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segunda-feira, 28 de junho de 2021

TU, VEM E SEGUE-ME


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 8,18-22)(28/6/21)


Caríssimos, uma das principais preocupações que temos é com a nossa segurança; de fato, dada a nossa fragilidade facilmente nos apegamos ao que achamos que nos mantém intactos, seguros, livres de todo mal; pois, sentir-se seguro é viver a liberdade que Deus nos deu como fonte de felicidade, ou seja, é sentir-se bem, em paz, sem medos ou preocupações. Todavia, para alcançarmos esse estado de graça precisamos expulsar dos nossos corações todas as tentações para evitarmos cometer injustiças e outros pecados.


De certo, muitos buscam viver a fé pensando na própria segurança uma vez que a vida natural é apenas um sopro que se esvai a qualquer momento. Com efeito, nesta liturgia de hoje o Senhor Jesus nos mostra que a verdadeira segurança vem da fé, e requer renúncia, desapego e disponibilidade para o seguir tendo em vista o anúncio do Reino de Deus e a sua justiça.


A narração do Evangelho de hoje começa com o Senhor Jesus envolvido por uma multidão e logo mandou passar para a outra margem. "Então um mestre da Lei aproximou-se e disse: “Mestre, eu te seguirei aonde quer que tu vás”. Ao que Jesus respondeu: “As raposas têm suas tocas e as aves dos céus têm seus ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. Ou seja, seguir Jesus não é um status, mas sim, pertencer totalmente a Ele de todo coração.


Na primeira leitura vemos como Abraão cumpriu a sua missão de intercessor diante de Deus; com isso, percebemos que todos nós que aqui vivemos, temos uma missão, bem como escreveu o Profeta Isaías: "Levantai os olhos para o céu e olhai. Quem criou todos esses astros? Aquele que faz marchar o exército completo, e a todos chama pelo nome, o qual é tão rico de força e dotado de poder, que ninguém falta ao seu chamado." (Is 40,26).


Portanto, caríssimos, a vocação não é uma iniciativa humana, mas sim divina, pois, não somos nós que nos damos uma vocação; na verdade, respondemos ao chamado do Senhor, livres de nós mesmos e de todos os apegos que nos impedem de segui-lo fielmente. Pois, quem pensa seguir o Senhor, mas não renuncia à si mesmo, toma a sua cruz e o segue, jamais poderá ser um verdadeiro discípulo; ora, e isto serve para todas as vocações às quais somos chamados.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 20 de junho de 2021

BUSCAI EM PRIMEIRO LUGAR O REINO DE DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 6,24-34)(19/6/21)


Caríssimos, certa feita escreveu São Francisco: "Nós somos o que somos aos olhos de Deus e nada mais." Ora, essa exortação do seráfico pai nos mantém na virtude da humildade, pois, nos lembra que naturalmente somos apenas um sopro de vida. De fato, ela nos remete ao que escreveu são Paulo: 

"Vivei em boa harmonia uns com os outros. Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas; afeiçoai-vos com as coisas modestas. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos." (Rm 12,16)


Com efeito, na primeira leitura de hoje são Paulo revela que recebeu do Senhor a graça de ser arrebatado ao Paraíso e de ter ouvido "palavras inefáveis que nenhum homem consegue pronunciar." No entanto, completou: "E para que a extraordinária grandeza das revelações não me ensoberbecesse, foi espetado na minha carne um espinho, que é como um anjo de Satanás a esbofetear-me, a fim de que eu não me exalte demais."


De certo, por estas exortações percebemos que quando nos deixamos modelar pelas virtudes que elas nos comunicam, a nossa vida se torna um oásis que recebe a água viva do Espírito Santo que jorra para a vida eterna por meio do testemunho da presença de Jesus em nossas almas nos conduzindo para o céu, como Ele o fez com são Paulo e com todos os que o seguiram.


No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos dá a conhecer perfeitamente a quem devemos servir, e como devemos servir, isto é, sem preocupações, sem apegos e sem medo, porque amparados pela Providência Divina e confiantes na Sua Infinita Bondade, nos entregamos ao nosso Pai celestial que cuida muito bem das suas criaturas e de todos os seus filhos e filhas, pois, foi para isto recebemos no batismo o dom da fé.


