Arquivo do blog

terça-feira, 30 de agosto de 2022

O QUE É A VERDADE?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 4,31-37)(30/8/22)


Caríssimos, no diálogo que Pôncio Pilatos teve com Jesus no Pretório antes de condena-lo, ele fez uma pergunta conclusiva: "És, portanto, rei? Respondeu Jesus: Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz." (Jo 18,37). 

Pilatos reagiu à essa resposta de Jesus com uma pergunta que ele mesmo respondeu com sua atitude: Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade?... Falando isso, saiu de novo, foi ter com os judeus e disse-lhes: Não acho nele crime algum." (Jo 18,38). Ou seja, a Verdade é inocente sempre mesmo que a condenem injustamente como se fosse culpada.

No momento em que o Senhor afirma: "Eu sou a Verdade", ele estabelece-se como o critério último da verdade para a humanidade e a única referência. Ao dizer que ele é "a Verdade", afirma simultaneamente que ele é a possibilidade de comunicação autêntica entre Deus e o homem.

E é precisamente isto que a multidão que segue e ouve Jesus experimenta, como nos diz Marcos: "Depois de Jesus ter ordenado ao diabo que deixasse em paz um homem possuído; a multidão expressa um espanto vibrante com a forma de ensinar do Mestre: 'O que é isto? Um ensino novo, dado com autoridade! Ele comanda até os espíritos impuros e eles lhe obedecem!" (Mc 1,27).

Como e por que é que o ensino dado pelo Mestre é "novo"? - Porque atua nas profundezas do seu interlocutor. "Novo" não significa apenas que propõe coisas nunca antes ouvidas, mas significa que a sua mensagem renova a vida, regenera o mundo interior de quem a recebe. 

"Novo" porque a verdade recebida faz uma ruptura com o passado na pessoa e mergulha-a numa realidade nunca antes experimentada, e que a descobre como autêntica, verdadeira e desejada. 

Em suma, é uma novidade total. Perante isto, tudo o resto está desatualizado, inútil e velho. Com a sua intervenção e a sua palavra criativa, Jesus reconduz o homem ao seu encanto original, ao frescor, à juventude de espírito, à novidade absoluta." (Pe Ubaldo Terrinoni).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

A VERDADE SÓ INCOMODA OS MENTIROSOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 6,17-29)(29/8/22)


Caríssimos, a Igreja hoje celebra a memória do martírio de são João Batista, o último dos profetas que foi enviado por Deus como o precursor do Messias. "João foi escolhido por Deus para preparar o caminho diante de Jesus, e indicou-o ao povo de Israel como o Messias, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1,29). 

João consagrou todo o seu ser a Deus e ao seu enviado, Jesus. Mas, no final, o que aconteceu? Ele morreu pela causa da verdade, quando denunciou o adultério do rei Herodes e Herodíades. De certo, "Há muitas pessoas, cristãos e não-cristãos, que "perdem as suas vidas" pela verdade. E Cristo disse: "Eu sou a verdade", por isso quem serve a verdade serve a Cristo." (Papa Francisco - Angelus 23/6/2013).

Com efeito, a vingança é a causa da morte eterna de muitos, que o diga Herodiades que mesmo alertada pelo justo João Batista não reconheceu seu pecado, não se arrependeu, mas alimentou o ódio do demônio do adultério que a possuía e por isso pediu a cabeça do inocente João que por falar a verdade foi eliminado deste mundo que não é digno dele. De fato, a verdade incomoda imensamente os que se deixam dominar pela mentira.

"A memória do justo deve ser exaltada; mas a ti, João Precursor, bastou-te o testemunho do Senhor. Na realidade, tu és o mais venerável de todos os profetas, porque foste considerado digno de batizar nas águas do Jordão Aquele que os outros profetas apenas tinham anunciado. Por isso, depois de teres lutado pela verdade, foste anunciar ao mundo dos mortos Deus aparecido na carne, Aquele que tira o pecado do mundo (cf Jo 1,29) e nos dá a sua imensa piedade.

O glorioso martírio do Precursor foi uma etapa na obra da salvação, uma vez que até na pátria dos mortos ele foi anunciar a vinda do Salvador. Que Herodíades gema agora, ela que reivindica este assassinato ímpio, porque o que ela amou não foi a lei de Deus nem a vida eterna, mas as ilusões que apenas duram um momento." (Liturgia bizantina).

Portanto, caríssimos, quem segue a mentalidade deste mundo perde-se com ele, e para evitar isso, são João nos ensina: "Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. 

Porque tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida - não procede do Pai, mas do mundo. O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente." (1Jo 2,15-17).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

O ÚLTIMO LUGAR...


 Homilia do 22°Dom do Tempo Comum (Lc 14,1.7-14)(28/8/22)


Caríssimos, vivemos numa sociedade em que dificilmente alguém escolhe o último lugar, em outras palavras, vivemos numa guerra competitiva, cada um por si e que ganhe o mais forte, o mais competitivo, o mais preparado que se acha o melhor de todos. E o resultado nefasto dessa competitividade é a falta de amor, de humildade e compreensão, que culmina com o desprezo do próximo. 

Com efeito, nesta liturgia de hoje o Senhor Jesus inverte todos esses falsos atitudes, mostrando "que a vitória coincide com a aparente derrota; e a sua força está naquilo que os outros consideram uma fraqueza. Revela-nos que a verdadeira riqueza está na pobreza, que a verdadeira liberdade no fazer-se escravo, e que a vida se realiza quando a perdemos." (MR).

Comentando esse Evangelho disse o Papa Emérito Bento XVI: "O Senhor não pretende dar uma lição sobre etiqueta, nem sobre a hierarquia entre as diferentes autoridades. Ele insiste antes num ponto decisivo, que é o da humildade: "quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado" (Lc 14,11).

Esta parábola, num sentido mais profundo, também indica a posição do homem em relação a Deus. O "último lugar" pode de fato representar a condição da humanidade degradada pelo pecado, uma condição da qual só a encarnação do Filho Unigênito a pode elevar. É por isso que o próprio Cristo "tomou o último lugar no mundo - a cruz - e precisamente por esta humildade radical ele nos redimiu e nos ajuda constantemente" (Enc. Deus caritas est, 35).

No final da parábola, Jesus sugere ao líder dos fariseus que convide à sua mesa não os seus amigos, parentes ou vizinhos ricos, mas as pessoas mais pobres e marginalizadas, que não têm como retribuir (cf. Lc 14,13-14), para que o presente seja gratuito. A verdadeira recompensa, de fato, no final, será dada por Deus, "que governa o mundo. Só o servimos na medida do possível e enquanto ele nos der força". (Encíclica Deus caritas est, 35). 

Mais uma vez, então, olhemos para Cristo como um modelo de humildade e gratuidade: d'Ele aprendemos a paciência na tentação, a mansidão na ofensa, a obediência a Deus na dor, esperando por Aquele que nos convidou a dizer: "Amigo, aproxima-te mais" (cf. Lc 14,10); pois o verdadeiro bem é estar perto d'Ele." (Angelus 29/8/2010).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 27 de agosto de 2022

O QUE ESTAMOS FAZENDO COM O TEMPO QUE NOS É DADO?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 25,14-30)(27/8/22)


Caríssimos, o exibicionismo e o querer aparecer a todo custo em busca de fama, dinheiro e poder ultimamente tem se tornado uma tentação quase que irresistível do ponto de vista midiático, principalmente com o advento da Internet, e isso tem afastado muitos da prática da fé. 

Com efeito, se o tempo dado aos celulares e às redes sociais fosse dado em maior proporção à vida de oração, à meditação da Palavra de Deus, à prática dos Sacramentos e das obras de misericórdia, certamente teríamos muitos santos e santas entre nós. De fato, o mau uso da Internet tem levado muitos à perdição eterna, o que não é de se admirar, pois ela tem se tornado a porta larga da qual nos fala o Senhor Jesus no Evangelho (cf. Mt 7,13).

Na primeira leitura são Paulo nos mostra que a Sabedoria Divina é contrária à sabedoria deste mundo: "Deus escolheu o que para o mundo é sem importância e desprezado, o que não tem nenhuma serventia, para assim mostrar a inutilidade do que é considerado importante, para que ninguém possa gloriar-se diante dele." (1Cor 1,28-29). Ou seja, "as escolhas divinas seguem um critério alheio a toda possibilidade de autoglorificação e vaidade dos homens." (MR).

