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domingo, 29 de setembro de 2024

A graça de Deus age muito além do nosso entendimento...


 Homilia do 26°Dom do tempo comum (Mc 9,38-43.45.47-48)(29/9/24). 

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, constantemente sofremos a tentação de julgar e condenar os outros ao invés de usarmos de misericórdia com todos. De fato, existem certas atitudes abomináveis humanamente difícil de suportar. 
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2. No entanto, precisamos escutar o Senhor e pôr em prática o que Ele nos ensina: "Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados." (Lc 6,36).
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3. Na primeira leitura de hoje, a graça do Espírito Santo foi derramada sobre todos os 72 escolhidos por Deus para estarem com Moisés em oração na tenda de Reunião, e mesmo sem dois deles estarem presentes diante de Deus, não deixaram de receber essa mesma dádiva como os demais. 
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4. Pelo que Josué ponderou a Moisés: "Moisés, meu Senhor, manda que eles se calem!" Moisés, porém, respondeu: “Por que és tão zeloso por mim? Prouvera a Deus que todo o povo do Senhor profetizasse, e que o Senhor lhe desse o seu Espírito!”
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5. Com efeito, no Evangelho de hoje, João também leva ao Senhor Jesus o caso de um exorcista judeu que expulsava demônios em seu nome: "Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. 
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6. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue”. Ao que Jesus respondeu: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é a nosso favor." 
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7. Portanto, caríssimos, a Igreja não é uma comunidade fechada em si mesma, mas é o próprio Corpo de Cristo formado por todos os que ouvem à sua voz também para além de suas fronteiras. De fato, a graça transpõe a natureza, pois o perdão e a misericórdia do Senhor são dádivas infinitas. 
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8. Por isso, não se pode limitar o que não tem limite; é bem como escreveu São Paulo : "Aonde abundou o pecado super abundou a graça." (Rm 5,20). Decerto, eis o que disse o Senhor: "Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor." (Jo 10,16). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

sábado, 28 de setembro de 2024

EM QUE CONSISTE A VIVÊNCIA DA FÉ?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 9,43b-45)(28/9/24)

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1. Caríssimos, o problema da humanidade e até de muitos que creem em Cristo, é dar pouca atenção às Suas Palavras e ao Seu exemplo como deveríamos. Mas, isto ocorre porque ainda não aprendemos a praticar o essencial na vivência da fé, que é tão somente crer, amar e a Ele se entregar totalmente na certeza de que a Sua Vontade é a nossa salvação.
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2. Na liturgia de hoje quando o Senhor Jesus revela os acontecimentos adversos que se sucederão com Ele, logo os discípulos não entenderam e até ficaram com medo de lhe perguntar sobre isso. Todavia, isto aconteceu porque sentiram-se inseguros diante de tão trágica previsão.
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3. Então, escutemos o que disse o Senhor: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. (Lc 9,44). De fato, nenhum de nós em sã consciência deseja que o mal aconteça às pessoas que fazem parte da nossa amizade ou não. 
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4. Com efeito, como no tempo do Senhor Jesus também hoje muitos ainda esperam um Messias (Cristo) super poderoso, isto é, com uma potência capaz de destruir todos os seus inimigos e tudo o que é contrário à Vontade de Deus. 
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5. No entanto, o Senhor se nos apresenta como Aquele que assume as nossas dores sofrendo-as conosco, morrendo conosco, para nos fazer ressuscitar com Ele. Ou seja, a Onipotência divina se revela em nossa frágil condição, como o Senhor Jesus revelou a São Paulo: "Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força." (2Cor 12,9). 
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6. Portanto, caríssimos, Deus é Onipotência Eterna, pode tudo, e claramente poderia salvar-nos de uma maneira diferente, isto é, sem sofrimento algum; mas, como o pecado entrou na natureza humana pela desobediência (cf. Rm 5,19), aprouve a Deus arranca-lo de nossas almas pela obediência do Seu Filho amado, como vemos a seguir:
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7. "Nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade. Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve. E uma vez chegado ao seu termo, tornou-se autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem." (Hb 5,7-9).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Não basta a curiosidade de querer conhecer Jesus...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 9,7-9)(26/9/24)

