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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A VERDADEIRA LIBERDADE
















A VERDADEIRA LIBERDADE

A vida tem sempre uma surpresa agradável para nós a cada instante, basta sabermos vivê-la bem, como Deus quer; porque o tempo que temos é curto e a liberdade é uma conquista; o tempo passa e a liberdade só é liberdade mesmo quando nos encontramos em Deus como o rio que se encontra no Mar.

Que todo o nosso tempo e fazer seja para nossa santificação, assim teremos sempre tempo de paz, alegria e graça diante do Senhor, porque ele será tempo de redenção; será também consolo e bem estar para aqueles que fazem parte de nossa vida.

A verdadeira liberdade consiste em vivermos cheios do Espírito Santo de Deus, pois é por meio Dele que o céu se encontra dentro de nós, “porque onde Deus está, aí está o céu”, e o Seu santo modo de agir. Quem vive de acordo com a Vontade de Deus, experimenta os efeitos dela em sua vida e não troca suas delícias por nada deste mundo.

Não viva a vida como se ela te pertencesse, mas como uma dádiva de Deus para a Sua maior glória, assim o teu testemunho te tornará um autêntico filho do Reino dos Céus.

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Uma sociedade que não respeita religiosamente o Direito e a Justiça não sobrevive

"Uma sociedade que não respeita religiosamente o Direito e a Justiça não sobrevive". Entrevista especial com Luiz Carlos Susin

Dentro da programação do Fórum Mundial Social 10 anos, na grande Porto Alegre, irá ocorrer o Painel sobre Direito e Justiça, promovido pelo Conselho Permanente do Fórum Mundial de Teologia e Libertação (FMTL), nas Faculdades EST, co-promovido pelo IHU.

Para antecipar alguns pontos dessa reflexão teológica sobre questões referentes à temática Direito e Justiça e suas correlações com a teologia, as Igrejas e as políticas públicas, a IHU On-Line entrevistou, por e-mail, o secretário-executivo do FMTL, frei Luiz Carlos Susin, doutor em teologia e professor da PUC-RS.

Segundo ele, Direito e a Justiça são duas categorias de revelação divina na Bíblia. "E não só na Bíblia: antes e ao lado da história bíblica, a organização justa das sociedades através do Direito é envolvida por sacralidade". Por isso, defende, "uma sociedade que não respeita religiosamente o Direito e a Justiça não sobrevive". Mas essa é uma díade que sempre deve caminhar unida, pois "a obsessão pelo cumprimento da lei ao pé da letra provoca injustiça".

Susin coordenará o painel "De como fazer bom proveito de um fim de mundo", com a conferência de Patrick Viveret. O encontro irá ocorrer no dia 26 de janeiro, na EST. Confira aqui toda a programação.

Luis Carlos Susin é frei capuchinho, mestre e doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, Itália. Leciona na PUC-RS e na Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana (ESTEF), em Porto Alegre. É autor de inúmeras obras, dentre as quais citamos "Teologia para outro mundo possível" (Paulinas, 2006).

Confira a entrevista.

IHU On-Line – O painel temático "Direito e Justiça", promovido pelo Conselho Permanente do Fórum Mundial de Teologia e Libertação (FMTL), dentro da programação do Fórum Social Mundial 10 Anos, é um dos eventos organizados como preparação prévia à 4ª edição do FMTL, em Dakar, no Senegal, em 2011. Como a teologia pode contribuir com a reflexão sobre o eixo direito-justiça?

Luiz Carlos Susin – O Direito e a Justiça são duas categorias de revelação divina na Bíblia. E não só na Bíblia: antes e ao lado da história bíblica, desde onde se conhece os inícios do ser humano em grupos, a organização justa das sociedades através do Direito é envolvida por sacralidade. Os Estados modernos, cujas Constituições não têm referência religiosa para se justificarem, possibilitam uma convivência plural de crentes e não crentes, e de diferentes crenças. O povo, que é de onde emana o poder do Estado, geralmente é religioso e, mesmo no exercício secular da Justiça e do Direito, interpreta um fato de cumprimento de justiça ou uma conquista de direitos como uma experiência sagrada, portanto algo que tem a ver com Deus.

"Direito e a Justiça são duas categorias de revelação divina na Bíblia. A organização justa das sociedades através do Direito é envolvida por sacralidade"

A percepção do sagrado, como mostraram os antropólogos Rudolf Otto e Mircea Eliade, justamente na sua ambiguidade de atração e temor, obriga ao respeito. Uma sociedade que não respeita religiosamente o Direito e a Justiça não sobrevive. Mas só isso é insuficiente: o Direito, exatamente por sua intocabilidade sagrada, tende a se esclerosar e a se dissociar da Justiça. A obsessão pelo cumprimento da lei ao pé da letra provoca injustiça. Os romanos diziam isso com muita precisão: "Summum jus, summa injuria" [suma justiça, suma injúria].

A justiça é algo tão vivo quanto os humanos ou quanto Deus. E, quando o Direito se torna uma camisa-de-força, estamos diante de um conflito entre a Lei e a Justiça. Frequentemente, diante dos movimentos populares de reivindicação de direitos, está esse conflito de "sagrados", de "deuses" invocados por ambas as partes. Os nossos conflitos fundiários ilustram bem esse problema. Em nosso painel, teremos a presença de pessoas da área do Direito que estão desenvolvendo não só um conceito, mas também uma forma de exercício de "Justiça Restaurativa", que supera a mera justiça retributiva e busca oportunidades, educação, condições de recuperação e de transformação social. Aproxima-se muito da justiça "criativa", que é própria de Deus na Bíblia.

