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sábado, 28 de agosto de 2021

MULTIPLICANDO OS TALENTOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 25,14-30)(28/08/21)


Caríssimos, os talentos da parábola contada pelo Senhor Jesus no Evangelho de hoje, são as virtudes que nos foram concedidas por Ele, para por meio delas, realizarmos a Sua Santa Vontade; e como ouvimos no relato, será sempre de acordo com as capacidades, condições e disposições de cada um, sendo a nossa existência o espaço fértil onde multiplicamos seus talentos, isto é, as virtudes que Dele recebemos.


Mas, o que significa isso para nós e para todos? Significa que o Senhor nos conhece muito bem, e por isso, dispôs os seus bens à nosso favor para o servirmos humildemente por amor. Desse modo, ninguém se sinta injustiçado ou menos digno dos dons que recebeu de Deus, pois, as graças nos são dadas para serem multiplicadas na proporção que pudermos, porém, sempre em vista do bem de todos.


De fato, multiplicar os talentos significa também sair de si mesmo, para viver a aventura da fé, ou seja, da confiança inabalável de que o Senhor está sempre conosco nos incentivando e nos dotando de todas as graças a fim de cumprirmos a nossa missão, contanto que não nos fechemos em nós mesmos, enterrando os talentos que Dele recebemos, como o fez o servo mal e preguiçoso da parábola.


De certo, quem faz o bem que vem de Deus generosamente, isto é, sem interesses ou visando o poder, os elogios e as glórias humans, se sente bem, porque o bem que faz por amor a Cristo, já é a própria recompensa aqui e eternamente no Reino dos céus. Por isso, o Senhor Jesus nos ensina que para multiplicar seus talentos se faz necessário a disposição para servi-lo como os dois primeiros servos; e nunca nos deixar enganar pelos maus pensamentos como o fez o servo "malvado e preguiçoso."


Portanto, caríssimos, são estas as condições necessárias para se multiplicar bem os talentos: O desapego dos bens materiais: "As raposas têm covas e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça." Não impor as próprias condições ante o chamado: "Deixa que os mortos enterrem seus mortos; tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus." E por fim a não dependência dos laços afetivos: "Aquele que põe a mão no arado e olha para trás, não é apto para o Reino de Deus." (Lc 9,58-60).


Destarte, multipliquemos humildemente com devoção e amor as graças e bênçãos, isto é, os talentos que de Deus recebemos.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

O TEMPO ESTÁ SE APROXIMANDO, PRECISAMOS DAR UMA RESPOSTA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 25,1-13)(27/08/21)


Caríssimos, a liturgia de hoje, como sempre, é cheia de significados que nos indicam como estamos nos preparando para o encontro definitivo com o esposo, isto é, nosso Senhor Jesus Cristo. O primeiro deles é o de que estamos a caminho, pois, somos peregrinos sem volta, indo ao encontro d'Aquele que nos julgará dignos ou não de entrarmos com Ele na festa de suas bodas, no Reino dos céus.


O segundo significado é este: a lâmpada que ilumina a nossa estrada é a lâmpada das nossas almas alimentadas com o azeite das virtudes eternas recebidas no batismo, dentre elas, a fé, a esperança e a caridade; acompanhadas da bondade, justiça, verdade, perseverança na oração, na prática das obras de misericórdia, na humildade e mansidão. 


Na primeira leitura são Paulo nos indica ainda o azeito da pureza de nossos corpos com o qual precisamos encher a lâmpada das nossas almas, diz ele: "Meus irmãos, eis o que vos pedimos e exortamos no Senhor Jesus: vivei na santidade, afastai-vos da impureza. Deus não nos chamou à impureza, mas à santidade. Portanto, desprezar estes preceitos não é desprezar um homem e sim, a Deus, que nos deu o Espírito Santo." (cf. 1Ts 4,1-8).


Com efeito, escutar o Senhor Jesus contando-nos essa parábola e po-la em prática, é nos deixar conduzir pela sabedoria do Espírito Santo e nos tornar como aquelas virgens sábias que ao romper da aurora de imediato entraram com o esposo na festa das suas bodas.


Quanto às virgens imprudentes, são aquelas almas que também receberam todas as virtudes, mas por falta do cultivo das mesmas deixaram esvasiar suas lâmpadas e como sempre, tentaram em vão se aproveitar das virtudes alheias, perdendo, com isso, todas as oportunidades que lhes foram dadas.


Portanto, caríssimos, que esse ensinamento do Senhor Jesus nos leve a corrigir o que em nosso modo de ser e estar no mundo ainda não é em conformidade com a sua santa vontade, pois, o tempo está se esgotando, e o noivo está se aproximando, está às portas, e precisamos dar-lhe uma resposta como a deram as virgens sábias desta parábola.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 21 de agosto de 2021

FÉ, COERÊNCIA, AUTENTICIDADE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 23,1-12)(21/08/21)


Caríssimos, a vivência da fé requer de nós a renúncia de toda espécie de incoerência e contradição, para não incorrermos no falso testemunho, no viver de aparências, pois tudo o que não é autêntico não se sustenta, porque traz embutido em si o veneno da hipocrisia. Por isso, não basta dizer Senhor, Senhor, mas é preciso pôr em prática a Sua Santa Vontade, para que sejamos verdadeiramente transparentes no testemunho da nossa fé.


Com efeito, trazendo essa exortação para esse nosso mundo tecnológico, cuja facilidade de comunicação é tremenda, vemos que muitos são os que se deixam seduzir por seus enganos, e ávidos pela fama repentina e a perversa doutrina da aparência, deixam de seguir o Senhor Jesus, para se perderem no labirinto escuro da incoerência e do falso testemunho, e com isso, dão mais tempo aos meios de comunicação do que a vida de oração no encontro com Deus.