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1. Caríssimos, a curiosidade em querer saber da vida alheia muitas vezes geram distúrbios e outros comportamentos inadequados que bloqueiam a vivência da fé, porque ocupam o espaço que é somente de Deus em nossas almas. Pois, os cristãos vivem de Cristo e em Cristo, e não do disse me disse da vida alheia.
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2. No Evangelho de hoje, Herodes curiosamente quer ver Jesus, no entanto, logo demonstra a sua intenção: “Eu mandei degolar João. Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?” E procurava ver Jesus."
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3. Ora, querer conhecer Jesus por curiosidade sem que haja conversão e amor a Ele sobre todas as coisas, é como mover-se em areia movediça, ou seja, afunda-se na curiosidade sem jamais o encontrar, porque sem arrependimento e conversão não existe comunhão com o Senhor. 
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4. Com efeito, o exemplo dos santos nos ensina que quem convive bem com Deus, amando-o sobre todas as coisas, convive bem consigo mesmo e com o próximo, porque quem ama de verdade só visa o bem de todos. E essa convivência se dá pela oração do coração e pela prática da sua Palavra.
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5. De fato, nos santos e santas encontramos os testemunhos de fé que nos ajudam a perseverar no seguimento de nosso Senhor Jesus Cristo em meio às tribulações deste mundo, realizando com a prática da nossa fé a Sua Santa Vontade.
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6. Portanto, caríssimos, escutemos com atenção esta exortação de são Francisco de Assis como um exemplo a ser fielmente seguido: "Filhos meus, grandes coisas prometemos a Deus, mas muito maiores são as coisas que Deus nos prometeu. 
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7. Observemos aquelas que nós prometemos a Ele, e esperemos com segurança aquelas que ele nos prometeu. Breve é o prazer do mundo, mas eterna é sua pena. Pequena é a pena desta vida, mas a glória da vida eterna é infinita” (FIORETTI, cap XVIII).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Ide e anunciai a Boa Nova, o Reino de Deus e a sua justiça...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 9,1-6)(25/9/24)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, a liturgia de hoje trata da missão que os Apóstolos receberam do Senhor Jesus de anunciar o Reino de Deus e a Sua Justiça, e de como devem fazer esse anúncio. Ora, isso nos leva a compreender que todos os batizados são chamados e enviados pelo Senhor à anunciar a Boa Nova da salvação.
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2. Com efeito, prestando atenção nas instruções dadas pelo Senhor Jesus, vemos alguns detalhes que nos ajudam como devemos nos portar para cumprirmos a nossa missão com alegria e singeleza de coração. “Não leveis nada para o caminho: nem cajado nem sacola nem pão nem dinheiro nem mesmo duas túnicas." Ou seja, isso significa total confiança na Providência Divina. 
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3. "Em qualquer casa onde entrardes, ficai aí; e daí é que partireis de novo. Todos aqueles que não vos acolherem, ao sairdes daquela cidade, sacudi a poeira dos vossos pés, como protesto contra eles”. Ora, isso quer dizer que nem sempre teremos sucesso no cumprimento da missão, mesmo querendo somente a salvação das almas.
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4. Comentando este envio, disse o Santo Padre, o Papa Francisco: "Estes imperativos mostram que a missão se baseia na oração; que é itinerante, não está parada, é itinerante; que exige desapego e pobreza; que traz paz e cura, sinais da proximidade do Reino de Deus.
5. Que não é proselitismo, mas anúncio e testemunho; e que exige também a franqueza e a liberdade evangélica para partir, salientando a responsabilidade dos que rejeitam a mensagem de salvação, mas sem condenações nem maldições."
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6. Portanto, caríssimos, ao recebermos o chamado do Senhor Jesus necessitamos seguir fielmente as suas instruções para não cairmos na tentação de fazer a própria vontade e anunciar à nós mesmos e não o Reino de Deus, como descreve Lucas neste Evangelho que a liturgia de hoje nos propõe.
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7. "Invoquemos juntos a proteção maternal de Maria Santíssima, para que Ela ampare em todos os lugares a missão dos discípulos de Cristo, a missão de anunciar a todos que Deus nos ama, quer salvar-nos e nos chama a fazer parte de seu REINO. (Papa Francisco, Angelus, 7/7/19).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Como escutarmos o Senhor para fazermos a sua Santa Vontade...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 8,16-18)(23/9/24)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, o mundo em que vivemos se encontra mergulhado num barulho ensurdecedor, e pior ainda, multiplica esse barulho de tal modo que torna insuportável o sossego e a boa convivência; de fato, onde falta o silêncio não se pode ouvir a voz de Deus, mas somente o barulho deste mundo tenebroso que ressoa nas almas que se deixam dominar por ele.
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2. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus disse à multidão: “Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou coloca-la debaixo da cama; ao contrário, coloca-a no candeeiro, a fim de que todos os que entram vejam a luz. 
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3. Com efeito, tudo o que está escondido deverá tornar-se manifesto; e tudo o que está em segredo deverá tornar-se conhecido e claramente manifesto. Portanto, prestai atenção à maneira como vós ouvis! 
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4. Pois a quem tem alguma coisa, será dado ainda mais; e àquele que não tem, será tirado até mesmo o que ele pensa ter”. Ou seja, não somos nós que julgamos a nós mesmos e muitos menos aos outros, mas todos sem exceção seremos julgados pelo justo Juiz no último dia. (cf. Hb 9,27).
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5. Decerto, as almas que deixam o mundo e o seu barulho, para ouvir a voz do Senhor no silêncio sagrado da oração, passam a viver sob sua inspiração pondo em prática a Sua Santa Vontade que nasce da contrição do coração, do diálogo amoroso e do desejo de santidade com a qual O verá face a face no Reino dos céus.
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6. Portanto, caríssimos, ouçamos com atenção estas palavras de santa Teresa de Calcutá: "Escuta em silêncio. Se o teu coração estiver a transbordar de milhões de coisas, não conseguirás ouvir a voz de Deus. Mas, assim que te puseres à escuta da voz de Deus no teu coração pacificado, ele encher-se-á de Deus. 
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7. Isso exige muitos sacrifícios; mas, se temos realmente o desejo de rezar, se queremos rezar, temos de dar este passo. Este é apenas o primeiro passo, mas, se não o dermos com determinação, nunca alcançaremos a última etapa, a presença de Deus."
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 22 de setembro de 2024

A PRÁTICA DA FÉ REQUER HUMILDADE E INOCÊNCIA...


 Homilia do 25°Dom do tempo comum (Mc 9,30-37)(22/9/24). 

