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sábado, 31 de outubro de 2020

SEM O ESTADO DE GRAÇA NADA SOMOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 14,1.7-11)(31/10/20)


Caríssimos a morte é tão certa quanto a vida natural que vivemos. Todavia, pelo fato de termos ressuscitados com Cristo no batismo (cf. Rm 6,3-4), ela se tornou a nossa páscoa, isto é, a nossa passagem deste mundo à glória do Seu Reino. É isto que vimos na primeira leitura de hoje, em que são Paulo afirma: "Se a minha firmeza continuar total, como sempre, então Cristo vai ser glorificado no meu corpo, seja pela minha vida, seja pela minha morte. Pois para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro." (Fl 1,20b.21).

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Com efeito, por vivermos envolvidos com as coisas e preocupações deste mundo, que só geram insegurança, medo, falta de fé, incerteza e tantas outras coisas negativas, facilmente nos esquecemos do essencial que gera a verdadeira paz em nossas almas, ou seja, a busca incessante do Reino de Deus e da sua justiça (cf. Mt 6,33-34). 

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De fato, nesse nosso mundo tecnológico, muitos por vício ou mau costume, dão mais tempo à Internet e à outros meios de comunicação do que à vida de oração e o recolhimento, e o resultado de tal comportamento é o vazio existencial, ou seja, a ausência de Deus em tais almas.

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Ora, tempo é vida, quem dá tempo a Deus recebe todas as graças e a vida eterna; mas, quem tira o tempo de Deus para dar às coisas fúteis deste mundo (cf. 1Jo 2,15-17) nada mais possui além da falta de paz, porque a verdadeira paz nasce da nossa comunhão com a vontade do Senhor. 

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No Evangelho de hoje, como narra são Lucas: "Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então contou-lhes uma parábola..." e concluiu com o seguinte axioma: "Porque quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado”. (Lc 14,11).

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Portanto, caríssimos, não existe estado de graça sem a devida comunhão com o Senhor por meio da Eucaristia, da oração do coração feita no silêncio de nossa mente; da prática da Sua Palavra e das obras de misericórdia. Destarte, fora do estado de graça a alma carrega somente o barulho dos pecados cometidos neste mundo.

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

A FÉ TEÓRICA X FÉ PRÁTICA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 14,1-6)(30/10/20)


Caríssimos, nossa vida é repleta de confrontos seja com nós mesmos, seja com os outros, ou ainda com o maligno e seus seguidores. O fato é que esse confronto é inevitável quer queiramos ou não; todavia, quem segue a via da liberdade divina, se deixa conduzir pelo Espírito Santo, desse modo, faz somente o que agrada de Deus sem medo de ser julgado ou condenado por quem não se deixa conduzir por Ele.

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No Evangelho de hoje mais uma vez Jesus é confrontado pelos Fariseus e Mestres da Lei ao ser convidado pelo chefe da Sinagoga para um jantar em sua casa num dia de sábado. São Lucas nos chama atenção, no seu relato, que eles observam se Jesus curaria um homem que sofria de hidrópisia, com o intuito poder de acusa-lo. 

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Na verdade, esse conflito é entre a prática e a teoria; por um lado os teóricos da Lei com o seu rigorismo em que não existe espaço para a compaixão, a misericórdia e o amor ao próximo; por outro lado, Jesus lhes ensina que a fé verdadeira é prática, isto é, consiste na vivência dessas virtudes que cura, liberta, salva e faz feliz aqueles que Dele se aproximam.

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Ora, também esse nosso tempo não é diferente do tempo de Jesus, pois, o que não falta são os rigoristas de plantão, que com seus julgamentos e condenações, eivados de hipocrisia farisáica e rigorismo mórbido, que criticam acidamente os que não os seguem, e tudo fazem em nome de uma pretensa pureza religiosa, muito distante da caridade de Cristo.

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Portanto, caríssimos, perguntemos à nós mesmos, nesse confronto qual o lado que estamos escolhendo, o da prática regorosa da Lei que julga, critica e condena à tudo e a todos até mesmo o próprio Senhor na pessoa dos seus ministros; ou a fé que realiza a vontade de Deus por meio da compaixão, da misericórdia e do amor ao próximo?

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Destarte, como escreveu são João: "Aquele que afirma permanecer em Jesus deve também viver como ele viveu." (1Jo 2,6). Ora, é isso o que significa ser conduzidos pelo Espírito Santo de Deus.

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

UNIDOS A CRISTO PELO SACRIFÍCIO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 13,31-35)(29/10/20)

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Caríssimos, o sofrimento é uma pedra de tropeço quando este advém dos pecados cometidos; mas, para nós que acreditamos em Jesus, ele é meio para aflorar as virtudes eternas presentes em nossas almas criadas "à imagem e semelhança" de Deus. Ora, Deus poderia nos salvar sem sofrimento algum; mas, por que Ele escolheu essa via como o meio mais eficaz para a nossa salvação?

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A resposta está nestas palavras de Jesus, a Paulo: "Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força." (2Cor 12,9). E ainda na Carta aos Hebreus: "Nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade. Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve." (Hb 5,7-8).

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Com efeito, um exemplo dos sofrimentos do Senhor Jesus vemos no Evangelho de hoje em que Ele sofreu ameaça de morte por parte de Heródes, ao que respondeu: "Ide dizer a essa raposa: eu expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia terminarei o meu trabalho. Entretanto, preciso caminhar hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém."

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De fato, o sofrimento humano é um grande mistério que só pode ser compreendido quando associado aos sofrimentos de Cristo. São Paulo na Carta aos Romanos nos aponta um futuro glorioso infinitamente superior à todos os sofrimentos que aqui padecemos: "Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada. Contanto que soframos com Cristo para que também com Ele sejamos glorificados." (Rm 8,18.17b).

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Portanto, caríssimos, sem dúvida o sofrimento é a grande fraqueza presente em toda criação, mas é também por ele que Deus revela a Sua Onipotência Divina, por meio do Seu Filho amado, nosso Senhor Jesus Cristo, que por sua morte e ressurreição, venceu o pecado, sofrimento e a morte e nos deu a vida eterna. 

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

O REINO DE DEUS É SEMELHANTE A UM GRÃO DE MOSTARDA...

 


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 13,18-21)(27/10/20)

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Caríssimos, vivemos numa constante tensão na espectativa da Parusia, isto é, da segunda vinda de Cristo; e esta liturgial de hoje é toda voltada para o Advento do Reino de Deus, onde não mais existirá o pecado nem o mal e seus desabores; onde veremos Deus face a face como é a Sua Santa Vontade para todos os redimidos (cf. Ap 22,1-7; 1Jo 3,1-3).

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No Evangelho deste dia Jesus nos mostra a que se assemelha o Reino de Deus: “É semelhante ao grão de mostarda, que um homem pega e atira no seu jardim. A semente cresce, torna-se uma grande árvore, e as aves do céu fazem ninhos nos seus ramos”. Depois, o assemelha "ao fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”.

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Comentando esse Evangelho disse o Santo Padre, o Papa Francisco: "O grão de mostarda e o fermento, ambos, são pequenos, parecem inócuos, «mas quando entram em movimento, têm dentro de si um poder que sai e cresce, vai além, até mais do que se possa imaginar». É precisamente «este o mistério do Reino».

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O homem e a criação inteira possuem «as primícias do Espírito», isto é, «a força interna que nos leva em frente e nos dá a esperança» da «plenitude do Reino de Deus». É um «caminho», «que nos leva à plenitude, a esperança de sair da prisão, da limitação, da escravidão, da corrupção, para chegar à glória». 

