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terça-feira, 30 de agosto de 2011

QUEM DISSE?















QUEM DISSE?

Quem disse que tudo vai permanecer como está ou irá de mal a pior?
Em parte é verdade sim,
mas somente para aqueles que escolheram o caminho do mal...
Porém, para os que escolheram a senda estreita e reta do Senhor...
Estes não se afastam dele por nada,
porque sabem que outra estrada leva a lugar nenhum...

Então quer dizer que tudo depende de nossas escolhas?
Sem dúvida alguma, porque a liberdade nos foi dada para isto...
Visto que, “Os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis.”
Todavia, o uso fruto destes dons,
só nos foi permitido para o bem e nunca para o mal...
Fora do bem que Deus nos dá a ser e a viver,
tudo não passa de deturpação, negligência ou uso indevido...

Certamente prestaremos contas do dom da vida que recebemos...
Por isso, não podemos nos enganar...
Todas as dádivas foram nos dadas para a nossa felicidade...
Tudo em nossa estrutura aponta para o sem fim que há de vir...
Ninguém em sã consciência deseja a morte...
Porque a vida latente em cada um de nós é obra prima das mãos de Deus...
Por isso mesmo muitos se surpreenderão e até se assustarão...
Quando atravessarem o limiar do tempo...
Porque perceberão que a verdade aqui presente é eternamente...

Ora, muitos dos que aqui estão não verão a Deus...
porque o negam apesar da evidência Dele que são...
Porém, por que negam Aquele a quem não podem negar?
Talvez seja pelos interesses mesquinhos...
ou quem sabe a falta de escrúpulos que é tanta...
Mesmo assim ainda é tempo de interromper o fim
que está próximo e em cada um...
E essa interrupção se dá por meio da conversão ao Filho de Deus
que morreu e ressuscitou para nos dar a vida eterna...
Como ele mesmo disse: “quem crer e for batizado será salvo...”
Mas quem não crer também não tem a vida,
porque a vida é dada àquele que crê na Vida, Cristo Jesus, o Filho de Deus...

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

***
Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto?” (Jo 11,25).
***




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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A Igreja de São Damião e o Ministério das Clarissas


A Igreja de São Damião e o Ministério das Clarissas
 

A primeira obra que Francisco empreendeu depois que se livrou de seu pai, foi edificar uma casa para Deus. Mas não tentou construí-la desde o começo, mas consertou uma pequena igreja que já existia.
Voltou pois ao lugar em que fora construída antigamente uma igreja de São Damião. Com a graça do Altíssimo, reparou-a cuidadosamente em pouco tempo.
Foi esse o lugar feliz e abençoado em que teve auspicioso início a Ordem das Senhoras Pobres e santas virgens, quase seis anos depois da conversão de Francisco e por seu intermédio.
Nela estabeleceu-se Clara, natural de Assis. Pois já tinha começado a existir a Ordem dos Frades quando Clara foi convertida para Deus pelos conselhos de Francisco, servindo assim de estímulo e modelo para muitas outras.
Foi nobre de nascimento e muito mais pela graça; virgem no corpo e puríssima no coração; jovem em idade, mas amadurecida no espírito.
Foi firme na decisão e ardente no amor de Deus.
As irmãs que ali viveram possuíam a virtude da mútua e constante caridade, unindo a tal ponto suas vontades que, vivendo em número de quarenta ou cinqüenta em um mesmo lugar, eram unidas no espírito.
Era uma Ordem de mulheres consagradas ao Senhor Jesus. Servas e devotas de Cristo. Mulheres que tiveram uma experiência pessoal com Cristo e se dedicaram ao Ministério de Intercessão.
Enquanto Francisco e seus discípulos evangelizavam o mundo, estas mulheres intercediam a Deus e sustentavam a missão pelo jejum, vigílias e orações. Por isso a obra de Deus avançou salvando milhares de vidas. “Missões é sustentado pela Oração!”

Oração: Senhor Jesus. Em ti somos Salvos e libertos. O Senhor é o nosso único Senhor e Salvador. A tua graça nos transforma. Assim como o Senhor usou Clara e suas discípulas no ministério da oração, use minha vida na tua seara. Levante intercessores que vivam para a missão de ser luz e sal da terra. Assim como Francisco construiu a igreja de São Damião, que eu seja um instrumento do Senhor para auxiliar no avanço de sua obra espalhando a santidade bíblica por toda a terra. Levante hoje “Claras” e “Franciscos”, pessoas apaixonadas pelo teu Evangelho, convertidas a Jesus Cristo e ardentes pela Missão do Senhor. Em Nome de Jesus. Amém!

Rev. Edson Cortasio Sardinha – ordemevangelica@hotmail.com
Baseado na primeira Biografia de Francisco – Tomás de Celano – Primeira Vida. – Capítulo 8.

Santa Clara de Assis (música)

Prece / Rabindranath Tagore


Esta é a minha prece a Ti, meu Senhor,
Com raízes em meu coração:
Dá-me força para sofrer minhas alegrias
E tristezas.
Dá-me força para tornar frutífero
Meu amor em Teu serviço.
Dá-me força de não fugir nunca ao pobre
E de não dobrar os joelhos
Ante o poder insolente.
Dá-me força para elevar minha mente
Acima das pequenezas da vida diária.
E dá-me força para sujeita-la
Com Tua Vontade, com todo amor.
Não me deixes rogar para pôr-me
A salvo dos perigos,
Mas para encara-los sem temor.
Não me deixes implorar para que
Se aliviem minhas penas,
Mas para que meu coração possa vence-las.
Não me deixes aliados
No campo de minhas batalhas,
Mas que possa eu fiar-me
Em minhas próprias forças.
Não me deixes que, ansioso temor,
Deseje salvar-me,
Mas que obtenha a paciência
Para ganhar meu reino.
Conceda-me a graça de que eu
Não seja covarde,
Que não só sinta Tua ajuda
Em minhas vitórias,
Mas que também possa achar
A doce pressão
De Tua mão
Em meus fracassos.

 

sábado, 27 de agosto de 2011

Site da Viceprovíncia dos Frades Menores Capuchinhos do Amazonas e Roraima

Site da Viceprovíncia dos Frades Menores Capuchinhos do Amazonas e Roraima

Oração do Abandono


Meu Pai, a vós me abandono.
Fazei de mim o que quiserdes.
O que de mim fizerdes, eu vos agradeço.
Estou pronto para tudo,
aceito tudo,
contanto que a vossa vontade se faça em mim
e em todas as vossas criaturas.
Não quero outra coisa, meu Deus!
Entrego minha vida em vossas mãos.
eu vo-la dou, meu Deus,
com todo o amor do meu coração.
Porque eu vos amo e
porque é para mim uma necessidade de amor
dar-me, entregar-me em vossas mãos,
sem medida, com infinita confiança,
porque sois o meu Pai.

Charles de Foucauld

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Meditação

A finalidade da meditação é o amor a Deus e ao próximo.