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1. Caríssimos, nas atuais circunstâncias, este mundo é um abismo profundo de perdição em ebulição, isto é, prestes à explodir. Falando à esse respeito, assim escreveu São Paulo: "Nota bem o seguinte: nos últimos dias haverá um período difícil. 
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2. Os homens se tornarão egoístas, avarentos, fanfarrões, soberbos, rebeldes aos pais, ingratos, malvados, desalmados, desleais, caluniadores, devassos, cruéis, inimigos dos bons, traidores, insolentes, cegos de orgulho, amigos dos prazeres e não de Deus, ostentarão a aparência de piedade, mas desdenharão a realidade. Dessa gente, afasta-te!" (2Tm 3,1-3).
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3. Todavia, por que me refiro a isso? Porque é essa a atual realidade cruel que estamos enfrentando, por isso, precisamos urgentemente usar as armas certas nesta luta espiritual que travamos. 
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4. Sem dúvida, para vencer esta guerra é preciso manter o nosso encontro permanente com o Senhor, pela oração do coração; pela participação na Santa Missa, comungando em estado de graça o Seu Corpo e Sangue, alimento espiritual que nos faz viver Nele. 
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5. Também o encontramos na Sagrada Escritura e na liturgia diária, pois, por elas falamos com o Senhor, e Ele fala conosco diretamente. Um outro meio de encontro-lo é a oração diária do santo terço, porque nele encontramos Maria Santíssima e com ela meditamos os mistérios da nossa salvação.
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6. Ainda um outro meio, é confessar-se sempre que cometer faltas graves ou mesmo leves, sabendo que a confissão é o encontro sacramental com o perdão que Deus nos dá por sua Divina Misericórdia. Por fim, "orar sem cessar" como nos ensina são Paulo; e se possível jejuar e fazer penitência em reparação pelos próprios pecados e os pecados cometidos neste mundo, pois, isso significa cooperar com o Senhor Jesus na obra da redenção.
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7. Portanto, caríssimos, todo tempo que temos pertence somente a Deus, por isso, precisamos dá a Ele o que lhe pertence, porque se não o fizermos provavelmente o perdemos desperdiçando com coisas inúteis e vãs preocupações. De fato, não podemos perder esse dom tão precioso que o Senhor nos deu para vivermos em comunhão com Ele. 
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8. No Evangelho de hoje, o Senhor Jesus nos ensina que a prática da fé requer o auxílio da humildade e da inocência no serviço que a Ele prestamos para a salvação das almas que assistimos. 
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9. Decerto, servir aos irmãos humildemente é servir ao Senhor prontamente; acolher os pequeninos é acolher o Senhor na inocência deles, pois, quem quiser ser o maior, disse o Senhor, seja o servo de todos, o último de todos.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

sábado, 21 de setembro de 2024

EU NÃO VIM CHAMAR OS JUSTOS, MAS OS PECADORES...

FESTA DO APÓSTOLO SÃO MATEUS (Mt 9,9-13)(21/9/24)
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1. Caríssimos irmãos e irmãs, a Igreja hoje celebra a Festa de são Mateus que foi chamado pelo Senhor Jesus quando exercia uma das atividades mais desprezadas pelos Judeus, ou seja, cobrar impostos do povo eleito para dar aos invasores Romanos; e por isso, ele era chamado publicano, isto é, pecador público como Zaqueu.
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2. Porém, uma das frases do Senhor Jesus mais reveladora da misericórdia de Deus, é esta: "Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”. (Mt 9,13).
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3. Ora, ao escutarmos essa frase, o Senhor nos dá a certeza de que veio para nos salvar, porque todos somos pecadores necessitados da Sua Divina Misericórdia. Sem a sua vinda a este mundo, quem de nós poderia ser salvo?
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4. De fato, nenhum de nós pode afirmar que nunca pecou ou que não tem pecado, bem como escreveu são João: "Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. 
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5. Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade." (1Jo 1,8-9). Ora, é nisto que consiste o pecado como afirma são João: 
"Todo aquele que peca transgride a lei, porque o pecado é transgressão da lei." (1Jo 3,4).
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6. Portanto, caríssimos, Deus nos ama e usa sempre de misericórdia para conosco por meio do Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo; por isso, nunca vai deixar de agir em nosso favor, não obstante o alto grau de pecaminosidade dos seres humanos; porque, de fato, Ele enviou o Seu Filho amado para perdoar os nossos pecados e nos conduzir à vida eterna.
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7. Destarte, de Mateus que era tido como um pecador público o Senhor Jesus o transformou em um grande santo, que continua pregando a Sua Boa Nova até o fim dos tempos, por meio do Evangelho que escreveu; assim, também nós mantenhamos a nossa confiança na Sua Infinita Misericórdia, porque é dela que brota a nossa salvação.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.
 

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

OS LEIGOS A SERVIÇO DE CRISTO E DA SANTA IGREJA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 8,1-3)(20/9/24)

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1. Caríssimos, a liturgia de hoje nos mostra o que é realmente seguir o Senhor Jesus na condição de discípulos e discípulas tendo como fundamento a atividade que o Senhor realiza, bem como vemos nesta narrativa do Evangelista São Lucas: "Jesus andava por cidades e povoados, pregando e anunciando a Boa Nova do Reino de Deus.
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2. Os doze iam com ele; e também algumas mulheres que haviam sido curadas de maus espíritos e doenças: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes; Susana, e várias outras mulheres que ajudavam a Jesus e aos discípulos com os bens que possuíam." (Lc 7,1-3).
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3. Ora, o que nos chama mais atenção nessa narrativa são dois detalhes que muito nos ajuda no seguimento do Senhor. O primeiro, é o objetivo da Sua pregação, ou seja, o anúncio da Boa Nova do Reino de Deus.
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4. O segundo detalhe é este: não somente os doze o seguiam, mas também algumas mulheres que o serviam com suas posses, os ajudando a manter-se no que precisavam enquanto evangelizavam, formando com eles a primeira comunidade cristã, tendo a presença e o serviço dos leigos representado pelas mulheres.
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5. Com efeito, analisando este serviço para o bem e a salvação das almas, não podemos ter outro objetivo fora deste que o Senhor Jesus nos deu como exemplo: a pregação da Boa Nova da salvação que consiste na ressurreição, e a vida eterna no Reino de Deus; bem como enfatizou são Paulo na primeira leitura.  
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6. Portanto, caríssimos, ao prestar este serviço precisamos nos deixar conduzir pelo Espírito Santo com o auxílio da Sua Divina Providência, que nos dá a garantia de que nada nos falta quando vivemos em estado de graça na Sua presença.
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7. Destarte, eis os requisitos para seguirmos o Senhor Jesus: desporjar-se dos interesses pessoais, isto é, "deixa tudo e segue-me"; desporjar-se da busca da fama, ou seja, "negue-se à si mesmo"; e por último, desporjar-se do poder temporal que consiste em "tomar a cruz de cada dia". Sem esses requisitos somos discípulos de nós mesmos, e não de Cristo.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

TEUS PECADOS ESTÃO PERDOADOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 7,36-50)(19/9/24). 

