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terça-feira, 31 de dezembro de 2019

E O VERBO SE FEZ CARNE E HABITOU ENTRE NÓS...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 1,1-18)(31/12/19)
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Caríssimos, neste último dia do ano o Senhor nos presenteia com essa belíssima liturgia onde podemos agradecer por todas as graças e bênçãos derramadas em nossas almas durante o ano que está findando. Como é bom reconhecer que o Senhor estive sempre conosco nos ajudando a superar todas as contrariedades.
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Bem como nos exortou São Paulo: "Em todas as circunstâncias, dai graças, porque esta é a vosso respeito a vontade de Deus em Jesus Cristo. Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo: abraçai o que é bom. Guardai-vos de toda a espécie de mal. O Deus da paz vos conceda santidade perfeita. Que todo o vosso ser, espírito, alma e corpo, seja conservado irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo! Fiel é aquele que vos chama, e o cumprirá."
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Na primeira leitura de hoje são João nos instrui para não nos deixar enganar pelos "anticristos", ou seja, aqueles que dizem anunciar Cristo, mas, que na verdade o negam tentando fazer seguidores para si mesmos, dividindo, o rebanho do Senhor.
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Diz o discípulo amado: "Filhinhos, esta é a última hora. Ouvistes dizer que o Anticristo virá. Com efeito, muitos anticristos já apareceram. Por isso, sabemos que chegou a última hora. Eles saíram do nosso meio, mas não eram dos nossos, pois se fossem realmente dos nossos, teriam permanecido conosco." Ou seja, não tem como não os reconhecer, está bem claro quem são, pois não passam de agentes de intrigas e divisões.
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Caríssimos, todas as obras do Senhor são autênticas, não deixam dúvidas, geram a paz e a unidade do seu rebanho, porque são seladas com o selo do Espírito Santo. Como meditamos na Carta aos Efésios: "Sede solícitos em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança."
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"Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos. Cada qual tenha em vista não os seus próprios interesses, e sim os dos outros. Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus."
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

O SILÊNCIO SAGRADO DO CORAÇÃO...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 2,13-15.19-23)(30/12/19)
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Caríssimos, a liturgia deste dia é um alento para a nossa esperança e um reforço para a nossa fé por conta do exemplo de Simeão e Ana; o primeiro, sacerdote do Altíssimo, esperava o Justo vindo do céu; a outra, profetisa, que servia ao Senhor dia e noite no templo com jejuns e orações e de igual modo esperava o Messias para libertar o seu povo, por isso, falava dele à todos que aguardavam sua vinda.
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Sem dúvida vivemos num mundo onde os homens buscam vantagem em tudo e como lhes convém; no entanto, ao contrário dessa mentalidade, Deus acolhe no templo Seu Filho Amado, apresentado por Maria e José com o auxílio do justo Simeão e da profetisa Ana que maravilhados cantavam as glórias do Senhor por o terem encontrado por inspiração do Espírito Santo.
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Com efeito, conforme a Palavra do Senhor, o meio mais eficaz de encontra-lo é sem dúvida a virtude da humildade, porque essa nada atribui à si mesmo, mas somente a Deus que se dá a conhecer como lhe apraz: "Naquele mesma hora, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e disse: Pai, Senhor do céu e da terra, eu te dou graças porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, bendigo-te porque assim foi do teu agrado."
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Caríssimos irmãos e irmãs, sigamos os exemplos de Simeão e de Ana, que não só se contentaram encontrar o Senhor; mas sim, em anuncia-lo por palavras e com a própria vida repleta da sua presença à todos que esperavam a salvação.
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Portanto, repletos de esperança na vida eterna e movidos pelo Santo Espírito, sejamos expressão da divina misericórdia neste mundo que está como que agonizante por conta dos pecados nele cometidos. As armas à ser usadas são as mesmas de Ana e Simeão, obediência, oração, penitência e o silêncio sagrado do coração.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 29 de dezembro de 2019

NA UNIDADE DA FAMÍLIA ESTÁ O VERDADEIRO SENTIDO DA VIDA...


Festa da Sagrada Família (Mt 2,13-15.19-23)(29/12/19)
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Caríssimos, Deus é família; é Pai, Filho e Espírito Santo; é Trindade Santa; é Unidade Perfeita; é Amor Eterno. E isso Ele nos monstra hoje na festa da Sagrada Família, Jesus, Maria e José. Ora, só podemos entender o verdadeiro sentido da vida, se mantivermos a unidade da família; porque sem essa unidade entra nela a corrupção e todos os maus costumes que a destrói.
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Com efeito, a família é o núcleo existencial onde tudo na vida acontece a partir do que se vive nela; ela é ao mesmo tempo fonte da vida, do amor mútuo, da comunhão com Deus e entre os seus membros; na família se aprende os valores religiosos, éticos, morais e humanos; se aprende a sacraridade da vida; enfim, tudo o que nos faz sermos um, isto é, verdadeira "imagem e semelhança de Deus."
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Ora, a maior das tentações hoje em dia consiste em dividir a família para destrui-la; em outras palavras, mudar a sua estrutura original tal qual Deus a instituiu; para torna-la infecunda, estéril; desse modo, em seu pecado, os homens estão criando uma estrutura familiar sem gênero, isto é, abolindo a lei natural, para implantar o uso abusivo da sexualidade, desviando o sentido original dela dado por Deus; porque se tiram Deus da família, tiram dela a vida.
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Caríssimos, atenção, muito cuidado com os falsos meios de comunicação, pois eles têm sido a boca do inferno para espalhar a ideologia de gênero que consiste na perca de identidade do masculino/feminino, para implantar uma sociedade sem sexo definido, destruindo com isso a lei natural que nos foi dada por Deus, o nosso Pai Criador. Para isso usam a difamação e a blasfêmia contra Jesus, Maria, José e os valores de da nossa fé.
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Portanto, todo argumento usado para defender uma causa, seja ela qual for; mas, que agride milhões de pessoas em sua fé e dignidade, é argumento falso, que nada defende; só serve de condenação para seus autores; ora, isso demonstra, que tais pessoas são espiritualmente doentes, cujo único remédio se chama bom senso, conversão.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 28 de dezembro de 2019

QUAL A RAZÃO DO SOFRIMENTO DOS INOCENTES?


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 2,13-18)(28/12/19)
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Caríssimos, hoje a liturgia nos põe diante do sofrimento e da morte dos inocentes que padeceram por Cristo antes mesmo de terem consciência soficiente para entenderem por que sofriam sem culpa alguma. De fato, o sofrimento é um grande mistério para além do que podemos entender, todavia, a fé nos leva à enfrenta-lo sem padecer dano algum, exatamente porque todo inocente é invencível.
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Porém, perguntemos, por que será que existem pessoas tão cruéis como Heródes que causam tanto mal aos outros? Porque à medida que se afastam de Deus, tais pessoas entram num mundo de trevas e não conseguem mais enxergar a luz da verdade e das outras virtudes para as quais foram criadas; por isso, desde já padecem o inferno de suas culpas; e se não se arrependerem, permanecerão nessa condição aqui e por toda a eternidade.
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Com efeito, enquanto estivermos neste mundo nenhum de nós está isento das tentações; porém, em meio às provações e desafios de nossa fé, o Senhor nos dá a garantia de suas graças para superarmos todas as tentações e todas as quedas na luta contra o pecado e contra o mal que o gera.
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São Paulo na primeira Carta aos Coríntios, escreveu: "Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela." E são Tiago em sua Carta completa: "Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam."
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Caríssimos, nem sempre entendemos racionalmente os desígnios de Deus, mas de uma coisa fiquemos certos, Ele nunca nos deixa sem respostas, porque, como escreveu são João: Deus é luz e nele não há trevas. Se andamos na luz, como ele está na luz, então estamos em comunhão uns com os outros, e o sangue de seu Filho Jesus nos purifica de todo pecado." Em outros palavras, Deus nos criou para vivermos em Sua presença conforme a Sua vontade; mas, para isto evitemos os pecados que nos tiram do estado de graça.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