São Pio de Pietrelcina, OFMcap, 1887-1968

A Chama do Ardor Missionário Franciscano Secular

"Missão é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso eu. É parar de dar volta ao redor de nós mesmos como se fossemos o centro do mundo e da vida".
D. Helder Câmara

São Francisco foi progressivamente tomando consciência do destino evangelizador da fraternidade, numa amplitude cada vez mais universal.
A experiência chave da vida de Francisco foi o encontro com o Evangelho, na chegada da primavera de 1208, quando escutou, durante a celebração da missa, a leitura do Evangelho de Mateus, capítulo 10, versículos 5 a 14. Após a missa, pediu ao sacerdote que explicasse o texto. Entendendo que Cristo queria que os apóstolos nada possuíssem, nem dinheiro, nem sapato, nem comida, mas, somente pregassem o Evangelho, ficou, profundamente tocado, respondendo: "creio e quero isso de todo coração". Inicia-se seu processo apostólico, sua vida missionária.

Podemos ler essa trajetória em 1 Cel XII, 29: "Por esse tempo, ingressou na Ordem um outro homem de bem, chegando a oito o número dos frades. Então, São Francisco chamando todos a si e tendo falado muitas coisas sobre o reino de Deus, o desprezo do mundo, a abnegação da própria vontade e a mortificação do corpo, dividiu-os dois a dois, por todas as partes do mundo, anunciando a remissão dos pecados. Sede pacientes, nas tribulações, confiando que o Senhor vai cumprir o que propôs e prometeu. Aos que fizerem perguntas, respondei com humildade; aos que vos perseguirem, abençoai e aos que vos caluniarem, agradecei, porque por meio disso tudo, nos está sendo preparado um reino celeste. E recebendo o mandato com gáudio e muita alegria eles se prostraram diante de São Francisco. Ele os abraçava e dizia com ternura e devoção a cada um: 'Põe teus cuidados no Senhor e ele cuidará de ti'. Frei Bernardo e frei Egídio foram para Santiago de Compostela. São Francisco e um companheiro escolheram outra região e os outros quatro foram, dois a dois, para os lados que restaram".

Celano continua nos relatando o processo missionário de São Francisco, escrevendo: "Ardendo em amor a Deus, o santo Pai Francisco sempre quis empreender as coisas as coisas mais difíceis... No sexto mês de sua conversão, inflamado em veemente desejo do santo martírio, quis navegar para a região da Síria para pregar a fé cristã e a penitência aos sarracenos e outros infiéis. Tomou um navio que ia para lá, mas sopraram ventos contrários e foi com outros navegantes parar na Esclavônia (Dalmácia e Croácia - Eslovênia)"
(I Cel XX, 55-56).), opondo-se

"Deixando o mar, Francisco, servo de Deus Altíssimo, caminhou por terra. Algum tempo depois, empreendeu uma viagem a Marrocos para pregar o Evangelho de Cristo ao miramolim e a seus sequazes. Seu entusiásmo era tanto que, as vezes, deixava para trás seu companheiro de viagem, na pressa de realizar seu intento, com verdadeira embriaguez espiritual. Mas, o bom Deus lembrou-se, em sua misericórdia de mim (Celano), opondo-se, frontalmente, quando já tínhamos chegado à Espanha, impedindo-o de continuar o caminho, por uma doença que o fez voltar atrás".

O projeto de Francisco de uma missão entre os sarracenos teria fracassado? O cardeal Guilherme Massaia OFM cap argumenta que, quanto maiores forem as contrariedades numa missão, tanto maior será a evidência do poder e da grandeza do Projeto de Deus.

Os biógrafos de São Francisco nos deixam, em suas páginas, muitos outros exemplos da caminhada missionária de Francisco e seus irmãos menores.

Frei João Franco Frambi OFM Cap
Assistente Espiritual Nacional da OFS - Revista Paz e Bem - Setembro/Outubro - 2010

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

PENSAMENTOS...














PENSAMENTOS...

Ø  Nem pensar no pecado, muito menos ainda cometê-lo...

“Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos... e o Deus da paz estará convosco”. (Fil 4,8-9b).

“Porque é do coração que provêm os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias”. (Mt 15,19).

Ø  Quem se exercita na virtude do bem por amor a Deus, cresce no bem, permanece no bem e nunca se perde, porque é conduzido pelo Espírito Santo...

“Somos obra de Deus, criados em Jesus Cristo para as boas ações, que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos”. (Ef 2,10).

Ø  Quem usa da virtude do bem e das outras virtudes para permanecer no pecado, esse morre sem fruto algum, porque desobedece a Deus por usar dos seus dons a fim de negá-lo...

“Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida - não procede do Pai, mas do mundo. O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente”. (1Jo 2,15-17).

Ø  O prazer é um dom de Deus, e o maior prazer que Deus nos dá é o prazer de lhe amar e servir, porque esse prazer gera em nós a satisfação permanente da salvação e santificação de nossas almas...

“Afora vós, o que há para mim no céu? Se vos possuo, nada mais me atrai na terra. Meu coração e minha carne podem já desfalecer, a rocha de meu coração e minha herança eterna é Deus. Sim, perecem aqueles que de vós se apartam, destruís os que procuram satisfação fora de vós. Mas, para mim, a felicidade é me aproximar de Deus, é pôr minha confiança no Senhor Deus, a fim de narrar as vossas maravilhas diante das portas da filha de Sião”. (Sl 72,25-28).

Ø  Estou aqui, Senhor, porque creio em Ti e quero Te servir... Porque creio no testemunho que deste da vontade do Pai Eterno... Porque creio no teu Evangelho e no testemunho que São Francisco e tantos outros deram do teu Evangelho...

“Portanto, quem der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante de meu Pai que está nos céus. Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus”. (Mt 10, 32-33).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

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domingo, 21 de agosto de 2011

Mutirão Ecumênico 2011 sobre Ecologia

Este será o 6° encontro de Agentes para o Ecumenismo, que até então se chamava “SULÃO”, por abarcar os estados do sul do Brasil – Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – mais o estado de São Paulo. Realiza-se a cada dois anos, alternando o estado anfitrião.
Inicialmente organizado e destinado aos agentes ecumênicos da Igreja Católica Romana – ICAR, eram convidadas as demais denominações cristãs, oferecendo formação e oportunidade para compartilhar experiências.
Nas últimas edições a organização e os destinatários se ampliaram para além da ICAR, chamando para organizar o evento, igrejas cristãs, entidades ecumênicas, movimentos eclesiais, tendo como destinatárias todas as pessoas interessadas na promoção do ecumenismo.
Devido a ampliação de parceiros, o encontro passou, nesta edição, a ser chamado de “Mutirão Ecumênico – Sulão VI”.
PROMOÇÃO:
CONIC/RS – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil
CNBB/RS – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
CLAI – Conselho Latino Americano de Igrejas

REALIZAÇÃO E COORDENAÇÃO:
Igrejas cristãs (Igreja Católica Apostólica Romana – ICAR, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – IEAB)

Entidades Ecumênicas
CEBI – Centro de Estudos Bíblicos
CECA – Centro Ecumênico de Capacitação e Assessoria
CEPA – Centro de Espiritualidade Padre Arturo
SICA – Serviço Interconfessional de Aconselhamento
REJU – Rede Ecumênica de Juventude
Grupos Ecumênicos das cidades de Esteio, São Leopoldo, Novo Hamburgo.
Movimento dos Focolares
Trilha Cidadã

Instituições de Ensino
Faculdades EST
ESTEF – Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana – RS
PUC – Pontifícia Universidade Católica do RS.