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A esperança é «um dom do Espírito» que «está dentro de nós e leva a isto: a algo grandioso, a uma libertação, a uma grande glória. E por isso Jesus diz: “Dentro do grão de mostarda, daquela semente pequenina, existe a força que desencadeia um crescimento inimaginável”».

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Eis então a realidade prefigurada pela parábola: «Dentro de nós e na criação — porque vamos juntos rumo à glória — existe uma força que desencadeia: é o Espírito Santo. Aquele que nos dá a esperança». E, acrescentou Francisco, «viver na esperança significa deixar que estas forças do Espírito vão em frente e nos ajudem a crescer rumo a esta plenitude que nos espera na glória». (Papa Francisco, Santa Missa diária Casa Santa Marta).

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Homilia do 30Dom do tempo comum


 

Homilia do 30°Dom do Tempo Comum (Mt 22,34-40)(25/10/20)

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Caríssimos, quem quer seguir o Senhor segundo os próprios critérios, torna-se juíz de tudo e de todos até mesmo do próprio Deus, pondo-o à prova, duvidando do seu amor, do seu poder e de sua divina misericórdia. É isso o que vemos nessa liturgia de hoje, em que Jesus é posto à prova para saberem se realmente conhecia a lei de Deus.

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É como se perguntasse a Deus quem criou o mundo visível e invisível. É como se o interrogasse por quê o bem e o mal existe, ou seja, duvidando que "Somos obra sua, criados em Jesus Cristo para as boas ações, que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos." (Ef 2,10).

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De fato, quando os homens julgam Deus conforme o próprio raciocínio e não segundo aquele que vem da sabedoria do Espírito Santo, termina-o desprezando como se o último critério para aderir ao Seu infinito amor e vivê-lo, fosse humano e não divino. Ora, quem quer impor a Deus a própria vontade morre afundado na lama fétida do egoísmo sem jamais experimentar o Seu infinito amor.

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Portanto, caríssimos, sabemos que o tempo passa e com ele todas as coisas presentes; no entanto, felizes são os que seguem fielmente o Senhor Jesus, pondo em prática a sua Divina Palavra, sem preocupação alguma, porque certos estão dos frutos que dão por permanecerem Nele vivendo em justiça e santidade todos os dias de tua vida neste mundo (cf. Jo 15,1-8).

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria, OFMConv.

A LEI DE DEUS É DOM DE LIBERTAÇÃO E DE CURA


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 13,10-17)(26/10/20)


Caríssimos a vida é a arte de conviver com Deus e com os nossos semelhantes para se chegar ao céu morada de Deus com Seus filhos e filhas. Todos nós temos consciência de quanto é difícil viver num mundo onde os pecados contra Deus e contra o próximo se multiplicam assustadoramente à ponto de se tornar quase impossível a boa convivência.

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De fato, num mundo de fofocas, intrigas e desassossegos, viver em paz é uma dádiva somente possível mediante a prática da Palavra de Deus, pois ela já traz em si o poder para ser cumprida. São Paulo na primeira leitura nos ensina a regra da boa convivência: "Sede bons uns para com os outros, sede compassivos; perdoai-vos mutuamente, como Deus vos perdoou por meio de Cristo."

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No Evangelho de hoje, num dia de sábado Jesus estava ensinando numa Sinagoga; e entre eles havia uma mulher encurvada pela opressão maligna. Após instruir-los Jesus a chamou para o meio e a curou expulsando dela o demônio que a mantinha oprimida. Todavia, o chefe da Sinagoga cheio de raiva o contestou, pois era sábado. No entanto, o Senhor lhes mostrou que o sentido da Lei de Deus é libertar sempre, e jamais oprimir os que a praticam.

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Portanto, caríssimos, a prática da vida em Deus é fundamentada nas virtudes do amor e da misericórdia, bem como nos ensinou são Paulo: "Sede imitadores de Deus, como filhos que ele ama. Vivei no amor, como Cristo nos amou e se entregou a si mesmo a Deus por nós, em oblação e sacrifício de suave odor." Ora, viver assim é fazer acontecer o devir eterno durante o tempo de nossa estadia neste mundo.


Destarte, nesta liturgia de hoje vemos o quanto é injusto tirar da Lei de Deus a compaixão e a caridade para vive-la como letra que oprime, tornando os seres humanos inferiores até mesmo aos animais que também merecem ser bem tratados, pois todos somos criaturas de Deus, como o Senhor Jesus nos ensinou.

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 24 de outubro de 2020

A FIGUEIRA ESTÉRIL...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 13,1-9)(24/10/20)

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Caríssimos, a vida vivida naturalmente é um meio para exercitarmos as virtudes eternas plantadas por Deus em nossas almas ao criar-nos por seu sublime amor. Ora, tudo o que Deus criou é bom, belo e perfeito; mas os homens com seus pecados estão tentando disfazer o que Deus criou com tanto amor, basta olhar todo o mal que se tem espalhado neste mundo.

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No Evangelho de hoje vemos dois acontecimentos desastrosos: o assassinato de alguns galileus por ordem de Pôncio Pilatos e o desabamento da torre de Siloé em que alguns foram esmagados; e a partir dos quais, o Senhor Jesus nos leva à uma profunda reflexão para tirarmos algumas lições para a nossa vida.

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A primeira é esta: todo mau acontecimento tem sua origem no pecado e/ou na falta de atenção às leis naturais, humanas e divinas. A segunda: independente dos maus acontecimentos, todos morrem aos poucos, porque morrer é uma lei natural; todavia, aproveitemos cada momento e nos preparemos para o devir, isto é, o vir a ser eterno, para isso o Senhor nos chama à conversão.

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Mas, o que é converter-se? É tomar consciência de que somos como o pé de figo dessa parábola, ou seja, criados frondosos para darmos frutos de santidade, como é o desejo de Deus, nosso Pai; porém, apesar de seus cuidados e de sua paciência para conosco se permanecermos estéreis, isto é, no pecado, certamente seremos como galhos secos que nada produzem além de cinzas.

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Portanto, caríssimos, escutemos são Pedro: "A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos, em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo", (1Pe 1,15-16). E acrescenta: "Vós sois, uma raça escolhida, um sacerdócio régio, uma nação santa, um povo adquirido para Deus, a fim de que publiqueis o poder daquele que das trevas vos chamou à sua luz maravilhosa’ (1Pe 2,9).

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Destarte, a graça de ser santos nos foi dada por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, porém, o pôr-la em prática cabe somente a cada um de nós, e isso se chama conversão. 

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Paz e Bem.

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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

VIGILÂNCIA E PERSEVERANÇA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 12,39-48)(21/10/20)


Caríssimos, o Evangelho de hoje é a continuidade do de ontem, e nele Jesus repete o tema da vigilância, mas acrescenta um novo que é fundamental para nós que estamos à caminho da eternidade; trata-se da fidelidade à graça da salvação, à qual o Senhor se refere dizendo: "À quem muito foi dado, muito será exigido." Pois, foi para a liberdade que Cristo nos libertou (cf. Gl 5,1), e não para sermos escravos do pecado, por isso, a importância da vigilância para se guardar o depósito da fé (cf. 2Tm 1,14).

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É certo que de nós mesmos não temos o poder para mudar as pessoas e os acontecimentos, pois, esse poder pertence somente a Deus; mas de acordo com essa liturgia a fé que recebemos no batismo comporta em si o poder de Deus capaz de transportar montanhas e transformar qualquer situação como o Senhor nos ensinou: "Tudo é possível ao que crê." (Mc 9,23b).