IHU On-Line – No evento, será exibida a vídeo-conferência "De como fazer bom uso do fim de um mundo", do filósofo e economista francês Patrick Viveret. Que ideias do pensador merecem ser retomadas para a reflexão na atual conjuntura mundial?

Luiz Carlos Susin – Viveret fez uma ampla exposição da crise mundial, não apenas a crise financeira que se abateu de forma tão global a partir de 2008, detectando por trás dela uma crise da economia, uma crise social, uma crise de civilização juntamente com a crise ecológica. Ele resumiu bem a modernidade nas palavras de Max Weber, que afirmou essa característica: a modernidade é uma passagem da economia da salvação para a salvação por meio da economia. A salvação das tradições religiosas, de caráter transcendental, se secularizou em salvação através da produção de riqueza.

"A modernidade é uma passagem da economia da salvação para a salvação por meio da economia"

Há, portanto, um deslocamento de "sentido" e agora uma nova crise de sentido, de caráter econômico-religioso. Viveret pensa que devemos usar o melhor da modernidade, ou seja, a democracia, a ciência, o exercício prático das responsabilidades, com o melhor da tradição, o sentido e os laços sociais que unem gerações e diferenças em torno do sentido, que é sempre de caráter espiritual.

E, por outro lado, precisamos aprender a superar o pior da modernidade, essa economia anti-social, mas também o pior da tradição, que foi a guerra em torno do sentido, a guerra de religiões. Enfim, a sabedoria que trata do sentido da vida em sociedade tem uma tarefa decisiva na ajuda para a constituição de um mundo que ainda não nasceu.

IHU On-Line – Como entender a noção "fim de mundo" a partir de um pensamento escatológico, em nível teológico?

Luiz Carlos Susin – A categoria de "escatologia" é um exemplo curioso da ambivalência do bom uso de um fim de mundo. Em algumas áreas de linguagem, significa tecnicamente "restos", aquilo que é jogado fora como sobras, como lixo ou mesmo excrementos. Na teologia cristã, veio a significar a recomposição e não somente a decomposição. Significa ressurreição, transfiguração, e não somente morte e pó. Mas não há ressurreição sem morte e sem decadência. A história de Jesus é uma parábola da história do mundo, mas não é um destino automático, depende de uma decisão e de uma fidelidade.

IHU On-Line – Em termos sociais, direito e justiça são termos muito caros, mas ao mesmo tempo muito mal interpretados e desvirtuados pela prática pública. Como repensar essa díade em termos de libertação das vítimas e dos excluídos?

Luiz Carlos Susin –
A justiça restaurativa deve ser exercitada de formas diferenciadas, prevendo no Direito, por um lado, o reconhecimento e o restabelecimento da dignidade e do que foi roubado à vítima e ao excluído, e, por outro lado, a possibilidade de penas restaurativas para os algozes de todos os tipos em relação às vítimas. Isso pode e deve ser pensado também em termos de grupos sociais, de classes e de países. O colonialismo e a escravidão, por exemplo, ainda têm consequências que precisam ser reparadas. Além disso, quem tem o poder econômico acaba tendo também o poder político, e isso pode ser visto tanto no nosso Congresso Nacional, como no caso do primeiro-ministro italiano [Silvio Berlusconi], apenas para exemplificar, o que torna inviável a isenção para a prática da justiça, atirando o Direito num círculo vicioso. Somente um movimento coletivo pode romper esse círculo de corrupção.

"A obsessão pelo cumprimento da lei ao pé da letra provoca injustiça. Os romanos diziam isso com muita precisão: 'Summum jus, summa injuria'"

IHU On-Line – Quais questões teológicas e sociais despontam hoje no cenário mundial que poderão ser pontos chave nos debates do próximo FMTL, em 2011?

Luiz Carlos Susin – O Fórum Social Mundial concentrado em Dakar vai acontecer, pela primeira vez, em um país com a quase totalidade da população muçulmana (94%). Os cristãos – 5% – são uma minoria respeitada pelos muçulmanos por sua eficácia na educação e na saúde, através de seus agentes missionários. Mas o cotidiano da população é regida pelos mandamentos da tradição muçulmana e se apresenta de forma muito positiva, aberta ao diálogo com os cristãos. Será uma grande oportunidade para não falarmos de nós mesmos e de nossas tradições religiosas numa forma proselitista, mas sim de nossos recursos, para aprendermos uns dos outros, nas experiências do cotidiano, a como juntar energias espirituais para criar ambiente e inspirar os reclamos de justiça e de ordenamento jurídico adequado a um mundo que deve nascer.

IHU On-Line – Qual é a conexão entre a teologia, as Igrejas e as políticas públicas? Como essa relação pode ser ampliada e fortalecida no atual cenário mundial de crise?

Luiz Carlos Susin – As políticas públicas são para todos, e um dos problemas do mundo globalizado é a constituição de políticas públicas internacionais, mas isso não significa que já não existam, sejam através de organizações governamentais, seja através de organizações não-governamentais. As Igrejas cristãs históricas tem experiência e "know how" em trabalhos internacionais, tanto que entidades como a Cáritas Internacional e outras ligadas a Igrejas são grandes sustentadoras do Fórum Social Mundial. As Igrejas históricas, de modo geral, aprenderam a transitar e a colocar suas organizações a serviço, sem pretensão de fazer disso uma armadilha para atrair e colocar a si mesmas como finalidade última. E a teologia tem ajudado muito nesse sentido.

"Há uma urgência da Teologia da Criação para que ela seja um pensamento eficaz para inspirar uma transformação de nossa forma de vida no planeta"

IHU On-Line – Em que aspectos o diálogo fé e ciência pode dar espaço a uma nova ordem mundial, preocupada com o ambiente e o futuro do planeta e seus habitantes?

