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quinta-feira, 18 de abril de 2024

VIVEMOS DENTRO DO MISTÉRIO DE DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,44-51)(18/4/24)

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1. Caríssimos, vivemos dentro do Mistério de Deus e dele participamos diretamente; e por mais que experimentemos o Seu amor e a sua misericórdia é muito pouco ou quase nada em relação ao infinito que Deus é e nos dá ser por ama-lo sobre todas as coisas e amar-nos uns aos outros como a nós mesmos. 
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2. Aliás, este deve ser o empenho de toda a nossa vida, como nos ensinou são João: "Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele." (1Jo 4,16). De fato, muito se falado de amor, seja nos livros, nos filmes, novelas, nas conferências, nas canções, etc. Todavia, só quem faz a experiência do amor de Deus pode expressa-lo verdadeiramente como ele é. 
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3. Com efeito, viver o Grande Mistério da Eucaristia como o Senhor nos ensina no Evangelho de hoje, é viver a unidade perfeita do Seu Corpo que é a Igreja (cf. Col 2,18) e assim gozar desde já a vida eterna que Ele nos concede; escutemos, então, o Senhor: "Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”. (Jo 6,51).
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4. De fato, o mundo só terá paz mediante a conversão e a participação no Grande Mistério da presença Real de Cristo na Eucaristia e pela vivência da Sua Palavra, porque sem a prática da Sua Palavra não existe esperança alguma neste mundo. 
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5. Sem dúvida alguma, toda esta dicotomia que se vive hoje na face da terra tem como fundamento a rejeição a Jesus, o Filho de Deus; porque, rejeitar o Senhor significa aceitar esta divisão e todos os males que o demônio causa por meio dos pecados consentidos e praticados pelos homens.
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6. Decerto, não existe experiência mais triste e devastadora para a alma do que viver mergulhada no pecado sem nenhuma esperança de vida eterna. Aliás, o pecado é em si mesmo como um veneno infernal que destrói todas as capacidades recebidas de Deus para se manter no estado de graça.
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7. Pelo contrário, quando vivemos intensamente o Mistério de Cristo Eucarístico, o fazemos porque Deus nos amou primeiro e nos conduziu à comunhão perfeita com o Seu Filho amado. E o Senhor, por sua divina misericórdia, nos perdoa; nos alimenta com o Seu Corpo e Sangue e nos conduz por Seu Santo Espírito para um viver sem pecados (cf. Jo 8,11). 
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8. Comentando este Evangelho disse o Papa Leão Magno: "A natureza humana foi assumida pelo Filho de Deus tão intimamente que não só nele, "o primogênito de toda a criatura" (Cl 1,15), mas em todos os santos, há apenas um e mesmo Cristo. 
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9. E, tal como a cabeça não se pode separar dos membros, também os membros não podem ser separados da cabeça. Sofre com Ele, não apenas a coragem gloriosa dos mártires, mas também a fé de todos os que renascem do banho da regeneração. 
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10. Com efeito, quando renunciamos ao diabo para crer em Deus, quando passamos da vetustez à renovação, quando depomos a imagem do homem terreno para nos revestirmos da forma celeste, produz-se uma espécie de morte e ressurreição; igualmente, aquele que é acolhido por Cristo e O recebe, após o banho do batismo deixa de ser o que era: o seu corpo regenerado torna-se a carne do Crucificado.
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11. Por isso, a Páscoa do Senhor é celebrada como convém, «com o pão ázimo da pureza e da verdade» (1Cor 5,8), quando, rejeitado o fermento da antiga malícia, a nova criatura se inebria e se alimenta do próprio Senhor. Pois a participação no corpo e no sangue de Cristo não tem outro propósito senão permitir-nos levar a toda parte, no espírito e na carne, Aquele em quem e com quem morremos, fomos sepultados e ressuscitamos."
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(São Leão Magno (?-c. 461), papa, doutor da Igreja - Sermão XII sobre a Paixão; PL 54, 355-357).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

EU SOU O PÃO DA VIDA


 PEQUENO SERMÃO DE CADA (Jo 6,35-40)(17/4/24)

