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sábado, 31 de julho de 2021

SÃO JOÃO BATISTA, MÁRTIRE DA HUMILDADE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 14,1-12)(31/07/21).


Caríssimos, em tudo neste mundo há sempre um contraste, uma dualidade que provoca uma tomada de decisão de nossa parte baseada em nosso livre arbítrio. Em outras palavras, estamos dentro de uma guerra espiritual cujo campo de batalha é a nossa mente aonde chegam os pensamentos bons ou maus, porém, a depender de nossas escolhas e decisões, ganhamos ou perdemos essa guerra. A graça para vence-la é de Deus, porém, cabe a nós po-la em prática.


O Evangelho de hoje narra o martírio de são João Batista, que segundo o Senhor Jesus, dos homens nascidos de mulher, João foi o maior, por sua missão e humildade. E nesse episódio vemos claramente esse contraste, essa dualidade, essa guerra entre o bem e o mal. Por um lado, Herodes, com seu pecado de adultério, com sua falsa credulidade, e hipocrisia homicida.


Ao contrário de tudo isso, vemos João Batista, que anuncia a verdade como remédio que cura, liberta e salva, porém, foi mal interpretado, julgado e condenado por Herodes, Herodíades e a sua filha, como também por todos os participantes deste trágico tribunal, onde a vítima inocente, foi condenada impiedosamente sem direito sequer a um justo julgamento. 


Discorrendo sobre a vida de João Batista, escreveu o Beato Guerric de Igny (abade cisterciense

3.º Sermão para a natividade de João Batista, SC 202): "Devem os homens maravilhar-se, pois, por João ter sido predito pelos profetas, por ter sido anunciado por um anjo, por ter nascido de pais tão santos e nobres, ainda que idosos e estéreis. 


Por ter preparado o caminho ao Redentor no deserto, por ter feito voltar o coração dos pais a seus filhos e o dos filhos a seus pais (cf Lc 1,17), por ter sido digno de batizar o Filho, por ter ouvido o Pai, por ter visto o Espírito Santo em forma corpórea (cf Lc 3,22), por ter lutado até à morte pela verdade e por ter sido mártir de Cristo antes da Paixão, para ser o percursor de Cristo até à morada dos mortos.


Quanto a nós, irmãos, é a sua humildade que nos é proposta como objeto de admiração, mas também de imitação. A humildade incitou-o a não querer passar por grande, quando podia tê-lo feito. De fato, este fiel «amigo do Esposo» (Jo 3,29), que amava o seu Senhor mais do que a si próprio, desejava «diminuir» para que Ele pudesse «crescer» (Jo 3,30), e quis tornar maior a glória de Cristo fazendo-se a si próprio mais pequeno. Deste modo, pôde exprimir com a sua conduta o que disse o apóstolo Paulo: «Não nos pregamos a nós próprios, mas a Cristo Jesus, o Senhor» (2Cor 4,5)."


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 28 de julho de 2021

O TESOURO E A PÉROLA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 13,44-46)(28/07/21)


Caríssimos, esta liturgia de hoje é como um bálsamo suave para a alma inquieta com as distrações e os valores passageiros e pouco eficazes deste mundo. Quantos neste momento não estão buscando reconhecimento, fama, poder e prazer pensando encontrar nessas coisas a plena realização? E no entanto quando muito, encontram frustração, vazio existencial e falta de sentido para a vida; isso porque a verdadeira felicidade só a encontra quem encontra Cristo, o único que preenche toda a nossa vida.


Na primeira leitura de hoje Moisés encontrou Deus que lhe prescreveu os Santos Mandamentos, isto é, a perfeita regra de vida em que o povo eleito o encontra e o segue pondo em prática a Sua Santa Vontade, porque fora da Vontade de Deus não existe felicidade nem paz nem verdadeira alegria de viver. De fato, esse encontro de Moisés com Deus o marcou para sempre, pois seu rosto resplandecia a luz divina que trazia em sua alma fruto da sua união com o Senhor.


De certo, no Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos conta duas pequenas parábolas para nos ensinar a encontrar o Reino de Deus e Nele permanecer; trata-se do Tesouro e da Pérola, o primeiro escondido num campo e a outra em meio os afazeres desta vida. Quem encontra esse Tesouro, vende tudo o que tem, isto é, permuta para obte-lo. De igual modo, faz com a Pérola.


Com efeito, nos perguntemos, como realmente fazemos o nosso encontro com o Senhor Jesus? É Ele o nosso único Tesouro ou buscamos outros? Deixamos tudo para o seguir rumo ao Reino dos céus, como o fizeram todos os santos e santas de todos os tempos? Quais os frutos, isto é, quais os efeitos desse nosso encontro com Ele que é o autor e consumador de nossa fe?


Portanto, caríssimos, é a resposta autêntica à essas perguntas que nos faz ser seus verdadeiros discípulos, fiéis e disponíveis para as obras de misericórdia que o Senhor de antemão preparou para que nós as praticássemos. Destarte, comungar Jesus na Santa Eucaristia e pôr em prática a Sua Divina Palavra já é possuir esse Tesouro.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 27 de julho de 2021

A ARTE DE SER AVÓ...


 A Arte de Ser Avó


"Netos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu... É como dizem os ingleses, um ato de Deus". Sem se passarem as penas do amor, sem os compromissos do matrimônio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho apenas suposto. O neto é, realmente, o sangue do seu sangue, o filho do filho, mais que filho mesmo...


Cinquenta anos, cinquenta e cinco... Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que você esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem as suas alegrias, as suas compensações, todos dizem isso, embora você, pessoalmente, ainda não as tenha descoberto, mas acredita. Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade. Não de amores com paixões: a doçura da meia idade não lhe exige essa efervescência. A saudade é de alguma coisa que você tinha e que lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade. Bracinhos de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram as crianças? 


