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quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

A LUTA CONTRA A INCREDULIDADE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA (Mc 6,1-6)(31/01/24).


1. Caríssimos, quem fecha os ouvidos de sua alma para não escutar a voz de Deus, frequentemente os abre para escutar as vozes do mundo, das tentações e de tudo o que os leva a cometer os mais terríveis pecados, que os afasta do caminho da graça, para encaminha-los às vias turbulentas da perdição. 

2. É esse o triste diagnóstico das almas perdidas por não viverem em comunhão com a vontade do Senhor. Por isso, não podemos nunca nos afastar da Palavra de Jesus, da Santa Comunhão do Seu Corpo e Sangue, alma e divindade; da vida de oração e penitência, das obras de misericórdia preparadas por Deus para que as pratiquemos (cf. Ef 2,8-10).

3. Com efeito, os bons e os maus exemplos que vemos nas Sagradas Escrituras, são ensinamentos que nos levam a refletir e ajustar o nosso comportamento ao bem viver dos filhos e filhas de Deus, pois estamos seguindo a trilha da verdade como discípulos do Senhor Jesus até que cheguemos à terra prometida do Seu Reino. 

4. E para vivermos essa graça, o Senhor nos ensina: "Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará” (Lc 9, 24).

5. Na segunda Carta aos Corintios, vemos a luta espiritual travada por São Paulo contra a tentação do orgulho e da vaidade, para se manter em estado de graça. Disse ele: "Irmãos: Para que a extraordinária grandeza das revelações não me ensoberbecesse, foi espetado na minha carne um espinho, que é como um anjo de Satanás a esbofetear-me, a fim de que eu não me exalte demais. 
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6. A esse propósito, roguei três vezes ao Senhor que o afastasse de mim. Mas ele disse-me: “Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a minha força se manifesta”. Por isso, de bom grado, eu me gloriarei das minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim." (2Cor 12,
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7. No Evangelho de hoje, Jesus ficou admirado com a falta de fé demonstrada por seus conterrâneos, e por isso não fez milagre algum entre eles, mas apenas curou alguns enfermos por pura compaixão. De fato, a incredulidade gera preconceitos e desprezo pelo que é autêntico e verdadeiro, por isso, quem a cultiva deixa de receber as graças do céu por se fechar em si mesmos. 
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8. Portanto, caríssimos, quem usa os próprios critérios para crer, nunca poder ver a glória de Deus brilhar, pois os critérios humanos sem a iluminação da graça do Senhor, é pedra de tropeço que impede os homens de serem conduzido pelo Espírito Santo. 
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Paz e Bem! 
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

CUIDADO COM A FAMA DESTE MUNDO...


 

A VERDADE LIBERTA-NOS DE TODO MAL...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 5,1-20)(29/01/24)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, a presença do maligno numa alma é a pior das experiências que o ser humano pode fazer, porque de imediato perde a paz, a alegria de viver e todas as graças que o mantinha em comunhão com o Senhor, exceto o dom do arrependimento. 

2. De fato, o deplorável estado da alma que ofende a Deus, tem sua origem no pecado, permitido e praticado, como nos ensina são Tiago: "Ninguém, quando for tentado, diga: É Deus quem me tenta. Deus é inacessível ao mal e não tenta a ninguém. Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia." (cf. Tg 1,13-14). De fato, por trás de todo pecado se esconde o maligno.
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3. Com efeito, ao criar o ser humano à sua imagem e semelhança, Deus lhe deu o poder do livre arbítrio para dizer sempre não ao maligno, que só pode entrar numa alma se receber dela a permissão, porque sem essa permissão nada pode fazer, por isso, usa as tentações que chegam à mente por meio de maus pensamentos. 

4. Mas, quanto à isso, são Paulo nos ensina: "Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela." (Rm 10,13).
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5. Sem dúvida alguma, tudo o que é mal só vem do mal; os filhos de Deus nunca pensam o mal, porque são filhos de Deus (cf. 1Jo 3,7-10); todavia, sofrem tentações, pois essa é a arma usada pelo maligno para seduzir e entrar nas almas e delas se apossar, como vimos no Evangelho de hoje. 

6. Por isso, nunca deixe entrar em sua mente pensamentos de acusação, julgamento, sedução, perversão, traição, violência, xingamentos, blasfêmias, desejos impuros, etc; porque o resultado disso é devastador para a alma.
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7. Portanto, caríssimos, as armas espirituais que o Senhor nos dá, são poderosíssimas na luta contra às insídias do maligno; pois, é o Espírito Santo que vai conosco nos ajudando a vencer essa luta. 

8. São elas: a Santa Missa, o Sacramento da confissão, a comunhão Eucarística, a Palavra de Deus meditada e praticada, a oração mental, o Santo Terço diário, o jejum penitencial, as obras de misericórdia e a prática da fé pela participação nas pastorais da comunidade eclesial.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 28 de janeiro de 2024

Homilia do 4 Dom do Tempo Comum...


 Homilia do 4°Dom do TC (Mc 1,21-28)(28/01/24)


Amados irmãos e amadas irmãs, sem dúvida vivemos em meio ao mistério da iniquidade, por isso, o Senhor Jesus veio até como nos ensina são João: "Eis por que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio." (1Jo 3,8b). E nos fazer nascer da água e do Espírito Santo, porque somente por Ele venceremos o mistério da iniquidade.

Meditemos com amor e atenção esta homilia do 4°Dom do Tempo Comum... 

1. Caríssimos esta liturgia de hoje é um bálsamo para a nossa fé como o foi para aqueles que estavam na Sinagoga e escutaram o Senhor Jesus e presenciaram o exorcismo que Ele fez quando interpelado por um homem endemoniado. 

2. Assim como descreveu são Marcos a respeito da reação das pessoas: "E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: “O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!” Ou seja, a verdade liberta sempre porque tem todo poder sobre o céu e a terra. 
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3. Comentando esse Evangelho, disse o Papa Francisco: "No centro da narração de hoje encontra-se o evento do exorcismo, através do qual Jesus é apresentado como profeta poderoso em palavras e ações. 

4. Ele entra na sinagoga de Cafarnaum no dia de sábado e começa a ensinar; as pessoas ficam admiradas com as suas palavras, porque não eram palavras comuns, não se assemelhavam com o que eles normalmente ouviam.
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5. Com efeito, os escribas ensinavam, mas sem ter autoridade própria. Ao contrário, Jesus ensina como alguém que tem autoridade, revelando-se assim como o Enviado de Deus, e não como um simples homem que tem que fundar o seu ensinamento unicamente nas tradições precedentes. 
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6. Jesus tem plena autoridade. Jesus é o nosso mestre, poderoso em palavras e obras. Jesus comunica-nos toda a luz que ilumina o caminho, por vezes escuros, da nossa existência; comunica-nos também a força necessária para superar as dificuldades, as provas, as tentações. 
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7. Pensemos na grande graça que é para nós ter conhecido este Deus tão poderoso e bondoso! Um mestre e um amigo, que nos indica o caminho e cuida de nós, sobretudo quando estamos em necessidade. (Papa Francisco, Angelus, 28/01/18).
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8. Portanto, caríssimos, viver sob a autoridade do Senhor Jesus é viver livre do maligno e de todos os males; e deixar-se guiar pelo Espírito Santo realizando a vontade do Pai em todos os sentidos de nossa vida. 
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9. Destarte, é bem como nos ensinou ainda São Paulo: "Irmãos todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus." (Rm 8,14). De fato, por Cristo fomos resgatados e por Ele somos conduzidos à glória do Seu Reino, no entanto, precisamos cooperar em tudo com o seu querer e agir em vista da nossa salvação. 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 27 de janeiro de 2024

VENCENDO AS TEMPESTADES...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 4,35-41)(27/01/24)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, a luta contra o pecado é permanente, isto porque as tentações são constantes. Porém, em meio à essa luta o Senhor Jesus está sempre conosco à frente de todas as nossas batalhas, só precisamos nos manter fiéis a Ele. 

2. Escutemos, então, são Paulo a esse respeito: "Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela." (Rm 10,13).
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3. A liturgia de hoje nos exorta a evitarmos as tentações e o pecado, isto porque nenhum pecado cometido é isento das consequências que dele adveem; ora, constatamos isso na primeira leitura, em que o rei Davi após o seu pecado caiu em si ao ser interpelado pelo Profeta Natan, e percebeu a gravidade do mal que cometera e as terríveis consequências dele. 