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, esta liturgia de hoje nos convida à ver Jesus, tocar em Jesus e comungar Jesus realmente presente na Santa Eucaristia; Seu Corpo e Sangue, Alma e Divindade, depois de consagrado sob as espécies do Pão e Vinho sobre os nossos altares por aqueles que Deus escolheu para cumprirem esta missão. 
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2. De fato, a fé, dom Espírito Santo que recebemos no batismo, nos leva a identificar o Senhor e a conviver com Ele em espírito e verdade como também adorá-lo do mesmo modo. A presença real de Cristo Eucarístico é o maior de todos os milagres, que nós precisamos não somente reconhecer, mas ama-lo, adora-lo e glorifica-lo de todo o coração. 
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3. A primeira leitura dessa liturgia nos mostra a comunidade de Jerusalém sofrendo perseguição por causa da presença de Jesus em seu meio, e como os cristãos dessa comunidade reagiram à perseguição por meio da pregação e dos prodígios realizados por Felipe, demonstrando que realmente o Senhor conduz aqueles que o seguem fielmente. 
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4. De fato, a prática da nossa fé significa convivência com Cristo e com todos os que o seguem à caminho do Reino dos Céus. Para isto Ele nos dá a evidência da sua presença para resistirmos às tentações e perseguições que sofremos.
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5. O Evangelho de hoje nos apresenta o Senhor Jesus no Mistério de sua Onipresença, pois, após Sua Ressurreição o Senhor se faz presente em todo e qualquer lugar junto à cada um de nós, seja por meio da celebração da Santa Eucaristia e dos outros Sacramentos; seja por Sua Palavra proclamada e vivida; seja ainda pelo dom da oração, e em nossas reuniões, como Ele mesmo disse: "Porque, onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles." (Mt 18,20).
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6. Portanto, caríssimos, escutemos o Senhor Jesus e o sigamos em seus conselhos e em suas promessas: "Pois eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 
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7. E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. Pois esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia.” (Jo 6,38-40).
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8. Comentando este Evangelho disse o Papa Francisco: "Jesus se revela como o pão, ou seja, o essencial, o necessário para a vida cotidiana; sem Ele as coisas não funcionam. Não um pão entre muitos outros, mas o pão da vida. Em outras palavras, sem Ele, em vez de viver, apenas sobrevivemos: porque somente Ele alimenta nossas almas, somente Ele nos perdoa daquele mal que não podemos vencer por nós mesmos. 
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9. Somente Ele nos faz sentir amados mesmo que todos nos decepcionem; somente Ele nos dá a força para amar, somente Ele nos dá a força para perdoar nas dificuldades, somente Ele dá ao nosso coração a paz que procuramos; somente Ele nos dá a vida para sempre quando a vida aqui embaixo chega ao fim. Ele é o pão essencial da vida.
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10. "Eu sou o pão da vida" resume verdadeiramente todo o seu ser e toda a sua missão. Isso será visto plenamente no final, na Última Ceia. Jesus sabe que o Pai lhe pede não apenas que alimente as pessoas, mas que dê a si mesmo, sua própria vida, sua própria carne, seu próprio coração, para que tenhamos a vida eterna. (Papa Francisco - Angelus, 8 de agosto de 2021).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 16 de abril de 2024

A VIDA VIVIDA EM CRISTO É ANÚNCIO PROFÉTICO


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,30-35)(16/4/24) 