Naqueles adultos cheios de problemas que hoje são os filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento e prestações, você não encontra de modo algum suas crianças perdidas. São homens e mulheres- não são mais aqueles que você recorda.

E então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe coloca nos braços um bebê. Completamente grátis - nisso é que está a maravilha.


Sem dores, sem choro, aquela criancinha da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade, longe de ser um estranho, é um filho seu que é devolvido. E o espanto é que todos lhe reconhecem o direito de o amar com extravagância. Ao contrário, causaria espanto, decepção se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração. 


Sim, tenho certeza de que a vida nos dá netos para compensar de todas as perdas trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que vem ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis. 

E quando você vai embalar o menino e ele, tonto de sono abre o olho e diz: "Vó!", seu coração estala de felicidade, como pão no forno!


Rachel de Queiroz

QUE HISTÓRIA DE VIDA ESTAMOS CONSTRUINDO?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 13,36-43)(27/07/21)


Caríssimos, cada um de nós tem a sua história de vida vivida a cada instante do nosso ser e estar no mundo. Porém, a pergunta que se faz é: com que valores construímos a nossa história de vida? Ou melhor dizendo, com que virtudes ou não virtudes a construímos? Em outras palavras, o nosso modo de ser, é terra fértil onde o Senhor semeia a boa semente; ou deixamos que o maligno semeie o joio nela?


No Evangelho de hoje os discípulos pedem ao Senhor Jesus que lhes explique a parábola do joio, ao que Ele respondeu: “Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os ceifadores são os anjos.


Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: O Filho do Homem enviará os seus anjos e eles retirarão do seu Reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal; e depois os lançarão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça”.


Com efeito, dessa explicação do Senhor Jesus tiremos as seguintes lições para po-las em prática na construção da nossa história de vida: Deus é sumamente paciente conosco porque nos ama, e nos chama a participar do seu Reino, por isso, nos perdoa, pois sabe que somos frágeis e por vezes permitimos que o maligno semeie o joio na terra das nossas almas.


A segunda lição trata-se da misericórdia vivida a cada passo dado para a eternidade, pois, é dela que depende a nossa salvação eterna, ou seja, nessa parábola, a paciência divina se chama misericórdia, isso porque os ceifadores queriam fazer justiça sem misericórdia, mas Deus não o permitiu, para compreendermos, que não somos nós os julgadores, mas os julgados, por isso, não podemos ocupar o lugar de Deus, porque somente Ele é o justo juiz, e julgará a cada um no tempo determinado.


Portanto, caríssimos, o trigo e o joio dão frutos e são pelos frutos que se distinguem; mas nem por isso nos arvoramos em juízes, ao contrário, como réus ponhamos a misericórdia como base do nosso discernimento para vivermos como exemplos a serem seguidos em Cristo, nessa trajetória rumo a eternidade aonde todos à seu tempo seremos julgados pelo justo Juiz.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

FELIZES SOIS VÓS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 13,16-17)(26/07/21)


Caríssimos, tudo o que vemos e com que interagimos só tem um autor e Senhor, Deus, que tudo criou por amor por meio do Seu Verbo que enviou a este mundo para libertar a criação que jazia sob o jugo do inimigo que semeou as sementes da maldade que são os pecados aqui praticados e que se alastra como um câncer corroendo a obra da criação. E isso constatamos pela destruição da criação visível e das almas que aderem à tais práticas.


Todavia, esta liturgia de hoje em que a Igreja celebra a memória de são Joaquim e sant'Ana, os avós materno do Senhor Jesus, nos lembra que Deus sempre se faz presente na vida e nas ações dos filhos e filhas de Abraão que se abriram para acolhe-lo a fim de que as suas promessas se cumprissem na íntegra.


A primeira leitura de hoje assim o demonstra: "Vamos fazer o elogio dos homens famosos, nossos antepassados através das gerações. Estes, são homens de misericórdia; seus gestos de bondade não serão esquecidos. Eles permanecem com seus descendentes; seus próprios netos são sua melhor herança.


A descendência deles mantém-se fiel às alianças, e, graças a eles, também os seus filhos. Sua descendência permanece para sempre, e sua glória jamais se apagará. Os povos proclamarão a sua sabedoria, e a assembleia [dos justos] vai celebrar o seu louvor." (Eclo 44,1.10-15).


Com efeito, no Evangelho de hoje o Senhor Jesus reconhece nos seus discípulos o cumprimento de tudo o que foi escrito à seu respeito ao dizer-lhes: “Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram”. (Mt 13,16-17). 


Portanto, caríssimos, também nós por essas palavras do Senhor Jesus, fazemos parte da geração dos bem-aventurados justamente por usufruírmos da Sua presença no meio de nós e da graça de vê-lo na Santa Eucaristia e comunga-lo; de ouvi-lo nos santos Evangelhos e por meio da Santa Igreja que nos transmite a riqueza incomensurável da doutrina dos Apóstolos e dos santos e santas que o seguiram ao longo da história da nossa salvação.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 25 de julho de 2021

HOMILIA DO XVII DOM DO TEMPO COMUM...


 Homilia do XVII Dom do tempo comum (Jo 6,1-15)(25/07/21)


Caríssimos, por conta da nossa racionalidade muitas vezes deixamos de usufruir dos bens eternos, porque tendemos a julgar tudo segundo os nossos critérios, ou seja, pelo que podemos ou não podemos, e por isso, damos pouca importância às pequenas coisas e não percebemos que para nos conceder suas graças o Senhor Jesus parte sempre da nossa indigência, isto é, do que somos e do pouco que temos.


O Evangelho de hoje narra o episódio da multiplicação de cinco pães e dois peixes, que segundo os nossos critérios, jamais poderia alimentar cerca de cinco mil pessoas presentes nesse encontro com o Senhor Jesus. Acompanhemos, então, a narração: "Levantando os olhos e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?" Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. Filipe respondeu: “Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um”.