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus conta a Parábola do patrão que indo viajar entregou os seus bens aos seus servos, os quais trataram de multiplica-los; um deles, porém, ao invés, preferiu enterra-lo com a desculpa de que teve medo porque julgou que o seu senhor era severo por demais; no entanto, tal desculpa o condenou, pois, foi chamado de "Servo mau e preguiçoso!"

Portanto, caríssimos, a vida que temos com todas os talentos que recebemos são para a nossa salvação e a salvação de todos, por isso, em hipótese alguma podemos nos desculpar diante de Deus pelo tempo perdido e pelo mau uso que dele fizermos. 

Destarte, multiplicar os talentos significa usar as virtudes recebidas para que todos tenham vida e a tenham em abundância, é essa a nossa grande missão.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

A SANTIDADE SEGUNDO A VONTADE DE DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 24,42-51)(25/8/22)


Caríssimos, a santidade é um dom eterno que nos é dado no batismo, por isso, todos os batizados têm o dever de viver santamente neste mundo em preparação para o Reino dos céus, e isso só é possível mediante a prática da vontade de Deus que nos faz viver na sua presença em santidade e justiça todos os dias de nossa vida. Ou seja, a santidade é a vontade de Deus realizada a cada passo dado para a eternidade.

São Paulo na primeira leitura agradece a Deus por ver acontecer essa graça na comunidade de Corinto: "Dou graças a Deus sempre a vosso respeito, por causa da graça que Deus vos concedeu em Cristo Jesus: Nele fostes enriquecidos em tudo, em toda palavra e em todo conhecimento, à medida que o testemunho sobre Cristo se confirmou entre vós." (1Cor 1,4-6). Ou seja, sinal de que a vivência da fé entre eles dava muitos frutos.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos ensina que a vigilância e a fidelidade no serviço ao Reino de Deus nos faz evitar cair na tentação do relaxamento na vivência da fé e dos bons costumes. Quando Ele se refere a isso numa linguagem matemática significa que os dons recebidos e multiplicados para o bem de todos nos faz alcançar grandes méritos quando da sua vinda gloriosa.

Por outro lado também mostra o que acontece com os que fazem pouco caso e até desprezam as graças recebidas: "Mas, se o empregado mau pensar: ‘Meu senhor está demorando’, e começar a bater nos companheiros, a comer e a beber com os bêbados; então o senhor desse empregado virá no dia em que ele não espera, e na hora que ele não sabe. Ele o partirá ao meio e lhe imporá a sorte dos hipócritas. Ali haverá choro e ranger de dentes”. (Mt 24,48-51).

Portanto, caríssimos, é dever de todos os batizados multiplicar as graças recebidas sempre em comunhão com o Senhor Jesus no cumprimento da nossa missão na realização da sua Santa Vontade; caso contrário, nos perdemos por não multiplicar os dons recebidos.

Destarte, firmemos então este propósito em nossas almas de sermos santos como o Senhor é Santo, e lhe peçamos, pela intercessão de Nossa Senhora e de são José, a graça da perseverança final nesse propósito.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

VIGIAI COM AS VOSSAS LÂMPADAS ACESAS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 25,1-13)(26/8/22)


Caríssimos, a liturgia de hoje trata do discurso escatológico do Senhor Jesus, em que anuncia o fim do mundo e a sua segunda vinda. E como sempre o Senhor nos fala em parábola facilitando com isso o nosso entendimento e a prática do seu ensinamento. De certo, nesse discurso o Senhor Jesus nos alerta para a importância da vigilância como preparação para a sua chegada.

Com efeito, "Neste mundo, somos peregrinos a caminho do Reino de Deus. E nossa caminhada requer vigilância. Jesus, a fim de nos fazer compreender como deve ser essa vigilância, apresenta-nos a parábola das dez virgens que vão ao encontro do noivo com suas lâmpadas. Cinco delas não levam óleo de reserva e assim vêem suas lâmpadas apagar-se. 

O noivo chega e apenas cinco vão ao seu encontro com as lâmpadas acesas; as outras permanecem do lado de fora em frente à porta fechada com uma palavra muito dura da parte do noivo aos seus ouvidos: "Não vos conheço". 

As cinco virgens sábias identificam-se com as suas lâmpadas: cada uma é uma pessoa-lâmpada, acesa e brilhante para o encontro com o noivo. Não só transportam as lâmpadas, mas também o óleo que permite, através de sua queima, continuar iluminando. 

Trazem consigo fé, esperança e caridade para o encontro há muito esperado e cheio de alegria. Porém, essas virtudes não podem ser emprestadas. Cada um deve providência-las para si. De fato, o bem não pode ser comercializado, isto é, comprado ou vendido. Todos têm a grande tarefa de decidir se devem ser insensatos ou sábios. Disso depende se faremos ou não parte da festa. 

De certo, no Evangelho, Jesus nos chama à vigilância. Tal vigilância é motivada pela incerteza sobre a data da sua chegada. Cabe a nós alcançar a sabedoria da vida, viver sempre preparado, sempre pronto. Não sabemos quando o Senhor virá, nem como virá, mas uma coisa é certa, sabemos que Ele virá.

Portanto, não deve haver curiosidade na espera, mas sim vigilância. Essa é uma bela imagem que apresenta o cristão como alguém que espera por Alguém. Que espera não com os braços cruzados, com o risco de adormecer, mas sim com uma espera ativa, laboriosa e inteligente, preparando-se para o encontro que é certo e decisivo." (Mons. Angelo Spina).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

FESTA DE SÃO BARTOLOMEU...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 1,45-51)(24/8/22)


Caríssimos, a palavra "encontro" nos diz muito porque revela o que precisamos dar e receber daquilo que há de mais precioso em nós e naqueles que encontramos. De certo, na vivência da fé o nosso encontro com o Senhor Jesus é fundamental para gozarmos da sua amizade e da sua companhia de forma que possamos compartilhar com outros a graça de te-lo em nossa vida.

No Evangelho de hoje Filipe foi ao encontro de Natanael e lhe anunciou o Senhor Jesus, porém, a princípio o anúncio não foi tão profícuo, no entanto, Filipe foi incisivo em seu convite como relata são João: "Filipe encontrou-se com Natanael e lhe disse: “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e também os profetas: Jesus de Nazaré, o filho de José”.
Natanael disse: “De Nazaré pode sair coisa boa?” Filipe respondeu: “Vem ver!”. (Jo 1,45-46).

De fato, por vezes também usamos de certos provérbios ou ditos populares para mantermos distância de quem não conhecemos ainda, mesmo recebendo baos referências. No entanto, quando nos deparamos com as surpresas que Deus nos preparou desde toda eternidade, logo, o reconhecemos naqueles que Ele nos envia.

"Jesus viu Natanael que vinha para ele e comentou: “Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade”. Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi”. Natanael respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. (Jo 1,47-49). 

Com efeito, o Senhor Jesus nos conhece totalmente e ao revelar quem somos nos leva à convicção de ter encontrando o que mais procurávamos, ou seja, o verdadeiro sentido da vida, e que de agora em diante nada nos poderá afastar da sua divina companhia. E foi exatamente isso o que aconteceu com Natanael que se tornou seu Apóstolo e por Ele e o Evangelho deu a vida.

Portanto, caríssimos, todas as graças que Deus nos dá tem como objetivo a nossa salvação eterna, todavia, Ele nos ensina que o exemplo do Seu Filho Jesus é o perfeito caminho que nos leva para o céu. Por isso, precisamos segui-lo com o mesmo amor com que o seguiram todos os santos e santas que o encontraram no seio da Sua Santa Igreja.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 23 de agosto de 2022

A AUTENTICIDADE DA FÉ (II)


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 13,44-46)(23/8/22)


Caríssimos, a Verdade Eterna é Cristo e por Ele e para Ele foram feitas todas as coisas e somente Nele subsistem, tudo o que não permanece Nele sucumbe, ou seja, não resiste por muito tempo. E é por não comungar com a vontade do Senhor, expressa no seu Evangelho, que este mundo está sucumbindo, e só será possível estancar sua ruína mediante a conversão de todos.

