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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

OS EXERCÍCIOS QUARESMAIS...


OS EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS DA QUARESMA...


Fomos salvos por Cristo, como nos ensinou, São Paulo: “De agora em diante, pois, já não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo. A lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da lei do pecado e da morte”. (Rm 8,1-2). Todavia não podemos esquecer que o Senhor nos alertou contra as tentações existentes (cf. Mt 4,1-11; 26,41), para não perdermos a herança que recebemos do Senhor, que é a vida eterna; para as paixões desordenadas, apegos às coisas materiais e aos valores mundanos advindos do pecado.

Aliás, o Senhor nos ensinou que por sua Palavra já estamos puros, mas é preciso permanecer Nele, porque sem Ele nada podemos fazer de bom (cf. Jo 15,1-8). Assim, por sua presença permanente em nós, cumpriremos o Plano da salvação, que Deus Pai preparou desde toda a eternidade para aqueles que o amam. É como está escrito: “Há bem pouco tempo, sendo vós alheios a Deus e inimigos pelos vossos pensamentos e obras más, eis que agora Cristo vos reconciliou pela morte de seu corpo humano, para que vos possais apresentar santos, imaculados, irrepreensíveis aos olhos do Pai. Para isto, é necessário que permaneçais fundados e firmes na fé, inabaláveis na esperança do Evangelho que ouvistes, que foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu...” (Col 1,21-3a).

Com efeito, assim nos exortou São Paulo sobre a importância dessa permanência em Cristo Jesus: “Eis uma verdade absolutamente certa: Se morrermos com ele, com ele viveremos. Se soubermos perseverar, com ele reinaremos. Se, porém, o renegarmos, ele nos renegará. Se formos infiéis... ele continua fiel, e não pode desdizer-se” (2Tm 2,1-13). Por isso: “Toma por modelo os ensinamentos salutares que recebeste de mim sobre a fé e o amor a Jesus Cristo. Guarda o precioso depósito, pela virtude do Espírito Santo que habita em nós. Foge das paixões da mocidade, busca com empenho a justiça, a fé, a caridade, a paz, com aqueles que invocam ao Senhor com pureza de coração” (2Tm 1,13-14.22).

Ora, essa permanência em Cristo requer de nós uma conversão permanente, ou seja, conversão permanente significa pertencer a Deus e somente a Ele. Em outras palavras, é como ensinou São Clemente de Alexandria: “Arrependamo-nos; convertamo-nos da ignorância ao verdadeiro conhecimento, da loucura à sabedoria, da injustiça à justiça, da impiedade a Deus. [Porque] São numerosos os bens que daí derivam, como diz o próprio Deus em Isaías: «Esta é a herança dos servos do Senhor» (Is 54,17). [Pois] Não é ouro nem prata, nem o que os vermes corroem, nem o que roubam os ladrões (Mt 6,19), mas o inestimável tesouro da salvação. […] É esta herança que nos põe nas mãos o testamento eterno pelo qual Deus nos assegura os seus dons”.

“Este Pai que nos ama com tanta ternura exorta-nos, educa-nos, ama-nos e salva-nos incessantemente. «Sede justos», diz o Senhor. «Todos vós que tendes sede, vinde beber desta água. Mesmo os que não tendes dinheiro, vinde, comprai trigo para comer sem pagar nada. Levai vinho e leite, que é de graça» (Is 55,1). Ele convida-nos ao banho que purifica, à salvação, à iluminação […]. Os santos do Senhor herdarão a glória de Deus e o seu poder, «que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, o coração do homem não pressentiu» (1Cor 2,9) […]. (São Clemente de Alexandria (150-c. 215), teólogo «Protréptico», cap. 10).

Destarte, os exercícios espirituais quaresmais são todos os esforços de fé (oração, jejum, obras de misericórdia, etc) que fazemos para permanecermos na justiça divina que nos veio pela morte e ressurreição de Cristo Jesus, pois ele, “Nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade. Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve. E uma vez chegado ao seu termo, tornou-se autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem, porque Deus o proclamou sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque”. (Hb 5,7-10).

Paz e Bem!