4. De fato, Davi se arrependeu e foi perdoado por Deus, mas nem por isso deixou de sofrer as penas por o ter desprezado por conta do grave pecado cometido. Por isso, compreendemos que o pecado grave é um ato contra Deus, que leva a perca do estado de graça, isto é, da não comunhão com Ele, portando quem o comete às mais terríveis consequências.
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5. O Evangelho de hoje nos recorda que estamos na barca de Pedro, a Igreja, com Cristo que repousa nela. Porém, no mais das vezes damos demasiada atenção às tempestades das calúnias e dos acontecimentos adversos nos esquecendo que Jesus singra conosco, na mesma barca, atravessando o mar revolto deste mundo. 
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6. O fato é que, quando estamos afundando, nos queixamos como os Apostolos: "Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” (Mc 4,38b). Ou seja, estavam com o Senhor Jesus, mas não com a fé devida, tão necessária para perceber a sua Divina Proteção.
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7. Portanto, caríssimos, quando nas lutas diárias enfrentarmos as tempestades e os desequilíbrios das ondas da maldade deste mundo, precisamos silenciar os nossos pensamentos, sentimentos e emoções, para em súplice oração buscar o Senhor e ver os seus prodígios. 
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8. Pois, como vimos no relato do Evangelho: "Jesus se levantou e ordenou ao vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!” O vento cessou e houve uma grande calmaria." Todavia, preparemo-nos, porque certamente o Senhor nos dirá como disse aos Apóstolos: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” (cf. Mc 4,39-40).
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9. Destarte, escutemos atentamente esta exortação de são Padre Pio de Pietrelcina: "Tende sempre o cuidado de não transformar as vossas ocupações em problemas e preocupações espirituais; e, se fordes tomados pelas ondas, apanhados numa tempestade de muitas dificuldades, erguei o olhar para o alto e dizei a Nosso Senhor: Ó Deus, é por Vós que navego e viajo; sede o meu guia e o meu piloto!"
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10. Vivei em paz e descansai sem medo no coração divino, onde estamos bem abrigados das tempestades, e onde nem a justiça de Deus pode chegar. Esforçai-vos por dominar as angústias do vosso coração. Confiança e calma na grande obra da vossa santificação e da santificação dos outros. O resto é com Jesus." (São (Padre) Pio de Pietrelcina (1887-1968), capuchinho
 Capítulo X, nn. 316-323).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

É PRECISO DISPONIBILIDADE PARA SEGUIR CRISTO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 10,1-9)(26/01/24)

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1. Caríssimos, muitas vezes as preocupações humanas e mundanas tentam atrapalhar a obra de Deus em nossa vida, e se não tivermos cuidado nos deixamos dominar por elas. Por isso, se faz urgente seguirmos esta exortação de são Paulo: "Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças." (Fil 4,6).

2. De fato, o fundamental na vida de todo batizado é amar a Deus sobre todas as coisas fazendo sempre aquilo que lhe agrada, fora dessa verdade tudo o mais não passa de vãs preocupações sem nenhum proveito para a nossa vida. A liturgia de hoje nos dá o entendimento de que as obras de Deus são perfeitas e tudo nelas transcorre harmoniosamente mesmo que os homens tentem atrapalhar. 

3. Decerto, só entende isso quem se põe disponível no seguimento de Cristo para realizar o seu querer e agir para a salvação de todos; caso contrário, haverá sempre oposição e críticas que em nada contribuem para a plena realização do Seu Reino no meio de nós. Com efeito, seguir o Senhor Jesus com a nossa cruz de cada dia é saber-se amados por Ele mesmo quando os homens e o mundo nos dizem que não. 

4. Certa feita, escrevi uma canção que representa muito bem o sentido dessa liturgia: "Esperar contra toda esperança, confiar cegamente e seguir, sabendo que a chegada é certa e que o sol vai de nova surgir. Mesmo que doa o coração, mesmo que falte um dia a canção, mesmo que tudo diga não; Deus me ama e me acolherá."
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5. Sem dúvida, a prática da fé tem os seus desafios e contratempos porque nem todos os homens aceitam os desígnios do Senhor. Ora, não podemos pensar que a paz definitiva que almejamos é uma paz sem conflito, pois o Senhor disse isso: "Referi-vos essas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo." (Jo 16,33).
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6. São Timóteo e São Tito, de quem hoje a Igreja celebra a memória, muito sofreram por causa do Santo Nome do Senhor, mas, porque se mantiveram fiéis a Ele até o fim, receberam a feliz recompensa da vida eterna juntamente com São Paulo de quem eram discípulos. 
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7. Portanto, caríssimos, certamente isso também nos acontecerá se como eles perseverarmos até o fim. Pois, eis o que escreveu são Paulo: "Eis uma verdade absolutamente certa: Se morrermos com Cristo, com ele viveremos. Se soubermos perseverar, com ele reinaremos. Se, porém, o renegarmos, ele nos renegará. Se formos infiéis... ele continua fiel, e não pode desdizer-se." (2Tim 2,11-13).
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8. Referindo-se à nossa participação no Corpo de Cristo, eis o que diz o Catecismo: "Toda a Igreja é apostólica, na medida em que, através dos sucessores de Pedro e dos apóstolos, permanece em comunhão de fé e de vida com a sua origem. Toda a Igreja é apostólica, na medida em que é «enviada» a todo o mundo. 
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9. Todos os membros da Igreja, embora de modos diversos, participam deste envio. «A vocação cristã é também, por natureza, vocação para o apostolado». E chamamos «apostolado» a «toda a atividade do Corpo Místico» tendente a «alargar o reino de Cristo à Terra inteira» (Vaticano II).
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10. A Igreja é una, santa, católica e apostólica na sua identidade profunda e última, porque é nela que existe desde já, e será consumado no fim dos tempos, «o reino dos Céus», «o reino de Deus», que veio até nós na Pessoa de Cristo e que cresce misteriosamente no coração dos que nele estão incorporados, até à sua plena manifestação escatológica. 
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11. Então, todos os homens por Ele resgatados e nele tornados «santos e imaculados na presença de Deus, no amor» (Ef 1,4), serão reunidos como único povo de Deus, como «a Esposa do Cordeiro», «a Cidade santa descida do Céu, de junto de Deus, trazendo em si a glória do mesmo Deus»; e «a muralha da cidade assenta sobre doze alicerces, cada um dos quais tem o nome de um dos doze apóstolos do Cordeiro» (Ap 21,14). (Catecismo da Igreja Católica §§ 863-865).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

ESTE É O PODER DA PALAVRA DE CRISTO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 4,1-20)(24/01/24)

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1. Caríssimos, o ser humano carrega consigo necessidades que, quando supridas com justiça, se tornam sinais da presença de Deus e da comunhão uns com os outros. De fato, a prática da Palavra nos faz viver na presença de Deus, nos faz amá-lo e sentir-nos amados por Ele em todos os sentidos da nossa vida.
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2. Ora, se prestarmos bem atenção à prática da Palavra, percebemos que ela é a relação íntima entre o divino e o humano que encontra em Jesus Cristo, Deus e homem, perfeita harmonia; desse modo, falamos com Ele, mas também o escutamos, porque Nele vivemos, bem como nos ensinou: "Se alguém me ama, guardará a minha Palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada." (Jo 14,23).
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3. Na liturgia de hoje meditamos com a Parábola do Semeador, como reza o texto: “Escutai! O semeador saiu a semear...". Decerto, os elementos constitutivos desta Parábola, são: o semeador, as sementes, os tipos de terrenos e os frutos que produz. 

4. Com efeito, o Semeador é o Senhor Jesus; suas Palavras são as sementes; os tipos de terrenos são as almas que as recebe; os frutos, porém, depende sempre de quem as recebe e de como as cultiva. Ou seja, é necessário existir uma ligação direta entre o semeador e os terrenos, para não faltar a seiva que fecunda as sementes, caso contrário, não se produz bons frutos.
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5. Porém, disto fiquemos certos: "Tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não volvem sem ter regado a terra, sem a ter fecundado, e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão." (Is 55,10-11). Ou seja, mesmo se algum terreno não dê os frutos devidos a Palavra contínua se cumprindo.
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6. Sem dúvida, a Palavra é o meio de comunicação mais eficaz que existe, por ela o Senhor nos comunica suas graças para as multiplicarmos. Todavia, se alguém não a usa com esse fim, ela se torna causa de perdição eterna para quem faz mal uso dela. (cf. Mt 12,36-37). 
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7. Portanto, caríssimos, precisamos prestar muito atenção à Palavra do Senhor Jesus, porque ela é a regra da vida eterna, e sem essa devida atenção, seremos apenas terrenos infecundos que nada produz além das ervas daninhas advindas da incoerência por falta da autêntica vivência da Palavra.
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8. Comentando o Evangelho de hoje disse o Papa Bento XVI: "O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão" (Mc 13,31). A Sagrada Escritura não conhece ambiguidades: toda a criação é marcada pela finitude, incluindo os elementos deificados pelas antigas mitologias: não há confusão entre a criação e o Criador, mas uma clara distinção. 
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9. Com uma distinção tão clara, Jesus afirma que as suas palavras "não passarão", ou seja, elas veem de Deus e, por isso, são eternas. Embora pronunciadas na concretude da sua existência terrena, são palavras proféticas por excelência, 
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10. como Jesus afirma noutro lugar dirigindo-se ao seu Pai celeste: "As palavras que me deste, eu as dei a eles. Eles receberam-nas e sabem verdadeiramente que eu saí de ti e acreditaram que tu me enviaste" (Jo 17,8). 
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11. Cristo compara-se ao semeador e explica que a semente é a Palavra (cf. Mc 4,14): quem a ouve, acolhe e dá fruto (cf. Mc 4,20) faz parte do Reino de Deus, isto é, vive sob o seu senhorio; permanece no mundo, mas já não é do mundo; traz dentro de si uma semente de eternidade, um princípio de transformação que já se manifesta agora numa vida boa, animada pela caridade, e que no fim produzirá a ressurreição da carne. Este é o poder da Palavra de Cristo."
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

A CONVERSÃO DE SÃO PAULO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 16,15-18)(25/01/24)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, o itinerário existencial é um caminho a ser percorrido por cada um de nós e não comporta atalhos; viver não é só existir, mas sim, dar sentido à vida ligando-se ao autor de toda vida para assimilar a sua vontade e dar furtos de vida eterna. 

