Marcelo Barros*
Ao me consagrar a uma Teologia Pluralista da Libertação, tenho muita dificuldade em lidar com a linguagem arrogante que fala do Cristo como fundamento primeiro da Teologia, desligando-o do sacramento do pobre. Sinto como se estivéssemos recuando ao tempo em que a Teologia ficava com a racionalidade ocidental e considerava a Espiritualidade um campo menos sério e pouco objetivo. Para mim, o mais importante é a palavra de Jesus no Evangelho: "Não é quem me diz ´Senhor!, Senhor!´ que entra no reino, mas quem faz a vontade do meu Pai que está no céu" (Mt 7, 21). E com relação aos pobres: "o que fizeste a um destes pequeninos, a mim o fizeste" (Mt 25, 40). Se ele mesmo propõe esta identificação tão forte, porque é preciso fazer uma Teologia para distinguir e separar?
Continuo convencido de que vale a pena ser discípulo de Jesus, mas não isolando o Cristo como objeto da fé e fundamento teórico da Teologia e sim como referência para o seguimento. Quero crer em Jesus, assumindo a fé de Jesus, fé no Abba, um paizinho que é como mãe de Amor, sua fé no mundo transformado e sua fé em nós como pessoas, às quais ele confia a missão de testemunhar o seu amor e o reino.
Em 1968, Pasolini começa o filme ‘Teorema’ com uma citação do Êxodo: "Deus não conduziu o seu povo da escravidão do Egito para a terra da liberdade por um caminho reto (a terra dos filisteus), mas o fez dar volta durante 40 anos, pelo deserto..." (Ex 13, 17- 18). A Teologia da Libertação está completando qu

* Monge beneditino e escritor
Extraído de http://www.cebsuai.org.br/content/view/1512/36/ acesso em 12 Dez. 2008.
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