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terça-feira, 8 de abril de 2025

Evitando constrangimentos...

 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 8,21-30)(08/04/25)

1. Caríssimos irmãos e irmãs, a liturgia de hoje versa sobre a insatisfação pessoal e coletiva quando não se vive segundo a Vontade de Deus. Ela nos mostra que aqueles que insistem em viver sob o regime do pecado tudo se torna um fardo pesado até mesmo a liberdade que Deus lhes concede em meio ao deserto deste mundo. 

2. De fato, a fé é um dom que Deus nos deu para nos relacionarmos com Ele e termos convicção de que não existe o impossível quando Nele confiamos. No entanto, poucos são os que vivem realmente esse dom, como disse o Profeta Habacuc: "Eis que sucumbe o que não tem a alma íntegra, mas o justo vive por sua fidelidade." (Hab 2,4).

3. Ora, o que mais constrange um ser humano neste mundo é ser julgado como um nada ou ninguém, mesmo sabendo que é infinitamente mais do que o falso juízo de valor que dele fazem. Sem dúvida, jamais haverá um constrangimento maior do que o sofrido pelo Senhor Jesus, que mesmo sendo Deus, humilhou-se e aceitou a morte de cruz para nos salvar.

4. No Evangelho de hoje o Senhor nos revela o terrível constrangimento pelo qual passará, mas que isso também será o motivo de sua vitória sobre o regime do pecado e o poder do inferno que tinha a morte como sua maior arma. 

5. Com efeito, por meio de sua morte de Cruz o Senhor derrotou para sempre o inimigo de nossas almas e o seu poder infernal, nos dando a vida eterna por Sua Ressurreição. Então, como viver essa graça? São Paulo nos ensina nos dando o seu próprio exemplo. 

6. "Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. De ora em diante ninguém me moleste, porque trago em meu corpo as marcas de Jesus." (Gl 6,14.17). 

7. Portanto, caríssimos, como batizados, é terrível constranger o Senhor por uma vida mergulhada no pecado mesmo sabendo que Ele morreu para nos livrar de todo o mal que o pecado nos causa. Cabe a nós correspondermos ao seu amor salvífico. 

8. Então, confiantes na Sua Divina Misericórdia, supliquemos por nós e por todos que estão afastados do caminho da salvação, para que retornem à uma profunda intimidade com Deus pela prática da fé, da oração e da penitência em vista da vida eterna que Ele nos concedeu.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

A VERDADE JAMAIS PODE SER NEGADA...

 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 8,12-20)(07/04/25)

1. Caríssimos, irmãos e irmãs, nada se pode dar a quem não quer receber; e quando esses são movidos pelo orgulho, soberba e prepotência, de pronto rejeitam a verdade e tudo o que ela lhes proporciona. Eis, então, o que escreveu São João à esse respeito: "Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. 

2. Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus." (Jo 1,11).

3. A primeira leitura de hoje nos mostra que todos recebem os dons de Deus para agirem tal qual as virtudes que esses dons comportam para o bem de todos; no entanto, por negligência à essas graças recebidas muitos usam-nas para a própria ruína quando se deixam dominar pelos interesses mesquinhos ou desejos nefastos.

4. Todavia, de uma coisa fiquemos certos, como vimos na história de Suzana, Deus sempre salva os que são perseguidos ou condenados injustamente como vimos acontecer com o seu amado Filho. 

5. Com efeito, no Evangelho de hoje ouvimos o Senhor Jesus dizer: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”; e por dizer isso foi logo contestado. Ora, Deus Pai ao longo dos séculos preparou um povo para receber o Seu Filho como o Messias enviado por Ele. 

6. E mesmo com todas as evidências da Sua chegada, ainda assim foi rejeitado, perseguido e morto como se fosse um criminoso. Mas, Deus o ressuscitou dos mortos e o fez santar à sua direta, e lhe deu o poder de julgar os vivos e os mortos.

7. Sem dúvidas, a verdade está escrita em nossas almas, ela é o código genético espiritual plasmado por Deus quando nos criou "à sua imagem e semelhança", por isso, jamais pode ser contestada ou negada. 

8. Quem age contra a verdade, só vive contrariado, perdido no triste labirinto existencial deste mundo sem esperança alguma; e isso acontece por causa dos pecados concentidos e praticados.

9. Portanto, caríssimos, todo pecado é uma ação contrária à verdade escrita em nossas alma; e por isso, é uma grande ofensa contra Deus, contra si mesmo e contra o próximo. Peçamos, então, ao Senhor Jesus, pela intercessão de Sua Mãe, Maria Santíssima, a graça de nunca pecar, pois o pecado é o maior castigo que damos a nós mesmos quando o cometemos. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

domingo, 6 de abril de 2025

Homilia do 5°Dom da Quaresma...

 Homilia do 5°Dom da Quaresma (Jo 8,1-11)(06/04/25)

1. Caríssimos, vivemos em meio à finitude humana, todos nós em algum momento de nossa vida por alguma razão ou tentação cometemos faltas, ou seja, desvio de reta conduta, e desse modo, prejudicamos à nós mesmos e aos outros. 

2. Por isso, precisamos de verdadeiro arrependimento com as devidas desculpas e as reparações dos danos causados, para voltarmos ao bom convívio e à paz que perdemos por conta de tais atos.

3. Com efeito, esta liturgia de hoje é como um bálsamo para as almas que realmente cultivam o bem para o qual fomos criados; por outro lado, ela também nos mostra o mal que somos capazes de fazer quando não buscamos uma vida de justiça e santidade, isto é, quando não nos deixamos conduzir pela graça advinda da obediência aos santos mandamentos da Lei de Deus.

4. No Evangelho de hoje vemos que todo pecador carrega a culpa dos seus pecados gravada em sua alma e por isso frequentemente tenta projeta-la condenando os outros, como é o caso dos mestres da lei e fariseus. 

5. Porém, quando confrontados com a justiça divina, recuam de seus atos perversos, para dar lugar à misericórdia e à bondade do Senhor que sempre perdoa e nos ensina à não mais pecar, como vimos neste episódio da mulher adúltera.

6. "Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu, também, não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”. 

7. Portanto, caríssimos, um dos piores pecados que se comete na face da terra é o falso juízo, e por incrível que pareça é o que mais constatamos neste mundo. Quem dera vermos a prática constante dos atos de misericórdia, de amor e de bondade, certamente se evitaria a condenação de inocentes; e por outro lado, ajudaria os perversos a reverem os seus atos maléficos e não tornar a pratica-los. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMCinv.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Deus escolheu a via dolorosa para nos salvar...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 5,17-30)(02/04/25)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, existe no ser humano uma tendência de querer atingir a Onipotência Divina por si mesmo, na verdade, isso é resquício da primeira tentação: "Vós sereis como Deus conhecedores do bem e do mal." 

2. Ora, essa tentação é uma grande mentira, como também todas as outras o são, tendo em vista que não passamos de um simples sopro de vida. De fato, todos aqueles que cometem esse terrível pecado são tomados pela arrogância e a prepotência que os corroe e os leva à autodestruição.
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3. Com efeito, em todas as situações de sua vida o Senhor Jesus nos ensina por palavras e atos que a Onipotência é atributo divino e que viver pela virtude da obediência na dependência do Pai é a maior de todas as graças. 

4. E isso é comprovado pelo seu rebaixamento à miserável condição que o pecado nos impôs, para que por meio de sua imolação voltássemos à plena comunhão com a vontade do Pai para assim participarmos de sua natureza divina.
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5. Existem várias passagens bíblicas onde o Senhor Jesus nos ensina que a graça da perfeição tem seu fundamento na humilhação de si mesmo para desse modo vencermos todo o mal que está no mundo e que se levanta contra a vontade de Deus. 

6. Vejamos alguns exemplos: "Eu não vim para fazer a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou." (Jo 5,30). "O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e dar a sua vida por muitos." (Mt 20,28). "Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e aquele que serve a todos!" (Mc 9,35).
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7. Portanto, caríssimos, como foi difícil para o Senhor ser incompreendido, humilhado, rejeitado, perseguido e morto pelo fato de comunicar a verdade que liberta todos os seres humanos do pecado e do mal que os escraviza e os leva à perdição. Contudo, o Senhor nos mostrou, por seu sacrifício cruento, que esse é o único caminho pelo qual nos conduz à Glória do Pai.
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8. Então, quem está disposto a segui-lo? Para isto escutemos esta sua exortação: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida vai perde-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará” (Lc 9, 24).

9. De fato, não existe seguimento fiel sem a renúncia de si mesmo, nem existe amor verdadeiro sem sofrimento e dor, isto porque a verdade por mais dolorosa que seja ela nunca volta atrás porque é a única via de salvação.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 1 de abril de 2025

Não somos juízes uns dos outros, mas irmãos e irmãs que se amam em Cristo Jesus...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 5,1-16)(01/04/25)


1. Caríssimos irmãos e irmãs, a vida vivida em Deus é plena das virtudes do amor, da misericórdia, bondade, humildade, mansidão, autodomínio e todas as outras virtudes que nos identificam com Cristo; fora disso, não há nada que nos faça viver plenamente felizes e unidos uns aos outros. 