DISCÍPULOS AMADOS DE CRISTO...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 20,2-8)(27/12/19)
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Caríssimos, ama quem dá o primeiro passo, porque leva em conta somente o amor com que ama, isto é, livre de conotações humanas; todavia, pleno das motivações divinas, como o ouvimos do discípulo amado: "Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor."
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De fato, na vida estamos sempre apredendo, por isso, ela é um constante aprendizado; pois, viver não é somente uma sucessão de acontecimentos naturais, uma vez que sempre estamos intervindo neles com nossas escolhas e decisões e é desta intervenção que dependo o nosso estado de alma, porém, o verdadeiro aprendizado consiste em se deixar conduzir pelo Espírito Santo.
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Ora, a fé como dom do Espírito Santo que recebemos no batismo, nos proporciona essa feliz interação com os acontecimentos e com o Senhor a partir de nossa naturalidade, para vivermos em sua presença fazendo em tudo a sua vontade. Por ela cremos que nada é impossível, como Jesus mesmo nos ensinou: "Tudo é possível ao que crê." Por isso, queiramos sempre o Deus quer, porque é para a nossa salvação.
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No Evangelho de hoje os discípulos Pedro e João ouvindo o relato de Maria Madalena, partiram ao encontro do Senhor ressuscitado e o encontram nas evidências de sua ressurreição para depois o encontrar pessoalmente no Cenáculo. Ora, no Evangelho de Mateus, o Senhor nos ensina que Ele é, e sempre está conosco seja qual for a situação que estejamos vivendo (cf. Mt 28,20).
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Portanto, nos revistamos das mesmas convicções dos Apóstolos Pedro e João para assim gozarmos da mesma felicidade que eles gozaram ao encontrar as evidências do Senhor ressuscitado. Destarte, deixemos, então, nos conduzir por Ele para a glória do seu Reino.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

TODO MÁRTIRE É INOCENTE E TODO INOCENTE VENCE SEMPRE...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 10,17-22)(26/12/19)
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Caríssimos, estamos vivendo a plena alegria do Natal do Senhor e nesse mesmo tempo a Igreja celebra hoje a festa do martírio de Santo Estevão, primeiro mártir de nossa fé. De fato, a morte é uma experiência difinitiva que relutamos em aceitar mesmo sabendo que todos um dia morrerão. Todavia, no martírio, a morte é vencida, porque todo mártir é inocente e todo inocente é invencível.
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O martírio é o momento sublime em que a alma se eleva para Deus dando-se em sacrifício para testemunhar o martírio de Cristo, o Cordeiro Imolado, que apagou os nossos pecados pelo o seu sacrifício de cruz. Referindo-se ao nosso martírio diário, assim escreveu são Paulo: "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados.
Progredi na caridade, segundo o exemplo de Cristo, que nos amou e por nós se entregou a Deus como oferenda e sacrifício de agradável odor. Porque fostes comprados por um grande preço (o Sangue de Cristo). Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo."
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Com efeito, nessa liturgia de hoje a Igreja celebra dois nascimentos, o de Cristo, Deus humanado, e o de Estevão, martirizado por amor de Cristo e das almas necessitadas da salvação eterna. Ora, e o prêmio deste humilde martíre, vimos na primeira leitura: "Estêvão, cheio do Espírito Santo, olhou para o céu e viu a glória de Deus e Jesus, de pé, à direita de Deus. E disse: “Estou vendo o céu aberto, e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus”.
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Caríssimos, a alma em estado de graça caminha decisivamente para a santidade, para o encontro difinitivo com o Senhor no Reino dos céus; por isso, não perde tempo dando atenção aos seus algozes; pelo contrário, os perdoa e permanece em estado de graça gozando a felicidade dos justos como o fez Santo Estevão.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

FELIZ NATAL!


Homilia do Natal do Senhor (Jo 1,1-18)(25/12/19).
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Caríssimos, a experiência que temos da luz natural é esta, quem vive nela, jamais é atingindo pelas trevas; e ainda que as trevas queriam lhe invadir não consegue porque a ela as ofusca, uma vez que seu brilho é inatingível. Assim são aqueles que se deixam iluminar pela luz de Cristo que brilha na vida e nas ações daqueles que nascem da água e do Espírito Santo no batismo.
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Natal significa que a Luz incriada de Cristo adentra as nossas almas afugentando delas as trevas do pecado que tentam nos escurecer. De fato, ser iluminados pelo Senhor é deixar que Ele nos conduza por suas palavras e por suas ações por meio da nossa obediência com a qual aderimos à Ele incondicionalmente como o fizeram os santos e santas.
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Desse modo, a pobreza, a simplicidade, a ternura e o amor que encontramos na mãe do Senhor e em são José no presépio de Belém, também se fará presente em nossa vida para refletirmos a luz do menino Deus como de igual modo o fizeram os pastores que o contemplaram e o adoraram naquela humilde manjedoura.
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Por fim, escutemos o Santo Padre ao dar hoje a sua benção Urbi et Orbi: "Nesta noite, do ventre da mãe Igreja, nasceu de novo o Filho de Deus feito homem. O seu nome é Jesus, que significa Deus salva. O Pai, Amor eterno e infinito, enviou-O ao mundo, não para condenar o mundo, mas para o salvar (cf. Jo 3, 17). O Pai no-Lo deu, com imensa misericórdia; deu-O para todos; deu-O para sempre. E Ele nasceu como uma chamazinha acesa na escuridão e no frio da noite."
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

VIGÍLIA DO NATAL DO SENHOR!


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Santa Missa da Vigília do Natal do Senhor)(24/12/19).

Caríssimos, a Igreja hoje celebra a vigília mais esperada por toda a criação; nela, do seio santo de Maria, nasce Deus conosco, Emanuel, nasce e toma posse do que sempre lhe pertenceu, e assim, sela com a sua presença divina a nossa vida que antes estava destanada à morte, mas que com sua tomada de posse nos destina para o céu.
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Ora, jamais a razão pode entender os feitos de Deus sem ama-lo sobre todas as coisas, uma vez que nenhuma criatura pode impor seus critérios ao seu Criador. De fato, estamos aqui com um propósito eterno, porque para a eternidade é que fomos criados, e isso não depende de nossa compreensão, mas de nossa total adesão ao Senhor que por seu nascimento nos tira do tempo.
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Caríssimos, o Natal, então, é isso, a memória da entrada do Senhor em nossa contingência, para que por Ele experimentemos a eternidade em nossa fragilidade, pela união de Sua Natureza divina com a nossa natureza humana, para divinizar-la e assim fazer nova todas as coisas.
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Feliz Natal, feliz encontro com o Sagrada Família de Nazaré, Jesus, Maria e José, porque Belém estará sempre presente em nossas almas como o momento sublime em que Deus se fez humano sem deixar de ser Deus, para nos fazer participantes do Reino dos Céus.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

