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segunda-feira, 13 de julho de 2009

Frei Antônio de Sant'ana Galvão, ofm

Este artigo é do tempo da beatificação,
todos sabemos que agora ele já foi canonizado,
mas as informações ainda são válidas.
A Família Franciscana brasileira estará mais uma vez em festa por seu novo beato. Desde o dia 25 de outubro de 1998, quando foi solenemente beatificado, em Roma, por João Paulo II, Frei Antônio de Sant´Anna Galvão, ganha devotos no Brasil e está tornando o Mosteiro da Luz, na capital paulista, cada vez mais conhecido e procurado por seus fiéis. Não é para menos: ele é o fundador do Mosteiro. Frei Antônio Galvão é o primeiro brasileiro nato que recebeu as honras dos altares e foi chamado por João Paulo de "a doçura de Deus".

Frei Galvão nasceu em Guaratinguetá, em 1739, e faleceu em São Paulo, em 1822. Filho legítimo de outro Antônio Galvão de França, capitão da mesma vila e natural de Faro, no extremo Sul de Portugal, e de Da. Isabel Leite de Barros, Frei Galvão era o quarto. Três morreram ainda menores e os outros sete casaram e deixaram uma larga descendência.

Sua vida religiosa começa aos 13 anos de idade, quando partiu para a Bahia, onde foi estudar no Seminário de Belém, que a Companhia de Jesus mantinha a 130 km de Salvador. Lá permaneceu cerca de 5 anos. Recebeu formação muito sólida, porque sempre foi conhecido como excelente latinista e possuidor de ótima base humanística.

Mas os tempos eram difíceis para os filhos de Santo Inácio, e as perseguições de todos os lados se armavam contra eles. O pai de Antônio, bem informado a respeito, teria preferido que o filho ingressasse noutra família religiosa, o que explica que ele se tenha encaminhado para a Ordem Franciscana.

A vida religiosa

Em 1760, aos 21 anos de idade, Antônio recebeu o hábito de São Francisco. Fez o noviciado no Convento de São Boaventura de Macacu, capitania do Rio de Janeiro. Na vida religiosa, adotou o nome de Frei Antônio de Sant´Anna Galvão, como sinal de devoção à Mãe da Santíssima Virgem, Santa Ana, então padroeira da família Galvão de França.

No dia 16 de abril de 1761, professou solenemente. Foi ordenado sacerdote antes de cursar regularmente Filosofia e Teologia, em caráter excepcional - o que depõe, obviamente, em favor de sua ótima formação cultural e, sobretudo, da confiança que os superiores manifestavam em suas virtudes.

Após a ordenação, realizada em 1762, foi enviado para São Paulo, onde passou alguns anos aplicado aos estudos regulares de Filosofia e Teologia. Em 1768, já concluídos tais estudos, foi nomeado, pelo Capítulo Provincial como pregador, confessor de Seculares e Porteiro do Convento São Francisco, em São Paulo

Fundador do Mosteiro da Luz

Em 1769-70 foi designado Confessor das irmãs "Recolhidas de Santa Teresa" em São Paulo. Neste Recolhimento, encontrou Irmã Helena Maria do Espírito Santo, religiosa de profunda oração e grande penitência, que afirmava ter visões pelas quais Jesus lhe pedia para fundar um novo Recolhimento. Frei Galvão, como confessor, ouviu e estudou tais mensagens e solicitou o parecer de pessoas sábias e esclarecidas, que reconheceram tais visões como válidas. A data oficial da fundação do novo Recolhimento é 2 de fevereiro de 1774. Irmã Helena queria modelar o Recolhimento segundo a ordem carmelita, mas o Bispo de São Paulo, franciscano e intrépido defensor da Imaculada, quis que fosse segundo a das Concepcionistas aprovadas pelo Papa Júlio II, em 1511.

A fundação passou a se chamar "Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Divina Providência". Durante quatorze anos (1774-1788) Frei Galvão cuidou da construção do Recolhimento. Outros quatorze (1788-1802) dedicou à construção da Igreja, inaugurada aos 15 de agosto de 1802.

Guardião do Convento São Francisco

Frei Galvão foi nomeado Guardião do Convento de S. Francisco em São Paulo em 1798 e reeleito em 1801. Em 1808, pela estima que gozava dentro de sua Ordem, foi-lhe confiado o cargo de Vïsitador Geral e Presidente do Capítulo, mas devido a seu estado de saúde foi obrigado a renunciar- embora desejasse obedecer prontamente. Em 1811, a pedido do Bispo de São Paulo, fundou o Recolhimento de Santa Clara em Sorocaba, no Estado de S. Paulo. Ai permaneceu onze meses para organizar a comunidade e dirigir os trabalhos iniciais da construção da Casa. Voltou Frei Galvão para São Paulo e ainda viveu 10 anos. Quando as forças impediram de fazer o trecho entre o Convento de São Francisco e a atual av. Tiradentes do Mosteiro da Luz, obteve dos seus superiores a autorização para ficar no Recolhimento da Luz. Durante sua última doença, Frei Antônio passou a morar num "quartinho" (espécie de corredor) atrás do Tabernáculo, no fundo da Igreja, graças às insistências das religiosas, que desejavam prestar-lhe algum alívio e conforto. Ele faleceu no dia 23 de dezembro de 1822, 10 horas da manhã, confortado pelos sacramentos e assistido pelo seu Padre Guardião, dois Confrades e dois Sacerdotes diocesanos.