Por fim, escutemos atentamente o Senhor Jesus e ponhamos em prática a Sua Divina Palavra que já traz em si o poder de pratica-la: "Portanto, não vos preocupeis, dizendo: Que vamos comer? Que vamos beber? Como vamos nos vestir? Os pagãos é que procuram essas coisas. Vosso Pai, que está nos céus, sabe que precisais de tudo isso. 


Portanto, buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo. Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado." (Mt 6,33-34)


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

JESUS ACALMA AS NOSSAS TEMPESTADES...


 Homilia do XII Dom do tempo comum(Mc 4,35-41)(20/6/21)


Caríssimos, por causa da nossa fragilidade sempre buscamos nos sentir seguros, só que no mais das vezes isso acontece ao nosso modo; e mesmo dizendo que acreditamos em Deus, ainda assim vacilamos em nossa fé quando deixamos entrar em nossas almas as dúvidas, o medo e outros pensamentos estranhos, principalmente quando nos deparamos com as tempestades do mar revolto deste mundo, que são as adversidades e as tribulações que padecemos.


Com efeito, meditando este Evangelho de hoje e vendo como os discípulos admirados e espantados contemplaram Jesus exercendo o Seu poder sobre a tempestade a ponto de se perguntarem: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” Entendemos porque foi que Deus Pai enviou o Seu Filho amado, numa carne semelhante à nossa, para nos libertar do pecado, da morte, do maligno e do inferno; é que por nós mesmos jamais poderíamos vencer essas forças adversas.


De fato, quando Jesus diz: "Toda autoridade me foi dada sobre o céu e sobre a terra"; nos revela, na nossa humanidade assumida, a sua Divindade, ou seja, Ele é Deus que se fez um de nós para nos fazer participantes de Sua natureza divina cuja essência é a imortalidade. Todavia, mesmo tendo todo poder quis padecer as nossas dores e tristezas e até mesmo a morte, para nos arrancar definitivamente dessa nossa terrível condição.


Portanto, caríssimos, finalizando essa homilia, oremos com o nosso querido Padre Márcio José (Arq. PB), essa belíssima oração: "Senhor, cremos que estás conosco. Vossa presença nos garante a travessia da vida com serenidade e segurança. Aumenta a nossa fé nos momentos de perigos e incertezas. Estais na barca e tens a autoridade sobre o mar das tribulações. Ensina-nos a passar pelas noites do medo, do desânimo e da falta de perspectivas.


Ajuda-nos a vencer a escuridão com a total confiança de que a Vossa luz brilha dentro de nós e acende a esperança. Estais conosco no mar, nos ventos contrários e na noite. Dai-nos confiar na Vossa presença, ajudando-nos a vencer as forças que se opõem à vida e à salvação dos homens." (Pe. Márcio José - Arq. PB)


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 18 de junho de 2021

O TESOURO DA VIDA ETERNA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 6,19-23)(18/6/21)


Caríssimos, existem várias tentações que chegam à nossa mente suscitando em nós comportamentos perversos que nos levam aos mais diversos pecados; e se deixarmos tais tentações entrarem em nossas almas, elas criam raízes, tendências, apegos e todo tipo de dependência doentia que nos leva ao desconforto, à falta de fé, e até mesmo ao desespero.


Com efeito, por vivemos cercados por tais tentações, precisamos resistir por meio da fé para não cairmos nos pecados mortais que roubam de nós a paz e as graças e bênçãos recebidas do nosso Pai celestial; ora, uma destas tentações é o apego à coisas ou pessoas que tentam ocupar o espaço que pertence somente ao Senhor dentro de nossas almas, pois, Ele é o único Tesouro da nossa vida.


No Evangelho de hoje o Senhor Jesus começa sua instrução aos discípulos, dizendo: “Não junteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e os ladrões assaltam e roubam. Ao contrário, juntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça e a ferrugem destroem, nem os ladrões assaltam e roubam. Porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração." 


De certo, quais são esses tesouros de que nos fala o Senhor? Por um lado, os bens temporários, riqueza, poder, fama e prazer, etc; por outro, os bens eternos que são as virtudes e os frutos do Espírito Santo, cultivados por uma vida de piedade e disponbilidade em fazer o bem para o qual fomos criados.