1. Caríssimos, quem se deixa conduzir pelo Espírito Santo, realiza a vontade de Deus, e por seu exemplo de vida e por suas palavras, denuncia os pecados daqueles que estão distantes de Deus sem que isto seja uma acusação, mas sim, uma revelação da necessidade de arrependimento, por isso, ela vem sempre acompanhada de um ato de misericórdia e do perdão que o Senhor nos concede. 
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2. De fato, Santo Estevão, mesmo sendo condenado à morte, intercedeu por seus algozes dizendo: “Senhor, não os condenes por este pecado”. Ora, talvez não copreendamos o porquê dos acontecimentos adversos que nos atingem; no entanto, como vimos neste episódio, Santo Estevão resignadamente disse: “Senhor Jesus, acolhe o meu espírito”. 
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3. Com isto, compreendemos que toda oração acompanhada de um ato de misericórdia e de perdão jamais deixa de ser ouvida e atendida pelo Senhor, e a prova é esta, a oração de Santo Estevão foi a graça que deu início à conversão de São Paulo, o grande apóstolo dos gentios que até hoje continua pregando a Palavra do Senhor por seus escritos e exemplos. 
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4. Decerto, bem-aventurados são aqueles que como Santo Estevão e São Paulo, permanecem em comunhão com o Senhor em qualquer situação da vida, pois, por esta união com Cristo são capazes de ver o céu aberto e Ele sentado à direita de Deus Pai.
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5. No Evangelho de hoje a multidão exigia sinais para crê; ora, a fé é um dom do Espírito Santo e não um ente de razão. Quem exige sinais para crê é incapaz de entender e corresponder ao que Deus nos ensina, porque querem reduzir a Sabedoria do Espírito do Senhor aos critérios racionais, e isso é impossível. 
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6. Crer no Senhor Jesus é adentrar no mistério da sua cruz, pela graça do Espírito Santo, e viver a grande aventura de ser seu discípulo, e manter-se na sua presença e convivência por meio da fé que Dele recebemos para obtermos todas as graças necessárias para a nossa salvação. 
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7. A vocação cristã é um chamado de Deus e uma resposta que significa pertença, adesão total a Cristo por meio do santo batismo, onde recebemos o dom do Espírito Santo e por Ele somos ensinados e conduzidos a uma vida de santidade. 
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8. Bem como nos ensinou o Senhor: "Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão”. (Jo 16,13).
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9. De fato, pensar a vida sem o Espírito de Deus é pensa-la conforme o mundo e não conforme Deus. Ora, o Senhor Jesus prometeu (cf. Jo 15,26) que enviaria o Espírito Santo para nos ensinar, nos defender e nos dar todo apoio e assistência necessária para permanecermos fiéis até que se complete o tempo de sua segunda vinda e a nossa ida definitiva para a glória do seu Reino, onde não há morte nem choro nem luto nem dor (cf. Jo 14,1-4).
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10. O Espírito Santo de Deus é o perfeito coordenador de nossas ações enquanto de nossa estadia neste mundo, basta que escutemos as suas moções e nos deixemos conduzir por Ele, como o fizeram os patriarcas, os profetas, Maria Santíssima, são José, os apóstolos e todos os santos e santas. 
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11. Sem dúvida alguma, creio que todos nós desejamos ver o desfecho final da obra da criação, isto é, a vinda da plenitude do Reino de Deus e da sua justiça, pois do jeito que a humanidade está vivendo atualmente, a paz entre os povos é impossível, no entanto, como nos ensina São Pedro: "Nós, porém, segundo sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça." (2Pd 3,13).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

segunda-feira, 15 de abril de 2024

O ALIMENTO QUE DURA PARA A VIDA ETERNA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,22-29)(15/4/24)