2. Por isso, peçamos ao Senhor Jesus que nos ajude à superar nossas misérias, principalmente a tentação de julgar-nos uns aos outros, como se fôssemos juízes e não réus; de fato, essa é uma das tentações mais frequentes que sofremos neste mundo.

3. A liturgia de hoje nos mostra que precisamos viver interiormente em comunhão com Deus para externa-la por atos de compaixão, misericórdia e bons conselhos, como fez o Senhor Jesus no Evangelho de hoje ao curar o paralítico à beira da piscina de Betesda.

4. Por outro lado, nos mostra também a atitude intolerante daqueles que vivem uma fé meramente legalista e inquisitória em que não há espaço para as virtudes nem para o respeito à liberdade dos outros. De fato, uma alma legalista repleta de falsos juízos, tende sempre a condenar os outros, por isso, nem percebe que se condena à si mesma.

5. Com efeito, quando pela oração e as outras práticas piedosas procuramos viver não presença do Senhor, eliminamos de nossas mentes as distrações, os juízos temerários, o egoísmo e as outras práticas nefastas que nos tira da Sua presença, por ocupar os espaços que somente à Ele pertence em nossas almas.

6. Portanto, caríssimos, quem perde tempo bisbilhotando a vida dos outros dificilmente se santifica, porque tempo é vida, e quem dá tempo a Deus recebe todas as graças e bênçãos, e com elas a vida eterna; mas, quem tira o tempo de Deus para dar à outras coisas que não são Dele, nada
tem além do tempo perdido e do vazio existencial advindo de tal desvario.

7. Por isso, disse São Paulo: "Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na fé." (Gl 6,9-10).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 31 de março de 2025

Fé, oração e perseverança, virtudes que alcança todas as graças...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 4,43-54)(31/03/25)


1. Caríssimos, o dom de acreditar no Senhor Jesus é transformador e não precisa de sinais milagrosos para isto, porque é um dom inato; todavia, quando potencializado pelo poder da Sua Palavra, é capaz de transportar montanhas, realizar prodígios e milagres, ressuscitar mortos; e principalmente anunciar o Reino de Deus e a sua justiça.

2. Ora, é nisto que consiste o poder da fé, dar lugar ao Senhor Jesus para que mude a nossa vida transformando a nossa mentalidade e o nosso modo de ser; de homens e mulheres sem o senso da eternidade, em filhos e filhas de Deus a caminho do Reino dos Céus seguindo os seus passos, pela prática da Sua Palavra.

3. No Evangelho de hoje um funcionário real vem até Jesus pedindo-lhe para que cure seu filho gravemente enfermo, ao que o Senhor respondeu: “Se não virdes sinais e prodígios, não acreditais”. Mas, ele insistiu: “Senhor, desce, antes que meu filho morra!” Jesus lhe disse: “Podes ir, teu filho está vivo”.

4. "Enquanto descia para Cafarnaum, seus empregados foram ao seu encontro, dizendo que o seu filho estava vivo. O funcionário perguntou a que horas o menino tinha melhorado. Eles responderam: “A febre desapareceu, ontem, pela uma da tarde”. O pai verificou que tinha sido exatamente na mesma hora em que Jesus lhe havia dito: “Teu filho está vivo”. Então, ele abraçou a fé, juntamente com toda a sua família."

5. Com efeito, este sinal que o Senhor Jesus realizou, curou não somente o filho do funcionário real, mas, também sua alma atingida pela dor e toda a sua família, nos dando a compreenção de que a sua Palavra tem o poder de nos curar de todos os males físicos, psíquicos, morais e espirituais, e de nos libertar do poder da morte. 

6. Então, o que aprendemos deste episódio? A fé é dom de Deus, e Ele já nos criou com ela, porém, precisamos pô-la em prática para que se cumpra a sua Vontade. De fato, conhecemos nossa fragilidade e impotência diante dos males que nos atinge, por isso mesmo, buscamos o seu socorro divino para recebermos a graça que tanto precisamos. 

7. Destarte, meditemos esta exortação do Diário de Santa Faustina: “É pela oração que a alma se arma para toda espécie de combate. Em qualquer estado em que se encontre, a alma deve rezar. Tem que rezar a alma pura e bela, porque de outra forma perderia a sua beleza; deve rezar a alma que está buscando essa pureza, porque de outra forma não a atingiria. 

8. Deve rezar a alma recém-convertida, porque de outra forma cairia novamente; deve rezar a alma pecadora, atolada em pecados, para que possa levantar-se. E não existe uma só alma que não tenha a necessidade de rezar, porque toda a graça provém da oração” (Diário de Santa Faustina, 146).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 30 de março de 2025

A conversão é um processo constante de arrependimento e purificação...


 Homilia do 4°Dom da Quaresma (Lc 15,1-3.11-32)(30/03/25)

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1. Caríssimos, o 4° Domingo da Quaresma é também chamado "Laetare" que significa alegria, pois nele se faz memória da libertação do povo eleito que deixa seu êxodo e toma posse da terra prometida. Para nós que fazemos parte do povo eleito em Cristo, nos alegramos com a proximidade da Páscoa que é a nossa libertação do pecado e da morte, em que tomamos posse da vida eterna advinda da Ressurreição do Senhor.
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2. A primeira leitura traz a memória da primeira Páscoa que o povo Hebreu celebrou na terra prometida; e ela começa com a proclamação desse fato histórico como meditamos nas palavras do Senhor ditas à Josué: “Hoje tirei de cima de vós o opróbrio do Egito”.

3. Na segunda leitura São Paulo faz memória da nossa libertação em Cristo e convoca a todos os que ainda não a experimentaram à retornarem do cativeiro do pecado à misericórdia e ao perdão que o Senhor oferece a todos aqueles que se convertem.
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4. O Evangelho de hoje dá um banho de misericórdia em nossas almas, pois nele o Senhor Jesus conta a parábola do Pai misericordioso que ama seus filhos mesmo quando estes se afastam do seu convívio e do seu amor. Façamos, então, uma analogia entre os personagens desta parábola e nós que vivemos nosso êxodo em meio ao deserto deste mundo.
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5. O Pai misericordioso é Deus que cheio de compaixão espera com paciência a volta dos filhos pródigos que se apossaram da herança da vida e a estragam por meio dos pecados que os levam à mais triste condição, ou seja, à ausência do aconchego de seu Pai. 

6. Todavia, felizes são aqueles que como o filho da parábola se arrependem e voltam para o nosso Pai celestial contritos de coração. O segundo filho, representa aqueles que vivem de algum modo a fé, mas se tornam intransigentes e não aceitam a volta dos filhos pródigos por julga-los e condena-los sem nenhuma compaixão.

7. Também com estes Deus mantém a sua atitude misericordiosa, dizendo-lhes: "Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado". 

8. E com isso, Ele nos ensina "que há mais alegria no céu por um só pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão, bem como nos ensina são Tiago: "Falai, pois, de tal modo e de tal modo procedei, como se estivésseis para ser julgados pela lei da liberdade. Haverá juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o julgamento." (Tg 2,12-13). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 29 de março de 2025

Como fazemos as nossas orações?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 18,9-14)(29/03/25)

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1. Caríssimos, a quaresima é o tempo favorável para o nosso retiro pessoal onde nos encontramos com Deus, nosso Pai e nos entregamos à Ele para o bem de todos, porque quem convive bem com Deus, convive bem consigo mesmo e com todos. 

2. Com efeito, cada retiro que fazemos é um exercício espiritual de conversão que nos proporciona o crescimento na graça e no conhecimento da vontade do Senhor que por sua vez nos conduz à partilhar esses dons com os demais irmãos e irmãs por meio da vivência da fé.
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3. Mas, atenção, para não perdermos o sentido essencial do retiro que é a nossa permanência no Senhor para assim o transparecer por meio de nossos atos; pois, se sedermos à tentação de axaltarmos à nós mesmos e não ao Senhor, como vimos no Evangelho de hoje, cairemos no pecado da presunção e não colheremos nenhum fruto de conversão.
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4. De fato, a oração não é meio para exaltação de si mesmo ou de pretensas virtudes, mas de comunhão com o amor de Deus reconhecendo que tudo pertence a Ele e que não somos dignos nem de erguer a cabeça para o Seu Altar uma vez que somos pecadores em busca de Sua Divina Misericórdia.

5. Portanto, caríssimos, "Mais vale um pecador humilde que um justo orgulhoso, porque, quando se humilha, o pecador deixa de o ser; e, quando o justo se torna orgulhoso, deixa de ser justo. Por isso, não devemos nos gloriar das nossas obras, mas confiar humildemente na graça de Deus." (Ludolfo de Saxe (sec.XIV), dominicano, depois cartuxo de Estrasburgo) 
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6. Oremos: Senhor aqui estamos para nos depositar em tuas mãos, sabemos que a vida natural é curta, mas nessa nossa naturalidade podemos fazer a tua vontade e vivê-la para além do tempo por toda a eternidade junto de Ti a quem amamos incondicionalmente. 