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Discorrendo sobre esses dois temas, disse o Santo Padre, o Papa Francisco: "No Evangelho de hoje, Jesus chama os seus discípulos a uma vigilância constante. Por quê? Para sentir a passagem de Deus pela própria vida, porque Deus passa continuamente pela vida. E indica as formas como viver bem esta vigilância: «Estejam apertados os vossos cintos e acesas as vossas lâmpadas». 

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Este é o caminho. Antes de mais nada, «estejam apertados os cintos», uma imagem que recorda a atitude do peregrino, pronto para se pôr a caminho. Não se trata de lançar raízes em residências confortáveis e tranquilizadoras, mas de nos abandonarmos a nós mesmos, de nos abrirmos com simplicidade e confiança à passagem de Deus nas nossas vidas, à vontade de Deus, que nos guia para a meta seguinte. 

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O Senhor caminha sempre conosco e acompanha-nos muitas vezes com a mão, para nos guiar, para não nos enganarmos neste caminho difícil. Com efeito, quem confia em Deus sabe bem que a vida de fé não é algo estático, mas dinâmico! A vida de fé é um percurso contínuo, que leva a etapas sempre novas, indicadas pelo próprio Senhor dia após dia. Porque Ele é o Senhor das surpresas, o Senhor das novidades, mas das novidades verdadeiras." 

(Papa Francisco, Angelus, 11/08/19)

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.


PARA QUE TODOS SEJAM UM...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 12,49-53)(22/10/20)

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Caríssimos, esta liturgia de hoje nos põe diante de uma das passagens bíblicas de mais difícil compreensão, de tal forma que somente a sabedoria do Espírito Santo nos faz compreender o que Jesus nos diz: "Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão." Ora, na nossa pequenez como entender que "o Príncipe da paz," o Salvador da humanidade veio trazer divisão?

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O Senhor mesmo responde à essa pergunta: "Quem não está comigo está contra mim; e quem não ajunta comigo, espalha." (Mt 12,30). Ou seja, o ideal é que todas as pessoas estivessem com Jesus para não haver divisão, mas nem sempre é assim, basta perceber que até mesmo os que dizem estar com Cristo muitas vezes pecam contra a caridade fraterna.

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Porém, quando eliminamos o julgamento de valor de nossa mente, então entra a caridade fraterna que perdoa sempre, que ama sempre, para assim não haver divisão, como nos ensinou são Paulo: "A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." (1Cor 13,4-7).

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Portanto, caríssimos, escutemos o Senhor na sua oração sacerdotal na qual nos revela o Seu desejo: "Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim. Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste.

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Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim." (Jo 17,20-23). Destarte, os que vivem em estado de graça, isto é, em constante comunhão com Jesus nunca divide porque são habitados pela unidade da Santíssima Trindade.

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 20 de outubro de 2020

A VIGILÂNCIA E A ALEGRIA DO ENCONTRO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 12,35-38)(20/10/20)

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Caríssimos, o nosso viver neste mundo é uma projeção do que viveremos eternamente, pois, é aqui que o Senhor em Seu infinito amor nos concede todas as graças necessárias para a nossa salvação. No entanto, é vivendo conforme a Sua vontade que obtemos essas graças, pois, a obediência ao seus preceitos nos leva a dar frutos de vida eterna. 

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Como vimos nas leituras de hoje a vigilância é o tema à ser meditado, e ser vigilante é não se descuidar do que diz respeito à vivência da fé; é não se deixar enganar pelas tentações e artimanhas do maligno, mas expulsa-las assim que chegue à nossa mente; é permanecer perseverante até o fim no cumprimento dos desígnios do Senhor, que se traduz em amar a Deus e amar-nos uns aos outros. 

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Comentando sobre a vigilância e o encontro com o Senhor, disse o Santo Padre, o Papa Francisco: "O Evangelho recomenda que sejam como servos que nunca dormem, até que o patrão volte. Este mundo exige a nossa responsabilidade, e nós devemos assumi-la totalmente com amor. Jesus quer que a nossa existência seja laboriosa, que nunca abaixemos a guarda, para acolher com gratidão e admiração cada novo dia que Deus nos concede.

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Cada manhã é uma página branca que o cristão começa a escrever com obras de bem. Já fomos salvos pela redenção de Jesus, mas agora estamos à espera da manifestação plena do seu senhorio: quando finalmente Deus será tudo em todos (cf. 1 Cor 15, 28).

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Nada é mais certo, na fé dos cristãos, do que este “encontro”, este encontro com o Senhor, quando Ele voltar. E quando este dia chegar, nós cristãos queremos ser como aqueles servos que passaram a noite com os rins cingidos e as lâmpadas acesas: é preciso estar prontos para a salvação que chega, prontos ao encontro. Pensastes como será aquele encontro com Jesus quando Ele vier? Mas será um abraço, uma alegria enorme, uma grande alegria! Devemos viver na expetativa deste encontro!"

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

30º Domingo Comum - Ano A

 

30º Domingo Comum

O Maior Mandamento do Discipulado

Mateus 22.34-40

 

É mais fácil amar a Deus ou amar o próximo?

Porque quem ama cumpre todos os Mandamentos?

Porque toda Lei e os profetas dependem do Mandamento do Amor?

 

30º Domingo Comum – Ano A: O Senhor nos desafia a viver o carisma principal do Evangelho: Amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos. Este é o desafio para vivermos integralmente toda a Lei e os profetas. Nossa missão como Comunidade da Fé é viver estes dois princípios em todas as áreas de nossa vida. Este é o caminho de santidade.    

 

I. O que o Evangelho diz?

Os fariseus se reúnem para conseguir calar o Senhor Jesus. Eles sabiam que Jesus havia silenciado os saduceus, por isso se reuniram em conselho. 

Escolheram o fariseu mais preparado: um profissional da Lei, um jurista, um intérprete da Lei.

Como existem 613 mandamentos ou 613 mitzvot na Torá (Torá ou Pentateuco são os cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levitico, Números e Deuteronômio), o interprete da Lei, para colocar Jesus em prova pergunta (36): “Mestre, qual é o grande mandamento na Lei”?

O Senhor cita dois que estão em Deuteronômio 6.5 e Levítico 19.18.

Jesus diz que o “grande e primeiro mandamento” é: “Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento.”  (Deuteronômio 6.5). Demonstrando que é impossível manifestar qualquer tipo de amor verdadeiro sem este primeiro e grande mandamento. Ninguém consegue amar o próximo sem primeiro amar o Senhor.

O Senhor ensina que o segundo é semelhante a este por que caminha no mesmo trilho do amor: “Ame o seu próximo como você ama a si mesmo” (Levítico 19.18). 

Se a pessoa viver este dois mandamentos conseguirá praticar todos os 613; pois os outros são baseados no relacionamento a Deus e ao próximo.

Por isso o Senhor Jesus conclui (40): “Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”.

  

II. O que o Evangelho me diz?

·         A meta da minha vida precisa ser o amor.

·         Preciso de Jesus em meu coração para conseguir amar a Deus com todo o coração, de toda a alma e de todo o meu entendimento.

·         Amar a Deus é o caminho que me leva a amar o meu próximo. Este é o grande e primeiro mandamento.

·         Amar o próximo é a consequência natural de amar a Deus.

·         Preciso amar o próximo como eu amo a mim mesmo.

·         Tenho amor, zelo e cuidado pela minha vida e preciso estender este amor ao meu próximo.

·         Com a pratica do amor conseguirei viver todos os mandamentos do Senhor.

·         O amor é o único caminho de santidade que funciona.

·         Minha relação com a Igreja é motivada pelo meu amor a Deus e minha relação com as pessoas é motivada pelo amor ao próximo. Este é o principio espiritual do discipulado relacional.

 

III. Qual o compromisso que assumirei?

Depois deste estudo, qual o compromisso que assumirei com Deus?