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1. Caríssimos, Deus se faz sempre presente em todas as situações da vida, os homens é que não percebem isso por falta de discernimento e de compromisso para com Ele; às vezes, até o convidam para entrar em suas vidas, mas não o recebem devidamente. 
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2. Por isso, tendem a culpa-lo pelos infortúnios que padecem como se Ele fosse responsável pelo mal uso do nosso livre arbítrio; e com isso não o amam nem se deixam amar por Ele. E o resultado desse engano é o trágico confronto entre homens e homens por não viverem o amor fraterno como o Senhor Jesus nos ensinou a viver. 
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3. Com efeito, Deus se faz presente realmente no meio de nós pela Santa Eucaristia, seu Corpo e Sangue, Sacrifício de amor, Pão da vida eterna. Ele também se faz presente por Sua Divina Palavra proclamada e escutada diretamente para pormos em prática. 
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4. Mas também se faz presente em nossa oração, basta silenciar em nossa coração tudo o que não é a sua vontade, para com a devida atenção escuta-lo, pois a Verdade nos fala sempre e não tem como duvidar disso. 
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5. Mas, como receber o Senhor e permanecer na sua presença? Sem dúvida a humildade de São Paulo na primeira leitura nos ensina isto, visto que ele se pôs no último lugar no anúncio do Evangelho, disse ele: "Na verdade, eu sou o menor dos apóstolos, nem mereço o nome de apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus." (1Cor 15,9).
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6. Aliás, em outra passagem ele também deu o seguinte testemunho à esse respeito: "Irmãos também eu, quando fui ter convosco, não fui com o prestígio da eloqüência nem da sabedoria anunciar-vos o testemunho de Deus. Julguei não dever saber coisa alguma entre vós, senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado." (1Cor 2, 1-2).
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7. No Evangelho de hoje ouvimos a narração do convite que um fariseu fez ao Senhor Jesus para cear em sua casa. Ora, Deus nos escuta também por nossas atitudes, pois elas revelam nossas intenções e o que somos e temos em nossos corações. 
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8. A meretriz que muito devia a Deus, por causa de seus muitos pecados, o amou muito mais por seu arrependimento e humildade, e por isso recebeu o perdão e a salvação; Simão, ao contrário, mesmo se julgando justo, não agiu como tal, e o resultado foi a revelação de que, na prática, pouco amava Deus. 
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9. Portanto, caríssimos, caso o nosso coração esteja cheio de falsos julgamentos e dos nossos critérios punitivos, então, não existe espaço para a misericórdia de Deus e seu amor, mas somente para o juízo de valor do qual nem mesmo o Senhor Jesus escapou neste episódio. 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

terça-feira, 17 de setembro de 2024

FESTA DOS ESTIGMAS DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 7,11-17)(17/9/24)

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1. Caríssimos, hoje é um dia muito especial para toda a família franciscana, pois neste dia no alto do monte Alverne a exatamente 800 anos, São Francisco de Assis recebeu as cinco chagas de nosso Senhor Jesus Cristo em seu frágil corpo. Como de costume tinha devoção a São Miguel Arcanjo e lhe dedicava quarenta dias de oração, jejum e penitência.
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2. No ano de 1224 estando São Francisco em profunda oração fazendo a Quaresma de São Miguel, caiu em êxtase e teve a visão de um Serafim crucificado; de repente de suas asas, pés e lado saíram raios que de igual modo atingiram as mãos, os pés e o lado de São Francisco, deixando-o crucificado como o próprio Filho de Deus. 
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3. Desse modo, os estigmas do Senhor foram impressos em seu corpo e o acompanharam nos dois últimos anos de sua vida, os quais foram vistos e testemunhados por seus irmãos e irmãs de ordem, e por aqueles que o encontraram na sua atividade evangelizadora.
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4. Com efeito, a Palavra que o Senhor Jesus pronunciou no Santo Evangelho a respeito de renunciar à si mesmo, tomar a cruz de cada dia e segui-lo (cf. Lc 9,23), se cumpriu plenamente na vida de São Francisco, pois ele não só renunciou a tudo o que possuía, mas também à própria vida para seguir o Senhor na totalidade de sua consagração à Ele. 
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5. E desse modo, se pôs a serviço do reino de Deus e da salvação da humanidade no seio da Santa Igreja; e isso também acontece com todos os franciscanos e franciscanas de todos os tempos que o acompanharam no seguimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
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6. Portanto, caríssimos, como São Francisco de Assis e Santa Clara, o Senhor continua chamando e enviado a todos os que foram batizados, para servi-lo pelo exemplo de vida e por palavras, no anúncio da Boa Nova da salvação a todos os povos e nações da face da terra. 
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7. Destarte, é bem como Ele mesmo disse: "Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo." (Mt 28,19-20).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

ORAÇÃO, HUMILDADE E CONFIANÇA INABALÁVEL...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 7,1-10)(16/9/24).

