todos somos réus e seremos julgados por Deus que a todos conhece perfeitamente, como está escrito na Carta aos Hebreus: "Nenhuma criatura lhe é invisível. Tudo é nu e descoberto aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas." (Hb 4,13). Destarte, cabe a nós sermos justos aos olhos do Senhor Jesus, seguindo-o fielmente como o fizeram os Apóstolos e todos os santos e santas de todos os tempos.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

FESTA DA CÁTEDRA DE SÃO PEDRO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 16,13-19)(22/02/22)

Caríssimos, a Igreja hoje celebra a Festa da Cátedra de Pedro Apóstolo, Príncipe dos Apóstolos, de cujo nome vem a sigla "PAPA" concedida a Pedro e aos seus sucessores. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus interroga os Apóstolos a seu respeito: "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?"

De fato, eles foram surpreendidos por essa pergunta pessoal, no entanto, a resposta veio do céu pela boca de Simão Pedro: "Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.

Com efeito, Deus Pai enviou o Seu Filho amado a este mundo para realizar por seu sacrifício de cruz a obra da Redenção da humanidade; e após a sua morte e ressurreição permanece no meio de nós na Sua Igreja, que é o Sacramento Universal da salvação, por isso, a Igreja é Santa, Católica, Apostólica, Romana; e como afirma são Paulo: "Cristo é a Cabeça do corpo, da Igreja." (Col 1,18a). Ou seja, a Igreja é Cristo, e Cristo é a Igreja; por isso, a Igreja é Santa, e aí de nós se não formos santos dentro dela.

Portanto, caríssimos, essa Festa se reveste de uma importância sem igual, porque confirma a escolha de Pedro e seus sucessores como representantes do Senhor Jesus na terra, como também confirma a permanência da Igreja até o fim dos tempos. De fato, a Palavra do Senhor Jesus é eterna e se cumpre na íntegra, como Ele mesmo disse: "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão." (Mt 24,35).

Destarte, a mais de dois mil anos o Senhor Jesus vem construindo a Sua Igreja sobre a rocha de Pedro Apóstolo, Príncipe dos Apóstolos, e continuará conduzindo as suas ovelhas para o Reino dos céus, por meio do Seu Vigário aqui na terra, cumprindo com isso o que afirma no Evangelho de hoje: "Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la."

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

TUDO É POSSÍVEL AO QUE CRÊ...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 9,14-29)(21/02/22)

Caríssimos, conhecemos os nossos limites; por isso, tudo o que os ultrapassa nos torna impotentes ou incapazes de vence-los, e isso nos leva a buscar ajuda para sanar tal situação; no entanto, em se tratando da fé, essa nos leva a crer firmemente no poder de Deus que vem em nosso socorro assim que o buscamos por meio da oração, e desse modo transpormos os limites da nossa incapacidade. É isso o que meditaremos nesta liturgia.

No Evangelho de hoje vemos a impotência dos discípulos diante de um caso de exorcismo que eles não conseguiram resolver, porém, quando viram o pai da criança recorrer ao Senhor Jesus, a solução foi imediata, e a criança foi libertada totalmente do mal que a possuía. De fato, três fatores foram fundamentais para a expulsão do maligno, a fé, a oração de intercessão e a ação direta do Senhor Jesus.

Na primeira leitura, são Tiago nos mostra como o maligno se infiltra numa comunidade para destruí-la: "Caríssimos, quem dentre vós é sábio e inteligente? Que ele mostre, por seu reto modo de proceder, a sua prática em sábia mansidão. Mas se fomentais, no coração, amargo ciúme e rivalidade, não vos glorieis nem procedais em contradição com a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto. Ao contrário, é terrena, materialista, diabólica! Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más."

Por outro lado, ele nos mostra como uma comunidade se mantém unida não permitindo a ação do maligno em seu meio: "A sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento. O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz."

Portanto, caríssimos, uma comunidade fundamentada nessas virtudes tende a crescer e dar frutos de unidade, alegria, paz, amor e tantos outros que geram harmonia e bem estar entre os seus membros, desse modo, a fraternidade gerada pelo estado de graça revela a presença do Espírito Santo nela, Ele que é o doador de todos os dons e virtudes.

Destarte, escutemos humildemente com amor estas palavras que o Senhor Jesus dirigiu aos discípulos após indagarem por que não conseguiram expulsar o maligno daquela criança: “Essa espécie de demônios não pode ser expulsa de nenhum modo, a não ser pela oração”. Ou seja, como disse o Senhor ao pai da criança: "Tudo é possível para quem tem fé”. Então, compreendemos que é pela oração e pela fé que se manifesta o seu poder.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 20 de fevereiro de 2022

"SEDE MISERICORDIOSOS COMO O VOSSO PAI É MISERICORDIOSO."


 Homilia do 7°Dom Tempo Comum (Lc 6,27-38)(20/02/22)

Caríssimos, alhando este mundo pela lógica e os critérios racionais vemos que ele se destina para uma grande ruína, e isto fica claro pelo o aumento da criminalidade e da maldade que se alastra como uma peste incurável que destrói a todos os que contagia. Em outras palavras, é como se não houvesse mais nenhuma solução ou salvação para livrar a humanidade desse precipício no qual está caíndo.

De certo, nós que vivemos da fé, não seguimos esta lógica fria, racionalista, sem esperança alguma; pelo contrário, seguimos a lógica do mandamento do amor que o Senhor Jesus nos ensina, como o ouvimos no Evangelho de hoje: “A vós, que me escutais, eu digo: Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam." De fato, essa é a única lógica que vence o mal que está no mundo.

Com efeito, também nesse mesmo Evangelho, cujas sentenças se cumprem na íntegra à medida que as obedecemos, assim nos fala o Senhor: "Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no vosso colo; porque, com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos”. (Lc 6,36-38).

Todavia, perguntamos, como viver esse Evangelho neste mundo aparentemente destruido pelo pecado e dominado pelo demônio? Só existe uma solução, vive-lo decididamente de todo o nosso coração, porque ele é a Palavra da Verdade que nos liberta, cura, salva e faz feliz, por isso, jamais somos vencidos por mal algum. Aliás, a Palavra do Senhor Jesus, é a sua voz escrita pela qual se comunica conosco e nos concede a graça que nos sustenta no seu seguimento.