No Evangelho de hoje vimos que esse mesmo pecado era largamente cometido, porém, de um modo diferente pela ausência das tecnologias atuais, todavia, usando os mesmos modos operantes, como ouvimos do Senhor: "Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços, e põem na roupa longas franjas. Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas. Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de Mestre."


E destes Ele nos alerta: “Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam." Ou seja, entre o dizer e o ser existe um abismo intransponível para os que vivem de aparências e consequentemente na incoerência; porque, de fato, somente os que fazem a vontade de Deus entrarão no Reino dos céus (cf. Mt 7,21-23).


Portanto, caríssimos, as virtudes com as quais combatemos o bom combate da fé, são: obediência, fidelidade, humildade, mansidão, verdade e amor, por meio das quais realizamos os desígnios de Deus, nosso Pai. Peçamos ao Senhor Jesus para que haja coerência entre as nossas palavras e ações, para assim realizarmos a Sua Santa Vontade que é a porta de entrada no Reino dos céus.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

AS NÚPCIAS DO CORDEIRO DE DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 22,1-14)(19/08/21)


Caríssimos, na vivência da fé não podemos ser ingênuos prometendo o que dificilmente podemos cumprir, melhor mesmo é entregar tudo nas mãos de Deus para que se realize somente a Sua Santa Vontade, bem como nos ensinou Maria Santíssima: "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra." (Lc 1,38). E ainda: "Fazei tudo o que ele vos disser." (Jo 2,5). Ora, a isso chamamos de obediência perfeita, porque é repleta da confiança inabalável em Deus que nunca falha. 


Na primeira leitura de hoje Jefté fez uma promessa de oferecer em holocausto ao Senhor a primeira pessoa que aparecesse na porta de sua casa caso vencesse a guerra que travava contra os seus inimigos. E de fato venceu, mas a um preço muito alto, o holocausto da única filha, uma prática que era proibida em Israel, no entanto Jefté não obedeceu. Ora, a prática da fé verdadeira, é isenta dos interesses e satisfações pessoais, porque visa sempre a salvação de todos.


No Evangelho de hoje o Senhor Jesus conta uma parábola ensinando a que se assemelha o Reino de Deus: “O Reino dos Céus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho. E mandou os seus empregados chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram vir." E depois de vários convites rejeitados, convidou a outros que não faziam parte dos primeiros, porém, dentre esses havia um sem a veste nupcial de modo que foi lançado fora, como aqueles que não aceitaram o convite.


Com efeito, aqui há se de perguntar, como entender essa parábola? Notemos que o Senhor Jesus a conta primeiro aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, que são os principais convidados, pois detinham a cadeira de Moisés cuja função era conduzir a prática religiosa do povo de Deus. Quanto ao noivo é próprio Senhor Jesus em pessoa que os convida, por isso, era preciso reconhecê-lo e aceitar o seu convite para entrar na festa de suas bodas, isto é, a vida eterna.


Quanto ao homem sem as vestes nupciais, representa aqueles que dizem repetidas vezes: Senhor, Senhor, mas não põem em prática a Sua Santa Palavra, isto é, não obedecem a vontade do Pai. Ora, as vestes são estas que são Paulo nos indica: "Renunciai à vida passada, despojai-vos do homem velho, corrompido pelas concupiscências enganadoras. Renovai sem cessar o sentimento da vossa alma, e revesti-vos do homem novo, criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade." (Ef 4,22-24).


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

É MUITO TRISTE SE AFASTAR DE JESUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 19,23-30)(17/08/21)


Caríssimos, no Evangelho de hoje depois de ver o jovem rico se afastar dele tristemente, o Senhor Jesus disse: “Em verdade vos digo, dificilmente um rico entrará no reino dos Céus. E digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus”. Ouvindo isso, os discípulos ficaram muito espantados, e perguntaram: “Então, quem pode ser salvo?” Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível”. 


De fato, essa Palavra do Senhor Jesus, pode ser motivo de espanto para todos aqueles que veem os bens transitórios como um fim em si mesmo, quando na verdade não passam de cinzas ao vento, bem como nos ensinou São Pedro: "Entretanto, virá o dia do Senhor como ladrão. Naquele dia os céus passarão com ruído, os elementos abrasados se dissolverão, e será consumida a terra com todas as obras que ela contém." (2Pd 3,10)


Com efeito, eis o motivo de tal dificuldade dos ricos entrarem no Reino dos céus, trata-se da Autossuficiência, que consiste em pôr a confiança nos bens materiais, como se eles fossem eternos; quando na verdade só servem para mergulha-lhos no abismo do egoísmo onde não existe espaço para a partilha solidária e o amor fraterno.


Mas, por que tantos buscam enriquecer a todo custo, inclusive pela via larga da corrupção? Exatamente porque se deixam enganar pela aparente ostentação que a ilusão da riqueza lhes oferece, ou seja, poder, fama, prazer, luxo e tudo mais que o dinheiro pode comprar. Todavia, como nos ensinou o Senhor Jesus: "De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder sua vida?" (Mc 8,36)


Portanto, caríssimos, quem espera em Deus, já possui o que Ele promete, por isso, é livre para se entregar a Ele totalmente, porque nada põe em sua alma além da Sua Santa Vontade, e a disposição de servi-lo prontamente sem apegos à coisas ou pessoas, porém, cheios de entusiasmo e das virtudes que os faz perseverar até o fim na luta contra o pecado e no testemunho de nosso Senhor Jesus Cristo.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

OS CRITÉRIOS PARA A SALVAÇÃO, SÃO DIVINOS, NÃO SÃO HUMANOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 20,1-16a)(18/08/21)


Caríssimos, os critérios humanos sem a graça de Deus tende a querer limitar tudo inclusive as virtudes eternas, dentre elas o amor e a bondade, presentes nas almas obedientes que o seguem fielmente rumo à vida eterna. Por isso, querer limitar o agir de Deus, impodo-lhe os próprios critérios, é não obedece-lo, é não ama-lo, é não segui-lo.


