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sábado, 7 de abril de 2018

PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 16,9-15)


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 16,9-15)(07/4/18)

Caríssimos, o Senhor ressuscitado nos livrou definitivamente do poder que o mal detinha sobre nós, o único poder que lhe resta é o poder de tentação; mas contra esse poder o Senhor nos dá a sua presença permanente na Eucaristia e nos outros Sacramentos, nos dá a sua Palavra como espada do Espírito Santo para combatermos todo mal; nos dá os dons da oração e da fé e todos os dons que nos são necessários nesta luta; nos dá também o livre arbítrio com o qual podemos dizer não às tentações e ao pecado; para dizermos sempre sim à sua santa vontade.

Com efeito, o viver novo no Espírito Santo significa a permanência no estado de graça que o Senhor nos concede por comungarmos com o seu querer benevolente. Com isso compreendemos que a nossa participação no Mistério da Salvação é fato consumado, não é algo que esperamos, mas sim que vivemos e anunciamos por palavras e atos. Os Apóstolos sofrem afrontas e até a morte por causa do nome de Jesus, porém, jamais abriram mão de testemunha-lo, não obstante toda oposição contrária ao seu anúncio.

Caríssimos, testemunhar Jesus Ressuscitado é testemunha-lo vivo e agindo em nosso meio exatamente como quando estava entre os Apóstolos. Isto porque "Jesus Cristo é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade." Ora, o que isto significa senão aquilo que afirmamos na liturgia? "O Senhor esteja convosco. Ele está no meio de nós."

No Evangelho de hoje, Maria Madalena trouxe aos Apóstolos a feliz notícia da Ressurreição do Senhor, ou seja, Jesus está vivo, ressuscitou dos mortos; mas a princípio eles não acreditaram e essa momentânea incredulidade os impediu de perceberem a presença de Jesus bem ali com eles como testemunhou Maria Madalena. Também nós quando vivemos essa mesma comunhão com o Senhor ressuscitado, seguimos com Ele dando o mesmo testemunho à caminho da vida eterna.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

ESCUTEMOS A VOZ DO


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 21,1-14)(06 /4/18)

Caríssimos, caminhamos com o Senhor na fé e na esperança, isto é, na certeza de que não estamos sozinhos. Por vezes lutamos, trabalhamos, pescamos a nossa sobrevivência, mas as nossas redes como que parecem vazias, todavia, o Senhor está bem presente onde nossas redes aparentemente vazias se encontram, basta ouvirmos a sua voz e identificá-lo com o mesmo amor com que o discípulo amado o identificou. Desse modo, comeremos com Ele à sua mesa o Pão da vida eterna que nos tem preparado, e gozaremos da sua agradabilíssima companhia e o seguiremos na via de perfeição que Ele preparou para nós.

De fato, estamos acostumados com a convivência natural uns com os outros. Porém, pergunto: e o nosso convívio com o Senhor, como se dá? Com efeito, nos acostumamos a ouvir as vozes do mundo, dos acontecimentos, das tantas e tantas pessoas que nos cercam: das redes sociais com suas fake news; ouvimos as vozes das tentações e dos pecados que se cometem na face da terra, e quantas não são as vezes que nos deixamos influenciar por essas vozes e pecamos ao permiti-las em nossa vida.

Porém, quando as silenciamos e não as buscamos mais, deixamos o silêncio sagrado se fazer presente em nós, aí sim, escutamos somente a voz do Senhor que no seu infinito amor nos fala no mais íntimo de nossas almas; de imediato sentimos logo a diferença, pois a voz do Senhor dissipa de nossas almas todos os conflitos, todas as acusações e tudo o que não nos faz bem.

Ora, a voz do Senhor nos traz sempre as soluções de que tanto precisamos, pois é a voz da verdade que liberta sempre, do amor com que somos amados, da providência com que somos amparados, da misericórdia com que somos perdoados, reconciliados e acolhidos como filhos pródigos que retornam à casa de seu pai.