De fato, tudo o que é temporário e passageiro é também motivo de preocupação e insegurança, porque quem não possui os tesouros deste mundo e põe neles o seu coração, faz de tudo para adquiri-los, e quando os adquire, faz de tudo para não perde-los. No entanto, os que põem seu prazer em fazer a vontade do Senhor, encontra Nele um Tesouro inigualável "que nem a traça, nem a ferrugem o corroem e nem os ladrões roubam", por isso, o consevará por toda a eternidade.


Portanto, caríssimos, seguir o Senhor Jesus pela estrada do Seu ensinamento como seus discípulos e todos os santos e santas o fizeram, significa para nós adquirir esse Tesouro de vida eterna, que nos torna ricos do amor, da felicidade e da paz que Ele nos concede por perseverarmos até o fim (cf. Mt 24,


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 17 de junho de 2021

PAI NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 6,7-15)(17/6/21)


Caríssimos, o dom da oração é um dos meios mais eficazes do nosso encontro com Deus que mesmo invisível se faz presente e sensível em nossa oração feita com o coração de nossas almas, isto é, a nossa consciência onde Ele nos fala, respondendo aos nossos anseios, às nossas súplicas e o nosso desejo de permanente comunhão com Ele e entre nós.


No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos ensina a oração do Pai nosso; que é ao mesmo tempo uma oração pessoal e comunitária, não apenas composta de pedidos, mas, especialmente de intimidade filial, de compromisso amoroso para com os outros filhos e filhas que se encontram afastados, e por isso, necessitados do nosso perdão, da nossa oração, para assim se manterem no rumo certo do viver fraterno.


Com efeito, nessa oração se encontra os mandamentos do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos; nela o Senhor Jesus nos ensina que rezar é amar, é fazer a vontade do Pai; com isso, aprendemos que ela é a regra de vida dos filhos e filhas de Deus, que formam a comunidade dos eleitos, fundamentada na obediência e no amor recíproco.


De certo, quando a nossa relação com Deus é o centro da nossa vida, a oração brota do nosso coração espontaneamente como um diálogo de amor filial, fraternal, de perfeita harmonia e unidade expressa no Corpo Místico de Cristo, a Sua Santa Igreja; onde conduzidos pelos Espírito Santo, oferecemos a Deus nosso Pai, pelas mãos sacerdotais, o Santo Sacrifício do Seu amado Filho, em expiação pelos os nossos pecados e os do mundo inteiro. 


Portanto, caríssimos, a oração do Pai nosso, rezada por Jesus e ensinada por Ele, constitui o fundamento das nossas orações, nos mostrando que o nosso encontro com Deus deve ser traduzido por palavras e ações para que cheguem aos corações de todos os nossos irmãos e irmãs, pois, não existe circunstância ou distância que a nossa oração não possa alcançar.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 16 de junho de 2021

FAZER TUDO POR AMOR AO SENHOR...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 6,1-6.16-18)(16/6/21)


Caríssimos, existem duas virtudes da alma que com o dom do discernimento nos ajuda a pormos em prática a caridade fraterna e as obras de misericórdia, são elas: a fé e a capacidade de julgar corretamente em vista do bem comum. Na primeira leitura de hoje são Paulo exorta os Coríntios a viverem essas virtudes para que Deus seja louvado pelo bem por eles realizado em prol dos cristãos da Comunidade de Jerusalém.


Todavia, prestemos atenção para não caímos na tentação da hipocrisia que consiste em fazermos o bem em busca de reconhecimento ou de elogios que na verdade só serve para inchar o nosso ego e nada mais; ora, para contermos tal tentação, são Paulo nos ensina a discrição e o fazer tudo por amor ao Senhor Jesus: "Tudo o que fizerdes, fazei-o de bom coração, como para o Senhor e não para os homens, certos de que recebereis, como recompensa, a herança das mãos do Senhor. Servi a Cristo, Senhor." (Col 3,23-24).