DEUS NOS É FAVORÁVEL...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 1,57-66)(23/12/19)
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Caríssimos, nem sempre a razão tem razão; e isso acontece quando a razão quer ser o critério de tudo, desse modo, se põe no lugar de Deus e passa a julga-lo e não a ama-lo sobre todas as coisas. Ora, os acontecimentos da história da nossa salvação nos ensinam isso, e hoje especialmente por meio do relato do nascimento de São João Batista, o precursor do Messias.
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No Evangelho de hoje vimos que mesmo diante das evidências da presença divina, os parentes de Zacarias e Isabel tentarem interferir, mudando o nome do recém-nascido. Ora, isso impediria que se cumprisse a vontade de Deus tal qual o anjo havia anunciado; todavia, como homem de fé que era, Zacarias manteve a ordem recebida do Senhor e assim fez valer a sua santa vontade, pois, João, o nome revelado pelo anjo, significa Deus nos é favorável.
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De fato, na cultura hebraica o nome pode significa ao mesmo tempo a graça recebida e também a missão pela qual a pessoa servirá ao Senhor por toda a sua vida. Desse modo, o significado do nome de João confirma essa verdade: "Deus é propício", "Deus Mostrou Favor", "Deus Foi Clemente", "Deus é misericórdia." Ou seja, jamais os caprichos humanos poderão mudar os desígnios de Deus a respeito da nossa salvação.
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Caríssimos, após confirmar o nome do filho, Zacarias foi curado do mutismo, dando o seu testemunho para todas as gerações de todos os tempos: "Zacarias, seu pai, ficou cheio do Espírito Santo e profetizou, nestes termos: "E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor e lhe prepararás o caminho, para dar ao seu povo conhecer a salvação, pelo perdão dos pecados. Graças à ternura e misericórdia de nosso Deus, que nos vai trazer do alto a visita do Sol nascente, que há de iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte e dirigir os nossos passos no caminho da paz."
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 22 de dezembro de 2019

SÃO JOSÉ, ROGAI POR NÓS...


Homilia do 4°Dom do Advento (Mt 1,18-24)(22/12/19)
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Caríssimos, mesmo que não tenhamos total consciência das constantes mudanças existenciais, elas estão sempre em curso com ou sem à nossa cooperação. De fato, a realidade natural se encontra envolvida pela realidade sobrenatural; e está sempre em constate mudança; porém, também depende das nossas de escolhas e decisões.
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A liturgia de hoje é toda voltada para os acontecimentos que mudaram totalmente a história humana, tendo como protagonista desta mudança, o justo José, que se torna pai adotivo de Jesus ao receber essa missão do anjo de Deus que lhe apareceu em sonho e ao qual obedeceu prontamente.
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Na primeira leitura, Deus responde ao incômodo de Acaz, por meio do Profeta Isaías, com a Profecia que anunciava a vinda do Messias, e que se cumpriu com a encarnação do Seu Filho no seio da Virgem Maria, como vimos no Evangelho de hoje. Na segundo leitura são Paulo mostra aos Romanos a solidez da vinda e dos ensinamentos de Cristo, como também a autenticidade do seu ministério como escolhido do Senhor para anunciá-lo à todas as nações.
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Caríssimos, certa feita disse são Paulo: "É em Deus que nós vivemos, nos movemos e somos." Ora, a grande pergunta que fazemos, é: como vivemos essa condição, em estado de graça ou em pecado mortal? Com efeito, foi a condição de "homem justo" que levou José a aceitar a sublime missão de pai adotivo de Jesus, pois era um sinal de que fazia em tudo a vontade de Deus.
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Portanto, sigamos o exemplo de São José; sejamos justos e obedientes, para cumprirmos humildemente a nossa missão de acolher Jesus e anuncia-lo para a salvação de todos.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 21 de dezembro de 2019

PELA INTERCESSÃO DA SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA TUDO FICA MAIS FÁCIL...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 1,39-45)(21/12/19)
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Caríssimos, a santidade é uma graça derramada nas almas que vivem desde já na presença de Deus; existem vários meios pelos os quais o Senhor realiza esse seu desígnio de amor para com os seus filhos e filhas. Na história da nossa salvação, os meios descritos nos levam sempre ao encontro com Cristo de quem recebemos as graças necessárias para atirgirmos a santidade que tanto desejamos.
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Na primeira leitura de hoje, tirada do Cântico dos Cânticos, o inspirado autor descreve esse encontro de nossas almas com o Senhor por meio de uma parábola narrando o encontro romântico do esposo com a sua amada e a felicidade que os envolve. É belíssimo esse momento, vejamos: "Levanta-te, minha amada, formosa minha, e vem! Deixa-me ouvir tua voz! Pois a tua voz é tão doce, e gracioso o teu semblante”.
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No Evangelho de hoje o Senhor transmite a graça da Sua presença e santidade à Isabel e ao seu filho João Batista, por meio da intercessão de Sua amatíssima Mãe, a Virgem Maria; vejamos a narração deste acontecimento.
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"Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.
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Caríssimos, o encontro de Isabel com Maria Santíssima, a Mãe do Senhor, a fez repleta do Espírito Santo, a fez profetizar os acontecimentos futuros, a fez rezar pela primeira vez a Ave Maria, e assim participar diretamente da nossa história de salvação. Portanto, compreendamos que a vivência da fé já é a prática da vida eterna por meio das virtudes que recebemos especialmente pela intercessão de nossa Senhora.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

SIM...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 1,26-38)(20/12/19)
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Caríssimos, a liturgia de hoje celebra o acontecimento mais esperado desde toda a eternidade, o encontro do Criador com a mais humilde de suas criaturas, em quem Ele cumpriu todas as suas promessas feitas por meio dos profetas no Antigo Testamento. Por exemplo, pelo anúncio do Anjo Gabriel, Deus cumpriu a profecia de Isaías(cf. Is 7,14) e se fez homem no seio da Virgem Maria sem deixar de ser Deus; e assim divinizou a natureza humana começando por Sua Mãe.
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Com efeito, pela encarnação do Verbo, Seu Filho amado; Deus "fez nova todas as coisas", tornando Maria Santíssima a Mãe da nova humanidade, gerada pelo Espírito Santo. Desse modo, o Senhor nos libertou do pecado e de suas consequências eternas, pois, por Jesus, o Cordeiro imolado; por Seu Sangue derramado, perdoa e apaga os nossos pecados, nos fazendo participantes do Seu Reino.
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Amados irmãos e irmãs, o sim de Maria é o ponto de partida da nossa redenção e da nossa felicidade eterna, porque foi a partir do seu sim que Deus se deu a conhecer por Seu próprio Filho; quem Ele é, como derrama as suas graças, como realiza seus prodígios, como nos fala, o que espera de nós e quais os últimos acontecimentos de nossa história.
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Conclusão: Caríssimos, felizes de nós porque temos uma mãe dada pelo próprio Deus, Maria Santíssima, a Virgem Imaculada, aquela que pelo Espírito Santo, gerou em seu ventre o nosso único e difinitivo salvador. Portanto, esse acontecimento, da encarnação do Verbo de Deus, é único e definitivo, ou seja, jamais se repetirá.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

DEUS AGE NO INUSITADO DE NOSSAS IMPOSSIBILIDADES...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 1,5-25)(19/12/19)
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Caríssimos, no mais das vezes rezamos confiando em nós mesmos ou não levando em conta a nossa própria oração; e mesmo quando somos atendidos, ficamos como Zacarias, que mesmo estando diante do Anjo do Senhor e ouvindo dele a confirmação do atendimento de sua oração, ainda assim duvidou porque olhou tão somente para a sua miséria e não para a graça de Deus que lhe tirava dela.
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Irmãos e irmãs, a oração é o encontro da nossa miséria com a solução dela que vem do Senhor; por isso, é diálogo, é silêncio, é escuta da resposta por mais simples que seja. Muitos rezam, mas poucos se encontram realmente com o Senhor em sua oração; talvez porque pensam que Ele não os escuta; quando na verdade, somos nós que não paramos, não lhe damos tempo, não fazemos silêncio para o escutar.
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Sei lá quantos já se perderam na vida por confiaram em si mesmos e não no Senhor que está sempre pronto para nos ajudar. Meditemos, então, nesta belíssima oração do salmo 26 para aprendermos com o salmista como devemos rezar: "Escutai, Senhor, a voz de minha oração, tende piedade de mim e ouvi-me. Fala-vos meu coração, minha face vos busca; a vossa face, ó Senhor, eu a procuro. Não escondais de mim vosso semblante, não afasteis com ira o vosso servo. Vós sois o meu amparo, não me rejeiteis. Nem me abandoneis, ó Deus, meu Salvador."
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Com efeito, na liturgia de hoje, percebemos que Deus age no inusitado da esterilidade de Ana e Isabel, na velhice de Manué e Zacarias, e desse modo eles cooperaram com o grande mistério da nossa salvação; mas, tudo isso, porque confiaram e se entregaram ao Senhor mesmo em meio às impossibilidades que os detinham.
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Caríssimos, quando nos entregamos à Deus, nosso Pai, para realizarmos a sua vontade, Ele age em nosso viver, mesmo que estejamos impossibilitados pelo inusitado de nossa contingência; pois assim o faz para dar continuidade ao seu plano de amor em favor da nossa salvação.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

