De quem é a Amazônia? De quem é o Planeta?
É notório um ar de prepotência na reportagem do jornal estadunidense "The New York Times", intitulada "De quem é esta floresta amazônica, afinal?" (18/05/08). Mas, penso que a questão colocada na reportagem é bem vinda para os dias de hoje. Realmente, nós humanos precisamos ter um diálogo franco, com o máximo possível de serenidade e nos perguntarmos sobre isto. Afinal, de quem a Amazônia? E o Planeta, é de quem mesmo? Quem é ou quem são "os donos" das florestas, dos rios, dos mares, das praias, das geleiras, das nascentes, dos mananciais, dos aqüíferos, das terras, das cidades? Enfim, precisamos questionar as apropriações que existem ao redor da Terra.
É um tanto quanto contraditório um cidadão estadunidense, seja alguém da imprensa ou um líder político, como é o caso de Al Gorre, questionar a política de proteção da Amazônia, dada pelas nações que dividem seu território. Afinal, os Estados Unidos estão cercando seu país, impedindo a entrada de estrangeiros em suas cidades. Eles não têm uma política territorial fraterna, humana e civilizada. Não há dúvida de que o jornal fez bem em colocar este tema em questão, mas a forma como colocou é muito às avessas.
Não parece nada sensato que alguns líderes internacionais e/ou a própria imprensa estrangeira venha a dizer como deve ser a política territorial dos países latino-americanos que dividem o território amazônico. O que é realmente necessário, é que a Comunidade Humana, através de seus legítimos organismos internacionais, faça um diálogo verdadeiramente democrático sobre a forma de como podemos melhor proteger todo o patrimônio natural da Humanidade. E diante disso, cabe discutir também sobre os mais diversos tipos de patrimônio, como por exemplo, o financeiro, o científico, o tecnológico, o intelectual e etc. Pois, as riquezas e toda a produção dos países são frutos da natureza e do trabalho humano.
A produção das grandes indústrias e do agronegócio, o lucro de todas as empresas, dos bancos e dos mais diversos setores da economia mundial, de alguma forma, são frutos da exploração dos recursos naturais e da força de trabalho do ser humano. Isto significa que estas empresas deveriam reverter a maior parte de seus lucros para preservar o meio ambiente e melhorar a vida das pessoas em todas as partes do mundo. Porém, não é isto que fazem e ainda querem obter sempre mais lucro. Agem como se fossem os donos do mundo, como se o planeta fosse um quintal particular. É hora de pensar nisso. Será que as grandes indústrias e o agronegócio, o grande capital têm o direito de se apropriar tão vorazmente das riquezas do nosso planeta? O mundo é de todos os seres humanos e de todas as formas de vida. O planeta Terra é nossa casa comum, é a morada desta geração e das futuras gerações.
Para preservar a saúde da Terra e construir um futuro melhor é preciso que cada pessoa cuide bem da vida que está ao seu redor e que cada nação desenvolva políticas públicas de sustentabilidade. Também se faz necessário que os governos unam forças para preservar todo o patrimônio de vida que existe em nosso planeta. Porém, não se pode abrir a ferida do conflito com desrespeito a soberania de cada nação. No caso da Amazônia, é sensato que todos os países estejam preocupados e que realmente despendam esforços, empenhos para ajudar a cuidá-la. Mas, respeitando a política territorial de cada país.
Frei Pilato Pereira
www.olharecologico.blogspot.com
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