Portanto, caríssimos, o Senhor Jesus se faz realmente presente em meio a nós no seio da sua Santa Igreja, por Sua Palavra proclamada em cada Santa Missa, pelos sete sacramentos, que são os sinais sensíveis da Sua Presença, e por meio das virtudes eternas que todos os batizados vivenciamos no nosso dia a dia. Destarte, permaneçamos fiéis até o dia eterno em que o Senhor Jesus nos fará entrar triunfantes com Ele na plenitude do Seu Reino.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 19 de fevereiro de 2022

CUIDADO COM O PECADO DA LÍNGUA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 9,2-13)(19/02/22)

Caríssimos, a liberdade humana é uma graça divina que nos foi dada somente para fazer o bem, fora desse propósito, torna-se um abismo de perdição inigualável, pois, não podemos, em hipótese alguma, usar os dons de Deus para a prática do mal. Na primeira de hoje são Tiago fala de um membro do nosso corpo cujo uso pode nos levar à felicidade eterna ou à destruição total da nossa vida; trata-se da língua, que ele compara a uma pequena chama que é capaz de incendiar e destruir uma floresta inteira, se alguém faz mal uso dela.

De fato, a palavra nos foi dada para vivermos em comunhão com Deus e entre nós, e nunca para criar divisões, discórdias, maledicências, mentiras e todo tipo de dasatino de que a língua ferina causa quando atiçada pelo inferno. A nossa fala é tão importante para o resultado final do nosso julgamento, que deveríamos pensar seriamente antes de abrir a nossa boca, pois, quem fala sem a inspiração divina, muito erra e causa a própria ruína.

Com efeito, os dois pecados mais praticados na face da terra são o julgamento injusto e o pecado da língua, e por incrível que pareça, esses pecados tem atingido um tão grande número de almas que poucos são as que estão fora desse ciclo de perversão. No Livro da Sabedoria assim está escrito: "Acautelai-vos, pois, de queixar-vos inutilmente, evitai que vossa língua se entregue à crítica, porque até mesmo uma palavra secreta não ficará sem castigo, e a boca que acusa com injustiça arrasta a alma à morte." (Sb 1,11).

Portanto, caríssimos, tomemos muito cuidado com o que dizemos, pois, como nos ensinou o Senhor, a nossa palavra será usada no dia do juízo final: "O homem de bem tira boas coisas de seu bom tesouro. O mau, porém, tira coisas más de seu mau tesouro. Eu vos digo: no dia do juízo os homens prestarão contas de toda palavra vã que tiverem proferido. É por tuas palavras que serás justificado ou condenado. (Mt 12,35-37).

Destarte, escutemos ainda o que está escrito no livro da Sabedoria: "Não procureis a morte por uma vida desregrada, não sejais o próprio artífice de vossa perda. Deus não é o autor da morte, a perdição dos vivos não lhe dá alegria alguma. Ele criou tudo para a existência, e as criaturas do mundo devem cooperar para a salvação. Nelas nenhum princípio é funesto, e a morte não é a rainha da terra, porque a justiça é imortal." (Sb 1,12-15).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

ATITUDES PARA SEGUIRMOS O SENHOR JESUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 8,34–9,1)(18/02/22)

Caríssimos, a nossa trajetória existencial é um êxodo que fazemos saíndo do Egito deste mundo para a terra prometida da nossa salvação. Com efeito, temos um condutor perfeito, nosso Senhor Jesus Cristo, basta segui-lo fielmente até chegarmos ao Paraíso, para o qual está nos conduzindo; quanto ao caminho, é Ele mesmo, por isso, não temos medo de errar; e como o seguimos? Ouvindo a voz da sua Palavra ressoando em nossas almas, comunicando-nos a vontade de Deus Pai; cabe a nós obedece-lo.

No Evangelho de hoje, o Senhor Jesus nos indica três atitudes fundamentais que precisamos ter para segui-lo fielmente, são elas: "Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga." Vejamos então o significado de cada uma delas: "Renunciar a si mesmo", significa depender cem por cento de Deus, como dependemos do ar que respiramos, pois, nenhuma criatura é autossuficiente, ou seja, depende sempre.

"Tomar a nossa cruz", significa enfrentar as adversidades deste mundo com paciência e mansidão certos de que estas virtudes jamais nos faltará se confiamos no Senhor, porque Ele nunca falha. Por fim, "segui-lo", isto é, obedece-lo, ama-lo e se deixar amar por Ele, porque sem o Seu Amor, sem a sua direção, não sabemos quem somos nem para onde vamos, só sabemos que existimos e nada mais.

De fato, seguir o Senhor Jesus, é por em prática os seus ensinamentos, porque são lições que nos levam à santidade, à vida eterna. Escutemos, então, a sua Palavra: "Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho vai salvá-la.

Com efeito, de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perde a própria vida? E o que poderia o homem dar em troca da própria vida? Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras diante dessa geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele quando vier na glória do seu Pai com seus santos anjos”.

Portanto, caríssimos, não basta sermos batizados e dizermos que somos cristãos, mais do que isso, se faz necessário buscarmos a santidade por uma vida digna da presença do Senhor; sem essa graça as nossas afirmações são palavras ditas ao vento, carente de autêntico testemunho a toda prova.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

TEMPO É VIDA...


 TEMPO É VIDA...

Sabe de uma coisa...

O tempo é aquele elemento que percebemos porque o contamos...

Porque envelhecemos...

Porque sentimos que tudo passa...

Ainda que em certos momentos gostaríamos que ele ficasse parado para saborearmos só mais um pouquinho o estado de graça que pedimos a Deus...

Sabe aquele pedacinho do céu aqui na terra?

De fato, esse elemento passageiro às vezes nos surpreende com lembranças agradáveis, que nos chega como saudade...

É um recordo da infância, adolescência...

Quando a vitalidade era tanta que até nos sentíamos eternos como se o tempo deveras não existisse... 

Sabe de uma coisa... 

Falando um tanto mais desse elemento, passado e futuro estão sempre no presente... 

Porque o passado não ficou, ele nos acompanha cheio de recordações... 