De fato, Deus sempre age por meio da nossa fé, que neste caso faltou a Filipe, que quis agir a partir dos critérios que usualmente empregamos para solucionar as necessidades que as situações da vida nos apresenta. No entanto, partindo da pequena porção de pães e peixes que lhe foi apresentada por André que havia recebido de uma criança ali presente, o Senhor Jesus trouxe a solução da fé multiplicando-os para muito além do necessário.


De certo, nesse episódio o Senhor Jesus nos ensina que a solução para todas as necessidades da nossa vida nasce do pouco que temos, do desejo de partilha, e da confiança em Deus que por meio da oração nos atende, como vemos a seguir: "Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes."


Portanto, caríssimos, é belíssimo o que constatamos nesta liturgia em que o pão biológico, multiplicado por Jesus por meio da oração, torna-se um sinal do Pão Eucarístico, alimento que dá a vida eterna aos que o comungam em estado de graça, por pura necessidade de permanecer no Senhor, o único que sacia a nossa fome e a nossa sede de felicidade.


Destarte, é maravilhoso crer como uma criança que confia inteiramente em seus genitores porque sente-se amada e por isso tem a certeza que nada lhe falta. Pois bem, é assim que nos ama o Senhor.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 24 de julho de 2021

PARÁBOLA DO TRIGO E DO JOIO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 13,24-30)(24/07/21)


Caríssimos, se percebermos bem, a dicotomia existente neste mundo, isto é, a oposição entre o bem e o mal, também se faz presente dentro de cada um de nós, e que essa luta interior é constante, às vezes menos acirrada; às vezes um tanto volumosa. Porém, se permanecermos fiéis ao Senhor até o fim, venceremos todas as batalhas travadas, uma vez que as graças e bênçãos para isto não nos falta, pois, Ele permanece conosco lutando a nosso favor.


No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos conta a parábola do trigo e do joio para nos explicar a presença do mal em meio à criação, nos mostrando sua origem e a temporalidade da sua presença. Ensina-nos também que o maligno, que semeou o joio, é vencido pela paciência e a justiça divina que a Seu tempo se cumprirá perfeitamente dando a cada um a justa recompensa pelo bem ou pelo mal aqui realizado.


De certo, como vimos, os servos ao perceberem o joio, queriam fazer justiça de imediato, mas o Senhor os recomendou a cautela, dizendo: "Deixai crescer um e outro até a colheita! E, no tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e o amarrai em feixes para ser queimado! Recolhei, porém, o trigo no meu celeiro’”. (Mt 13,30). Ou seja, o trigo permanece trigo e no dia do juízo final será recolhido no celeiro do Senhor; enquanto que o joio será estirpado para sempre e lançado na fornalha ardente onde haverá "choro e ranger de dentes." 


Com efeito, o Senhor também nos revela que tudo acontece no tempo que nos foi dado, e por isso, precisamos combater as tentações para evitarmos todo tipo de pecados, pois eles nos afastam do Senhor, e são a causa da nossa ruína caso os cometamos. Por isso, quanto menos expostos ao mundo e as suas aparentes novidades, mais cresceremos em estado de graça e santidade por permanecermos na presença do Senhor.


Portanto, caríssimos, peçamas ao Senhor Jesus a graça do silêncio interior fazendo calar dentro de nós todos os pensamentos vãos, desordenados e estranhos, desse modo, estaremos sempre disponíveis para o Senhor e os seus propósitos à nosso respeito, que consiste em segui-lo como seus discípulos, na alegria de sermos trigo, e não joio.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 22 de julho de 2021

MARIA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 20,1-2.11-18)(22/07/21)


Caríssimos a Igreja hoje celebra a Festa de Santa Maria Madalena, apóstola do primeiro anúncio de Jesus Ressuscitado; de fato, receber a graça de tão grande incumbência, é preciso algo muito além dos sentimentos naturais, trata-se do amor incondicional presente em sua alma imersa na dor e no sofrimento pelo perda cruenta do seu Senhor, que morto e sepultado, é buscado com perseverança de quem nunca desiste de permanecer junto Dele.


Com efeito, a fé é o dom do Espírito Santo que nos faz ressuscitar com Cristo Jesus, que ao ser morto cruelmente na cruz nos mostrou quanto os nossos pecados ofendem a Deus à ponto de crucifica-lo; todavia, nem mesmo tamanha impiedade é capaz de afastá-lo de nós, pois, a Sua Divina Misericórdia transpõe infinitamente os limites das nossas transgressões, para que perdoados, voltemos ao estado de graça e permaneçamos em comunhão com Ele aqui e por toda a eternidade.


No entanto, de uma coisa não podemos duvidar, este mundo continua a crucificar o Senhor Jesus à todo instante por conta dos pecados aqui praticados em larga escala, em todos os sentidos e setores de nossa sociedade a ponto de estremesser os céus e seus poderes clamando por justiça; que de fato não tardará e se cumprirá na íntegra, tal qual o Senhor Jesus nos ensinou (cf. Mt 25,31-46). 


Todavia, não podemos esquecer que ainda é tempo de misericórdia, de arrependimento sincero e conversão, de oração e penitência, e da busca do perdão do Senhor, por isso, nem tudo está perdido. Entretanto, esse tempo está findando, e se faz jus que todos se convertam e deixem de fazer o mal que estão fazendo; caso contrário, a mão do Justo Juiz pesará sobre este mundo decaído e muitos serão julgados e condenados por terem desprezado o infinito amor de Deus por nós.