No Evangelho de hoje, o Senhor Jesus nos ensina que não podemos limitar o que não tem limite, ou seja, querer limitar a liberdade divina, é querer submete-lo aos nossos limites, à nossa própria vontade. Ora, Deus é Deus, amor infinito, e não depende de nenhum de nós; ao contrário, nós é que dependemos Dele cem por cento.


Com efeito, a parábola dos vinhateiros contratados para trabalhar na vinha, contada pelo Senhor Jesus, se faz presente hoje no seio da Sua Igreja, mostrando a luta fratricida entre os servos que se intitulam conservadores e os que se intitulam progressistas, os quais desde o Concílio Vaticano II, travam uma luta ferrenha como se a vinha do Senhor fosse deles. E o resultado nefasto são as acusações de ambos os lados, por isso, não teem paz, porque vivem em pecado grave. 


Na parábola o patrão disse a um daqueles que murmuravam contra ele: "Amigo, eu não fui injusto contigo. Não combinamos uma moeda de prata? Toma o que é teu e volta para casa! Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti. Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?"


Portanto, caríssimos, escutemos o que diz o Senhor Jesus nas últimas palavras dessa parábola: "Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”. Ou seja, os critérios para a salvação humana não são humanos, são divinos, e felizes são aqueles que o seguem fielmente, porque quem pensa fazer a vontade de Deus emitindo juízos que divide o seu povo, engana-se totalmente, pois, onde não há obediência e humildade, também não há salvação alguma.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

CUIDADO COM A ILUSÃO DA RIQUEZA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 19,16-22)(16/08/21)


Caríssimos, a vida sem ídolos é também sem impecilhos, sem impedimentos e sem enganos, porque é a vida vivida em Deus e para Deus, a exemplo de Maria Santíssima e de todos os santos e santas que seguiram nosso Senhor Jesus Cristo, o seu Filho amado, que veio a este mundo para nos libertar do pecado e nos dar a vida eterna.


No Evangelho de hoje um jovem encontrou Jesus e lhe fez uma pergunta fundamental que todos nós precisamos responder com a própria vida: "Mestre, que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?” Antes de escutar a resposta de Jesus, analisemos essa pergunda: primeiro ele reconhece que Jesus é o Mestre; depois, tem consciência de que precisa fazer algo de bom, pois, acredita na vida eterna, mas não a tem ainda.


Jesus então respondeu: “Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é o Bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos”. A partir dessa resposta o jovem começa agir como um insensato, pois, conhece os mandamentos, mas finge não conhecer, uma vez que pergunta ao Senhor: "Quais mandamentos?" Jesus então lhe dá uma aula de catequese: "Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, e ama o teu próximo como a ti mesmo”.


"O jovem disse a Jesus: “Tenho observado todas essas coisas. Que ainda me falta?” Jesus respondeu: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico."


Comentando esse Evangelho disse o Papa Francisco: "O jovem não se deixou conquistar pelo olhar de amor de Jesus, e deste modo não conseguiu mudar. Somente acolhendo o amor do Senhor com gratidão humilde poderemos libertar-nos da sedução dos ídolos e da cegueira das nossas ilusões.


O dinheiro, o prazer e o sucesso deslumbram, mas depois decepcionam: prometem a vida, mas causam a morte. O Senhor pede-nos que nos desapeguemos destas falsas riquezas para entrar na vida verdadeira, na vida plena, autêntica, luminosa. Que a Virgem Maria nos ajude a abrir o coração ao amor de Jesus, ao olhar de Jesus, o Único que pode saciar a nossa sede de felicidade." (Papa Francisco, Angelus, 11/10/15).


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 15 de agosto de 2021

SOL. DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA...


 Solenidade da Assunção de Nossa Senhora (Lc 1,39-56)(15/08/21)


Caríssimos, hoje a Santa Igreja celebra solenemente a Assunção de Nossa Senhora, Mãe de Jesus e nossa Mãe. Com efeito, celebrar esta Solenidade é celebrar a firme esperança de que assim como o céu acolheu a Assunção de Maria Santíssima, a Arca da Nova Aliança, também se prepara para acolher os que foram redimidos por seu amadíssimo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.


Mas, como entender esse Grande Mistério do amor de Deus pela humanidade? Ora, biblicamente ele não é uma novidade, pois, já aconteceu com Enoque que por ter agradado a Deus, foi arrebatado ao céu (cf. Gn 5,22-24); de igual modo, o Profeta Elias foi elevado ao céu numa carruagem de fogo (cf. 2Rs 2,2-11). 


Assim sendo, a Assunção de Nossa Senhora, é também um acontecimento bíblico, descrito por são Pedro, nos Atos dos Apóstolos, ao falar da Ressurreição de Jesus: "É, portanto, a ressurreição de Cristo que Davi previu e anunciou por estas palavras: Ele não foi abandonado na região dos mortos, e sua carne não conheceu a corrupção." (At 2,36). Obviamente, a carne de Jesus, é Maria elevada por Ele ao céu em corpo e alma.


De certo, viver esse mistério e o celebrar solenemente é experimenta-lo na nossa miserável condição pela fé, pois, esse é o nosso maior desejo, ou seja, sermos elevados à glória de Deus totalmente redimidos de toda pecaminosidade e em pleno estado de santidade; pois, sabemos que Maria Santíssima, foi polpada do pecado original em vista da encarnação de se Divino Filho, que veio a este mundo para a nossa salvação.