Onde posso melhorar?

 

IV. O que digo a Deus depois da meditação neste Evangelho?

            Senhor. Preciso da graça do amor de Deus em minha vida. Com Jesus conseguirei viver o principio do amor e no amor conseguirei praticar e viver todos os Teus Mandamentos. Ajuda-me a amar a Deus com todo coração, alma e entendimento. Ajuda-me a amar o próximo com a mim mesmo. Por Jesus Cristo, nosso Senhor, na unidade do Espírito Santo. Um só Deus agora e sempre. Amém.

 

Frase da Semana: Sou chamado para caminhar no amor. Não existe outro caminho de santidade.

 

Versículo para guardar no coração: “Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento.”  Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: “Ame o seu próximo como você ama a si mesmo.” (Mateus 22.37,38,39).

 

 

 

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

CUIDADO COM A GANÂNCIA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 12,13-21)(19/10/20)

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Caríssimos, olhando ao nosso redor os bens materiais que vemos revelam a grandeza, a beleza e a sabedoria de Deus que os criou por amor, mas não como um fim em si mesmos. O fato é que muitos buscam preencher suas vidas com esses bens passageiros como se eles fossem o único sentido da vida, se esquecendo de que sem a presença do Senhor, tudo isso não passa de cinza.

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Com efeito, é impossível pensar a vida sem a Fonte da vida, que é Cristo, pois somente Ele preenche o vazio existencial que o apego aos bens materiais deixa cada vez que se comete esse pecado. De fato, a ganância é um veneno espiritual que tem matado à muitos, pois vem acompanhada do egoísmo, do acúmulo desnecessário e da luta fratricida.

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No Evangelho de hoje um homem pede a Jesus: "Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”. Jesus respondeu: “Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?” E disse-lhes: “Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”.

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Comentando esse Evangelho disse o Santo Padre, o Papa Francisco: "Hoje Jesus convida-nos a considerar que as riquezas podem aprisionar o coração e desvia-lo do verdadeiro tesouro que está no céu. São Paulo também nos recorda isso, diz ele: «Procurai as coisas do céu... dirigi os vossos pensamentos para as coisas do céu, não para as da terra» (Cl 3, 1-2).

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Isto — compreende-se — não significa afastar-se da realidade, mas procurar o que tem valor verdadeiro: justiça, solidariedade, acolhimento, fraternidade, paz, tudo o que constitui a verdadeira dignidade do homem. Trata-se de se orientar para uma existência vivida não no estilo mundano, mas segundo o estilo evangélico: amar a Deus com todo o nosso ser e amar o próximo como Jesus o amou, isto é, no serviço e no dom de si mesmo."

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 18 de outubro de 2020

DAÍ A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR E A DEUS O QUE É DE DEUS...


 Homilia do 29°Dom do tempo comum (Mt 22,15-21)(18/10/20)


Caríssimos felizes os filhos e filhas de Deus que se põem sob a sua proteção e nunca o contestam por nada desta mundo, porque sabem que Ele é a única Fonte de vida eterna. Bem como escreveu são Tiago: "Toda dádiva boa e todo dom perfeito vêm de cima: descem do Pai das luzes, no qual não há mudança, nem mesmo aparência de instabilidade." (Tg 1,17).

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Na segunda leitura são Paulo nos mostra que as virtudes teologias: fé, esperança e caridade, são graças advindas do Espírito Santo que nos santifica à medida que as cultivamos no viver nosso de cada dia. Pela fé fazemos acontecer as Palavras de Jesus como Ele mesmo disse: "Tudo é possível ao que crê." 

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Com efeito, é essa virtude que firma a nossa esperança na vida eterna, como vemos na Carta aos Hebreus: "A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê." (Hb 11,1). Ora, sem a virtude da esperança a vida natural perderia o sentido de ser, pois tudo terminaria com a morte.

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No entanto, por essa virtude compreendemos que a morte natural na verdade é o início da vida eterna. Já a virtude da caridade é o esplendor e coroamento de todas as virtudes, pois é ela que nos identifica como Imagem e semelhança de Deus, que é amor. 

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No Evangelho de hoje os poderes religioso e político, representados pelos Fariseus e herodianos, se juntam para pôr Jesus à prova para condena-lo. Disseram eles: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências. Dize-nos, pois, o que pensas: É lícito ou não pagar imposto a César?”

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Jesus percebeu a maldade deles e disse: “Hipócritas! Por que me preparais uma armadilha? Mostrai-me a moeda do imposto!” Levaram-lhe então a moeda. E Jesus disse: “De quem é a figura e a inscrição desta moeda?” Eles responderam: “De César”. Jesus então lhes disse: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”

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Portanto, caríssimos, por esse Evangelho Jesus nos ensina que todos aqueles que servem ao maligno usam de suas artimanhas para julgar e condenar os inocentes; todavia, o Senhor nos auxilia sempre com a sua sabedoria para não caírmos em tais artimanhas.

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

A FÉ E A COMUNHÃO COM O SENHOR...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 12,8-12)(17/10/20)


Caríssimos, o batismo que recebemos nos uniu ao Senhor Jesus para sermos um só com Ele e formarmos a unidade do Seu corpo que é a Igreja, para assim, darmos o testemunho da Sua presença em nosso meio. São Paulo na primeira leitura sente uma grande alegria ao receber a notícia da comunhão fraterna que os cristãos de Éfeso vivam como sinal da presença de Cristo entre eles.

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Sabemos bem que todo espírito de divisão é obra do malígno que semeia o joio da discórdia, dos falsos juízos, das calúnias e todo tipo de maldade para que não haja paz nem unidade na vivência da fé. Todavia, nesse Evangelho de hoje Jesus nos ensina duas atitudes que nos ajuda à dissipar as ações maléficas, são elas: a autenticidade da vivência da fé e do testemunho que damos da sua presença em nosso meio.

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A primeira atitude consiste em viver a fé sem jamais nega-la; por palavras e atos no cumprimento de nossa missão, como nos ensinou são Pedro: "À maneira de filhos obedientes, já não vos amoldeis aos desejos que tínheis antes, no tempo da vossa ignorância. A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo (Lv 11,44), (1Pd 1,14-16).

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A segunda, consiste em conhecer que o autêntico testemunho do Senhor nasce da nossa união com Ele como os ramos estão unidos à videira e dependem da sua seiva para darem frutos. Desse modo, unidos ao Senhor pela Santa Eucaristia, pela prática da Sua Palavra e a vivência da comunhão fraterna formamos a unidade do Seu Corpo, a Igreja, cujos frutos são o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.

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Discorrendo à esse respeito, disse o Santo Padre, o Papa Francisco: "Irmãos e irmãs, todos nós somos pobres pecadores, necessitados da misericórdia de Deus, que tem a força de nos transformar e restituir esperança, e isto todos os dias. E fá-lo! E às pessoas que entenderam esta verdade basilar, Deus confia a missão mais bonita do mundo, ou seja, o amor aos irmãos e às irmãs, e o anúncio de uma misericórdia que Ele não nega a ninguém."

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.
 

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

O FERMENTO PODRE DA HIPOCRISIA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Lc 11,47-54)(16/10/20)

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Caríssimos, quem se confia ao Senhor Jesus sabe o quanto é maravilhoso permanecer em estado de graça que nasce da obediência à Sua Divina Palavra meditada ou inspirada no dom da oração e posta em prática. São Paulo na primeira leitura nos ensina que somos herdeiros de Deus em Cristo, e que Nele fomos perdoados para permanessermos fiéis até o fim às suas promessas.