Portanto, caríssimos, como Santa Maria Madalena, que mesmo em meio as dores e sofrimentos jamais perdeu a esperança de encontrar o Senhor Jesus, e o encontrou, não mais como morto e sepultado; mas vivo, ressuscitado dentre os mortos, e por isso, a seu pedido, anunciou aos seus irmãos a alegria da vida eterna presente desde já no tempo e por toda a eternidade; destarte, isso significa a renovação total da criação.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 21 de julho de 2021

QUE TIPO DE TERRENO NÓS SOMOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 13,1-9)(21/07/21)


Caríssimos, a vida é uma grande escola aonde aprendemos a conviver com Deus e entre nós; e quando nos deixamos instruir pela sabedoria do Espírito Santo, aprendemos a praticar as virtudes eternas pelas quais nos santificamos; não sem antes passar pelo o crivo das provações e desafios próprios do deserto deste mundo que nada tem a oferecer a não ser murmurações e desespero para quem se deixa enganar por ele.


Na primeira leitura de hoje o povo eleito passando pelo crivo da provação no deserto, ou seja, aprendendo a conviver com Deus e entre eles após a saída do Egito e a liberdade recebida; no primeiro desafio de fé começou a murmurar e a lamentar-se recordando as migalhas e os parcos prazeres das carnes e cebolas do Egito onde viviam antes como escravos.


De fato, todo aprendizado existencial é feito de provações, desafios de fé e purificações, sem as quais não se pode viver a plena comunhão com o Senhor, tal qual Ele nos ensinou por meio da Carta de são Tiago: "Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Mas é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma." (Tg 1,2-4).


De certo, é isso o que vemos no Evangelho de hoje, em que o Senhor Jesus conta a parábola da semente da Palavra que Ele semea no terreno de nossa vida. O que mais nos chama a atenção, é o como a Sua Palavra é recebida, com qual disposição e o desejo de cultiva-la para dar os frutos da salvação que Ele nos veio trazer.


Portanto, caríssimos, quem não vive cada momento da sua existência como dom de Deus e um aprendizado para se viver em paz e harmonia com Ele e uns com os outros, normalmente murmura e se lamenta por querer viver para si e não para os santos propósitos que Ele nos dá como meios para a nossa santificação.


Destarte, peçamos ao Senhor Jesus, pela intercessão de sua Mãe, Maria Santíssima, a graça de sermos terrenos férteis em que as sementes dos seus ensinamentos dão frutos de salvação para todos os que os saborearem por meio do nosso testemunho de vida.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 20 de julho de 2021

MINHA MÃE E MEUS IRMÃOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 12,46-50)(20/07/21)


Caríssimos, a liturgia de hoje nos apresenta uma das teofanias (ação direita de Deus) mais importante da história do povo eleito, trata-se da passagem do Mar Vermelho, em que o Senhor intervém diretamente por meio de Moisés para que seu povo o atravessasse a pé enchuto, enquanto o Faraó e todo o seu exército que o perseguia para o massacrar, morreram afogados e assim foram impedidos de praticar o mal que desejavam.


Com efeito, ao fazermos uma analogia (comparação) desse episódio com o que está acontecendo em nosso tempo, vemos que o Faraó e seu exército, inimigos da fé e da nossa salvação, são representados pelas ideologias, as falsas notícias, os falsos profetas, as doutrinas perversas contra a família e a educação cristã, e tantos outros comportamentos nefastos com os quais tentam envenenar nossas almas para nos levar ao pecado e a morte.


De certo, assim como o povo eleito resistiu por meio da fé aos ataques dos seus inimigos, e atravessaram milagrosamente o Mar Vermelho, algo impossível de acontecer sem a intervenção divina; de igual modo, também nós por meio da fé em nosso Senhor Jesus Cristo e conduzidos por Ele, atravessaremos o mar revolto das tentações e dos pecados; do medo, das dores e sofrimentos para chegarmos na terra prometida aonde com o Senhor viveremos eternamente.


No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos revela a atitude fundamental para participarmos realmente da Sua família divina, trata-se de fazer a vontade de Deus, que consiste em crer Nele, receber com humildade os seus ensinamentos e segui-lo fielmente até fim, carregando a nossa cruz de cada dia, certos de que assim venceremos essa terrível guerra contra os Faraós atuais.


Portanto, caríssimos, assim como no seu tempo ainda hoje o Senhor Jesus continua a perguntar à toda humanidade: "Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” Em outras palavras, quem realmente quer fazer parte da minha família divina? Certamente a resposta todos nós conhecemos: “Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

UMA GERAÇÃO MÁ E ADÚLTERA PEDE UM SINAL...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 12,38-42)(19/07/21)


Caríssimos, "A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê." (Hb 11,1). De fato, a fé é o dom por excelência da nossa salvação, porque por ela encontramos o Senhor Jesus e Nele permanecemos para fazermos em tudo a Vontade de Deus, nosso Pai. No entanto, mesmo dotados dessa graça, somos tentados a não crer por conta dos desatinos e das perseguições dos faraós deste mundo.


Na primeira leitura vimos a que tipo de prova Deus submeteu o seu povo que havia libertado do Egito tendo Moisés a sua frente. Depois de deixarem a escravidão se puseram a caminho da terra prometida, tendo como única segurança a fé nas Suas promessas. Porém, ao se depararem com a perseguição do Faraó e seu exército, começaram a duvidar, mas Deus logo veio em seu socorro os encorajando por meio de Moisés para permanecerem fiéis até o fim e assim vencerem todos os seus inimigos.


De certo, que lições de vida tiramos desta liturgia de hoje? De fato, a nossa vida neste mundo é uma passagem do "Egito", representado pela opressão do pecado, cujo Faraó é o diabo; para a terra prometida da vida eterna no Reino de Deus, conduzidos por nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho amado de Deus, à glória da ressurreição atravessando o mar vermelho deste mundo.


Com efeito, no Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos mostra que somente uma geração má e adúltera é que busca sinais para crê; ao contrário, os simples e humildes de coração crêm no seu Nome e nas suas Palavras, e seguem fielmente os seus ensinamentos, por isso, fazem verdadeiramente a experiência da sua ressurreição.