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1. Caríssimos, na vivência da fé e em nossas orações temos muito a aprender, e isso porquê, no mais das vezes, rezamos conforme os nossos interesses, querendo que se faça a nossa vontade. De fato, quando rezamos com o coração, isto é, com nossa consciência, é nela que Deus nos fala e responde às nossas orações.
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2. Decerto, precisamos compreender que Deus é o nosso Criador e nós somos suas criaturas, e exatamente por isso, é um imenso privilégio encontra-lo e falar com Ele cheios de reverência, como vimos no Evangelho de hoje na oração do Centurião, feita com humildade e confiança inabalável. 
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3. Com efeito, a nossa interação com o Senhor Jesus sem dúvida acontece por meio da oração como encontro, isto é, num diálogo amoroso, em que falamos com Ele, mas também o escutamos, e não apenas expondo o que queremos, mas sim, desejando fazer a vontade do Pai como Ele o fez.
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4. Muitos dizem: eu rezo tanto e não recebo, porém, não percebem que rezar não é só pedir, mas sim, interagir, dialogar, louvar, agradecer, adorar, ter consciência da infinita grandeza de Deus, e reconhecer que sem Ele nada somos, nada podemos, e que só existimos por conta da Sua Divina Misericórdia.
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5. Escutemos, então, o que disse são Pedro a esse respeito: "Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele vos exalte no tempo oportuno. Confiai-lhe todas as vossas preocupações, porque ele tem cuidado de vós." (1Pd 5,6-7). 
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6. Ora, isso corrobora com o que nos ensinou o Senhor Jesus: "Porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado." (Lc 14,11). De fato, precisamos amar o Senhor de todo o nosso coração, querendo sempre o seu querer, pois, o seu querer é o único que nos dá a vida eterna.
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7. Desse modo, as nossas orações são atendidas porque nascem da necessidade de amar a Deus sobre todas as coisas e amar-nos uns aos outros como a nós mesmos. Pois, sem essa humilde condição nos pomos diante de Deus como se Ele dependesse de nós; e não nós dependêssemos Dele.
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8. Portanto, caríssimos, rezar é como respirar; pois, assim como a vida natural depende cem por cento do ar que respiramos, de igual modo, a vida sobrenatural depende do ar da graça do Espírito Santo, que vem até nós pelos pulmões da nossa oração; uma alma que não reza, morre de inanição espiritual, porque não encontra Deus, não interage com Ele, não o ama e nem se deixa amar por Ele.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 15 de setembro de 2024

O CAMINHO PARA O CÉU PASSA PELA CRUZ...


 Homilia do 24°Dom do tempo comum (Mc 8,27-35)(15/9/24).

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1. Caríssimos, na Carta aos Hebreus existe uma recomendação para mantermos os olhos fixos no Senhor Jesus, pois, nele se encontra o perfeito fundamento da nossa fé, como diz o texto a seguir: "Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus. 
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2. Em vez de gozo que se lhe oferecera, ele suportou a cruz e está sentado à direita do trono de Deus. Considerai, pois, atentamente aquele que sofreu tantas contrariedades dos pecadores, e não vos deixeis abater pelo desânimo." (Hb 12,1b-3).
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3. Por isso, nunca nos ponhamos na vida querendo salvar a própria vida, porque se assim for, vamos perde-la; mas se a perdermos por amor ao Senhor e ao Santo Evangelho, a teremos eternamente, como Ele mesmo ensinou.

4. "Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Porque o que quiser salvar a sua vida, perde-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salva-la-á." (Mc 8,34-35). Ou seja, "A salvação é obra de nosso Deus, que está assentado no trono, e do Cordeiro." (Ap 7,10)
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5. Ora, a vida presente nos foi dada em função da vida eterna, é esse o verdadeiro sentido do nosso viver neste mundo; o Senhor Jesus no Evangelho de hoje nos chama a identifica-lo, como fez com a gente do seu tempo e os Apóstolos. 
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6. Todavia, identifica-lo tem o mesmo sentido de aceitar o seu e o nosso martírio por amor e obediência ao Pai, por isso, de nada adianta identifica-lo e querer seguir por outro caminho fora da vontade do Pai, que significa amor incondicional, isto é, abandonar-se inteiramente em suas mãos, como o fez nossa Senhora, os Apóstolos e todos os santos.
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7. Portanto, caríssimos, não existe outro caminho para se chegar ao céu fora da cruz de Cristo; qualquer outra vereda ou atalho é desvio de rota que nos leva a lugar nenhum. Por isso, "a nossa proteção está no nome do Senhor que fez o céu e a terra" (Sl 120); porque se assim nos entregarmos a Ele, nada temos a temer, pois embora essa porta seja estreita, é por ela que entramos na vida eterna. 
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Paz e Bem! 
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

sábado, 14 de setembro de 2024

Exaltação da Santa Cruz...


 Festa da Exaltação da Santa Cruz (Jo 3,13-17)(14/9/24)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, todos nós que aqui vivemos temos consciência de que um dia haveremos de morrer; e isso constatamos a todo momento ao vermos a morte natural abater cada vivente de quem ela se aproxima. 
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2. Ó morte, cruel, impiedosa, insana, sem misericórdia, de quem nenhum ser vivente pode escapar senão somente pelo o poder de Deus, que nos enviou o Seu Filho amado, para banir-te para sempre por sua morte de cruz. Doravante com sua vinda gloriosa tu não existirás mais. 
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3. De fato, Jesus, o Senhor de toda a Criação, que tem todo poder sobre o céu e sobre a terra, quis se deixar abater como se fosse um simples mortal; todavia, em contra partida, deu-nos a vida eterna por sua ressurreição. 
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4. Ora, quem poderia imaginar que assim seria? Pois, aquela que parecia invensível, foi abatida quando o abateu, isto é, bebeu do próprio veneno, tornado-se Páscoa para aqueles que Ele salva e por sua infinita misericórdia os conduz ao céu.
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5. Santa Gertrudes se dirigindo a Deus Pai contemplando o Seu Filho crucificado, assim rezou: "Ó Sabedoria, que despojas o Rei da glória, fazendo dele um espetáculo de desprezo. Fazes depender do cadafalso o resgate do mundo. 
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6. Só tu pesas e aprecias o valor deste mistério, que paga a dívida de toda a prevaricação. Tu elevas Aquele que é a vida de todos, a fim de que, atraindo-os a Ele na sua morte (cf Jo 12,32), Ele a todos vivifique.
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7. Ó Amor sapiente! Que curativo utilizas para curar a ferida de todos! Ó amor sapiente, a tua prudência vem em socorro daqueles que estavam perdidos. Tu condenas o Justo a fim de salvar o infeliz culpado. Ó Amor sapiente, a tua sentença é a cura dos infelizes. 