Luiz Carlos Susin – O diálogo de fé e ciência é a forma moderna do diálogo entre fé e razão. Tanto a fé como a ciência são fatores de humanização quando mantêm uma conexão positiva entre si. Toda vez que triunfaram a confrontação e a exclusão, quem perdeu foi a sociedade. Há, hoje, uma urgência da Teologia da Criação que seja um pensamento eficaz para inspirar uma transformação de nossa forma de vida no planeta, mas essa transformação, na prática, só virá se for ajudada pela ciência e pela tecnologia. Sem uma direção ética e sem um sentido profundo da vida humana sobre a terra, a tecnologia continuará a servir para a destruição, e não se vai ter vontade política de aceitar os custos de uma transformação de nossa forma de vida.

IHU On-Line – Qual a sua expectativa para o Fórum Mundial de Teologia e Libertação 2011, a partir dos debates promovidos nesse painel?

Luiz Carlos Susin – Ao lado do seminário em torno do Direito e da Justiça, nós vamos trabalhar em questões mais práticas rumo a Dakar janeiro de 2011. O Fórum Mundial de Teologia e Libertação é um processo que vem se afinando à medida que veio se ampliando. Há entidades ao redor do planeta que formam o Comitê Internacional e que fazem chegar ao Conselho Permanente e à secretaria as suas sugestões, e há um grande consenso em torno do diálogo de tradições religiosas diante de um mundo em aumento de migrações, refugiados, com riscos de intolerância e violência devidos à xenofobia. O diálogo das tradições religiosas em torno dessas questões e não em torno de seu umbigo: é isso que esperamos para o FMTL 2011.

Extraído de http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=28987 acesso em 28 jan. 2010.

NECESSIDADES



















NECESSIDADES...

Têm coisas que na vida não é difícil de entender...
Porque tudo na vida tem suas necessidades...
E todas as necessidades nos levam a Deus...
Porque somente Deus é a Fonte inesgotável e inigualável...
que sacia todo ser...

Temos fome, mas aqui, nesse nosso habitat natural...
não há saciedade permanente para ela...
Logo compreendemos
que precisamos de um alimento eterno...
Porém, aqui ninguém o encontra em si...
nem em outrem...
E assim essa necessidade fica sempre em aberto...

Poderia também falar de umas tantas outras...
Tais como:
Água...
Sono...
Descanso...
Remanso...
Carinho...
Amor...
Felicidade...
Necessidades que na verdade...
sabemos de cor e salteado...
porque são vitais...

Mas, a maior de todas as necessidades...
é necessidade de Deus...
E essa poucos percebem...
Porque aqui neste vale de lágrimas...
no qual nos colocamos por nossos pecados...
Temos a liberdade de escolha e decisões...
E é com ela que fazemos a nossa história de salvação...
ou perdição eternas...

Porque liberdade...
dentro de nossas possibilidades...
todos temos...
Mas, o que estamos fazendo com ela?
Por enquanto, a grande maioria...
Está se engalfinhando pelas predarias da maldade...
Tornando nossa realidade um inferno...

E quantos não são os que fazem isso...
e nisso persistem?
E deixam de crer em Deus...
E se esquecem que são filhos seus...
E permanecem no cultivo de tal letargia,
sem nenhuma alegria verdadeira?

Ó mundo insano...
que prefere cultivar as falsas escolhas...
do que a graça do amor de Deus...
Ó infames criaturas...
que preferem as desventuras deste mundo...
do que a salvação eterna que Cristo nos concedeu...

Por isso, muitos e muitos padecem...
e suas necessidade não são saciadas...
porque abandonam a estrada do Senhor...
pelos desvios perdidos deste mundo...
e afundam no abismo profundo do pecado...
sem liberdade sem vida alguma...

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

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domingo, 24 de janeiro de 2010

OS ATUAIS ACONTECIMENTOS À LUZ DO BOM SENSO

















OS ATUAIS ACONTECIMENTOS À LUZ DO BOM SENSO

Tudo na vida passa pelo crivo de nossas escolhas; nada nos acontece sem que antes passe por nossa cabeça, seja aceito e decidido por nós nem que seja em questão de segundos. Por isso, a vida que vivemos é feita de escolhas e decisões, muitas vezes feitas ou tomadas por impulsos, interesses, condicionamentos, alienações, etc.
Mas, nada disso acontece sem que haja decisão; a não ser por força de circunstâncias de ordem natural ou impessoal; mesmo assim, houve de certo modo, alguma decisão para que tais acontecimentos se sucedessem.

Ao criar o ser humano e os outros seres, o Senhor escreveu a lei natural em seu código genético, inclusive dando-lhe a liberdade criativa de escolhas decisivas pelas capacidades e aptidões, talentos e expressões artísticas capazes de revelar sua Beleza e Esplendor, contanto que tudo isso fosse decidido e praticado somente para o bem comum, para que o ser humano, em comunhão com o Seu Criador, Fonte de todo Bem, revelasse Sua Vontade e Sua Glória.

Acontece que o ser humano em sua liberdade de escolha, caiu em contradição com as leis naturais que o regia e enveredou pela via do mal, isto é, da autodestruição e com isso ofuscou a própria liberdade, tornando-se escravo da perversão e dos desmandos de suas escolhas e decisões errôneas.