Assim, nessa comunhão com o Senhor, todas as nossas dúvidas são esclarecidas, todas as nossas necessidades são saciadas de tal forma que no Senhor não nos falta nada. Portanto, ao invés de ouvir as tantas e tantas vozes do mundo e seguir os seus ditames; escutemos a voz do Senhor, que nos fala tão claramente como agora está nos falando nesta meditação. Por isso, não sejamos ávidos em ouvir as "novidades" deste mundo, porque quem frequentemente ouve e segue as vozes do mundo dificilmente escuta a voz de Deus e o segue.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

VIVENDO NA PRESENÇA DE JESUS RESSUSCITADO

PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 24,35-48)(05/4/18)

Caríssimos, a ressurreição do Senhor não é um acontecimento  passado, mas sim a realidade divina que nos atualiza sempre e em tudo. Cristo Ressuscitado é aquele que nos faz viver o nosso agora na sua presença numa verdadeira comunhão de amor à caminho do céu. Isto significa viver em Deus como seus filhos e filhas.
Ora, vivendo essa dimensão de ressuscitado com Cristo, depois da cura do paralítico na porta do templo, Pedro dirigiu-se ao povo, dizendo: "Graças à fé no nome de Jesus, este Nome acaba de fortalecer este homem que vedes e reconheceis. A fé que vem por meio de Jesus lhe deu perfeita saúde na presença de todos vós."

Caríssimos, de uma coisa fiquemos certos, se não há uma convivência real com Jesus Ressuscitado, por meio da fé, só vamos entender a vida e tudo o que nela acontece, a partir de nosso entendimento racional e não a partir de nossa comunhão com Ele. Não podemos separar nossa vida pessoal e comunitária da presença providencial do Senhor. Pois eis o que Ele mesmo nos diz: "Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer."

Ora, esse "Permanecer em mim" é essencial para as nossas almas, porque ou vivemos o ser ressuscitados com Cristo assim, ou continuamos sem essa união amorosa com Ele, ou seja, apenas acreditando, mas não aderindo totalmente e incondicionalmente como é preciso. Vejamos: "Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos."

O Evangelho de hoje narra o encontro real de Jesus Ressuscitado com os seus discípulos; notamos nesta narração que tudo o que vai além do limite do que acreditamos, torna-se algo incompreensível, por exemplo: "Os discípulos ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma." Jesus, porém, logo os indagou: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”.

Conclusão: A partir da Ressurreição do Senhor, não podemos viver como se estivéssemos sozinhos, pois Ele mesmo disse: "Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo." Portanto, a nossa missão de testemunhas do ressuscitado consiste em viver por Cristo, com Cristo e em Cristo todos os nossos dias, "em justiça e santidade" até que se cumpra o que Deus Pai determinou em Seu Plano de Amor conforme a Sua Vontade.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Livro: Francisco de Assis - Um discípulo que Provoca


Pela graça de Deus publicamos nosso primeiro livrinho sobre o carisma Franciscano.

Trata-se de três estudos.
No primeiro capítulo, utilizando as fontes biográficas do primeiro século franciscano, trabalhamos a graça salvadora em Francisco de Assis (artigo que apresentei a TOR - Terceira Ordem Regular da Itália em 2010).
No segundo capítulo fizemos uma resenha da primeira biografia de Francisco produzida por seu discípulos Tomás de Celano.
No Terceiro capítulo apresentamos a mistagogia franciscana que é sempre atual e impactante (estes dois capítulos são partes da Especialização em História Antiga e Medieval na Faculdade do Mosteiro São Bento - 2014). 


Compre, leia e divulgue este livrinho que está disponível no clube dos autores: 

https://www.clubedeautores.com.br/book/240108--Francisco_de_Assis#.WZ8VgEG0nIU

sexta-feira, 21 de abril de 2017

PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 21,1-14)


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 21,1-14)(21/4/17)

Em nenhum outro nome há salvação.

A obra da salvação humana é obra Divina e ninguém, por mais que queira, poderá impedir que ela se realize em toda sua plenitude. A partir do primeiro pecado, a humanidade ficou conhecendo a terrível oposição que existe contra Deus e contra a Sua Obra. E isso se torna cada vez mais acentuado, à medida que inocentes são barbaramente assassinados, como aconteceu com Jesus de Nazaré, o Filho amado de Deus.