Com efeito, a pureza da fé se encontra em nossas almas quando renunciando a própria vontade nos entregamos totalmente à vontade de Cristo, para realiza-la em nosso viver carregando com Ele a nossa cruz de cada dia na certeza de que russuscitamos com Ele para a vida eterna.

Nesse sentido, “O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo." (Mt 13,44). Ou seja, aqui não se trata de relações comerciais; mas, de deixar os valores temporais pelos valores eternos: "Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam." (Mt 6,20).

E continua o Senhor: "O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola." (Mt 13,45). Ou seja, aqui trata-se da renúncia de nós mesmos para seguir a Cristo, pois, sem essa renúncia não tem como ser seus verdadeiros discípulos. 

Portanto, caríssimos, a que atitudes ou custumes deste mundo renunciamos para seguir o Senhor Jesus carregando com Ele a nossa cruz de cada dia? Quais valores cultivamos em nossas almas, os temporais ou os eternos? O que significa mesmo para nós ser discípulos de Cristo vivendo autenticamente a nossa fé católica?

Destarte, essas respostas só serão dadas com pleno proveito para as nossas almas se as respondemos permanecendo unidos ao Senhor Jesus, como os ramos permanecem unidos à videira dando frutos agradável ao paladar de quem os degusta.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

MEMÓRIA DA VIRGEM MARIA RAINHA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA 

(Lc 1,26-38)(22/8/22).

Caríssimos, hoje a Igreja celebra a memória da Virgem Maria rainha, cujo Filho é o Rei do Universo, e Senhor do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Por isso, celebrar a sua memória é reconhecer nas suas atitudes e palavras que tudo o que lhe aconteceu é obra de Deus e somente Dele. 

De certo, cabe a nós reconhecer as obras do Senhor em sua serva e glorifica-lo como ela o glorificou: "Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo." (Lc 1,46-49).

No Evangelho de hoje o Anjo Gabriel foi enviado por Deus à Santíssima Virgem Maria e como porta voz divino lhe disse: "Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1,28b). Essa saudação é uma Teofania que significa a manifestação direta de Deus por meio do seu Anjo; isso demonstra que Ele está atento a tudo o que nos acontece, e para a nossa salvação revela quais são os Seus Planos.

"O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. (Lc 1,30-33).

Com efeito, por essa passagem vemos que a primeira atitude de Deus para com Maria é tirar-lhe o medo e assegurar-lhe a fé, para assim revelar qual é a Sua Vontade para a sua vida e a vida do seu povo. Desse modo, Maria Santíssima foi a primeira a conhecer pessoalmente da parte de Deus como se daria a nossa salvação, e isso é um grande privilégio.

Portanto, caríssimos, com profunda sabedoria a Igreja na sua liturgia proclama Maria Santíssima, rainha do céu e da terra, dos anjos e dos santos, portal feliz do Reino de Deus; por ela o Filho de Deus entrou neste mundo, por ela nós o encontramos, fomos perdoados e salvos, como ela mesma proclamou: "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra." (Lc 1,38). Ou seja, totalmente entregue à vontade de Deus.

Salve Maria Santíssima, rainha do céu e da terra, dos anjos e santos, e de toda a humanidade.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv!

domingo, 21 de agosto de 2022

Sol. Da Assunção de nossa Senhora...


 Sol. da Assunção de nossa Senhora (Lc 1,39-56)(21/8/22)


 Caríssimos, a Igreja hoje celebra a Solenidade da Assunção de nossa Senhora, e com estas palavras o Santo Padre Pio XII proclamou esse Dogma: "Para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos s. Pedro e s. Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial". (Pio XII, Munificentissimus Deus, 01/11/1950).

O Cardeal Angelo Comastri assim comentou esse grande feito: "Maria entrou no Céu com o seu corpo, no qual foi derramado todo o esplendor da sua alma cheia de beleza, porque estava cheia de Deus. O que é que este fato significa para nós? Que mensagem e que compromisso nos transmite? Antes de tudo, devemos salientar que todas as nossas decisões, mesmo as mais secretas, repercute no nosso corpo, no nosso rosto, nos nossos olhos, na nossa voz, nos nossos gestos. 

Observemos este fato em Maria. Poderia o corpo de Maria ser estranho à vitória do seu Filho, ou seja, à vitória da sua Ressurreição? Aqui no arquivo da sua fé, a Igreja proclama que Maria, no fim da sua vida terrena, foi assunta ao Céu com a sua alma e o seu corpo: é o mais lógico que podia acontecer, e aconteceu! 

Glorificado seja Deus por esta maravilhosa e consistente história de amor! Mas a mensagem da Assunção de Maria não termina aí. Lembra-nos que também os nossos corpos estão destinados ao triunfo da Ressurreição; também os nossos corpos são chamados a transbordar a visibilidade luminosa da vida divina que está dentro de nós. 

Infelizmente, porém, estamos a testemunhar, especialmente no nosso tempo, uma dramática decadência do corpo, um vulgar enlameamento do corpo, um espectáculo aviltante diante dos olhos de todos, uma negação do propósito que Deus deu ao corpo humano. 

A Festa da glorificação do corpo de Maria, comove-nos e compromete-nos à recuperação da dignidade do corpo humano. Que o exemplo dos santos, e especialmente o de Maria, Assunta ao Céu, nos leve a imita-los e nos faça transbordar o grande mistério divino que habita em nossas almas. 
Pois, Deus está dentro de nós: não O escondamos, mas deixemos a Sua Presença brilhar nos nossos olhos, nos nossos rostos e nos nossos gestos. 

Este é o presente mais bonito que podemos dar a nós mesmos enquanto aguardamos o Paraíso, onde Maria nos precedeu na alma e no corpo. Iluminado por esta fé, torna-se belo, consolador e excitante poder cantar: "No céu, no céu com minha mãe estarei".

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 20 de agosto de 2022

DESVENDANDO AS TENTAÇÕES...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 23,1-12)(20/8/22)


Caríssimos, desde os nossos primeiros pais a humanidade passou a conhecer a tentação e depois da queda deles passou a conhecer o pecado e as suas consequências entre elas a morte. De modo que todos os dias somos tentados, e isso é um mistério, pois, tudo acontece espiritualmente no mais íntimo de nossas almas. 

Com efeito, após a vinda de Cristo, esse mistério foi desvendado, e pela graça do Espírito Santo que habita em nossas almas, nos foi dado o poder para lutar contra as tentações e evitar o pecado, por conta do livre arbítrio que nos foi restituído ao recebermos o batismo e ser apagado o pecado original herdado dos nossos primeiros pais.

São Paulo ao se referir à libertação do pecado disse: "De agora em diante, pois, já não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo. A lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da lei do pecado e da morte. O que era impossível à lei, visto que a carne a tornava impotente, Deus o fez. 

Enviando, por causa do pecado, o seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado, condenou o pecado na carne, a fim de que a justiça, prescrita pela lei, fosse realizada em nós, que vivemos não segundo a carne, mas segundo o espírito." (Rm 8,1-4).

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus mostra o porquê da perseguição ferrenha que os fariseus lhe impunha: “Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam." (Mt 23,1-3). Ou seja, faziam isso por conta da incoerência e hipocrisia que permeavam suas ações.

Portanto, caríssimos, também nós recebemos a graça santificante para vivermos em estado de graça realizando em tudo a vontade de Deus pelas virtudes que nos foram concedidas pelo Espírito Santo que habita em nossas almas. Contudo, cuidemos para não cairmos nas tentações sugeridas pelo maligno através dos maus pensamentos que chegam a nossa mente.

Destarte, escutemos o Senhor Jesus: "Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca." (Mt 26,41).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

QUEM PERGUNTA QUER SABER A RESPOSTA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 22,34-40)(19/8/22)


Caríssimos, quem pergunta a Deus não deixa de ter a resposta, mas por qual motivo lhe pergunta? De certo, de uma coisa necessitamos, ouvi-lo com profundo temor e respeito, visto que a Sua resposta será sempre em vista da nossa salvação, mas, somente quando aderimos incondicionalmente a Ele, porque sem essa adesão não tem como pertencer ao seu discipulado. 