Portanto, caríssimos, glorifiquemos o Senhor Jesus por nos ter dado a graça de sermos com Ele filhos e filhas de sua Mãe Santíssima e gozarmos de sua proteção em vista dos méritos alcançados por ela, como cantou no Magnificat: "A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam."


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 14 de agosto de 2021

DEIXAI VIR A MIM AS CRIANÇAS PORQUE DELAS É O REINO DE DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 19,13-15)(14/08/21)


Caríssimos, a inocência é uma virtude própria das almas consagradas a Deus, elas são como crianças cuja pureza atrai a atenção e as bênçãos do Senhor Jesus, como vimos no Evangelho de hoje. Ora, enquanto os discípulos as repreendiam, como se elas fossem importunar o Senhor, ao contrário disso, Ele as acolheu com um profundo afeto, impondo-lhes aos mãos e as abençoou, dizendo: “Deixai as crianças e não as proibais de vir a mim, porque delas é o Reino dos Céus”.


Com efeito, as atitudes e palavras do Senhor Jesus nos leva a compreender que viver na sua presença e em comunhão com Ele, é ser como uma criança, isto é, inocente, sem maldade alguma, ou seja, é viver candidamente como seus discípulos, livres dos maus juízos, dos pensamentos vãos, desordenados e estranhos; em suma, é nos deixar conduzir pelo Seu Santo Espírito.


De certo, todas as coisas que vemos teem sua origem em Deus, por isso, são sempre boas e fazem o bem a todos; porém, em se tratando dos afetos e dos relacionamentos humanos quando não advindos da comunhão com Deus; eles se tornam pedras de tropeço que só causam mal estar em quem os reproduzem. Por isso, vivemos em meio à tantas discórdias, brigas e desentendimentos, exatamente por não vivermos a inocência recebida do Senhor quando nos criou à sua imagem e semelhança.


De fato, à medida que reconhecemos as obras de Deus e delas cuidamos com afeto sincero, mantemos a nossa comunhão com Ele e entre nós, de modo que, realizamos a Sua vontade nas simples tarefas que cumprimos como sendo do seu agrado. Em outras palavras, isto significa vivermos como crianças, cujo único objetivo é vivermos desde já para o Reino dos céus, pois, haveremos de colher na eternidade o que plantamos no tempo que nos foi dado.


Portanto, caríssimos, viver em Cristo Jesus sob os seus cuidados, é viver como filhos e filhas amados que encontram Nelo o afeto descrito na página do Evangelho de hoje, na qual Ele recebe as crianças com carinho e atenção, impõe-lhes as mãos e as abençoa. Destarte, peçamos ao Senhor Jesus a graça de sermos como crianças que o encontram em meios as tribulações desta vida, recebem o Seu afeto, a sua oração e a sua benção, para o seguirmos fielmente como seus verdadeiros discípulos.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

VOCAÇÃO, CHAMADO DE DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 19,3-12)(13/08/21)


Caríssimos, sejam bem vindos a mais uma meditação diária. E como estamos no mês das vocações, temos consciência que nos tocará diretamente. Ora, o fato de existirmos já é uma vocação e demonstra o quanto somos importantes aos olhos de Deus; e foi por isso que Ele começou a criação por aquilo que serviria de abrigo e proteção para os seus filhos e filhas fazendo dela a casa comum de todos. 


De fato, sem a presença humana em meio à criação nada teria sentido neste mundo, pois como meditamos no livro do Gênesis: Deus tudo criou por amor, e deu ao homem e a mulher o cuidado de todas as coisas criadas, os uniu em matrimônio, como vemos a seguir: "Deus os abençoou: Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a." (Gn 1,28).


Desse modo, pela união matrimonial entre o homem e a mulher, Deus realiza o seu plano de amor e felicidade para ambos, de modo que fora de sua vontade não existe felicidade. Por esse motivo jamais podemos ser coniventes com o pecado das pretensas uniões contra a natureza, tão em voga no mundo de hoje, pois elas são totalmente contrárias a vontade de Deus estabelecida desde o início da criação.


Aqui não se trata de descriminação pelas escolhas sexuais que fazem os que tomam tal decisão; mas, trata-se de discernir claramente a vontade de Deus e po-la em prática. Quanto aos que escolhem viver o contrário da vontade de Deus, que o vivam, mas não queiram impor seu modo de viver aos demais como se a escolha pela vontade de Deus fosse errada.


Ademais, também no Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos revela que o matrimônio é uma vocação e que nem todos são chamados a ela, ou seja, existem outras vocações às quais Deus chama seus filhos e filhas à santidade de vida no cumprimento de seus desígnios, da sua santa vontade. 


Portanto, caríssimos, conforme as Palavras do Senhor: "Nem todos são capazes de entender isso, a não ser aqueles a quem é concedido. Com efeito, existem homens incapazes para o casamento, porque nasceram assim; outros, porque os homens assim os fizeram; outros, ainda, se fizeram incapazes disso por causa do Reino dos Céus. Quem puder entender entenda” (Mt 19,11-12).


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

O PERDÃO E A CURA DA ALMA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 18,21–19,1)(12/08/21)


Caríssimos, a verdadeira paz é fruto da misericórdia e do perdão que recebemos e concedemos; quem não perdoa vive doente espiritualmente da alma e do corpo, isto é, jamais tem sossego algum, porque vive atormentado sofrendo os efeitos do rancor, ressentimento, ódio, desejo de vingança e tantos males físicos e psíquicos difícil de enumera-los, advindos da falta de perdão. 