E o futuro é agora, único momento que realmente temos, para faze-lo cheio de zelo e das virtudes eternas em que Deus se faz presente nelas, porque tudo lhe pertence... 

Sabe de uma coisa...

Descobri, por graça de Deus, que Ele nos deu o tempo para nos conduzir à eternidade, por isso, esse elemento transparente nunca para... 

Ele tem pressa, porque sabe que o melhor está por vir...

Basta sermos atentos, isto é, não perdermos tempo com coisas fúteis que em nada nos ajuda, porque são pedras de tropeços que pomos contra nós mesmos, quando perdemos nosso precioso tempo com isso... 

De certo, tempo é vida, e o melhor tempo é aquele que damos a Deus que no-lo deu para O encontrar a todo instante do nosso viver e Nele permanecermos... 

E com Ele adentrarmos na eternidade onde o tempo contado não mais existe, porque foi absorvido por ela na qual já estava como tempo de espera...

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

FOMOS LIBERTADOS PARA VIVERMOS EM ESTADO DE GRAÇA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 8,22-26)(16/02/22)

Caríssimos, depois que as trevas do pecado entrou na natureza humana pela desobediência, entrou nela o desentendimento, a falta precisa de discernimento, e a perca da perfeita comunhão com Deus. Desse modo, ficamos reféns do inimigo de nossas almas e por isso foi preciso a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, para nos libertar desse terrível adversário e da morte advinda do pecado cometido.

De fato, com a vinda do Senhor Jesus, como nosso Salvador, fomos libertados, mas não isentos das tentações, pois, os que são livres é que as sofrem, porque se caírem voltarão à escravidão do pecado; no entanto, com o auxílio da graça que recebemos, podemos combate-las e vence-las, bem como nos ensinou são Paulo: "De agora em diante, pois, já não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo. A lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da lei do pecado e da morte." (Rm 8,1-2).

O Evangelho de hoje narra a cura de um cego que algumas pessoas trouxeram a Jesus e pediram que Ele o tocasse. O Senhor o fez e o cego ficou enchergando todas as coisas com nitidez. De fato, esse episódio nos revela a eficácia da oração de intercessão, e também o modo como Deus age para nos libertar dos males que por algum motivo fomos atingidos. 

De certo, a fé no poder do Senhor Jesus, transforma a escuridão da nossa vida com a luz da sua graça divina que nos faz enchergar nitidamente tudo o que diz respeito à nossa salvação, para assim vivermos na Sua presença iluminados com a luz do Espírito Santo, e desse modo evitarmos as trevas do pecado.

Portanto, caríssimos, escutemos humildemente estas palavras de São Tiago que nos ensina como fazermos a vontade de Deus: "Meus amados irmãos, sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Com efeito, aquele que ouve a Palavra e não a põe em prática é semelhante a uma pessoa que observa o seu rosto no espelho: apenas se observou, vai-se embora e logo esquece como era a sua aparência.

Aquele, porém, que se debruça sobre a Lei da liberdade, agora levada à perfeição, e nela persevera, não como um ouvinte distraído, mas praticando o que ela ordena, esse será feliz naquilo que faz. Se alguém julga ser religioso e não refreia a sua língua, engana-se a si mesmo: a sua religião é vã." (Tg 1,22-27). Ou seja, a graça nos é dada para pormos em prática e assim obtermos o resultado que tanto precisamos.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

CUIDADO COM O FERMENTO DOS FARISEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 8,14-21)(15/02/22)

Caríssimos, existe um ditado popular que nos faz entender claramente o tema da liturgia de hoje: "Para bom entendedor meia palavra basta." E a razão é muito simples, nós expomos, com o nosso viver, quem somos, isto é, nossas intenções, interesses, desejos, e o que trazemos na alma. Porém, se tudo isso for uma somatória de contradições em relação à Palavra de Deus, permitimos que a incoerência e a hipocrisia, nos leve à prática das más ações.

Com efeito, na primeira leitura são Tiago nos mostra que estamos numa grande luta espiritual e que saímos vitoriosos à medida que resistimos às tentações nos mantendo em comunhão com a vontade de Deus. Diz ele: "Feliz o homem que suporta a provação. Porque, uma vez provado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu àqueles que o amam." 

De fato, em certos momentos sentimos chegar à nossa mente pensamentos vãos, desordenados e estranhos; e mesmo que não queiramos, muitas vezes eles insistem; é aí que se dá o combate pela oração, e pela não aceitação de tais pensamentos. São Paulo assim nos ensina sobre esta luta: "Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela." (1Cor 10,13).

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus em colóquio com os Apóstolos, os adverte a respeito do fermento dos fariseus, que se diziam fiéis cumpridores da Lei de Deus, mas na verdade, a violavam constantemente pela falta de humildade, de misericórdia e caridade, por isso, perseguiam o Senhor Jesus com ódio mortal. De certo, tomemos cuidado com esse fermento, pois, é um terrível veneno para quem se deixa fermentar por ele.

Comentando este Evangelho, disse o Papa Francisco: "Este fermento — diz Jesus — é perigoso. Precavei-vos. É a hipocrisia”. O Senhor não tolera a hipocrisia: este aparecer bem, até com boas maneiras, mas com maus hábitos dentro. Outra gente são os cristãos: deveríamos ser os cristãos, mas também há cristãos hipócritas, que não aceitam o fermento do Espírito Santo. Precisamente por isto Jesus nos admoesta: “precavei-vos do fermento dos fariseus”. 

O fermento dos cristãos é o Espírito Santo, que nos impulsiona para fora, nos faz crescer, com todas as dificuldades do caminho, mesmo com todos os pecados, mas sempre com a esperança [de sermos libertados]. O Espírito Santo é precisamente a garantia daquela esperança, daquele louvor, daquela alegria [que não tem fim]." (Santa Marta, 19/10/18).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

O PECADO DA INCREDULIDADE...




PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 8,11-13)(14/02/22)

Caríssimos, a incredulidade é um dos maiores obstáculos na vida daqueles que se deixam conduzir por ela, uma vez que é a causa da cegueira espiritual que os impede de encontrar a verdade e segui-la fielmente. De fato, quem comete este pecado, vive completamente perdido na escuridão que os envolve, e ainda que peçam sinais para enchergar continuarão cegos por conta da dureza de coração gerada por ele.

