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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Treinamento para a capacitação de lideranças da OFS do Brasil

Maria Aparecida Crepaldi e Luiz Gonzaga Cortez Garcia

Coordenadoria de Formação
Este trabalho foi organizado pelos irmãos:
Maria Aparecida Crepaldi e Luiz Gonzaga Cortez Garcia



CAPÍTULO I - LIDERANÇA
1 ASPECTOS GERAIS
1.1 A OFS Precisa de Líderes? Uma questão de identidade.
2 OS INSTRUMENTOS E MEIOS DE ATUAÇÃO DE UM LÍDER CRISTÃO
2.1 Poder ou Autoridade?
2.2 Os Paradigmas
2.3 O Serviço e o Sacrifício
2.4 O Amor
2.5 Criar o Ambiente
2.6 Fazer a Escolha
2.7 A Recompensa
3 LIDERANÇA FRANCISCANA SECULAR: UMA CONSEQUÊNCIA DA CONSCIÊNCIA DE PERTENÇA À OFS
3.1 Constatações de Algumas Características Pessoais do Líder Franciscano
3.2 Ser Educador e Comunicador
3.3 Dominar Atitudes e Técnicas de Comunicação
3.4 Exercitar o Cuidado na Atribuição de Ações em Nome da OFS do Brasil
3.5 Exercitar o Senso de Responsabilidade
3.6 Praticar a Vivência
4 A MISSÃO DO LÍDER FRANCISCANO SECULAR
5.1 Viver e Ensinar a Viver a Forma de Vida Franciscana Secular
5.2 Viver e Ensinar a Viver a Presença Ativa na Igreja e no Mundo
5 NOVAMENTE UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE...
5.1 A Vida em Fraternidade
CAPÍTULO II - A CAPACITAÇÃO DO LÍDER FRANCISCANO SECULAR
1 CONCEITO DE CAPACITAÇÃO
2 SABER TRANSMITIR CONHECIMENTO
3 O EXERCÍCIO DA LIDERANÇA FRANCISCANA SECULAR POR MEMBROS DOS CONSELHOS LOCAIS E REGIONAIS DA OFS
4 ALGUNS PONTOS FUNDAMENTAIS QUE GARANTEM A QUALIDADE DE UMA FRATERNIDADE
5 A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA OFS NO MUNDO

5.1 A Base Organizacional da OFS do Brasil
5.2 O Secretariado Nacional
5.3 A Revista Paz e Bem
5.4 O REFRAN
6 A DIVULGAÇÃO DA OFS: EXPRESSÃO DE PERTENÇA
CAPÍTULO III – CONCLUSÕES


CAPÍTULO I - LIDERANÇA

1. ASPECTOS GERAIS


Muitas pessoas há que, ao ouvirem a palavra líder, associam-na a indivíduos com um certo destaque, geralmente dirigentes, homens de empresa ou do mundo dos negócios, da política. Enfim, para usar uma expressão popular, imaginam que líderes são “pessoas importantes”. Não é difícil prever que, falsas imagens do papel de um verdadeiro líder, levadas ao extremo, acabam por caracterizá-lo até como alguém que só se relaciona com os poderosos, insensível aos reclamos dos mais humildes. Daí a associá-lo a pessoas autoritárias, desonestas, corruptas, é um passo.

Este curso foi organizado com dois objetivos principais: o primeiro é provocar uma reflexão sobre o conceito correto de líder e liderança e sobre as responsabilidades de um verdadeiro líder em relação aos seus liderados e a si próprio. Ainda fazendo parte deste primeiro objetivo, o curso quer demonstrar que nós, franciscanos, apesar de que “nunca devemos aspirar a sobrepor-nos aos outros, mas antes sejamos por amor de Deus os servos e súditos de toda a criatura humana” . Temos necessidade de líderes, tanto quanto qualquer outra organização humana exige a sua presença.

O segundo objetivo é orientar irmãos e irmãs que tenham condições de liderar, sobre a necessidade de se tornarem capazes de assumir integralmente suas responsabilidades no seio da OFS.