De fato, se quisermos seguir as suas pegadas se faz necessário a prática da Sua Palavra, porque ela nos purifica e nos salva, como Ele mesmo disse: "Vós já estais puros pela palavra que vos tenho anunciado." (Jo 15,3). Ou seja, assim como a palavra do profeta Ezequiel, a mando de Deus, ressuscitou os mortos, de igual modo a Palavra do Senhor Jesus nos faz ressuscitar com Ele por nossa obediência.

No Evangelho de hoje os Fariseus ao saberem que o Senhor Jesus calou os Saduceus, fizeram uma pergunta com a intenção de pô-lo à prova: “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” Ou seja, quem tenta dasafiar a Deus ou afronta-lo se perde totalmente se não acolhe o que lhes ensina, pois a sua Palavra Divina, é Palavra de vida eterna. 

Por isso, não queiramos provar a Deus, mas aceitemos ser provados por Ele, como nos ensina a Carta aos Hebreus: "Estais esquecidos da palavra de animação que vos é dirigida como a filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor. Não desanimes, quando repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho (Pr 3,11s). (Hb 12,5-6).

Portanto, caríssimos, escutemos o que nos ensina o hagiógrafo do livro do Eclesiástico: "Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação; humilha teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade, sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça.

Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação. Põe tua confiança em Deus e ele te salvará; orienta bem o teu caminho e espera nele. Conserva o temor dele até na velhice." (Eclo 2,1-6).

Destarte, nada nos será mais nocivo do que abandonar o caminho do Senhor Jesus, para seguir a via da perdição que leva à morte eterna do corpo e da alma.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

É AQUI QUE PREPARAMOS O NOSSO DEVIR...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 22,1-14)(18/8/22)


Caríssimos, as Parábolas contadas por nosso Senhor Jesus Cristo, têm introdução, desenvolvimento e conclusões perfeitas em que todos podemos ver a nós mesmos nelas e decidir como será o nosso devir eterno, pois tudo o que aqui vivemos nada mais é do que uma antecipação do que viveremos por toda a eternidade numa proporção infinitamente superior à essa. 

No Salmo 138 assim nos ensina o rei Davi: "Senhor, vós me perscrutais e me conheceis, sabeis tudo de mim, quando me sento ou me levanto. De longe penetrais meus pensamentos. Quando ando e quando repouso, vós me vedes, observais todos os meus passos. A palavra ainda me não chegou à língua, e já, Senhor, a conheceis toda.

Para onde irei, longe de vosso Espírito? Para onde fugir, apartado de vosso olhar? Se subir até os céus, ali estareis; se descer à região dos mortos, lá vos encontrareis também. Se tomar as asas da aurora, se me fixar nos confins do mar, é ainda vossa mão que lá me levará, e vossa destra que me sustentará." (Sl 138,1b-10).

Ou seja, tudo é nu e descoberto aos seus olhos Daquele que a tudo conhece totalmente. (cf. Hb 4,13). Por isso, precisamos levar em conta a nossa conduta diante de Deus, pois Dele nada podemos esconder, e é isso que definirá o nosso futuro eterno. Chamados todos nós fomos por Ele que nos deu a existência para vivermos na sua presença em justiça e santidade todos os dias de nossa vida. 

Meditemos, então, com amor e atenção a Parábola contada por Jesus no Evangelho de hoje, e nos perguntemos: com quais dos personagens nos identificamos? Aqui não é uma questão de escolha, mas de como estamos vivendo, e o que estamos fazendo em preparação para o dia eterno que cedo ou tarde chegará para cada um de nós.

Portanto, caríssimos, essa resposta o Senhor Jesus nos pede por meio dessa Parábola contada por Ele, pois ela nada mais é do que uma visão antecipada do juízo final. De certo, a vida é um grande mistério de amor e de dor; de fé incondicional e de adesão total ao plano de Deus para a nossa salvação. 

Destarte, cabe a nós darmos uma justa resposta, e é com o nosso viver que a damos ao Senhor Jesus, dizendo se o amamos ou não; se queremos segui-lo até o fim com a nossa cruz de cada dia, ou rejeita-lo por meio dos nossos pecados.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

OS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 20,1-16a)(17/8/22).


Caríssimos, a primeira leitura desta liturgia começa com o Senhor instruindo o Profeta Ezequiel para que profetize contra os maus pastores, mostrando-lhes quanto foram negligentes no cuidado com as suas ovelhas, pois se aproveitando delas, apascentaram a si mesmos, e por isso, elas se dispersaram perdendo-se a esmo. Todavia, nem tudo está perdido uma vez que promete Ele mesmo apascenta-las.

Com efeito, assim como no tempo do Profeta Ezequiel, também em nosso tempo não é diferente principalmente por conta da infiltração de lobos vorazes que com suas terríveis ideologias teem deixado de lado o Evangelho, que é o alimento sólido das almas, para lhes oferecer o alimento podre que as envenena e as dispersa, e assim tiram proveito dos seus despojos. 

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus conta a Parábola do patrão que busca operários para a sua vinha, os encontra em várias horas do dia, mas ao findar a tarefa dá o mesmo salário para todos começando pelos últimos; o que provocou a ira e a murmuração dos primeiros que chegaram ao trabalho. No entanto, a resposta do patrão foi clara: "Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”

Comentando esse Evangelho disse o Papa Emérito, Bento XVI: "Jesus, ao contar essa Parábola, mostra com evidência que o salário representa a vida eterna, uma dádiva que Deus reserva para todos. De fato, precisamente aqueles que são considerados "últimos", se o aceitarem, tornam-se "primeiros", enquanto que os "primeiros" podem correr o risco de acabar por ser "últimos". 

Uma primeira mensagem desta parábola reside no próprio fato de que o mestre não tolera, por assim dizer, o desemprego: ele quer que todos estejam envolvidos na sua vinha. E na realidade, ser chamado já é a primeira recompensa: poder trabalhar na vinha do Senhor, colocar-se ao seu serviço, colaborar no seu trabalho, constitui em si mesmo uma recompensa inestimável, que compensa todo o trabalho.

Mas somente aqueles que amam o Senhor e o seu Reino compreendem isto; aqueles que, pelo contrário, trabalham apenas por remuneração nunca se aperceberão do valor inestimável deste tesouro." (Bento XVI - Angelus 21/07/2008).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 16 de agosto de 2022

HÁ MAIS ALEGRIA EM DAR, DO QUE EM RECEBER...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 19,23-30)(16/8/22)


Caríssimos, existem valores que não são materiais nem monetários, mas sim espirituais. Pelo fato de estarmos cercados de bens transitórios muitos se apegam a eles como se fossem um fim em si mesmos, quando na verdade, não passam de cinza que se esvai e em nada adianta acumula-los. De certo, todo acúmulo indevido é sinal de egoísmo e falta de amor, e isso tem impedido a salvação de muitos.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus disse aos seus discípulos: “Em verdade vos digo, dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus. E digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus”. Ouvindo isso, os discípulos ficaram muito espantados, e perguntaram: “Então, quem pode ser salvo?” Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível”.

Com efeito, o Senhor Jesus fez essa exortação aos seus discípulos depois de se encontrar com o jovem rico e lhe propor uma riqueza infinitamente superior àquela que possuía, no entanto, não foi aceito por ele, pois estava tão apegado aos bens temporários que preferiu renunciar aos bens eternos, para ficar com a tristeza do muito que acumulou. 

De certo, "Jesus não está zangado com os ricos, apenas adverte os seus discípulos: a riqueza pode enganar, porque promete o que não pode dar. A riqueza pode desorganizar o coração. Podemos apegar-nos ao pouco que temos e tornar-nos escravos dos nossos medos, pois acontece demasiadas vezes que são as coisas que nos possuem e não nós à elas.

O Senhor pede-nos para sermos livres, para ousarmos, para darmos o nosso coração à causa do Evangelho. E nós receberemos cem vezes mais. O "cem vezes" é feito pelas coisas primeiro possuídas e depois deixadas, mas que são encontradas multiplicadas infinitamente. 