Portanto, caríssimos, como vimos nas leituras desta liturgia, todos nós precisamos de salvação, todavia, não aquela baseada em nosso modo de crê, cercado das nossas próprias seguranças, apegos e outros tipos de comportamentos que na verdade nos mantém escravizados. Mas, da salvação que vem da fé em nosso Senhor Jesus Cristo que nos liberta de nós mesmos, de todos os nossos apegos e de todos os outros males.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

HOMILIA DO XVIDOM DO TEMPO COMUM...


 Homilia do XVIDom do tempo comum (Mc 6,30-34)(18/07/21)


Caríssimos, ninguém está isento do cansaço do dia a dia, todavia, sentir-se responsável em governar a própria vida sem dúvida é a missão de todos, mas nem todos estão preparados para isso. Esta liturgia de hoje nos mostra que para além do sentir-se responsável pelo governo de própria vida, nós também somos chamados por Deus a ajudar os que necessitam do nosso amparo, da nossa amizade, da nossa compreensão no governo desse bem maior, que é o dom da vida. No entanto, a medida que ajudamos, somos ajudados.


No Evangelho de hoje o Senhor Jesus depois de ouvir o relato do cumprimento da missão que dera aos Apóstolos, certamente ficou muito satisfeito com o desempenho deles, mas, ao mesmo tempo, lhes conduz a um justo repouso a fim de que não se esgotassem pelo ecesso dos trabalhos pastorais que exerciam, como bem observou são Marcos: "Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer."


De certo, o Evangelista também ressalta que a multidão que buscava alimento espiritual para as suas almas, era como ovelhas sem pastor, por isso, o Senhor Jesus se compadeceu dela lhe instruindo, saciando-lhe a fome e a sede de ouvir a Sua Divina Palavra. Ora, imaginem ser instruídos pelo próprio Deus em pessoa; quanta honra, beber dessa Fonte que jorra para a vida eterna.


Comentando esse Evangelho assim escreveu são Clemente de Alexandria: "Cuidarei da ovelha que está ferida e tratarei da que está doente. Vigiarei a que está gorda e forte e a todas apascentarei com justiça» (Ez 34,16): tal é a promessa do bom pastor, que nos apascenta como a um rebanho, a nós que somos pequeninos.


Mestre, dá-nos com abundância o teu pasto, que é a justiça! Sê o nosso pastor e conduz-nos à tua montanha santa, à Igreja que se eleva, que domina as nuvens, que toca os céus: «Eis que Eu mesmo cuidarei das minhas ovelhas e me interessarei por elas (cf Ez 34), porque [...] Eu não vim para ser servido mas para servir e dar a vida por muitos". (cf Mt 20,28).


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 15 de julho de 2021

VINDE A MIM...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 11,28-30)(15/07/21)


Caríssimos, por que precisamos de salvação? Por causa da nossa condição pecaminosa, isto é, à qual fomos submetidos por conta do pecado original, que fragilizou a nossa capacidade de não pecar, expondo-nos às tentações que nos fragiliza ainda mais quando caímos nelas. E quando isto acontece perdemos o estado de graça que é a nossa comunhão com a vontade de Deus.


Todavia, por causa dessa nossa condição e aparente derrota para o pecado, Deus em Sua Infinita Misericórdia, veio em nosso socorro como vimos na primeira leitura em que Moisés foi arrancado de sua condição de pecado e foi enviado pelo Senhor com a missão de libertar o Seu povo da escravidão do Egito, que simboliza a escravidão do pecado a que fomos submetidos.


De fato, a medida que pecamos nos derrotamos a nós mesmos; porém, quando nos arrependemos e nos voltamos para o Senhor, somos perdoados, purificados e fortalecidos na luta contra o pecado que continua até o fim de nossos dias neste mundo. Por isso, Deus Pai nos enviou o Seu Filho amado, nosso Senhor Jesus Cristo, para nos libertar definitivamente do pecado e de todos os males que o pecado gera.


No Evangelho de hoje disse o Senhor Jesus: "Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. Em outras palavras, o Senhor está sempre pronto a nos perdoar e nos atender em todas as nossas necessidades.


Portanto, caríssimos, essa força divina o Senhor Jesus nos comunica pela Eucaristia, pela vida de oração e a vivência da Sua Palavra, que são conforto para as nossas almas e a certeza da Sua presença conosco a fim de que fortalecidos vençamos todas as tentações e evitemos todo tipo de pecados, e assim nos mantermos em estado de graça para realizarmos em tudo a Sua Santa Vontade.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

NO TEMPO A CAMINHO DA ETERNIDADE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 11,25-27)(14/07/21)


Caríssimos, o tempo é a eternidade em contra gotas, ele contém os elementos precisos para chegarmos à eternidade definitiva, porque ele já se encontra dentro dela e por isso é feito de esperas; e a medida que passa, chega se despedindo do passado, que se bem vivido colhe os frutos das virtudes com que foi cultivado com o amparo da graça de Deus, porque sem Deus nada há de bom neste mundo, tudo é caos, um certo vazio eterno.


Na primeira leitura Moisés cumprindo a lei do trabalho encontra Deus de um modo inusitado, isto é, dentro de uma sarça ardente que se queima, mas não se destrói; como o tempo que passa para encontrar a eternidade que espera mesmo estando dentro dela. De fato, a vida é um grande mistério feito de esperas e encontros com suas surpresas no meio; de certo, ela é uma missão que recebemos do Senhor.


Deus em seu propósito de amor quis encontrar Moisés, e Moisés o encontrou, e mesmo se dizendo pequenino incapaz de tamanha missão, em sua pequenez Moisés se deixou guiar pelas promessas e evidências que o Senhor lhe dava para manter sempre acesa a chama da fé com a qual realizou os prodígios impossíveis para um simples homem, por cuja humildade Deus agiu poderosamente para libertar o seu povo da escravidão do Egito.