Neste sentido, não há dúvida de que estamos em meio a uma grande luta entre o Bem e o mal; entre justos e injustos; entre aqueles que permanecem fiéis ao Senhor e aqueles que seguem o maligno; é o que vemos na primeira leitura, os apóstolos são perseguidos por fazerem o bem em nome de Jesus ressuscitado. Mas quanto a isto, o Senhor já os havia alertado: "Cuidai-vos dos homens. Eles vos levarão aos seus tribunais e açoitar-vos-ão com varas nas suas sinagogas. Sereis por minha causa levados diante dos governadores e dos reis: servireis assim de testemunho para eles e para os pagãos. Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo." (Mt 10,17-18.22).

Já no Evangelho de hoje os discípulos encontram Jesus à beira do lago, “mas não sabiam que era Jesus”. Com efeito, o Senhor deu até um sinal do novo que acontecia, quando começou um diálogo com eles: “Jesus disse-lhes: 'Lançai a rede à direita da barca, e achareis.' Lançaram pois a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes.

Aqui, dois fatos nos chamam a atenção: primeiro, mesmo sem ser reconhecido, Jesus realiza o que ordena, uma vez que eles, ao obedecerem sua Palavra, pescaram em poucos minutos o que não conseguiram durante toda noite. Segundo, percebemos, na pessoa de São João, que o amor sempre encontra facilmente a verdade, pois aquele que ama vê muito além do que os olhos podem ver. Isto porque, mesmo diante do milagre, ainda não o tinham percebido claramente. “Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: 'É o Senhor!'”

Conclusão: ao viver a nova condição de ressuscitados com Jesus ressuscitado, os discípulos levam consigo o poder do Seu Nome e por esse poder anunciam a boa nova da salvação à todas as nações; ora, isto se dá também em nossos dias, pois Jesus continua sua obra salvífica até o fim do mundo e “aquele que perseverar até o fim será salvo.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.

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terça-feira, 4 de abril de 2017

O PROTESTANTISMO E O SEU RESULTADO NEFASTO...



O PROTESTANTISMO E SEU RESULTADO NEFASTO...

Com efeito, neste ano de 2017 o protestantismo completará 500 anos de existência; tal movimento teve início em 31 de Outubro de 1517 (data essa onde atualmente nos Estados Unidos, país de fundação protestante, se celebra o dia das bruxas; ou seja, isto é só um alerta que faço para ficarmos atentos), por meio de Martinho Lutero ao pregar suas 95 teses na porta da Catedral de Winttenberg, na Alemanha, contestando a autoridade do Papa e da Igreja Católica no tocante às indulgências. Desse modo, deu-se início ao protestantismo que se alastrou mundo afora até os dias de hoje, tendo como consequência a divisão do cristianismo. Ora, foi como se toda a evangelização desde Cristo e os Apóstolos até 1517, data da pretensa reforma, fosse ineficaz, pois a partir das ideias de Lutero é que se devia refundar o cristianismo; logo essa infeliz proposição Protestante tomou corpo e se difundiu rapidamente como uma espécie de enfermidade contagiosa atingindo toda a Europa e com o tempo também o mundo.

Com efeito, rejeitar a autoridade do Papa é rejeitar a quem lhe deu essa autoridade, Cristo Jesus: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela, eu te darei as chaves do Reino dos céus, tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”. (Mt 16,19; cf. Jo 21,15-19). E ainda: “Quem vos rejeita a mim rejeita, quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou” (Lc 10,16). Assim também quem rejeita a Igreja, rejeita Cristo, pois não existe a Igreja sem Cristo, porque a Igreja é o Corpo de Cristo, do qual Ele é a cabeça e nós somos os seus membros (cf. Cl 1,18; 1Cor 10,17;12,12.26).