Priva-se da posse e recebe em troca o gozo do verdadeiro bem; liberta-se da escravidão das coisas e ganha a liberdade do serviço por amor; renuncia-se à posse e ganha a alegria da dádiva. De fato, quando se tem um coração livre há mais alegria em dar do que em receber, e é então que se passa pelo buraco de uma agulha, pois para Deus todas as coisas são possíveis". (Mons. Angelo Spina, Arcebispo de Ancona - Osimo).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

VAI VENDE TUDO QUE TE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 19,16-22)(15/8/22)


Caríssimos, as virtudes celestes nos foram dadas para vivermos santamente neste mundo, que infelizmente vive imerso no pecado. Porém, a não vivência delas tira de nós a capacidade de darmos os frutos de salvação, como o Senhor Jesus nos ensinou: "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em mim, ele o cortará; e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto." (Jo 15,1-2).

Com efeito, a fidelidade é uma dessas virtudes que nos leva à santidade, pois consiste em seguir fielmente o Senhor Jesus no seio da Santa Igreja ponde em prática os seus ensinamentos que contém as demais virtudes que nos fazem seus verdadeiros discípulos; desse modo, compreendemos que é pela ação do Espírito Santo que cumprimos tudo o que o Senhor nos ensinou.

No Evangelho de hoje "alguém aproximou-se de Jesus e disse: “Mestre, que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?” Jesus respondeu: “Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é o Bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos”. O homem perguntou: “Quais mandamentos?” 

De certo, quem pergunta o que já sabe, ou não experimenta o resultado benéfico de sua prática ou quer provocar o seu interlocutor. Então, Jesus respondeu com esta catequese: “Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, e ama o teu próximo como a ti mesmo”. 

Ou seja, essa resposta é um avivamento da consciência a fim que examinado-a veja se há coerência ou não com o que Deus quer de sua obediência. O jovem disse a Jesus: “Tenho observado todas essas coisas. Que ainda me falta?” Jesus respondeu: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. 

"Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico." De fato, não somos salvos pelos nossos critérios, mas pelos critérios divinos, pois não passamos de um sopro; em outras palavras, por nós mesmos somos nada, e é reconhecendo essa verdade que nos portamos na vida como filhos e filhas de Deus, e que Dele dependemos cem por cento.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 14 de agosto de 2022

Homilia do 20°Dom do Tempo Comum...


 Homilia do 20°Dom do Tempo Comum (Lc 12,49-53)(14/8/22)


Caríssimos, a vida sem o Senhor Jesus não é vida, falta tudo, visto que nada neste mundo pode preenche o vazio da alma que vive afastada da sua presença; e por mais que alguém tenha bens deste mundo mesmo assim não tem paz, porque a paz não é um bem temporal, mas um bem eterno que somente Ele nos dar.

Com efeito, este mundo é um vale de lágrimas por causa dos pecados nele praticado, por isso, constatamos tantas misérias e sofrimentos como resultado dessa prática nefasta que tem seifado milhões de almas do nosso convívio. 

De certo, esse mundo precisa ser passado a limpo, o mal precisa ser estirpado de nosso meio, porque somente assim haverá a paz que tanto almejamos, pois essa é fruto do reinado de Cristo que aniquilará o maligno, seus sequazes e toda maldade que existe na face da terra. 

De fato, o Senhor Jesus veio para dar um basta em toda essa desordem que existe em nosso meio, por isso, precisamos nos revestir do seu amor e do seu poder advindos da prática da sua vontade que nos conduz a uma vida de justiça e santidade, desse modo, estaremos preparados para a sua segunda vinda.

Portanto, caríssimos, sigamos humildemente esta exortação da Carta aos Hebreus: "Irmãos: Rodeados como estamos por tamanha multidão de testemunhas, deixemos de lado o que nos pesa e o pecado que nos envolve. Empenhemo-nos com perseverança no combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé.

Em vista da alegria que lhe foi proposta, suportou a cruz, não se importando com a infâmia, e assentou-se à direita do trono de Deus. Pensai pois naquele que enfrentou uma tal oposição por parte dos pecadores, para que não vos deixeis abater pelo desânimo. Vós ainda não resististes até ao sangue na vossa luta contra o pecado." (Hb 12,1-4).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 13 de agosto de 2022

SER COMO CRIANÇA PARA ENTRAR NO REINO DOS CÉUS...

 

PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 19,13-15)(13/8/22)


Caríssimos, todo pecado cometido é uma ofensa contra Deus e contra o próximo, porque é sempre um ato maléfico; de modo que, gera culpa, e se não houver arrependimento do mal praticado, a culpa permanece e causa a ruína de quem o cometeu. Porém, não existe pecado sem tentação e sem a permissão para comete-lo. Por isso, Deus nos deu o livre arbítrio e o dom da oração como armas poderosas para anular as tentações e o poder do maligno.

Com efeito, são muitos os que usam o livre arbítrio para se condenar, pois o pecado permitido e praticado leva à sua perda, como nos ensinou o Senhor: "Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo." (Jo 8,34). Assim, para voltar ao estado de graça, é necessário o arrependimento, a confissão e o perdão sacramental.

No Evangelho de hoje, "levaram crianças a Jesus, para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração. Os discípulos, porém, as repreendiam. Então Jesus disse: “Deixai as crianças e não as proibais de vir a mim, porque delas é o Reino dos Céus”. E depois de impor as mãos sobre elas, Jesus partiu dali (Mt 19,13-15). 

De certo, o estado de graça é a infância espiritual da alma que busca viver na presença de Deus fazendo a sua Santa Vontade. E quem vive na presença de Deus é semelhante a uma criança inocente que depende cem por cento dos seus genitores. Desse modo, o Senhor Jesus nos ensina a ser como crianças para recebermos suas graças e bênçãos.

Portanto, caríssimos: "A simplicidade cristã faz sua a infância. A infância não tem rancor, não conhece o engano, não procura a ofensa. Do mesmo modo, a criança em que o cristão se transformou já não se enfurece se é insultada, não se defende se é espoliada, não responde se é atacada.

O próprio Senhor lhe exige que reze pelos seus inimigos, que deixe a túnica e o manto aos ladrões, e que dê a outra face àqueles que lhe batem (Mt 5,39). Assim, a infância de Cristo sobrepõe-se à dos homens." (São Máximo de Turim - séc. IV).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

OS DOIS SERÃO UMA SÓ CARNE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 19,3-12)(12/8/22)


Caríssimos, desde o início da fé abraâmica passando pela tempo do Senhor Jesus até os nossos dias, sempre houveram aqueles que puseram Deus à prova ou o desafiaram impondo-lhe os próprios critérios para crer e aderir ao seu Plano de salvação; e poucos foram os que aderiram por amor a Ele que a todos sustenta na vida. 

Com efeito, a família é a célula geradora de uma sociedade equilibrada, coerente, sempre aberta a vida, cheia dos frutos do do Espírito Santo que a faz permanecer em plena comunhão com o Plano de Deus para a nossa salvação. No entanto, por falta de obediência, respeito e amor ao Criador, muitos estão introduzindo falsos modelos de família tentando destruir o perfeito modelo que Deus criou.

No Evangelho de hoje, "alguns fariseus aproximaram-se de Jesus, e perguntaram, para o tentar: “É permitido ao homem despedir sua esposa por qualquer motivo?” Jesus respondeu: “Nunca lestes que o Criador, desde o início, os fez homem e mulher? E disse: ‘Por isso, o homem deixará pai e mãe, e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne’? De modo que eles já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe”. (Mt 19,3-6).

De certo, essa resposta do Senhor Jesus é a garantia de que quem adere ao plano de Deus para a nossa salvação por meio da unidade familiar tem o seu amparo para seguir em frente nesse propósito divino que leva as famílias à plenitude da santidade em que pais e filhos permanecem em comunhão com Deus na Igreja doméstica plena da felicidade que Ele lhes concede. 

Portanto, caríssimos, longe de nossas famílias a onda devastadora das ideologias modernas que quer introduzir na sociedade um modelo de família que nada mais é do que uma afronta ao nosso Pai celestial que tudo criou por amor e para o amor. 

Destarte, tudo o que contraria o modelo perfeito de família que Deus criou seja repudiado e jamais aceito como muitos querem. Ter misericórdia e ser tolerante faz parte da nossa fé; porém, jamais ser conivente com o pecado da afronta contra Deus, aceitando o que chamam de família moderna em que não exista mais pai e mãe; nem filho e filha, mas a diabólica ideologia de gênero.