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1. Caríssimos, cada um só dá o que tem e quem vive na mentira nada mais pode dar além da mentira que deixa entrar em sua vida; é isto o que vimos na primeira leitura de hoje, onde os inimigos do Senhor usaram de todo tipo de mentira e subornos para acusar e condenar o primeiro mártir da nossa fé, Santo Estevão; no entanto, o Senhor destruiu os perversos intentos dos seus adversários revelando a inocência de seu servo, dando-lhe uma face angelical.
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2. Ora, quantos não são os inocentes que atualmente sofrem com a perseguição de seus algozes que usam de mentiras e falsas acusações para condená-los mesmo sabendo que são inocentes? O que é isso senão a instigação do inimigo para levar os homens à autodestruição?
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3. O fato é que eles agem exatamente como àqueles que apedrejaram Santo Estevão, e fazem isso manipulando os meios de comunicação de massa, incitando os incautos ao ódio e ao falso julgamento contra aqueles que condenam, seja por motivos ideológicos, racial, politicos, religiosos, etc. 
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4. No Evangelho de hoje vemos o quanto os interesses materiais impedem os homens de encontrar o Senhor Jesus por meio da fé, por isso, pedem sinais e prodígios quando na verdade precisam de conversão para viverem coerentemente a verdade e o amor para os quais foram criados. 
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5. Por isso o Senhor lhes disse: "Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do homem vos dará. Pois este é quem o Pai marcou com seu selo”. Então perguntaram: “Que devemos fazer para realizar as obras de Deus?” Jesus respondeu: “A obra de Deus é que acrediteis naquele que ele enviou”. (Jo 6,27-29). 
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6. Comentando este Evangelho disse São João Crisóstomo: "Os judeus comiam a refeição da Páscoa em pé, de sandálias nos pés e cajado na mão; comiam-na às pressas (cf Ex 12,11). Tu ainda tens mais razão para te manteres vigilante! Eles preparavam-se para partir para a Terra Prometida e comportavam-se como viajantes; tu encaminhas-te para o Céu. É por isso que temos de estar sempre em atentos.
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8. Os inimigos de Cristo bateram no seu corpo santíssimo sem saberem o que faziam (cf Lc 23,34); e tu recebe-lo-ias com a alma impura depois de tantos benefícios que Ele te fez? Pois Ele não Se contentou em Se fazer homem, em ser flagelado e morto; no seu amor, quis ainda unir-Se a nós, identificar-Se conosco não apenas pela fé, mas realmente, pela participação no seu próprio corpo.
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9. Considera a honra que recebes e a que mesa és conviva. Aquele que os anjos não veem sem tremer, Aquele para quem não ousam olhar sem temor por causa do esplendor da glória que Lhe irradia da face, é desse que fazemos nosso alimento, tornando-nos um só corpo e uma só carne com Ele. 
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10. "Quem poderá contar as obras do Senhor e anunciar todos os seus louvores?" (Sl 106,2) Que pastor alimentou jamais as suas ovelhas com a sua própria carne? Acontece muitas vezes as mães confiarem os filhos a amas de leite. Não assim Cristo; Ele alimenta-nos com o seu próprio sangue, e torna-nos um só corpo com Ele."
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(São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja - Homilias sobre o Evangelho de Mateus, n.º 82, 5).
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Oremos: Ó Deus, como os homens continuam a triste saga de não te amar, de não crer em teu Filho, Jesus. Perdoa-os, Senhor, eles não sabem o que fazem, por isso, não reconhecem o quanto estão errados e não se arrependem de seus erros para os consertar e assim dar novo sentido à vida te conhecendo e te amando incondicionalmente para fazer tudo o que é do teu agrado. Amém! Assim seja!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 13 de abril de 2024

"SOU EU. NÃO TENHAIS MEDO."


 PEQUENO SERMÃO DE CADA (Jo 6,16-21)(13/4/24)

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1. Caríssimos, muitas vezes em nosso dia a dia passamos por situações que nos desafiam a ponto de parecer impossível alguma solução; mas, isso acontece quando confiamos em nós mesmos e não no Senhor Jesus como devemos. Aliás, esta liturgia de hoje nos remete à palavra triqulizadora de Jesus: "Sou eu. Não tenhais medo”. (Jo 16,33b).
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2. Ora, as possibilidades que a fé em Cristo nos abre são infinitas como infinito é o seu poder, principalmente quando a Ele recorremos humildemente em nossas dificuldades ou para a solução dos problemas que se levantam contra nosso bem viver. 
3. Bem como vimos na primeira leitura de hoje, em que os Apóstolos, por meio da fé e da oração, apaziguaram a comunidade que estava sendo dizimada pela distinção de pessoas e pela falta de caridade. Eis o relato: "Naqueles dias, o número dos discípulos tinha aumentado, e os fiéis de origem grega começaram a queixar-se dos fiéis de origem hebraica." (At 6,1).
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4. De fato, ainda não temos maturidade suficiente na fé que professamos para vivermos plenamente em conformidade com os ensinamentos de nosso Senhor Jesus Cristo, principalmente neste nosso tempo em que as pessoas encontram solução para quase tudo na Internet, menos para erradicar o mal que divide e atormenta a nossa sociedade.
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5. Mas, por que isso acontece? Por falta de adesão total a Cristo, porque Ele é a única solução contra o mal e suas artimanhas; no entanto, para isso, precisamos segui-lo fielmente, vivendo como Ele viveu em tudo a vontade do Pai; sem essa adesão total e definitiva a Ele não temos como vencer as adversidades que se nos apresentam tentando nos desestabilizar.
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6. No Evangelho de hoje, contemplamos o Senhor Jesus caminhando sobre as águas como sinal do seu poder e divindade, e depois disse aos Apóstolos que pensavam que Ele era um fantasma: "Sou eu. Não tenhas medo". Ora, isso nos faz sentir-nos protegidos, e termos a convicção de que com Ele chegaremos ao Porto Seguro do Seu Reino, não obstante as tempestades do mar revolto deste mundo.
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7. Comentando este Evangelho disse o Mons. Angelo Spina: "Depois da multiplicação dos pães, à noite, os discípulos vão para a outra margem do lago. Está escuro e Jesus não está com eles. O mar está agitado por causa do vento forte, e o medo é evidente. Jesus alcança-os caminhando sobre as águas e diz-lhes: "Sou eu, não tenhais medo". 
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8. Na nossa vida, há muitos momentos em que sentimos a escuridão da noite, as adversidades avançam e sentimo-nos como que perdidos. É precisamente nestes momentos que o Senhor vem ao nosso encontro e diz: "Sou eu", ou seja, estou presente. 
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9. Jesus não empurra o barco para terra, são os discípulos que remam, mas o que é bonito é que eles levam Jesus para dentro do barco e o barco chega imediatamente ao porto para aonde ia. Ou seja, a presença do Senhor tranquiliza-nos, e nós encontramos Nele a força física e espiritual para completar a viagem."
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10. "Invoquemos a Virgem Maria, modelo de confiança total em Deus, para que, no meio de tantas preocupações, problemas, dificuldades que agitam o mar da nossa vida, ressoe nos nossos corações a palavra tranquilizadora de Jesus, que também nos diz: 'Coragem, sou eu, não tenhais medo!' e assim cresça a nossa fé n'Ele." (Bento XVI).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