O Evangelho de hoje revela como se portam os incrédulos ao se aproximarem do Senhor Jesus: "Naquele tempo, os fariseus vieram e começaram a discutir com Jesus. E, para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal do céu. Mas Jesus deu um suspiro profundo e disse: “Por que esta gente pede um sinal? Em verdade vos digo, a esta gente não será dado nenhum sinal”. E, deixando-os, Jesus entrou de novo na barca e se dirigiu para a outra margem."

Desse modo, compreendemos que a incredulidade leva os homens a um total distanciamento de Deus, tornando-os incapazes de vê-lo, ouvi-lo e segui-lo no caminho da salvação. De certo, esta deficiência espiritual é a causa do egoísmo e de todos os vícios que corroem os homens por dentro. Ela também se faz presente disfarçadamente nos que dizem professar a fé no Senhor Jesus, mas fazem o contrário do que professam, e com isso se tornam terríveis hipócritas.

Será que não dá pra perceber que para se proximar de Deus é preciso a virtude da humildade? É isso o que nos ensina são Tiago: "Deus, porém, dá uma graça ainda mais abundante. Por isso, ele diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes (Pr 3,34). 

Sede submissos a Deus. Resisti ao demônio, e ele fugirá para longe de vós. Aproximai-vos de Deus, e ele se aproximará de vós. Lavai as mãos, pecadores, e purificai os vossos corações, ó homens de dupla atitude. Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará." (Tg 4,6-8.10). 

Portanto, caríssimos, sigamos, então, esta outra exortação de são Tiago tirada da primeira leitura: "Meus irmãos, quando deveis passar por diversas provações, considerai isso motivo de grande alegria, por saberdes que a comprovação da fé produz em vós a perseverança. Mas é preciso que a perseverança gere uma obra de perfeição, para que vos torneis perfeitos e íntegros, sem falta ou deficiência alguma." (Tg 1,2-4).

Destarte, a incredulidade é um pecado grave que impede os homens de viverem na presença de Deus; ela é a causa de todos os outros males que os homens cometem na face da terra.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.
 

domingo, 13 de fevereiro de 2022

AS DUAS FACES DA CONDIÇÃO HUMANA...


 Homilia do 6°Dom do tempo comum (Lc 6,17.20-26)(13/02/22)

Caríssimos, a liturgia de hoje nos mostra as duas faces da condição humana e suas variantes; por um lado, vemos a busca incessante por satisfações meramente carnais esquecendo que se tem uma alma eterna a ser salva ou a perder-se para sempre. Por outro lado, somos chamados por Deus à vivermos em comunhão de amor com Ele e entre nós, por uma vida digna da sua presença.

Na primeira leitura o Profeta Jeremias nos mostra essas duas faces da condição humana: "Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana, enquanto o seu coração se afasta do Senhor." Por outro lado: "Bendito o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor; é como a árvore plantada junto às águas, que estende as raízes em busca de umidade; por isso não teme a chegada do calor: sua folhagem mantém-se verde, não sofre míngua em tempo de seca e nunca deixa de dar frutos”.

Com efeito, pelo que estamos vendo na face da terra, uma imensidão incalculável de pessoas estão menosprezando a comunhão com Deus; para priorizar a busca frenética de todo tipo de apego, tais como: ao poder temporal, aos bens materiais, aos prazeres carnais e tudo o que os afasta das virtudes eternas e da presença do Senhor. Por esse motivo, são tantas as deformações da "da imagem e semelhança de Deus" que somos, que já não existe mais espaço nos corações dos homens para a piedade e a prática da fé.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos ensina as bem-aventuranças pelas quais, nosso Pai celestial, nos enche de esperança e da certeza de que seremos por Ele recompensados pela nossa perseverança na observância da Sua Palavra que nos leva à uma vida íntegra e santa. Mas, também Ele nos mostra o grande lamento por aqueles que escolheram viver o contrário das bem-aventuranças, tornando-se para eles motivo de queda nos pecado mortais e na perda da felicidade eterna. 

Portanto, caríssimos, tudo neste mundo é fugaz e passageiro, pois, somente em Deus a nossa alma tem repouso, porque é Dele que nos vem a salvação. Rezemos, então, com o Salmista esta bela oração: "Mas estarei sempre convosco, porque vós me tomastes pela mão. Vossos desígnios me conduzirão, e, por fim, na glória me acolhereis. Afora vós, o que há para mim no céu? Se vos possuo, nada mais me atrai na terra. Meu coração e minha carne podem já desfalecer, a rocha de meu coração e minha herança eterna é Deus. (Sl 72,23-26).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 12 de fevereiro de 2022

O PÃO ABEÇOADO E PARTILHADO, REALIZA O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 8,1-10)(12/02/22)

Caríssimos, como é maravilhosa a nossa fé em Deus que pode tudo infinitamente do que nós podemos por nós mesmos; no entanto, é a partir do quase nada que temos e lhe oferecemos que a sua providência o multiplica para muito além dos nossos cálculos e medidas, ou seja, a ponto que não conseguimos aferir com nossos critérios como isso acontece, só compreendemos que tal milagre se dá mediante a bênção de ação de graças e da partilha fraterna.

Com efeito, é isso que constatamos com a multiplicação dos sete pães e alguns peixinhos que o Senhor Jesus, depois de pronunciar a benção sobre eles, ordenou aos discípulos que fossem distribuídos para uma multidão faminta com cerca de mais ou menos quatro mil homens, que após comerem e ficarem satisfeitos, ainda recolheram sete cestos com os pedaços que sobraram. 

De fato, o motivo pelo qual o Senhor Jesus realizou esse prodígio vem explicado na narração de são Marcos: “Tenho compaixão dessa multidão, porque já faz três dias que está comigo e não têm nada para comer. Se eu os mandar para casa sem comer, vão desmaiar pelo caminho, porque muitos deles vieram de longe”. Ou seja, o Senhor padece conosco as nossas necessidades e vem em nosso socorro.

De certo, por esse episódio percebemos que o Senhor Jesus conhece muito bem as nossas limitações, por isso, quando o buscamos, logo Ele intervém para suprimi-las, para desse modo, recobrarmos o ânimo e assim continuarmos firmes no seu seguimento. De fato, o relato sublinha que a multidão o seguiu perseverante por três dias consecutivos para permanecer com Ele, ouvi-lo e serem libertados das aflições que os atingia.