De certo, existem outras duas virtudes que também nos ajudam na prática do bem comum, são elas: a reta intenção e o desejo de servir ao Senhor na pessoa dos mais necessitados a fim de que Ele seja glorificado em tudo, como ainda nos ensina são Paulo: "Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai." (Col 3,17). 


No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos alerta para não praticarmos a piedade, a oração, o jejum e as obras de misericórdia, de forma superficial ou pra sermos vistos e elogiados pelos homens, como mesmo Ele disse: "Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus."


Portanto, caríssimos, quem pratica tais obras por amor ao Senhor não busca reconhecimento nem qualquer recompensa humana, nem a fama ou qualquer forma de envaidecimento; pelo contrário, deixa sempre transparecer a vontade de Deus que se revela no serviço humilde e providencial prestado aos que realmente dele precisam.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 15 de junho de 2021

SER SANTO CONSISTE EM AMAR COMO JESUS NOS ENSINOU...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 5,43-48)(15/6/21)


Caríssimos, cercados como estamos pelos nossos limites, num mundo onde ao que parece tudo tende para a ruína, o caos total, devido aos pecados aqui praticados, e à toda espécie de infração contra os mandamentos da Lei de Deus e à Palavra do Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo; a liturgia de hoje nos convida ao mais alto grau da perfeição humana, isto é, à santidade.


De fato, esse estado de alma jamais seria possível por nós mesmos, devido às tentações advindas das concupicências que se traduz pela ambição ou desejo desmedido dos bens materiais e/ou sensuais. Na verdade, todos os seres humanos buscam essa prenitude de felicidade, todavia, esta só é possível mediante a nossa conversão ao Senhor, para assim trilharmos sua via de perfeição pela renúncia de nós mesmos e a obediência à Sua Sua Palavra.


Santa Teresa de Calcutá (séc. XX), nos ensina como fazermos esse caminho de conversão em busca da santidade que o Senhor Jesus concede aos que o amam de todo coração: "Todos sabemos que há um Deus que nos ama e que nos fez. Podemos, pois, dirigir-nos a Ele e pedir-Lhe: «Meu Pai, ajuda-me agora. Quero ser santo, quero ser bom, quero amar».


Ora, a minha santidade consiste no cumprimento da vontade de Deus, com alegria. Dizer : «Quero ser santo» significa: «Vou despojar-me de tudo o que não é Deus, vou despojar-me e esvaziar o meu coração das coisas materiais. Vou renunciar à minha vontade, aos meus gostos, às minhas fantasias, à minha inconstância; tornar-me-ei um escravo generoso da vontade de Deus.


Vou amar a Deus com toda a minha vontade, vou escolher em seu favor, vou correr para Ele, vou chegar até Ele e possuí-lo». Mas tudo depende destas palavrinhas: «quero» ou: «não quero». Devo investir toda a minha energia nesta palavra: «Quero»."


Portanto, caríssimos, sigamos humildemente esta exortação de são Pedro: "A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo." (Lv 11,44). Em outras palavras: "Procurai a paz com todos e ao mesmo tempo a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor." (Hb 12,14).


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 11 de junho de 2021

SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS...


 Sol. Do Sagrado Coração de Jesus

(Jo 19,31-37)(11/06/21)


Caríssimos, a Igreja hoje celebra a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus; com efeito, sempre que nos lembramos do coração o relacionamos com o amor, com a ternura; pois, assim como este orgão do nosso corpo é a fonte que alimenta naturalmente a nossa vida, de igual modo, o amor do Sagrado Coração de Jesus, é a Fonte que nos sacia a sede de vida eterna, como Ele, disse: "Se alguém tiver sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura: Do seu interior manarão rios de água viva (Zc 14,8; Is 58,11)." (Jo 7,37b-38).


São Bernardo, monge e doutor da Igreja (séc. XII), assim se expressou em uma de suas homilias: "Onde encontrará a nossa fragilidade repouso e segurança senão nas feridas do Salvador? Perfuraram-Lhe as mãos e os pés, e, com um golpe de lança, também o lado. Por esses buracos abertos, posso provar o mel do rochedo (Sl 80, 17) e o óleo que escorre da pedra dura, vendo «como o Senhor é bom» (Sl 33,9). 