Por isso, tais pessoas vivem sempre mal humoradas, reclamam de tudo e de todos, julgam mal e falam mal; são tendenciosas e manipuladoras, verdadeira pedra de tropeço de qualquer relacionamento. Pelo contrário, os que perdoam sentem-se livres de todos esses males, porque em suas almas só tem espaço para a misericórdia de Deus com a qual perdoa os seus algozes como o fez Jesus no alto da cruz: "Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem." (Lc 23,34a).


No Evangelho de hoje Pedro se aproximou de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” Ora, para Pedro, esse é o limite máximo da tolerância, o que passa disso é motivo de intriga, briga, desentendimento, e tudo o que destrói as relações interpessoais. Por isso, "Jesus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete."


Em outras palavras, é o perdão sem limites quem fundamenta a tolerância e as relações interpessoais, porque ele é sempre fonte de reconciliação e de paz, sobretudo para os que perdoam, mesmo que seus algozes não aceitem nem mudem de atitude. Mas, atenção, o perdão não elimina a justiça, porém, a pode atenuar e até levar os ofensores ao arrependimento e a conversão, para não incorrer em erros mais graves, como o orgulho, a arrogância e a prepotência, que são a causa da morte da alma. 


Portanto, caríssimos, se quisermos viver em paz, o Senhor Jesus nos ensina que o perdão é a fonte da verdadeira paz. Porque quem não perdoa carrega na alma os pecados e toda a negatividade dos ofensores; ao contrário, quem perdoa sempre, os apaga, eliminando-os de sua vida, pois é Deus quem perdoa por meio de nós, porque o perdão é um dom de Deus, é um exorcismo, uma fonte inesgotável de cura e libertação.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

SANTA CLARA, ROGAI POR NÓS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 18,15-20)(11/08/21)


Caríssimos, a Santa Igreja hoje celebra a memória de santa Clara de Assis, e nós franciscanos e clarissas, celebramos sua solenidade, em gratidão e reconhecimento de sua doação total a Deus seguindo o exemplo de nosso seráfico pai, são Francisco de Assis. "A sua vida foi de grande austeridade, mas rica em obras de caridade e de piedade. Morreu em 1253." Foi canonizada dois anos após sua morte (1255) pelo o Papa Alexandre IV.


"Santa Clara nasceu em Assis (Itália), no ano de 1193. No ano de 1212, quando tinha apenas dezoito anos, a jovem abandonou o seu lar para seguir Jesus mais radicalmente. Para isso, foi ao encontro de Francisco de Assis na Porciúncula e teve seus lindos cabelos cortados, como sinal de entrega total ao Cristo pobre, casto e obediente." (Canção Nova).


Desse modo, tornou-se cofundadora com são Francisco de Assis, da Ordem das Damas Pobres de são Damião (Clarissas). Assim de família rica que era, assumiu a virtude da pobreza, vivendo doravante da Providência Divina, isto é, sem nada de próprio, em castidade e obediência; imersa na contemplação dos mistérios de Cristo pobre, nascido da Virgem Mãe numa gruta em Belém e morto numa cruz, reconhecendo nestes mistérios a mão de Deus, que liberta os seus filhos e filhas dando-lhes a ressurreição dos mortos.


Certa feita, santa Clara escreveu numa carta a santa Inês de Praga um pouco da sua experiência contemplativa: "Feliz a quem foi dado participar do sagrado convívio, de forma a aderir com todas as veras do coração àquele cuja beleza as santas multidões dos céus admiram sem cessar. Sua ternura comove; sua contemplação fortalece; sua benignidade cumula, sua suavidade satisfaz, sua lembrança ilumina docemente, seu odor revitaliza os mortos, e a sua gloriosa visão encherá de gozo os habitantes da Jerusalém do alto." 


Portanto, caríssimos, findo este pequeno sermão de hoje com a letra de uma canção que fiz em homenagem a Santa Clara, que é um espelho da sua vocação: Tu és Clara de Deus como o dia eterno, santo e fraterno é o teu coração. O teu nome irradia do Altíssimo a beleza, esplendor da realeza, de sua imensidão. Filha muito amada, por graça e vocação; digna do Senhor que te deu a salvação. Hoje e sempre serás Clara pelo exemplo de luz que te fez seguir a Cristo no Presépio e na cruz. Humildade em teu viver, preciosa és do Senhor, que deu em Seu amor, liberdade para crer.


Santa Clara, rogai por nós... 


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 10 de agosto de 2021

SE O GRÃO DE TRIGO NÃO MORRE, NÃO DÁ FRUTO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 12,24-26)(10/08/21)


Caríssimos, temos consciência das misérias deste mundo e das nossas próprias misérias; e tudo isso por conta dos pecados aqui praticados; todavia, quem os evita encontra na Misericórdia Divina o poder para vencer as tentações e seguir em frente praticando as virtudes que os faz perseverar até o fim na luta contra o pecado, e no estado de graça. Desse modo, reconhece que tudo pertence somente ao Senhor, até mesmo as boas obras que fazem; na verdade, somos apenas servos da Sua Divina Providência.


No Evangelho de hoje Jesus nos ensina que o apego a si mesmo, é pedra de tropeço que impede à própria salvação, como vemos a seguir: "Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo conserva-la-á para a vida eterna." Ou seja, o apego é pedra de tropeço, porque é símbolo do egoísmo que devora as almas que se deixam dominar por ele.


Ora, o Senhor Jesus não é mais um mestre entre tantos outros que se levantam neste mundo; Ele é Deus conosco, o único Senhor de toda a vida, e por isso, é também o único caminho que nos leva ao céu; exatamente porque Nele não há apegos, não há distinção de pessoas nem discriminação; mas também na há conivência alguma com os pecados praticados neste mundo, porque todo pecado a seu tempo leva à morte quem o comete.