sexta-feira, 12 de abril de 2024

A VIDA É O MILAGRE DE CADA MOMENTO VIVIDO PARA DEUS


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,1-15)(12/4/24). 


1. Caríssimos, o poder de Deus se revela em sua obra, pois Ele criou o mundo por amor e a todos sustenta por sua Divina Providência, sem nunca deixar de fazê-lo. De fato, o Senhor é a Fonte inesgotável que supre todas as necessidades, pois à tudo governa com justiça e perfeição. 
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2. E se falta alguma coisa para qualquer de suas criaturas, deva-se isto às injustiças cometidas por aqueles que não o temem; todavia, que fique bem claro, quem comete qualquer maldade e não se arrepende e nem a repara, morrerá com a maldade praticada e nela permanecerá por toda eternidade.
3. Ora, Deus é Deus e não vai deixar de ser bom e nem vai deixar de nos amar e nos amparar só porque muitas de suas criaturas o abandonam para enveredar pelo caminho da perversão e da perdição que não tem fim. 
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4. Cabe a nós amar o Senhor e proclamar todas as suas maravilhas como cantou o salmista: "Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, e os vossos santos com louvores vos bendigam! Narrem a glória e o esplendor do vosso reino e saibam proclamar vosso poder!" (Sl 144,10-11).

5. Com efeito, a multiplicação dos pães que o Senhor Jesus realizou, nos ensina três grandes lições de vida: Primeira lição, o pouco com Deus é muito, por isso supera as nossas espectativas, pois, com cinco pães e dois peixes ele alimentou cerca de cinco mil pessoas e ainda sobrou doze cestos. 
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6. Segunda lição, diante do Senhor todas as soluções são vãs se não pomos Nele a nossa confiança; por exemplo, para Filipe nem 400 moedas de prata eram suficiente para alimentar tanta gente, e no entanto, o Senhor o fez graças à fé dos que o procuraram, desse modo, entendemos que o Senhor também prova a nossa fé. 
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7. Terceira lição, atenção, muito cuidado com os interesses escusos, pois eles nos afastam do Senhor: "Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo”. Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte." (Jo 6,14-15).
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8. Portanto, caríssimos, a obra da salvação humana é puramente divina, e embora sejamos cooperadores do Senhor nessa obra, nossa postura deve ser isenta de qualquer interesse fora da salvação das almas. Ou seja, devemos ter a mesma postura da Virgem Maria, a Mãe de Jesus: "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa vontade." (Lc 1,38).
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9. Comentando este Evangelho disse Santo Agostinho: "Governar o Universo é certamente um milagre maior do que saciar cinco mil homens com cinco pães. E, contudo, aquilo não espanta ninguém, mas as pessoas espantam-se diante de um milagre de menor importância, porque sai do habitual. 
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10. Esta obra foi-nos apresentada aos sentidos para nos elevar o espírito. Tornou-se-nos assim possível admirar "o Deus invisível, através das suas obras visíveis" (Rom 1,20). Depois de termos sido ensinados na fé e purificados por ela, podemos desejar ver, sem os olhos do corpo, o Ser invisível que conhecemos a partir do visível.
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11. Com efeito, Jesus fez este milagre para que ele fosse visto pelos que ali se encontravam, e eles puseram-no por escrito para que nós tomássemos conhecimento dele. O que os olhos fizeram para eles, fá-lo para nós a fé. De igual modo, reconhecemos na nossa alma o que os nossos olhos não puderam ver e recebemos um belo elogio, pois foi acerca de nós que Ele disse: «Felizes os que acreditam sem terem visto» (Jo 20,29). 
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(Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja - Sermões sobre o evangelho de João, n.º 24, 1.6.7; CCL 36, 244).
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Paz e Bem! 
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