Portanto, caríssimos, o modo operante como Senhor Jesus multiplicou os pães e os peixes, nos lembra às nossas celebrações Eucarísticas em que Ele mesmo é o Pão da vida eterna multiplicado sobre os altares do mundo inteiro pelas mãos sacerdotais ungidas para consagra-lo e torna-lo realmente presente no meio de nós. 

Destarte, rezemos pelo Santo Padre, o Papa Francisco, nossos bispos e sacerdotes para continuem consagrando o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade de nosso Senhor Jesus Cristo, até o dia em que participaremos eternamente do Seu banquete nupcial no Reino dos céus conforme a sua promessa (cf. Lc 22,15-20).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

DEUS NOS FALA NO SILÊNCIO SAGRADO DA NOSSA ORAÇÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 7,31-37)(11/02/22)

Caríssimos, vivemos num mundo em que o barulho interior e exterior tornou-se forma de vida, de modo que o silêncio sagrado, precionado pelos pela agitação do consumismo doentio, sumiu dos corações, e nada mais se ouve fora dos interesses mesquinhos. Quanto tempo ainda temos para o fim deste mundo barulhento? O que ainda falta para se dar esse acontecimento? De uma coisa fiquemos certos, cedo ou tarde, é inevitável o seu fim.

No Evangelho de hoje, em cumprimento de sua missão, o Senhor Jesus cura um surdo mudo que lhe fora apresentado dentre a multidão. Porém, chama-nos atenção o modo como realizou esse milagre: "Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele. Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!” Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade."

"Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam. Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem todas as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar". De fato, o modo como o Senhor comunica as suas graças nos ensina que o silêncio sagrado das nossas almas é mais que necessário para recebe-las.

Com efeito, quando vamos ao encontro do Senhor em nossa oração, precisamos do silêncio da mente e dos sentidos para ouvir o que Ele nos diz, caso contrário, não o encontramos devidamente, talvez por conta do barulho interior, advindo das preocupações exageradas, das tentações exarcebadas; medos, ansiedades, angústias e tantas outras perturbações que sufocam a nossa oração e não nos deixa ouvi-lo.

Portanto, caríssimos, precisamos urgentemente fugir do barulho deste mundo e do nosso barulho interior, para dar lugar ao silêncio sagrado da nossa oração feita no coração de nossas almas, isto é, a nossa mente, aonde chega, até quando não esperamos, o barulho das distrações e tentações, que nada mais é do que a voz do inimigo querendo atrapalhar a nossa oração, o nosso encontro com o Senhor. 

Destarte, peçamos, então, ao Senhor Jesus para abrir os ouvidos de nossas almas para ouvirmos a sua Palavra como Ele fez com o surdo mudo e os discípulos de Emaús. Desse modo, manteremos o nosso colóquio com Ele, repletos da confiança de quem realmente o encontra para o ouvir, como o fez Maria, irmã de Marta, "que escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada." (cf. Lc 10,38-42).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

"VAI EM PAZ, A TUA FÉ TE SALVOU"


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 7,24-30)(10/02/22)

Caríssimos, frequentemente ouvimos falar do dom da fé e do que esse dom de Deus pode realizar em nós e por meio de nós, pois, ele significa confiança inabalável no poder de Deus que age sempre em nosso favor, e para a nossa salvação. De fato, nas açãos missionárias do Senhor Jesus, seus sinais, milagres e prodígios, o que mais nos chama atenção é a resposta que Ele dá àqueles que vão ao seu encontro buscando libertação, perdão e a cura dos males que os aflinge: "Vai em paz, a tua fé te salvou."

Com efeito, o Senhor Jesus foi enviado pelo Pai como nosso Redentor, para permanecer em nosso meio interagindo conosco, visivelmente na sua primeira vinda na terra santa, e após a sua ressurreição, sensivelmente por meio dos Sacramentos, da sua Palavra e das ações que praticamos em seu Nome conduzidos pelo Espírito Santo no seio da Sua Santa Igreja.

Comentando este Evangelho de hoje, disse o nosso querido Papa emérito Bento XVI: "Também nós somos chamados a crescer na fé, a abrir e a acolher livremente o dom de Deus, a confiar e a clamar a Jesus: "dá-nos fé, ajuda-nos a encontrar o caminho!". É o caminho que Ele faz seus discípulos, a mulher cananéia e os homens de todos os tempos e povos, a cada um de nós, percorrer. 

A fé abre o nosso entendimento para conhecer e acolher a verdadeira identidade de Jesus, a sua novidade e singularidade, a sua Palavra, como fonte de vida, para viver uma relação pessoal com Ele. O conhecimento da fé cresce, cresce com o desejo de encontrar o caminho, e é finalmente um dom de Deus, que se revela a nós não como uma coisa abstrata, sem rosto e sem nome, mas a fé que responde a uma Pessoa, Jesus, que quer entrar em uma relação de amor profundo conosco e envolver toda a nossa vida.  

Por isso, o nosso coração deve viver cada dia a experiência da conversão, cada dia deve ver a nossa passagem do homem voltado para si mesmo, ao homem aberto à ação de Deus, ao homem espiritual (cf. 1 Cor 2, 13- 14), que se deixa interpelar pela Palavra do Senhor e abre a sua vida ao seu Amor." (Bento XVI - Angelus 14/8/2011).

Destarte, seguir o Senhor Jesus por meio das evidências da sua presença, é ter a certeza de que nunca estamos sozinhos, aconteça o que acontecer, Ele está sempre conosco, basta sermos fiéis à vontade do Pai que Ele nos ensina a fazer por meio dos exemplos dos santos e santas de todos os tempos e em especial da sua Mãe, Maria Santíssima.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

A VIVÊNCIA AUTÊNTICA DA FÉ...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 7,1-13)(08/02/22)

Caríssimos, existem certas atitudes que levam os homens a viverem de aparências, tirando-lhes a autenticidade de ser, e isso também pode acontecer na vivência da fé. Com efeito, tais atitudes chama-se incoerência, hipocrisia, porque os que as praticam caem em constante contradição, tornado o próprio viver um antro de perdição, por falta da prática das virtudes eternas.