2. De fato, nossa vida faz parte do grande mistério de Deus e da obra de suas mãos, e os acontecimentos que nela se dão, depende sempre das nossas escolhas e decisões, obviamente se as tomamos em comunhão com a sua vontade tudo contribui para o bem de nossas almas e a felicidade de todos.
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3. A liturgia de hoje trata da conversão de são Paulo, onde ele de perseguidor dos cristãos, converte-se no grande propagador da fé em Cristo. De fato, sua conversão é sem dúvida um mistério, mas do que isso, é um grande testemunho da presença de Cristo no mundo por suas palavras e ações. 

4. Vejamos o que ele diz neste seu relato: "Porque não ousaria mencionar ação alguma que Cristo não houvesse realizado por meu ministério, pelo poder dos milagres e prodígios, pela virtude do Espírito. De maneira que tenho divulgado o Evangelho de Cristo desde Jerusalém e suas terras vizinhas até a Ilíria, para levar os pagãos a aceitar o Evangelho, pela palavra e pela ação." (Rm 15,18-19).
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5. Com isso entendemos que, "a evangelização não é uma iniciativa nossa e não depende em primeiro lugar dos nossos talentos, mas é uma resposta confiante e obediente ao chamado de Deus e, por isso, não se baseia nas nossas forças, mas nas Suas. O apóstolo Paulo experimentou isso: "Temos este tesouro em vasos de barro, para que transpareça que este poder extraordinário pertence a Deus e não vem de nós" (2 Cor 4,7). (Papa Bento XVI). 

6. De fato, quando o Senhor nos envia a proclamar a Boa Nova da salvação, como o fez com são Paulo, Ele nos dá como garantia a sua presença real na Eucaristia, o poder da sua Palavra e a assistência permanente do Espírito Santo para que assim cumpramos a nossa missão de leva-lo ao maior número de almas, para que convertidas, tenham Nele a vida eterna.
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7. Amados irmãos e irmãs, o testemunho da conversão de são Paulo, continua evangelizando todos os povos de todos os tempos, porque verdadeiramente é uma vida exemplar. Eis o que escreveu são Bernardo a respeito deste acontecimento: "Esta festa é uma grande fonte de benefícios para quantos a celebram. 
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8. Como haveremos de desesperar, seja qual for a enormidade das nossas faltas, quando sabemos que «Saulo, entretanto, respirando sempre ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor», se transformou subitamente em «instrumento de eleição»? (At 9,1.15). 
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9. Quem poderá dizer, sob o peso do seu pecado: «Não posso erguer-me para levar uma vida melhor» quando, na mesma estrada por onde o conduzia o seu coração sedento de ódio, o perseguidor encarniçado se tornou subitamente um pregador fiel? Esta conversão mostra-nos, num único e magnífico dia, a misericórdia de Deus e o poder da sua graça.
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10. Eis, portanto, meus irmãos, um modelo perfeito de conversão. «O meu coração está firme, ó Deus, o meu coração está firme; que hei de fazer?» (Sl 57,8; At 9,6). Palavra breve mas tão cheia, viva, eficaz e digna de ser atendida! Como são poucas as pessoas que estão nessa disposição de obediência perfeita, tendo renunciado à sua vontade a ponto de o seu próprio coração já não lhes pertencer! 
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11. E como são poucas as pessoas que procuram a cada instante, não o que desejam, mas o que Deus quer, e Lhe dizem sem cessar: «Que hei de fazer, Senhor?». (São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja - 
 1.º Sermão para a festa da conversão de São Paulo, 1,6). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

O PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 3,22-30)(22/01/24)

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1. Caríssimos, a liturgia de hoje trata do único pecado que não tem perdão, como disse o Senhor Jesus: "nem neste século nem no vindouro". Escutando essas palavras do Senhor, percebemos o quanto é grave esse pecado, pois, aqueles que o cometem o fazem com a consciência de que jamais serão perdoados, exatamente porque nessas almas não existe espaço para a Misericórdia Divina.
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2. O pecado contra o Espírito Santo, nasce das almas cheias de incredulidade, iniquidade, egoísmo, impureza, soberba, avareza, inveja, indiscrição, impaciência e todo tipo de maldade; essas almas facilmente se escandalizam com as ações do Espírito Santo, julgando e condenando suas virtudes presente nos que estão à serviço do Reino de Deus e da Sua justiça.
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3. Com efeito, como nos ensinou são Paulo: "Para os puros todas as coisas são puras. Para os corruptos e descrentes nada é puro: até a sua mente e consciência são corrompidas. Proclamam que conhecem a Deus, mas na prática o renegam, detestáveis que são, rebeldes e incapazes de qualquer boa obra." (Tt 1,15-16).
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4. No Evangelho segundo João, eis o que diz nos o Senhor: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Pois, todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo. Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres." (Jo 8,34). 
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5. De fato, antes da vinda de Cristo, todos éramos escravos do pecado e do maligno, autor do pecado; mas, com a vinda do Senhor, por Sua humilhação e morte de cruz, nos libertou do pecado e do poder do inferno; para vivermos na Sua presença em santidade e justiça todos os dias de nossa vida.
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6. Com efeito, se tem algo que jamais precisamos, esse algo se chama pecado, porque ele é sempre sinônimo de morte e perdição. Na sua primeira carta assim nos ensina são João: "Aquele que peca é do demônio, porque o demônio peca desde o princípio. Eis por que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio.Todo o que é nascido de Deus não peca, porque o germe divino reside nele; e não pode pecar, porque nasceu de Deus. (1Jo 3,8-9). 

7. Decerto, pelo fato de dependermos cem por cento do Senhor Jesus, o pecado não faz parte mais de nossa vida, como escreveu são Paulo: "Mas agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes por fruto a santidade; e o termo é a vida eterna. Porque o salário do pecado é a morte, enquanto o dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor." (Rm 6,22-23).
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8. Portanto, caríssimos, escutemos ainda são João: "A nova que dele temos ouvido e vos anunciamos é esta: Deus é luz e nele não há treva alguma. Se dizemos ter comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não seguimos a verdade.
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9. Se, porém, andamos na luz como ele mesmo está na luz, temos comunhão recíproca uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniqüidade." (1Jo 1,5-9).
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10. Destarte, rezemos esta oração de santa Hildegard de Bindgen: "Ó Deus, Tu que defendes aqueles que creem em Ti, guarda-me sob a proteção da tua Onipotência,
para que, ao abrigo das tuas asas, eu Te reze e Te adore com ações de graças.
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11. Jamais levantarei os olhos para uma divindade que me atraiçoa e me ignora. Livra-me, pois, de toda a rebelião dos espíritos maus que me atormentam na concupiscência da carne. Dá-me a vitória final,
para que a minha alma se regozije no meu corpo e eu obtenha a vida eterna." (Santa Hildegard de Bingen (1098-1179). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 21 de janeiro de 2024

HOMILIA DO 3°DOM DO TEMPO COMUM...


 Homilia do 3°Dom do T.C.

(Mc 1,14-20)(21/01/24)
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1. Caríssimos, a nossa vida é uma aventura no tempo rumo à eternidade, e isso serve para todos os seres humanos de todas as gerações; todavia, felizes são aqueles que escutam o chamado do Senhor Jesus e o seguem fielmente como o fizeram os Apóstolos nesta liturgia de hoje.
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2. De fato, estamos acostumados com a nossa naturalidade cotidiana, com os nossos planos, mas quando realmente deixamos tudo para seguir o Senhor Jesus, tudo muda, e a nossa aventura passa a ser aquela do Reino de Deus, em que não pensamos em nós mesmos, mas na salvação de todos movidos pelo Espírito Santo.
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3. A dinâmica do chamado do Senhor acontece para todos, bem como nos lembra o Profeta Isaías: "Levantai os olhos para o céu e olhai. Quem criou todos esses astros? Aquele que faz marchar o exército completo, e a todos chama pelo nome, o qual é tão rico de força e dotado de poder, que ninguém falta ao seu chamado." (Is 40,26). 