7. Por isso, Senhor, faz de nós instrumentos do teu amor e da tua bondade para que te glorifiquemos neste mundo e no mundo vindouro, isto é, o teu Reino. Pedimos-te humildemente, recebe a nossa disponibilidade para que a verdade e a humildade prevaleça em todos os sentidos de nossa vida. Amém!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 28 de março de 2025

Como corresponder ao amor de Deus por nós?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 12,28b-34)(28/03/25)


1. Caríssimos, a liturgia de hoje discorre sobre o mandamento do amor que é o fundamento da Lei, dos Profetas e do Evangelho. Eis como são João define o amor de Deus por nós: "Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele amado, e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados. 

2. Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele. (1Jo 4,10.16). A prática da nossa fé é uma conexão direta com o amor de Deus que não é apenas afeto, mas a essência da nossa vida. 

3. Na primeira leitura, por meio do Profeta Oséias, Deus faz um apelo para que seu povo deixe o pecado e volte para Ele que é misericordioso; do mesmo modo o Senhor diz à todos os que estão afastados da fé, vivendo em regiões desertas, ou seja, angustiados por causa dos muitos pecados que têm cometido. 

4. Eis como devemos nos dirigir a Ele por meio do arrependimento sincero e das súplicas acompanhadas do profundo desejo de sermos perdoados: "Livra-nos de todo o mal e aceita este bem que oferecemos; o fruto de nossos lábios."

5. Decerto, por meio das leituras deste dia o Senhor se dirige à nós seus filhos e filhas com a ternura de um Deus apaixonado nos dando a graça de ama-lo prontamente de todo coração, como Jesus nos ensinou com a sua obediência incondicional e com a certeza de que o amor do Pai por nós é total e definitivo. 

6. Sem dúvida, precisamos experimentar o amor de Deus e corresponder à Ele de todo o coração numa entrega total, pois, à medida que assim correspondemos, sentimos a ação da sua graça em nossas almas nos transformando suavemente para partilharmos o seu amor com aqueles que encontramos no nosso dia a dia.

7. No seu colóquio com o mestre da Lei no Evangelho de hoje o Senhor Jesus viu que ele tinha respondido com inteligência, e disse: “Tu não estás longe do Reino de Deus”. De fato, ao escutarmos essa resposta, entendemos como devemos corresponder ao seu amor demonstrado por nós no seu sacrifício de cruz. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 27 de março de 2025

"Quem não está comigo está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa”.

 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 11,14-23)(27/03/25)

1. Caríssimos, a liturgia de hoje nos mostra a guerra, o conflito espiritual que estamos vivendo no tempo e para além do tempo, pois no fim desse conflito, haverá o viver eterno como prêmio para os justos; e como pena para os perversos que fizeram de sua vida e da vida dos outros um inferno, não obstante, os santos ensinamentos recebidos de nosso Senhor Jesus Cristo.

2. De fato, fomos criados "à imagem e semelhança de Deus" para vivermos na Sua presença neste paraíso que nos foi dado; mas, por causa do pecado que permitimos entrar em nossa vida, tudo o que era suave, ameno, sereno e agradável, tornou-se veneno mortífero, dor, sofrimento, agonia e morte. Por isso, enquanto não houver arrependimento sincero e conversão não haverá salvação para os que insistem na prática do mal.

3. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus expulsa o demônio de um mudo, mas foi criticado e acusado de fazer isso por meio da ação do maligno; ao que Ele respondeu: “Todo reino dividido contra si mesmo será destruído; e cairá uma casa por cima da outra." 

4. Ora, se o mal luta contra si mesmo, por si mesmo se distroe, desse modo, muito se engana quem atribue ao Senhor o que não é dele. Ou seja, a calúnia é um atentado contra a verdade; e quem atenta contra a verdade perde sempre. Pois, como disse o Senhor: "Quem não está comigo está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa”.

5. São Paulo na sua Carta aos Romanos, nos ensina como ter um verdadeiro discernimento: "Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. 

6. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito." (Rm 12,1-2). Ou seja, quem não se deixa conduzir pelo Espírito de Deus não entrará no Reino dos Céus. 

7. Portanto, caríssimos, uma vez que estamos nos preparando para o juízo final, depois de nossa estadia neste mundo, se faz jus que sigamos os passos de nosso Senhor Jesus Cristo, quais ovelhas do seu rebanho, como ele mesmo disse: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem." (Jo 10,27).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 25 de março de 2025

Solenidade da Anunciação do Senhor...


 Solenidade da Encarnação do Senhor (Lc 1,26-38)(25/03/25).


1. Caríssimos, a nossa participação no mistério da salvação é única e direta, porque é realização da vontade de Deus que nos chama, como chamou Maria Santíssima e lhe deu as evidências que pedira confirmando o seu sim, para que se cumprisse nela todas as suas promessas. 

2. De fato, é maravilhoso contemplar o mistério da presença de Deus entre nós, pela ação direta do Espírito Santo no seio da Virgem Mãe.
No credo que recitamos na missa domenical, seguindo a liturgia, nos ajoelhamos ou inclinamos a cabeça ao rezarmos: "E o verbo se fez carne e habitou entre nós por obra e graça do Espírito Santo no seio da Virgem Maria." 

3. Decerto, fazemos esse gesto porque Deus escondido e inacessível se faz realmente presente no meio de nós, por isso, o chamamos Emanuel, Deus conosco. Desse modo, encarnação do Senhor Jesus é a concretização do plano de Deus para a nossa salvação. 

4. De fato, a partir do sim de Maria, se tornou possível a realização do Mistério da Encarnação do Verbo de Deus; pois, como o mistério da iniquidade entrou na criação por conta da participação dos nossos primeiros pais; com muito mais razão o mistério da nossa salvação teve na cooperação de Maria a participação necessária para vinda do Filho de Deus, o qual obedeceu em tudo ao Pai, para nos fazer participantes da sua natureza divina (cf. 2Pd 1,3-4).

5. Desse modo, Maria Santíssima se tornou morada permanente do Deus conosco, o Emanuel; e pela ação do Espírito Santo, Ele é carne de sua carne e sangue do seu sangue, por isso, ninguém neste mundo se iguala à perfeição que Dele recebeu por sua participação direta nesse Mistério, que nos trouxe a vida eterna. De fato, pelo seu sim Deus fez nova todas as coisas (cf. Ap 21,14). 

6. Portanto, caríssimos, não tem como contemplar Jesus sem ver Nele Maria, nem tem como olhar para Maria sem ver Jesus presente nela. Por isso, todos os acontecimentos que se deram a partir da sua Encarnação, tem no sim incondicional de Maria o fundamento e a realização, ou seja, a vontade de Maria nada mais é do que a vontade de Deus nela.

7. Oremos: "Ó Deus, quisestes que vosso Verbo se fizesse homem no seio da virgem Maria; dai-nos participar da divindade do nosso redentor, que proclamamos verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo." Amém! 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 23 de março de 2025

Homilia do 3°Dom da Quaresma...


 Homilia do 3°Dom da Quaresma  (Lc 13,1-9)(23/03/25)

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1. Carissimos, essa liturgia de hoje está repleta de lições de vida que o Senhor nos ensina para atingirmos a perfeição das virtudes eternas do Seu Reino. Na primeira leitura Moisés ao contemplar a presença do Senhor que lhe apareceu na sarça ardente, entendeu que tudo muda em nossa história de vida quando damos ao Senhor o lugar que lhe é devido nela. 

2. Nesse encontro o Senhor revelou que tudo o que comporta a Sua Presença é santo, em especial a nossa vida. Pois, carregamos o seu DNA em nosso corpo e em nossa alma, porque nos criou "à sua imagem e semelhança". Por isso, em seus desígnios de amor, mediante o batismo, nos tornou seus filhos e filhas. 
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3. Na segunda leitura São Paulo faz uma analogia entre os acontecimentos do Êxodo do povo eleito e Cristo, dizendo que aqueles acontecimentos eram prefiguração da vinda do Senhor e que era Deus mesmo que os conduzia por meio de Moisés. 

4. Também nós hoje estamos em pleno êxodo, isto é, atravessando o deserto deste mundo à caminho do Reino dos Céus, e é o Senhor quem nos conduz no seio da Sua Santa Igreja, por meio do santo Padre, o Papa Francisco.
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5. Todavia, muita atenção, ao que nos exorta São Paulo ainda na segunda leitura: "Esses fatos aconteceram para servirem de exemplos para nós, a fim de que não desejemos coisas más, como fizeram aqueles no deserto. 

6. Não murmureis, como alguns deles murmuraram, e, por isso, foram mortos pelo anjo exterminador. Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair." Ou seja, "Deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne." A carne significa a própria vontade.
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7. No Evangelho de hoje, algumas pessoas trouxeram ao Senhor Jesus a notícia do assassinato de alguns galileus por parte do governante Pôncio Pilatos, ao que o Senhor respondeu: “Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal coisa? Eu vos digo que não. Mas, se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo."
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8. Sem dúvidas, as tragédias e as injustiças que aqui presenciamos são para nós motivo de arrependimento e de conversão, para voltarmos ao estado de graça, isto é, a comunhão com o Senhor. Por isso, precisamos nos converter urgentemente, caso contrário, iremos morrer. De fato, o pecado é a maior causa de morte que existe. Deus, porém, tem tudo sob controle, e nada foge ao seu juízo. Por isso, quem morre e ressuscita com Cristo tem Nele a vida eterna. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria, OFMConv.

sábado, 22 de março de 2025

Somos filhos pródigos que estamos voltando para Deus, nosso Pai celestial...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 15,1-3.11-32)(22/03/25)


1. Caríssimos, Deus é Deus, e Nele não há mudança alguma (cf. Tg 1,18). E mesmo que os homens pequem, Ele continua a nos amar, porque é misericordioso e tem compaixão de nossas misérias. Todavia, como o filho mais novo da parábola contada por Jesus, precisamos nos arrepender de coração e voltar para Ele que está sempre disposto a nos perdoar e nos receber no aconchego da sua misericórdia e do seu amor.