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No Evangelho de hoje ouvimos Jesus dizer: “Tomai cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido. Portanto, tudo o que tiverdes dito na escuridão, será ouvido à luz do dia; e o que tiverdes pronunciado ao pé do ouvido, no quarto, será proclamado sobre os telhados."

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Ora, dessa Palavra de Jesus nasce o discernimento do que realmente é a vontade de Deus e como devemos vive-la autenticamente; e também o que é a hipocrisia à qual devemos rejeita-la totalmente, pois, é dela que brota a arrogância, as mentiras e todo tipo de falcatruas que tenta impedir o verdadeiro testemunho da fé.

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De fato, todo hipócrita pensa conhecer as Sagradas Escrituras mais que os outros e nunca admite seus erros; geralmente se sentem intocáveis e quando são contestados se enchem de ódio e rancor e passam a perseguir seus contestadores por mais inocentes que sejam, pois, sua prática de vida tem como fundamento o falso testemunho, ou seja, a incoerência.

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Portanto, caríssimos, se percebermos em nós qualquer tentação nesse sentido, combatamos firmemente e expulsemos de nossas mentes esse fermento pobre que nada mais é do que um estorvo para as almas que são fermentadas por ele.

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

A FÉ QUE LIMITA O AMOR DE DEUS SE TRANSFORMA EM IDEOLOGIA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 11,47-54)(15/10/20)

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Caríssimos o dom de crê nunca limita o poder e a ação de Deus que realiza a nossa salvação pela gratuidade do Seu infinito amor por meio do Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. A fé que tenta reduzir a gratuidade do amor de Deus, que tenta reduzir o horizonte da sua infinita misericórdia, se transforma em ideologia que exclui aqueles que não comungam com suas normas discriminatórias.

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No Evangelho de hoje Jesus chama a atenção dos doutores da lei lhes mostrando o quanto é nocivo transformar a fé em ideologia, pois desse modo a vida passa a ser regida não pela vontade de Deus, mas sim pela falsa interpretação que se faz dela de tal forma que exclui da salvação eterna a maioria à quem ela se destina.

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Discorrendo sobre esse tema disse o Santo Padre, o Papa Francisco: "É por isso que o próprio Jesus pode parecer um pouco implacável contra os doutores da lei, aos quais dirige palavras fortes, muito duras: “Vós apoderastes-vos da chave do saber, não entrastes e impedistes quantos queriam entrar, porque vos apoderastes da chave”, ou seja, da chave da gratuidade da salvação, deste conhecimento.


Com efeito, estes doutores da lei pensavam que só se pudessem salvar respeitando todos os mandamentos, enquanto quem não agia assim estava condenado. Na prática, disse Francisco com uma imagem muito evocativa, «reduziam os horizontes de Deus, tornando o amor de Deus pequeno, pequeno, pequeno, à medida de cada um de nós."

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Por fim, disse o Santo Padre: "Far-nos-á bem perguntar-nos: creio que o Senhor me salvou gratuitamente? Creio que não mereço a salvação? E se mereço algo, é por meio de Jesus Cristo e do que Ele fez por mim? E uma boa pergunta: creio na gratuidade da salvação? Enfim, creio que a única resposta é o amor, o mandamento do amor, do qual Jesus diz que nele estão reunidos os ensinamentos de todos os profetas e toda a lei?


Daqui o convite conclusivo a renovar hoje estas perguntas. Somente assim seremos fiéis a este amor tão misericordioso: amor de pai e mãe, porque também Deus diz que é como mãe para nós; amor, horizontes amplos, ilimitados. E não nos deixemos enganar pelos doutores que limitam este amor."

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

CUIDADO COM O ZELO DOENTIO...

 


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 11,42-46)(14/10/20)
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Caríssimos, existem duas espécies de zelos pelos quais nos situamos na vida; o primeiro é carnal vindo da própria vontade com o qual se julga e se condena o próximo por não viver de acordo com os critérios desse zelo doentio. O segundo nasce da misericórdia e do amor com que Deus nos trata e nos dá a graça de tratar de igual modo os outros.
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No Evangelho de hoje Jesus usa uma expressão para muitos dura de mais no trato com os fariseus: "Aí de vós..."; todavia, é uma expressão usada para lamentar a perda dos que enveredam pela via do "zelo amargo" no trato com o próximo lhes censurando e condenando por não seguirem seus critérios.
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Com efeito, animados pelo zelo doentio, "os Fariseus perseguiam o Senhor, colocando-Lhe perguntas insidiosas, preparando-Lhe armadilhas e emboscadas, não tendo interesse em conhecer a verdade, mas apenas em apanhar Cristo em alguma falta. Vede como O pressionam, como O provocam a condenar a mulher adúltera: «Moisés ordenou-nos que lapidássemos esta mulher; e Tu, Mestre, que dizes?» (Jo 8,5).
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Vede como Lhe censuram o fato de fazer curas no sábado (cf Lc 6,7); como criticam os discípulos por apanharem espigas no dia do repouso (cf Mt 12,2); como se escandalizam ao verem que o divino Mestre come com publicanos e pecadores (cf Mt 9,2): são tudo manifestações deste «zelo amargo», tantas vezes acompanhado de hipocrisia."(Beato Columba Marmion).
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Portanto, caríssimos, longe de nós sermos coniventes com os pecados praticados neste mundo, pois não nos convém; entretanto, renovemos o desejo da salvação nossa e de todos, porém, sem jamais usar o "zelo amargo" que não leva em conta o amor e a misericórdia do Senhor, por se ater aos próprios critérios como se eles fossem a única regra de salvação a ser seguida.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 13 de outubro de 2020

O PERIGO DE SE VIVER DE APARÊNCIAS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 11,37-41)(13/10 /20)

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Caríssimos os conflitos externos que enfrentamos no dia a dia nascem dos conflitos internos que travamos dentro de nós; numa de suas admoestações são Francisco de Assis disse: "Teu pior inimigo és tu mesmo, vencer-te a ti mesmo e vencerás todos os inimigos visíveis e invisíveis." Mas isso só é possível com o auxílio da graça de Deus.

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De fato, temos a tendência ou sofremos a tentação de vivermos de aparências e isso em tudo o que empreendemos inclusive no que diz respeito à fé. E com isso muitos se esquecem que o tempo presente nos foi dado para nos prepararmos para a eternidade que temos pela frente após a nossa morte natural.

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No Evangelho de hoje um fariseu convidou Jesus para uma refeição na sua casa, mas logo aproveitou a ocasião para julga-lo por ter sentado à mesa sem ter lavado as mãos. Ao que o Senhor observou: “Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades. Insensatos! Aquele que fez o exterior não fez também o interior? Antes, dai esmola do que vós possuís e tudo ficará puro para vós”.

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Com efeito, nessa fala Jesus nos dá a conhecer três atitudes que nos ajudam a dar um verdadeiro testemunho de fé traduzindo-a num bem para todos. Primeira, conhecer qual o real motivo de nossas ações. Que não seja para julgar o próximo. Segunda, examinarmos o nosso estado de alma para não faltarmos a caridade para com o próximo. E por fim, a prática das obras de misericórdia que cobre uma multidão de pecados (cf. 1Pd 4,8).

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Portanto, caríssimos, viver não é apenas um ser e estar no mundo, mas, para todos os batizados é a realização do Plano de Deus para a salvação de todos, por uma vida de santidade e justiça ao pormos em prática as Palavras de nosso Senhor Jesus Cristo como testemunhas de sua ressurreição no seio da Santa Igreja.

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

VIVA A MÃE DE DEUS E NOSSA!