Objetivos
Geral
Reunir 300 agentes envolvidos com o serviço e/ou a promoção ecumênica dos estados de SP, PR, SC e RS para celebrar, conviver, trocar experiências e aprofundar a compreensão do ecumenismo, animando-os a continuar a caminhada ecumênica dentro e fora do espaço eclesial.
Específicos
• Mostrar os avanços na busca de unidade das igrejas;
• Dar visibilidade às ações e serviços ecumênicos;
• Incentivar a Unidade, o Testemunho e a Diaconia;
• Refletir sobre o Meio Ambiente e a defesa da Criação;
• Reunir propostas de ações conjuntas na defesa da Criação;
• Celebrar os avanços da caminhada ecumênica.
Neste ano, o evento será realizado nos dias 26, 27 e 28 de agosto, no Centro Mariápolis, em São Leopoldo (RS). Todas e todos estamos convidados a refletir a temática "Unidos em Cristo na defesa da criação" e o lema "A criação espera com impaciência a manifestação dos filhos de Deus", cuja inspiração vem da Palavra de Deus (Rm 8:19).

Inscrições no link: http://www.cnbbsul3.org.br/pc_eventos.asp

Economia para a vida

contribuições da teologia para a crítica à idolatria
Entrevista especial com Jung Mo Sung

“Todas as sociedades produzem deuses, que são obras de ações e interações humanas que são sacralizadas, e em seu nome se funda a ordem social existente e se exige sacrifícios de vidas humanas necessários para a reprodução da ordem”. Para o teólogo Jung Mo Sung, o neoliberalismo, hoje, apresenta uma lógica idolátrica, devido à “dimensão fascinante do capitalismo global atual”. “Diante da fascinação, não basta criticar, é preciso desvelar o processo sacrificial para desmascarar a fascinação que cega”, afirma.

Nesse contexto, “a teologia tem um papel importante a cumprir na sociedade. Podemos dizer que a crítica pela teologia da fascinação da idolatria do mercado é um papel ou uma contribuição importante a dar no espaço público da sociedade e do debate acadêmico”, defende.

Nesta entrevista, concedida por e-mail à IHU On-Line, Sung faz também uma análise das contribuições do Concílio Vaticano II, prestes a completar 50 anos de sua convocação, além das Jornadas preparatórias para o Congresso Continental de Teologia, que irá ocorrer na Unisinos, em outubro de 2012. E também explica qual a sua compreensão da importância e do significado da “teologia pública”.

Jung Mo Sung é teólogo e filósofo leigo católico. É mestre em Teologia Moral pela Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção e doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo – Umesp, com pós-doutorado em Educação pela Universidade Metodista de Piracicaba. É professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Umesp. Dentre suas obras, destacamos: Sementes de esperança: a fé em um mundo em crise (Vozes, 2005, 2ª. ed.), Educar para reencantar a vida (Vozes, 2006) e Se Deus existe, por que há pobreza? (Paulinas, 2000, 3ª. ed.).

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Qual é a importância de celebrar os 50 anos do Concílio Vaticano II? A partir dessa data especial, quais são os principais desafios que a igreja precisa discutir no atual momento histórico?

Jung Mo Sung – Uma pessoa sabe quem ela é a partir da sua memória. Quando sofre amnésia e perde completamente a memória, perde também a sua identidade, não sabe quem é, e assim não consegue compreender o seu presente e nem consegue pensar no seu futuro. Assim também funciona para instituições ou igrejas. É claro que nenhuma instituição sofre de amnésia total, mas, de forma semelhante às pessoas, a sua memória é conformada de modo seletivo. Guardamos certos fatos e esquecemo-nos de outros. Esquecer é fundamental na formação da memória e, portanto da identidade, porque não é possível guardar na memória todos os fatos. Perdoar, por exemplo, é um exercício de esquecimento.

Se sabemos quem somos a partir da nossa memória, o processo de seleção desta memória impacta não somente na identidade, mas na forma como compreendemos o presente e as tarefas e objetivos para o futuro. Assim sendo, esquecer ou lembrar-se de certos fatos ou acontecimentos do passado da Igreja Católica influencia o modo como esta igreja compreende o seu presente e os desafios do seu futuro. Por isso, celebrar os 50 anos do Concílio ou não e como se celebra são opções importantes na “organização” da memória da Igreja e, portanto, da sua identidade e do seu futuro.

Dito isso, podemos dizer que o primeiro desafio consiste na luta pela interpretação do Concílio na história recente da Igreja, pois a memória é sempre constituída de reinterpretação de fatos passados. Interpretado como uma abertura da Igreja ao Espírito de Deus e às realidades do mundo moderno, eu penso que a celebração dos 50 anos de Concílio nos coloca, em primeiro lugar, o desafio de repensar o próprio conceito de modernidade ou de mundo moderno que esteve presente no Concílio e ainda está em muitos documentos e textos teológicos de hoje.

A modernidade foi compreendida como emancipação humana, racional e secularizada, quando na verdade apresenta duas faces aparentemente contraditórias. A proposta de emancipação humana baseada na razão veio acompanhada de colonização e escravização da população do mundo não europeu ocidental. A racionalidade moderna justificou a irracionalidade da matança e exploração de centenas de milhões de pessoas em nome do progresso e civilização. Franz Hinkelammert  chama a racionalidade moderna de “racionalização do irracional”.

Além disso, a dita secularização não significou negação completa da religião ou do sagrado, mas o deslocamento do sagrado para a esfera do mercado, no capitalismo, e Estado no comunismo. Na crítica teológica ao capitalismo, isso foi chamado de “idolatria do mercado”.

A compreensão da modernidade como racional e secularizada traz para a Igreja o desafio de justificar a fé diante da razão e a religião diante do mundo secular. A compreensão mais crítica do mundo moderno traz o desafio de criticar teologicamente a idolatria que explora e mata, ou não permite a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo, além da degradação ambiental, em nome de um novo tipo sagrado. Como todo sagrado, este Império global que está se formando com a globalização econômica fascina e atrai ao mesmo tempo em que gera medo.

Hoje, especialmente o medo de ser expulso da globalização.

Diante do mundo assim, a Igreja Católica, que celebra os 50 anos do Concílio como abertura ao Espírito de Deus e “às alegrias e esperanças” e também aos sofrimentos do mundo, deve assumir o desafio de encontrar formas concretas mais eficientes de testemunhar o amor de Deus junto aos pobres e vítimas deste sistema imperial global.

IHU On-Line – Quais são as temáticas eclesiais ou teológicas que requerem uma mudança para que se dê continuidade ao espírito do Concílio Vaticano II?