MARIA E O PROPÓSITO DIVINO PARA A NOSSA SALVAÇÃO...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 1,18-24)(18/12/19)
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Caríssimos as promessas que Deus nos faz tem como fundamento voltarmos ao mesmo propósito Devino perdido por nossos primeiros pais quando pecaram mortalmente; naquela ocasião, o Senhor prometeu um Salvador (cf. Gn 3,15) capaz de apagar a terrível ofensa cometida para que assim voltassem ao estado de graça que haviam perdido. Só que jamais poderíamos imaginar que o Salvador seria o Seu único Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.
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Com efeito, para a realizarlção dessa promessa, Maria Santíssima, foi escolhida para ser Esposa e Mãe de Deus, sempre virgem; com isso entendemos que ela é toda do querer divino, da vontade de Deus, ou seja, não vive para si, mas somente para Aquele que a criou e a escolheu para se tornar, por meio dela, visível e acessível à todos.
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De fato, a nenhuma outra criatura foi dado este privilégio de ser genitora do próprio Criador; ora, somente o infinito amor de Deus pode realizar esse prodígio. Desse modo, compreendemos que o amor do Senhor por nós é insuperável, pois, ao gerar seu Filho amado no ventre santo da Virgem Mãe; ao mesmo tempo, por meio de São José, revela a sua sublime missão, ser Salvador, Rei e Senhor da humanidade.
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Conclusão: Caríssimos, de uma coisa fiquemos certos, Deus nos criou para sermos santos; peçamos a Ele para fazermos em tudo a Sua Vontade e assim obtermos essa graça; evitando as ocasiões de pecado, as tentações e o próprio pecado, pois foi para isto que fomos salvos por Cristo. Portanto, vivamos de acordo com esse propósito do Senhor, que está escrito em nossas almas quando Ele nos criou "à sua imagem e semelhança". Destarte, nada queiramos fora dessa verdade, porque nada se compara à felicidade eterna que dela provém.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

A FÉ É A BASE SÓLIDA DA NOSSA SALVAÇÃO...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 1,1-17)(17/12/19)
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Caríssimos, a história de nossa fé em Deus tem seu fundamento na história daqueles que nos antecederam nos caminhos da graça, pois, em seu encontro com o Senhor, confiaram em suas promessas, receberam muitas bênçãos, mas não viram nem ouviram o seu Filho em nossa humanidade como nós o conhecemos hoje: "Em verdade vos digo: Muitos profetas e justos desejaram ver o que estais vendo, e não viram, e ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram."
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Ora, ciente disso assim nos ensinou São Leão Magno: "Foi com bondade evidente que as riquezas da graça de Deus foram derramadas sobre nós. Chamados à eternidade, não somos apenas sustentados pelo exemplo do passado, mas vimos aparecer a própria Verdade sob forma visível e corpórea. Assim, pois, celebremos o dia do nascimento do Senhor com uma alegria fervorosa que não é deste mundo."
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"Graças à luz do Espírito Santo, saibamos reconhecer Aquele que nos recebeu nele e que nós recebemos em nós; porque, tal como o Senhor Jesus tomou a nossa carne nascendo, também nós tomamos o seu corpo renascendo. [...] Deus propôs-nos o exemplo da sua generosidade e humildade [...]; sejamos semelhantes ao Senhor na sua humildade, se queremos ser como Ele na sua glória. Ele próprio nos ajudará e nos conduzirá à realização do que prometeu."
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Caríssimos, vivamos a nossa experiência de convivência com o Senhor como viveram aqueles que nos precederam na fé (cf. Hb 11); por meio da prática de sua Palavra; dos Sacramentos que o torna visível ao nossos olhos físicos e também do exemplo destes Santos que deram sua vida por Ele para o tornar visível pela vivência das virtudes que Dele receberam.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

NENHUM PODER SE MANTÉM DE PÉ FORA DA VONTADE DE DEUS...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 21,23-27)(16/12/19)
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Caríssimos como seria bom se vivêssemos num mundo sem pecados, onde somente o amor de Deus reinasse em todos os corações e em todas as nossas ações; ora, isso seria o céu, a glória de Deus, a felicidade eterna. Pois bem, fiquemos certos de uma coisa, isso não é utopia, mas, a razão de ser e o porque de todo o sofrimento e morte de cruz de nosso Senhor Jesus Cristo.
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Com efeito, na primeira leitura de hoje, Balaão, um adivinho malfadado que não fazia parte do povo eleito, recebera do rei de Moab o encargo de amaldiçoar o povo de Deus em troca de riqueza, fama e poder; mas, ao invés, o abençoou, pois ao escutar o Senhor se deu conta de que não se pode usar de maldição contra aqueles que são os ungidos do Senhor e sair-se impune.
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No Evangelho de hoje os sumos sacerdotes e anciãos do povo que se achavam guardiões da fé e do poder religioso, quiseram impôr a Jesus o silêncio de palavras e ações, porque não aceitavam nada fora dos limites de sua autoridade; porém, quando questionados pelos Senhor a razão de tamanha ofensa à Deus, preferiram o silêncio de suas hipocrisias do que reconhecer a verdade dos sinais que Deus lhes concedia por meio de João Batista e do próprio Senhor.
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Conclusão: Caríssimos, nenhuma autoridade ou poder se mantém de pé diante de Deus se não estiver de acordo com a Sua Vontade para a nossa salvação, bem como o Senhor nos ensinou: "Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus." Portanto, peçamos ao Senhor para vivermos sempre de acordo com a sua vontade.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria, OFMConv.

domingo, 15 de dezembro de 2019

FIQUEMOS ATENTOS AOS AVISOS DOS CÉUS...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 11,2-11)(15/12/19)
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Caríssimos, a liturgia deste 3° Domingo do Advento traz em sua expressão a alegria da espectativa da vinda do Senhor e de tudo o que acontecerá conosco neste dia; pois, será acompanhada dos sinais e prodígios já anunciados pelos Profetas no Antigo Testamento, como é o caso do Profeta Isaías na primeira leitura de hoje.
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Diz Ele : "Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio. Pois seus habitantes verão a glória do Senhor, a majestade do nosso Deus. Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar. Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos."
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De fato, a primeira vinda de Cristo comemorada em cada Natal que celebramos, foi em preparação para a sua segunda e definitiva vinda. Porém, como Ele nos ensinou: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo." Ou seja, o Senhor está realmente conosco no mistério da Eucaristia e dos outros Sacramentos; e também onde dois ou mais se reunem em seu nome; e ainda em nossa oração pessoal.
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Caríssimos, tudo o que diz respeito à criação do mundo e à vida humana se reveste de grande mistério que só nos será revelado totalmente na eternidade; todavia, desda já o Senhor nos dá conhecer como será o disfecho final por meio de sua Palavra e da prática de nossa fé.
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Portanto, fiquemos atentos aos avisos dos céus, pois, ela acontecerá como relatou o anjo depois da ascensão: "Homens da Galiléia, por que ficais aí a olhar para o céu? Esse Jesus que acaba de vos ser arrebatado para o céu voltará do mesmo modo que o vistes subir para o céu."
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 14 de dezembro de 2019