O Senhor, porém, interviu para que a ordem natural não fosse destruída pela insensatez humana e deu-lhe a Lei Divina do Amor (os dez mandamentos) para que regesse o seu proceder com a finalidade do mesmo bem comum da lei natural a fim de que houvesse igualdade do viver, de ser e estar no mundo. E mesmo os homens infringindo essas duas grandes leis (natural e divina) que lhe foram dadas; o Senhor Deus, misericordioso e bom, veio em seu auxílio e enviou Seu próprio Filho, Jesus Cristo, para trazer-lhe salvação; e fez acontecer a Nova Criação, porém desta feita, redimida com o Sangue Expiatório desse Seu Filho amado, sem o qual não existe remissão dos pecados nem liberdade nem vida alguma.

Portanto, a última Palavra em matéria de salvação humana, Deus já nos deu, enviando Seu Filho, Verbo Eterno humanado, Ele que é o ápice de toda revelação e do sentido da vida. Agora, ou O ouvimos e nos convertemos ao verdadeiro propósito divino, isto é, o bem de todos e de toda criação; ou continuamos surdos e perdidos nos labirintos infindos de nossas falsas escolhas e decisões nefastas.

O mundo hoje e seus acontecimentos demonstram que tipo de escolha está sendo feita por nós seres humanos que o regemos. Os sofrimentos pelos quais passamos revela o tamanho do nosso descaso às Leis naturais, aos Mandamentos da Lei de Deus e o desprezo que damos ao Sacrifício de Seu Filho Jesus. Só nos resta esperar coisas piores ainda caso não nos convertamos; porque não podemos buscar outros culpados por tudo isso que está acontecendo, a não ser nós mesmos.

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

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sábado, 23 de janeiro de 2010

A CHAVE QUE ABRE O CÉU














A CHAVE QUE ABRE O CÉU

É salutar a compreensão...
de que somos obras das mãos de Deus...
Mais salutar ainda entender...
que o Senhor é a Única Fonte da Vida...
E como pequenos rios sobrenaturais,
Ele nos alimenta...
e nos faz correr em sua direção...
como os rios naturais correm para o mar...

Também é salutar recebermos águas...
somente de Sua Fonte...
E nunca poluirmos o manancial que Dele recebemos...
Para assim transformarmos os dejetos do humano...
em adubos fecundos de vida...

Porque só assim...
desvendamos “o mistério da iniquidade”...
e toda realidade do mal que nos transcende...
E Deus nos dá conhecer Seu Mistério Criador...
Na imagem e semelhança que Dele somos...
E porque o amamos,
Seu Poder nos guarda contra todo mal...

Por isso...
uma alma em estado de graça...
É um ser em constante comunhão com o Senhor...
E quem comunga assim de Sua Vontade...
Vive a realidade da filiação divina...
Prova Seu Amor e fidelidade...
Porque a fidelidade é a chave que abre o céu...
E nos faz participantes de Sua Natureza Divina...

Então, derramo minha alma em oração...
Como a água derramada que busca voltar à fonte...
E suplico humildemente dizendo...
“Uma só coisa peço ao Senhor
e a peço incessantemente:
é habitar na casa do Senhor todos os dias de minha vida,
para admirar aí a beleza do Senhor
e contemplar o seu santuário”.

“Assim, no dia mau ele me esconderá na sua tenda,
ocultar-me-á no recôndito de seu tabernáculo,
sobre um rochedo me erguerá.
Mas desde agora ele levanta a minha cabeça
acima dos inimigos que me cercam;
e oferecerei no tabernáculo sacrifícios de regozijo,
com cantos e louvores ao Senhor”.

“Escutai, Senhor, a voz de minha oração,
tende piedade de mim e ouvi-me.
Fala-vos meu coração, minha face vos busca;
a vossa face, ó Senhor, eu a procuro.
Não escondais de mim vosso semblante,
não afasteis com ira o vosso servo.
Vós sois o meu amparo, não me rejeiteis.
Nem me abandoneis, ó Deus, meu Salvador”. (Sl 26,4-9).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

PS: “Mostrou-me então o anjo um rio de água viva resplandecente como cristal de rocha, saindo do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da avenida e às duas margens do rio, achava-se uma árvore da vida, que produz doze frutos, dando cada mês um fruto, servindo as folhas da árvore para curar as nações”.

“Não haverá aí nada de execrável, mas nela estará o trono de Deus e do Cordeiro. Seus servos lhe prestarão um culto. Verão a sua face e o seu nome estará nas suas frontes. Já não haverá noite, nem se precisará da luz de lâmpada ou do sol, porque o Senhor Deus a iluminará, e hão de reinar pelos séculos dos séculos”. (Ap 22,1-5).

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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Quem pode ser franciscano secular?

Critérios de chamamento

Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM (*)

1. Nossas fraternidades franciscanas seculares estão espalhadas pelo mundo afora com suas luzes e sombras. Elas são constituídas de irmãos e irmãs que, impulsionados a atingir a perfeição da caridade no próprio estado secular, são empenhados pela Profissão a viver o Evangelho à maneira de Francisco e mediante a Regra aprovada pela Igreja ( cf. Regra,2). Entre nós há fraternidades vigorosas e outras envelhecidas e desmotivadas. As portas de tais fraternidades estão abertas a todos os que quiserem privar de nossa maneira franciscana de viver a fé e o evangelho.

2. Os que ingressam na Ordem são seculares, pessoas que vivem no mundo, na família e no trabalho. Normalmente tais pessoas não devem estar submersas por tantas atividades em suas paróquias de tal forma que a Ordem será um apêndice sem importância de suas vidas. Insistimos no caráter secular. Pensamos num laicato marcado pelo ver-julgar-agir. Não basta apenas um laicato devocional e que realiza algumas funções pastorais e litúrgicas. Queremos leigos que estejam num crescimento de sua vocação no meio do mundo. Os franciscanos seculares são leigos de verdade. Nunca é demais insistir nesse aspecto.