Por esse motivo concluímos que Deus sempre se deixa encontrar pelos os mais pequeninos, porque reconhecem que são sustentados por Ele e por isso sabem agradecer por tudo e amam-no acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmos. De fato, a vida é um bem eterno e felizes são aqueles que a vivem segundo a vontade de Deus, como nos ensinou o Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.


No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos faz experimentar a graça da humilde dependência de Deus, bem como Ele viveu e nos ensinou a viver: "Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado."


Portanto, caríssimos, tal qual um bordado que de um lado é um traçado confuso; mas do outro é uma estampa perfeita, assim é a nossa vida neste mundo quando permitimos ao Senhor de nos modelar segundo o seu querer para nos fazer perfeitos como Ele é Perfeito, nos fazer santos como Ele é Santo.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 11 de julho de 2021

A CERTEZA DA PRESENÇA DO SENHOR...


 Homilia do XV Dom do tempo comum (Mc 6,7-13)(11/07/21)


Caríssimos, o nosso viver neste mundo é um caminhar rumo ao Reino dos Céus, seguindo os passos do Senhor Jesus, seus exemplos e suas palavras, como Ele disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim." (Jo 14,6). Por isso, todo empenho de nossa vida consiste em seguir o Senhor tal qual seguiram os Apóstolos e todos os santos e santas.


De certo, existe algo em comum que nos identifica como Seus discípulos, é o sermos chamados e enviados por Ele com o poder do Espírito Santo para anunciar a paz, expulsar os demônios, curar as enfermidades e todos os males do corpo e da alma como vimos no Evangelho de hoje.


Ora, e como faremos isso? Obedecendo as instruções do Senhor: "Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas." (Mc 6,8-9).


Em outras palavras, isto quer dizer que a confiança dos discípulos não pode se depositada em si mesmos nem nas seguranças que criam, mas unicamente Naquele que os envia, Cristo Jesus, nosso Senhor, certos de que Deus, por sua Divina Providência, nada deixa faltar aos seus servos e servas; pois, se nos segurarmos nos aparatos que criamos, facilmente nos frustramos, porque somente a fé no Senhor Jesus é que nos mantém em paz e certos da sua proteção.


Obviamente a prática da fé é a prática da nossa convivência com Senhor Jesus e entre nós, e requer a vivência dos frutos do Espírito Santo: "Caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança." (Gl 5,22-23a). Mas, requer também a renúncia de nós mesmos e de tudo o que não nos identifica com o Senhor.


Portanto, caríssimos, pelo o exemplo de nosso Senhor Jesus Cristo e de todos os que o seguiram, a via da santidade é a via da cruz de cada dia, com a qual o seguimos e servimos aonde quer que Ele nos enviar; bem como disse: "Ide e ensinai a todas as nações a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo." (Mt 28,20).


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 8 de julho de 2021

ENVIADOS PARA SERVIR...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 10,7-15)(08/07/21)


Caríssimos irmãos e irmãs, é bom sentir-nos chamados pelo Senhor Jesus no mais íntimo de nossas almas, é bom sentir-nos enviados por Ele na certeza de que caminha sempre conosco, nos orientando e nos conduzindo no cumprimento de nossa missão; para isto, é preciso ouvir bem as suas instruções para não cairmos no erro de anunciar a nós mesmos e não a Ele que nos enviou.


Comentando esse Evangelho disse o Santo Padre, o Papa Francisco: "O Evangelho de hoje narra o momento no qual Jesus envia os Doze em missão. É uma espécie de “aprendizagem” daquilo que serão chamados a fazer depois da Ressurreição do Senhor com o poder do Espírito Santo.


O trecho evangélico analisa o estilo do missionário, que podemos resumir em dois pontos: a missão tem um centro; a missão tem um rosto. O discípulo missionário tem antes de mais nada um seu centro de referência, que é a pessoa de Jesus. Isto manifesta que os Apóstolos nada têm de seu para anunciar, nem capacidades próprias para demonstrar, mas falam e agem porque foram «enviados», enquanto mensageiros de Jesus.


A segunda característica do estilo do missionário é, por assim dizer, um rosto, que consiste na pobreza dos meios. Com efeito, os Doze receberam a ordem de «que nada levassem para o caminho a não ser um cajado: nem pão, nem alforge, nem dinheiro no cinto». O Mestre quis que eles fossem livres e ligeiros, sem apoios nem favores, com a única certeza do amor d’Aquele que os envia, fortalecidos unicamente pela sua palavra que vão anunciar.


Este episódio evangélico refere-se também a nós, e não só aos sacerdotes, mas a todos os batizados, chamados a testemunhar, nos vários ambientes de vida, o Evangelho de Cristo. E também para nós esta missão é autêntica apenas a partir do seu centro imutável que é Jesus. Cristão algum anuncia o Evangelho «por conta própria», mas unicamente enviado pela Igreja que recebeu o mandato do próprio Cristo. 


A Virgem Maria, primeira discípula e missionária da Palavra de Deus, nos ajude a levar ao mundo a mensagem do Evangelho numa exultação humilde e radiante, além de qualquer rejeição, incompreensão ou tribulação. (Papa Francisco, Angelus, 15/07/18).


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 7 de julho de 2021

A VIDA VIVIDA EM DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 10,1-7)(07/07/21)


Caríssimos, a vida vivida em Deus requer disponibilidade para ama-lo e sermos amados por Ele, para assim amar-nos uns aos outros como expressão do Seu amor em nós. Neste sentido a vivência da fé torna-se relação, intimidade filial, fraternal, tendo a oração como o espaço sagrado onde encontramos o Senhor e com Ele dialogamos, e assim fazermos de nossa vivência com Ele a base da vivência com o próximo, pois, quem convive com Deus, faz o bem a todos.


Na primeira leitura vemos como as decisões erradas do passado explodem negativamente no presente de cada momento. E no episódio de José e seus irmãos isso fica bem claro. No entanto, diante do grave pecado que seria cometido contra ele, Deus enviou Rubem e Judá, para o socorrer quando mais precisava. 