4. Contudo, perguntemos: Senhor quem está disposto à Ti ouvir e se dispõe a Ti seguir aonde quer que fores? Ora, seja qual for a nossa resposta fiquemos certos disto, Deus é nosso Pai e nos conhece perfeitamente, basta dar-lhe a devida atenção; e não importa a condição em que nos encontramos, mas sim o desejo e a disposição de deixar tudo e segui-lo. 
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5. Comentando este Evangelho de hoje disse o Padre Ubaldo Terrinoni: "Quatro elementos se destacam no chamado de Jesus para segui-lo, ou seja, quatro constantes. O olhar! O evangelista destaca o olhar do Mestre, que passa e... vê! "Enquanto caminhava, viu Simão e André" (1,16); "tendo avançado um pouco mais, viu Tiago e João" (1,19); "passando, viu Levi" (2,13). 
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6. É um olhar que se concentra, que escolhe e pontualiza uma pessoa, distinguindo-a de todos os outros pescadores que ali se encontram; o verbo grego blèpo sublinha a insistência do olhar, mas também a intensidade do amor; é quase como uma ação que se desenrola no primeiro encontro. A cena daqueles olhos deve ter sido impressionante, que Pedro ainda a recorda trinta anos mais tarde. 
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7. A iniciativa! Esta é a segunda constante do chamado. É Jesus que passa e chama; é ele que dá o primeiro passo e vai à procura de colaboradores; é ele que abre o diálogo e faz o convite; e é ele que prepara a ocasião do encontro e toma a decisão de se pôr à disposição para que o seu programa de evangelização floresça no chamado. Ele sente a falta de trabalhadores. Ele deseja fazer-se amigo, irmão, mestre, modelo e confidente íntimo daqueles a quem chama. 
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8. A urgência! Perante o chamamento do Mestre, o que foi chamado não pode hesitar e muito menos adiar a resposta para mais tarde. Não! O chamado é qualificado com uma nota de urgência, com... uma "pressa divina", que é sublinhada no texto com o advérbio de tempo "imediatamente": "e imediatamente, tendo deixado as redes, seguiram-no" (1,18); "e imediatamente os chamou..." (1,20); "levantou-se e seguiu-o" (2,14). 
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9. Ao chamado imediato corresponde a resposta imediata. É o apelo do "tempo oportuno", do kairós, do tempo favorável; é a ocasião feliz a não perder, ou melhor, a aproveitar agora, aqui, agora, para mim, para ti, para ele.
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10. O seguimento! Esta é a quarta "constante" e constitui o ponto de chegada do chamado; de fato, é o verbo seguir que caracteriza o discípulo. De fato, no texto, a ênfase não está tanto em "deixar, abandonar, desprender-se dos bens da terra", mas em seguir: "...e eles deixaram as redes e seguiram-no" (1,18); "...e eles deixaram o pai e seguiram-no" (1,20); "...e ele levantou-se e seguiu-o" (2,14). 
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11. O discípulo não é tanto aquele que aprende uma doutrina, mas aquele que abandona de bom grado tudo o resto da sua vida para viver a aventura de seguir Cristo. Na experiência do seguimento, o discípulo vai-se encontrando lentamente com um novo modo de vida e um novo critério evangélico para escolher e avaliar as coisas, as pessoas e os acontecimentos. E o resto torna-se, segundo as palavras de Paulo, "perda" e "lixo" (Fl 3,12)."
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

SER APÓSTOLO, É UM CHAMADO ESPECIAL...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 3,13-19)(19/01/24)


1. Caríssimos, o único sentido da missão evangelizadora é fazer chegar o anúncio do nome de Jesus e o poder da Sua Palavra Redentora à todas as almas, por obra e graça do Espírito Santo. Mas, isso requer de nós adesão total ao Senhor e a disposição de servi-lo de todo o nosso coração e com todas as nossas forças, como o fizeram os Apóstolos, os primeiros que foram chamados por Ele.
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2. Ao comentar este Evangelho, disse o Papa Francisco: "Com efeito, «apóstolo», é uma palavra grega que quer dizer «mandado», «enviado». O apóstolo é uma pessoa mandada, enviada a fazer algo, e os Apóstolos foram escolhidos, chamados e enviados por Jesus, para dar continuidade à sua obra, ou seja, para rezar — é a primeira tarefa do Apóstolo — e, a segunda, anunciar o Evangelho. 
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3. Isto é importante, porque quando pensamos nos Apóstolos, poderíamos pensar que só foram anunciar o Evangelho, e realizar muitas obras. Mas nos primórdios da Igreja houve um problema porque os Apóstolos deviam fazer muitas coisas e então constituíram os diáconos, a fim de que lhes sobrasse mais tempo para rezar e anunciar a Palavra de Deus. 
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4. Quando pensamos nos sucessores dos Apóstolos, os Bispos, incluído o Papa, porque também ele é Bispo, devemos perguntar se, em primeiro lugar, este sucessor dos Apóstolos antes de tudo reza e depois anuncia o Evangelho: isto significa ser Apóstolo, e por isso a Igreja é apostólica." (Papa Francisco, audiência geral, 16/10/13).
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5. "Deste modo, os bispos, orando e trabalhando pelo povo, espalham multiforme e abundantemente a plenitude da santidade de Cristo. Pelo ministério da Palavra, comunicam a força de Deus para a salvação dos que creem (cf. Rom 1,16) e, por meio dos sacramentos, cuja distribuição regular e frutuosa ordenam com a sua autoridade, santificam os fiéis." (C. D. "Lumen Gentium", sobre a Igreja, § 26).
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6. Comentado esse mesmo Evangelho, disse santo Agostinho: "Os bem-aventurados Apóstolos, foram os primeiros a ver Cristo suspenso na cruz; choraram a sua morte e ficaram atemorizados pelo prodígio da sua ressurreição, mas, logo a seguir, transportados de amor por esta manifestação do seu poder, não hesitaram em derramar o próprio sangue para atestar a verdade do que tinham visto. 
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7. Pensai, irmãos, no que foi pedido a esses homens: ir por todo o mundo pregar que um morto tinha ressuscitado e subido ao céu; e sofrer, devido à pregação dessa verdade, tudo o que aprouvesse a um mundo insensato: privações, exílio, cadeias, tormentos, carrascos, feras ferozes, a cruz e a morte. 
8. Teriam sofrido tudo isso por um desconhecido? Teria Pedro morrido para sua própria glória? Teria pregado em proveito próprio? Ele morria e Outro, que não ele, era glorificado por essa morte; ele foi morto e Outro foi adorado. Só a chama ardente da caridade, unida à convicção da verdade, pode explicar semelhante audácia! 
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9. Eles pregavam o que tinham visto. Ninguém morre por uma verdade da qual não está seguro. Ou deveriam eles negar o que tinham visto? Mas não negaram, antes pregaram esse morto que sabiam estar perfeitamente vivo. 
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10 Eles sabiam por que vida desprezavam a vida presente, sabiam por que felicidade suportavam provas passageiras, por que recompensa padeciam todos esses sofrimentos. A sua fé pesava mais na balança que o peso do mundo inteiro." (Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja - Sermão 311, 2).
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11. Portanto, caríssimos, a fé é o dom por excelência que nos une a Cristo, que por sua vez nos conduz ao Pai, pelo Espírito Santo, como Ele mesmo disse: "Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão." (Jo 16,13). Ou seja, é o Espírito Santo que nos garante a autenticidade da sua mensagem salvífica. Amém! Assim seja!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

ASSIM SEJA A TUA VIDA...


 Assim seja a tua vida... 

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Que as flôres da primavera de tua alma sejam regadas pela graça de Deus, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças, desse modo, florecerão as virtudes eternas que te farão exalar o perfume da santidade divina em suas pétalas...
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

FÉ, ORAÇÃO, PALAVRA E AÇÕES...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 3,7-12)(18/01/24)

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1. Caríssimos, o espaço sagrado de Deus em nossa vida precisa ser preservado para não ser invadido pelo mal que está no mundo. Mesmo em meio às mais diversas atividades cotidianas, a nossa comunhão com o Senhor é fundamental para nos atermos seguros quanto a realização dos seus desígnios para a nossa salvação.


2. Não basta dizer: Senhor, eu creio em ti, e depois contradizer isso por uma prática nefasta que não corresponde ao que foi professado. Ora, para além da profissão de fé, é preciso a comunhão permanente com o Senhor para que a Sua Divina Sabedoria nos conduza em todos os sentidos de nossa vida.

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3. De fato, constantemente somos interpelados pelos prementes desafios que nos circundam, à mantermos a unidade e assim nos atermos seguros da vivência dos valores eternos que o Senhor nos concede para sermos um. 

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4. Ora, tudo em nossa vida diz respeito à nossa fé, porque sem fé é impossível agradar a Deus (cf. Hb 11,6). Por isso, a convivência com o Senhor e entre nós é o que nos faz testemunhar o novo modo de ser que Ele veio trazer, mostrando com isso que tudo é possível ao que crê.