Esta liturgia de hoje nos conduz à vivência autêntica da fé que tem como fundamento o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, pois, sem a vivência desse amor a prática da fé não passa de ritos estéreis e piedade aparente que em nada contribui para a salvação eterna das almas.

O Evangelho de hoje nos mostra o quanto a prática aparente da fé é prejudicial no relacionamento com Deus e na comunhão fraterna pela falta de caridade e de misericórdia com que deve vivida. Pois, a fé ao mesmo tempo que nos une a Deus para interagirmos como Ele, nos conduz a partilha das graças e bênçãos recebidas com os nossos irmãos e irmãs.

Com efeito, ainda meditando o Evangelho de hoje vemos que o Senhor Jesus mostra aos fariseus e aos mestres da lei a gravidade do pecado da hipocrisia que eles estavam cometendo, pois, haviam criticado duramente os discípulos por não seguirem os costumes dos seus antepassados; e no entanto, eles burlavam frequentemente a lei de Deus usando como desculpa a prática desses costumes, por isso, disse o Senhor: "Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está distante de mim."

Portanto, caríssimos, quem a Deus se dirige humildemente é prontamente atendido em todas suas súplicas, assim como nos ensinou são Pedro: "Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele vos exalte no tempo oportuno. Confiai-lhe todas as vossas preocupações, porque ele tem cuidado de vós. (1Pd 5,6-7). E o Livro dos Provérbios conclui: "Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes." (Pr 3,34).

Destarte, vemos na primeira leitura um belo e piedoso exemplo da vivência da fé, trata-se da oração do rei Salomão após da introdução da Arca da Aliança no Templo de Jerusalém: “Ó Senhor, Deus de Israel, não há Deus igual a ti nem no mais alto dos céus, nem aqui embaixo na terra; tu és fiel à tua misericordiosa aliança com teus servos, que andam na tua presença de todo o seu coração. Ouve as súplicas de teu servo e de teu povo Israel, quando aqui orarem. Escuta-os do alto da tua morada, no céu, escuta-os e perdoa!"

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

"O QUE SAI DO HOMEM É O QUE O TORNA IMPURO"


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 7,14-23)(09/02/22)

Caríssimos, vendo este mundo arruinado, se destruíndo pelo pecado, se os homens não se voltarem totalmente para Deus, certamente perderão a esperança de que haverá alguma mudança para melhor; de certo, como seguidores fiéis de nosso Senhor Jesus Cristo, temos a firme convicção de que por seu sacrifício de cruz, Deus nos deu a salvação eterna. Rezemos, então, pela nossa perseverança e pela conversão de todos.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos mostra que tudo o que Deus criou é bom, é belo, é perfeito, com isso, nos liberta de todo tipo de descriminação ou rejeição ao próximo seja por conta de alimentos ou outros elementos como cultura, raça, religião, etc. como observou são Marcos: "Assim Jesus declarava que todos os alimentos eram puros." (v. 19b). Desse modo, nos libertou da rígida mentalidade farisaica que anulava os mandamentos por conta da prática dos costumes que criaram.

Aliás, são Paulo assim se expressa a esse respeito: "Ninguém, pois, vos critique por causa de comida ou bebida, ou espécies de festas ou de luas novas ou de sábados. Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade é Cristo." (Col 2,16-17). Com efeito, o exemplo da rainha de Sabá que veio ao encontro de Salomão e reconheceu humildemente a sabedoria de Deus nele; é totalmente o oposto da atitude dos fariseus que não reconheceram o Senhor Jesus como Messias por conta da inveja e da hipocrisia que os consumia.

De certo, a atitude negacionista dos fariseus comprova estas palavras do Senhor: “O que sai do homem, isso é que o torna impuro. Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassinatos, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. Todas estas coisas más saem de dentro e são elas que tornam impuro o homem”. (Mc 7,20-23).

Portanto, caríssimos, viver a fé é conviver com o Senhor Jesus ressuscitado presente realmente no meio de nós, como Ele mesmo afirma: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo." (Mt 28,20). Destarte, ponhamos em prática esta exortação de são Paulo: "Tudo o que fizerdes, fazei-o de bom coração, como para o Senhor e não para os homens, certos de que recebereis, como recompensa, a herança das mãos do Senhor. Servi a Cristo, Senhor." (Col 3,23-24).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

OS SENTIDOS E O DOM DA FÉ...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 6,53-56)(07/02/22)

Caríssimos, os sentidos nos foram dados para sintírmos bem e nos tornarmos agradáveis para com todos; ocorre que nem sempre são usados com essa finalidade, pelo contrário, muitos os usam para o mal, estragando com isso, os dons que de Deus receberam somente para a prática do bem. Ora, essa liturgia de hoje nos ensina como usa-los de acordo com a finalidade a que foram destinados pelo Senhor, para não destruirmos a nossa vida e nem a dos outros; mas isso só é possível mediante a prática sincera da fé.

Eis como são João se expressa sobre o uso dos sentidos no encontro com o Senhor: "O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos olhos, o que temos contemplado e as nossas mãos têm apalpado no tocante ao Verbo da vida – porque a vida se manifestou, e nós a temos visto; damos testemunho e vos anunciamos a vida eterna, que estava no Pai e que se nos manifestou –, o que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco." (1Jo 1,1-3).

Com efeito, no Evangelho de hoje vemos um fato verdadeiramente extraordinário, como narra são Marcos: "Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus. Percorrendo toda aquela região, levavam os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. E, nos povoados, cidades e campos onde chegavam, colocavam os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra de sua veste. E todos quantos o tocavam ficavam curados."

De certo, o Senhor Jesus veio a este mundo com a missão de fazer conhecida a Vontade do nosso Pai celestial, revelar o seu Reino e anunciar o mandamento do amor, como Ele mesmo nos ensinou: "Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisso todos conhe­cerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. E isso significa a libertação de todos os vícios e de todos os males.

Portanto, caríssimos, é este o verdadeiro sentido da nossa fé, conhecer, amar e seguir o Senhor Jesus no seio da Sua Santa Igreja, pela vivência dos Sacramentos que são sinais sagrados pelos quais Ele age diretamente nas nossas almas nos dando todas as graças e bênçãos a fim de que sejamos libertados do pecado e de todos os males que o pecado gera. 