3. Podem ser chamados para fazer parte da Ordem Franciscana Seculares aqueles que andam numa séria busca de Deus, que não se satisfazem com a missa dominical e com meia dúzia de práticas religiosas. São pessoas que, aqui ou ali, descobriram Cristo existencialmente e desejam, à maneira de Francisco, segui-lo e compreender melhor seu mistério de abaixamento e kénose. Os melhores candidatos para nossas fraternidades são aqueles que estão em busca. Nunca se haverá de esquecer que os que ingressam na Ordem respondem a um chamamento. Os melhores candidatos são aqueles que têm senso critico diante de comunidades alienadas e preocupadas apenas com o devocional e com uma dimensão caritativa assistencialista ou cultivadores exageradas de emoções.

4. Podem ser chamados para a Ordem Franciscana Secular rapazes e moças, homens e mulheres, solteiros e casados que experimentam vontade de viver o Evangelho e não apenas seguir uma religião formal e legalista. Os que gostam de rezar no silêncio do quarto, os que quando solicitados além do manto dão a túnica, os que não andam atrás de honras e cargos, os que não contentam com aparências e buscam o cerne das coisas. Os franciscanos seculares sentem nos lábios o gosto da espontaneidade como Francisco acolhia os pedidos e exigências do Evangelho.

5. São aptos para fazer a caminhada espiritual da Ordem Franciscana Secular os que desejam desvencilhar de certas amarras da sociedade: dinheiro, sempre mais dinheiro, profissão rentável, sempre mais rentável, sociedade de competição e de esquecimento dos outros, sociedade que usa as pessoas como coisas. Não estão de acordo com o individualismo e o regime ou império do provisório. No fundo, os franciscanos seculares são pessoas contestadoras de uma sociedade que não tem senso crítico, mas cria robôs.

6. Os franciscanos seculares consideram como elemento fundamental de seu modo de viver, de seu gênero de vida a vivência em fraternidades. Os grupamentos em que vivem se chamam fraternidades. Há o sacramento da reunião geral, das visitas aos mais precisados, da oração em comum, da troca de idéias, do carinho mútuo prestado aos de dentro. Muitos que se aproximam da OFS querem ardentemente viver em fraternidades de vida e de oração. Até que ponto as reuniões ferais das fraternidades são expressões eloqüentes da vida de irmãos? Os que não estão dispostos em viver a fraternidade são desaconselhados de entrarem na Ordem Franciscana Secular.

7. Finalmente são excelentes candidatos para a OFS aqueles que estão dispostos a ir pelo mundo, juntos com outros irmãos, fazendo-se presentes na vida de doentes, detentos, dos que precisam encontrar um sentido de sentido de vida. Os que recriminam uma Igreja acomodada sentir-se-ão bem em fraternidades que se querem missionárias.

8. Antes da inserção de novos membros em fraternidades já existentes será preciso que os candidatos sejam apresentados à Ordem em reuniões descontraídas, sem formalismo. Parece importante que candidatos à Ordem participem, durante um tempo, de círculos descontraídos e que permitirão clarear o horizonte antes do começo da formação. Um grupo de simpatizantes com a presença de alguns irmãos, antes dos trâmites normais jurídicos, poderá ser de bom proveito. “Antes do noviciado deveria haver um noviciado para o noviciado”.

(*) Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
Assistente Nacional da OFS pela OFM e Assistente Regional do Sudeste III

Extraído de http://www.franciscanos.org.br/v3/almir/artigos/ofs/13.php acesso em 20 jan. 2010.

Ilustração: People / Kymberly Janisch. 2008. Extraíde de http://www.flickr.com/photos/kymberlyanne/2785153123/ acesso em 20 jan. 2010.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

As origens de Clara

Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
As Edizioni Poziuncola, de Assis, publicaram um alentado estudo sobre Clara de Assis da autoria de Chiara Giovanna Cremaschi, conhecida autora de textos sobre a vida das Irmãs Pobres de São Damião (Chiara di Assisi. Um silenzio che grida, 2009). Desta obra colhemos as informações que agora apresentamos a respeito das origens de Clara.

1. Clara nasceu na cidade de Assis em 1193. Segundo uma antiga biografia o fato ter-se-ia dado a 20 de maio. Nasce numa família da pequena nobreza do interior, conhecida como aristocracia. Em sua casa haviam sete cavaleiros todos nobres e poderosos (cf. Proc 19, 1). As origens de seu nome de família devem ser buscadas num castelo nobre do condado. De seu lugar de origem, seu antepassado, conde Bernardino, há uns cinqüenta anos havia se transferido para a cidade e construído um palácio com torre, símbolo da nobreza e do poder, na praça da Catedral dedicada a São Rufino. João de Ventura de Assis, no Processo de Canonização, descreve o modo de se viver na casa: “Ainda que a corte de sua casa fosse das maiores da cidade e lá se fizessem grandes despesas, ela deixava de lado e guardava os alimentos que lhe eram dados para comer, na fartura de uma casa grande...” Nada faltava, nem mesmo para os fâmulos.