1.1 A OFS Precisa de Líderes? Uma questão de identidade.

Francisco soube reconhecer os leprosos. Percorrendo os caminhos da vida, eis que se depara com um deles, sem que para isso estivesse preparado. Na verdade, encontrando o leproso, acabava por encontrar-se a si próprio, diante de um momento determinante de sua vida: ou voltava atrás e dirigia-se para Assis, ou aceitava e passava por esse novo caminho... Todos nós conhecemos a sua escolha e decisão: “E o Senhor mesmo me conduziu entre eles [os leprosos] e eu tive misericórdia com eles. E enquanto me retirava deles, justamente o que antes me parecia amargo se me converteu em doçura da alma e do corpo. E depois disto demorei só bem pouco e abandonei o mundo” .

Tendo abandonado o mundo, isto é, deixado de reconhecer a ordem econômica e social que em Assis levava a considerar os homens dentro de níveis diferenciados, de acordo com suas posses, onde os que tinham bens eram mais fortes, os que tinham menos submetiam-se a eles e os que nada tinham eram manipulados por todos, Francisco voltou-se para os despossuídos e injustiçados identificando-se a si próprio e a seus irmãos como parte deles. É conseqüência dessa identificação a seguinte proposição da regra primitiva: “Nenhum irmão, onde quer que esteja para servir ou trabalhar para outrem, jamais seja capataz, nem administrador, nem exerça cargo de direção na casa em que serve, nem aceite emprego que possa causar escândalo ou “perder a alma” (Mc 8,36). Em vez disto, sejam os menores e submissos a todos os que moram na mesma casa”

Portanto, os primeiros frades não se deixaram absorver pelas regras sociais de Assis. Recusaram a promoção social pelo trabalho, ignoraram a sedução pelo dinheiro, sofreram expropriações forçadas de seus bens, sem recorrer às instituições legais.

2. OS INSTRUMENTOS E MEIOS DE ATUAÇÃO DE UM LÍDER CRISTÃO

2.1 Poder ou Autoridade?

Iniciando este tema, podemos afirmar que o poder, quando exercitado de modo absoluto, intransigente, corrói os relacionamentos, destrói quaisquer possibilidades de diálogo construtivo. Lembremos que organizações como a OFS, por exemplo, cujos membros são voluntários, isto é, pessoas que ingressaram na Ordem espontaneamente, sem coação, só conseguirão obediência de seus membros aos padrões de comportamento exigidos, através da influência pessoal de seus dirigentes.

Aqui cabe abrir um parêntese: acabamos de nos referir a comportamentos humanos, exclusivamente. Não nos esqueçamos, entretanto, de que somos franciscanos e como tais é nosso dever, simultaneamente à atenção que devemos dar aos sadios princípios técnicos e científicos, praticar os sagrados conselhos evangélicos. Assim, Jesus, nosso Senhor e Mestre, lembra: “Onde dois ou três estão congregados em meu nome, ali estou eu no meio deles” . E nosso seráfico pai adverte que são “vivificados pelo espírito das Sagradas Escrituras aqueles que tratam de penetrar mais a fundo em cada letra que conhecem, nem atribuem o seu saber ao próprio eu, mas pela palavra e pelo exemplo, o restituem a Deus, seu supremo Senhor,ao qual todo bem pertence”.

Voltando ao nosso tema, poder e autoridade são palavras de uso freqüente, mas cujo significado nem sempre é entendido por quem as utiliza. Poder vem do latim potere, calcado nas formas potes, potest. Significa ter a posse, faculdade de, ter possibilidade de, etc. Autoridade, que também vem do latim auctoritate , significa direito ou poder de se fazer obedecer, de tomar decisões, de agir, etc.

Como se vê, a idéia de “poder” está contida em ambas as palavras, o que realmente acaba gerando a confusão a que acabamos de nos referir.

Max Weber, um dos fundadores da sociologia, enunciou as diferenças entre poder e autoridade, da seguinte forma :

Poder: é a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer.

Autoridade: é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal.