Destarte, a vida sacramental nos mantém em plena comunhão de amor com o Senhor Jesus e entre nós, que com Ele interagimos pela oração pessoal e coletiva, pelo nosso testemunho de vida, e pela proclamação da Sua Palavra para que todos os homens e mulheres o conheçam e recebam Dele a vida eterna. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 6 de fevereiro de 2022

SEGUIR JESUS, É UMA AVENTURA ETERNA...


 Homilia do 5°Dom Tempo Comum (Lc 5, 1-11)(06/02/22)

Caríssimos, temos consciência de que o nosso tempo nesse mundo é curto se o compararmos com a eternidade que temos pela frente, isto porque nós somos um misto de temporalidade (corpo) e eternidade (alma). Por isso, tudo o que vivemos neste mundo está ligado ao devir, ou seja, ao nosso vir a ser eterno. Desse modo, o nosso viver pode ser ou não, correspondência ao amor de Deus por nós, porque é "Nele que vivemos, nos movemos e somos", como nos ensinou são Paulo (cf. At 17,28).

A liturgia de hoje nos ensina que Deus se faz sempre presente em meio a nós e se dá a conhecer por aqueles que Ele escolhe para nos comunicar a sua vontade que consiste em permanecermos em comunhão com Ele para assim evitarmos qualquer submissão ao maligno, que é inimigo de Deus e de nossas almas. Com efeito, a escolha do Profeta Isaías na primeira leitura, é o perfeito exemplo de como Deus faz essa escolha, ou seja, perdoando os pecados e enviando em missão.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus, Filho de Deus, acompanhado por uma grande multidão faz a escolha dos primeiros discípulos demonstrando o poder de Sua Palavra que ao ser pronunciada se cumpre na íntegra, como vemos neste diálogo com Pedro: "Quando acabou de falar, disse a Simão: “Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca”.

Simão respondeu: “Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes”. Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. Ao ver aquilo, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” Jesus, porém, disse a Simão: “Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens”.

Portanto, caríssimos, por esse episódio percebemos o quanto somos amados e cuidados pelo o Senhor Jesus, que se faz presente no Barco da Santa Igreja e nos chama para vivermos com Ele a aventura de sermos também nós "pescadores de homens", isto é, anunciadores da Sua Palavra viva que se realiza sempre que a pronunciamos em Seu Nome sob o comando de Simão Pedro, atualmente o Santo Padre, o Papa Francisco. 

Destarte, após vivenciarmos esse relato emocionante, percebemos que o chamado do Senhor Jesus feito a cada um de nós por meio do batismo, é tão especial que, como os primeiros discípulos que depois da evidência da pesca milagrosa, deixaram tudo e o seguiram, também nós façamos o mesmo, pois, seguir o Senhor Jesus é realmente uma aventura eterna, nada se compara a ela.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 5 de fevereiro de 2022

FOME E SEDE DA PALAVRA DE DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 6,30-34)(05/02/22)

Caríssimos, esse nosso mundo da comunicação fácil, do disse me disse, de tantas notícias falsas e de tantos enganos, no fundo no fundo está gritando, pedindo socorro, porque está afundando na futilidade e nos prazeres fugazes, e nada há que preencha o vazio existencial dos que se dão à essas práticas, e por isso, agridem e são agredidos, uma vez que perderam o sentido do sagrado e fizeram do profano uma arma de combate contra os bons costumes.

Bem diferente desse nosso tempo é o que vemos na primeira leitura, em que o rei Salomão mantém a fé do seu pai Davi e a comunhão com Deus que em uma visão lhe pergunta o que gostaria de receber para governar o povo eleito, ao que ele respondeu: peço Sabedoria para governar com justiça, e recebeu. Pois, eis o que lhe disse o Senhor: "Já que pediste estes dons para praticar a justiça, vou satisfazer o teu pedido; dou-te um coração sábio e inteligente, como nunca houve outro igual antes de ti."

Com efeito, meditando o Evangelho de hoje nos chama a atenção o quanto as multidões procuravam o Senhor Jesus e os Apóstolos em busca dos seus ensinamentos e dos sinais de realizava em vista do bem de todos, ou seja, cumprindo esta profecia de Amós: "Virão dias – oráculo do Senhor Javé – em que enviarei fome sobre a terra, não uma fome de pão, nem uma sede de água, mas (fome e sede) de ouvir a palavra do Senhor." (Am 8,11).

De certo, é isso o que vemos neste relato de são Marcos: "Os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. Ele lhes disse: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco”. Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer. Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas."

Portanto, caríssimos, existe um imenso abismo entre a comunicação deste mundo e a comunicação divina, isto é, a Palavra viva do Senhor Jesus, no entanto, é possível transpor esse abismo mediante a conversão e a fé, pois, quem ouve a Sua Palavra e faz dela a sua regra de vida no seio da Sua Santa Igreja, vive a verdadeira liberdade dos que foram perdoados e redimidos por seu sangue derramado em sacrifício pela nossa salvação.

Destarte, os homens dessa nossa geração estão entorpecidos por tantas más palavras proferidas e escutadas que só geram divisão, desconforto, violência e morte. Por isso, mais do que nunca precisam ouvir a Palavra que o Senhor Jesus profere para que pondo-a em prática tenham a vida eterna.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

A LUTA INTERIOR ENTRE BEM E MAL...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 6,14-29)(04/02/22)

Caríssimos, esta liturgia de hoje nos dá a conhecer o contraste das lutas espirituais que travamos todos os dias para vencermos a nós mesmos e os outros inimigos de nossas almas, e nos mantermos em estado de graça realizando a vontade de Deus com o nosso viver, para permanecermos na sua presença aqui e eternamente no Reino dos céus. 

A primeira leitura e o Evangelho de hoje mostram esse contraste, essa luta interior e exterior; por um lado o Eclesiástico descreve os prodígios do rei Davi que fora escolhido por Deus para governar o seu povo: "Em todas as suas obras dava graças ao Santo Altíssimo, com palavras de louvor: de todo o coração louvava o Senhor, mostrando que amava a Deus, seu criador. Fez com que louvassem o santo Nome do Senhor, enchendo o santuário de harmonia desde a aurora."