2. Não temos condições de saber o sobrenome familiar e nobre. Tudo leva a crer que Offreduccio já estaria morto no momento do nascimento de Clara. No palácio viviam seus filhos e respectivas famílias. Monaldo é o chefe, porque o mais idoso. Entre os outros se pode contar Simão, pai de Rufino, que ingressaria no grupo dos irmãos de Francisco de Assis e por fim Favarone. No Processo de Canonizaçao Pedro de Damião da Cidade de Assis, diz ter conhecido o pai de Clara, messer Favarone, nobre e grande poderoso na cidade. Clara pertence às vintes famílias nobres de Assis

3. “Segundo certos estudiosos o nome Favarone indica a nobreza de quem o tem, segundo outros é um sobrenome que se dava a quem queria aparecer mais do que era”. Na verdade, é o filho mais novo, e por costume é um miles, um cavaleiro armado, muitas vezes ausente de casa. É pouco conhecido de seus concidadãos. Casou-se com uma nobre da cidade a respeito da qual, segundo alguns, não se conhece o verdadeiro nome. Há os que afirmam que o nome de Ortolana é índice de alta nobreza, para outros trata-se de um nome que lhe foi dado por ter colocado no mundo criaturas como flores.(Ortulana-Hortelã). Estamos diante uma mulher dotada de grande capacidade e de profunda fé cristã que é sem mais a domina, a senhora do palácio, colocada à frente das outras mulheres e da criadagem. É cercada do afeto e da amizade de muitas senhoras aristocratas que freqüentam sua casa. Havia uma convivência entre essas mulheres; os trabalhos que realizavam juntas nos mesmos cômodos, favorecia a partilha de pensamentos e de desejos. As freqüentes ausências do marido davam a Ortolana ampla liberdade de movimento. Ela se dirigia em peregrinação a vários lugares que eram metas habituais da Idade Média, até meso à Terra Santa.

4. Enquanto espera seu filho . reza diante do Crucifixo pedindo ajuda para o momento do parto. Num determinado momento ouve uma voz que lhe diz: tu darás à luz uma criança que iluminará o mundo. Não é aqui o lugar de discutir sobre o modo como se deu tal fato. A voz explica as razões pelas quais a filha recebeu o nome de Clara. Em latim Clara significa ilustre, famosa e segundo alguns esse nome só era dado a mulheres da aristocracia. Recebendo esse nome de Clara, na língua popular da Umbria, atribui-se ao termo a característica da luminosidade.

5. Celano pinta Ortolana como protótipo da mulher assisiense, com o escopo de apresentar um modelo de mulher para aquelas que não podiam seguir Clara em tudo. “Sua mãe, Ortolona que devia dar à luz a planta frutífera no jardim da Igreja, também era rica em não poucos bons frutos. Embora fosse presa aos laços do matrimônio e aos cuidados familiares, entregava-se como podia ao serviço de Deus e a intensas práticas de piedade. Tanto que, por devoção foi com os peregrinos ao ultramar e voltou toda feliz, depois de visitar os lugares que o Deus homem consagrou com suas pegadas. Também foi ao santuário de São Miguel Arcanjo para rezar e visitou piedosamente a as basílicas dos apóstolos.

Extraído de http://www.franciscanos.org.br/v3/almir/artigos/clara/01.php

Ilustração: Die heilige Klara verteilt Almosen. Badische Landesbibliothek, Karlsruhe, Codex Tennenbach 4, fol. 17r. Antes de 1492. Disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Codex_Tennenbach_4_017r.jpg
acesso em 20 jan. 2010. acesso em 20 jan. 2010.

SEMELHANTE AMOR
















SEMELHANTE AMOR

Quero amar o Amor...
como o Amor me ensinou a amá-LO...
“Amarás o Senhor, teu Deus,
de todo o teu coração,
de toda a tua alma...
e de todas as tuas forças”. (Dt 6,5).
E quero a ele ser fiel...
em todas as instâncias...
e sentidos de minha vida...

Assim viverei...
a verdadeira liberdade dos filhos de Deus...
Porque Deus é Amor,
Único Amor...
E é por Ele que somos...
e seremos eternamente...
Semelhante amor...

De uma coisa fiquemos certos,
não há distância para quem ama,
porque as palavras nos aproximam...
Elas expressam o que está no coração...
Elas são veículos da comunhão perfeita...
Foi por Sua Palavra que Deus nos criou...
E é por Sua Palavra que Ele nos dá a vida eterna...

Por isso, Ele nos faz um...
Mesmo se estivermos a quilômetros de distância...
Não importa o espaço e o tempo...
O importante mesmo...
é sermos o que somos, sua palavra viva...
e fazermos em tudo a Sua Vontade...
Que nos invade como sensação eterna...

Desse modo superamos o mal e suas mentiras...
Desse modo assumimos a verdade...
tal qual ela é...
Desse modo...
o Senhor nos faz colher os frutos do seu amor...
E nos dá o seu favor...
aqui e por toda a eternidade...

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

As Ordens Mendicantes

PAPA BENTO XVI

AUDIÊNCIA GERAL

Quarta-feira, 13 de Janeiro de 2010

[Vídeo]

As Ordens Mendicantes

Caros irmãos e irmãs

No início do novo ano olhemos para a história do Cristianismo, para ver como se desenvolve uma história e como ela pode ser renovada. Nela podemos ver que os santos, guiados pela luz de Deus, são os autênticos reformadores da vida da Igreja e da sociedade. Mestres com a palavra e testemunhas com o exemplo, eles sabem promover uma renovação eclesial estável e profunda, porque eles mesmos são profundamente renovados, estão em contacto com a verdadeira novidade: a presença de Deus no mundo. Esta realidade consoladora, ou seja, que em cada geração nascem santos e trazem a criatividade da renovação, acompanha constantemente a história da Igreja no meio das tristezas e dos aspectos negativos do seu caminho. Com efeito, século após século vemos nascer também as forças da reforma e da renovação, porque a novidade de Deus é inexorável e dá sempre nova força para ir em frente. Assim aconteceu também no século XIII, com o nascimento e o desenvolvimento extraordinário das Ordens Mendicantes: um modelo de grande renovação numa nova época histórica. Elas foram chamadas assim, pela sua característica de "mendigar", ou seja, de recorrer humildemente ao sustento económico das pessoas para viver o voto da pobreza e desempenhar a sua missão evangelizadora. Das Ordens Mendicantes que surgiram naquele período, as mais famosas e as mais importantes são os Frades Menores e os Padres Pregadores, conhecidos como Franciscanos e Dominicanos. Eles foram chamados assim pelo nome dos seus Fundadores, respectivamente Francisco de Assis e Domingos de Guzman. Estes dois grandes Santos tiveram a capacidade de ler com inteligência "os sinais dos tempos", intuindo os desafios que a Igreja do seu tempo devia enfrentar.