Ele formulava desígnios de paz (Jer 29,11) e eu não o sabia: «Quem conheceu o pensamento do Senhor? Quem foi o seu conselheiro?» (Rom 11,34). Mas o prego que O perfurou é uma chave que me abre o mistério dos seus desígnios.


O que nos revelam as suas chagas? Os pregos e as feridas gritam que, verdadeiramente, na pessoa de Cristo, Deus Se reconciliou com o mundo. O ferro trespassou-O, tocando-Lhe o coração, a fim de que Ele pudesse compadecer-Se das minhas fraquezas. O segredo do seu coração torna-se visível nas feridas do seu corpo, onde vemos a descoberto o grande mistério da sua bondade, a misericordiosa ternura do nosso Deus, «Sol nascente que nos visitou do Alto» (Lc 1,78). 


Esta ternura torna-se manifesta nas suas feridas, que mostram claramente que Tu, Senhor, és clemente e compassivo, e cheio de grande misericórdia, porque não há maior amor do que dar a própria vida (cf Jo 15,13) por um condenado à morte.


Todo o meu mérito reside, pois, na piedade do Senhor, e não me faltará mérito enquanto não Lhe faltar a piedade: multiplicando-se a misericórdia de Deus, numeroso será o meu mérito. E as muitas faltas que tenho a reprovar-me? «Onde abundou o pecado, superabundou a graça» (Rom 5,20).


Se «a bondade do Senhor se estende por todo o sempre», por mim, «cantarei eternamente as misericórdias do Senhor» (Sl 102,17; Sl 88,2). É esta a minha justiça? Senhor, recordar-me-ei apenas da tua justiça: é ela a minha justiça, pois Tu tornaste-Te para mim justiça de Deus (Rom 1,17)."


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 10 de junho de 2021

NÃO MATARÁS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 5,20-26)(10/06/21)


Caríssimos, o ser humano quando não se deixa iluminar pela graça santificante do amor de Deus, isto é, quando não se entrega totalmente ao Senhor para trilhar o caminho da santidade; tende a comportar-se como se Deus não existisse, ou se crê Nele, mas não põe em prática a Sua Palavra, tende agir por instinto como se fosse um animal irracional.


No Evangelho de hoje a Palavra que Jesus dirige aos discípulos se destina à todos os homens de todos os tempos, pois a salvação que o Senhor veio trazer se destina à todos. Por isso, não podemos entender a Palavra do Senhor como uma filosofia de vida ou conjunto de regras a serem seguidas, mas sim como Palavra de vida eterna, que se realiza ao ser acolhida, porque ela é a vontade de Deus que nos liberta de todo o pecado e de todo o mal que o pecado gera.


De fato, "Jesus era prático, falava sempre com exemplos para se fazer compreender, pondo em confronto a Lei antiga e o que Ele nos diz. Começa pelo quinto mandamento do decálogo: «Ouvistes que foi dito aos antigos: “Não matarás”... Eu, porém, vos digo que qualquer um que, sem motivo, se encolerizar contra o seu irmão, será réu de juízo» (vv. 21-22). 


Com isto, Jesus recorda-nos que também as palavras podem matar! Quando se diz que uma pessoa tem língua de serpente, o que significa? Que as suas palavras matam! Portanto, não só não se deve atentar contra a vida do próximo, mas nem sequer fazer cair sobre ele o veneno da ira e da calúnia. Nem sequer falar mal dele." (Papa Francisco).


Destarte, escutemos ainda o Senhor: "O homem de bem tira boas coisas de seu bom tesouro. O mau, porém, tira coisas más de seu mau tesouro. Eu vos digo: no dia do juízo os homens prestarão contas de toda palavra vã que tiverem proferido. É por tuas palavras que serás justificado ou condenado." (Mt 12,35-37).


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 8 de junho de 2021

VÓS SOIS O SAL DA TERRA, VÓS SOIS A LUZ DO MUNDO


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 5,13-16)(08/06/21)


Caríssimos, a obra da evangelização é uma ação direita do Espírito Santo que age em nossas almas fazendo de nós seus porta vozes para anunciarmos Jesus e a salvação que Ele nos trouxe. São Paulo na primeira Carta aos Coríntios, disse, se referindo à sua, mas também à nossa missão: "Anunciar o Evangelho não é glória para mim; é uma obrigação que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!" (1Cor 9,16).