SENHOR JESUS, A TUA PALAVRA É VIDA ETERNA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA (Jo 3,31-36)(11/4/24)

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, aprendemos do Senhor Jesus que, uma vez renascidos da água e do Espírito Santo, pertencemos a Ele e para Ele devemos viver, e tudo fazer para a salvação das almas e o louvor de Sua glória. 
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2. Por isso, fundamentados nesses dois objetivos, nada temos a temer, visto que o Espírito Santo nos ajuda a cumprir essa nossa missão, como vimos na primeira leitura: "E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que a Ele obedecem”. (At 5,32).
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3. A respeito das perseguições eis o que disse o Senhor: "Mas, antes de tudo, vos lançarão as mãos e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença dos reis e dos governadores, por causa de mim. 
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4. Isto vos acontecerá para que vos sirva de testemunho. Gravai bem no vosso espírito de não preparar vossa defesa, porque eu vos darei uma palavra cheia de sabedoria, à qual não poderão resistir nem contradizer os vossos adversários." (Lc 21,12-15).
5. No Evangelho de hoje São João nos revela que o Senhor Jesus veio da glória do Pai para nos resgatar e nos ensinar como devemos viver a nossa filiação adotiva na sua presença mantendo nossa comunhão com Ele e entre nós. Pois, Ele fala a linguagem do Pai e nos dá o Espírito sem medida. 
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6. Bem como Ele mesmo disse: "O Pai ama o Filho e entregou tudo em sua mão. Aquele que acredita no Filho possui a vida eterna. Aquele, porém, que rejeita o Filho não verá a vida, pois a ira de Deus permanece sobre ele”. (Jo 3,35-36).
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7. Portanto, caríssimos, somos obras das mãos de Deus e todos fomos dotados da fé para acolher o Senhor Jesus, Palavra Eterna do Pai, pois Deus é Eterno e tudo criou para a eternidade. Destarte, não acolher o Filho de Deus e a sua mensagem salvífica, se constitui o grande pecado da humanidade; e é por isso que muitos se perderão por rejeitarem a salvação que Ele veio trazer.
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8. Rezemos com Santo Agostinho esta belíssima oração: "Senhor meu Deus, luz dos cegos e força dos fracos, mas também luz dos que veem e força dos fortes, escuta a minha alma, ouve-a gritar do fundo do abismo (cf Sl 192,1). Pois se Tu não nos escutares do fundo do abismo, aonde iremos? A quem dirigiremos os nossos apelos?
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9. "Teu é o dia, tua é também a noite" (Sl 73,16). A um sinal teu, todos os instantes desaparecem. Dá aos nossos pensamentos o tempo necessário para investigarem os recessos profundos da tua lei e não feches a porta àqueles que batem (cf Mt 7,7). 
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10. A tua palavra é toda a minha alegria, a tua palavra é mais doce que uma torrente de volúpias. Concede-me que Te ame, porque o amor é um dom teu. Não abandones os teus dons, não desdenhes deste talo de erva sedento. 
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11. Que eu proclame tudo quanto descobrir nos teus livros; faz-me «ouvir a voz dos teus louvores» (Sl 25,7). Possa eu beber da tua palavra e considerar as maravilhas da tua lei (cf Sl 118,18), desde o instante em que criaste o céu e a terra até ao momento em que partilhar contigo o reino eterno na cidade santa." (Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja - Confissões XI, 2, 3).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

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