2. Com isso, entendemos que arrepender-se e converter-se é voltar ao seu convívio e Nele permanecer sob Sua proteção. Por isso, esforcemo-nos para não perdermos o estado de graça por nada deste mundo, isto é, nunca nos deixemos escravizar pelo pecado, pois, como disse o Senhor: "Todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo." (Jo 8,34b). 

3. Então, quais lições que tiramos desta parábola para pormos em prática e vivermos em comunhão com o Senhor? O pecado é uma brutalidade contra Deus e contra próximo; porém, atinge primeiramente a quem o comete; e depois aos que sofrem por causa dele.

4. No entanto, para o pecador que se arrepende de coração, e se converte, existe o Sacramento da penitência ou reconciliação, para que perdoado volte a usufruir dos bens eternos que havia perdido ao se afastar de Deus pelo mal praticado. De fato, o pecado é tão maléfico que foi preciso o Sangue de Cristo para apaga-lo (cf. Hb 9,13-14).

5. Portanto, caríssimos, a Parábola do filho pródigo revela quem somos quando vivemos na presença de Deus, nosso Pai, usufruindo de todos os seus bens; mas também mostra o que nos tornamos quando o abandonamos para viver a falsa liberdade que os prazeres deste mundo oferece, e que não passam de ilusões momentâneas. 

6. Destarte, o arrependimento é uma porta aberta que nos leva a experimentar a Infinita misericórdia de Deus que nos ama, nos perdoa e nos liberta de todos os nossos pecados. Rezemos então com verdadeiro arrependimento, esta oração do filho pródigo: 'Meu pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho'. Trata-me como a um dos teus empregados'." Amém!

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 20 de março de 2025

O TEMPO E A ETERNIDADE DA VIDA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 16,19-32)(20/03/25)


1. Amados irmãos e irmãs, a vida humana neste mundo se comparada à vida eterna, é mesmo que nada. Entretanto no viver nosso de cada dia estamos sempre interagindo com nós mesmos, com os outros, as coisas deste mundo, com Deus, e com as tentações que chegam a nossa mente. Todavia, como nós lidamos com isso?

2. O fato é que não vivemos somente para nós mesmos, mas para Deus que nos criou por amor; e também para aqueles que encontramos no nosso dia a dia; ou então para o maligno quando deixamos que ele entre em nossa vida pelos pecados que praticamos contra Deus, contra os outros, e contra nós.

3. Por isso, não podemos esquecer que o primeiro lugar em nosso viver pertence somente a Deus e a mais ninguém, e se damos a Ele o primeiro lugar é porque o amamos sobre todas as coisas, como Ele nos ensinou no primeiro mandamento.

4. Com efeito, não estamos neste mundo como juízes uns dos outros, mas como irmãos que nos amamos como o Senhor nos ensinou; pois somente Deus é o único juiz de todos; Justo, Santo, Eterno, e os critérios pelos quais nos julgará são Dele e não nossos; desse modo, diante de Deus ninguém poderá se justificar, porque Ele nos conhece totalmente. 

5. É bem como nos ensina a Carta aos Hebreus: "Porque a palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração. Nenhuma criatura lhe é invisível. Tudo é nu e descoberto aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas." (Hb 4,12-13).

6. Todavia nos perguntemos diante de Deus. Senhor quem levamos aos nossos irmãos e irmãs? Levamos a ti e as tuas Palavras eternas ou levamos a nós mesmos e os nossos pecados? As Palavras que dizemos levam as pessoas a Ti ou as afastam de Ti?

7. Será que somos capazes de afirmar como São Paulo: "Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo." E ainda: "O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da paz estará convosco." (Fl 4,9)?

8. Portanto, caríssimos, não pensemos que a eternidade que esperamos acontecerá somente depois da morte natural; na verdade, a nossa eternidade já vivemos no tempo que Deus nos deu para fazermos em tudo a sua Santa Vontade, porque para Ele tudo é eterno, por isso, ninguém pode parar ou apagar tempo.

9. Destarte, não percamos o tempo que Deus nos deu, ao contrário, consagremos todo o nosso tempo a Ele; porque tempo é vida e quem perde tempo com as distrações deste mundo, perde também a vida e todas as graças recebidas para vivermos na sua presença.

10. Em suma, pensando bem, nós somos as pessoas mais felizes deste mundo, porque vivemos por Cristo, com Cristo e em Cristo, conduzidos pelo Espírito Santo para fazermos a vontade de Deus, nosso Pai; e a vontade de Deus é amor, bondade, justica, santidade, misericórdia, perdão e todas as outras virtudes presentes em nossas almas. 

11. De fato, Deus não nos pede o impossível para segui-lo, mas apenas o que está ao nosso alcance para obedece-lo. Peçamos a Santíssima Virgem Maria e a seu esposo são José que nos ajude a seguir o seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, no caminho que nos leva ao céu.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

quarta-feira, 19 de março de 2025

Glorioso São José, rogai por nós...

Solenidade de São José esposo da Virgem Maria. (Mt 1,16.18-21.24a)(19/03/25).

1. Caríssimos irmãos e irmãs, celebrar a Solidariedade de São José se reveste de uma imensa alegria porque de todos os santos bíblicos, creio que São José seja o mais silencioso; dele só vemos o serviço prestado numa simplicidade única, feita de profunda escuta e obediência perfeita à vontade de Deus. 

2. Por isso, São José, foi sempre agradável a Deus por sua fé oblativa e humilde disposição, como seu próprio nome diz: "Deus cumula de bens". De fato, o Senhor o cumulou de todos os seus bens para que realizasse seu plano de amor e salvação para toda humanidade.

3. Ora, ao contemplarmos a vida de São José, vemos nele o homem oblativo e silencioso que escuta o anjo do Senhor e obedece sua orientação na certeza de que estava ali para cumprir a vontade de Deus a respeito do Messias esperado e de sua missão salvífica.

4. Desse modo, depois de Maria Santíssima, São José foi o primeiro a conhecer o Messias, e prontamente assumir a sua paternidade terrena, guardando esse Segredo com sua esposa até o dia em que toda Jerusalém ficou sabendo por meio da visita dos reis magos. 

5. Imaginemos as dificuldades de deslocamento da Sagrada Família indo de Nazaré à cidade de Belém a fim de cumprir o decreto de recenseamento das autoridades políticas daquele tempo, com Maria prestes a dar a luz o seu Filho unigênito, Jesus Cristo, rei e Senhor do universo. 

Não foi fácil cobrir essa enorme distância em cima de uma mula, pois era o meio de transporte daquele tempo. 

6. De fato, a atuação de São José nesse e em todos os outros episódios da vida de Jesus e de Maria foi primordial. Realmente a Sagrada Família teve um fiel e justo condutor neste mundo. 

7. Vejamos, então, as vitudes divinas postas à disposição de São José para que cumprisse sua missão de pai adotivo do Filho de Deus: a oração perseverante, o silêncio sagrado, a perfeita obediência, a prudência e todas as outras virtudes necessárias ao serviço do Reino de Deus. Pois, são essas graças que o Senhor concede aos seus filhos e filhas à caminho de sua Glória Eterna. 

8. Oremos: "Deus todo-poderoso, pelas preces de São José, a quem confiastes as primícias da Igreja, concedei que ela possa levar à plenitude os mistérios da salvação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo." Amém! 

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv. 
 

segunda-feira, 17 de março de 2025

CUIDADO COM O FERMENTO FARISAICO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 23,1-12)(18/03/25)


1. Caríssimos, desde a criação do mundo que Deus nos deu a obediência como meio de vivermos unidos a Ele e desse modo participarmos da Sua Natureza Divina, como seus filhos e filhas. Ocorre que ao quebrar essa aliança de amor com o Senhor pela desobediência, nossos primeiros pais, perderam o estado de graça e a plena amizade com Ele, e isso causou os desequilíbrios que vemos assolar toda a criação.
2. No entanto, porque Deus nos ama desde toda eternidade, não levando em conta a desobediência dos nossos primeiros pais, enviou o Seu Filho amado, nosso Senhor Jesus Cristo, para nos libertar da maldição do pecado. Bem como disse o Profeta Isaías: "Ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos". (Is 53,4a)
3. Em outras palavras, carregou as consequências da nossa desobediência, para unir a nossa natureza humana decaída à Sua natureza divina redentora, e assim voltarmos à perfeita obediência que os nossos primeiros pais haviam perdido.
4. Então, como entender tão Sublime amor de Deus por nós? Basta olharmos Cristo crucificado para compreender que foi por seu sofrimento e morte cruenta que Ele nos libertou das cadeias do pecado, do poder do maligno e do inferno, ao custo do derramamento do Seu preciosíssimo Sangue.
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5. Desse modo, ao permanecermos unidos a Ele pela obediência à Sua Palavra, pela vivência dos Sacramentos, o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, nos tornamos seus discípulos e percorremos com Ele a via da perfeição eterna que nos leva ao céu.
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6. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos faz uma alerta: “Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 

7. Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a move-los, nem sequer com um dedo.” (Mt 23,2-4). Ou seja, a prática da fé se traduz pelo exemplo de vida, e não pela aparência ou superficialidade estéril. 