Por isso, José movido pela fé, viu que diante do erro de seus irmãos, Deus agiu providencialmente, para não somente livrá-los da morte pela fome, mas também toda a população do Egito e da redondeza, mostrando com isso que Ele cuida de todos, até mesmo daqueles que não o conhecem ainda.


No Evangelho de hoje Jesus envia os Apóstolos com o encargo de anunciar o Reino de Deus às ovelhas perdidas da casa de Israel na qual reside a promessa feita a Abraão de que nele seriam abençoadas todas as nações da terra. De fato, a casa de Israel hoje é simbolizada pela Santa Igreja, Sacramento universal da salvação da humanidade.


Portanto, caríssimos, todos nós em virtude do nosso batismo, somos discípulos missionários chamados a levar a messagem do Evangelho onde quer que estejamos. Peçamos a nossa Senhora da Evangelização, a primeira discípula missionária, a graça da multiplicação dos discípulos missionários do Evangelho; que cada batizado unido intimamente ao Senhor Jesus, se sinta chamado a anunciar o amor de Deus com o testemunho da própria vida.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 6 de julho de 2021

A LUTA CONTRA O PECADO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 9,32-38)(06/07/21)


Caríssimos irmãos e irmãs, não existe pecado sem tentação, sem consentimento e a prática; e para entendermos melhor, toda tentação é a voz do maligno que fala sorrateiramente à mente humana sugerindo pensamentos, comportamentos e ações contrárias à vontade de Deus. Ora, tudo o que é mal vem do maligno, porém, depende do consentimento, da aceitação e da prática humana para se tornar pecado.


Com efeito, porque somos dotados do livre arbítrio, que é o poder de Deus em nossa vida, nenhum mal espiritual, moral e físico poderá nos atingir se dissermos não às tentações e aos pecados sugeridos pelo maligno, ainda que temporariamente soframos alguns danos como sofreram o patriarca Jó e todos os mártires que deram a vida por Jesus.


No Evangelho de hoje, exercendo o seu ministério, o Senhor Jesus expulsou o demônio de um homem mudo que depois de liberto começou a falar. "As multidões ficaram admiradas e diziam: “Nunca se viu coisa igual em Israel”. Os fariseus, porém, diziam: “É pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios”.


De fato, a admiração pelas obras realizadas por Jesus é sinal da graça recebida por aqueles que reconhecem e agradecem o bem realizado por Ele de modo que crescem na fé, na adesão e no seu seguimento. Por outro lado, aqueles que julgam perversamente atribuindo as ações de Jesus ao maligno, pecam gravemente contra o Espírito Santo, por isso, jamais serão perdoados, por se tornarem culpados de um pecado eterno.


Portanto, caríssimos, sigamos humildemente esta exortação de são Paulo para evitarmos todas as tentações e pecados: "Irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos. O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da paz estará convosco." (Fil 4,8-9).


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 5 de julho de 2021

SOL. DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO...


 Solenidade de São Pedro e São Paulo (Mt 16,13-19)(04/07/21)


Caríssimos, hoje celebramos a solenidade de São Pedro e São Paulo, esses dois grandes pilares da Santa Igreja que Cristo escolheu no início da pregação do Reino de Deus para levar a Sua Palavra até os confins da terra; e de fato, eles cumpriram sua missão regando com o próprio sangue as sementes do Verbo de Deus plantadas nas almas salvas por Ele para darem frutos de vida eterna.


Pedro, que significa pedra, recebeu do próprio Senhor de viva voz a missão de conduzir o Seu rebanho na unidade do Espírito Santo: "Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vence-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus."


Paulo, por sua vez, encontrou o Senhor Jesus pessoalmente à caminho de Damasco para onde havia sido enviado pelas autoridades religiosas de então para perseguir os cristãos; porém, convertido pelo Senhor, recebeu a missão de levar o Seu Nome e a Sua salvação a todos os povos que ainda não o conheciam, e desse modo, derramou o seu sangue no cumprimento da missão que do Senhor recebera.


De certo, do mesmo modo que esses dois grandes Apóstolos deixaram tudo para seguir a Cristo à ponto de dar a vida por Ele e pelo anúncio do Evangelho, peçamos ao Senhor que derrame sobre nós o Seu Santo Espírito para que inflamados do seu amor nos tornemos seus verdadeiros discípulos para anunciar por exemplos, palavras e obras a Sua Santa Palavra para que a sua salvação chegue a todos os corações.


Portanto, caríssimos, como vimos no Evangelho de hoje, ao fundar a Sua Santa Igreja e dar as chaves do Reino de Deus a Pedro para que "tudo o que ligasse na terra fosse ligado nos céus, e tudo o que desligasse na terra fosse desligado nos céus", nosso Senhor Jesus Cristo garantiu para sempre não somente a autoridade de Pedro, que hoje é o Santo Padre, o Papa Francisco; mas também a autoridade da Sua Santa Igreja como Sacramento universal da salvação de toda a humanidade.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

O TOQUE DA GRAÇA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 9,18-26)(05/07/21


Caríssimos, esta liturgia de hoje nos mostra com que facilidade o Senhor Jesus se deixa encontrar, se deixa tocar pela fé de um mulher enferma e a cura instantaneamente; escuta a oração confiante do chefe da Sinagoga e ressuscita a sua filha tornando os seus ouvintes admirados e confiantes. Por outro lado, vimos também como expulsou aqueles que debocharam e fizeram pouco caso Dele frente ao milagre da ressurreição que estava prestes a fazer. 