8. Tu defendes a causa da paz. Tu exerces a misericórdia que intercede por nós. Tu, em desígnio prudente, acorres à angústia de todos pela vontade benevolente da tua clemência. Tu pões fim à universal miséria pela obra gloriosa da tua Divina Misericórdia."
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9. Portanto, caríssimos, a festa da exaltação da Santa Cruz de onde pendeu Jesus, o Filho de Deus, é a festa da vitória sobre o demônio, sobre o pecado, sobre a morte e o inferno. Deste vale de lágrimas e dor somente o Filho do Homem, nascido da Virgem Maria, pode dizer: 

10. "O Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar.
Ninguém a tira de mim, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a reassumir. Tal é a ordem que recebi de meu Pai." (Jo 10,17-18). Ou seja, nenhum poder prevalece sobre o Seu Poder.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

POR QUE JULGAS TEU IRMÃO?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 6,39-42)(13/9/24)

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1. Caríssimos, seguir o Senhor Jesus fielmente nesta vida é a maior dádiva que Dele recebemos. Todavia, precisamos nos inteirar que só a Ele foi dado todo poder sobre o céu e sobre a terra e somente Ele julgará os vivos e os mortos no último dia; cabe a nós conservar o santo temor e evitar todo tipo de pecado, especialmente o de julgar e condenar os nossos irmãos e irmãs.
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2. Aliás, na Carta aos Romanos, São Paulo nos exorta: "Assim, és inescusável, ó homem, quem quer que sejas, que te arvoras em juiz. Naquilo que julgas a outrem, a ti mesmo te condenas; pois tu, que julgas, fazes as mesmas coisas que eles.
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3. Ora, sabemos que o juízo de Deus contra aqueles que fazem tais coisas corresponde à verdade. Tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, mas as cometes também, pensas que escaparás ao juízo de Deus?" (Rm 2,1-3).
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4. Também São Tiago falando a respeito desse terrível pecado, escreveu: "Falai, pois, de tal modo e de tal modo procedei, como se estivésseis para ser julgados pela lei da liberdade. Haverá juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o julgamento." (Tg 2,12).
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5. Com efeito, no Evangelho de hoje o Senhor Jesus usa duras palavras para com aqueles que vivem espionando a vida dos outros esquecendo que são tão humanos e pecadores quanto àqueles de quem se fazem juízes. 
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6. Diz o Senhor: "Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu próprio olho? Como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tu não vês a trave no teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão." (Lc 6,41-42). Ou seja, para ajuda-lo a sair da escravidão do pecado em que se encontra. 
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7. Portanto, caríssimos, quem só vive para olhar os pecados dos outros, julga-los, critica-los e condena-los, outra coisa não carrega na alma senão os pecados julgados. Ora, a correção fraterna existe e faz um bem enorme, porém, somente quando a verdade que dizemos àqueles que corrigimos não são acusações ou falta de caridade, mas desejo sincero de santidade e justiça para que se corrijam e vivam em estado de graça.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

BEM-AVENTURADOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA(Lc 6,20-26)(11/9/24)

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1. Caríssimos todo apego às coisas deste mundo é nefasto para as almas, e é exatamente por causa desse apego que a humanidade se encontra em constantes guerras fratricidas, isto porque os homens que assim procedem não pensam e nem agem conforme o amor de Deus, que dá a todos generosamente mais que o necessário para terem vida em abundância; no entanto, a maioria pensa e age conforme o egoísmo que nos divide e destrói.
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2. Com efeito, na Carta aos Colossenses São Paulo assim nos exorta: "Irmãos, se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres. 
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3. Pois vós morrestes, e a vossa vida está escondida, com Cristo, em Deus. Quando Cristo, nossa vida, aparecer em seu triunfo, então vós aparecereis também com ele, revestidos de glória." (Cl 3,1-4).
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4. Decerto, ele também nos exorta que só é possível alcançarmos essa graça mediante a renúncia de todos os males que adveem dos apegos às coisas passageiras: "Portanto, [diz ele] fazei morrer o que em vós pertence à terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria. Tais coisas provocam a ira de Deus contra os que lhe resistem." (Cl 3,5-6).
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5. No Evangelho de hoje Jesus nos aponta o perfeito itinerário para alcançarmos a santidade que tanto desejamos, ou seja, a perfeita comunhão com Ele, que nos dá a vida eterna. Ora, essa via de perfeição são as bem-aventuranças, que na verdade, são as provações pelas quais passamos por causa do Seu nome. 
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6. Todavia, elas atraem a sua misericórdia e o seu amor para conosco, pois as sofremos porque o amamos sobre todas as coisas e nos amamos uns aos outros como à nós mesmos, pois o amor com que amamos e somos amados nos faz superar todos os obstáculos que se levantam contra a nossa salvação.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

domingo, 8 de setembro de 2024

A LITURGIA DO SILÊNCIO E DA ESCUTA...