COMPREENDER SEMPRE À LUZ DA SABEDORIA DO ESPÍRITO SANTO...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 17,10-13)(14/12/19)
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Caríssimos, uma das maiores dificuldades do ser humano é lidar com as próprias imperfeições; e, muitas vezes, quando se vê diante delas a tendência é desanimar e parar de lutar contra as próprias misérias, deixando-se conduzir pelos os instintos carnais que as causam e que são totalmente fora dos propósitos divinos para a nossa salvação.
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Normalmente quando vemos essas imperfeições nos outros ou os julgamos e condenamos ou nos escandalizamos; e com isso, nos confundimos perdendo a clareza da fé. São Paulo, tratando dessa nossa deficiência espiritual, escreveu: "Irmãos, se alguém for surpreendido numa falta, vós, que sois animados pelo Espírito, admoestai-o em espírito de mansidão. E tem cuidado de ti mesmo, para que não caias também em tentação!"
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Ora, não podemos esquecer que a salvação em Cristo é imediata, porém, precisamos pacientemente crescer nela; e isso se dá mediante um processo de amadurecimento na prática da fé, pois, não basta dizer-se salvo, uma vez que ninguém se salva à si mesmo.
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Referindo-se à isso, São Paulo nos exorta: "Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé. Isto não provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus." Ou seja, precisamos viver em permanente comunhão com a vontade do Senhor em todos os sentidos de nossa vida, para crescermos em graça e santidade vivendo na sua presença.
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No Evangelho de hoje se percebe que os discípulos assimilaram bem o conteúdo das Sagradas Escrituras do Antigo Testamento, todavia, pela urgência do seu cumprimento perguntam ao Senhor como isso se dará. Ao que Ele os esclarece mostrando que a leitura desses acontecimentos deve ser feita sempre à luz da Sabedoria do Espírito Santo e não da interpretação meramente humana.
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Em outras palavras, João é Elias à medida que ambos têm a mesma missão, revelar Cristo ao mundo para a salvação de todos.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

SANTA LUZIA, ROGAI POR NÓS...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 11,16-19)(13/12/19)
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Caríssimos, frequentemente emitimos juízos de valor, e estes na maioria das vezes nascem das tentações que chegam à nossa mente; ora, isto ocorre por falta de vigilância e oração, pois se interrompemos nosso diálogo interior com o Senhor, facilmente permitimos e caímos nas tentações que chegam. De fato, o rio que não se mantém ligado à fonte que o gerou; seca depressa perdendo a água viva que gera nova vida.
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Ora, os critérios da salvação humana não são humanos, são divinos, porque são vias de santidade que nos levam à perfeita comunhão com o Senhor. Aqueles que se arvoram em juízes de Deus e dos homens, caem na insensatez e em muitos outros pecados graves causando a própria ruína. São Paulo na 1ª Carta aos Coríntios, escreveu: "Por isso, não julgueis antes do tempo; esperai que venha o Senhor. Ele porá às claras o que se acha escondido nas trevas. Ele manifestará as intenções dos corações. Então cada um receberá de Deus o louvor que merece."
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De fato, os critérios dos insensatos nascem da estupidez e podridão que carregam na alma, por isso, ao emitir juízos afrontam a verdade, condenam inocentes; aumentando ainda mais o abismo da própria perdição. Bem como nos ensinou o salmista: "Mas bem outra é a sorte dos perversos; são iguais à palha seca espalhada e dispersada pelo vento. Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, mas a estrada dos malvados leva à morte."
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Conclusão: Caríssimos, no Evangelho de hoje vimos que Jesus e os seus enviados constantemente sofriam perseguições por revelarem a vontade do Pai que nos conduz à vida eterna. Porém, nunca se intimidou ou abriu mão do anúncio de sua vontade, pelo contrário, Ele e os seus seguidores deram a vida por tão nobilíssima causa, como é o caso de são João Batista e santa Luzia cujo martírio celebramos hoje.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

SOLENIDADE DE NOSSA SENHORA DE GUADALUPE...


Solenidade de Nossa Senhora de Guadalupe (Lc 1,39-47)(12/12/19)
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Num sábado, no ano de 1531, a Virgem Santíssima apareceu a um indígena que, de seu lugarejo, caminhava para a cidade do México a fim de participar da catequese e da Santa Missa enquanto estava na colina de Tepeyac, perto da capital. Este índio convertido chamava-se Juan Diego (canonizado pelo Papa João Paulo II em 2002).Nossa Senhora disse então a Juan Diego que fosse até o bispo e lhe pedisse que naquele lugar fosse construído um santuário para a honra e glória de Deus.
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O bispo local, usando de prudência, pediu um sinal da Virgem ao indígena que, somente na terceira aparição, foi concedido. Isso ocorreu quando Juan Diego buscava um sacerdote para o tio doente: "Escute, meu filho, não há nada que temer, não fique preocupado nem assustado; não tema esta doença, nem outro qualquer dissabor ou aflição. Não estou eu aqui, a seu lado? Eu sou a sua Mãe dadivosa. Acaso não o escolhi para mim e o tomei aos meus cuidados? Que deseja mais do que isto? Não permita que nada o aflija e o perturbe. Quanto à doença do seu tio, ela não é mortal. Eu lhe peço, acredite agora mesmo, porque ele já está curado.
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Filho querido, essas rosas são o sinal que você vai levar ao Bispo. Diga-lhe em meu nome que, nessas rosas, ele verá minha vontade e a cumprirá. Você é meu embaixador e merece a minha confiança. Quando chegar diante dele, desdobre a sua "tilma" (manto) e mostre-lhe o que carrega, porém, só em sua presença. Diga-lhe tudo o que viu e ouviu, nada omita..."
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O prelado viu não somente as rosas, mas o milagre da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, pintada prodigiosamente no manto do humilde indígena. Ele levou o manto com a imagem da Santíssima Virgem para a capela, e ali, em meio às lágrimas, pediu perdão a Nossa Senhora. Era o dia 12 de dezembro de 1531.
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Uma linda confirmação deu-se quando Juan Diego fora visitar o seu tio, que sadio narrou: "Eu também a vi. Ela veio a esta casa e falou a mim. Disse-me também que desejava a construção de um templo na colina de Tepeyac e que sua imagem seria chamada de 'Santa Maria de Guadalupe', embora não tenha explicado o porquê". Diante de tudo isso muitos se converteram e o santuário foi construído. (Site da Canção Nova).

O grande milagre de Nossa Senhora de Guadalupe é a sua própria imagem. O tecido, feito de cacto, não dura mais de 20 anos e este já existe há mais de quatro séculos e meio. Durante 16 anos, a tela esteve totalmente desprotegida, sendo que a imagem nunca foi retocada e até hoje os peritos em pintura e química não encontraram na tela nenhum sinal de corrupção.

No ano de 1971, alguns peritos inadvertidamente deixaram cair ácido nítrico sobre toda a pintura. E nem a força de um ácido tão corrosivo estragou ou manchou a imagem. Com a invenção e ampliação da fotografia descobriu-se que, assim como a figura das pessoas com as quais falamos se reflete em nossos olhos, da mesma forma a figura de Juan Diego, do referido bispo e do intérprete se refletiu e ficou gravada nos olhos do quadro de Nossa Senhora. Cientistas americanos chegaram à conclusão de que estas três figuras estampadas nos olhos de Nossa Senhora não são pintura, mas imagens gravadas nos olhos de uma pessoa viva.

Declarou o Papa Bento XIV, em 1754: “Nela tudo é milagroso: uma Imagem que provém de flores colhidas num terreno totalmente estéril, no qual só podem crescer espinheiros… uma Imagem estampada numa tela tão rala que através dela pode se enxergar o povo e a nave da Igreja… Deus não agiu assim com nenhuma outra nação”.