Jung Mo Sung – Eu penso que uma das grandes novidades do Concílio foi tentar superar a noção de a Igreja ser ou estar “separada” do mundo que se fortalece no mundo moderno. A visão do mundo dividido em religioso e secular é uma criação do mundo moderno, pois antes tudo estava sob o “manto” do religioso; a vida em sua integralidade era explicada a partir do senso religioso. Com a emergência da modernidade e da separação entre Estado e Igreja, a secularização, surgiu o “espaço público” que ficou fora do controle ou da esfera do religioso, que ficou mais restrito ao campo da vida privada.

Uma das reações da Igreja foi a de se valorizar como uma instituição “separada” por Deus que tinha como função a salvação das almas das tentações e perigos do “mundo”; isto é, o caminho da salvação consistia em “sair” do mundo, ou pelo menos não se intrometer demasiadamente nos problemas do mundo. Por isso, a religião se via como não tendo relação com a política. E o clero, com o seu celibato, era uma expressão social visível desta teologia.

O Concílio procura superar esse dualismo Igreja/mundo, assumindo que as alegrias e esperanças do mundo também são as da Igreja e desenvolve também uma eclesiologia que procura superar a divisão interna das pessoas “separadas”, consagradas, sagradas, das pessoas comuns. E propõe uma visão da Igreja como Povo de Deus, dentro do qual todos os seus membros são iguais no Batismo, com diferentes serviços ou ministérios.

Para dar continuidade e aprofundamento neste caminho ou espírito, eu penso que é fundamental retomarmos o debate teológico em torno da Igreja como Povo de Deus a serviço do testemunho da presença do Reino de Deus no mundo. Superar a teologia da “separação”, teologia centrada na noção do sagrado. Pois, sagrado é aquilo que foi separado do mundo profano. Cristianismo não é uma religião que anuncia um novo sagrado, um sagrado mais poderoso do que outros; pelo contrário, anuncia que Deus se esvaziou do seu poder e se encarnou, entrou no mundo, na forma de um ser humano.

IHU On-Line – Passados 40 anos desde a obra seminal de Gustavo Gutiérrez, como a Teologia da Libertação deve ser compreendida hoje? De que libertação falamos no contexto contemporâneo, que não é mais o mesmo de 40 anos atrás?

Jung Mo Sung – Eu penso que é fundamental retomarmos as novidades fundamentais da Teologia da Libertação – TdL que a diferenciaram de outras teologias políticas ou progressistas da época. A principal novidade da TdL não consistiu em falar dos pobres ou da inserção política dos cristãos na sociedade, mas na sua “ruptura epistemológica”, na sua metodologia e princípios teóricos que norteiam o fazer teologia.

O primeiro elemento desta ruptura foi a relação práxis/teologia. A TdL se propôs a fazer sua reflexão teológica a partir e sobre problemas das práxis de libertação. A TdL não quis reler todos os tratados teológicos a partir dos pobres – como alguns pensam ainda hoje –, mas refletir e dar respostas e pistas de ação para perguntas que vinham das lutas diante de uma realidade tão injusta. Infelizmente, muitos dos livros considerados de TdL não explicitam qual problema ou pergunta que surge da realidade e das práticas que estão tentando elucidar.

O segundo elemento foi a ruptura com a noção de que existe uma abordagem universal ou neutra na busca da verdade ou das verdades na teologia ou em outras áreas de saber. A opção pelos pobres, além de ser uma opção que norteia a condução das práticas pastorais, é uma afirmação de que, em situações de opressão, não há um ponto de vista neutro ou universal para interpretar a realidade e a fé; e que a perspectiva bíblica é a perspectiva dos pobres ou das vítimas das relações de dominação.

Um terceiro elemento tem a ver com a noção de libertação que foi colocada na pergunta. No início da TdL, a noção de libertação era bem concreta; falava-se da libertação das relações de dependência no campo da economia política internacional e nacional. Na medida em que a TdL refletia as questões das lutas sociais, a noção de libertação era entendida de uma forma bem “encarnada”, dentro das possibilidades históricas. Com o passar do tempo, começou a predominar a noção de libertação como a passagem para um mundo “sem dominação e injustiça, um mundo de plena harmonia”. Isto é, uma noção abstrata de libertação que pressupõe a libertação de todas as contradições humanas e de todos os conflitos e problemas inerentes a todas as sociedades humanas. No fundo, a libertação passou a significar a “construção do Reino de Deus em plenitude” no interior da história. Com isso, perdeu-se a concretude histórica que se pretendeu no início da TdL com o diálogo com as ciências do social.

É claro que há outros elementos importantes nessa teologia, como a necessidade da “libertação da teologia” (a autocrítica da teologia, da Igreja, da religiosidade dos pobres, incluindo as CEBs) para que possa haver a teologia da libertação; mas o espaço aqui não permite alongar muito esse tema.
Para terminar a resposta a esta pergunta, eu penso que é importante repensarmos o próprio conceito de libertação antes de responder libertação do “quê” falamos hoje. Em outras palavras, repensar a relação entre a libertação, liberdade e a condição humana.

IHU On-Line – A partir dos debates da Jornada Teológica do Cone Sul e do Brasil, que ocorreram em junho, por onde anda a teologia hoje? Que questões centrais foram debatidas?

Jung Mo Sung – A Jornada Teológica que ocorreu em Santiago, Chile, precisa ser entendida dentro da realidade da Igreja Católica chilena. Não foi uma jornada de especialistas discutindo ou avaliando a situação da TdL hoje, mas foi um encontro que serviu mais para ser um “sinal dos tempos” na Igreja de Chile, que passa por dificuldades. Isto é, um evento que reuniu diversos setores da Igreja chilena para discutir temas que giravam fundamentalmente em torno do testemunho profético da Igreja na realidade social. Por isso, não é possível dizer por onde anda a teologia hoje a partir daquela jornada. Para interessados em mais detalhes sobre a jornada, vale a pena conferir o sítio que contém também textos discutidos lá: www.jornadasteologicas.cl.

IHU On-Line – O espaço dos leigos e leigas – especialmente mulheres – na Igreja continua sendo reduzido. A que “paradigma” esse fenômeno está associado? Que mudanças são necessárias para uma nova eclesiologia, menos clericalista?

Jung Mo Sung – Eu penso que o ponto nevrálgico na discussão de um novo modo de compreender a estrutura interna da Igreja está na articulação entre dois temas: a missão da Igreja no mundo e a tradição como parte da revelação.

Setores da Igreja Católica que reivindicam mudanças estruturais que ofereçam mais espaço de atuação e decisão para laicato (homens e mulheres) e possibilidade de ordenação das mulheres se fundamentam em dois pontos:

a) a missão da Igreja no mundo como testemunho profético capaz de questionar a sociedade e, por isso, a necessidade de adequações internas para fazer jus a este papel profético;

b) uma leitura da Bíblia que não se reduz a repetição das regras existentes no tempo bíblico, mas a que se utiliza da hermenêutica para “atualizar” o espírito da Bíblia nos dias de hoje.