8. Vejamos, pois, o que escreveu são Paulo a esse respeito: "Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo. O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da paz estará convosco." (1Cor 11,1; Fl 2,9).
9. Portanto, caríssimos, muito cuidado com o fermento farisáico, pois ele não passa de uma armadilha traiçoeira. Destarte, busquemos viver interiormente as graças e bênçãos que de Deus recebemos, pois é isso que nos faz unidos a Ele, para sermos santos como Ele é Santo.
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv

SEDE MISERICORDIOSOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 6,36-38)(17/03/25)

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1. Caríssimos, a obediência é o fundamento de nossa permanente comunhão com o Senhor; é isso o que nos ensina a primeira leitura de hoje onde o Profeta Daniel reconhece que foi por causa da desobediência do povo eleito que o exílio se abateu sobre eles. 
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2. Eis a sua oração: "Senhor, temos pecado, temos praticado a injustiça e a impiedade, temos sido rebeldes, afastando-nos de teus mandamentos e de tua lei; não temos prestado ouvidos a teus servos, os profetas, que, em teu nome, falaram a nossos reis e príncipes, a nossos antepassados e a todo o povo do país."
3. De fato, a obediência ou a desobediência se faz presente em todos os sentidos de nossa vida, de modo que quando não obedecemos ao Senhor, seguimos o maligno em sua desobediência e nos tornamos seus escravos, porque ele se esconde nos pecados praticados e o resultado disso é sempre doloroso uma vez que no pecado nada de bom existe.
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4. Ora, as tentações nada mais são do que a voz do maligno falando espiritualmente por meio dos maus pensamentos que chegam à nossa mente; de uma coisa, porém, fiquemos certos, todas as tentações dependem sempre das escolhas e decisões do nosso livre arbítrio. 
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5. De forma que, se dissermos não a elas, estaremos dizendo sim a Deus que nos fala por meio da verdade que se encontra gravada em nossas almas desde a nossa concepção, pois fomos criados à imagem e semelhança de Deus para vivermos em permanente comunhão com Ele. 
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6. Portanto, caríssimos, uma das tentações mais frequentes que chega à nossa mente é o julgamento do próximo, ou seja, o juízo que se faz dos outros seja por preconceitos morais ou ideológicos. Ora, essa é a via que o maligno usa para destruir a paz interior de nossas almas, porque as põe contra a misericórdia divina, como vimos no Evangelho de hoje. 
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7. Destarte, quando uma alma não é misericordiosa ela perde de imediato a comunhão com o Senhor que é misericordioso e sempre nos perdoa. O fato de julgarmos uns aos outros, revela a ausência da graça de Deus em nós, e com isso deixamos da amar para cultivar rancores e máguas que é um castigo que damos a nós mesmos quando julgamos.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 16 de março de 2025

Precisamos deixar este mundo e o seu barulho...


 Homilia do 2°Dom da Quaresma (Lc 9,28b-36)(16/03/25)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, a aliança de Deus com Abraão é a aliança de Deus com a humanidade, selada com o selo da fé, dom do Espírito Santo, dado a Abraão no seu encontro com o Senhor como vimos na primeira leitura. 
2. Decerto, hoje nós temos a fé que temos porque Abraão a transmitiu à todas as gerações por meio de sua decedência que tornou-se portadora do Espírito Santo e de todas as graças necessárias para a nossa salvação. 
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3. Com efeito, todas as graças recebidas até hoje pela humanidade tem na experiência da fé abraamica seu fundamento isso porque por meio da fé tudo é possível alcançar, como o Senhor mesmo nos ensinou (cf. Mc 9,23). 
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4. Sem dúvida, o verdadeiro entendimento das coisas de Deus só é possível aos que creem e seguem fielmente os seus mandamentos, porque é pela obediência da fé amamos o Senhor e Dele recebemos a purificação dos nossos pecados e a santificação das nossas almas.
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5. A vivência da fé passa pela experiência mística que é um abandonar-se em Deus numa entrega total; é vê naturalmente o invisível Divino; mas isso é dom, é graça concedida aos que o Senhor escolhe com essa finalidade, como vimos no Evangelho de hoje; eram doze os Apóstolos, porém, somente Pedro, João e Tiago alcançaram essa graça, no entanto, permaneceram em silêncio para depois da ressurreição do Senhor transmiti-la aos demais.
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6. Desse modo, compreendemos que a dinâmica do encontro com Deus tem no seguimento de Cristo a sua plenitude, pois é Ele que nos conduz ao Pai, como vimos nesse episódio da Transfiguração. Primeiro precisamos subir com o Senhor o Monte Tabor, isto é, deixar o mundo e seu barulho, para encontrar Deus no silêncio sagrado da oração. 
7. Segundo, tomar consciência da grandeza desse encontro como Pedro quando viu Jesus transfigurado, pleno de alegria, disse: "Senhor, é bom estarmos aqui"; terceiro, escutar à Voz do Pai: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz!” "Escutai aquele que vos abre o caminho do Céu e, através do suplício da cruz, vos prepara os degraus para ascenderdes ao Reino.
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8. Nestes três apóstolos, a Igreja inteira aprendeu tudo o que eles viram com os seus olhos e ouviram com os seus ouvidos (cf 1Jo 1,1). Que a fé de todos seja, pois, fortalecida pela pregação do Santo Evangelho e que ninguém se envergonhe da cruz de Cristo, pela qual o mundo foi redimido." 
(São Leão Magno (?-c. 461), papa, doutor da Igreja). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 15 de março de 2025

Convicção, perseverança, desejo do céu...

 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 5,43-48)(15/03/25)

1. Caríssimos, a virtude da oração está sempre presente em todas as atividades do Senhor Jesus, e Ele a recomenda com o seu exemplo para todas as situações da nossa vida. De fato, a oração é como o ar que respiramos, ou seja, é a graça permanente que nos sustenta na prática da fé. 

2. É bem como meditamos no Evangelho segundo Lucas: "Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo. (Lc 18,1). E ainda: "Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus." (Lc 6,12). 

3. Decerto, a oração é o lugar sagrado onde encontramos o Senhor e com Ele interagimos; felizes são aqueles que o encotram, o escutam e agem conforme lhes ensina, é bem como vimos nestas instruções que Moisés deu ao povo eleito na primeira leitura: 

4. “Hoje, o Senhor teu Deus te manda cumprir esses preceitos e decretos. Guarda-os e observa-os com todo o teu coração e com toda a tua alma... a fim de que sejas o povo santo do Senhor teu Deus, como ele prometeu”.

5. Então, quais virtudes nos ajudam a crescer nesse dom do Espírito Santo e que precisamos pedi-las insistentemente? A convicção de que estamos na presença de Deus, de que Ele nos ouve e nos respode; a perseverança na busca da sua vontade que nos leva a um viver santo; e o profundo desejo de que venha o seu reino de amor, justiça e paz.

6. Decerto, o sentido de toda oração é a perfeita comunhão com Deus aqui e por toda a eternidade. Como seria bom se puséssemos Deus no centro da nossa vida e das nossas decisões, como fez o seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo: "De mim mesmo não posso fazer coisa alguma. Julgo como ouço; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." (Jo 5,30). 

7. Acontece que muitos se ocupam de tantas coisas, muitas das quais inúteis, e se esquecem da oração que nos leva à perfeita convivência com Deus; e com isso, passam a cultuar os ídolos que lhes convém. E o resultado nefasto desse desvario são as tragédias que vemos à todo instante, todos os dias. Sem dúvida, na mente em que não existe espaço para Deus, sobra espaço para o pecado, e os males que ele causa às almas.