 Homilia do 23° Dom do Tempo Comum (Mc 7,31-37)(08/9/24)

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1. Caríssimos, um coração vazio da presença divina tende a pensar e agir como se Deus não existisse, e como se a vida não tivesse sentido algum, por isso, tende também a julgar tudo e todos com o rigor e a negatividade do próprio vazio, com isso, cultivam a incredulidade e à agressividade que o leva à uma profunda angústia e a sucessivas crises existenciais, ao estado mórbido de alma, e à depressão.
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2. Daí percebemos o quanto precisamos cultivar a fé no nosso relacionamento com Deus, com o próximo e com nós mesmos, pois a fé é a força divina que preenche as nossas almas e nos leva a alcançar todas as graças e bênçãos, para assim amarmos a Deus sobre todas as coisas e amar-nos uns aos outros como nós mesmos. 
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3. De fato, a fé amparada pela oração nos leva a encontrar o Senhor na intimidade de nossas almas e a fazermos com Ele num diálogo amoroso e uma escuta sincera com o intuito da obediência perfeita. Ora, é desse encontro que nasce a disciplina e o exercício espiritual que nos leva à prática das virtudes eternas tão necessárias para sermos santos como Deus é Santo.
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4. A liturgia de hoje trata do silêncio do coração no nosso encontro com Deus pela oração. De fato, num mundo tão barulhento como o nosso falar do silêncio interior, mais parece falar sem sermos ouvidos; pois, quem realmente para, nem que seja por um instante, para escutar o Senhor? 
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5. No entanto, o essencial para o nosso bem viver só é possível à medida que escutamos Cristo, como aquele que preenche totalmente a nossa vida. Pois, eis o que diz o Senhor: "Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da salvação (Is 49,8). Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação." (2Cor 6,2).
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6. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus realiza a cura de um surdo-mudo, nos ensinando que precisamos ser curados da surdez do coração e da mudez das santas palavras, visto que nesse nosso mundo tecnológico, escuta-se pouco ou quase nada a verdade por Ele anunciada. 
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7. Sem dúvida, o mundo da Internet fala demasiadamente por palavras e imagens, não para comunicar a verdade que é Cristo; mas sim, para comunicar as mentiras que o inimigo incute, por meio das "Fake News", na mente daqueles que lhe dão todo tempo a ponto de se tornarem viciados e dominados por ele. 
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8. Portanto, caríssimos, se todo o tempo que é dado à Internet fosse dado ao Senhor Jesus em adoração, louvor, ação de graças; participação na Santa Missa e nas pastorais das nossas paróquias; na oração do santo Terço em família, ou pessoalmente, ou ainda em outros grupos, certamente teríamos pessoas conduzidas pelo Espírito Santo, capazes de todo bem.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

A PESCA MILAGROSA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA (Lc 5,1-11)(05/9/24)

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1. Caríssimos, quantas vezes já ouvimos falar de Deus ou mesmo falamos de Deus e de tudo o que diz respeito à Ele? Quantas vezes dirigimos à Ele nossas súplicas, orações, e até nossos lamentos, mas pouco ou quase nunca ouvimos suas respostas? 
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2. Decerto, aqui vale lembrar que a fé que praticamos não é uma filisofia de vida, nem uma teoria ou algo parecido; a fé é dom do Espírito Santo, com o qual nos relacionamos com Deus, nosso Pai celestial, por meio do seu Filho, Jesus Cristo para fazermos em tudo a Sua Santa Vontade.
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3. De fato, quantos de nós encontramos o Senhor no mais íntimo de nossas almas e mantemos com Ele um diálogo constante e uma profunda comunhão filial por meio de nossa oração mental ou da escuta e da prática da sua Palavra? 
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4. Com efeito, vivemos num mundo das novas tecnologias e é difícil encontrar alguém que não tenha celular; e a pergunta que não quer calar é esta: quanto tempo se dá às redes sociais, aos jogos eletrônicos, ao entretenimento e até à páginas não cristãs? Porém, quanto tempo é dado à oração, à meditação e a escuta da Palavra de Deus?
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5. São Paulo na sua Carta aos Colosensses, os exorta a viverem intensamente sua intimidade com o Senhor.
Diz ele: "Irmãos, rezamos insistentemente por vós, para que chegueis a conhecer plenamente a vontade de Deus, com toda a sabedoria e com o discernimento da luz do Espírito. Pois deveis levar uma vida digna do Senhor, para lhe serdes agradáveis em tudo." (Cl 1,9-10a).
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6. No Evangelho de hoje a multidão se aglomerou na beira da praia para ouvir Jesus, pois sua Palavra era tudo o que precisavam para encontrar a Deus e permanecer em comunhão com Ele, pois viram a presença de Deus nos sinais que Ele realizava. 
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7. Ora, o sinal da pesca milagrosa e o convite especial que o Senhor faz a Pedro, Tiago e João, são os mesmos que Ele faz a todos os que foram batizados: "Não tenhais medo! De hoje em diante vós sereis pescadores de homens." Ou seja, é um chamado para segui-lo ungidos pelo Espírito Santo e assim anunciar o Reino de Deus e fazer novos discípulos.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.
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quarta-feira, 4 de setembro de 2024

A PALAVRA DE CRISTO REVELA O SEU PODER...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 4,38-44)(04/9/24)