De fato, o Diabo é esperto e sabe como enganar e a quem enganar com a divisão que implantou, pois o número de denominações protestantes é tamanho que chega ao absurdo. Ora, o espírito de divisão nunca foi e nunca será de Deus. Seguir o caminho do protestantismo é seguir o caminho de Lutero e não o de Cristo, pois o Jesus do protestantismo não é o Filho de Deus; e isto constatamos ao lermos as teses de Lutero, que são uma verdadeira afronta à Palavra de Deus. Pois, não passam de artimanhas e argumentos fúteis, usados para fomentar a divisão, a discórdia e tudo o que elas geraram desde então.

Quanto às indulgências, estas são autênticas e legítimas, pois não existe nada de errado no perdão das penas devidas pelos pecados ou na comutação delas (cf. Jo 20,21-23); pois o Senhor no-las dá, por meio de seus Ministros devidamente ordenados, porque nos ama e é misericordioso para conosco. De fato, no passado houveram abusos por parte de alguns desobedientes, no entanto, foram corrigidos, e graças a essa disciplina, hoje podemos usufruir delas livremente para a nossa salvação, como ocorreu no ano da Misericórdia proclamado pelo Santo Padre, o Papa Francisco.

No mais, é só verificar a contradição na qual os líderes protestantes caem hoje em dia com relação as indulgências que Lutero condenava, e que o próprio Lutero caiu em tentação ao usufruir do dinheiro e da proteção dos príncipes mandatários que o apoiaram em sua desobediência contra a Igreja Católica. A única diferença é que os nomes usados por eles hoje são: “ofertas”, “dízimos”, “colaboração”, etc. Ora, assim compreendemos quais foram os pilares da fundação do protestantismo: a luta pelo poder temporal e espiritual baseada na ganância, no obter dividendos, e no forte loby político dos príncipes alemãs (prática de tráfico de influências ou até mesmo corrupção ativa) contra a Igreja Católica, aproveitando-se da rebeldia de Lutero.

A única coisa que tenho a dizer sobre isto é o que está escrito na Carta de São Paulo aos Romanos: “Assim, és inescusável, ó homem, quem quer que sejas, que te arvoras em juiz. Naquilo que julgas a outrem, a ti mesmo te condenas; pois tu, que julgas, fazes as mesmas coisas que eles. Ora, sabemos que o juízo de Deus contra aqueles que fazem tais coisas corresponde à verdade. Tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, mas as cometes também, pensas que escaparás ao juízo de Deus? Ou desprezas as riquezas da sua bondade, tolerância e longanimidade, desconhecendo que a bondade de Deus te convida ao arrependimento? Mas, pela tua obstinação e coração impenitente, vais acumulando ira contra ti, para o dia da cólera e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo as suas obras: a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, buscam a glória, a honra e a imortalidade; mas ira e indignação aos contumazes, rebeldes à verdade e seguidores do mal. Tribulação e angústia sobrevirão a todo aquele que pratica o mal, primeiro ao judeu e depois ao grego; mas glória, honra e paz a todo o que faz o bem, primeiro ao judeu e depois ao grego. Porque, diante de Deus, não há distinção de pessoas.” (Rm 12,1-11).

Vejamos em termo de doutrina o que o protestantismo gerou:

O protestantismo destruiu na mente de seus seguidores o conceito de Igreja como Sacramento Universal da salvação da humanidade, a parte visível do Reino de Deus no mundo, a unidade do Corpo do Senhor; e implantou um conceito de divisão tal qual o mal sempre quis; por isso, tentou anular a autoridade dada por Jesus a Pedro (cf. Mt 16,16-19; Jo 21,15-19) e trocou pelo conceito subjetivista "só a escritura", onde cada um podia interpretar a Sagrada Escritura conforme o próprio entendimento, e com isso criou uma incontável multiplicidade de denominações proselitistas para dividir o rebanho do Senhor, implantando as mais espúrias doutrinas que já se viu na face da terra, sinal do mesmo espírito de desobediência implantado na mente de Lutero, e que se faz presente em sua doutrina e na mente de seus seguidores.