De fato, para nos aproximar do Senhor e receber suas graças precisamos acreditar, pois, a fé libera o poder de Deus não como nós achamos, mas sim, como é próprio Dele, agir sempre para a nossa salvação por meio da confiança que Nele depositamos. É como se disséssemos: Senhor tu podes tudo, faz conforme o teu agrado, a tua vontade. É bem como Ele disse à hemorraíssa: “Coragem, filha! A tua fé te salvou”. 


Eis o que escreveu são Francisco de Assis sobre a facilidade que temos de encontrar o Senhor Jesus no Sacramento da Eucaristia, de tocar Nele e o receber: "Escutai, meus irmãos: se a bem-aventurada Virgem Maria é digna de louvor -- e o é com justiça -- porque trouxe a Cristo em seu seio bendito; se o bem-aventurado João Batista estremeceu por não ousar tocar a sagrada cabeça do seu Deus;


Se o túmulo em que o corpo de Cristo foi encerrado durante algum tempo está rodeado de veneração, quão santo, justo e digno há de ser aquele que toca a Cristo com as mãos, O recebe na boca e no coração, e O dá aos outros em alimento, este Cristo que deixou de ser mortal e é agora eternamente vencedor e glorioso, que é Aquele que os anjos desejam contemplar.


Que todo o homem tema, que o mundo inteiro trema, que o Céu exulte quando Cristo, o Filho de Deus vivo, Se encontra sobre o altar, entre as mãos do sacerdote. Que grandeza admirável, que bondade extraordinária! Que humildade sublime! O Senhor do Universo, Deus e Filho de Deus, humilha-Se pela nossa salvação, a ponto de Se ocultar numa pequena hóstia de pão. 


Vede, irmãos, a humildade de Deus; prestai-Lhe homenagem no vosso coração. Sede humildes, vós também, para serdes por Ele exaltados. Nada guardeis para vós, a fim de que Aquele que a vós Se entrega por inteiro vos receba por inteiro." (São Francisco de Assis - Carta a toda a ordem)


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 2 de julho de 2021

A MISERICÓRDIA TRIUNFA SOBRE O JULGAMENTO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Mt 9,9-13)(02/07/21)


Caríssimos, podemos dizer que quando um pecador encontra Jesus e olha nos seus olhos misericordiosos e se deixa inundar pela sua divina misericórdia, sem dúvida alguma, tem a mesma reação de Mateus que deixou tudo para o seguir, e desse modo, pôs os talentos que Dele recebera à disposição da salvação da humanidade; ora, é isso que também acontece com todo pecador que se converte.


Com efeito, pelo que vimos neste episódio do Evangelho de hoje, a prática da fé requer sempre a misericórdia como meio eficaz de libertação; qualquer outra atitude não acendo nos que se encontram em estado de pecado mortal, a chama viva da conversão para que doravante sigam o Senhor como suas testemunhas fiéis pelo perdão recebido.


De certo, ainda neste mesmo episódio constatamos, por parte dos fariseus ali presentes, uma grande resistência a atitude misericordiosa de Jesus, por ter admitido que os chamados pecadores públicos sentassem à sua mesa para fazerem refeição com ele; ao que o Senhor respondeu: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”.


De uma coisa fiquemos certos, da parte do Senhor Jesus, jamais nos faltará a misericórdia que tanto precisamos para a nossa salvação. Por isso, deixemo-nos tocar pelo Seu olhar misericordioso para que também nós deixemos tudo para o seguir, isto é, tudo o que não nos ajuda a ser misericordiosos como Ele é misericordioso conosco.


Por fim, escutemos atentamente esta exortação de são Tiago: "Falai, pois, de tal modo e de tal modo procedei, como se estivésseis para ser julgados pela lei da liberdade.

Haverá juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o julgamento." (Tg 2,12-13).


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 1 de julho de 2021

O PERDÃO É A FONTE DA NOSSA SALVAÇÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 9,1-8)(01/7/2)


Caríssimos, crer em Deus é ter a certeza de que Ele é a nossa única razão de ser e que por isso mesmo jamais nos abandona exatamente porque nos ama. Todavia, de nossa parte requer correspondência ao Seu Divino amor para permanecermos Nele aqui e por toda a eternidade. Bem como nos ensinou são João: "Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele." (1Jo 4,16).


E não adianta pergunta-se o por que de nossa fragilidade, dores e sofrimentos em meio a este mundo tenebroso, pois, nenhuma resposta nos convencerá se não o amarmos acima de todas as coisas e não nos deixarmos amar por Ele. De fato, a chave que abre o nosso entendimento para isso, é e sempre será o amor, que significa obediência filial, pois Deus sempre nos trata como seus filhos e filhas amados.


De certo, o amor requer sacrifício justo, santo, agradável ao coração do nosso Pai Eterno; ora, são Paulo nos ensina (f. Rm 12,1-2) que devemos amar o Senhor ofertando-o tudo o que somos e temos para glorifica-lo com todo o nosso ser e estar no mundo, pois, foi isso o que Ele pediu a Abraão na primeira leitura, ou seja, o sacrifício de quem mais amava na certeza de que Ele cuida muito bem de tudo o que lhe oferecemos, isto é, o que amamos e a nós mesmos.


No Evangelho de hoje o Senhor Jesus diante do perdão dado a um paralítico, foi taxado de blasfemo por aqueles que detinham o poder religioso e a tudo julgava sem dó nem piedade; em outras palavras, sem misericórdia, revelando com isso, que quem não enxerga o bem verdadeiro, é porque faz do mal juízo o critério de discernimento onde fundamenta a sua vida.


Portanto, caríssimos, o Senhor Jesus nos ensinou neste Evangelho de hoje que o perdão é uma ação divina que apaga os nossos pecados e nos dá a imortalidade, porque nos faz ressuscitar com Ele. Destarte, perdoar é amar, é fazer a vontade de Deus, é um exocismo que liberta à nós mesmos e aqueles a quem perdoamos, porque é Deus quem os perdoa por meio de nós.


Paz e Bem!


Frei Fernando Maria OFMConv.

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