Com efeito, segundo o Papa Francisco, esse Evangelho de hoje, "põe em relevo as palavras de Jesus que descrevem a missão dos seus discípulos no mundo (cf. Mt 5, 13-16). Ele utiliza as metáforas do sal e da luz e as suas palavras dirigem-se aos discípulos de todos os tempos, por conseguinte também a nós.


Jesus convida-nos a ser um reflexo da sua luz, através do testemunho das boas obras. E diz: «Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus» (Mt 5, 16). Estas palavras frisam que nós somos reconhecidos como verdadeiros discípulos d’Aquele que é a Luz do mundo, não pelas palavras, mas pelas nossas obras. 


Com efeito, é sobretudo o nosso comportamento que — no bem ou no mal — deixa um sinal nos outros. Por conseguinte, temos uma tarefa e uma responsabilidade pelo dom recebido: a luz da fé, que está em nós por meio de Cristo e da ação do Espírito Santo, não a devemos reter como se fosse nossa propriedade. Ao contrário, somos chamados a faze-la resplandecer no mundo, a doa-la aos outros mediante as boas obras.


E quanta necessidade tem o mundo da luz do Evangelho que transforma, cura e garante a salvação a quem o acolhe! Devemos levar esta luz com as nossas boas obras. A luz da nossa fé, doando-se, não se apaga mas reforça-se. Ao contrário, pode vir a faltar se não a alimentarmos com o amor e com as obras de caridade.


Nos sirva sempre de ajuda a proteção de Maria Santíssima, primeira discípula de Jesus e modelo dos crentes que vivem todos os dias na história a sua vocação e missão. A nossa Mãe nos ajude a deixar-nos sempre purificar e iluminar pelo Senhor, para nos tornarmos, por nossa vez, “sal da terra” e “luz do mundo”."

(Papa Francisco - Angelus - 5/2/17)


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 7 de junho de 2021

AS BEM-AVENTURANÇAS SÃO VIAS DE PERFEIÇÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 5,1-12)(07/06/21)


Caríssimos, quem nunca na vida sofreu alguma tribulação ou desafio de fé? Quem nunca na vida chorou ou lamentou-se devido às dificuldades advindas das próprias fraquezas ou às dos outros? É isso o que nos responde a liturgia de hoje, ao nos mostrar que mesmo vivendo neste vale de lágrimas nenhum filho ou filha de Deus deixa de ser consolado e amparado por Ele nas tribulações que sofrem neste mundo.


No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos ensina a via da perfeição, que nos leva a santidade: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus." A virtude da pobreza, consiste em viver sem apego ou a preocupação em possuir as bens deste mundo.


"Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados." Essa Bem-aventurança nos diz da visita interior que Deus nos faz quando somos atribulados. 


"Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra." Trata-se da salvação eterna de nossas almas prometida por Jesus, àqueles que o amam e se exercitam na virtude da humildade.


"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados." Não se trata da justiça dos homens que é falha, mas sim da justiça de Deus que conhece as nossas intenções e os nossos atos (cf. Sl 138).


"Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia." De fato, dependemos totalmente da misericórdia divina, e ela é alcançada por aqueles que a exercem para com os outros (cf. Tg 2,12-13).  


"Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus." De fato, os nossos olhos são para ver a Deus face a face, e não para ver imagens impuras advindas da Internet ou outros meios.


"Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus." Com efeito, a paz é fruto do Espírito Santo em nossas almas quando nos deixamos conduzir por Ele.


"Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus." Isto é, por causa do seu anúncio que se cumpre na íntegra, pois, todos seremos julgados.


Portanto, caríssimos, peçamas ao Senhor Jesus a graça para fazermos das Bem-aventuranças a nossa regra de vida, e que Ele nos dê a perseverança e a disciplina interior para pô-las em prática.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 6 de junho de 2021

O PECADO CONTRA O ESPÍRITO SANTO...