Coroada em 1875 durante o Pontificado de Leão XIII, Nossa Senhora de Guadalupe foi declarada “Padroeira de toda a América” pelo Papa Pio XII no dia 12 de outubro de 1945.

No dia 27 de janeiro de 1979, durante sua viagem apostólica ao México, o Papa João Paulo II visitou o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe e consagrou a Mãe Santíssima toda a América Latina, da qual a Virgem de Guadalupe é Padroeira. (cf. Site da Canção Nova/Santo do Dia).

Nossa Senhora de Guadalupe, rogai por nós!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Louvor e Adoração na Prática Franciscana

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Louvor e Adoração na Prática Franciscana
Ir. Edson Cortasio Sardinha, OESI/OFSE
edsoncortasio@gmail.com


Francisco teve uma experiência de conversão extremamente profunda e radical no ano 1204 d.C. durante a uma longa doença. Deus o transformou por inteiro. Transformou todas as áreas de sua vida. Deu-lhe uma gratidão tão intensa que sua vida foi marcada por cânticos de louvor e adoração ao Senhor.
Neste texto vamos ver várias passagens nas primeiras biografias franciscanas que falam de seu estilo de vida de adorador. 

Louvor com todas as criaturas
Francisco desenvolveu o louvor como estilo de vida. Sua adoração era tão envolvente que atraia inclusive os animais para bendizer ao Senhor.
Tomás de Celano afirma que havia na Porciúncula, ao lado da cela de Francisco, uma figueira onde uma cigarra “costumava cantar com suavidade”. Certa vez Francisco a chamou dizendo: “Cigarra, minha irmã, vem cá!"  
Como se tivesse razão, ela foi logo para sua mão. E ele: "Canta, minha irmã cigarra, louva com júbilo o Senhor Criador!" Ela obedeceu sem demora, começou a cantar e não parou enquanto o homem de Deus, juntando seus louvores ao cântico, não a mandou de volta para o seu lugar. Lá ficou por oito dias, como se estivesse presa. Quando o Francisco descia de sua cela, tocava-a com as mãos e mandava que cantasse. Ela estava sempre pronta para obedecer-lhe.
Depois Francisco disse aos seus discípulos: “Vamos despedir nossa irmã cigarra, que já nos alegrou bastante aqui com o seu louvor, para que isso não seja causa de vanglória para nós".
Com sua permissão, ela foi embora, e não apareceu mais por lá. Os frades ficavam admiradíssimos, vendo tudo isso[1].  
Francisco louvava a Deus em harmonia com todas as criaturas de Deus.
Bem cedo, na aurora, quando estava em oração, vieram pássaros de diversos tipos para cima da cela onde ficava, não todos juntos, mas primeiro vinha um e cantava, demonstrando o seu doce verso, e depois ia embora. Depois vinha outro, cantava e ia embora; e assim fizeram todos. Francisco ficou muito admirado com isso e teve a maior consolação, mas começou a meditar sobre o que seria isso. E foi dito pelo Senhor em espírito: “Isso é sinal de que o Senhor vai te fazer o bem nessa cela e vai dar-lhe muitas consolações”[2].
            Certa vez, passando por um caminho, levantou os olhos e viu algumas árvores na margem do caminho, sobre as quais estava uma quase infinita multidão de passarinhos; do que Francisco se maravilhou e disse aos companheiros: "Esperai-me aqui no caminho, que vou pregar às minhas irmãs aves". E entrando no campo começou a pregar às aves que estavam no chão; e subitamente as que estavam nas árvores vieram a ele e todas ficaram quietas até que Francisco acabou de pregar; e depois não se partiram enquanto ele não lhes deu a sua bênção. E conforme contou depois Frei Masseo a Frei Tiago de Massa, andando  Francisco entre elas a tocá-las com a capa, nenhuma se moveu. A substancia da prédica de Francisco foi esta: "Minhas irmãs aves, deveis estar muito agradecidas a Deus, vosso Criador, e sempre em toda parte o deveis louvar, porque vos deu liberdade de voar a todos os lugares, vos deu urna veste duplicada e triplicada; também porque reservou vossa semente na Arca de Noé, a fim de que vossa espécie não faltasse ao mundo; ainda mais lhe deveis estar gratas pelo elemento do ar que vos concedeu. Além disto não plantais e não ceifais; e Deus vos alimenta e vos dá os rios e as fontes para beberdes, e vos dá os montes e os vales para vosso refúgio, e as altas arvores para fazerdes vossos ninhos e, porque não sabeis fiar nem coser, Deus vos veste a vós e aos vossos filhinhos; muito vos ama o vosso Criador, pois vos faz tantos benefícios, e portanto guardai-vos, irmãs minhas, do pecado de ingratidão e empregai sempre os meios de louvar a Deus".
Dizendo-lhes Francisco estas palavras, todos e todos estes passarinhos começaram a abrir os bicos, a estender os pescoços, e a abrir as asas, e a reverentemente inclinar as cabeças para o chão, e por seus atos e seus cantos a demonstrar que as palavras lhes deram grandíssima alegria. E Francisco juntamente com elas se rejubilava, se deleitava, se maravilhava muito com tal multidão de pássaros e com a sua belíssima variedade e com a sua atenção e familiaridade[3]
Uma vez, Francisco tinha se retirado para um eremitério, como era seu costume, para escapar da vista e da companhia dos homens. Um falcão que por lá tinha o seu ninho fez com ele um grande pacto de amizade. Sempre cantava para acorda-lo e indicar a hora em que costumava levantar-se para os santos louvores. Francisco gostava muito disso, porque toda essa atenção que o pássaro demonstrava para com ele impedia todo atraso por preguiça. Quando Francisco estava um pouco mais doente que de costume, o falcão o poupava e não vinha dar os sinais das horas de vigília. Como se fosse instruído por Deus, tocava ao amanhecer a campainha de sua voz[4].
Seu estilo de vida era acordar e repousar louvando ao Senhor pelo sol e pelo fogo. Francisco dizia: “De manhã, quando nasce o sol, toda pessoa deveria louvar a Deus que o criou, porque por ele os olhos se iluminam de dia; de tarde, quando cai a noite, toda pessoa deveria louvar a Deus pela outra criatura, o irmão fogo, porque por ele nossos olhos se iluminam de noite. Nós todos somos como que cegos, e o Senhor ilumina nossos olhos por essas duas criaturas. Por isso sempre devemos louvar o glorioso Criador por essas e outras criaturas suas de que usamos todos os dias”[5].