8. Portanto, caríssimos, é por meio do dom da oração, que falamos com Deus e o escutamos; expomos nossas intenções e desejos e somos atendidos por Ele; desse modo, a nossa oração se torna portadora de todas as graças e bênçãos do Senhor, e chega a todos os lugares e pessoas por quem oramos, até mesmo àquelas que nos odeiam e nos perseguem.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 14 de março de 2025

A caridade fraterna revestida de reconciliação...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 5,20-26)(14/03/25)

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1. Caríssimos, o exercício que nos é proposto nesta liturgia quaresmal de hoje é a caridade fraterna revestida de reconciliação no trato com o próximo. De fato, precisamos aprender que, se falhamos e cometemos pecados, não podemos em hipótese alguma julgar, criticar ou condenar os outros. 
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2. Porque, como disse São Paulo, quem somos nós para julgarmos uns aos outros? "Assim, és inescusável, ó homem, quem quer que sejas, que te arvoras em juiz. Naquilo que julgas a outrem, a ti mesmo te condenas; pois tu, que julgas, fazes as mesmas coisas que eles." (Rm 2,1).
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3. De fato, um dos pecados mais cometidos é o julgamento do próximo, porque é uma das tentações mais frequentes. O fato é que esse pecado traz em si um veneno mortífero que atinge diretamente quem o comete tirando-lhe a paz e a alegria de viver. 
4. Todo vez que caímos nessa tentação, trazemos para as nossas almas os pecados que julgamos, a imagem negativa daqueles que julgamos, e isso ocupa o espaço da misericórdia divina em nossa vida, de modo que castigamos a nós mesmos com falta de paciência, raiva, críticas e tantas outras coisas nevativas. 
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5. Comentando este Evangelho, disse o Papa Francisco: "Jesus era prático, falava sempre com exemplos para se fazer compreender, pondo em confronto a Lei antiga e o que Ele nos diz. Começa pelo quinto mandamento do decálogo: «Ouvistes o que foi dito aos antigos: “Não matarás”. Eu, porém, vos digo que qualquer um que, sem motivo, se encolerizar contra o seu irmão, será réu de juízo» (vv. 21-22). 
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6. Com isso, Jesus recorda-nos que também as palavras podem matar! Quando se diz que uma pessoa tem língua de serpente, o que significa? Que as suas palavras matam! Portanto, não só não se deve atentar contra a vida do próximo, mas nem sequer fazer cair sobre ele o veneno da ira e da calúnia. Nem sequer falar mal dele.
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7. A quem o segue, Jesus propõe a perfeição do amor: um amor cuja única medida é não ter medida, é ir além de qualquer cálculo. O amor ao próximo é uma atitude tão fundamental que Jesus chega a afirmar que a nossa relação com Deus não pode ser sincera se não quisermos fazer as pazes com o próximo. 
8. E diz assim: «Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com o teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta» (vv. 23-24).
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9. Portanto, caríssimos, quem ama a Deus sobre todas as coisas, transborda esse amor pela prática do perdão e da misericórdia para com o proximo. "Por isso, disse São Paulo, não julgueis antes do tempo; esperai que venha o Senhor. Ele porá às claras o que se acha escondido nas trevas. Ele manifestará as intenções dos corações. Então cada um receberá de Deus o louvor que merece." (1Cor 4,5).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 13 de março de 2025

Oração, o dom mais praticado pela humanidade...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 7,7-12)(13/03/25)

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1. Caríssimos, a liturgia de hoje nos conduz a um dos exercícios quaremais mais praticado em todos os tempos na história da humanidade, trata-se da oração; esse dom é uma graça especial que nos é dada para vivermos em permanente comunhão com Deus nosso Pai celestial praticando atos de piedade e misericórdia conforme a sua santa vontade. 
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2. Em outras palavras, do limite em que estamos adentramos na sua eternidade conduzidos pelo Espírito Santo por meio do dom da oração. Aliás, a fé e a oração são como asas que nos elevam ao céu mesmo estando neste mundo, porque quem reza com fervor ultrapassa os limites da nossa natureza e das intempéries que tentam nos destruir. 
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3. De fato, o inferno estremece quando uma alma contrita e plena de devoção se une a Deus em oração. É isso o que vimos na primeira leitura de hoje que conta o episódio da rainha Ester em extrema aflição por seu povo que está prestes a ser eliminado pelos seus inimigos. 
4. Então, quais lições aprendemos com a rainha Ester nesse episódio? Primeira, a nossa extrema necessidade se transforma em total confiança quando ao Senhor recorremos em humilde oração. Segunda, quando dependemos de Deus totalmente, é sinal de que o amamos sobre todas as coisas e que Nele confiamos incondicionalmente para que se cumpra a sua santa vontade em nossa vida.
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5. No Evangelho de hoje, o Senhor Jesus nos ensina que a oração tem o poder de alcançar todas as graças necessárias para o bem estar das nossas almas e a nossa salvação. Disse Ele: "Pedi e vos será dado! Procurai e achareis! Batei e a porta vos será aberta! Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra; e a quem bate, a porta será aberta. (Mt 7,7-8).
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6. O que isso quer dizer? Quer dizer que a fé aliada à oração nos leva à perfeita união com Deus e entre nós, e Ele que tem todo poder sobre o céu e a terra nos faz vencer todas as dificuldades que os inimigos naturais e sobrenaturais nos impõem, porque Ele é o único Senhor de todas as coisas e está sempre pronto a nos ajudar.
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7. Portanto, caríssimos, prostremo-nos diante do Senhor com esta oração de ação de graça do Salmo responsorial de hoje: "Ó Senhor, de coração eu vos dou graças, porque ouvistes as palavras dos meus lábios! Eu agradeço vosso amor, vossa verdade, porque fizestes muito mais que prometestes.
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8. Naquele dia em que gritei, vós me escutastes e aumentastes o vigor da minha alma. Por isso, vos suplico: Completai em mim a obra começada; não deixeis inacabada esta obra que fizeram vossas mãos! Ó Senhor, vossa bondade é para sempre! Vosso amor é fiel eternamente." (Sl 137).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 11 de março de 2025

A CRUZ DE CRISTO É O GRANDE SINAL DA NOSSA SALVAÇÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 11,29-32)(12/03/25)

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1. Caríssimos, este mundo tornou-se um vale de lágrimas por causa dos pecados nele praticados, e não haverá mudança alguma enquanto homens e mulheres não se converterem e voltarem para Deus de todo coração com preces, jejuns e penitências, como aconteceu com os ninivitas ao ouvirem a pregação do Profeta Jonas como meditamos na primeira leitura.

2. De fato, fora da verdadeira conversão não existe nenhuma segurança, isto porque toda prática contrária à caridade de Cristo, é engano, é ilusão, pois, só quando nos voltamos para Ele de todo coração é que temos a graça do seu amor, a paz e a segurança que tanto precisamos; porque fora de Cristo nada e ninguém neste mundo poderá nos salvar.
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3. Decerto, o mais evidente sinal da presença de Deus neste mundo não são as coisas criadas, mas sim, o Seu Filho amado, nosso Senhor Jesus Cristo, nascido do seio virginal de Maria, por obra e graça do Espírito Santo, e que caminha conosco presente na Santa Eucaristia e sua Palavra viva nos conduzindo ao reino dos céus.
4. Desse modo, tudo o que quisermos conhecer a respeito de Deus, somente em Cristo adquirimos tal conhecimento, como Ele mesmo disse: "Quem me vê, vê o Pai, eu e o Pai somos um." (cf. Jo 10, 30; 14,11). 
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5. "Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu hei de ressuscita-lo no último dia. Está escrito nos profetas: Todos serão ensinados por Deus (Is 54,13). Assim, todo aquele que ouviu o Pai e foi por ele instruído vem a mim." (Jo 6,44-45).
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6. Portanto, caríssimos, os homens buscam sinais exteriores para crer, no entanto, o único sinal mais que evidente à toda humanidade é a Paixão, morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus vivo, bem como está escrito: "E quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim." (Jo 12,32).
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7. De fato, "Quem olhar para Ele com fé, isto é, quem acreditar que Cristo crucificado é o Filho de Deus, o Salvador, terá a vida eterna. Acolhendo n´Ele o dom do amor do Pai, os homens passam da morte do pecado à vida eterna." Em outras palavras, passa da fria incredulidade, para o calor da fé, para o aconchego do Seu infinito amor.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 10 de março de 2025

PAI-NOSSO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 6,7-15)(11/03/25)

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1. Caríssimos, a oração é o dom preciosíssimo do Espírito Santo que age em nós nos ajudando a encontar Deus Pai e seu amado Filho, presente em nossas almas para termos um diálogo filial e obtermos todas as graças necessárias para nos manter em plena comunhão de amor com a Santíssima Trindade. 
2. De fato, a oração do "Pai-nosso" ensinada por nosso Senhor Jesus Cristo, é uma oração trinitária que realiza a perfeita comunhão entre Deus e seus filhos e filhas unindo o céu e a terra. Ora, rezar é amar a Deus sobre todas as coisas, ser amados por Deus e cheios do seu amor, amar-nos uns aos outros como a nós mesmos. 
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3. Comentando este Evangelho de hoje, disse o Papa Francisco: “Quando orardes, dizei: ‘Pai...’. Esta palavra é o «segredo» da oração de Jesus, é a chave que Ele mesmo nos oferece a fim de podermos entrar também nós na relação de diálogo confidencial com o Pai que acompanhou e amparou toda a sua vida.
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4. Ao apelativo «Pai» Jesus associa duas solicitações: «santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino». Portanto, a oração de Jesus — a oração cristã — é antes de tudo dar lugar a Deus, deixando que ele manifeste a sua santidade em nós, fazendo com que se aproxime o seu reino, a partir da possibilidade de exercer o seu senhorio de amor na nossa vida.
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5. Outros três pedidos completam esta oração que Jesus ensina, o «Pai-Nosso». Três solicitações que exprimem as nossas necessidades fundamentais: o pão, o perdão e a ajuda contra as tentações. Não podemos viver sem pão, sem perdão, sem a ajuda de Deus contra as tentações. 
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6. O pão que Jesus nos ensina a pedir é o necessário, não o supérfluo; o pão dos peregrinos, o justo, um pão que não se acumula nem se desperdiça, que não pesa durante a nossa marcha.
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7. O perdão, antes de tudo, é aquele que nós mesmos recebemos de Deus: só a consciência de sermos pecadores perdoados pela infinita misericórdia divina pode tornar-nos capazes de realizar gestos concretos de reconciliação fraterna. Se uma pessoa não se sente pecadora perdoada, nunca poderá fazer um gesto de perdão nem de reconciliação. Começa-se pelo coração, onde nos sentimos pecadores perdoados.
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8. O último pedido, «não nos deixeis cair em tentação», exprime a consciência da nossa condição, sempre exposta às insídias do mal e da corrupção. Todos sabemos o que é uma tentação!" É uma ação manifesta do inimigo tentando nos tirar do estado de graça, isto é, da comunhão com Deus. E a oração é a arma espiritual que o Senhor nos dá para vencermos todas as insídias do maligno. 
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9. Portanto, caríssimos, "a oração é o primeiro e principal «instrumento de trabalho» nas nossas mãos! Insistir com Deus não serve para o convencer, mas para fortalecer a nossa fé e a nossa paciência, isto é, a nossa capacidade de lutar juntamente com Deus pelo que deveras é importante e necessário. Na oração somos dois: Deus e eu, lutando juntos pelo que é importante."
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 9 de março de 2025