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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O MODELO DO SACERDOTE IDEAL NA OBRA ANTONIANA(1ª Parte)

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Apresentaremos agora uma análise sobre a construção do religioso ideal no século XIII, presente no discurso de Antônio de Pádua/Lisboa e que para nós foi fruto de uma releitura que o frade realizou ao tomar contato com as decisões do IV Concílio de Latrão, realizado em 1215. Este que foi, até então, o mais importante Concílio da Igreja Romana, tendo como principal marca a busca de um maior controle moral, social e doutrinário por parte da instituição em relação a seus membros. Na procura de uma maior efetivação destas decisões, a Igreja instituiu a obrigatoriedade de certos sacramentos e buscou disciplinar a vida dos religiosos de modo geral. Implementações estas que nos fizeram selecionar para análise os Decretos do IV Concílio de Latrão, documentos publicados pela Professora Raimunda Foreville[1] e a obra Sermões, que foi escrita entre 1223 e 1227, em sua versão portuguesa[2] Obras Completas de Santo Antônio de Lisboa, edição de Antônio Maria Locatelli.[3]
A obra Antoniana possui objetivos religiosos e morais, constituindo-se numa tentativa de dispor os irmãos franciscanos de um instrumento de trabalho apostólico para auxilio na função de pregação, pois para o próprio frade, “O pregador, portanto, deve tirar dos úberes o leite da narrativa, para dele poder tirara manteiga suavíssima da moralidade.” [4]
Começamos aqui a observar o quanto era importante para o frade a manutenção de um certo grau de “moralidade” para que o projeto missionário da Igreja Medieval desse resultados. Podemos constatar também que ele atribui, a partir deste trecho descrito acima, que a pregação tem papel fundamental nesta tarefa. Para Antônio, não só as palavras vão convencer os fiéis, além delas os pregadores precisam colocar em prática os preceitos por eles ensinados.
Já neste detalhe pode-se observar a obediência do autor às diretrizes da Igreja, pois segundo o cânone 10 do Concílio de Latrão IV, a Igreja preocupava-se com o apresto dos pregadores que deveriam ser “... pessoas capacitadas, ricas em obras e palavras".[5]
Ao analisarmos sua obra, podemos observar uma pujante inquietação de Antônio com a postura e o estilo de vida dos sacerdotes, pregadores e prelados. Para este frei, a maneira como estes homens viviam refletia na forma como a Igreja, isto é, os fiéis se comportariam e viveriam a fé. No Sermão do 9° Domingo de Pentecostes, o frade admoesta os religiosos chamando atenção para este fato, pois, segundo ele, estes agem como os abutres, uma vez que,
Com o mau exemplo de sua vida, põe fora os súditos antes de poderem voar; isto é, antes de poderem desprezar o mundo e amar os bens celestes, expulsa-os do ninho da fé e do bom propósito. Aí! Quantos pelo mau exemplo dos prelados se converteram aos hereges, abandonando o ninho da fé.[6]
Ainda em Portugal, Antônio defrontou-se com várias práticas que a Igreja passou a condenar de forma mais enérgica, a partir do Concílio citado à cima. Nossa análise da obra antoniana nos permite concluir que o frade conhecia muito bem as práticas simoníacas e nicolaístas dos religiosos e as combateu através de suas linhas.
Antônio, talvez por ter sido um monge agostiniano, ou por estar zeloso das ordens romanas, preocupou-se principalmente com a formação intelectual e moral destes homens e por isso, no sermão do 4º Domingo de Pentecostes, ele diz, ao analisar a passagem bíblica “Pode porventura um cego guiar outro cego?” (LC. 6, 40), que “O cego é o prelado ou o sacerdote perverso, privado da luz da vida e da ciência”, pois na visão do frade, os religiosos eram mais vulneráveis a luxúria, avareza e ao zelo excessivo com os bens temporais a partir do momento que estivessem “sem os olhos da vida e da ciência...já que carecem do guia da razão”. Temos então, a partir desta constatação, o primeiro item para a recriação de um modelo sacerdotal na obra antoniana. Os sacerdotes devem estar preparados intelectualmente para a transmissão correta da Palavra de Deus, preocupação esta que está diretamente ligada a sua experiência de combatente das heresias, tarefa que exigiu do frei um grande conhecimento teológico.
Devemos lembrar aqui que como adepto da “máxima perusina”, que acreditava nas Sagradas Escrituras como a verdadeira ciência, Antônio cobra dos sacerdotes e futuros pregadores uma maior preocupação com o estudo da Bíblia que, para os seguidores deste pensamento, é o caminho para a conversão.
O Concilio, em seu cânone de número 11, orienta os bispos a preocuparem-se com o preparo dos sacerdotes, contratando mestres em teologia para ensiná-los na leitura da Sagrada Escritura e orientá-los sobre o ministério pastoral.
No cânone 27, por exemplo, o cuidado com o grau de instrução dos novos religiosos é tão grande, que existe a orientação para não se ordenar pessoas ignorantes e rústicas para o governo pastoral, sob a ameaça de duras penas aos bispos que assim procederem. Apreensão igual tem o cânone 10 do Concílio em questão, pois este ordena aos bispos a procurarem, diante do impedimento dos mesmos praticarem o ofício da pregação, “pessoas capacitadas, ricas em obras e palavras”.
Faz-se mister a observação a partir daqui da releitura feita pelo teólogo aos transformar os cânones, que são uma linguagem institucional, em uma linguagem espiritual e recheada de metáforas para que esta estivesse mais próxima a linguagem do povo e dos sacerdotes que não possuíam, muitas vezes, o preparo intelectual desejado por Antônio e pela Igreja.
Com o crescimento dos movimentos de contestação, inclusive no seio da própria Igreja, esta preocupação vem nos esclarecer que a Instituição procurava adequar-se aos novos tempos, buscando através dos estudos uma maior preparação dos sacerdotes para que estes pudessem através de sua pregação e visão teológica, convencer os fiéis de maneira mais segura e embasada.
Antônio por sua vez, ao preparar seu manual para os pregadores, queria implementar um ritmo de estudos nos menores, que os fizessem refletir sobre a necessidade de serem exemplos para os religiosos que estavam sendo criticados pelos movimentos heréticos. Como podemos observar no decorrer deste trabalho o frade vai trabalhar no combate aos movimentos contestatórios da doutrina católica e por isso, busca através do ensino e preparação dos irmãos torná-los completos para a transmissão Palavra de Deus. Já que os Franciscanos já possuíam a preocupação de serem um exemplo vivo da busca da verdadeira, fé cristã, iriam a partir da preparação intelectual, completar o conjunto perfeito para o convencimento das populações assoladas pelas heresias.
[1] FOREVILLE, Raimunda. Lateranense IV.Vitória: Editorial Eset, 19.
[2] Consulta realizada também nos textos em latim in: MACEDO, Jorge Borges de. Os Sermões de Santo Antônio. Porto: Lello & Irmão, 1983.
[3] MACEDO, Jorge Borges de. Op. cit.
[4] Sermão do 9° Domingo de Pentecostes.
[5] SILVA, Andréia Cristina Lopes Frazão da. Op. cit.
[6] Sermão do 9° Domingo de Pentecostes.