Louvor que traz concórdia
Certa vez usou a arma do louvor para trazer a concórdia entre a liderança da igreja e a liderança civil da cidade de Assis. A Legenda da Perusa narra que quando Francisco jazia doente, tendo já pregado e composto os Louvores, o que então era bispo da cidade de Assis, excomungou o prefeito da cidade. Pois, indignado contra ele, o que era prefeito fez forte e curiosamente preconizar pela cidade de Assis que ninguém vendesse ou comprasse alguma coisa dele, ou fizesse algum contrato; e por isso eles se odiavam muito um ao outro.
O bem-aventurado Francisco, como estava tão doente. Ficou com pena deles, principalmente porque nenhum religioso ou secular se intrometia para cuidar de sua paz e concórdia. E disse a seus companheiros: “É uma grande vergonha para vós, servos de Deus, que o bispo e o prefeito se odeiem desse jeito e nenhuma pessoa entre no meio para cuidar de sua paz e concórdia”. E sim fez um verso nos seus Louvores para aquela ocasião, este: “Louvado sejas, meu Senhor, pelos que perdiam pelo teu amor e suportam enfermidade e tribulação; bem-aventurados os que as suportarem em paz, porque por ti, Altíssimo, serão coroados”.
Depois chamou um de seus companheiros, dizendo-lhe: “Vá dizer de minha parte ao prefeito que ele com os magnatas da cidade e outros, que pode levar consigo, venha ao palácio do bispo”. E quando ele foi disse a outros dois companheiros seus: “Ide também diante do bispo, do prefeito e dos outros que estão com eles e cantai o Cântico de Frei Sol. E confio no Senhor que há de humilhar os corações deles, vão fazer as pazes entre eles e voltaram à antiga amizade e bem-querer”. E quando todos se reuniram na praça do claustro da casa do bispo, levantaram-se aqueles dois frades e um disse: “O bem-aventurado Francisco compôs em sua doença os Louvores do Senhor por suas criaturas, para louvor dele e edificação do próximo. Por isso ele vos roga que as ouçais com grande devoção”. E então começaram a cantar e a dizer-lhes. E imediatamente o prefeito levantou-se, juntou os braços e as mãos com grande devoção, como se fosse o Evangelho do Senhor, e também com lágrimas, ouviu atentamente. Pois tinha muita confiança e devoção por Francisco. Quando acabaram os Louvores do Senhor, o prefeito disse diante de todos: “Na verdade eu vos digo que perdoo não só ao senhor bispo, que preciso ter como meu senhor, mas perdoaria mesmo quem matasse meu irmão ou filho”. E assim se lançou aos pés do senhor bispo, dizendo-lhe: “Eis que estou pronto a satisfazer-vos em tudo, como vos aprouver por amor de nosso Senhor Jesus Cristo e de seu servo Francisco”.
O bispo, tomando-o pelas mãos, levantou-o e lhe disse: “Por meu ofício convinha que eu fosse humilde, mas como sou notavelmente inclinado à ira, é preciso que me perdoes”. E assim com muita bondade e afeição se abraçaram e beijaram”[6].
Francisco buscava o consolo e a reparação da ingratidão através dos louvores a Deus. O Espelho da Perfeição faz a seguinte narração: Levantando-se de madrugada, ele confessou a seus companheiros: "Se o imperador desse um reino inteiro a um de seus companheiros, não deveria este alegrar-se muito com isto? E se lhe desse todo o seu reino não se alegraria ainda mais? Devo desde agora alegrar-me grandemente nas provações e moléstias, encontrar repouso no Senhor e render graças a Deus e a seu Filho único, Jesus Cristo, e ao Espírito Santo, por tal graça que me foi concedida pelo Senhor, que se dignou garantir-me a posse do seu reino, eu, seu indigno servidor, preso ainda a este corpo. Para a sua glória e para a nossa consolação e edificação do próximo, quero compor um novo cântico de louvor às criaturas do Senhor, de quem nos servimos todos os dias e sem as quais não poderíamos viver e com quem o gênero humano ofende sempre a seu Criador. Somos sempre ingratos, em virtude de recebermos tantas graças e benefícios e não louvarmos ao Senhor Criador de todos estes dons, como devíamos". Sentou-se e refletiu durante algum tempo. Depois pôs-se a cantar: "Altíssimo, poderoso e bom Senhor, etc." Compôs a melodia deste cântico e ensinou a seus companheiros para que o recitassem cantando[7].

Pregação e Louvor
A vida de Francisco era cercada de louvor a Deus. Tinha a prática de andar cantando louvores. Boaventura escreveu que “depois de uma longa caminhada, Francisco e seu companheiro chegaram sem dificuldade, cantando hinos e cânticos de louvor, à hospedaria onde deviam ficar”[8].
Seu estilo de evangelização era pregar e cantar ao mesmo tempo. Certa vez ele disse: “Por isso eu quero, para o seu louvor e para nossa consolação e edificação do próximo, fazer um novo Louvor do Senhor por suas criaturas, das quais nos servimos todos os dias e sem as quais não podemos viver. E nas quais o gênero humano ofende muito o Criador, e todos os dias somos ingratos por tão grande graça, porque não louvamos como devemos o nosso Criador e doador de todos os bens”.
E sentando-se começou a meditar e depois a dizer: “Altíssimo, onipotente, bom Senhor”. E compôs um cântico nessas palavras e ensinou seus companheiros a cantá-lo. Pois seu espírito estava em tamanha doçura e consolação, que queria mandar buscar Frei Pacífico, que no século era chamado rei dos versos e foi um mestre muito cortês de cânticos, e dar-lhe alguns frades bons e espirituais, para que fossem pelo mundo pregando e louvando a Deus. Pois queria e dizia que, primeiro, algum deles, que soubesse pregar, pregasse ao povo, e depois da pregação cantassem os Louvores do Senhor como jograis de Deus[9].
Como evangelizava cantando e adorando, se dizia os jograis de Deus. Ele fez a seguinte orientação aos seus discípulos pregadores que dissesse ao povo: “Nós somos os jograis do Senhor e nisto queremos a vossa remuneração, isto é, que estejais no verdadeiro arrependimento”. E dizia: “Que são os servos de Deus senão, de algum modo, uns jograis seus, que devem mover o coração dos homens e levanta-los para a alegria espiritual?”. E especialmente dos frades menores dizia que foram dados ao povo para sua salvação[10].
O ato de cantar ao Senhor era seu estilo de vida. Como amava o Francês, era comum cantar nesta língua. Sua alegria por Cristo era tão intensa que explodia em louvores.
            Tomás de Celano conta que “às vezes, acontecia o seguinte: A suavíssima melodia de seu coração se expressava em palavras que ele cantava em francês. E também era em alegres cânticos franceses que ele extravasava o que Deus lhe tinha murmurado furtivamente ao ouvido. Às vezes - como pude ver com meus próprios olhos - pegava um pedaço de pau no chão, punha-o sobre o braço esquerdo, segurava na direita um arco retesado por um fio, passava-o no pedaço de pau como se fosse um violino e, balançando o corpo com ritmo, cantava ao Senhor em francês.
Frequentemente essa festa toda acabava em lágrimas, e o júbilo se dissolvia na compaixão para com a paixão de Cristo. Então começava a suspirar sem parar, gemendo muito, e logo, esquecido do que tinha nas mãos, era arrebatado ao céu[11].
A Legenda dos Três Companheiros afirma que seus discípulos caminhavam pela Marca de Ancona, exultando de alegria no Senhor, enquanto Francisco, em voz alta e clara, cantava em francês os louvores do Senhor, bendizendo e glorificando a bondade do Altíssimo. Andavam tão alegres como alguém que tivesse encontrado um grande tesouro no campo evangélico da Senhora Pobreza, por cujo amor haviam desprezado, voluntária e generosamente, todas as coisas temporais, considerando-as como esterco[12].