Como encontramos o Senhor Jesus?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 25,31-46)(10/03/25)

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1. Caríssimos, o Evangelho de hoje narra a parábola do juízo final na qual o Senhor Jesus, justo juiz, se identifica com os necessitados de alguma ajuda, dizendo: "Pois, eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar’."
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2. Com efeito, diante destes critérios, o Senhor considera justos aqueles que sem pretensões ou interesses pessoais praticam essas obras de misericórdia, encontrando-o naqueles que delas necessitam. Por outro lado, são reprovados os que mesmo podendo, se fecharam em si mesmos e nada fizeram para ajudar aqueles que deles precisaram.
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3. Comentando este Evangelho, disse o Papa Bento XVI: "Jesus, o Filho do Homem, juiz supremo das nossas vidas, quis assumir o rosto dos que têm fome e sede, dos estrangeiros, dos que estão nus, doentes ou prisioneiros, em suma, de todos os que sofrem ou são postos de lado; o comportamento que tivermos para com eles será, portanto, considerado como o comportamento que teremos para com o próprio Jesus. 

4. Não se trata aqui de uma simples fórmula literária, de uma simples imagem! Toda a existência de Jesus é uma demonstração disso mesmo. Ele, o Filho de Deus, se fez homem, partilhou a nossa existência, até nos pormenores mais concretos, fazendo-se servo do mais pequeno dos seus irmãos. 
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5. Ele, que não tinha onde reclinar a cabeça, foi condenado a morrer numa cruz. Sem dúvida que isto nos pode parecer estranho! Ainda hoje, como a mais de 2000 anos, somos habituados a ver os sinais da realeza no sucesso, no poder, no dinheiro; temos dificuldade em aceitar um rei assim, um rei que se faz servo dos mais pequenos, dos mais humildes, um rei cujo trono é uma cruz. 
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6. No entanto, dizem-nos as Escrituras, é assim que se manifesta a glória de Cristo: é na humildade da sua existência terrena que Ele encontra o poder de julgar o mundo. Para Ele, reinar é servir! E o que Ele nos pede é que o sigamos neste caminho, que sirvamos, que estejamos atentos ao grito dos pobres, dos fracos, dos marginalizados. 
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7. O batizado sabe que a sua decisão de seguir Cristo pode levá-lo a grandes sacrifícios, por vezes até o da própria vida. Mas, como nos recorda São Paulo, Cristo venceu a morte e arrasta-nos atrás de si na sua ressurreição. Ele conduz-nos a um mundo novo, um mundo de liberdade e de felicidade. Ainda hoje, temos tantos laços com o velho mundo, tantos medos nos prendem e nos impedem de viver livres e felizes. 
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8. Deixemos que Cristo nos liberte deste mundo velho! A nossa fé n'Ele, que vence todos os nossos medos, todas as nossas misérias, conduz-nos a um mundo novo, um mundo em que a justiça e a verdade não são utopia; um mundo de liberdade interior e de paz conosco mesmo, com os outros e com Deus."

9. Portanto, caríssimos, supliquemos ao Senhor Jesus que nos conduza durante o tempo que ainda temos neste mundo nos dando o discernimento e a graça de poder ajudar aqueles nos quais ele se faz presente de uma forma totalmente diferente daquela que aos olhos dos incrédulos, dos indiferentes e dos que buscam as vantagens deste mundo, jamais ele poderia estar.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 8 de março de 2025

Homilia do 1°Dom da Quaresma...


 Homilia do 1°Dom da Quaresma (Lc 4,1-13)(09/03/25)

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1. Caríssimos, a tentação é uma ação do maligno que, como vimos, não poupa ninguém nem mesmo o Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo. Mas, por que o maligno detem esse poder? Porque não tem nada à perder, uma vez que já foi julgado e condenado eternamente (cf. Jo 16,11). 
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2. Por isso, faz de tudo para distilar seu ódio contra Deus, atirando-se contra as suas criaturas; porém, seu tempo já está se esgotando e lhe resta muito pouco para perder seu poder de sedução e engano contra nós que ainda estamos neste vale de lágrimas. 
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3. Não resta dúvida que estamos na batalha final contra os poderes do mal; decerto, esses poderes não suportam a verdade, o amor, a humildade, a misericórdia, a obediência, a santidade e a justiça, porque todas essas virtudes eternas são atributos divinos que Deus derrama como graças nas almas que o amam pela obediência ao seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.
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4. No Evangelho de hoje, o Senhor Jesus, cheio do Espírito Santo, foi conduzido ao deserto para ser tentado pelo diabo; ora, o deserto é sinônimo de morte, pois quase nada subexiste nele sem que receba a devida adaptação da lei natural que Deus pôs nas criaturas para resistirem e sobreviverem às intempéries.
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5. Com efeito, se pensarmos espiritualmente veremos que as condições adversas das tentações nos leva à total dependência do Senhor para que por seu poder vençamos todos os dardos inflamados do maligno. De fato, se o inimigo pudesse já teria destruído a criação e todos nós. Porém, o Senhor o detém com o poder infinito da sua Palavra Eterna.  
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6. São Lucas em sua narrativa apresenta três tipos de tentações mais frequentes: a tentação do prazer advindo das criaturas; a tentação do poder advindo do maligno; e a tentação da idolatria advinda da falsa fé, ou seja, contra nós mesmos, contra o próximo, e contra Deus. 
7. Em todas essas tentações o Senhor Jesus nos ensinou que a arma invencível contra o maligno é a Palavra de Deus, obedecida e praticada fielmente. E como constamos o Senhor nunca dialoga com o inimigo, mas o detém e o expulsa com o poder da sua obediência à Palavra do Pai. 
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8. Portanto, caríssimos, escutemos, então, esta exortação de São Tiago sobre a utilidade das tentações, sabendo que quanto mais tentados mais amados e protegidos por Deus para não sucumbirmos à elas. 
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9. "Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Mas é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma." (Tg 1,2-4).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 7 de março de 2025

É este o jejum que agrada a Deus...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 9,14-15)(07/03/25)

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1. Caríssimos, existe algo em nossa existência cujo fundamento sustenta o edifício da nossa vida, e a isso chamamos autenticidade; ora, essa virtude revela a verdadeira intenção do coração, e a presença de Deus em nossas ações, por fazermos tudo por amor a Ele e ao próximo como a nós mesmos.
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2. Com efeito, quando os exercícios quaresmais da oração, do jejum e da esmola são autênticos, afasta a incoerência e a hipocrisia de nossas ações, tornando-nos verdadeiramente santos ou pelo menos a caminho da santidade. Porque quem se une ao Senhor e se deixa conduzir por Ele, se torna autêntico em tudo o que faz.
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3. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus é questionado pelos discípulos de João Batista, sobre o porque dos seus discípulos não jejuarem, uma vez que eles e os fariseus o fazem com frequência; ao que o Senhor respondeu: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”. (Mc 9,15).
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4. Desse modo, o Senhor nos ensina que o jejum não é uma prática superficial distante das boas intenções e dos bons propósitos; mas, uma necessidade da alma que busca o seu Senhor nas provações e deseja se unir a Ele para vencer as adversidades que tentam impedir a prática da verdadeira piedade.
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5. Escutemos então o Senhor e ponhamos em prática esta Sua Palavra: “Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto. Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que está presente ao oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á." (Mt 6,17-18).
6. Com isso, entendemos que o jejum não é um esforço aparente, mas um exercício espiritual que fazemos para encontrar o Senhor e Nele parmanecer, e assim darmos os frutos da Sua presença em nossa vida. Ou seja, não se trata apenas de mortificação dos santidos, mas da mudança de propósito em relação ao convívio fraterno.
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7. Bem como nos ensinou o Profeta Isaías: "Acaso o jejum que prefiro não é outro: - quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão detidos, enfim, romper todo tipo de sujeição? Não é repartir o pão com o faminto, acolher em casa os pobres e peregrinos? Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne."
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8. "Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá. Então invocarás o Senhor e ele te atenderá, pedirás socorro, e ele dirá: 'Eis-me aqui' ". (Is 58,6-8.9a).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 6 de março de 2025

"Eis que eu renovo todas as coisas." (Ap 21,5).