Setores que se opõem a essas mudanças têm uma concepção da missão que se funda mais na “separação” do mundo ou na salvação eterna das almas, que têm pouco a ver com o testemunho profético. Além disso, esses setores costumam compreender a tradição da Igreja – incluindo aqui toda a história da conformação das estruturas institucionais e hierárquicas – como parte do processo de revelação da vontade de Deus no mundo.

Sendo assim, a modificação na relação clero/laicado e a ordenação das mulheres são vistas como contrárias à verdade revelada e guardada pelo magistério da Igreja.

Por isso, penso que a mudança eclesiológica pressupõe uma mudança na compreensão da relação entre a verdade revelada e a Igreja. O que implica em um debate teológico e mudança cultural muito interessante e difícil.

Mudanças profundas em instituições seculares como a Igreja Católica são resultados de dois movimentos: um interno, a partir de uma nova compreensão de si e da sua missão, que é fruto de uma luta interna em termos de debate teológico-ideológico e de relações força entre os grupos; e a pressão do contexto onde está localizada.

O crescimento de religiões não cristãs, como o islamismo, e principalmente de Igrejas evangélicas e pentecostais pode ser um fator de pressão para mudanças. Quando ficar mais claro que as respostas tradicionais não são capazes de fazer frente às novidades e pressões do contexto social e religioso, haverá mais espaço para mudanças desejadas por grupos internos que hoje não são hegemônicos.

IHU On-Line – Em sua opinião, qual é o espaço e a importância de uma “teologia pública”?

Jung Mo Sung – Eu penso que há dois tipos de compreensão quando se fala da “teologia pública”. O primeiro é no sentido de que a teologia e a Igreja têm ou devem ter um papel ou uma contribuição a dar na “esfera pública”. Uma visão mais ampla e mais “neutra” da teologia política ou TdL, na medida em que inclui na esfera pública a sociedade civil, além da esfera da política no sentido estrito. Eu usei o termo “neutro” para dizer que o fato de se assumir como teologia pública não conota necessariamente nenhum posicionamento ideológico ou político definido. Há autores da teologia política que são mais conservadores ou mais “liberais” (no sentido norte-americano) ou progressistas.

O segundo é a compreensão da teologia pública como uma presença pública da teologia nas universidades, dialogando com as ciências em geral. É uma forma de a teologia sair do “gueto” dos seminários ou faculdades de teologia e participar de forma amadurecida no âmbito da academia. Seria uma forma de superar a preconceito contra a teologia que surgiu após o Iluminismo.

Eu penso que esses dois tipos de compreensão da teologia pública são úteis e podem contribuir no diálogo e na inserção das igrejas cristãs na sociedade hoje. Mas “teologia pública” por si só não define suficientemente os pressupostos epistemológicos e opções éticas de cada corrente interna. Por isso, penso que é preciso adjetivar a expressão, como, por exemplo, “teologia pública neo-ortodoxa” ou “teologia pública profética”.

IHU On-Line – As novas tecnologias digitais mudaram os espaços, os tempos, os conceitos de comunidade, pertença etc. Como essa realidade se reflete (ou não) no campo teológico e pastoral?

Jung Mo Sung – A vida e os relacionamentos das pessoas e das comunidades estão marcados profundamente pela noção de tempo e espaço. Na medida em que novas tecnologias estão criando novo tipo de espaço, o espaço virtual, que permite, por exemplo, redes de relacionamentos que ultrapassam limites do espaço geográfico, elas modificam também a noção de tempo e assim a própria noção de pertença e do que é importante na vida.

Com certeza, essas modificações estão afetando a pastoral, mas ainda há poucas pesquisas e reflexões teológicas sobre isso. Como disse antes, a TdL deve se ocupar com temas e problemas que surgem das práticas pastorais sociais e, portanto, este deveria ser um tema urgente.

Deixe-me dar um pequeno exemplo como provocação para reflexões. Através de redes sociais estão surgindo comunidades virtuais de cristãos, com pessoas de diversas partes do mundo, em torno de visões teológicas ou religiosas convergentes. É claro que comunidades virtuais não possibilitam a experiência de “face a face”, que é fundamental na experiência comunitária. Todavia, elas permitem que pessoas que se sentem isoladas, seja porque vivem longe da sua comunidade de pertença original ou porque não aceitam a teologia ou a linha pastoral da sua igreja local, se vejam pertencendo ao que poderíamos chamar de versão tecnológica da “comunhão dos santos”. Há muitas pessoas que usam, por exemplo, Twitter como um “púlpito” para a divulgação de mensagens ou de pensamentos teológicos.

IHU On-Line – Em sua fala na Jornada Teológica, o senhor abordou as referências no âmbito econômico de conceitos religiosos ou teológicos como dogmatismo, fundamentalismo, sacralização do mercado, sacrifícios. O que isso revela a respeito da sociedade contemporânea?

Jung Mo Sung – Na verdade, eu citei autores fora da teologia, especialmente da área da economia e administração de empresas que usam esses termos religiosos para falar das práticas e teorias no campo econômico e das empresas. Este tipo de pesquisa e reflexão começou já na década de 1970, na TdL, com autores como Franz Hinkelammert e Hugo Assmann  e eu tenho participado disso desde 1988.

A constatação do uso de termos religiosos e teológicos no campo da economia não é um acaso ou um simples uso de metáforas sem importância na economia. Este uso constante de termos e símbolos religiosos para sintetizar lógicas, práticas e cosmovisões econômicas revela que o mundo moderno não é não religioso. Pelo contrário, não se pode compreender o mundo moderno se não levar em consideração o fato de que ele se levanta contra o mundo feudal com a pregação de uma boa nova: a libertação humana pelo avanço tecnológico e econômico. Só que essa salvação, como toda religião, exige sacrifícios. A economia capitalista não nega a soteriologia da cristandade medieval, mas a modifica. Agora os sacrifícios necessários para a salvação são exigidos em nome do mercado. É por isso que os ideólogos e defensores do capitalismo se dão bem que setores conservadores das igrejas que defendem que não há salvação sem sacrifício.

Em resumo, o mundo moderno não é secularizado no sentido antirreligioso, mas é idólatra. Karl Marx  e Max Weber já apontaram para esse aspecto do capitalismo.

IHU On-Line – Em sua crítica ao neoliberalismo, o senhor usa termos como “ídolo” e “idolatria”. Em que sentido?

Jung Mo Sung – Um dos conceitos teológicos fundamentais da Bíblia, se é que podemos dizer que é um conceito no sentido mais técnico, é o da idolatria. Todas as sociedades produzem deuses, que são obras de ações e interações humanas (objetos ou instituições) que são sacralizadas, e em seu nome se funda a ordem social existente e se exige sacrifícios de vidas humanas necessários para a reprodução da ordem.

Os profetas perceberam isso e desvelaram e criticaram esse processo de produção de deuses, os ídolos. Em oposição a ídolo, que se caracteriza por exigir sacrifícios de vidas humanas, a Bíblia nos apresenta Deus que não quer sacrifícios, mas misericórdia. Os seguidores de Deus misericordioso podem doar suas vidas por amor, na liberdade, mas não se sentem coagidos entregando suas vidas em sacrifício.