Portanto, caríssimos, culturalmente aprendemos a receber, e nos acostumamos com isso; e às vezes nos apegamos com unhas e dentes ao que recebmos, mesmo sabendo que não os temos para sempre neste mundo; ora, essa liturgia de hoje nos ensina que há mais alegria em dar do que em receber, pois Deus “ama quem dá com alegria”. Porque o que damos, damos sem mérito algum, porque somente a Deus pertence tudo o que somos e tudo o temos.


Destarte, escutemos atentamente o Senhor Jesus para pormos em prática a Sua Divina Palavra: “Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto. Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará”.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

A OBEDIÊNCIA ALIMENTA A FÉ E A ESPERANÇA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 17,22-27)(09/08/21)


Caríssimos, a vontade de Deus posta à nossa disposição nos ensina que estamos à caminho da plenitude da vida que Dele recebemos, porém, para que realizemos a sua vontade é necessário a nossa obediência aos seus santos mandamentos, como ouvimos Moisés dizer na primeira leitura.


"E agora, Israel, o que é que o Senhor teu Deus te pede? Apenas que o temas e andes em seus caminhos; que ames e sirvas ao Senhor teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma, e que guardes os mandamentos e preceitos do Senhor, que hoje te prescrevo para que sejas feliz." De certo, externamente temos os mandamentos como sinais sensíveis da presença de Deus; internamento temos a ação do Espírito Santo nos concedendo as graças necessárias para cumpri-los.


De fato, o que nos faz unidos ao Senhor Jesus, é o Seu amor por nós, ao dar a própria vida para a nossa salvação. Ora, de nossa parte, cabe correspondermos a esse Seu infinito amor, pela a nossa obediência aos seus ensinamentos, como Ele disse: "Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve." (Mt 11,28-30).


No Evangelho de hoje Pedro ao ser inquirido pelo fiscal do templo a respeito do imposto a ser pago, responde positivamente por Jesus, mas antes sem consulta-lo, ao que o Senhor respondeu com um milagre de quem conhece a criação e tudo o que nela acontece. Disse então o Senhor: "Mas, para não escandalizar essa gente, vai ao mar, lança o anzol, e abre a boca do primeiro peixe que pescares. Ali encontrarás uma moeda; pega então a moeda e vai entrega-la a eles, por mim e por ti”.


Portanto, caríssimos, é sumamente importante para nós vivenciarmos os exemplos que colhemos da vivência do Senhor Jesus e seus discípulos, porque eles não se perderam no tempo, ao contrário, como vemos na Carta aos Hebreus: "Jesus Cristo é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade." (Hb 13,8). Com isso compreendemos, que de Sua dimensão eterna, o Senhor está sempre conosco, como Ele nos ensinou: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo." (Mt 28,20b).


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 8 de agosto de 2021

A FÉ QUE REMOVE MONTANHAS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 17,14-20)(07/08/21)


Caríssimos, a fé é um dom do Espírito Santo que recebemos no batismo, por isso, precisamos cultiva-la para que dê frutos de salvação. Ora, por ser um dom gratuito, não podemos rete-lo como algo que possuímos, mas como meio pelo o qual o Espírito Santo realiza as suas obras em nossa vida. De fato, é por ela que recebemos todas as graças e bênçãos. E como vimos na primeira leitura, ela nasce do amor a Deus sobre todas as coisas.


Existem várias passagens bíblicas que se referem ao dom da fé, como por exemplo: "Sem fé é impossível agradar a Deus" (Hb 11, 6). "A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê." (Hb 11,1). Aliás, todo capítulo onze desta Carta aos Hebreus se refere aos exemplos de fé que o Senhor Jesus nos dá para que o sigamos fielmente até ao fim rumo ao Reino dos Céus.


De certo, um dos pecados mais graves que impede a salvação das almas é a incredulidade, porque é um fechar-se em si mesmo, e também para a prática das virtudes que nos identificam como filhos e filhas de Deus. Ora, e por incrível que pareça, é uma das tentações mais frequentes; por ela os homens julgam negativamente Deus e o rejeitam, e com isso, afundam na lama fétida do egoísmo e da perdição eterna de suas almas.


No Evangelho de hoje, "os discípulos aproximaram-se de Jesus e lhe perguntaram em particular: “Por que nós não conseguimos expulsar o demônio?” Jesus respondeu: Porque a vossa fé é demasiado pequena." Ora, Ele disse isso depois que os discípulos fracassaram no combate contra uma enfermidade que paralisava uma criança, impedindo-a de viver livremente. 


Todavia, por causa de tal impotência, fruto da ausência da fé, peçamos ao Senhor que aumenta a nossa fé, pois, como Ele mesmo disse: "Sem mim nada podeis fazer." (Jo 15,5). Ó Senhor, da-nos permanecer em Ti para que tudo o que fizermos, seja sempre para o bem e a salvação de todos.


Portanto, caríssimos, eis alguns dons do Espírito Santo que nos ajudam no cultivo do dom da fé: o amor a Deus sobre todas as coisas; a vida de oração, e a perseverança nela, bem como meditamos no Evangelho de são Lucas: "Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo." (Lc 18,1). 


Desse modo, evitamos o pecado da incredulidade, pois, a respeito do mesmo o Senhor Jesus nos alertou: "Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?" (Lc 18,8). De fato, crer é confiar que Deus tudo pode realizar infinitamente além do que podemos por nós mesmos.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

"EU SOU O PÃO DA VIDA ETERNA"


 Homilia do XIX Dom do tempo comum (Jo 6,41-51)(08/08/21)


Caríssimos, todos nós que aqui vivemos, seguimos do tempo para a eternidade; uns à passos lentos, outros à passos largos, mas nenhum de nós seguimos sem o alimento que nos fortace e nos revigora para não perdermos o ânimo, o entusiasmo, a alegria de seguir a Cristo passando por entre as tribulações deste mundo, como o Profeta Elias que seguiu até o monte Horeb, para que alí se cumprisse a vontade de Deus, por ele profetizada.


