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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

CRÔNICAS DE MINHA ALMA: A LIBERDADE HUMANA OU LIVRE ARBÍTRIO...



CRÔNICAS DE MINHA ALMA: A LIBERDADE HUMANA OU LIVRE ARBÍTRIO...

Muito se tem falado sobre a liberdade humana ou o livre arbítrio, como algo que podemos exercer tal como cada um o entende. Mas, nem sempre o que entendemos como livre arbítrio torna-nos livres de fato. Na verdade, o livre arbítrio para ser o que ele é não pode está desvinculado das virtudes que Deus concedeu aos homens quando nos criou, visto que tudo o que Deus criou é bom e foi criado somente para o bem.

Então, quais são essas virtudes que servem de fundamento para o nosso livre arbítrio? Segundo São Gregório de Nissa, virtude é "uma disposição habitual e firme para fazer o bem", de tal modo que, o fim de uma vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus. Existem numerosas virtudes que se relacionam entre si e que tornam virtuosa a vida. Assim mencionamos as virtudes teologais e as virtudes humanas. As virtudes teologais, cuja origem, motivo e objeto imediato são o próprio Deus, são aquelas infundidas no homem com a graça santificante no batismo, e que os torna capazes de viver em relação com a Santíssima Trindade. São elas: Fé, esperança e caridade (amor). Essas virtudes fundamentam e animam o agir moral do cristão, vivificando as virtudes humanas.

Vejamos agora a virtudes humanas: elas são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade humanas. Elas regulam os atos, ordenam as paixões e guiam a conduta humana segundo a razão e a fé. Adquiridas e reforçadas por atos moralmente bons e repetidos, estas virtudes são purificadas e elevadas pela graça divina, fazendo-nos viver em plena comunhão com a vontade de Deus, que nos dá a verdadeira felicidade. São virtudes humanas: a prudência, que "dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e a escolher os justos meios para o atingir”; a justiça, que é uma constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido; a fortaleza, que assegura a firmeza nas dificuldades e a constância na procura do bem; e a temperança que "modera a atração dos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados", por isso, essa virtude é aplicada aos prazeres. (cf. CIC 1809).

Ora, vivemos num mundo de condicionamentos naturais e também sobrenaturais, porque tudo o que somos e temos, só somos e temos porque recebemos, e ninguém pode duvidar disso. A vida humana e em geral a vida natural se fundamentam na experiência existencial; até mesmo a ciência se baseia nos experimentos para suprir as necessidades mais elementares que se nos quer privar da liberdade. Assim, baseados na experiência existencial, empreendemos o nosso viver, porque tudo em nossa vida depende sempre de nossas decisões, de tal modo que, uma vida virtuosa toma decisões virtuosas, para manter o equilíbrio e o bem estar de si mesmo e de todos; ao passo que, uma vida desequilibrada, baseada nos vícios, toma decisões desastradas e nocivas à tudo e a todos que habitamos este mundo.

Com efeito, já dizia o filósofo, Beato João Duns Scotus: “Ser livre é escolher o Bem, o Sumo Bem e o Sumo Bem é Deus”. São Paulo também escreveu sobre a liberdade humana e assim deixou consignado: “Ora, o Senhor é Espírito, e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”. (2Cor 3,17). E ainda: “Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade como pretexto para prazeres carnais. (Gal 5,13). “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma”. (1Cor 6,12).

Portanto, a liberdade é uma pérola preciosa com a qual o Senhor nos ornou quando de nossa criação; precisamos manter-nos ornados com essa pérola por meio da obediência, do cultivo da inocência e da prática de virtudes que de Deus recebemos. Eis o exemplo que o Senhor nos deixou: “Disse-lhes Jesus: Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra”. (Jo 4,34). Porque “De mim mesmo não posso fazer coisa alguma. Julgo como ouço; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”. (Jo 5,30).

Nestas afirmações de Jesus encontra-se a essência da liberdade dos homens, a Vontade de Deus. Por ela realizamos todos os seus desígnios de amor; somos santificados e permaneceremos com Ele aqui e por toda eternidade. Cabe a nós o encargo dessa submissão amorosa e se for preciso, enfrentaremos até mesmo a morte de cruz, contanto que se realize o Seu Plano de Amor e Redenção para a nossa felicidade e de toda a humanidade.

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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