Um primeiro desafio era representado pela expansão de vários grupos e movimentos de fiéis que, embora inspirados por um desejo legítimo de vida cristã autêntica, se punham com frequência fora da comunhão eclesial. Estavam em profunda oposição com a Igreja rica e bonita que se tinha desenvolvido precisamente com o florescimento do monaquismo. Nas recentes Catequeses reflecti sobre a comunidade monástica de Cluny, que atraía cada vez mais jovens e portanto forças vitais, assim como bens e riquezas. Logicamente, num primeiro momento desenvolveu-se assim uma Igreja rica de propriedades e inclusive de imóveis. A esta Igreja opôs-se a ideia de que Cristo veio à terra pobre e que a verdadeira Igreja deveria ser precisamente a Igreja dos pobres; assim, o desejo de uma verdadeira autenticidade cristã opôs-se à realidade da Igreja empírica. Trata-se dos chamados movimentos pauperistas da Idade Média. Eles contestavam asperamente o modo de viver dos sacerdotes e dos monges dessa época, acusados de ter traído o Evangelho e de não praticar a pobreza como os primeiros cristãos, e estes movimentos opuseram ao ministério dos Bispos uma sua "hierarquia paralela". Além disso, para justificar as próprias escolhas, difundiram doutrinas incompatíveis com a fé católica. Por exemplo, o movimento dos Cátaros ou Albigenses voltou a propor antigas heresias, como a desvalorização e o desprezo do mundo material a oposição contra a riqueza torna-se rapidamente oposição contra a realidade material enquanto tal a negação da vontade livre, e depois o dualismo, a existência de um segundo princípio do mal equiparado com Deus. Estes movimentos tiveram sucesso, especialmente na França e na Itália, não só pela sua organização sólida, mas também porque denunciavam uma desordem real na Igreja, causada pelo comportamento pouco exemplar de vários representantes do clero.

Na esteira dos seus Fundadores, os Franciscanos e os Dominicanos mostraram, ao contrário, a verdade do Evangelho como tal, sem se separar da Igreja; mostraram que a Igreja permanece o verdadeiro e autêntico lugar do Evangelho e da Escritura. Aliás, Domingos e Francisco hauriram a força do seu testemunho precisamente da sua comunhão com a Igreja e com o papado. Com uma escolha totalmente original na história da vida consagrada, os Membros destas Ordens não só renunciavam à posse de bens pessoais, como faziam os mongens desde a antiguidade, mas nem sequer queriam que terrenos e bens imóveis passassem para o nome da comunidade. Assim tencionavam dar testemunho de uma vida extremamente sóbria, para ser solidários com os pobres e confiar apenas na Providência, viver todos os dias da Providência, da confiança de se colocar nas mãos de Deus. Este estilo pessoal e comunitário das Ordens Mendicantes, unido à adesão total ao ensinamento da Igreja e à sua autoridade, foi muito apreciado pelos Pontífices dessa época, como Inocêncio III e Honório III, que ofereceram o seu pleno apoio a estas novas experiências eclesiais, reconhecendo nelas a voz do Espírito. E os frutos não faltaram: os grupos pauperistas que se tinham separado da Igreja voltaram a entrar na comunhão eclesial ou, lentamente, redimensionaram-se até desaparecer. Também hoje, embora vivamos numa sociedade em que muitas vezes prevalece o "ter" sobre o "ser", somos muito sensíveis aos exemplos de pobreza e de solidariedade, que os crentes oferecem com opções intrépidas. Também hoje não faltam iniciativas semelhantes: os movimentos, que começam realmente a partir da novidade do Evangelho e vivem-no com radicalidade no hoje, colocando-se nas mãos de Deus, para servir o próximo. O mundo, como recordava Paulo VI na Evangelii nuntiandi, ouve de bom grado os mestres, quando eles são também testemunhas. Trata-se de uma lição que nunca pode ser esquecida na obra de difusão do Evangelho: viver primeiro aquilo que se anuncia, ser espelho da caridade divina.