Solenidade de N.S. Aparecida (Jo 2,1-11)(12/10/20)

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Caríssimos, hoje a Igreja do Brasil celebra solenemente a Sua Padroeira, Nossa Senhora da Conceição Aparecida. E essa graça é causa de grande alegria para todos os brasileiros, seus filhos e filhas. Ora, como Seu Filho, Jesus Cristo, nós a amamos e a exaltamos tal qual meditamos em sua profecia: "A minh'alma engrandece o Senhor e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador; pois, ele viu a pequenez de sua serva, desde agora as gerações hão de chamar-me de bendita."

Com efeito, por ocasião da Da Dedicação da Basílica Nacional de Aparecida, no ano de 1980, são João Paulo II, fez uma belíssima homilia da qual separei algumas partes, disse ele: "Maria, a Mãe de Deus, é modelo para a Igreja, é Mãe para os remidos. Por sua adesão pronta e incondicional à vontade divina que lhe foi revelada, torna-se Mãe do Redentor, com uma participação íntima e toda especial na história da salvação. Pelos méritos de seu Filho, é Imaculada em sua Conceição, concebida sem a mancha original, preservada do pecado e cheia de graça."

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Maria nos leva a Cristo, como afirma com precisão o Concílio Vaticano II: “A função maternal de Maria, em relação aos homens, de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; antes, manifesta a sua eficácia. E de nenhum modo impede o contato imediato dos fiéis com Cristo, antes o favorece”.

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Mãe da Igreja, a Virgem Santíssima tem uma presença singular na vida e na ação desta mesma Igreja. Por isso mesmo, a Igreja tem os olhos sempre voltados para aquela que, permanecendo virgem, gerou, por obra do Espírito Santo, o Verbo feito carne. Qual é a missão da Igreja senão a de fazer nascer o Cristo no coração dos fiéis, pela ação do mesmo Espírito Santo, através da evangelização?

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A devoção a Maria é fonte de vida cristã profunda, é fonte de compromisso com Deus e com os irmãos. Permanecei na escola de Maria, escutai a sua voz, segui os seus exemplos. Como ouvimos no Evangelho, ela nos orienta para Jesus: Fazei o que ele vos disser (Jo 2,5). E, como outrora em Caná da Galiléia, encaminha ao Filho as dificuldades dos homens, obtendo dele as graças desejadas. 


Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria

 

domingo, 11 de outubro de 2020

O BANQUETE NUPCIAL DO CORDEIRO...


 Homilia do 28°Dom do tempo comum ((Mt 22,1-14)(11/10/20)


Caríssimos a liturgia deste domingo é um belíssimo convite que Deus nos faz para o banquete eterno das núpcias do Seu Filho amado, nosso Senhor Jesus Cristo. Na primeira leitura, por meio do Profeta Isaías, o Senhor aguça a nossa esperança nos mostrando o que tem preparado para aqueles que o amam e aceitam o seu convite.

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No Evangelho de hoje Jesus conta a seguinte parábola: “O Reino dos Céus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho. E mandou os seus empregados para chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram ir. O rei mandou outros empregados, dizendo: ‘Dizei aos convidados: 'Já está tudo pronto, vinde para a festa!’ Mas os convidados não deram a menor atenção: um foi para o seu campo, outro para os seus negócios, outros agarraram os empregados, bateram neles e os mataram."

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Com efeito, fazendo uma analogia dessa parábola com o nosso viver neste mundo percebemos que todos sem exceção são convidados do Senhor para participar do banquete do Seu Filho nos Reino dos céus; mas muitos por causa dos interesses mesquinhos, do apego material e do tempo perdido com futilidades e tantos outros pecados não aceitam o Seu convite.

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Portanto, caríssimos, de uma coisa fiquemos certos, a cada momento vivido nos aproximamos do dia eterno da realização do banquete nupcial do Cordeiro de Deus; a pergunta que nos devemos fazer é esta: estamos preparados para entrarmos no Seu festim real ou estamos perdendo tempo com as distrações deste mundo?

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Destarte, escutemos o Senhor: "Não seles o texto profético deste livro, porque o momento está próximo. O injusto faça ainda injustiças, o impuro pratique impurezas. Mas o justo faça a justiça e o santo santifique-se ainda mais. Eis que venho em breve, e a minha recompensa está comigo, para dar a cada um conforme as suas obras." (Ap 22,10-12).

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 10 de outubro de 2020

A ÚNICA REGRA QUE NOS CONDUZ À VIDA ETERNA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 11,27-28)(10/10/29)

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Caríssimos quando o elogio não chega ao essencial, é preciso corrigi-lo até que chegue a ele e sirva de exemplo para todos. É isso o que vimos no Evangelho de hoje em que uma mulher do meio multidão diz a Jesus: “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram”. Ao que o Senhor acrescentou: "Muito mais felizes são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática”.

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Todavia, alguém poderá perguntar, mas como guardar a Palavra de Deus? Exatamente como Jesus está dizendo, ou seja, como sua Mãe a guardou na arca santa do seu ventre, isto é, com a sua vida, obedecendo em tudo à vontade do Pai. Aliás, Ele também o disse: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada." (Jo 14,23).

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O santo Padre, o Papa Francisco, referindo-se à essa passagem bíblica, exortou: "Conserva, pois, a Palavra de Deus como fazes com os alimentos [...], já que se trata do «Pão da vida» (Jo 6,35), do verdadeiro sustento da alma. [...] Guarda também tu a Palavra de Deus, porque são bem-aventurados os que a guardam (cf. Lc 11,27). Guarda-a de tal modo que ela entre no mais íntimo da tua alma e penetre em todos os teus sentimentos e costumes. Alimenta-te deste bem e a tua alma deleitar-se-á na abundância.

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Não te esqueças de comer o teu pão, não suceda que desfaleça o teu coração; pelo contrário, sacia a tua alma com este manjar delicioso. E, se assim guardares a Palavra de Deus, certamente ela te guardará a ti. Virá a ti o Filho em companhia do Pai, virá o grande Profeta que reedificará Jerusalém e renovará todas as coisas (cf At 3,22; Jl 4,1; Ap 21,5)."

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Portanto, caríssimos, todos os dias escutamos muitas palavras, mas nenhuma delas se compara à Palavra de Deus, uma vez que somente Ela tem o poder de santificar as nossas almas quando a pomos em prática, porque, de fato, a Sua Santa Palavra é a única regra que nos conduz a vida eterna.

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

O PODER DO SACRIFÍCIO DE CRISTO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 11,15-26)(09/10/20)


Caríssimos a luta contra o maligno é uma realidade comprovada dentro de nós mesmos; esse combate espiritual tem seu campo de batalha em nossa mente, por onde passam os pensamentos vãos, desordenados e estranhos em forma de tentações querendo impedir e destruir o nosso relacionamento com Deus, com o próximo e com nós mesmos.

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No Evangelho de hoje Jesus nos mostra que Ele é o homem forte da parábola que guarda a casa das nossas almas quando Nele confiamos e entregamos tudo o que somos e vivemos; por outro lado, quem julga o Senhor não comunga com a sua vontade salvífica, por isso, pedem sinais e milagres como se esse fosse o sentido de sua missão. De fato, como mostrou o Senhor, engana-se quem pensa assim.

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Com efeito, as armas espirituais que o Senhor dispôs a nosso favor para não sucumbirmos nessa guerra quase que constante, são estas: a oração mental, a Palavra de Deus meditada e posta em pratica; os santos Sacramentos em especial a reconciliação e a Eucaristia; a prática das virtudes da obediência, amor, misericórdia, perdão; a paciência em suportar os que agem perversamente; a penitência e a humildade. Ora, o uso dessas armas nos fortalece na fé e na luta contra o pecado impedindo as ações do inimigo de nossas almas. (cf. 1Pd 5,8-9).