Pílulas de Frei Galvão

Certo dia um moço que se debatia com fortes dores provocadas por cálculos na vesícula, pediu a Frei Galvão que o abençoasse para ficar livre da dor. Frei Galvão, lembrando-se do poder de intercessão da Santíssima Virgem escreveu num papelzinho o verso do breviário: "Post partum Virgo inviolata permansisti, Dei Genitrix Intercede pro nobis" e mandou ao moço ingerir o papelzinho feito em forma de pílula. O moço o fez, confiando em Nossa Senhora e expeliu os cálculos sem dificuldade.

Caso semelhante se deu de modo seguinte: Frei Galvão foi procurado por um senhor, pedindo ajuda para sua mulher que se achava em grave trabalho de parto e com perigo de vida. Frei Galvão se lembrou do caso do moço curado e foi dar ao senhor as pílulas de papelzinho com os mesmos dizeres: Post partum (Depois do parto permanecestes Virgem, Mãe de Deus, intercedei por nós). Depois de ter ingerido as pílulas, a mulher deu à luz sem problemas. Esta foi a origem dos papelzinhos que desde então foram muito procurados pelos devotos de Frei Galvão e até hoje o Mosteiro fornece às pessoas que têm confiança na intercessão do Servo de Deus.

Passos da Beatificação

1938 - D. Duarte Leopoldo e Silva, arcebispo de São Paulo, nomeia Frei Adalberto Ortmann, ofm, postulador da causa de Frei Galvão. Seguiram-se várias etapas e outros postuladores da ofm.

1987 - Dom Paulo Evaristo Arns, Cardeal de SP, reabre solenemente o processo, sendo postulador Frei Desidério Kalverkamp, ofm.

1990 - O processo é reassumido pela irmã Célia Cadorin, Irmãzinha da Imaculada, sendo postulador o Pe. Antônius Ricciardi, em Roma, e vice-postulador o Pe. Arnaldo Vicente Belli, no Brasil.

1990 - 21/12, o processo é introduzido na Congregação pela Causa dos Santos em Roma, e aprovado.

1991 - 5/2 Solene Exumação dos restos mortais do Servo de Deus, na Igreja do Mosteiro de N.S. da Luz, SP.

1996 - Em Roma: primeiro a aprovação da Comissão de Teologia; depois a dos Cardeais e Bispos sobre a venerabilidade do candidato. Aprovações e louvores. Ele se tornou Venerável.

1997 - 5/4, pela manhã, em Roma, nova e brilhante aprovação!

1998 - No dia 25 de outubro de 1998, Frei Galvão foi solenemente beatificado, em Roma, por João Paulo II.

Papa apelida Frei Galvão de Doçura de Deus

"É com viva satisfação que saúdo os numerosos peregrinos brasileiros que vieram a Roma para participar da solene beatificação do primeiro Beato nascido em solo brasileiro, Frei Antônio de Sant'Ana Galvão, também conhecido como Frei Galvão. Guaratinguetá, sua cidade natal, deve sentir-se muito feliz, porque um seu filho subiu à honra dos altares. No lar do Beato Frei Galvão, a imagem de Sant'Ana reunia sua família todas as noites para as orações, e foi dali que brotou aquela atenção pelos mais pobres, que acorriam à sua casa e que, anos mais tarde, atrairia milhares de pessoas aflitas, doentes e escravos, em busca de conforto e de luz, a ponto de ele ser conhecido como "o homem da paz e da caridade". Vamos pedir a Deus que, com o exemplo do Beato Frei Galvão, a fiel observância de sua consagração religiosa e sacerdotal sirva de estímulo para um novo florescimento de vocações sacerdotais e religiosas, tão urgente na Terra de Santa Cruz. E que esta fé, acompanhada das obras de caridade, que transformava o Beato Frei Galvão em doçura de Deus, aumente nos filhos de Deus aquela paz e justiça que só germinam numa sociedade fraterna e reconciliada".

João Paulo II, no dia 26 de outubro de 1998


Extraído de http://www.itf.org.br/index.php?pg=artigosfranciscanismo#5 acesso em 11 jul. 2009.
Foto: Estátua de Frei Galvão em sua cidade natal, Guaratinguetá, São Paulo, Brasil / Valter Campanato/ABr extraída de http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Freigalvao11052007.jpg acesso em 11 jul. 2009.

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