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5. No Evangelho de hoje a multidão se aproxima de Jesus para ouví-lo e ser curada por ele no corpo e na alma; muitos também são os demônios que se manifestam querendo chamar a atenção sobre si mesmos; mas o Senhor os repele e os expulsa das almas que os carregam, para que não as causem danos com os enganos que semeiam, por isso, os impede de falar.

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6. De uma coisa fiquemos certos, por trás de cada pecado mortal existe um ou mais demônios induzindo com seus enganos aqueles que os escuta e põe em prática as suas seduções. Por isso, não podemos em hipótese alguma dá ouvidos aos maus pensamentos que chegam a nossa mente, pois são sempre contra Deus, contra o próximo e contra nós mesmos.

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7. Pelo contrário, para combate-los sigamos o que nos ensina são Paulo: "Irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos... isto praticai, e o Deus da paz estará convosco." (Fl 4,8-9b).

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8. E ainda o que nos ensina são Pedro: "Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar.

Resisti-lhe fortes na fé. O Deus de toda graça, que vos chamou em Cristo à sua eterna glória, depois que tiverdes padecido um pouco, vos aperfeiçoará, vos tornará inabaláveis, vos fortificará. A ele o poder na eternidade! Amém." (1Pd 5,8-11). 

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9. Portanto, caríssimos, a nossa alma é o espaço sagrado de Deus (cf. 1Cor 3,16;6,18;Jo 14,23), ela é o Paraíso onde o encontramos. Por isso, não pode ser ocupada por nada fora da Sua vontade. Toda pessoa que nega a Deus o espaço sagrado de sua vida, o qual somente a Ele pertence, tende a querer preenche-lo com os ídolos deste mundo, dinheiro, fama e poder. 

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10. De fato, tudo o que é temporal é fugaz e transitório, por isso, quando posto em prática a princípio gera uma sensação de prazer ou de poder, mas logo deixa um vazio, por conta dos ídolos que tentam ocupar o espaço sagrada da alma que só pode ser preenchido por Deus. 

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11. Desse modo, o resultado nefasto e amargo que sufoca a alma leva à perca da liberdade, ao desespero, à depressão e todos os outros males. E para combater isso escutemos atentamente o Senhor Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo. Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres." (Jo 8,35-36). Amém! Assim seja! 

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 3,1-6)(17/01/24)

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1. Caríssimos, quem interpreta a lei com o intuito de destruir a boa reputação e a vida do próximo, torna-se inimigo de Deus, porque Deus é o autor da vida. A dureza de coração nunca gera o bem, porque não tem o bem nela. Na verdade, os rígidos de coração são como cadáveres insepultos prestes a apodrecer, por isso, suas ações causam tantos danos. 
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2. No Evangelho de hoje o grupo dos fariseus e herodianos completamente cegos de ódio, viram no bem que Jesus fez ao homem da mão seca apenas um motivo para tramarem a sua morte. Diz o texto: "Ao saírem, os fariseus com os partidários de Herodes, imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo." (Mc 3,6).

3. Com efeito, uma alma atingida pela cegueira espiritual, só trama o mal e só vive do mal que trama, por isso, nunca tem paz. De fato, toda interpretação baseada na dureza de coração gera a intransigência e o ódio que leva as almas ao desespero e a cometerem as piores atrocidades. 
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4. No entanto, nenhuma atitude perversa pode impedir que Deus realize as suas obras por meio de seus filhos e filhas, mesmo que estes sofram a mais terrível oposição. De fato, o bem que vem de Deus é infinitamente superior à todo falso argumento que se levanta contra a sua presença. 

5. De uma coisa fiquemos certos, o mal que ora está presente no mundo, não mais existirá, porque o Senhor, que renova todas as coisas, o destruirá com o sopro de seus lábios, como escreveu são Paulo: "Então o tal ímpio se manifestará. Mas o Senhor Jesus o destruirá com o sopro de sua boca e o aniquilará com o resplendor da sua vinda." (2Tess 2,8).
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6. Portanto, caríssimos, o autor e consumador de nossa fé, nosso Senhor Jesus Cristo, nos conduz ao pleno cumprimento de nossa missão à medida que seguimos o seu perfeito exemplo de como devemos agradar e nos submeter a Deus, dizendo não aos desvarios dos homens. Pois, o bem que o Senhor nos dá à fazer neste mundo, é um bem eterno.
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7. A propósito será que: "O Senhor trabalha no dia de sábado? Com certeza, pois o céu desapareceria, a luz do sol apagar-se-ia, a terra perderia consistência, todos os frutos perderiam a seiva e a vida dos homem pereceria se, por causa do sábado, a força constitutiva do Universo deixasse de operar. 
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8. Mas, de fato, não há qualquer interrupção; durante o sábado, tal como nos seis outros dias, os elementos do Universo continuam a cumprir a sua função. Através deles, o Pai trabalha, pois, todo o tempo, agindo através do Filho, que foi dele gerado e por quem tudo isto é obra sua. 
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9. Pelo Filho, a ação do Pai prossegue no dia de sábado. Por consequência não há repouso em Deus, pois nenhum dia vê cessar a obra de Deus. A ação de Deus é assim. Mas então, em que consiste o seu repouso? A obra de Deus é a obra de Cristo. E o repouso de Deus é Deus, é Cristo, pois tudo o que pertence a Deus está verdadeiramente em Cristo, a tal ponto que o Pai pode descansar nele." (Santo Hilário (c. 315-367), bispo de Poitiers, doutor da Igreja - Tratado sobre o salmo 91,3,4-5,7).
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10. Destarte, não sabemos quanto tempo ainda temos para a segunda vinda de Cristo, todavia, os sinais que Ele nos indicou já estão postos, por isso, disse são Pedro nos mostrado como acontecerá: 
"Entretanto, virá o dia do Senhor como ladrão. Naquele dia os céus passarão com ruído, os elementos abrasados se dissolverão, e será consumida a terra com todas as obras que ela contém.
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11. Uma vez que todas estas coisas se hão de desagregar, considerai qual deve ser a santidade de vossa vida e de vossa piedade, enquanto esperais e apressais o dia de Deus, esse dia em que se hão de dissolver os céus inflamados e se hão de fundir os elementos abrasados! Nós, porém, segundo sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça. (2Pd 3,10-13). "Aquele que atesta estas coisas diz: Sim! Eu venho depressa! Amém. Vem, Senhor Jesus!" (Ap 22,20).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

POR QUE JULGAMOS TANTO?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 2,23-28)(16/01/24)


1. Caríssimos, como vimos na primeira leitura de hoje, todos nós que fomos batizados, somos chamados por Deus para servi-lo com amor e intenso júbilo, uma vez que fazemos parte do seu povo. Todavia, quando se trata de missões específicas, a escolha também é específica, como aconteceu com a escolha do rei Davi. 
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2. De fato, o Senhor nos escolhe para o serviço do Seu Reino, isto é, a salvação das almas. O santo Padre, o Papa Francisco, disse em uma de suas homilias: "Nós cristãos, pelo Batismo, fomos todos ungidos com a escolha do Senhor, e isso é puro dom. Peçamos ao Espírito Santo que saibamos proteger este dom com fidelidade. É nisto que consiste a santidade cristã."
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3. No Evangelho de hoje, os fariseus questionaram Jesus por causa da não observância do repouso sabático; fizeram isso porque viram que os discípulos colhiam espigas de trigo em dia de sábado; ao que Jesus respondeu: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado”. (Mc 2,28).
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4. De fato, o sentido da Lei é a salvação humana e não a rigidez opressiva; porque tal rigidez mata a caridade afastando os homens da verdadeira prática da fé que consiste em sermos misericordiosos como nosso Pai do céu é misericordioso.
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5. Com efeito, o repouso sabático diz respeito ao tempo, e sabemos que o tempo passa e com ele todas as coisas. Ora, a quem damos o nosso tempo, a Deus e deixamos que Ele nos governar, ou tiramos dele o tempo para usa-lo com as futilidades deste mundo sem ter em conta que o estamos perdendo? Decerto, tempo é vida quem consagra o seu tempo a Deus, recebe Dele todas as graças; mas quem tira Dele o tempo, não tem nada. 
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6. De fato, quando fazemos tudo por amor a Deus, com Deus e para Deus, é a sua vontade que realizamos em tudo o que fazemos, e quem faz a vontade de Deus, não julga, não critica, não condena, mas é exemplo de amor, humildade, misericórdia, bondade, e todas as virtudes que nos santifica.
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7. Portanto, caríssimos, "quando um homem se retira do tumulto exterior para entrar no segredo do seu coração, quando fecha a porta à multidão ruidosa das vaidades e percorre os seus tesouros interiores, quando nada encontra em si mesmo que esteja agitado e desordenado, nada que o atormente e o contrarie, quando tudo nele está cheio de alegria, de harmonia, de paz e de tranquilidade.
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8. Quando o pequeno mundo dos seus pensamentos, das suas palavras e das suas obras lhe sorri, como a família sorri ao pai numa casa onde reina a ordem e a paz − então, surge nele uma segurança maravilhosa, da qual provém uma alegria extraordinária. 
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9. De onde resulta um canto de satisfação e de louvor a Deus, louvor esse que é tanto mais fervoroso quanto mais claramente se compreende que tudo quanto se tem de bom é dom de Deus.
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10. A alegre comemoração do repouso sabático deve ser precedida de seis dias, isto é, do completamento das obras. Começamos por transpirar praticando boas obras, para em seguida descansarmos na paz da nossa consciência. 
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11. Dessas boas obras nasce a pureza da consciência, que conduz a um justo amor a nós próprios, que nos permitirá amar o próximo como nos amamos a nós mesmos." (cf Mt 22,39). (Santo Aelredo de Rievaulx (1110-1167), monge cisterciense - Espelho da Caridade, III, cap. 3).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