https://www.facebook.com/Profjeffersonmachado

A Alegria do Evangelho (audi livro) Papa Francisco

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Não há penitência melhor [...]

Paz e bem!
Para a Quaresma:

Arte que "editei"
sob licença livre
(Creative Commons Atribuição, CompartilhaIgual):
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:N%C3%A3o_h%C3%A1_penit%C3%AAncia_melhor_do_que_aquelas_que_Deus_coloca_em_nosso_caminho._Santo_H%C3%A9lder_C%C3%A2mara,_1909-1999_-pt.svg

Não há penitência melhor do que aquelas que Deus coloca em nosso caminho.
Dom Hélder Câmara, 7 fev. 1909 - 27 ago. 1999

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Nós vos adoramos


Paz e bem!
Arte que "editei"
sob licença livre
(Creative Commons Atribuição, CompartilhaIgual),
outros tamanhos em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Adoramus_te,_Domine_Jesu_Christe,_et_ad_omnes_ecclesias_tuas,_quae_sunt_in_toto_mundo,_et_benedicimus_tibi,_quia_per_sanctam_crucem_tuam_redemisti_mundum._-pt.svg 
Nós vos adoramos,
Santíssimo Senhor Jesus Cristo,
aqui e em todas as vossas igrejas
que estão no mundo inteiro
e vos bendizemos
porque pela vossa santa cruz
remistes o mundo.

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