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Portanto, caríssimos, o único poder que aniquila por completo o poder do inferno, é o poder de Deus que age por meio do sacrifício do Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, à quem foi dado todo poder sobre o céu e sobre a terra (cf. Mt 28,18).

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Destarte, escutemos são Paulo: "Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor." (Fl 2,9-11).

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

O DOM DA ORAÇÃO E AS VIRTUDES DO ORANTE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA 

(Lc 11,5-13)(08/10/20)

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Caríssimos, a oração é o refrigério da alma, ela é como o ar que respiramos, de tal forma que sem ela a alma vive sufocada. Muitos entendem a oração como uma fábrica de pedidos e de supressão de necessidades, e não como um relacionamento com Deus, nosso Pai. De fato, a oração é convivência permanente com o Senhor a partir do mais íntimo de nós mesmos.

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No nosso dia a dia a oração toma formas diferentes especialmente nos relacionamentos interpessoais, desse modo, ela é amizade, humorismo, conquistas, gentileza, lealdade, bem-estar; e na vivência da fé ela se traduz pelas virtudes cultivadas nas relações com Deus e seus anjos e santos. 

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Com efeito, no Evangelho de Lucas lemos essa linda expressão a respeito da perseverança na oração: "Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de faze-lo." (Lc 18,1). Ora, quem vive em comunhão com o Senhor pelo dom da oração, sabe o quanto é bom viver na sua presença praticando aquilo que lhe agrada.

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No Evangelho de hoje Jesus nos ensina as três atitudes que devemos cultivar no nosso relacionamento com Deus: "Portanto, eu vos digo: pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Pois quem pede recebe; quem procura encontra; e, para quem bate, se abrirá." Ou seja, essas virtudes se chamam confiança inabalável, perseverança e amor incondicional.

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Portanto, caríssimos, como são Paulo nos ensinou: "Orai sem cessar." (1Tss 5,17). Esse é o estado de alma em que jamais esquecemos de Deus, mesmo quando não apresentamos o real propósito da oração que é a nossa plena comunhão com Ele; pois, o Senhor se lembra sempre dos que o buscam e os atende como Jesus nos ensinou no Evangelho de hoje. 

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

O DOM DA ORAÇÃO É O ESPAÇO SAGRADO ONDE ENCONTRAMOS O SENHOR...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Lc 1,26-38)(07/10/20)

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Caríssimos o dom da oração é o espaço sagrado onde encontramos o Senhor; e esse encontro requer silêncio, escuta, diálogo. Ora, Deus criou todas as coisas e Se faz sempre presente junto à nós seus filhos e filhas; Ele que criou nossos sentidos nos escuta e nos responde; e tudo isso fez por Sua Divina Palavra, que nos comunica, basta que façamos silêncio nos pensamentos para acolhe-la. 

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No Evangelho de hoje Jesus nos ensina o modo como devemos encontrar o Pai, ensinando-nos a oração do Pai nosso. De fato, quando encontramos alguém famoso de nossa sociedade ficamos como que sem palavras, e quando aquele momento passa, dizemos: "a ficha ainda não caiu", isto é, ainda estamos estupefatos, surpresos, maravilhados, etc. 

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Com muito mais razão assim também deve ser o nosso encontro com Deus, nosso Pai celestial, nosso Sumo Bem, por meio da nossa oração, pois, é por ela que Ele nos comunica o Seu amor, a Sua benevolência, a Sua Santa Vontade. Porém, cabe a nós, nos predispor, nos entregar e deixar acontecer o Seu querer e executar para Nele permanecermos.

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A Igreja hoje celebra a memória de nossa Senhora do Rosário. Ora, toda oração é encontro, por isso, ao rezarmos o santo Rosário celebramos o encontro do Arcanjo Gabriel com Maria Santíssima, ele que veio do céu para anunciar o nascimento de Jesus, o Filho amado de Deus, o Emanuel (Deus conosco), gerado no seu santo ventre por obra e graça do Espírito Santo. É no Santo Rosário que encontramos a Santíssima Trindade e em comunhão com Maria, nossa mãe, meditamos os mistérios da nossa salvação.

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Portanto, caríssimos, todas as ações divinas acontecem pela oração; todas as graças são derramadas em nossas almas pela oração. Desse modo, a nossa oração é um ato de amor a Deus sobre todas as coisas, porque não buscamos as coisas, mas a Ele mesmo e todas as graças e bênçãos, como Jesus nos ensinou.

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

COMO ACOLHER O SENHOR EM NOSSAS ALMAS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 10,38-42)(06/10/20)

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Caríssimos todos os homens têm suas convicções e no mais das vezes querem impo-las aos demais; ora, e são dessas imposições que nascem os conflitos, as guerras e todo o mal que praticam nelas, e isso por se acharem donos da verdade, quando, de fato, a Verdade é somente Cristo e o amor com que nos ama e nos ensina a amar. 

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Com efeito, toda convicção que não leva a Cristo, não passa de precipício mortal; porém, quando há conversão tudo muda. É isso o que nos ensina a primeira leitura, em que Paulo, à princípio guiado por suas próprias convicções, tornou-se um terrível perseguidor da Igreja; todavia, chamado pelo Senhor, se converteu e tornou-se o grande Apóstolo que conhecemos. Ou seja, a graça divina superou sua fraqueza lhe transformando num homem novo.

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O Evangelho de hoje nos revela o modo como acolhemos Jesus em nossas almas e como nos comportamos diante Dele. Trata da hospedagem que as irmãs Marta e Maria ofereceram ao Senhor. Marta, toda agitada não lhe fez uma boa recepção, por reclamar muito e ser exigente; Maria, ao contrário, senta-se calmamente aos Seus pés e o escuta atentamente; e à essa atitude, diz o Senhor: "Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”.

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Portanto, caríssimos, meditemos com atenção o que diz o Senhor no Apocalipse de são João: "Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo." (Ap 3,20). E então, qual a nossa atitude diante dessa palavra de Jesus? 

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Para entendermos melhor qual deve ser a nossa atitude interior e exterior no acolhimento do Senhor, não nos esqueçamos que o único sentido de nossa vida neste mundo é a realização do Reino de Deus e de Sua Justiça; para isso escutemos atentamente o Senhor e ponhamos em prática a Sua Divina Palavra.

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 10,25-37)(05/10/20)


Caríssimos a vivência autêntica da fé é traduzida pelas graças recebidas e partilhadas; mas isso só é possível mediante a prática da Palavra do Senhor que já contém em si o poder que nos move à vive-la autenticamente. Sem dúvida Deus criou todas as coisas dentro de uma ordem precisa para que não haja desordem nem confusão no nosso modo de ser e estar no mundo.

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Na primeira leitura de hoje são Paulo mostra aos Gálatas que o Evangelho de Jesus está sendo adulterado e já revela o resultado nefasto desse desvario: "Irmãos, admiro-me de terdes abandonado tão depressa aquele que vos chamou, na graça de Cristo, e de terdes passado para um outro evangelho.

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Não que haja outro evangelho, mas algumas pessoas vos estão perturbando e querendo mudar o evangelho de Cristo. Pois bem, mesmo que nós ou um anjo vindo do céu vos pregasse um evangelho diferente daquele que vos pregamos, seja excomungado. Como já dissemos e agora repito: Se alguém vos pregar um evangelho diferente daquele que recebestes, seja excomungado."

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No Evangelho de hoje: "um mestre da Lei se levantou e, querendo pôr Jesus em dificuldade, perguntou: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” Jesus lhe disse: “Que está escrito na Lei? Como lês?” Ele então respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e a teu próximo como a ti mesmo!” Jesus lhe disse: “Tu respondeste corretamente. Faze isso e viverás”.