Que Deus nos livre dessa praga devastadora que tem destruído muitas famílias, a fé e os valores cristãos em muitas almas. Que a Sagrada Família de Nazaré, Jesus, Maria e José defenda as nossas famílias contra essa onda perversa que quer destruí-la.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

SANTA CLARA DE ASSIS, ROGAI POR NÓS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA 

(11/08/22)

Santa Clara de Assis

Fundadora da Segunda Ordem (1194-1253), ou Clarissas. Foi canonizada por Alexandre IV no dia 15 de agosto de 1265. 

"Uma das santas mais amadas é, sem dúvida, Santa Clara de Assis, que viveu no século XIII, contemporânea de São Francisco. Seu testemunho mostra-nos o quanto a Igreja deve a mulheres corajosas e ricas na fé como ela, capazes de dar um impulso decisivo para a renovação da Igreja.

Pela intercessão de Santa Clara muitos milagres se realizaram quando ela ainda era viva e também depois de seu falecimento. Um dos mais expressivos foi quando os sarracenos (muçulmanos) invadiram Assis e tentaram entrar no convento das Clarissas.

Santa Clara pegou o ostensório com o Santíssimo Sacramento e disse aos invasores que Cristo era mais forte que todos eles. Então, inexplicavelmente, todos, tomados de grande medo, fugiram sem saquear o convento. 

Santa Clarade Assis morreu em Assis no dia 11 de agosto de 1253, aos 60 anos de idade. Um dia antes de sua morte ela recebeu a visita do Papa Inocencio lV, que lhe entregou a Regra escrita por ela aprovada e aplicada a todas as monjas.

Na hora de sua morte ela disse: “Vá segura, minha alma, porque você tem uma boa escolha para o caminho. Vá, porque Aquele que a criou também a santificou. E, guardando-a sempre como uma mãe guarda o filho, amou-a com eterno amor. E Bendito sejais Vós, Senhor que me criastes”.

BÊNÇÃO DE SANTA CLARA

O Senhor te abençoe e te proteja
faça resplandecer sobre a ti a sua face e te dê a sua misericórdia.

Volte para ti o seu olhar
e te dê a paz.

Derrame sobre ti as suas
bênçãos e no céu te coloque
entre os seus Santos e Santas.

O Senhor esteja sempre contigo
e que tu estejas sempre com Ele. Amém.

Santa Clara de Assis, rogai por nós!

Paz e Bem!

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

COMO ENTENDER O SOFRIMENTO DOS INOCENTES?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 12,24-26)(10/8/22)


Caríssimos, não podemos entender por nós mesmos o porquê do sofrimento dos justos; no entanto, a fé em Cristo sofredor é uma força vigorosa que nos faz antever a glória futura dos que foram macerados neste mundo por conta da sua obediência e fidelidade a Deus. 

Contudo, perguntemos: onde está Deus no sofrimento dos inocentes? Aonde sempre esteve, como no terrível sofrimento do seu amado Filho, ou seja, passando pelo mesmo suplício, como o Senhor mesmo revelou: “Em verdade eu vos digo: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes.” (Mt 25,40).

De fato, é um grande mistério o padecimento dos filhos e filhas de Deus, de modo que, só entende quem permanece unido a Ele até o fim, e isso significa que "tudo é possível ao que crer" para além das provações e dos desafios que a razão humana não consegue entender, mas que pela fé tudo suporta e supera.

Com efeito, neste mundo tudo tem fim, o que se pode dizer também do sofrimento dos inocentes. A esse respeito escreveu são Paulo: "Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser
manifestada." (Rm 8,18). Ou seja, para além do sofrimento momentâneo deste mundo existe um gozo infinito que Deus concede aos seus filhos e filhas no dia de sua páscoa definitiva.

Portanto, caríssimos, como nos ensinou o Senhor no Evangelho de hoje: "Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto." (Jo 18,24). Ou seja: "O discípulo não é mais que o mestre, o servidor não é mais que o patrão.

Basta ao discípulo ser tratado como seu mestre, e ao servidor como seu patrão. Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temei antes aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena." (Mt 10,24-25.28).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

QUEM É O MAIOR NO REINO DOS CÉUS?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 18,1-5.10.12-14)(09/8/22)


Caríssimos, examinando este mundo e a nós mesmos sentimos um vazio, uma falta de sentido de vida por percebermos que vivemos num vale de lágrimas onde todos estamos sentenciados naturalmente à pena capital e ninguém escapa dela. No entanto, com a vinda do Filho amado de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, fomos repletos de fé, esperança e caridade, e da certeza de que por sua morte e ressurreição Ele anulou a sentença de condenação que pesava sobre nós.

Desse modo, a vida natural deu lugar a vida eterna, e a sentença de morte foi transformada em páscoa, ou seja, passagem do tempo para a eternidade; do limite que nos cerca para o que não tem limite, e tudo isso o Senhor Jesus conquistou para nós por seu sacrifício de cruz. Mas atenção para não perdermos tão grande benefício por uma vida vivida distante Dele.

No Evangelho de hoje, "os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino dos Céus?” Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles e disse: “Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus." (Mt 18,2-3). 

Com isso, o Senhor nos liberta dos interesses pessoais e nos mostra que a inocência e a humildade são fundamentais no nosso processo de conversão para entrarmos no seu Reino. De fato, todos aqueles que buscam os próprios interesses fecham-se aos interesses de Deus que consiste na salvação de todos os pequeninos como disse o Senhor Jesus.

Portanto, caríssimos, nós somos as ovelhas do rebanho do Senhor, e como suas ovelhas despojemo-nos dos interesses mesquinhos, abramos as portas de nossas almas para sermos inocentes, humildes e simples como as crianças que nada mais buscam a não ser amor, carinho e proteção.

Destarte, peçamos ao Senhor Jesus a graça de nos deixar conduzir por Ele no seio da Sua Santa Igreja aonde somos alimentados pela Eucaristia e os outros Sacramentos que nos salva.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

O FILHO DO HOMEM SERÁ MORTO, MAS RISSUSCITARÁ NO TERCEIRO DIA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 17,22-27)(08/8/22)


Caríssimos, o modo como Deus age é único e sempre para a nossa salvação, porém, para compreender precisamos do dom da fé que nos leva a crer na sua ação divina que nos livra do pecado e de todo mal, uma vez que não compreendemos por nós mesmos. O fato é que acreditar em Deus e nos entregar totalmente em suas mãos nos faz sentir seguros e protegidos por Ele.

No Evangelho da transfiguração do Senhor os discípulos tiveram uma experiência excepcional, no entanto, no Evangelho de hoje o Senhor Jesus revela que será entregue nas mãos dos seus algozes, será morto e ressuscitará ao terceiro dia. É como se de repente Ele perdesse todo o seu poder. 

No entanto, a transfiguração é o anúncio antecipado da sua ressurreição para que acreditassem na sua Palavra e não perdessem a fé por conta da ação maléfica dos seus algozes. Ou seja, o Senhor Jesus ao se deixar abater em nada perdeu o seu poder, pelo contrário, tudo suportou porque nos amou, a fim de que ressuscitássemos com Ele.

Com efeito, diariamente somos tentados por todos os lados, de modo que somente a fé no Senhor Jesus nos faz vencer as batalhas que travamos, porque é Ele quem nos dá a força para suportar todas as provações e todos os ataques que sofremos do maligno. De fato, as tentações são inevitáveis, mas o Senhor está sempre conosco, basta recorrermos a Ele para logo entrar em ação a sua graça, o seu poder libertador.

"Portanto, ó bem-amados, fomos para todo o sempre lavados pela água do batismo, para todo o sempre estamos libertos, para todo o sempre fomos acolhidos no seu Reino imortal. Para todo o sempre será «feliz aquele a quem é perdoada a culpa e absolvido o pecado» (Sl 31,1; Rom 4,7)."

Destarte: "Mantende com coragem o que haveis recebido, conservai-o para vossa felicidade, não volteis a pecar. De ora em diante, conservai-vos puros e irrepreensíveis para o dia do Senhor." (são Paciano de Barcelona - Séc. IV).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

Homilia do 19°Dom do Tempo Comum...