CONVIVER COM O DIFERENTE, PORÉM, SEM SERMOS CONIVENTES... ERENTE

 

PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 2,18-22)(15/01/24)

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1. Caríssimos, frequentemente somos tentados a olhar o modo de viver do próximo esquecendo do nosso. No entanto, essa atitude nos desliga da vontade do Senhor, pois querer o seu querer é sermos misericordiosos com os outros como Ele é misericordioso conosco, e nunca ceder à tentação do julgamento de valor, pois Ele nos ensinou a amar-nos, como vemos no Evangelho de São João: "Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado." (Jo 13,34).
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2. Em se tratando da vivência da fé, a prática dos exercícios espirituais só têm sentido quando vividos como meio de conversão de si mesmo, caso contrário, torna-se motivo de julgamento e condenação dos que não se exercitam do mesmo modo, bem como vimos no Evangelho de hoje. 

3. Decerto, ao rejeitar tal atitude o Senhor mostrou aos que estão preocupados com a não prática de jejum dos outros, que isto os impedia de colherem os frutos do próprio jejum. De fato, exigir que os outros sejam santos sem sermos santos, é o mesmo que nada.
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4. Com efeito, os exemplos de vida de Jesus e de Maria, e por consequência os daqueles que os seguiram fielmente e que a Igreja proclamou santos, são os únicos à serem seguidos sem medo de cometermos erros. De fato, o caminho que nos leva ao céu é Cristo que por sua obediência à vontade do Pai nos libertou do pecado e de todo o mal, que o pecado gera.
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5. Meditemos, então, com esta passagem da Carta aos Hebreus: "Mesmo sendo Filho, [Jesus] aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem." (Hb 5,7).
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6. Portanto, caríssimos, é muito fácil julgar e condenar os outros sem levar em conta as circunstâncias existênciais e principalmente a virtude da misericórdia; pois, cada um de nós temos os nossos limites, por isso, precisamos evitar os juízos de valor, porque somente Deus conhece perfeitamente as necessidades de nossas almas.
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7. Comentando o Evangelho de hoje, disse o Mons. Ângelo Spina: "Uma festa de casamento é cheia de alegria e júbilo. Jesus se apresenta como o noivo e, portanto, sua vinda é um sinal não de tristeza e jejum, mas de alegria. Os discípulos que o recebem não podem estar tristes. Jesus, apresentando-se como o Noivo, explica sua presença na Terra como a chegada do tempo da salvação, no qual a bendita promessa de Deus é cumprida.
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8. Nesse momento do casamento, é inimaginável que os convidados jejuem. Os "justos" jejuam porque ignoram o amor gratuito de Deus que come com os pecadores e os que não merecem. Todos empenhados em merecer o amor de Deus por meio de suas obras, eles não percebem que o amor merecido não é gratuito nem amoroso; eles se excluem dele por meio de seus próprios esforços para conquistá-lo.
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9. Em Jesus, o casamento de Deus com a humanidade é celebrado. Ele se uniu a nós para nos unir a Ele. Ele se tornou semelhante a nós para nos tornar semelhantes a Ele. "Deus se fez homem para que o homem se tornasse Deus", lembra-nos Santo Irineu.
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10. A presença na terra do Deus feito carne é um sinal de celebração, a certeza de viver em sua companhia dá uma alegria incompatível com o jejum. Nenhuma tristeza deste mundo pode sufocar a alegria. Nenhuma tribulação pode tirar a paz do coração.
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11. A consciência de ser convidado para um casamento é renovada toda vez que nos reunimos em torno do altar do Senhor para celebrar a Eucaristia. A alegria que o Senhor concede nunca é sem sombras, mas é a proclamação e os primeiros frutos daquele tempo em que todos estarão vestidos para uma festa. Que a alegria do casamento prevaleça em nós, a alegria de termos sido redimidos por um Noivo que dá toda a sua vida por sua Igreja, sua noiva." Amém! Assim seja!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 14 de janeiro de 2024

VINDE E VEDE...


 Homilia do 2°Dom do Tempo Comum (Jo 1,35-42)(14/1/24)

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1. amados irmãos e amadas irmãs, a liturgia de hoje nos revela qual é o sentido da Evangelização e como devemos evagelizar; e essa missão é simples e direta tal qual nos ensinou são João Batista: levar todos ao Senhor Jesus, com poucas palavras e o nosso testemunho do que Ele faz em nossa vida quando o encontramos. 

Meditemos com amor e atenção esta homilia do 2°Dom do Tempo Comum. 

2. Caríssimos, na vida estamos sempre procurando alguém ou alguma coisa, porém, quando somos bem orientados, fazemos a escolha certa, tomamos as decisões precisas para seguir na vida realizando a vontade de Deus, porque isto significa ama-lo acima de todas as coisas e amar ao próximo como a nós mesmos. 
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3. O Evangelho de hoje narra o belíssimo encontro entre João Batista, dois dos seus discípulos e o Senhor Jesus. Ora, é fundamental prestarmos atenção nos detalhes desse encontro: "João era tão «amigo do Esposo» que não procurava a sua própria glória, limitando-se a dar testemunho da verdade (Jo 3,29.26). 

4. Por isso, "vendo Jesus passar, disse: “Eis o Cordeiro de Deus!” Ora, o que significa essa exclamação? Significa o essencial, significa libertação dos nossos planos; significa conhecer Deus, e conviver com Ele. E foi assim que os discípulos o seguiram fielmente e nunca mais o deixaram.
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5. Com efeito, esse encontro com o Senhor foi tão marcante para eles que são João ao escrever seu Evangelho já ancião recordou o momento exato desse acontecimento, "quatro horas da tarde". De fato, quem encontra Jesus e o segue nunca o esquece, porque se sente amada, amparado, livre das algemas do pecado. 

6. E Santo André, mais que depressa foi ao encontro do seu irmão Simão e anunciou: “Encontramos o Messias (que quer dizer: Cristo)”. Então André conduziu Simão a Jesus. Jesus olhou bem para ele e disse: “Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas” (que quer dizer: Pedra)."
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7. Amados irmãos e amadas irmãs, e nós como vivemos esse nosso encontro com o Senhor? Como é a nossa convivência diária com Ele no mistério da Eucaristia, na Sagrada Escritura, em nossa oração pessoal e nas obras de misericórdia que realizamos em seu nome?
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8. Portanto, caríssimos, nessa liturgia, são João nos revela que esse encontro com o Senhor e a permanência Nele significa a nossa libertação do pecado e de tudo o que nos prende à este mundo (cf. 1Jo 3,7-10; Jo 1,35-42). Porque tempo é vida, e quem dá o seu tempo ao Senhor Jesus tem Nele a vida eterna.
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9. Destarte, a vida nos foi dada para ser vivida em permanente comunhão com a vontade de Deus, por isso, precisamos consagra-la totalmente a Ele, porque qualquer coisa que fizermos sem que seja para a sua glória e nossa salvação, torna-se inútil sem nenhum fruto bom.
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10. Por isso, precisamos escutar atentamente a voz do Senhor Jesus em nossas almas: "Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha.

11. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína. Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas." (Mt 7,24-27; Ap 3,6). Para Bom entendedor meia palavra basta. Amém! Assim seja! 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

"NUNCA VIMOS UMA COISA ASSIM".


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 2,1-12)(12/01/24)

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, dar a Deus o governo de nossa vida, é sentir-nos seguros, certos de que somos bem governados por Ele no seio da Santa Igreja, Corpo Místico de Cristo, a parte visível do Seu Reino neste mundo, tendo à frente o Santo Padre, os bispos e os padres em comunhão com ele.