Por não ter a sucessão apostólica, o protestantismo retirou de seus seguidores a fé na Santa Missa, Santo Sacrifício encruento do Senhor, Memorial permanente da nossa salvação e a rebaixou entre eles para Culto da Palavra, abandonando com isso a prática dos Sacramentos. Ora, os Sacramentos são Sinas Sagrados onde Deus opera diretamente a salvação dos homens; no entanto, o protestantismo destituiu de sua doutrina a prática sacramental eliminando dela a Teofania Divina (ação direta de Deus) nos sete Sacramentos (Batismo, Crisma, Reconciliação, Eucaristia, Unção dos Enfermos, Matrimônio e Ordem) e os trocou facilmente pela frase: "Você aceita Jesus como seu salvador?" Como se essa pergunta fosse o único critério para a salvação da humanidade; ora, em nenhuma evangelização que o Senhor e os Apóstolos fizeram se encontra tal pergunta. Todavia, em sua evangelização, os encontramos administrando os Sacramentos (cf. Jo 20,21-23; At 2,37-42; 1Cor 11,23-26; Tg 5,13-16; 2Tm 1,6).

Ora, o Protestantismo sempre criticou as devoções pessoais, no entanto, trocou a verdadeira devoção à Mãe de Deus e aos Santos (cf. Ap 8,3-4), pelo culto à personalidades (pecado gravíssimo, cf. Jo 5,41-44); ou seja, são inimigos da devoção à Mãe de Jesus (cf. Gn 3,15) e aos santos, mas não hesitam enaltecer pregadores e astros da música Gospel, pagando verdadeiras fortunas por seus shows e ministrações; ou ainda a exaltação de Pastores-astros midiáticos, ou outros famosos como cantores e jogadores de futebol que se dizem “evangélicos”, por participarem de seus cultos, etc.

O protesto de Lutero começou com a crítica às indulgências, mas hoje o protestantismo vende de tudo, orações, óleo santo, água do rio Jordão, fogueira santa, rosa ungida, pretensas revelações, etc. Até para se entrar no "Templo de Salomão" tem que pagar; sem contar os inúmeros escândalos na política usando o  nome do Senhor Jesus e de denominações para desvios de dinheiro público, horrível, verdadeira abominação (cf. 1Tm 6,6-10).

São João bem explica o porquê de tudo isso: (I São João 2,18-29): “Filhinhos, esta é a última hora. Vós ouvistes dizer que o Anticristo vem. Eis que já há muitos anticristos, por isto conhecemos que é a última hora. Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, ficariam certamente conosco. Mas isto se dá para que se conheça que nem todos são dos nossos.”

“Vós, porém, tendes a unção do Santo e sabeis todas as coisas. Não vos escrevi como se ignorásseis a verdade, mas porque a conheceis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. Quem é mentiroso senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse é o Anticristo, que nega o Pai e o Filho. Todo aquele que nega o Filho não tem o Pai. Todo aquele que proclama o Filho tem também o Pai.”

“Que permaneça em vós o que tendes ouvido desde o princípio. Se permanecer em vós o que ouvistes desde o princípio, permanecereis também vós no Filho e no Pai. Eis a promessa que ele nos fez: a vida eterna. Era isto o que eu vos tinha a escrever a respeito dos que vos seduzem. Quanto a vós, a unção que dele recebestes permanece em vós. E não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, assim é ela verdadeira e não mentira. Permanecei nele, como ela vos ensinou.”

“E agora, filhinhos, permanecei nele, para que, quando aparecer, tenhamos confiança e não sejamos confundidos por ele, na sua vinda. Se sabeis que ele é justo, sabei também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele.”


Em suma, muitas heresias apareceram na face da terra, entretanto, o protestantismo se tornou a pior delas, pois usa a Palavra de Deus para desobedece-lo (cf. Mt 4,1-10; Gl 1,6-9). Ou seja, leem a Palavra pela ótica da desobediência de Lutero em quem tal heresia teve origem. Nenhuma pessoa que segue o protestantismo consegue ter paz, pois vive numa desconfiança infinda, por estar sob a mesma excomunhão de seu fundador e chefe. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.