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Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” Foi então que Jesus lhe contou a Parábola do bom samaritano concluindo que o importante não é o posto que ocupamos, mas sim a misericórdia que praticamos sem distinção de pessoas; pois na vida somos bons samaritanos, mas em certos momentos também precisamos de bons samaritanos para nos ajudar.

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 4 de outubro de 2020

A VINHA DO SENHOR...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 21,33-43)(04/10/20)

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Caríssimos nenhuma criatura é autossuficiente, isto é, não existe em si e por si mesma, porque depende sempre. Ora, somente Deus É em Si e por Si mesmo, desse modo, compreendemos que o livre arbítrio é o dom por excelência da comunhão com Deus, sem a qual ninguém é livre, ninguém é santo. De fato, a verdadeira liberdade depende da nossa permanência em Cristo Jesus como os ramos na videira.

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Com efeito, esta liturgia de hoje nos ensina como viver na presença do Senhor dando os frutos para os quais fomos criados, isto é, ao realizarmos a Sua Santa Vontade. De fato, a fé que vivemos é a prática da vida em Cristo, e por isso, não se pode dizer-se cristã a prática de vida que não expressa Cristo. Bem como nos ensina são João: "Aquele que afirma permanecer em Cristo, deve também viver como ele viveu." (1Jo 26).

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No Evangelho de hoje Jesus conta a Parábola dos vinhateiros cruéis, que receberam a vinha, isto é, os meios para realizarem a vontade de Deus; e no entanto, agiram perversamente, vivendo não como servos de Deus, mas como seus inimigos. De modo que o Senhor lhes disse: "O Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos”.

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De fato, o modo como vivemos expressa a vontade de Deus ou a nossa? Na Carta aos Gálatas, são Paulo, escreveu: "Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus!

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Ao contrário, o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade,

brandura, temperança. Contra estas coisas não há lei. Pois os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito."(Gl 5,22-25). 

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Portanto, caríssimos, a vontade de Deus perdura para sempre porque é santa; desse modo, realizar a sua Vontade em nossa vida é experimentar a máxima expressão da felicidade aqui e eternamente no céu. Bem como Jesus nos ensinou: "Pois desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou."(Jo 6,38).

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 3 de outubro de 2020

O VERDADEIRO SUCESSO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 10,17-24)(03/10 /20)

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Caríssimos se tem algo avidamente mais que desejado neste mundo, esse algo se chama sucesso, e tudo o que aqui se faz sempre visa o mesmo. Ora, no tempo de Jesus não era diferente, pois também os discípulos voltaram da missão que o Senhor lhes havia confiado muito empolgados e cheios de alegria pelo sucesso obtido.

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De fato, foi preciso Jesus os alertar que o sucesso momentâneo não é o mais importante, mas sim aquele que dura para sempre, como Ele mesmo disse: "Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem. Antes, ficai alegres porque vossos nomes estão escritos no céu”. Ou seja, devemos nos alegrar por conta do objetivo final das batalhas aqui travadas, que é a salvação eterna das almas.

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Com efeito, depois de os alertar, Jesus se dirigiu ao Pai com esta oração: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado." E acrescentou: “Felizes os olhos que veem o que vós vedes! Pois eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que estais vendo, e não puderam ver; quiseram ouvir o que estais ouvindo, e não puderam ouvir”.

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Portanto, caríssimos, meditemos o que disse são Pedro a respeito dessas graças que nos foram dadas: "Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Na sua grande misericórdia ele nos fez renascer pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma viva esperança, para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada para vós nos céus; para vós que sois guardados pelo poder de Deus, por causa da vossa fé, para a salvação que está pronta para se manifestar nos últimos tempos.

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É isto o que constitui a vossa alegria, apesar das aflições passageiras a vos serem causadas ainda por diversas provações, para que a prova a que é submetida a vossa fé (mais preciosa que o ouro perecível, o qual, entretanto, não deixamos de provar ao fogo) redunde para vosso louvor, para vossa honra e para vossa glória, quando Jesus Cristo se manifestar." (Pd 1,3-7).

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

SANTO ANJO DO SENHOR MEU ZELOSO E GUARDADOR...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 18,1-5.10)(02/10/20)

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Caríssimos se quisermos entender melhor o ministério dos santos anjos que se fazem presentes no meio de nós por ordem de Deus, é só meditar a primeira leitura deste liturgia: "Assim diz o Senhor: Vou enviar um anjo que vá à tua frente, que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te preparei. Respeita-o e ouve a sua voz. Não lhe sejas rebelde, porque não suportará as vossas transgressões, e nele está o meu nome."

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No Salmo 33, o salmista por inspiração divina, escreveu: "O anjo do Senhor acampa em redor dos que o temem, e os salva." (Sl 33,8). E assim poderia enumerar tantas outras citações onde o Senhor revela o ministério dos seus santos anjos. No Salmo de meditação de hoje, lemos: "O Senhor deu uma ordem aos seus Anjos, para em todos os caminhos te guardarem." Desse modo, compeendemos que da parte de Deus, nosso Pai, não nos falta proteção.

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Na Carta aos Hebreus, o hagiógrafo faz a seguinte pergunta confirmando o ministério dos santos anjos: "Não são todos os anjos espíritos ao serviço de Deus, que lhes confia missões para o bem daqueles que devem herdar a salvação?" (Hb 1,14). Ou seja, o Senhor nos ama tanto que nos enviou o Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, para nos dar a salvação e ainda pôs os seus anjos à nossa disposição para nos ajudar a trilhar o caminho da vida eterna.

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Portanto, caríssimos, como disse o Senhor, respondendo aos Apóstolos de quem era o maior no Reino dos céus: “Em verdade vos digo, se não vos converterdes, e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. Quem se faz pequeno como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus.


Por isso: "Não desprezeis nenhum desses pequeninos, pois eu vos digo que os seus anjos nos céus veem sem cessar a face do meu Pai que está nos céus”. Destarte, também nós quando fazemos, com a ajuda dos nossos anjos da guarda a vontade de Deus, somos anjos humanos à caminho do céu.

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv. 

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

CHAMADOS E ENVIADOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Lc 10,1-12)(01/10/20)

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Caríssimos, todos os batizados somos chamados e enviados pelo Senhor Jesus para anunciar o Reino de Deus e a sua Justiça; todavia, precisamos ficar atentos às Suas instruções e segui-las fielmente para que tudo ocorra conforme os seus desígnios de amor para o bem e a salvação de todos.

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Primeiro, precisamos compreender que o envio é comunitário e não individual, bem como são Lucas nos relata: "os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir." Segundo, não esquecer que somos ovelhas entre lobos vorazes, por isso, usemos as armas do desapego; da confiança inabalável na providência divina e da não distração, para vence-los.

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Depois, compreender que somos portadores da paz que recebemos do Senhor e por isso a damos à todos que encontramos mesmo que não à aceitem, como vemos na seguinte instrução: "Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: 'A paz esteja nesta casa!' Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós."

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Por fim, chamo a atenção para alguns perigos ou tentações por que passam os enviados: a Autossuficiência advinda das falsas doutrinas presentes neste mundo; a falta de autenticidade na vivência da fé, à que chamamos incoerência; a dependência demasiada dos meios de comunicação, especialmente as redes sociais; a falta de oração e de silêncio interior sem o qual não se pode escutar o Senhor.

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Portanto, caríssimos, peçamos ao Espírito Santo para nos iluminar com os dons da sabedoria, da ciência, do discernimento e de todos os dons necessários, para que conduzidos por Ele, façamos tudo o que é do seu agrado, para que desse modo anunciemos o Reino de Deus, porém, já participando dele diretamente.

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.

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