Com efeito, naturalmente nos acostumamos com o nosso modo de ser neste percurso que fazemos. Todavia, na segunda leitura são Paulo nos lembra que para seguirmos bem precisamos eliminar do nosso viver algumas atitudes que nos impedem de entrar no Reino de Deus: "Toda amargura, irritação, cólera, gritaria, injúrias, tudo isso deve desaparecer do meio de vós, como também toda espécie de maldade."


E completa com o inverso disso: "Sede bons uns para com os outros, sede compassivos; perdoai-vos mutuamente, como Deus vos perdoou por meio de Cristo. Sede imitadores de Deus, como filhos que ele ama. Vivei no amor, como Cristo nos amou e se entregou a si mesmo a Deus por nós, em oblação e sacrifício de suave odor." Em suma, é isso o que significa fazer a vontade de Deus, pois, recebemos Dele todas essas virtudes para pô-las em prática no relacionamento uns com os outros.


No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos ensina a vivermos em permanente comunhão com Ele por meio da Santa Eucaristia, Pão da vida eterna, alimento Santo que revigora as nossas almas, e faz de nós Seus sacrários vivos, Sua morada permanente neste mundo de onde Ele nos conduz para o céu. De fato, precisamos comunga-lo em estado de graça, para não profanarmos Seu Corpo e Sangue, Sua Alma e Divindade que recebemos no Santíssimo Sacramento.


Portanto, caríssimos, humildemente supliquemos ao Senhor Jesus que em seu infinito amor e misericórdia, tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza a vida eterna: "Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e minha alma será salva." 


Destarte, felizes são aqueles que em estado de graça recebem o Senhor Jesus em suas almas, presente realmente na Santa Eucaristia, e que se deixam conduzir por Ele. De fato, receberão a vida plena na ressurreição, isto é, no dia de nossa páscoa definitiva.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

FESTA DA TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR...


 Festa da Transfiguração do Senhor (Mc 9,2-10)(06/08/21)


Caríssimos, existem momentos da fé que professamos em que somos arrebatados pelo Senhor Jesus e levados a um verdadeiro êxtase, de modo que experimentamos uma tal consolação que é como uma centelha do céu aqui na terra, bem como Pedro, Tiago e João experimentaram no Monte Tabor. Todavia, não podemos esquecer que a maior parte do nosso viver se passa na penumbra da fé, isto é, no nosso humano de cada dia.


Com efeito, o Senhor Jesus é Deus com o Pai e o Espírito Santo, no entanto, quiz viver como um de nós para que vivêssemos com Ele viveu, isto é, fazendo a Vontade do Pai em tudo, bem como nos ensinou: "De mim mesmo não posso fazer coisa alguma. Julgo como ouço; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." (Jo 5,30).


Ora, isso significa que tudo em nossa vida precisa ser de fato uma expressão da presença do Senhor Jesus, tal qual Ele nos ensina neste versículo: "Eu e o Pai somos um." (Jo 10,30). De fato, ao comunga-lo na Eucaristia, obviamente em estado de graça, somos transfigurados por Ele na real "imagem e semelhança de Deus" que somos.


De certo, ao celebrar a Festa da Transfiguração do Senhor, a Santa Igreja nos ensina que mesmo estando no mundo e em meio às suas tribulações somos chamados pelo Pai à subirmos com o Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, ao Monte Tabor para contemplarmos o Seu encontre entre Ele, e assim escutarmos a Sua voz, do mesmo modo como aconteceu com os três Apóstolos: "Então desceu uma nuvem e os encobriu com uma sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!”


Portanto, caríssimos, as experiências de fé que fazemos no colóquio com o Senhor, são meios que nos fazem crescer na sua graça e no conhecimento do seu amor, e isto para amarmos uns aos outros e por esse seu amor participarmos da construção do Seu Reino neste mundo. 


Destarte, escutemos são João na sua primeira carta: "Que permaneça em vós o que tendes ouvido desde o princípio. Se permanecer em vós o que ouvistes desde o princípio, permanecereis também vós no Filho e no Pai. Eis a promessa que ele nos fez: a vida eterna." (1Jo 2,24-25).


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 3 de agosto de 2021

SINGRANDO COM CRISTO O MAR REVOLTO DESTE MUNDO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 14,22-36)(03/08/21)


Caríssimos, nós fazemos parte do povo de Deus e vivemos da fé na Sua presença que nos acompanha e nos conduz em meio às tempestades deste mundo rumo ao porto seguro da nossa salvação, o Reino dos Céus. De fato, constantemente somos tentados, como Maria e Aarão, irmãos de Moisés, a julgar e reinvindicar para nós o que Deus concedeu ao seus escolhidos, e quando isso acontece somos punidos como o foram Maria e Aarão nesse episódio.


De certo, a lepra na pele da irmã de Moisés representa o pecado do falso juízo que carregava na alma, por isso, foi preciso o seu arrependimento e a intercessão de Moisés para que ela se libertasse do mal que fizera. Também em nosso meio, são tantos os que carregam no estado mórbido de suas almas os pecados cometidos, gerando angústia, confusão, depressão e tantos outros males, tirando-lhes a paz e a alegria de viver. Por isso, precisam do arrependimento sincero, da confissão e do perdão sacramental para retornarem ao estado de graça.