Louvor e Sofrimento
Seu louvor a Deus não estava relacionado às coisas boas da vida. Criou um estilo de adoração que permaneceu até a hora de sua morte. A Legenda de Perusa narra que Francisco, mesmo sofrendo muito pelas enfermidades, louvou ao Senhor com grande fervor do espírito e alegria do corpo e da alma. Na hora da morte ele disse: “Então, se devo morrer logo, chamai-me Frei Ângelo e Frei Leão, para que me cantem sobre a irmã morte”.
Esses frades se apresentaram diante dele e cantaram com muitas lágrimas o Cântico de Frei Sol e das outras criaturas ao Senhor, que o próprio Francisco fizera em sua doença para louvar o Senhor e para consolar sua alma e a dos outros, no qual canto colocou antes do último um verso sobre a irmã morte, a saber: “Louvado sejas meu Senhor, por nossa irmã a morte corporal da qual nenhum homem vivo pode escapar. Ai de quem morrer em pecado mortal. Felizes os que ela encontrar em tuas santíssimas vontades, porque a morte segunda não lhes fará mal”[13].
Nada podia retirar o louvor a Deus de seus lábios. Louvava a Deus inclusive na enfermidade.
            A Legenda de Perusa diz que “em sua saúde e enfermidade fez e fazia de boa vontade louvar o Senhor e também animava os outros a isso. Mesmo quando estava sofrendo pela doença, começava ele mesmo a dizer os Louvores do Senhor, e depois fazia que seus companheiros cantassem para que, em consideração do louvor do Senhor, pudesse ser esquecida a atrocidade das dores e doenças. E assim fez até o dia de sua morte”[14].
            Francisco acreditava que os cânticos ao Senhor trazia alívio para as aflições. Depois que compôs o Cântico das Criaturas, compôs também alguns cânticos para consolação e edificação das Pobres Damas, pois sabia-as muito aflitas com suas enfermidades[15] .
Nunca parou de cantar ao Senhor, mesmo diante de tribulações e ladrões. Boaventura diz que “desprezando o mundo, livre das cobiças mundanas, deixou sua cidade natal, alegre e despreocupado. No meio da floresta, cantava ele em francês os louvores do Senhor, quando apareceram alguns ladrões. O arauto do Grande Rei, sem nenhum medo, continuou seu canto. Viajante seminu e desprovido de tudo, encontrava sua alegria, tal como o Apóstolo, nas tribulações.[16]            Para muitas pessoas, era um escândalo Francisco cantar na hora da dor e da morte. Alguns dias antes de sua morte, esteve doente em Assis no palácio do Bispo, com alguns de seus companheiros. Apesar de toda a sua doença, ele cantava muitas vezes certos louvores de Cristo. Um dia, disse-lhe um de seus companheiros: “Pai, tu sabes que estes cidadãos têm grande fé em ti e te julgam um santo homem. Por isso podem pensar que, se tu és quem eles creem, deverias, nesta enfermidade, pensar na morte e antes chorar que cantar, pois estás tão doente. E acha que o teu cantar e o nosso, que nos fazes fazer, é ouvido por muita gente do palácio e de fora, porque por ti este palácio está cercado por muitos homens armados que, com isso, poderiam ter um mau exemplo. Por isso eu acho, disse o frade, “que tu farias bem sair daqui e que nós voltássemos todos para Santa Maria dos Anjos, pois não estamos bem aqui, entre seculares”[17] .
Seu exemplo foi seguido pela multidão no dia de sua morte. Tomás de Celano informa que quando Francisco morreu, na manhã seguinte, juntou-se a multidão de Assis com todo o clero e, carregando seu corpo do lugar onde morrera, levaram-no para a cidade entre hinos e louvores, tocando trombetas. Cada um levava um ramo de oliveira ou de outras árvores e seguiam solenemente o enterro, com muitas luminárias e cantando louvores em alta voz[18].

Louvor no Natal do Senhor     
O Natal era para Francisco um tempo de louvores ao Deus que se fez pobre e veio habitar em uma manjedoura.
            Três anos antes de sua morte, resolveu celebrar com a maior solenidade possível, perto de Greccio, a memória da Natividade do Menino Jesus, a fim de aumentar a devoção dos habitantes. Francisco mandou pois preparar um presépio e trazer muito feno, juntamente com um burrinho e um boi, dispondo tudo ordenadamente; reuniram-se os irmãos chamados dos diversos lugares; acorreu o povo, ressoaram vozes de júbilo por toda parte e a multidão de luzes e archotes resplandecentes juntamente com os cânticos sonoros que brotavam dos peitos simples e piedosos transformaram aquela noite num dia claro, esplêndido e festivo. E Francisco lá estava diante do rústico presépio em êxtase, banhado de lágrimas e cheio de gozo celestial. Principiou então a missa solene, na qual Francisco, que oficiava como diácono, cantou o Evangelho. Pregou em seguida ao povo e falou-lhe do nascimento do Rei pobre a quem ele chamava com ternura e amor de Menino de Belém[19] .
           
Louvor e dependência completa do Senhor
Francisco louvava a Deus por poder ter aprendido a depender unicamente dele. Este era o seu entendimento da pobreza. Poder depender somente de Deus.
Unido à senhora pobreza por um vínculo indissolúvel, esperava seu dote futuro, não o presente. Cantava com maior fervor e alegria os Salmos que falam da pobreza como: "Não ficará o pobre em eterno esquecimento", e "Olhai, pobres, e alegrai-vos"[20].
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Cântico das Criaturas
Eis o "Cântico das Criaturas" que Francisco compôs quando o Senhor lhe assegurou que entraria no seu reino:
Altíssimo, onipotente, bom Senhor, Teus são o louvor, a glória, a honra E toda a bênção. Só a ti, Altíssimo, são devidos; E homem algum é digno De te mencionar.
Louvado sejas, meu Senhor, Com todas as tuas criaturas, Especialmente o senhor irmão Sol Que clareia o dia E com sua 'luz nos alumia. E ele é belo e radiante Com grande esplendor: De ti, Altíssimo, é a imagem.
Louvado sejas, meu Senhor, Pela irmã Lua e as estrelas Que no céu formaste claras E preciosas e belas.
Louvado sejas, meu Senhor, Pelo irmão Vento, Pelo ar, ou nublado Ou sereno, e todo o tempo Pelo qual às tuas criaturas dás sustento.
Louvado sejas, meu Senhor, Pela irmã Água Que é mui útil e humilde E preciosa e casta.
Louvado sejas, meu Senhor, Pelo irmão Fogo Pelo qual iluminas a noite. E ele é belo e jucundo E vigoroso e forte.
Louvado sejas, meu Senhor, Por nossa irmã a mãe Terra Que nos sustenta e governa, E produz frutos diversos E coloridas flores e ervas.
Louvado sejas, meu Senhor, Pelos que perdoam por teu amor, E suportam enfermidades e tribulações. Bem-aventurados os que as sustentam em paz, Que por ti, Altíssimo, serão coroados.
Louvado sejas, meu Senhor, Por nossa irmã a Morte corporal, Da qual homem algum pode escapar. Ai dos que morrerem em pecado mortal! Felizes os que ela achar Conformes à tua santíssima vontade, Porque a morte segunda não lhes fará mal!
Louvai e bendizei a meu Senhor, E dai-lhe graças, E servi-o com grande humildade[21].
Francisco chamava todas as criaturas de irmãs, intuindo seus segredos de maneira especial, por ninguém experimentada, porque na verdade parecia já estar gozando a liberdade gloriosa dos filhos de Deus. Na certa, ó bom Jesus, ele que na terra cantava o vosso amor a todas as criaturas, estará agora a louvar-vos nos céus com os anjos porque sois admirável[22].

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[1]  Tratados dos Milagres – Tomás de Celano, 27.
[2] Legenda de Perusa, 118.
[3] Os Fioretti de Francisco de Assis, 16.
[4] Tomás de Celano – Segunda Vida, 12.
[5]Legenda da Perusa, 83.
[6] Legenda da Perusa, 84.
[7] Espelho da Perfeição, 100.
[8] Boaventura Legenda Menor, 9.
[9] Legenda de Perusa, 83.
[10] Legenda da Perusa, 83.
[11] Tomás de Celano Segunda Vida, 90.

[12] Legenda dos Três Companheiros, 9.33
[13] Legenda de Perusa, 7.
[14] Legenda da Perusa, 83
[15] Espelho da Perfeição, 90.
[16] Boaventura Legenda Menor. Capitulo 1. 8.
[17] Dos Estigmas de São Francisco, 5.
[18] Tomás de Celano – Primeira Vida, 10.
[19] Boaventura – Legenda Maior, 10.
[20] Tomas de Celano – Segunda Vida, 40.
[21] Espelho da Perfeição, 120.
[22] Tomás de Celano – Segunda Vida, 29.


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