COMENTÁRIO À EXORTAÇÃO APOSTÓLICA MARIALIS CULTUS, DO PAPA PAULO VI
Ao longo dos séculos, o protestantismo e suas mais diversas correntes
doutrinárias, usando interpretações subjetivistas ou literalistas da Sagrada
Escritura, passaram a perseguir a Igreja Católica acusando-a de idolatria por
causa do uso de imagens dos santos e da devoção à Virgem Maria, Mãe de Jesus. Ora,
tudo isso de certa forma semeou uma espécie de confusão ou dúvida doutrinária,
como um joio na boa semente da fé, levando milhares de cristãos católicos menos
convictos à apostasia. De fato, o papel das seitas sempre foi esse de manipular
as massas menos instruídas a fim de tirar proveito delas, seja para o
enriquecimento ilícito de seus líderes, seja para angariar o maior número possível
de prosélitos com o propósito claro de dividir os cristãos.
A Igreja, por meio dos Concílios e em especial o Concílio Vaticano II,
procurou combater as falsas interpretações e acusações infundadas destas seitas
e em especial do proselitismo protestante, por meio de Documentos Conciliares
com base nas Sagradas Escrituras, na Tradição dos Santos Padres e no Magistério
da Igreja, dando ao Povo de Deus uma doutrina sólida e consistente capaz de
afugentar toda e qualquer dúvida quanto à realização do Plano de Deus para
nossa salvação na única Igreja fundada por Jesus Cristo, e que Ele constituiu
como Povo de Deus escolhido, a caminho do Reino dos Céus.
A Exortação Apostólica Marialis Cultus do Papa Paulo VI, nasceu sob a inspiração
da renovação litúrgica decidida pelos Padres Conciliares e consignada nos Documentos
expedidos pelo Concílio Vaticano II, especialmente a Sacrossanctum Concilium, “a qual se propunha, exatamente, restaurar e
fomentar a Liturgia, tornando mais profícua a participação dos fiéis nos
sagrados mistérios” (SC 1-3). Na introdução de sua Exortação Apostólica, Paulo
VI, lembra que o objetivo da reforma litúrgica proposta pelo Concílio é “dar realização ordenada à restauração do
culto com o qual a Igreja, em espírito e verdade (cf. Jo 4,24), adora o Pai, o
Filho e o Espírito Santo, "venera com particular amor Maria Santíssima,
Mãe de Deus" (SC 103), e honra com religioso obséquio a memória dos
mártires e dos outros santos.” (MC). Já no corpo da Exortação, Paulo VI,
trata da “reta ordenação e desenvolvimento do culto à bem-aventurada virgem Maria”,
como ele mesmo exorta: “a história da
piedade demonstra que "as diversas formas de devoção para com a Mãe de
Deus, que a Igreja aprovou, dentro dos limites da doutrina sã e ortodoxa"
(LG 66) se desenvolvem em subordinação harmônica ao culto de Cristo, e gravitam
à volta deste, qual ponto de referência natural e necessário das mesmas.”
(MC). Pois, quando a liturgia "volve
o seu olhar quer para a Igreja primitiva, quer para a contemporânea, aí
encontra, amiúde e sem esforço, Maria: nos primórdios, como presença orante,
juntamente com os Apóstolos; mais proximamente, como presença operante,
juntamente com a qual a Igreja quer viver o mistério de Cristo". (MC)
Por fim, a última parte da Marialis Cultus, Paulo VI dedica ao estudo
e recomendação do Santo Rosário, destacando o seu caráter de oração evangélica
e contemplativa, coerente com a oração litúrgica da Igreja; assim disposto em seus
elementos: “a) a contemplação, em
comunhão com Maria, de uma série de mistérios da Salvação, sapientemente
distribuídos em três ciclos que exprimem: o gozo dos tempos messiânicos; a dor
"salvífica" de Cristo; e a glória do divino Ressuscitado que inunda a
Igreja. Uma tal contemplação, pela sua natureza, conduz à reflexão prática e
suscita estimulantes normas de vida”. (MC). Acrescente-se aos mistérios
acima citados a contemplação de um quarto Mistério, chamado de Luminoso pelo
Papa João Paulo II em sua CARTA APOSTÓLICA ROSARIUM VIRGINIS MARIAE; que trata
“dos mistérios da vida pública de Cristo
entre o Batismo e a Paixão... Onde contemplamos aspectos importantes da pessoa
de Cristo, como revelador definitivo de Deus”. (RVM).
“b) a Oração Dominical, ou
Pai-Nosso, que, pelo seu imenso valor, está na base da oração cristã e a
nobilita nas suas diversas expressões; c) a sucessão litânica da Ave-Maria, que resulta
composta da saudação do Anjo à Virgem Santíssima (cf. Lc 1,28) e do bendizente
obséquio de Isabel (cf. Lc 1,42), ao que se segue a súplica eclesial Santa
Maria; d) a doxologia Glória ao Pai, que, em conformidade com uma orientação
generalizada da piedade cristã, encerra a oração com a glorificação de Deus,
uno e trino, do qual, pelo qual e para o qual são todas as coisas (cf. Rom
11,36). Estes são, pois, os elementos do santo Rosário. Cada um deles tem a sua
índole própria, que, acertadamente compreendida e apreciada, deve refletir-se na
recitação, a fim de que o mesmo Rosário exprima toda a sua riqueza e variedade”.
(MC). Enfim, Paulo VI termina sua Exortação
Apostólica convidando todos os cristãos à rezarem o Santo Rosário especialmente
em família.
Paz e Bem!
Frei Fernando,OFMConv.
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