Um aspecto que é importante na crítica à idolatria é que o ídolo é sempre visto como deus por seus adoradores e, por isso, fascina e atrai. Quando digo que o neoliberalismo apresenta uma lógica idolátrica estou também querendo apontar para a dimensão fascinante do capitalismo global atual. Diante da fascinação, não basta criticar; é preciso desvelar o processo sacrificial para desmascarar a fascinação que cega. Nesta tarefa, a teologia tem um papel importante a cumprir na sociedade. Voltando ao tema da teologia pública, podemos dizer que a crítica pela teologia da fascinação da idolatria do mercado é um papel ou uma contribuição importante a dar no espaço público da sociedade e do debate acadêmico.

IHU On-Line – Para o senhor, a vida econômica hoje é percebida como uma religião, e o neoliberalismo, como uma nova religião econômica. É possível uma “outra economia”, justa e eticamente regulada? Sobre que parâmetros estaria assentada?

Jung Mo Sung – Uma ideia ampla como “economia justa e eticamente regulada” nos ajuda a pensar na superação da economia capitalista que conhecemos hoje. Mas, ao mesmo tempo, não é muito operacional e não oferece muitas pistas concretas para formular os pontos principais de uma “outra economia”. Isso porque entramos em uma discussão sem fim sobre o que é “justo” e “ético”; só para depois entrarmos na discussão de como ética pode regular economia.

Economia é o campo da produção e distribuição de bens materiais e simbólicos necessários para a reprodução da vida humana. Não basta que uma economia seja justa e ética – não importa aqui o que se entende por isso –, se não produz o suficiente para a reprodução da vida de toda a sociedade. Por isso, eu prefiro a proposta por Franz Hinkelammert de discutirmos em torno da “economia para a vida”. Esta expressão remete a Jo 10, 10, “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”, e se opõe a economia capitalista que é pensada para o crescimento econômico e acumulação do capital.

Economia para a vida implica também na preservação do meio ambiente, que é condição de vida, e na vida de todas as pessoas. Aqui estamos falando de vida corporal, a única que temos e podemos cuidar de fato – pois a vida eterna é graça de Deus.

O grande desafio para quem luta por uma sociedade mais justa e humana, onde todas as pessoas tenham a oportunidade e possibilidade de ter uma vida digna e prazerosa, é responder à pergunta: como será a nova forma de coordenação da divisão social do trabalho?

Uma característica das economias não simples é o fato da fragmentação do processo produtivo. Isto é, ninguém ou nenhum grupo pequeno produz todos os bens necessários para a sua sobrevivência. Com isso, cada um faz uma parte do trabalho necessário e há a necessidade de coordenação desses trabalhos ou processos fragmentados. O comunismo propôs, como alternativa ao capitalismo, o modelo de planejamento centralizado pelo Estado. A experiência histórica nos mostrou que esse caminho é ineficiente porque é impossível conhecer de modo eficaz todos os elementos da economia para esse planejamento. O neoliberalismo propõe que o mercado seja o único ou principal instrumento de coordenação da divisão social do trabalho.

A luta por uma “economia justa” ou uma “economia para a vida” passa necessariamente por este desafio de pensarmos uma forma alternativa dessa coordenação. Propostas econômicas alternativas no âmbito de unidades produtivas (por exemplo, empresas na linha da “economia de comunhão”) ou em âmbitos microrregionais ou marginais ao mercado global (por exemplo, muitas experiências de economia solidária) são importantes e ajudam muito na vida concreta do povo. Mas, em termos de outro sistema econômico, não há como evitar o tema dessa coordenação.

A princípio, podemos dizer que há sim alternativa ao capitalismo, pois ele não é eterno, mas não será solução perfeita ou definitiva.

sábado, 20 de agosto de 2011

QUANDO E COMO OUVIMOS A VOZ DE DEUS/













QUANDO E COMO OUVIMOS A VOZ DE DEUS?

Na verdade é preciso primeiro perguntar: o que é um ouvido cioso? É aquele que sempre escuta atentamente e não perde nada do que se lhe é comunicado; digamos melhor, é uma espécie de ouvinte permanente que nunca esquece o que ouve, e por isso mesmo, guarda no seu coração tudo o que lhe é revelado (Cf. Lc 2,51); porque, para nós que esperamos em Deus, tudo é revelação, pois nada conhecemos plenamente, visto que o saber intelectual é um apreender a partir da realidade que nos cerca e que fazemos parte dela, mas só a conhecemos parcialmente e nunca a sua essência, ela mesma; pois o mistério criador a envolve e a guarda como que a nos dizer: cabe a mim somente a mim conhece-la e revelá-la a quem me apraz...

Ouvir a Deus, então, é comungar perfeitamente com a sua Vontade que Ele mesmo se nos revela nas Sagradas Escrituras e em Seu Filho Jesus Cristo que é o Ápice da Revelação e ainda nos santos e santas que, conduzidos por Seu Espírito, seguiram Jesus em tudo e se conformaram a Ele neste mundo pelo exemplo de vida. Assim, o cristão é aquele que vive em Cristo e interage constantemente com Ele, com o Pai e o Espírito Santo, formando a unidade da Igreja, seu Corpo Místico, do qual Ele é a Cabeça e nós somos os membros. (Cf. Col 1,18).

As vias de comunicação nossa com Deus e de Deus conosco são os Sacramentos, a oração, a vivência das virtudes e as obras que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos (Cf. Ef 2,10); porque são essas graças que fundamentam nossa comunhão com o Senhor e nos levam a dar o testemunho verdadeiro de que somos seus filhos e filhas.

Pelos Sacramentos Deus nos gera na fé e nos faz viver Nele pela fé enquanto estivermos neste mundo, pois Sacramento é sinal sagrado onde Deus opera diretamente realizando a sua obra de restauração de toda a humanidade. Quem vive intensamente a vida sacramental é perseverante em tudo o que faz, porque vive da fé (Cf. Hab 2,3), conduzido pelo Espírito Santo, ou seja, ouve e segue a Cristo pela vivência sacramental.

Já a oração é uma via de mão dupla na interação com Deus. Por ela falamos com o Senhor e o ouvimos e com Ele interagimos como o fez Jesus, seu Filho Amado (Cf. Jo 11,41-42). E o melhor desse dom é que podemos usá-lo em qualquer lugar ou a qualquer momento sem restrição alguma, desde que observemos o que o Senhor Jesus nos ensinou: “Quando orares, entra no teu quarto (coração), fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á”. (Mt 6,6). Aliás, São Paulo, também nos ensinou essa verdade, quando escreveu: “Orai sem cessar” (1Tess 5,17).

Quanto à prática das virtudes? Estas são a escada que nos leva ao céu, pois de dons, são transformadas em atributos divinos pelos quais atingimos o cume da perfeição, visto que são as propriedades essenciais que santificam nossas almas. Um dom pode ser praticado ou não; quando praticado se torna atributo, isto é, próprio do ser, porque nunca lhe será tirado. Assim, por exemplo, temos o dom de amar; quando amamos perfeitamente pelo Espírito Santo, o próprio amor nos leva ao infinito dele mesmo nos tornando amor plenamente.