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FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Minha leitura do filme Silêncio de Martin Scorsese

Paz e bem!

Domingo, 12 mar., fui assistir ao filme Silêncio (Silence) de Martin Scorsese. Além das questões relativas à História do Catolicismo no Japão, eu tinha um motivação muito particular: eu digo que para meu pai (que faleceu em junho do ano passado) no fundo a hierarquia da Igreja Católica era assim:
  1. O Papa
  2. Os Cardeais
  3. Os Bispos
  4. Os Padres Jesuítas
  5. Os demais Padres
Meu tio avô, que eu não conheci, era o Padre Luiz Gonzaga Jaeger, SJ, que pesquisou sobre as missões aqui no Rio Grande do Sul e hoje dá nome a uma escola pública em Canoas.

Três jesuítas martirizados no Japão / Guido Cagnacci. Séc. 17.
Traçar um paralelo entre a ausência de resposta por parte de Deus perante o que estão vendo e sofrendo e o silêncio com que Deus Pai responde ao sofrimento de Jesus na crucificação é um caminho muito óbvio, já apontado no próprio título e explicitamente durante o filme.

Mas saí do cinema com a impressão de o Scorsese fez uma leitura muito própria da citação bíblica "Não existe amor maior do que dar a vida por seus irmãos" (Jo 15, 13).

Para isto o protagonista, Padre Rodrigues, para que parasse a perseguição aos aos cristãos japoneses dá algo maior que a sua vida; dá a sua alma (e para os europeus no seculo XVII isto era algo muitíssimo importante). E como ele dá a sua própria alma? Ao Formalizar publicamente o ato de abandono da fé cristã e católica, num Autodefé japonês. Após isto fica claro que sem a presença de um padre no território nipônico, as autoridades voltarão a fazer vistas grossas com relação aos grupos cristão ainda existentes.

E de fato, continuaram nas catacumbas a perseverarem na sua fé, só ministrando o batismo, rezando discretamente em comunidade e transmitindo bocaaboca o que haviam aprendido no passado. Estes católicos só voltam a aparecer no século XIX, depois que o estadounidense Comodoro Perry com seus canhões forçou o Japão a abrir-se aos estrangeiros -- o que precipitou o fim do xogunato (o que é retratado no fime o Úlitmo Samurai (The Last Samurai)) --.

Mas voltando ao filme após o Autodefé, que realizou os atos blasfemos, mas em consciência não aderiu a uma nova fé ainda tem muita angustia. Aí vem Kichijiro, o primeiro japonês que ele encontrara, um cristão que já várias vezes renegara a sua fé em público -- sendo que da primeira vez o restante de sua família não o fez e por isto foi morta na sua frente -- um personagem miserável, fraco, que vive se torturando pela sua fraqueza, que não conseguia se perdoar e que Rodrigues conseguir convencer que ele poderia obter a misericórida de Deus por meio do sacramento da Confissão. Pois bem, mais uma vez vem Kichijiro pedir para se confessar, Rodrigues responde que ele já não é mais padre, o japonêss insite e isto faz com que o jesuíta se recorde que mesmo ele sendo uma pessoa indigna a doutrina afirma: "Tu és sacerdote para sempre" e ele mais uma vez ouve a confissão e apartir daí ele alcança a paz interior, mesmo que para os olhos de todos ele já não fosse mais um católico, ele confiava na misericórdia do Deus Uno e Trino.

Sim esta é uma leitura muito particular que faço do filme
(e pode ser que seja o do livro que dá origem ao filme,
mas não lí o livro),
e tenho certeza de que muitos catolibãs não vão gostar dela
(mas o problema é deles).
PS: No caso do Brasil também podemos fazer uma leitura sobre como sobreviver em tempos de perseguição política, mas óbvio que o Scorsese não tava pensando na situação golpista e TEMERosa do Tucanistão.
Fonte da ilustração: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Guido_Cagnaccio_-_Three_Jesuit_martyrs_in_Japan.jpg acesso em 2017-03-15

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