2. Com efeito, no âmbito da humanidade em geral vivemos em meio ao desgoverno que o pecado impôs àqueles que se deixaram dominar por ele. E como resultado temos, o desequilíbrio ambiental, político, jurídico, e a desigualdade social; tudo isso por conta das ideologias e o mal uso dos meios de comunicação, causando todo tipo de divisão, opressão, violência e morte. 
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3. Por outro lado, no âmbito da Barca de Pedro, a Santa Igreja, proclamamos que Jesus é o único Senhor da nossa vida; exatamente, como Pedro proclamou: "Esse Jesus, pedra que foi desprezada por vós, edificadores, tornou-se a pedra angular. Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos." (At 4,11-12).
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4. Escutemos, então, com atenção Santo Inácio de Antioquia na sua Carta aos Efésios: "Ninguém que professe a fé pode pecar, nem o que possui a caridade consegue odiar. Conhece-se a árvore por seus frutos. Igualmente, o que se declara de Cristo, será reconhecido por suas obras. Não se trata agora de declarações, mas de perseverança na virtude da fé até o fim."
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5. O Evangelho deste dia narra a cura de um paralítico trazido a Jesus por quatro amigos que fizeram todo esforço para apresenta-lo ao Senhor Jesus; e vendo a fé deles, não só o perdoou, mas também o curou fisicamente. Ora, que lição aprendemos desse episódio? A mesma do Livro de Eclesiástico: "Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro." (Eclo 6,14).
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6. De fato, os quatro amigos do paralítico portaram em seus ombros toda a sua Impotência; todas as suas dores, suas esperanças e ofereceram a Jesus; e como vimos, o Senhor os atendeu prontamente. Decerto, a fé que recebemos no batismo é um grande tesouro especialmente quando a usamos como meio de cura e libertação dos nossos irmãos e irmãs. 
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7. Comentando este Evangelho escreveu Santo Agostinho: "Não poderemos, também nós, transportar alguém cujas forças interiores estejam enfraquecidas, como as do paralítico do Evangelho, e abrir-lhe o teto das Escrituras para o fazer descer até aos pés do Senhor? Vede bem, esta pessoa será como que um paralítico espiritual. 
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8. Eu vejo o teto (da Escritura) e sei que Cristo Se esconde sob esse teto; farei portanto, na medida do possível, aquilo que o Senhor aprovou em relação aos que abriram o teto da casa e desceram o paralítico. Na verdade, Ele disse-lhe: «Filho, os teus pecados estão perdoados», e curou esse homem da sua paralisia interior: perdoou-lhe os pecados e firmou a sua fé.
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9. Mas havia ali pessoas cujos olhos não conseguiam ver a cura da paralisia interior e que tomaram o Médico que a tinha operado por blasfemo: «Porque fala Ele deste modo? Está a blasfemar. Não é só Deus que pode perdoar os pecados?» 
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10. Ora, como esse Médico era Deus, ouviu estes pensamentos dos seus corações. Eles acreditavam que Deus tinha verdadeiramente esse poder, mas não conseguiam ver que era Deus que estava diante deles. Então, o Médico agiu também sobre o corpo do paralítico, para curar a paralisia interior dos que assim falavam: fez uma coisa que lhes permitisse ver e acreditar.
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11. Tem pois coragem, tu que tens um coração frágil, tu que estás doente a ponto de seres incapaz de melhorar o mundo. Coragem, tu que estás paralisado interiormente! Juntos, abramos o teto das Escrituras, para descermos até junto dos pés do Senhor," para sermos curados por Ele. (Santo Agostinho. Discursos sobre os Salmos, Sl 36, n.º 3, §3).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

HOMILIA PELOS 25 ANOS DE SACERDÓCIO DO FREI FERNANDO MARIA...


 Homilia pelos 25 anos de sacerdócio de P. Fernando Maria e P. Javier Rondon...


Caríssimos irmãos, recordar é viver, é rever as lembranças que estão gravadas em nossa memória. E nesta Santa Missa, comemorando com P. Javier nossos 25 anos de ordenação sacerdotal, creio que seja um momento muito especial para louvar e agradecer a Deus por nos ter dado esta vocação tão sublime e nos ter sustentado nela.

De minha parte lembro o dia em que fui chamado, pois estava num leito de hospital com uma grave enfermidade destruindo a minha vida. De repente uma irmã religiosa aparece como que do nada, olha para mim e dá um sorriso, então, lhe perguntei: quem lhe deu esse sorriso tão lindo? Ela respondeu foi Jesus, e ele quer te dar um igual ao que ele me deu. A partir daquele dia pouco a pouco o Senhor Jesus me libertou daquela enfermidade e me chamou para segui-lo.

Tenho para mim que nada em nossa vida é por acaso, pois Deus sempre nos acompanha com a sua Divina Providência, mesmo se estivermos distantes dele, a fim de que o encontremos antes de partirmos deste mundo para a eternidade.

Decerto, tenho plena consciência de que ao consagrar minha vida ao Senhor Jesus, ela pertence somente a Ele. Por isso, tudo o que sou, o que penso, o que falo e o que vivo, é para a sua maior glória e a salvação das almas. 

Eis algumas lições de fé que o Senhor Jesus me ensinou ao longo destes 25 anos de ordenação e serviço sacerdotal:

1. O Senhor me ensinou que rezar é amar e ser amado por ele, para amar ao próximo como a nós mesmos. Rezar é encontra-lo no coração da nossa alma, isto é, a nossa consciência, onde ele fala conosco à medida que silenciamos para ouvi-lo. Por isso, toda oração é encontro, é dialogo, é escuta que fecunda as nossas atitudes com as virtudes da humildade, do amor e da sua misericórdia. 

2. Também me ensinou que o silêncio sagrado do coração, é a arma espiritual mais poderosa contra os maus pensamentos e as tentações. Pois, estes são sempre contra Deus, contra o próximo e contra nós mesmos, porém, quando os silenciamos, eles nada podem contra nós. 

3. O Senhor também me ensinou que o meu relacionamento com os meus irmãos e irmãs depende cem por cento do meu relacionamento com ele, porque tudo o que eu fizer contra os meus confrades, é contra ele que estou fazendo.

4. Aprendi ainda que amar o próximo é não juga-lo, mas sempre rezar por ele quando sofrer essa tentação. Isto significa ser exemplo de santidade e justiça diante de Deus a quem prestaremos contas de tudo o que vivemos neste mundo. 

5. Ensinou-me que o perdão é a maior fonte de cura e libertação que existe, porque perdoar é apagar os pecados daqueles que nos ofendem, não deixando que eles entrem em nossas almas. 

6. Enfim, o Senhor me ensinou que tudo o que existe pertence somente a ele e a mais ninguém, por isso, não devo me apegar a nada deste mundo, mas confiar a Ele tudo o que sou, o que sinto e o que vivo, na certeza de que ele cuida muito bem de mim e de todos.

7. Portanto, caríssimos, elevo a Deus, nosso Pai celestial por seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, na unção do Espírito Santo, um louvor todo especial pela graça de ter a sua Mãe, Maria Santíssima, São José, são João Batista, são Francisco e santa Clara, como meus intercessores principalmente nos momentos mais difíceis da minha vida e missão sacerdotal. Amém! Assim seja!

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

REZAR É MANTER UM DIÁLOGO CONSTANTE COM DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 1,29-39)(10/01/24)

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1. Caríssimos, Samuel foi uma criança nascida do milagre alcançado por Ana, sua mãe, que o consagrou ao Senhor, para que o servisse por toda a vida. Ana era estéril e por isso sofria com as humilhações daquela sociedade que considerava amaldiçoado todo ventre infértil. 

2. No entanto, não se deixou abater por tais injúrias; mas, por meio de sua piedosa oração, alcançou do Senhor a graça de tornar-se a mãe do grande Profeta Samuel, aquele que mudou a história do seu povo e de toda humanidade. 
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3. Com efeito, a primeira leitura de hoje nos mostra como o menino Samuel aprendeu a escutar o Senhor, tornando-se seu porta voz, bem como nos relata o hagiógrafo: "Samuel crescia, e o Senhor estava com ele. E não deixava cair por terra nenhuma de suas palavras." (1Sm 3,19). Assim, todos reconheceram que ele era um Profeta do Senhor, ou seja, aquele que autenticamente falava em seu nome.
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4. Ora, também nós que fomos batizados temos o mesmo chamado de Samuel, isto é, servir ao Senhor em santidade e justiça por todos os dias de nossa vida. Todavia, precisamos aprender a escutar o Senhor para fazer tudo o que é do seu agrado e assim se tornar também um seu porta voz. 

5. E é isso mesmo o que o Senhor Jesus nos ensina com o seu exemplo de vida: "De mim mesmo não posso fazer coisa alguma. Julgo como ouço; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." (Jo 5,30).
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6. No Evangelho de hoje o Senhor nos ensina que a oração pessoal e a de intercessão são os meios pelos quais alcançamos todas as graças; também nos ensina a sempre expulsar o mal e nunca deixar que ele nos fale, para isso, façamos silêncio nos pensamentos, ou seja, jamais dar ouvidos aos pensamentos vãos, desordenados e estranhos que chegam a nossa mente. Enfim, tendo em vista que a nossa missão é fazer a vontade de Deus, precisamos renunciar a nós mesmos e a tudo o que nos afasta Dele.
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7. Aliás um pregador do Século V assim se expressou sobre o dom da oração: "A oração é um bem supremo, é o encontro familiar com Deus. A oração é a luz da alma, o verdadeiro conhecimento de Deus, a mediadora entre Deus e os homens. Por ela, a alma eleva-se ao Céu e se une a Deus num abraço inexprimível. 