E as boas obras, como ouvimos o Senhor por elas? Ora, o servo só faz o que o seu Senhor manda; por elas obedecemos a Deus prontamente com o coração em festa, porque praticamos o que mais agrada a Deus numa alma piedosa. Pelas boas obras, além da obediência perfeita, cooperamos com a implantação do Reino dos Céus já aqui na terra. Quem faz o bem que Deus lhe dá, este testemunha que Deus está presente no bem feito, por isso, não fica sem recompensa, porque já o experimenta em si mesmo. Portanto, “Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na fé”. (Gal 6,9-10).

Destarte, assim diz o Senhor: “Eis o meu Filho muito amado, em quem pus toda minha afeição; escutai o que ele diz”. (Mt 17,5).

Naquele tempo disse Jesus: “Em verdade, em verdade vos digo: vem a hora, e já está aí, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão. Pois como o Pai tem a vida em si mesmo, assim também deu ao Filho o ter a vida em si mesmo, e lhe conferiu o poder de julgar, porque é o Filho do Homem. Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que se acham nos sepulcros sairão deles ao som de sua voz: os que praticaram o bem irão para a ressurreição da vida, e aqueles que praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados. De mim mesmo não posso fazer coisa alguma. Julgo como ouço; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”. (Jo 5,25-30).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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Seguidora fiel de Jesus


Antonio José Pagola

Os evangelistas apresentam a Virgem com traços que podem reavivar nossa devoção a Maria, Mãe de Jesus. Seu olhar nos ajuda a amá-la, meditá-la, imitá-la, orar e confiar nela com um espírito novo e mais evangélico. Maria é a grande crente. A primeira seguidora de Jesus. A mulher que sabe meditar no seu coração os feitos e as palavras de Seu Filho. A profetisa que canta a Deus, salvador dos pobres, que ele anuncia. A mãe fiel que permanece ao lado de seu Filho perseguido, condenado e morto na cruz. A Testemunha de Cristo Ressuscitado, que recebe junto aos discípulos o Espírito que acompanhará sempre a Igreja de Jesus.

Lucas, por sua vez, nos convida a fazer nosso o cântico de Maria, para deixarmos conduzir pelo seu espírito até Jesus, pois no “Magnificat” resplandece mais ainda a fé de Maria e sua identificação materna com seu Filho Jesus.
Maria começa proclamando a grandeza de Deus: “Meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque ele olhou a pequenez de sua serva”. Maria é feliz porque Deus tocou em sua pequenez. Assim é Deus com os pequenos. Maria canta com a mesma alegria que Jesus abençoa o Pai, porque ele fica oculto para os “sábios e prudentes” e se revela “aos simples”. A fé de Maria no Deus dos pequenos nos faz sintonizar com Jesus.

Maria proclama o Deus “Todo Poderoso”, porque “a sua misericórdia chega aos fiéis de geração em geração”. Deus coloca o Seu poder ao serviço da compaixão. Sua misericórdia abrange todas as gerações. Jesus prega a mesma coisa: Deus é misericordioso para com todos. Então, ele disse aos seus discípulos de todos os tempos: “Sede misericordiosos como o vosso Paié misericordioso”. Desde seu coração de mãe, Maria percebe como nenhuma outra pessoa a ternura de Deus Pai e Mãe, e nos introduz ao núcleo central da mensagem de Jesus: Deus é amor compassivo.

Maria proclama também o Deus dos pobres, porque “tira de seus tronos os poderosos” e deixa-os impotentes para continuar com sua opressão; pelo contrário, “exalta os humildes” para que recuperam sua dignidade. Clama aos ricos o que é roubado dos pobres e “os despede de mãos vazias”. E aos famintos, “ele os enche de bens” para desfrutar de uma vida mais humana. Jesus clama o mesmo: “os últimos serão os primeiros”. Maria leva-nos a aceitar a Boa Nova de Jesus: Deus é dos pobres.

Maria nos ensina, melhor que ninguém, a seguir Jesus não, anunciando o Deus de compaixão, trabalhando para um mundo mais fraterno, confiando no Pai dos pequenos.

