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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Terni, onde os judeus oram a São Francisco


Códice do convento "La Romita" apresenta trechos da "Lenda umbra", que conta a história de alguns judeus que invocam a intercessão do santo para salvar uma criança cristã

Roma, (Zenit.org) | 114 visitas

A herança franciscana presente no território da Úmbria meridional vai sendo descoberta progressivamente. E ela consiste não apenas em mosteiros, conventos e obras de arte, mas também nos manuscritos, atas notariais e outras fontes importantes para a compreensão da história de São Francisco de Assis e da sua posteridade.

La Romita, Cesi
Entre esses testemunhos, foi reconhecido nos últimos anos o especial valor do códice do mosteiro de "La Romita", de Cesi, que agora é conservado na Biblioteca de Terni com a numeração 227bis. Nas folhas 231 a 241, ele contém alguns textos litúrgicos para a festa de São Francisco. Essa liturgia inclui a leitura de passagens que ilustram a vida e os milagres do santo de Assis, tomadas, neste manuscrito, da chamada “Lenda umbra”, obra escrita por volta do ano 1240, em que é narrada a história de alguns judeus que invocavam a proteção e a intercessão de São Francisco para salvar uma criança cristã.

Na cidade de Capua, um menino que brincava às margens do rio Volturno com vários companheiros caiu na água por imprudência. A correnteza o engoliu rapidamente e o enterrou na lama, morto. Aos gritos das crianças que brincavam com ele, muitos homens e mulheres apressaram-se para ver o que tinha acontecido à beira do rio, e, ao notarem que a criança tinha se afogado, clamavam chorando: "São Francisco, São Francisco, devolve esta criança ao seu pai e ao seu avô, que labutam a teu serviço!".

O pai e o avô da criança, de fato, tinham dado o melhor de si ao trabalhar com devoção em uma igreja dedicada a São Francisco. Enquanto o povo invocava repetidamente os méritos do bem-aventurado Francisco, um nadador que estava longe, ouvindo os gritos, se aproximou.

Sabendo que a criança tinha caído no rio havia já um longo tempo, depois de invocar o nome de Cristo e de confiar-se aos méritos do bem-aventurado Francisco, ele tirou a roupa e mergulhou nu no rio. Não sabia onde era o lugar exato em que o menino tinha caído e começou a inspecionar aleatoriamente as margens e o leito do rio. Por vontade divina, encontrou finalmente o lugar onde a lama tinha coberto o cadáver da criança, como se fosse uma tumba. Ao desenterrá-lo,confirmou com grande dor que ele estava morto. A multidão reunida, mesmo vendo o menino morto, não parava de clamar: "São Francisco, devolve a criança ao seu pai!". Alguns judeus que estavam ali, movidos por um senso natural de compaixão, também clamavam: "São Francisco, devolve a criança ao seu pai!".

Comovido com a devoção das pessoas, como se depreende do resultado final, o beato Francisco escutou as orações e a criança morta ressuscitou. E enquanto todos se alegravam e ao mesmo tempo permaneciam atônitos, a criança tornada à vida pediu em súplicas para ser levada até a igreja de São Francisco. Ouvindo isso, todos louvaram a Deus que, através do seu servo, tinha-se dignado operar tão grande milagre.

Este códice, facilmente acessível aos estudiosos, mas de acesso difícil para o público em geral, está exposto até 26 de outubro na mostra iconográfica e documental “Louvado sejas, meu Senhor - Seguindo os passos de Francisco de Assis”, na Biblioteca Municipal de Terni, na Itália.

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