Portanto, o autor afirma que é pelo exercício da autoridade que pessoas são levadas a fazer, de boa vontade, o que o líder deseja. Todavia, pessoas com autoridade geralmente ocupam cargos ou posições de poder. Um exemplo simples é o de uma mãe que pede algo a seu filho. O filho executa a ordem, raciocinando: “vou fazer tal coisa, porque mamãe me pediu”. Neste caso, a mãe exerceu sobre o filho uma função de autoridade, embora também esteja em situação de poder (a função de mãe é “superior” à função de filho).

Assim, poder deve ser entendido como faculdade, enquanto que autoridade é definida como habilidade. A palavra habilidade significa ser hábil, ter aptidão, ser competente, engenhoso, capaz, esperto, ágil, etc. Todas essas palavras são sinônimos que nos ajudam a entender melhor o significado de liderança.

Avançando mais um pouco nessa questão de autoridade, pensemos agora em alguém, vivo ou morto, que exerceu autoridade ou influência sobre nós. Em seguida tentemos listar as qualidades que tais pessoas possuem ou possuíam.

Com certeza estaremos listando atitudes como: entusiasmavam, ensinavam, eram pacientes, honestos, confiáveis, davam bom exemplo, compromissados, bons ouvintes, conquistavam a confiança das pessoas, tratavam as pessoas com respeito, encorajavam, tinham sempre atitudes positivas e entusiásticas, gostavam das pessoas...

Todas essas qualidades listadas são comportamentos. E comportamento é escolha, isto é, traços de caráter que precisam ser trabalhados e desenvolvidos com esforço e persistência. O desafio do líder é, portanto, escolher os traços de caráter que precisam ser trabalhados e lutar para mudar seus hábitos para melhor.

Então: Liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente, visando a atingir os objetivos identificados como sendo para o bem comum. O objetivo do líder é ter o poder, exercendo, também, autoridade sobre as pessoas.

Por fim, acrescentaremos mais um detalhe às características do líder. A sua missão é satisfazer as necessidades de seus liderados, sem, todavia, tornar-se escravo de suas vontades.

Vontade é anseio que não considera as conseqüências físicas ou psicológicas do que se deseja.

Necessidade é legítima exigência física ou psicológica para o bem estar do ser humano.

Maslow, outro estudioso do assunto, apresentou a seguinte hierarquia das necessidades humanas. Imaginemos uma pirâmide:

5- Auto realização
4- Auto-estima
3- Pertencimento e amor
2- Segurança e proteção
1- Comida, água, moradia

As necessidades do nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das de nível mais alto.

Assim, se considerarmos o nível mais baixo, é preciso pagar um salário justo e dar os benefícios para satisfazer as necessidades de comida, água e teto.

As necessidades da segunda camada – segurança e proteção – exigem um ambiente de trabalho seguro, juntamente com o fornecimento de limites e o estabelecimento de regras e padrões, o que é fundamental para satisfazer essas necessidades.

As pessoas têm necessidades incentivadoras – pertencimento e amor – Isso inclui a necessidade de fazer parte de um grupo saudável, com relacionamentos acolhedores e saudáveis.

Uma vez satisfeitas essas necessidades, o estímulo vem da auto-estima, o que inclui a necessidade de sentir-se valorizado, tratado com respeito, apreciado, encorajado, tendo seu trabalho reconhecido, premiado, e, assim por diante.

Enfim, satisfeitas essas necessidades, vem a auto-realização, que é tornar-se o melhor que se pode ser ou é capaz de ser, conforme as aptidões que possua.

Nem todos podem ser presidentes de empresas ou o melhor aluno da classe, mas todos podem ser o melhor empregado e o melhor estudante com os atributos mentais que possua. Isto é, as pessoas têm que alcançar a própria excelência.

É, portanto, função importantíssima do líder identificar constantemente as necessidades das pessoas que ele lidera.

2.2 Os Paradigmas

Paradigmas são padrões psicológicos, modelos ou mapas que usamos para navegar na vida. São valiosos quando usados adequadamente, mas podem se tornar perigosos se os tomarmos como verdades absolutas, sem aceitar qualquer possibilidade de mudanças que acontecem no decorrer da vida.