 Homilia do 19°Dom do Tempo Comum (Lc 12,32-48)(07/8/22)

Caríssimos, são Paulo na Carta aos Romanos escreveu: "Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada. Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como que dores de parto até o presente dia. Não só ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção do nosso corpo. Porque pela esperança é que fomos salvos." Rm 8,18.22-24a)

De fato, no dia eterno veremos que valeu a pena todo esforço que fizemos em busca da santidade por uma vida digna do céu. Mas, para isso precisamos nos deixar conduzir pelo Espírito Santo que foi derramado em nossas almas por meio do batismo que recebemos para vivermos em comunhão com nosso Senhor Jesus Cristo fazendo em tudo a vontade do Pai.

Com efeito, o tempo que temos nos foi dado para nos prepararmos para a eternidade, por isso, tempo é vida e quem dá tempo a Deus recebe Dele todas as graças e bênçãos, e por fim a vida eterna; por outro lado, quem tira o tempo de Deus para dar aquilo que não é Dele perde tudo até mesmo a vida que julga ter. 

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos ensina que as obras de misericórdia são sinais de desapego aos bens deste mundo e ao mesmo tempo uma fonte de caridade que nos prepara um tesouro nos céus: "Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino. 

Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Porque onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração." Ou seja, nessas palavras do Senhor estão presentes as virtudes da generosidade, da caridade fraterna e da disponibilidade para servi-lo com dedicação e amor. 

Portanto, caríssimos, na presença de Deus sempre estamos, porque nada se oculta aos seus olhos; todavia, perguntemos: como estamos vivendo na sua presença? De certo, quando tudo fizermos por amor a Ele como o Senhor Jesus nos ensina no Evangelho de hoje, então, é o próprio Deus que nos prepara para ve-lo face a face no Seu Reino. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 6 de agosto de 2022

FESTA DA TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 9,28b-36)(06/8/22)


Amados irmãos e amadas irmãs, devido a nossa naturalidade quando algum fenômeno sobrenatural acontece tendemos a julga-lo segundo os nossos limitados critérios, porque foge ao nosso entendimento; no entanto, o Senhor Jesus vem em nosso ajuda com o auxílio da sua graça e logo nos conformamos com o que nos revela. 

De fato, nem sempre estamos preparados para as surpresas de Deus, é por isso, que Ele nos deu o dom da fé para que a autenticidade de tais fenômenos nos tranquilize interiormente. É isso o que constatamos nesta liturgia de hoje, a começar pela descrição do juízo final que o Profeta Daniel faz na primeira leitura.

"Continuei insistindo na visão noturna, e eis que, entre as nuvens do céu, vinha um como filho do homem, aproximando-se do Ancião de muitos dias, e foi conduzido à sua presença. Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá." (Dn 7,13-14).

No Evangelho de hoje o Senhor "Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e, levando-os ao alto de um monte, manifestou-lhes o brilho da sua glória. Pois, embora eles tivessem compreendido que a majestade de Deus residia nele, ignoravam que o seu corpo, que escondia a sua divindade, também participava no poder de Deus.  

Esta transfiguração tinha como objetivo, em primeiro lugar, afastar do coração dos discípulos o escândalo da cruz, para que a humildade da Paixão voluntariamente sofrida não afetasse a fé daqueles que tivessem visto a grandeza da dignidade oculta.

Mas a transfiguração também estabeleceu na Igreja de Jesus a esperança destinada a sustentá-la, de sorte que os membros do corpo de Cristo compreendessem a mudança que um dia se operaria neles, dado que haviam sido chamados a participar na glória que tinham visto resplandecer no seu Chefe, na sua cabeça." (São Leão Magno).

Portanto, caríssimos, a palavra Teofania significa a manifestação de Deus a nós, Ele que se faz presente em sua obra, mas nem sempre o percebemos a não ser mediante o dom da fé, e é isso o que o Senhor Jesus faz se nos dando conhece-lo por sua transfiguração.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

RENUNCIAR A SI MESMO PARA PERMANECER EM DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 16,24-28)(05/8/22)


Caríssimos, de Deus conhecemos muito pouco se não o amarmos acima de todas as coisas e de nós mesmos. Não basta conhece-lo intelectualmente ou teologicamente se não confiarmos Nele de todo coração, e isso só é possível se renunciarmos a nós mesmos certos de que Ele é fiel e por isso, nunca nos abandona.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus assim nos ensina a respeito do seu seguimento: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la." (Mt 16,24-25). De certo, como entender com precisão esse ensinamento do Senhor?

A resposta a essa pergunta nos vem de são João da Cruz: "Quem está abrasado do amor de Deus não ambiciona outra coisa, não procura ganho nem recompensa, não aspira senão a tudo perder e a perder-se a si mesmo, no que se refere à própria vontade, por amor do seu Deus. A seus olhos, está aí o verdadeiro ganho. 

E de fato é assim, de acordo com a palavra de São Paulo: «Morrer é lucro» (Fil 1,21), isto é, a minha morte por Cristo é um ganho; morrer espiritualmente para todas as coisas e para mim mesmo é um ganho. Com efeito, quem não sabe perder-se não se ganha, mas perder-se, de acordo com esta palavra do Senhor no Evangelho: «Quem quiser salvar a sua vida há de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa há de encontra-la». 

Se quisermos compreender esse versículo de maneira mais espiritual diremos: quando uma alma chegou, no seu caminho espiritual, ao ponto de perder todas as vias e todas as formas naturais de lidar com Deus; quando já não O procura pelas reflexões ou pelas imagens, nem pelo sentimento, nem por qualquer meio derivado dos sentidos e das coisas criadas;

mas, ultrapassando tudo isso, deixando todas as vias pessoais e todas as mediações, sejam elas quais forem, se relaciona com Deus e dele goza pela fé e pelo amor, pode dizer-se então que encontrou verdadeiramente a Deus, porque na verdade perdeu tudo o que não é Deus, e ela própria se perdeu verdadeiramente."

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

A BATALHA FINAL...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 16,13-23)(04/8/22).

Caríssimos, na primeira leitura o Profeta Jeremias proclama a nova aliança que Deus fez com o seu povo: "imprimirei minha lei em suas entranhas, e hei de inscrevê-la em seu coração; serei seu Deus e eles serão meu povo. Não será mais necessário ensinar seu próximo ou seu irmão, dizendo: ‘Conhece o Senhor!’; todos me reconhecerão, do menor ao maior deles, diz o Senhor, pois perdoarei sua maldade, e não mais lembrarei o seu pecado”. (Jr 31,31-34).

Com efeito, no Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos dá a conhecer, por meio da revelação que faz a Simão Pedro, que a Igreja é o Reino de Deus neste mundo a caminho de sua plenitude eterna; e que desde o nosso batismo já fazemos parte dele; mas, é preciso permanecer em Cristo para entrarmos com Ele na sua glória. 

De certo, assim como o povo da Antiga Aliança conduzido por Moisés foi liberto do Egito e passou pelas provações do deserto até chegar à terra prometida; de igual modo, o povo da Nova Aliança, presente na Santa Igreja, está passando pelo deserto deste mundo, porém, conduzido por nosso Senhor Jesus Cristo, na pessoa do Santo Padre, a caminho da terra prometida, o céu.

De fato, "mais de dois mil anos passaram; as portas do inferno, ou seja, o poder da maldade e a fúria do orgulho humano sempre em ação no mundo, tentaram várias vezes fazer desaparecer a Igreja, mas não conseguiram prevalecer: a Igreja, fundada em Pedro, se mantém firme apesar de todas as agressões furiosas e contínuas dos seus inimigos. 

Porquê? Porque Jesus ressuscitou! Porque Jesus está vivo! E Jesus é o Filho de Deus que, de dentro dos acontecimentos distorcidos e sujos da história humana, trava uma colossal batalha contra o pecado dos homens e o orgulho de Satanás. Uma batalha com o resultado já anunciado: Jesus vai ganhar! E com Ele conquistará todos aqueles que lhe abriram os seus corações com uma fé sincera e consistente. 