No Evangelho de hoje, depois de despedir as multidões o Senhor Jesus se recolheu em oração para estar na presença do Pai e assim gozar do seu aconchego, enquanto os seus discípulos o esperavam mar adentro, quando foram surpreendidos por uma terrível ventania e tempestade que quase afunda a barca na qual estavam. 


No entanto, mais que de repente o Senhor Jesus lhes aparece andando sobre as águas em meio à tempestade, mas logo pensavam ser Ele um fantasma, tornado-se ainda mais embaraçosa a situação que estavam vivendo. Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” Então Pedro lhe disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água”. E Jesus respondeu: “Vem!”


Portanto, caríssimos, esse nosso mundo mais parece um mar revolto cheio de ventos fortes e tempestades, tornando-se quase impossível singra-lo rumo a um porto seguro aonde as águas são calmas em que todos possam viver a tranquilidade que tanto almejam. Por isso, pelo exemplo que vimos nesse episódio, acolhamos o Senhor Jesus na barca de nossas almas, porque somente Ele transforma as tempestades desta vida em águas tranquilas.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

SENHOR, ESCUTA A MINHA ORAÇÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 14,13-21)(02/08/21)


Caríssimos, para quem faz a vontade de Deus, até as más notícias que recebe são motivos para se dedicarem ainda mais a Ele e ao Seu Reino. No Evangelho de hoje ao receber a notícia do martírio de são João Batista, o Senhor Jesus retirou-se para o deserto com a intenção de se recolher em oração, e encontrar-se com o Pai. Com isso Ele nos ensina que em todos os momentos, em especial nos mais difíceis, precisamos encontrar o nosso Pai celestial para permanecermos em comunhão com Ele.


De certo, vimos também que as multidões famintas dos seus ensinamentos e dos sinais que cumpria em seu favor, logo o procuraram, e Ele teve compaixão, os curou, e saciou a sua fome do alimento corporal e da sua Divina Palavra que alimentava suas almas. De fato, os homens e as mulheres daquele tempo nos impulsionam, com o seu exemplo de vida, a buscar o Senhor Jesus e escuta-lo atentamente para fazermos tudo o que Ele nos ensina, e assim nos libertar das enfermidades do corpo e da alma. 


Quanto à esses dois episódios vemos quão importante são "o milagre da fé e da oração, suscitado pela compaixão e pelo amor" (Papa Francisco), que o Senhor Jesus tem por nós. Por isso, não basta procura-lo somente pelos sinais que realiza, mais do que isso, precisamos nos entregar totalmente e incondicionalmente ao Seu amor, para nos sentirmos plenamente seguros da Sua presença e da sua proteção.


De uma coisa fiquemos certos, ao acolhermos o Senhor Jesus em nossas almas e permanecermos intimamente unidos a Ele, nos tornamos seus sacrários vivos, de modo que, aonde vamos o portamos para todos os que encontramos em nosso caminho, para assim cumprirmos a Sua Divina Palavra: "Ide, pois, e ensinai a todas as nações, ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo." (Mt 28,19-20).


Portanto, caríssimos, amar a Deus e fazer a sua santa vontade, é crê no Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, e obedecer a tudo o que Ele nos ensina, pois, somente assim cumpriremos a nossa missão de vivermos como filhos e filhas de Deus neste mundo; caso contrário, de nada adianta dizermos que acreditamos nele, se a nossa fé e as nossas obras não confirmarem que realmente pertencemos a Ele, bem como nos ensinou são João: "Aquele que afirma permanecer nele deve também viver como ele viveu." (1Jo 2,6)


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 1 de agosto de 2021

A FÉ TUDO ALCANÇA...


 Homilia do 18°Dom do Tempo Comum (Jo 6,24-35)(01/08/21)


Caríssimos, para manutenção da vida, naturalmente precisamos de alimentos, água e outros elementos da natureza que nutre e sacia as nossas necessidades básicas. Sem dúvida Deus nos criou com tais necessidades devido a brevidade da vida no tempo; e isso constitui uma certa provação antes do devir eterno, porque Ele nos criou para a eternidade; é isso o que nos revela esta liturgia de hoje.


Na primeira leitura os Israelitas que saíram da escravidão do Egito e estavam atravessando o deserto rumo a terra prometida, sentem o peso dessa travessia, pois lhes falta água, pão, carne e outros alimentos para suprir as suas necessidades básicas. Por isso, ao sentirem a escassez de tais elementos se puseram a murmurar e a pressionar Moisés e Aarão querendo uma solução que naturalmente seria impossível em tais circunstâncias. 


No entanto, a solução veio da Fé que mudou totalmente a situação angustiante que estavam sofrendo. Desse modo, pela intervenção divina, superaram os obstáculos que os estava oprimindo. De certo, essa experiência do povo eleito, nos ensina que na travessia do deserto deste mundo, se faz necessário uma liderança que creia e que realmente viva em comunhão com o Senhor e se deixe conduzir por Ele a fim de chegarmos a bom termo no cumprimento dos seus desígnios. 


Com efeito, para isso temos na Santa Igreja, o novo povo de Deus, o Santo Padre, o Papa Francisco, os bispos, os sacerdotes e diáconos em comunhão com ele, e as outras lideranças por meio dos quais o Senhor Jesus nos conduz à terra prometida, o Reino de Deus. Porém, como o povo eleito, precisamos cooperar com esses nossos líderes a fim de que vivamos a unidade do Espírito Santo pelo vínculo da paz e do amor a Deus sobre todas as coisas e entre nós. 


Portanto, caríssimos, oremos com toda a Igreja a oração canônica deste 18° Domingo do Tempo Comum: "Manifestai, ó Deus, vossa inesgotável bondade para com os filhos e filhas que vos imploram e se gloriam de vos ter como criador e guia, restaurando para eles a vossa criação, e conservando-a renovada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!"


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

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