8. Como criança chorando por sua mãe, ela expressa a profundidade do desejo, a sua vontade profunda, e recebe dádivas que ultrapassam por completo a natureza visível. Porque a oração apresenta-se como uma embaixadora poderosa, que alegra e apazigua a alma.
9. Quando falo da oração, não penses que se trata de palavras. A oração é um impulso da alma para Deus, um amor indizível que não vem dos homens, e sobre o qual diz o apóstolo Paulo: «Não sabemos o que devemos pedir na nossa oração, mas é o próprio Espírito que intercede por nós com gemidos inefáveis» (Rm 8, 26). 
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10. Uma oração assim, se Deus a concede a alguém, é uma riqueza perpétua, um alimento celeste que satisfaz a alma. Quem a provou é tomado por um desejo constante do Senhor, como um fogo devorador que lhe envolve o coração."
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11. Decerto, rezar é amar, é se unir a Deus que é amor, para que repletos do Seu amor possamos amar-nos uns aos outros como a nós mesmos. Certa feita, num momento de oração, o Senhor deu-me a seguinte inspiração: Quero amar a Ti meu Deus acima de tudo e todo ser; e poder sentir-me em Ti, amando como a mim todo viver... Todo viver... Todo viver... Amém! Assim seja!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

FESTA DO BATISMO DO SENHOR...


 Festa do Batismo do Senhor (Mc 1,7-11)(08/01/24)


1. Caríssimos, o batismo que recebemos é o novo nascimento na ordem da graça no seio da Santa Igreja; compreendemos isso pelo Batismo de Jesus que é o modelo perfeito do nosso batismo. No Batismo do Senhor o céu se abriu, veio o Espírito Santo e pousou sobre Ele, e do céu ouviu-se a voz de Deus Pai, dizendo: "Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer”. (Mc 1,11).
2. Com efeito, o dom da fé é nato, ou seja, já nascemos com ele; porém, quando somos batizados ele é potencializado nos proporcionando o novo nascimento da água e do Espírito Santo como o Senhor nos ensinou (cf. Jo 1,11-12; 3,3-6). E ainda mais, é a fé que abre os ouvidos da nossa alma para ouvirmos o Senhor e pôr em prática a sua vontade, porque o céu nada mais é do que à plena realização da Sua Palavra.
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3. Uma outra graça que recebemos no Sacramento do batismo é a nossa inserção no Seio da Santíssima Trindade que se faz realmente presente em cada batizado. Ocorre que muitos deixam de experimentar essa inserção pela falta da vivência do batismo e dos outros Sacramentos, e ainda pela não prática das virtudes que nos fortalece na luta contra o pecado.
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4. Mas, o Senhor na Sua infinita misericórdia, não levando em conta as nossas transgreções nos ajuda à supera-las sempre que arrependidos o buscamos de todo coração para retornarmos ao estado de graça. Desse modo, mediante o Sacramento da Reconciliação, Ele nos perdoa, nos libertando do pecado e dos males causados pelo pecado; para assim retornamos à vida nova recebida no batismo. 
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5. Portanto, caríssimos, no batismo o Senhor nos selou com o selo da redenção, o Dom do Espírito Santo, para vivermos neste mundo em justiça e santidade todos os dias de nossa vida sem jamais saímos da Sua presença. Cabe a nós permanecermos fiéis às graças recebidas, como Ele nos ensina: "Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer." (Jo 15,5b).
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6. Comentando o Evangelho de hoje, disse o Papa Bento XVI: "O Senhor não se cansa de nos dizer: "Sim, estou aqui. Eu conheço-vos. Amo-vos. Há um caminho de mim para vós. E há um caminho que sobe de vós para mim". O Criador assumiu em Jesus as dimensões de uma criança, de um ser humano como nós, para se fazer ver e tocar. Ao mesmo tempo, ao fazer-se pequeno, Deus fez brilhar a luz da sua grandeza. 
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7.Porque, ao rebaixar-se à impotência do amor, Ele demonstra o que é a verdadeira grandeza, o que é ser Deus. Se o Natal e a Epifania servem sobretudo para nos tornar capazes de ver, para abrir os olhos e o coração ao mistério de um Deus que vem estar conosco, a festa do batismo de Jesus introduz-nos, poderíamos dizer, na quotidianidade de uma relação pessoal com Ele. 
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8. De fato, através da sua imersão nas águas do Jordão, Jesus uniu-se a nós. O Batismo é, por assim dizer, a ponte que Ele construiu entre Ele e nós, o caminho pelo qual Ele se torna acessível a nós; é o arco-íris divino sobre as nossas vidas, a promessa do grande sim de Deus, a porta da esperança e, ao mesmo tempo, o sinal que nos indica o caminho que devemos percorrer de forma ativa e alegre para O encontrarmos e nos sentirmos amados por Ele.
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9. São Marcos narra que, enquanto João Batista pregava nas margens do rio Jordão, proclamando a urgência da conversão em vista da vinda já iminente do Messias, eis que Jesus, confundido no meio do povo, se apresenta para ser batizado. O batismo de João é certamente um batismo de penitência, muito diferente do sacramento que Jesus vai instituir. 
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10. Naquele momento, porém, já se vislumbra a missão do Redentor, porque, ao sair da água, ressoa uma voz do céu e o Espírito Santo desce sobre Ele (cf. Mc 1,10): o Pai celeste proclama-O seu filho amado e atesta publicamente a sua missão salvífica universal, que se realizará plenamente com a sua morte na cruz e a sua ressurreição. 
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11. Só então, com o sacrifício pascal, a remissão dos pecados se tornará universal e total. No Batismo, portanto, não nos limitamos a mergulhar nas águas do Jordão para proclamar o nosso compromisso de conversão, mas o sangue redentor de Cristo é derramado sobre nós para nos purificar e salvar. É o Filho amado do Pai, em quem Ele pôs a sua complacência, que nos restitui a dignidade e a alegria de nos chamarmos e sermos verdadeiramente "filhos" de Deus." Amém! Assim seja!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

EIS O CORDEIRO DE DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 1,35-42)(04/01/24) 

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, estamos à caminho da eternidade e esta é uma viagem somente de ida; assim como o povo da Antiga Aliança saiu da terra da escravidão para a terra prometida, de igual modo o Senhor Jesus nos liberta deste mundo de pecados para nos levar ao seu Reino de justiça e de paz. 

2. Ora, para libertar seu povo da escravidão do Egito, Deus enviou Moisés e Aarão; e para nos libertar deste mundo, Ele nos enviou o seu próprio Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. Bem como escreveu são Paulo: "Nesse Filho, pelo seu sangue, temos a Redenção, a remissão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça que derramou profusamente sobre nós, em torrentes de sabedoria e de prudência." (Ef 1,7-8). 
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3. Desse modo, formamos o novo povo de Deus, fruto da Nova e eterna Aliança que o Senhor fez com a humanidade, selada-a com o sangue de Seu Filho amado, que perdoou os nossos pecados e enviou o Espírito Santo para conduzir a sua Igreja por meio de seus escolhidos, tendo Pedro, os Apóstolos e seus sucessores à sua frente. 

4. Porque assim disse o Senhor Jesus: "E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus." (Mt 16,18-19).
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5. Caríssimos, são estas as virtudes que acompanham os filhos e filhas de Deus, renascidos da água e do Espírito Santo no seio batismal da Santa Igreja: obediência, fidelidade, amor, justiça e verdade; misericórdia, compaixão e santidade. 
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6. De fato, todos os batizados que cultivam essas virtudes, comprovam por meio delas, a presença do Senhor os conduzindo para o Reino dos céus. Pois, são elas que comprovam que somos seus verdadeiros discípulos, seus autênticos seguidores. Como Ele mesmo disse: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando." (Jo 15,13-14). 
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7. Amados irmãos e irmãs, apressemos a segunda vinda de Cristo enquanto estamos no tempo de sua misericórdia, pois a grande tribulação se aproxima e muitos esfriarão na fé e até a abandonarão por não pratica-la devidamente. 

8. Todavia, o Senhor nos alerta: "Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas. Sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, ao voltar de uma festa, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram. 

9. Bem-aventurados os servos a quem o senhor achar vigiando, quando vier! Em verdade vos digo: cingir-se-á, fá-los-á sentar à mesa e servi-los-á. Estai, pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o Filho do Homem." (Lc 12,35-37.40). "Entretanto, aquele que perseverar até o fim será salvo." (Mt 24,13).
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10. Portanto, caríssimos, a graça para isso não nos falta, pois o Senhor Jesus se deu como Pão vivo descido do céu, alimento de vida eterna, como está escrito: "Eu sou o pão da vida. Vossos pais, no deserto, comeram o maná e morreram. 

11. Este é o pão que desceu do céu, para que não morra todo aquele que dele comer. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo." (Jo 6,48-51). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

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