Em contra posição o Evangelho narra a crueldade de Herodes que havia sido feito rei pelos Romanos invasores da terra prometida; e mesmo fazendo parte do povo de Deus, em nada viveu segundo a vontade de Deus, pois, por conta do pecado de adultério e de perjúrio, ordenou a execução do inocente João Batista, demonstrando com isso, o mais alto grau de perversão de um governante do povo eleito. 

Com efeito, o Senhor Jesus foi enviado por Deus como o Messias prometido para assumir o reinado do povo eleito e de toda a criação em lugar de seu pai, o rei Davi, para isso, ofereceu-se em sacrifício pela remissão dos nossos pecados, "e está sentado à direita de Deus Pai, todo poderoso, donde há de vir julgar os vivos e os mortos e o seu Reino não terá fim."

De fato, vivemos em meio a este mundo repleto de interesses mesquinhos, da busca pelo poder, fama e prazer; e poucos são os que se dão à prática da fé, dos bons custumes e das virtudes eternas; pelo contrário, muitos desprezam os Santos Mandamentos da Lei de Deus e os ensinamentos do Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, para se entregar aos mais baixos vícios, e com isso, tornam-se escravos do pecado e do maligno. 

Portanto, caríssimos, nos preparemos para o dia do juízo final, fiquemos atentos, pois, como reza o Salmo responsorial: "São perfeitos os caminhos do Senhor, sua palavra é provada pelo fogo; nosso Deus é um escudo poderoso para aqueles que a ele se confiam." Destarte, confiemos ao Senhor Jesus pela intercessão de sua mãe, Maria Santíssima e de são José, tudo o que somos e vivemos para que Ele tenha compaixão de nós perdoe os nossos pecados e nos conduza a vida eterna.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

A FÉ QUE TOCA EM JESUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 5,21-43)(01/02/22)

Caríssimos, estamos acostumados com a nossa naturalidade e quando temos algum problema que foge ao nosso poder, logo nos sentimos impotentes e buscamos a solução naquilo que está ao nosso alcance ou então perdemos a esperança, como se já não houvesse solução. No entanto, esta liturgia de hoje nos mostra que a fé no Senhor Jesus é um dom que recebemos de Deus e que nos faz transpor os limites da nossa incapacidade.

O Evangelho de hoje conta-nos dois episódios profundamente significativos, no primeiro deles o Senhor cura uma mulher que há doze anos sofria com uma hemorragia que não estancava, como narra o evangelista: "Tendo ouvido falar de Jesus, aproximou-se dele por detrás, no meio da multidão, e tocou na sua roupa. Ela pensava: “Se eu ao menos tocar na roupa dele, ficarei curada”. A hemorragia parou imediatamente, e a mulher sentiu dentro de si que estava curada da doença." 

De fato, a atitude dessa mulher demonstra o que a fé é capaz de fazer quando nos aproximamos do Senhor Jesus a fim de toca-lo para além do problema que enfrentamos. Ela não levou em conta a multidão que a comprimia, nem os doze anos de sofrimento nas mãos dos médicos, mas somente a fé e a esperança de ser curada, e isso foi reconhecido pelo Senhor: “Filha, a tua fé te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença”.

O segundo episódio trata da ressurreição da filha de Jairo, que era o chefe da Sinagoga, a quem o Senhor recomendou a mesma atitude de fé da mulher que havia sido curada um pouco antes, isto porque lhe trouxeram a notícia da morte de sua filha, de modo que pediram para não mais incomodar o Mestre, pois, diante da sua morte não havia mais nenhuma solução.

No entanto, disse o Senhor: “Por que essa confusão e esse choro? A criança não morreu, mas está dormindo”. Começaram então a caçoar dele. Mas, ele mandou que todos saíssem, menos o pai e a mãe da menina, e os três discípulos que o acompanhavam. Ou seja, quem duvida da Palavra do Senhor e faz pouco caso dele não está apto para segui-lo, e por isso, não participa das maravilhas que ele realiza.

"Depois entraram no quarto onde estava a criança. Jesus pegou na mão da menina e disse: “Talitá cum” — que quer dizer: “Menina, levanta-te!” Ela levantou-se imediatamente e começou a andar, pois tinha doze anos. E todos ficaram admirados." Portanto, caríssimos, jamais podemos duvidar da Palavra do Senhor Jesus, porque é Palavra de vida eterna que se cumpre plenamente nos que Nele creem.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR...


 Festa da Apresentação do Senhor (Lc 2,22-40)(02/02/22)

Caríssimos, a Igreja hoje celebra a Festa da Apresentação do menino Jesus no Templo; com efeito, Deus é um Pai muito cuidadoso, por isso, preparou a festa do Seu Filho, bem ao seu estilo, ou seja, com simplicidade e cheia de revelações a respeito do seu futuro e do futuro de sua mãe, Maria Santíssima. Para isso, enviou o justo e piedoso Simeão repleto do Espírito Santo com a missão de anunciar a sua chegada tão esperada pelo seu povo e por toda a humanidade.

Eis o cerne da narração desse episódio: "Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”.

"O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma". 

De certo, o que Deus anuncia por meio dos seus servos, Ele realiza pessoalmente, como vemos nas profecias de Amós e Isaías: "Porque o Senhor Javé nada faz sem revelar seu segredo aos profetas, seus servos." (Am 3,7). "Tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não volvem sem ter regado a terra, sem a ter fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão." (Is 55,9-10).

Portanto, caríssimos, ao enviar o Seu Filho Jesus como o Messias esperado, ao permitir o seu sacrifício de cruz e as dores de nossa Senhora, para nos libertar do pecado e do poder do inferno, e nos dar a salvação eterna, Deus revela o quanto nos ama e o quanto nos quer com Ele no Seu Reino. Cabe a nós acolhermos com amor tão grande dádiva que nos foi dada, por uma vida digna que revele a Sua Presença em cada um de nós. 

Destarte, peçamos ao Senhor Jesus para que sejamos cheios do Espírito Santo, como Maria Santíssima, são José, Simeão, Ana, os Apóstolos e todos os santos e santas que o seguiram fielmente dando a própria vida por Ele e pelo anúncio do Evangelho.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

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