A GRAÇA DE CADA MOMENTO
Jesus nos ensinou que a revelação divina nos envolve em todos os sentidos de nosso ser e existir no mundo; ora, quando os acontecimentos adversos se dão em nosso meio, na maioria das vezes, ficamos estarrecidos ou impotentes diante deles; ou ainda procuramos respostas para tais acontecimentos, e quando não as encontramos ficamos confusos sem entendermos o porquê de tais acontecimentos, ficamos como que “a ver navios”, como reza o ditado popular; quando na verdade deveríamos buscar refúgio no Senhor que fez o céu e a terra, pois Nele encontramos todas as graças necessárias para superarmos todas as situações embaraçosas de nossa viver. É como o Senhor mesmo nos ensinou: ”Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito. Nisso é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos”. (Jo 15,7-8).
Assim, precisamos entender que não podemos ser os causadores dos problemas que geram as situações adversas da vida, pois, como nos ensina São Paulo: ”Não vos enganeis: de Deus não se zomba. O que o homem semeia, isso mesmo colherá. Quem semeia na carne, da carne colherá a corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na fé”. (Gal 6,7-10).
Em nosso dia a dia temos grande facilidade de olharmos para os pecados dos outros; ora, mas do pecado não vem nada de bom, por isso, nos angustiamos com a maldade alheia que constatamos e terminamos julgando e condenando tais indivíduos. Não convém que seja assim. De fato, não podemos ser coniventes com o pecado de ninguém, mas também não precisamos carregá-lo em nossas almas, pois se o fizermos certamente ele ocupará o lugar que é de Deus em nossa vida, e nos fará um grande mal. Logo, precisamos ouvir e obedecer ao Senhor que nos exorta: ”Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; dai, e vos será dado. Será colocada em vosso regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também”. (Lc 6,36-38). Realmente, um coração misericordioso é semelhante ao coração de Deus.
Um coração quieto que descansa em Deus sabe que Ele não falha nunca. Escutemos, pois, este conselho de Santa Tereza de Ávila, e sigamos o que ela diz: “Nada te perturbe nada te espante, tudo passa, Deus não muda, a paciência tudo alcança; Quem a Deus tem, nada lhe falta: só Deus basta. Eleva o pensamento, ao céu sobe, por nada te angusties, nada te perturbe. A Jesus Cristo segue, com grande entrega, e, venha o que vier, nada te espante. Vês a glória do mundo? É glória vã; nada tem de estável, tudo passa. Deseje às coisas celestes, que sempre duram; fiel e rico em promessas, Deus não muda. Ama-o como merece, Bondade Imensa; Quem a Deus tem, mesmo que passe por momentos difíceis; sendo Deus o seu tesouro, nada lhe falta. Porque só Deus basta!” (Santa Tereza de Ávila).
Então, qual é a graça de cada momento? É aquela que buscamos em Deus sempre, porque Deus se faz presente em todo tempo do nosso viver, haja vista, que se pararmos de respirar cinco minutos morreremos, no entanto, a cada respirar nosso sentimos como que o Senhor nos dizer: filho, filha, eu te amo, por isso te dou a vida constantemente a cada respirar teu, mesmo que não correspondas ao meu amor. Escrevendo a esse respeito, assim se expressou São Paulo: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos! Seja conhecida de todos os homens a vossa bondade. O Senhor está próximo. Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus”. (Fil 4,4-7).
Portanto, aprendamos a nos relacionar com Deus Pai, por meio de nossa oração, pois sua realidade divina envolve nossa vida natural para além do nosso entendimento, e é pelo dom da fé que compreendemos isto e o praticamos. Vejamos a atitude orante do Senhor, Jesus, nos ensinando como devemos nos portar diante de Deus, nosso Pai: “Jesus afirmou essas coisas e depois, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora. Glorifica teu Filho, para que teu Filho glorifique a ti; e para que, pelo poder que lhe conferiste sobre toda criatura, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe entregaste. Ora, a vida eterna consiste em que conheçam a ti, um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo que enviaste. Eu te glorifiquei na terra. Terminei a obra que me deste para fazer. Agora, pois, Pai, glorifica-me junto de ti, concedendo-me a glória que tive junto de ti, antes que o mundo fosse criado. Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus e deste-mos e guardaram a tua palavra. Agora eles reconheceram que todas as coisas que me deste procedem de ti. Porque eu lhes transmiti as palavras que tu me confiaste e eles as receberam e reconheceram verdadeiramente que saí de ti, e creram que tu me enviaste. Por eles é que eu rogo. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. Tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu. Neles sou glorificado”. (Jo 17,1-10). Façamos o mesmo e do mesmo modo que o Senhor nos ensinou. Amém! Assim seja!
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria,OFMConv.
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