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segunda-feira, 23 de março de 2015

São Francisco reencontrado

Frei Dorvalino Fassini, OFM

Ein Franziskus-Bild des kath. Friedensaktivisten,
Peter Bürger, aus Düsseldorf
Quando se pensava que a relação dos livros que compõem as atuais Fontes Franciscanas estivesse completa, eis que surge uma nova descoberta.

Segundo Sílvia Guidi, no artigo “São Francisco reencontrado”, no Osservatore Romano de 29 de janeiro de 2015, está sendo preparada a edição latina, bem como traduções em italiano, francês e inglês de uma nova “Vita” de São Francisco”. Trata-se de uma biografia escrita por Tomás de Celano entre os anos de 1232-1239. Nesse caso, temos agora desse mesmo biógrafo uma nova “Vida” entre a “Primeira”, escrita em 1227 e a “Segunda” em 1247.

O autor da descoberta é o medievista Jacques Dalarun. O mencionado artigo não esclarece, porém, como foi encontrado esse manuscrito. Em todo caso, segundo ele, a reflexão do próprio Tomás de Celano, depois da Primeira Vida, tornou-se mais profunda, sobretudo acerca da pobreza e do amor de Francisco pelas criaturas. Diz ele: Num certo sentido poder-se-ia dizer que o biógrafo com o passar dos anos, entende... que nada entendeu da mensagem de Francisco.

Em relação à pobreza, a nova Vita fala em “experiri paupetatem”, no sentido de experienciar no próprio corpo a pobreza de Cristo. Quanto à fraternidade universal, diz Jacques que Francisco não amava apenas os seres humanos, mas também os seres privados de razão e justifica: somos diversos mas irmãos porque todos descendem da paternidade do criador... Por isso, dizer que Francisco amava a natureza é um conceito pagão. Francisco amava os homens e os animais porque são filhos do mesmo Criador.

Outra novidade da nova Vita diz respeito à viagem de Francisco a Roma que, em vez de peregrino, segundo a Legenda dos Três Companheiros, teria sido em forma de comerciante, antes, portanto, de iniciar o processo de conversão.

Diz ainda Dalarun que o mistério está só no início. Quem tinha esse livro no bolso? Para quem foi feito? ... Quem poderia conhecer estes textos? Frei Leão...? E conclui que, em todo o caso, é um bom patrocínio por parte do primeiro Francisco para o atual Papa que precisamente agora está a preparar uma encíclica sobre o amor pela criação.

Concluímos: Quando se estuda São Francisco e, por isso, julga-se tê-lo entendido está enganado e enganando. Para conhecê-lo seria necessário uma nova graça divina que nos convertesse como a ele em “outro Cristo, pobre e crucificado”.

Em louvor de Cristo Amém!

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