Franciscanos e Dominicanos foram testemunhas, mas inclusive mestres. Com efeito, outra exigência difundida na sua época era a da educação religiosa. Não poucos fiéis leigos, que habitavam nas cidades em vias de grande expansão, desejavam praticar uma vida cristã espiritualmente intensa. Portanto, procuravam aprofundar o conhecimento da fé e ser orientados no árduo mas entusiasmante caminho da santidade. Felizmente, as Ordens Mendicantes souberam ir ao encontro também desta necessidade: o anúncio do Evangelho na simplicidade e na sua profundidade e grandeza erra uma finalidade, talvez a finalidade principal deste movimento. Efectivamente, dedicaram-se à pregação com grande zelo. Os fiéis eram muito numerosos, com frequência verdadeiras multidões, que se congregavam para ouvir os pregadores nas igrejas e nos lugares ao ar livre, pensemos por exemplo em Santo Agostinho. Tratavam-se temas próximos da vida das pessoas, sobretudo a prática das virtudes teologais e morais, com exemplos concretos, facilmente compreensíveis. Além disso, ensinavam-se formas para alimentar a vida de oração e de piedade. Por exemplo, os Franciscanos difundiram muito a devoção à humanidade de Cristo, com o compromisso de imitar o Senhor. Então, não surpreende o facto de que os fiéis eram numerosos, homens e mulheres que escolhiam fazer-se acompanhar no caminho cristão por frades Franciscanos e Dominicanos, directores espirituais e confessores procurados e estimados. Assim nasceram associações de fiéis leigos que se inspiravam na espiritualidade de São Francisco e de São Domingos, adaptada à sua condição de vida. Trata-se da Terceira Ordem, tanto franciscana como dominicana. Por outros termos, a proposta de uma "santidade laica" conquistou muitas pessoas. Como recordou o Concílio Ecuménico Vaticano II, o chamamento à santidade não está reservado a alguns, mas é universal (cf. Lumen gentium, 40). Em todas as condições de vida, segundo as exigências de cada uma delas, encontra-se a possibilidade de viver o Evangelho. Também hoje cada cristão deve tender para a "medida alta da vida cristã", seja qual for a condição de vida a que pertence!

A importância das Ordens Mendicantes aumentou tanto na Idade Média, que Instituições laicas, com as organizações do trabalho, as antigas corporações e as próprias autoridades civis recorriam com frequência aos conselhos espirituais dos Membros de tais Ordens para a redacção dos seus regulamentos e, às vezes, para a solução de contrastes internos ou externos. Os Franciscanos e os Dominicanos tornaram-se os animadores espirituais da cidade medieval. Com grande intuição, eles puseram em acção uma estratégia pastoral adequada às transformações da sociedade. Dado que muitas pessoas se transferiam dos campos para as cidades, eles construíram os seus conventos já não em áreas rurais, mas urbanas. Além disso, para desempenhar a sua actividade em benefício das almas, era necessário deslocar-se em conformidade com as exigências pastorais. Com outra escolha totalmente inovativa, as Ordens Mendicantes abandonaram o princípio de estabilidade, clássico do monaquismo antigo, para escolher outro modo. Menores e Pregadores viajavam de um lugar para outro, com fervor missionário. Por conseguinte, organizaram-se de modo diverso em relação à maior parte das Ordens monásticas. No lugar da autonomia tradicional de que gozava cada mosteiro, eles deram mais importância à Ordem enquanto tal e ao Superior-Geral, bem como à estrutura das províncias. Assim os Mendicantes estavam mais dispostos às exigências da Igreja Universal. Esta flexibilidade tornou possível o envio dos frades mais preparados para o cumprimento de missões específicas e as Ordens Mendicantes chegaram à África setentrional, ao Médio Oriente e ao Norte da Europa. Com esta flexibilidade, o dinamismo missionário foi renovado.

Outro grande desafio era representado pelas transformações culturais em curso naquele período. Novas questões estimularam o debate nas universidades, que nasceram no final do século XII. Menores e Pregadores não hesitaram em assumir também este compromisso e, como estudantes e professores, entraram nas universidades mais famosas dessa época, erigiram centros de estudos, produziram textos de grande valor, deram vida a verdadeiras escolas de pensamento, foram protagonistas da teologia escolástica no seu período melhor e incidiram significativamente no desenvolvimento do pensamento. Os maiores pensadores, S. Tomás de Aquino e São Boaventura, eram mendicantes e trabalharam precisamente com este dinamismo na nova evangelização, que renovou também a coragem do pensamento, do diálogo entre razão e fé. Também hoje existe uma "caridade da e na verdade", uma "caridade intelectual" a exercer, para iluminar as inteligências e conjugar a fé com a cultura. Caros fiéis, o compromisso assumido pelos Franciscanos e pelos Dominicanos nas universidades medievais é um convite a tornar-se presente nos lugares de elaboração do saber, para propor, com respeito e convicção, a luz do Evangelho sobre as questões fundamentais que se referem ao homem, à sua dignidade e ao seu destino eterno. Pensando no papel dos Franciscanos e Dominicanos na Idade Média, na renovação espiritual que suscitaram, no sopro de vida nova que comunicaram no mundo, um monge disse: "Naquela época o mundo envelhecia. Surgiram duas Ordens na Igreja, cuja juventude renovaram, como a de uma águia" (Burchard d'Ursperg, Chronicon).

Estimados irmãos e irmãs, invoquemos precisamente no início deste ano o Espírito Santo, eterna juventude da Igreja: ele faça com que todos sintam a urgência de oferecer um testemunho coerente e corajoso do Evangelho, a fim de que nunca faltem santos, que façam resplandecer a Igreja como esposa sempre pura e bela, sem manchas nem rugas, capaz de atrair irresistivelmente o mundo para Cristo, para a sua salvação.


Saudação

Queridos peregrinos de língua portuguesa, possa o Espírito Santo suscitar no coração de cada um a urgência de oferecer ao mundo um testemunho coerente e corajoso do Evangelho. Que Deus abençoe cada um de vós e vossas famílias. Ide em Paz!

© Copyright 2010 - Libreria Editrice Vaticana

Extraído de http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/audiences/2010/documents/hf_ben-xvi_aud_20100113_po.html acesso em 19 jan. 2010.

Ilustração: Der hl. Dominikus mit Lilie und Fahne, Öl auf Kupfer. 22,6 x 16,7 cm. ca. 1600. Disponível em http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hl_Dominikus_deutsch.jpg acesso em 19 jan. 2009.

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