Pedagogia de Santa Clara de Assis

 A palavra Pedagogia tem origem na Grécia antiga:
páidos (criança ) agogé (condução) = processo de aprendizagem, condução de uma criança.
Segundo Paulo Freire, a pedagogia centraliza-se na dimensão do conhecimento, sentimento de aceitação do outro, da interação, da intersubjetividade. A palavra está relacionada com educação= conduzir, guiar,orientar. Educação é, em síntese, um fazer sair, extrair, dar à luz.  
É na relação com o outro que nos humanizamos. Precisamos nos humanizar, que quer dizer: conversão, interação na questão de gênero. São Francisco e Santa Clara são referências de pessoas profundamente humanas, constroem a humanização na relação com o outro.
 A Pedagogia Clariana tem na sua base a experiência concreta vital de Clara de Assis. Uma mulher de coração apaixonado pela vida e pelo Deus da Vida. Precisamos ser apaixonados pela vida para poder encantar. A pedagogia de Clara consiste em uma maneira de ser e se relacionar, e tão importante quanto o conteúdo é como se vive.
Ninguém se torna homem/mulher a não ser pelas relações que mantém no meio ambiente onde veio à luz. O homem/mulher que me tornei por mil encontros em que meu ser homem/mulher foi-se elaborando pouco a pouco.
 “A MUDANÇA, CONVERSÃO PESSOAL, PASSA PELA MUDANÇA DE OLHAR”.
 O olhar é a janela da alma. O jeito de olhar revela o modo, o ângulo, a sensibilidade por meio do qual a alma vê o mundo.  Qual é o meu olhar? Qual é o meu modo de olhar?
Existem vários tipos de olhares:
§  indiferente- que não vê nada
§  objetivante -
§  inquisitor- perigo
§  possessivo- vê objetos 
§  acolhedor
§  comunicativo
§  amoroso
 Isso tudo é um exercício de vida, consequência do que se vive por dentro. Toda a forma de ver passa por um aprendizado. Como Clara: olhe, considere, contemple e deseje imitar/seguir a Jesus.   
CARTAS DE CLARA.
Clara escreveu quatro cartas a Inês de Praga. Isto não quer dizer que foram só estas, podem ter sido mais, mas que se perderam. Nas cartas e escritos de Clara, diferentemente de São Francisco, existe um fio condutor. Ela era uma mulher letrada. Foi ela a primeira mulher a escrever uma Regra de Vida para as Irmãs.
Quem era Inês? Filha do Rei Otocar e da Rainha Constância da Hungria. Foi prometida em casamento a diversos príncipes. Perdeu o pai quando estava prometida em casamento. Começou então a dedicar-se a obras de caridade. Conheceu Clara através dos Freis Menores. Por meio da Igreja foi comunicado que não iria se casar.   
 Nas cartas, Clara é muito pessoal e livre, com uma rica doutrina espiritual. Seu tema é sempre Jesus Cristo (pobre, humilde, esposo, como característica original de Clara). Ela não teoriza, mas fala de sua vivência.
A entrega a Ele é feita em uma virgindade cada vez maior. VIRGINDADE que quer dizer abertura, entrega total ao outro, contemplação, não nega o Amor, mas entrega-o totalmente a Deus. Contemplação e virgindade, um só e único dinamismo.
A doutrina que apresenta em suas cartas, Clara primeiramente a viveu intensamente, não com espiritualismo, mas com espiritualidade. Sua experiência de pobre, de contemplativa, de alegre esposa é vibrante. Seus escritos são concisos, claros e carinhosos.
PRIMEIRA CARTA DE CLARA A INÊS DE PRAGA
Foi escrita antes da grande festa de despedida que a corte real de Praga ofereceu a Inês no dia de Pentecostes, em 1234. Assim começa “A venerável e santa virgem, dona Inês, filha do excelentíssimo e ilustríssimo Rei da Boêmia”.
O motivo que perpassa a carta é a sagrada TROCA feita por Inês. Ela trocou a gloria terrena pela pobreza e privações. Ser esposa se Cristo ao invés de ser esposa de Frederico II.
SEGUNDA CARTA DE CLARA A INÊS DE PRAGA
Clara coloca-se do lado de Inês na luta pelo ideal da pobreza absoluta. O foi condutor da segunda carta é o CAMINHO. “Não perca de vista seu ponto de partida”. Não desviar-se do que quis desde o principio. O único necessário é a identificação com o Cristo POBRE.
Discernimento: “Mesmo que mereça sua veneração, não siga o seu conselho”.
Método de contemplação (atitude de vida que parte dos sentidos): Com o desejo de imitá-lo
OLHE, CONSIDERE, CONTEMPLE- alimentar este desejo, pois só consegue isso quem deseja viver.
 TERCEIRA CARTA DE CLARA A INÊS DE PRAGA
Carta em que Clara dirige palavras de consolo. Provável decepção de Inês à resposta negativa do Papa de viver segundo a forma de vida franciscana. O tema com o qual Clara espera consolar Inês é o da MORADA. Inês é uma morada de Deus.
Orienta sobre o método de contemplação(esforço, desejo, querer, ver o sagrado com ação): colocar-se por inteira, pela contemplação na imagem da divindade. Ela diz: “Não fiques a considerar o não que te foi imposto. Não fiques sempre a pensar que o Papa não te quis atender, mas vê o sim que Deus te fala”.
Também fala da pratica do Jejum como o lado festivo da vida. Superação da limitação humana (sair de si - entrar em si). Jejum é coisa para pessoas sadias, enfermas não devem fazer.
Prudencia: capacidade de discernimento, o que é sensato e o que é insensato em relação ao jejum.
 QUARTA CARTA DE CLARA A INÊS DE PRAGA
O tema central é o do ESPELHO (principio da pobreza). É a carta de despedida. Clara entoa desde já o louvor escatológico definitivo e supremo de Deus. Na carta, percebe-se como, em face da morte, Clara experimente e como procura transmitir a amiga. 
VIRGINDADE
  §  vida de intimidade pessoal com Cristo;
  •   Um completo mergulhar no TU de Deus;
§  um estar totalmente cheio da presença do divino OUTRO;
§  virgindade, não ausência, mas presença;
ESPELHO
§  algo que torna visível uma coisa invisível;
§  Deus só pode ser conhecido em espelho(criação, Jesus Cristo...);
§  o ser humano permanece invisível para si mesmo a não ser que se olhe no espelho;
§  Jesus espelho, visibilizou Deus; 
§  o espelho é toda a vida de Jesus, do nascimento à morte; 
“Olhe dentro desse espelho todos os dias...”
METODO DOS QUATRO PASSOS DE CONTEMPLAÇÃO
PRIMEIRO PASSO:
OLHA – deixa-te atingir pelo Cristo, realidade contemplada. Contemplação é essencialmente intuição, o dom de ver o essencial, ser atingido pelo cerne de uma coisa, de uma pessoa, ser atingido pelo cerne do mistério que em tudo se oculta.
Para olhar é preciso sair de si, focar, voltar todos os sentidos para alguém, para o objeto.
SEGUNDO PASSO:
CONSIDERA – Pergunta pelo significado do que foi intuitivamente conhecido, pelo valor objetivo e existencial do que foi contemplado (entra a razão) compreender conhecer (fazer parte).
TERCEIRO PASSO:
CONTEMPLAÇÃO – é o repousar contemplativo (ver além, o sagrado) naquele que foi reconhecido em seu valor, o olhar que assimila o que possui importância objetiva e pessoal.
QUARTO PASSO:
DESEJANDO IMITAR/SEGUIR – na própria contemplação está contido o passar para a prática. A contemplação precisa aprender a compreender-se como uma ponte para a ação concreta, como imitação/seguimento a Jesus Cristo.
Como eu saio da oração? Como fica meu rosto?
Ser pessoas afetivas, trazendo presente a dinâmica do coração, da vontade, do querer, do desejo, deixando-se afetar.  Clara foi profundamente humana, por isso, profundamente de Deus. 
 RELAÇÃO DE FRANCISCO E CLARA 
            A relação fraterna entre irmãs e irmãos parte da busca, da relação com o outro:
§  A relação fraterna parte da busca, de ir ao encontro. Preciso sair de mim, desejar me encontrar. Quando nos dispomos a sair de nós mesmos e ir ao encontro do outro, não sabemos o que vamos encontrar.
§  Quem não tem mal não tem o que esconder. Francisco e Clara sempre tinham outro companheiro junto para preservarem-se. Nos também devemos manter o devido cuidado.
§  Crescer juntos em vista de um projeto. 
§  A relação fraterna se sustenta por um projeto comum. O que eu quero no encontro com o outro? O que sustenta esta relação? Clara não estava buscando Francisco e sim o Cristo que estava nele. Francisco auxiliou Clara no seu projeto de vida. No encontro com o outro, na dificuldade, como eu lido com isso? Fujo ou aproveito a oportunidade para crescer?  A cruz é necessária para a vida nova. Em minhas relações de amizade que tenho, qual é o projeto comum que temos?Em torno de que estão nossas conversas? Em torno de quem e do que nos relacionamos? O que queremos?  
§  O/a irmã/o, à luz de Francisco e de Clara, se tornam mediações de Deus. Francisco era apoio, coluna, sustentáculo.
§  Relação fraterna necessita do cultivo do segredo, da mística, do bem-querer profundo, que respeita a sacralidade do outro e sua originalidade. Existe hoje uma crise de confiança. Como manifesto o meu amor? Como lido com as palavras de amor ditas? Um amor que tem raízes, que não é superficial. Integração do masculino e feminino.  
 AMAR PARA TORNAR-NOS HUMANAS, FRANCISCANAS, CRISTÃS.
Irmã Marcia Barcarollo

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