Disso temos a certeza, pois ninguém jamais poderá negar a Deus. Portanto, renovemos hoje a nossa fé em Jesus. E sobre esta fé construamos a nossa vida e a vida da nossa família: é a coisa mais sábia que podemos fazer! E, graças a Deus, ainda há tempo para o fazermos." (Cardeal Angelo Comastri).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

PERSEVERANÇA NA ORAÇÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 15,21-28)(03/8/22)

Caríssimos, a linguagem divina é sempre uma linguagem salvífica, pois na via do pecado só existe perdição e quem trilha essa via precisa retornar a Cristo, único caminho de salvação. É Ele que nos dá a misericórdia e o perdão que precisamos para retornarmos ao estado de graça, à plena comunhão com Ele que nos livra do pecado e de todo o mal para fazermos o bem que precisamos fazer com o auxílio do Espírito Santo.

Com efeito, este mundo é um vale de lágrimas, e mesmo em meio a felicidade que experimentamos por amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, não somos isentos dos sofrimentos advindos das tempestades deste mundo tenebroso. Porém, de uma coisa temos certeza, o Senhor Jesus está sempre conosco especialmente nos momentos mais difíceis do nosso viver.

No Evangelho de hoje uma mulher cananéia estava passando por uma grande dificuldade, pois, sua filha até então estava atormentada por um demônio, ao saber da presença do Senhor Jesus, ela se dirigiu a Ele suplicando a sua libertação. A princípio o Senhor não lhe deu atenção, no entanto, ela insistiu em sua súplica, ao que Ele respondeu: "Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”. A mulher insistiu: “É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!”

Comentando esse Evangelho disse o Papa Francisco: "A força interior desta mulher, que lhe permite ultrapassar todos os obstáculos, encontra-se no seu amor materno e na confiança que Jesus pode conceder-lhe". Esta humilde mulher é apontada por Jesus como um exemplo de fé inabalável. A sua insistência em invocar a intervenção de Cristo é um incentivo para não nos desanimarmos, para não desesperarmos quando somos oprimidos pelas duras provações da vida. 

O Senhor não se afasta das nossas necessidades, e se por vezes Ele parece insensível aos nossos pedidos de ajuda, é para testar e fortalecer a nossa fé. Temos de continuar a gritar como esta mulher: "Senhor, ajuda-me! Senhor, ajuda-me!". Assim, com perseverança e determinação".

Portanto, caríssimos, quem reza encontra Deus, e quem o encontra com fé e humildade recebe todas as graças, porque Ele jamais recusa a oração dos simples e humildes de coração. E se alguém é atormentado por conta dos pecados que cometeu, recorra a Sua Divina Misericórdia para ser prontamente socorrido como essa mulher cananéia o foi.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 2 de agosto de 2022

O PERDÃO DE ASSIS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 14,22-36)(02/08/22)

O PERDÃO DE ASSIS 

"No calendário litúrgico franciscano, o dia 2 de agosto é dedicado à celebração da Festa de Nossa Senhora dos Anjos, popularmente conhecida como “Porciúncula”. Na introdução do texto litúrgico do missal e da liturgia das horas, se diz o seguinte:

“O Seráfico Pai Francisco, por singular devoção à Santíssima Virgem, consagrou especial afeição à capela de Nossa Senhora dos Anjos ou da Porciúncula. Aí deu início à Ordem dos Frades Menores e preparou a fundação das Clarissas; e aí completou felizmente o curso de seus dias sobre a terra. 

Foi aí também que o Santo Pai alcançou a célebre Indulgência , que os Sumos Pontífices confirmaram e estenderam a outras muitas igrejas. Para celebrar tantos e tão grandes favores ali recebidos de Deus, instituiu-se também esta Festa Litúrgica, como aniversário da consagração da pequenina ermida”.

A propósito da Porciúncula, o Santo Padre, o Papa Francisco, se expressou recentemente nos seguintes termos: “O caminho espiritual de São Francisco teve início em São Damião, mas o verdadeiro lugar amado, o coração pulsante da Ordem, onde a fundou e onde, por fim, entregou sua vida a Deus, foi a Porciúncula, a ‘pequena porção’, o cantinho junto à Mãe da Igreja; junto a Maria que, por sua fé tão firme e por seu viver tão inteiramente do amor e no amor com o Senhor, todas as gerações a chamarão bem-aventurada.”

A Porciúncula foi o berço da fraternidade Franciscana e nesta tão bela ermida o Santo de Assis viveu as maiores experiências de sua vida como frade menor, na Porciúncula teve início à Ordem dos Frades Menores e a ali preparou a fundação das Clarissas, neste lugar ele completou felizmente o curso de sua vida e missão sobre a terra. 

Foi aí, também, que o Santo de Assis alcançou a célebre Indulgência Plenária da Porciúncula que os Sumos Pontífices confirmaram e estenderam a outras muitas Igrejas. Era seu desejo poder celebrar tantos e tão grandes feitos ali recebidos do Senhor da misericórdia." (Fr Régis Daher, OFM) 

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DOS ANJOS.

Ó Nossa Senhora, dos Anjos, na pequena Igreja da Porciúncula, São Francisco recebeu as vossas bênçãos generosas juntamente com sua Ordem. Ele depositara na vossa presença materna uma grande confiança e devoção, sendo atendido em seus pedidos. Continuai a dispensar os vossos favores sobre nós e sobre nossas necessidades particulares.

Nós vos suplicamos, dai-nos a graça da penitência e de Deus o perdão dos pecados, a correção de nossas más inclinações e fortalecimento nos momentos de fraqueza. Quantos recusam a salvação e preferem caminhar nas trevas do erro! Tudo é possível para aquele que crer, para aquele que se arrepender!

Vós, ó Mãe, manifestastes a São Francisco o grande desejo de reconciliar os pecadores com Jesus, que se entregou em uma cruz para nos salvar. Rogai por nós, agora e na hora de nossa morte. Por isso, com todos os anjos do céu, vos saudamos: Ave Maria …

Paz e Bem!

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

O PÃO DO CÉU ÉS TU JESUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 14,13-21)(01/08/22)

Caríssimos, a Palavra da Verdade é Deus quem fala, e quem o escuta e por Ele é enviado torna-se seu porta-voz, entretanto, quem não o escuta, porém, ousa pronunciar-se como se fosse seu porta-voz, não passa de falso profeta, por isso, perde não somente a credibilidade, mas, em consequência a própria vida, é o que vimos na primeira leitura.

De certo, também em nosso tempo são muitos os que se apresentam como profetas, apóstolos, bispos, bispas, missionários e até papas, sem jamais terem sidos ungidos ou enviados, e o resultado é uma multiplicidade de falsas profecias e falsas revelações, que os levará à mesma condenação do Profeta Ananias que perdeu a vida por profetizar mentiras. 

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus realiza a multiplicação de cinco pães e dois peixes para uma multidão faminta e todos ficaram saciados e ainda sobraram uma certa quantidade. Com efeito, esse milagre realizado com o poder da Sua Palavra, é o grande sinal por antecipação da instituição da Santa Eucaristia, seu Corpo e Sangue, sua Alma e Divindade.

"Na Eucaristia, o maravilhoso é que, enquanto se pronúncia as palavras consagratórias, ao mesmo tempo ela acontece, a ceia é renovada, Cristo celebra conosco e para nós. Ele está misticamente presente; as suas 'santas e veneráveis' mãos pegam no pão, como naquele dia distante no deserto e no cenáculo, e parte-o para nós. 

É Ele que está presente no Pão. É Ele: o Ressuscitado, a Pessoa Viva, com quem podemos entrar em diálogo, em quem podemos ser transformados. Através do mistério do Pão Eucarístico, Deus torna-se aquele que podemos amar, tocar, contemplar, e comer. 

E quando nos alimentamos Dele, somos renovados; algo em nós morre e algo ressuscita: o que é sombra, erro, pecado, morre, e a nossa vida é ressuscitada pela participação no mistério da sua vida e ressurreição. E é à luz dessa certeza que Santo Inácio de Antioquia definiu a Eucaristia como o "rémedio da imortalidade". (Padre Ubaldo Terrinoni).

Portanto, caríssimos, peçamos ao Senhor Jesus a graça de jamais pronunciar o seu Santo Nome em vão, que jamais os nossos lábios digam algo que nos condene; e que somente a verdade saia da nossa boca. Que Ele nos dê a graça de comunga-lo em estado de graça como Pão da vida eterna.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

Firefox