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 9,22-25)(06/03/25)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, a nossa vida é dom de Deus, por isso, pertence somente a Ele; é isto o que constatamos nesta liturgia de hoje, em que na primeira leitura Moisés diz ao povo eleito: “Vê que eu hoje te proponho a vida e a felicidade; a morte e a desgraça. Escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e teus descendentes, amando ao Senhor teu Deus." (Dt 30,15a.19b.20a).
2. Ora, a vida ou a morte são realidades que dependem da nossa livre escolha como vimos, cabe a nós decidirmos. A vida consiste em seguir a Cristo portando a nossa cruz, porém, com a firme esperança da ressurreição. Enquanto a morte consiste em negar a Cristo por uma vida pecaminosa muito distante da sua santa vontade. 
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3. Com efeito, viver a vida como dom de Deus, é obedecer aos seus santos mandamentos, como caminho de perfeição que nos leva ao céu. Por outro lado, escolhe a morte quem vive na desobediência aos seus preceitos, uma vez que deixa de ouvir a Sua Voz, para escutar a voz do maligno, expressa nas tentações e sugestões maléficas que chegam à mente dos que o seguem.
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4. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos dá a conhecer o que nos faz permanecer em estado de graça, isto é, em comunhão com Ele, para vencermos o maligno e as suas maléficas tentações. “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perde-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará." (Lc 9,23-24).
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5. Ora, o caminho da cruz, é o mesmo da porta estreita pela qual o Senhor Jesus nos conduz ao Reino dos céus, à vida eterna. Fora desse caminho nada temos além das coisas visíveis que um dia se tornarão pó, cinzas, ou seja, retornão ao caos, ao nada. 
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6. Todavia, antes que isto aconteça o Senhor Jesus passará a limpo a triste condição deste mundo decaido. Por isso, disse: "Eis que eu renovo todas as coisas. Disse ainda: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.
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7. O injusto faça ainda injustiças, o impuro pratique impurezas. Mas o justo faça a justiça e o santo santifique-se ainda mais. Eis que venho em breve, e a minha recompensa está comigo, para dar a cada um conforme as suas obras. (Ap 21,5; Ap 22,11-12 ). 
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8. Portanto, caríssimos, mesmo vivendo neste paraíso em ruínas, carregamos em nossas almas a esperança da ressurreição dos mortos, à qual renovamos a cada momento no seguimento de nosso Senhor Jesus Cristo. É bem como Ele disse: "Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida." (Jo 8,12).
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9. Neste sentido a quaresma é o tempo favorável para o renovamento da nossa fé por meio dos exercícios espirituais que empreendemos, certos de que o Senhor nos acompanha neles para que os façamos bem feitos e assim vencermos todas as astúcias do maligno.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 5 de março de 2025

Convertei-vos e crede no Evangelho...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 6,1-6.16-18)(05/03/25)

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, hoje a Santa Igreja dá início ao Tempo da Quaresma com a quarta-feira de cinzas; é um tempo de graça em que nos exercitamos nas virtudes da oração, do jejum e da esmola, tidos como os pilares que nos sustentam na luta contra o pecado em busca da Santidade que o Senhor concede à todos os seus filhos e filhas.
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2. O primeiro deles, a oração, é um diálogo que fazemos com Deus no mais íntimo de nossas almas no qual apresentamos nossas intenções, súplicas e ações de graça, para assim superarmos as tentações e evitarmos todo tipo de pecado. 
3. Ora, e como todo diálogo, precisamos fazer silêncio em nossos pensamentos, pois o silêncio dos pensamentos são os ouvidos da nossa alma que escuta o que o Senhor nos fala no mais íntimo do coração para pôrmos em prática com a nossa fé ajudados pela sua graça. 
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4. O segundo trata da penitência ou jejum penitencial, uma espécie de mortificação física e espiritual a fim de apaziguar nossas inclinações instintivas e espirituais, que são portas por onde o inimigo de nossas almas tenta entrar para nos desviar dos bons propósitos e da prática das virtudes que nos levam a viver em comunhão com o Senhor e entre nós.
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6. E o terceiro e último pilar, diz respeito ao exercício da caridade por meio da esmola, cujo termo derivado do grego significa precisamente «misericórdia». "Por conseguinte, a esmola deve conter em si toda a riqueza da misericórdia. E dado que a misericórdia tem numerosos caminhos, múltiplas modalidades, também a esmola se expressa de tantas maneiras, para aliviar o mal-estar de quantos estão em necessidade." (Papa Francisco).
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7. Portanto, caríssimos, renovemos nossa fé por meio destes exercícios quaresmais pelos quais nos preparamos para celebrarmos o Mistério que ultrapassa todos os outros mistérios: trata-se da Páscoa de nosso Senhor Jesus, que é o ápice da nossa salvação, por meio de Sua Paixão, morte e ressurreição.
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8. Destarte, vivamos esse período da quaresma como um remédio que o Senhor nos dá para a purificação de nossas almas por meio das boas obras, do jejum, e da oração, para assim vivermos na Sua Presença até que Ele venha na sua parusia. 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 2 de março de 2025

Por que julgamos tanto uns aos outros?

 Homilia do 8°Dom do tempo comum (Lc 6,39-45)(02/03/25)

1. Amados irmãos e irmãs, a vida como um todo está ligada diretamente à palavra tal como meditamos no Evangelho de São João: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito." (Jo 1,1-3).

2. São Paulo na Carta aos Colossenses escreveu: "Jesus é a imagem de Deus invisível, o Primogênito de toda a criação. Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas visíveis e as invisíveis. Ele existe antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem nele." (Cl 1,15.16a-17).

3. Na primeira leitura de hoje, meditamos: "O fruto revela como foi cultivada a árvore; assim, a palavra mostra o coração do homem." Ou seja, a palavra revela quem somos e o desfecho final a que tendemos quando falamos, por isso conclue: "Não elogies a ninguém, antes de ouvi-lo falar; pois é no falar que o homem se revela." 

4. No Evangelho de hoje, o Senhor Jesus nos ensina que estamos na vida não como juízes uns dos outros, mas sim como irmãos que reconhecem as próprias fraquezas e por isso, perdoam sempre os que se encontram afastados da fé, e mergulhados na prática pecaminosa. 

5. Todavia, para os que ainda se arvoram em juízes uns dos outros, perguntamos: Quem de nós nunca pecou na vida? Eis a resposta que o Senhor nos dá: "Por que vês o cisco que está no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu próprio olho? 

6. Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho’, quando não percebes a trave no teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão."

7. Portanto, caríssimos, escutemos atentamente esta exortação de São Francisco de Assis: "Irmãos, somos o que somos aos olhos de Deus e nada mais." Ou seja, aos olhos de Deus somos seus filhos e filhas, e somente Ele nos julga com justiça, porque nos criou e conhece a nossa essência; fora disso, todos somos réus e seremos julgados como tais.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Tudo o que é autêntico, justo e verdadeiro tem Deus como Fonte...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 9,38-40)(26/02/25)

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1. Amados irmãos e irmãs, viver a liberdade dos filhos de Deus significa sermos conduzidos pelo seu Santo Espírito, bem como ensinou São Paulo: "Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus." (Rm 8,14).
2. "Ora, o Senhor é Espírito, e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade." (2Cor 3,17). Por isso, na vivência da fé somos simples operários que trabalhamos na vinha do Senhor em conformidade com a sua vontade, porque Dele dependemos cem por cento.
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3. No Evangelho de hoje São João, demonstrando demasiado zelo, disse ao Senhor: “Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue”. Ao que Jesus disse: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é a nosso favor”. (Mc 9,39-40).
4. De fato, tudo o que é autêntico, justo e verdadeiro tem Deus como Fonte, por isso, o revela e Nele permanece, porque é obra de suas mãos. Desse modo, quem faz o bem que vem de Deus, faz a vontade de Deus no bem feito. Pois, "Aquele que souber fazer o bem, e não o faz, peca." (Tg 4,17).
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5. Por isso, todo zelo excessivo é nocivo para a alma, pois lhe falta a temperança fruto do Espírito Santo; e em se tratando da vivência da fé, todo excesso conduz ao radicalismo infrutífero, à rigidez moralista e à hipocrisia, que em tudo encontra motivos para julgar e condenar os outros mesmo que sejam inocentes. 
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6. Portanto, caríssimos, não podemos esquecer que a salvação dos homens é obra das mãos de Deus e que Ele faz muito bem a sua obra, nós somos apenas servos e como tais devemos nos comportar, pois, o servo só faz o que o seu Senhor lhe ordena e sente-se muito feliz com isso. 
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7. Destarte, escutemos então o Senhor: "Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: Somos servos como quaisquer outros; fizemos o que devíamos fazer." (Lc 17,10). Ou seja, não fezemos o que fazemos por méritos ou recompensa, mas porque amamos a Deus, porque Ele nos amou primeiro.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

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