 Homilia do 10°Dom do tempo comum (Mc 3,20-35)(06/06/21)


Caríssimos, no Evangelho de hoje, Jesus nos fala do pecado que jamais será perdoado, trata-se do pecado contra o Espírito Santo que consiste em atribuir suas ações a influência do demônio. Ora, todo pecado mortal é obra do inimigo de nossas almas; por isso, quem faz a vontade de Deus, percebe que as tentações são ações do maligno, e desse modo, trata de combate-las pela oração, pela comunhão Eucarística e pela vivência da Palavra de Deus.


O Santo Padre, o Papa Francisco, comentando esse Evangelho, disse: "Os escribas eram homens instruídos nas Sagradas Escrituras e encarregados de as explicar ao povo. Alguns deles são enviados de Jerusalém à Galileia, onde a fama de Jesus começava a difundir-se, a fim de o desacreditar aos olhos do povo; para desempenhar a função de linguarudos, desacreditar o outro, privar da autoridade, que coisa feia! E eles foram enviados para fazer isto. 


Com efeito, Jesus curava muitos doentes, e eles pretendem fazer crer que não o faz com o Espírito de Deus — como fazia Jesus — mas com o do Maligno, com a força do diabo. Jesus reage com palavras fortes e claras, não tolera isto, pois aqueles escribas, talvez sem se darem conta, estão a cair no pecado mais grave: negar e blasfemar o Amor de Deus que está presente e age em Jesus. 


E a blasfema, o pecado contra o Espírito Santo, é o único pecado imperdoável — assim diz Jesus — porque parte do fechamento do coração à misericórdia de Deus que age em Jesus. Mas este episódio contém uma admoestação que serve a todos nós. 


Com efeito, pode acontecer que uma grande inveja pela bondade e pelas boas obras de uma pessoa possa levar a acusa-la falsamente. Há nisto um grande veneno mortal: a maldade com que, de maneira intencional se pretende destruir a boa fama do outro. 


Deus nos livre desta terrível tentação! E se, examinando a nossa consciência, nos apercebermos que esta erva daninha está a germinar dentro de nós, vamos imediatamente confessa-lo no sacramento da Penitência, antes que se desenvolva e produza os seus efeitos malvados, que são incuráveis. Estai atentos, pois esta atitude destrói as famílias, as amizades, as comunidades e até a sociedade." (Papa Francisco, Angelus, 10/06/18).


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 1 de junho de 2021

AS PROVAÇÕES SÃO PARA A NOSSA SANTIFICAÇÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 12,13-17)(01/06/21)


Caríssimos, as provações pelas quais passamos em nosso dia a dia são acontecimentos adversos que se dão na vida de todos sem exceção, isto porque vivemos em meio às tempestades deste mundo, advindas dos pecados aqui cometidos. De fato, justos ou injustos sofrem por conta dessas adversidades, mas, não na mesma proporção, como nos ensinou são Pedro (cf. 1Pd 4,12-19).


No Evangelho de hoje por conta da hipocrisia dos fariseus e herodianos, o Senhor Jesus foi posto à prova: “Mestre, sabemos que tu és verdadeiro, e não dás preferência a ninguém. Com efeito, tu não olhas para as aparências do homem, mas ensinas, com verdade, o caminho de Deus. Dize-nos: É lícito ou não pagar o imposto a César? Devemos pagar ou não?”


Jesus percebeu a hipocrisia deles, e respondeu: “Por que me tentais? Trazei-me uma moeda para que eu a veja”. Eles levaram a moeda, e Jesus perguntou: “De quem é a figura e a inscrição que estão nessa moeda?” Eles responderam: “De César”. Então Jesus disse: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. (Mc 12,14-17a).


De fato, quem sofre por causa das injustiças dos que agem mal, vencem sempre porque que se unem ao Senhor Jesus na sua luta contra o pecado, por isso, permanecem em estado de graça louvando e agradecendo a Deus que os sustenta nessa sua luta, como o Senhor nos ensinou: "Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós." (Mt 5,11-12).


Portanto, caríssimos, não deixemos de ser bons por que muitos não o são, afinal a bondade é uma virtude eterna que nos foi dada por Deus quando nos criou, cultivemo-la, pois, aqueles que a praticam por amor de Cristo permanecem unidos a Cristo aqui e por toda a eternidade.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

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