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1. Caríssimos, o pecado da divisão é próprio dos que servem ao maligno, ainda que digam que estão servindo o Senhor Jesus; isso porque o espírito de divisão é o espírito do anticristo. É isso o que meditamos na primeira leitura de hoje em que são Paulo repreende os Coríntios por conta do espírito imundo de divisão.
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2. Na Carta aos Filipenses, São Paulo escreveu: "Tende um mesmo amor, uma só alma e os mesmos pensamentos. Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos." (Fl 2,3-4).
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3. "O Evangelho de hoje apresenta-nos Jesus que, depois de ter pregado na Sinagoga de Cafarnaum, cura muitos doentes. Pregar e curar: esta é a atividade principal de Jesus na sua vida pública. Com a pregação Ele anuncia o Reino de Deus e com as curas demonstra que está próximo, que o Reino de Deus se encontra no meio de nós.
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4. Ao entrar na casa de Simão Pedro, os discípulos intercedem em favor de sua sogra que estava de cama com febre alta; imediatamente o Senhor pega na sua mão, cura-a e diz-lhe para se levantar. Ao pôr-do-sol, quando, tendo terminado o sábado, o povo pode sair e levar-lhe os doentes; Ele cura uma multidão de pessoas atormentadas por doenças de todos os gêneros: físicas, psíquicas, espirituais.
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5. Tendo vindo à terra para anunciar e realizar a salvação de todo o homem e de todos os homens, Jesus mostra uma particular predileção por quantos estão feridos no corpo e no espírito: os pobres, os pecadores, os possuídos pelo demônio, os doentes, os marginalizados.
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6. Assim Ele revela-se médico tanto das almas como dos corpos, o bom Samaritano do homem. É o verdadeiro Salvador; Jesus cura, Jesus sara." Jesus purifica corpo e alma e nos conduz pela estrada que nos leva ao céu. (Papa Francisco, trechos do Angelus, 08/02/15).
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7. Portanto, caríssimos, o que nos surpreende nas palavras do Senhor Jesus, é que elas não são um discurso teórico, mas o seu poder em ação que se traduz em bem estar e libertação de quem o escuta e experimenta de imediato os seus efeitos salvíficos. 
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8. Decerto, quem encontra o Senhor Jesus se transforma em nova criatura, curada, liberta, salva; por isso, disse o Evangelista: "Ao raiar do dia, Jesus saiu, e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam e, indo até ele, tentavam impedi-lo que os deixasse." (Lc 4,42).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 3 de setembro de 2024

A LUTA CONTRA AS TENTAÇÕES...


 A LUTA CONTRA AS TENTAÇÕES...

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1. "As tentações não devem assustar-te; através delas, Deus quer testar e fortificar a tua alma, e ao mesmo tempo dar-te força para as venceres. Até agora, a tua vida foi como a de uma criança; a partir de agora, o Senhor quer tratar-te como adulto. 
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2. Ora, as provações de um adulto são muito superiores às de uma criança: é por isso que, a princípio, te sentes tão perturbado. Mas a vida da tua alma recuperará rapidamente a paz. Tem um pouco de paciência e tudo correrá para o teu bem.
3. Deixa, pois, de lado essas vãs preocupações. Lembra-te de que o mal não está nas sugestões do maligno, mas no consentimento que damos a essas sugestões. Só uma vontade livre é capaz de fazer o bem ou o mal. 
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4. Quando a vontade geme sob a provação infligida pelo tentador, se não quer o que te é proposto, isso não é falta, mas virtude. Guarda-te de cair na agitação quando lutas contra as tentações, pois isso só serve para as tornar mais fortes. 
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5. É preciso tratá-las com desprezo e não lhes dar importância alguma. Volta o teu pensamento para Jesus crucificado, para o seu corpo deposto nos teus braços, e diz: "És a minha esperança, a fonte da minha alegria! Uno-me a Ti com todo o meu ser, e não Te deixarei enquanto não me puseres em segurança".
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(São (Padre) Pio de Pietrelcina (1887-1968) - Capuchinho
Ep 3, 626 e 570; CE 34).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

domingo, 1 de setembro de 2024

Homilia do 22° Dom do Tempo Comum...


 Homilia do 22°Dom tempo comum (Mc 7,1-8.14-15.21-23)(01/9/24)

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1. Amados irmãos e irmãs, a fé que recebemos no batismo se nutre das evidências que Deus nos dá, ao tratar-nos como Seus filhos e filhas. No Antigo Testamento essa evidência se deu precisamente pelos santos mandamentos revelados por Deus a Moisés, como sinal permanente da Sua Presença, ou seja, como Sua Voz escrita falando diretamente ao povo eleito.
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2. Com efeito, no Novo Testamento essa evidência tornou-se ainda mais direta como nos revela a Carta aos Hebreus: "Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas. 
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3. Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas. Esplendor da glória (de Deus) e imagem do seu ser, sustenta o universo com o poder da sua palavra." (Hb 1,1-3a).
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4. Decerto, após sua paixão, morte e ressurreição, o Senhor Jesus, instituiu a Santa Igreja, tendo Pedro e os seus sucessores à sua frente, e também instituiu os Santos Sacramentos como sinais visíveis da Sua Presença entre nós, especialmente a Santa Eucaristia. 
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5. Desse modo, a Igreja recebeu a missão de comunicar a vida eterna à todos que nascerem da água e do Espírito Santo, como o Senhor Jesus anunciou: "Em verdade, em verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus." (cf. Jo 3,5-8). E isto se dá mediante o sacramento do batismo.
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6. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos ensina que a prática da fé não se baseia em atos meramente externos, mas sim, no amor com que realmente amamos a Deus e ao próximo como a nós mesmos. Isto porque quando a prática da fé não se baseia na compaixão, piedade, misericórdia, mansidão e todas as outras virtudes, ela não passa de normas humanas sem nenhum fruto de salvação.
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7. Portanto, caríssimos, a evidência da fé em nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho amado de Deus, presente realmente no meio de nós, nos dá a certeza de que por meio da Sua Santa Igreja Ele nos conduz ao Reino dos céus, à vida eterna, bem como nos ensinou: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo." (Mt 28,20b).
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8. Destarte, viver na Presença de Jesus e ser um só com Ele é o que realmente fundamenta a nossa fé. Peçamos a Maria Santíssima, Mãe de Deus e nossa Mãe, a graça de alcançarmos do seu Filho Jesus essa bem-aventurança.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

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