A menininha que sofreu um desgaste psicológico muito intenso, por exemplo, vítima de um pai abusivo, pode ficar impregnada pelo modelo que serviu a ela a tal ponto que, mesmo depois de se tornar adulta, tenha grandes dificuldades em relacionar-se com os homens. A experiência traumatizante vivida por ela criou em sua mente um paradigma negativo.

O mundo exterior entra em nossa consciência através dos filtros de nossos paradigmas. E nossos paradigmas nem sempre são corretos.

O mundo vive em constante mudança e a mudança desinstala, tira-nos da nossa zona de conforto.

Quando nossas idéias são desafiadas somos forçados a repensar nossa posição, e isso é sempre desconfortável.

Podemos comparar padrões de comportamento, em qualquer organização humana – e a OFS também é uma organização humana - independentemente de seus objetivos, ao longo do tempo, para melhor explicar a evolução dos paradigmas:

VELHOS PARADIGMAS / NOVOS PARADIGMAS
Centralização de decisões / Decisões descentralizadas
Hierarquia de cargos / Liderança
Apego a um modelo / Melhoria contínua
Resultado a curto prazo / Resultado a médio e longo prazo
Evitar e temer mudanças / A mudança é uma constante
Eu penso, portanto, decido / Causa e efeito

2.3 O Serviço e o Sacrifício

O líder não se coloca acima das regras, é um cumpridor delas. Jesus disse em diversos momentos e com outras palavras, claro, que a influência e a liderança são construídas sobre o serviço. Basta lembrar a passagem em que fala sobre o amor aos inimigos: “amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam” . E outra característica da liderança é a autoridade que o líder exerce, como já vimos.

Essa autoridade sempre se constrói sobre o serviço e sacrifício. Portanto, iniciemos a construção do modelo de liderança, usando os conceitos que até agora trabalhamos:

  • Liderança
  • Autoridade
  • Serviço e Sacrifício

Amor é a palavra que vem a seguir. Não como um sentimento, mas como um comportamento. Esse amor-comportamento, do qual falaremos no próximo capítulo, é sempre fundamentado na vontade.

Para ajudar na compreensão desse amor-comportamento, observemos a fórmula abaixo:

Intenções – Ações = Nada = Fé – Obras = Nada

Todas as boas intenções do mundo não significam coisa alguma se não forem acompanhadas por nossas ações. Portanto, observe a mudança na referida fórmula:

Intenções + Ações = Vontade = Fé + Obras = Vontade de Deus

Só quando nossas ações estiverem de acordo com nossas intenções é que nos tornaremos pessoas harmoniosas, líderes coerentes. Assim, o modelo que estamos construindo passa a ser:

  • Liderança
  • Autoridade
  • Serviço e Sacrifício
  • Amor
  • Vontade

2.4 O Amor

Os relacionamentos têm que ser cuidadosamente desenvolvidos e alimentados. Devemos fazer nossas escolhas a respeito do que acreditamos e do que essas crenças representam em nossas vidas. A partir do momento em que temos sentimentos positivos a respeito de alguém, podemos dizer que o amamos. É nesse sentido que Jesus nos mandou amar nossos inimigos.

O Novo Testamento foi escrito originalmente em grego, e os gregos usavam várias palavras diferentes para descrever o fenômeno do amor: Eros, da qual deriva a palavra erótico, Storgé, isto é afeição, especialmente com a família e seus membros, Philos ou fraternidade, amor recíproco, condicional, do tipo “você me faz o bem e eu faço o bem a você”, Ágape para descrever um amor incondicional, sem exigir nada em troca. Este último é o significado correto do termo amor empregado por Jesus Cristo, que queria dizer que devemos fazer de conta que as pessoas ruins não são ruins e que devemos nos comportar bem em relação a elas. Nem sempre podemos controlar o que sentimos a respeito de outras pessoas, mas podemos controlar como nos comportamos em relação a elas. O apóstolo Paulo exprime-se maravilhosamente bem a respeito desse Amor-comportamento, Amor-Ágape, quando ensina: mesmo que eu fale em línguas, a dos homens e a dos anjos, se me falta o amor, sou um metal que ressoa, um címbalo retumbante. Mesmo que eu tenha o dom da profecia, o saber de todos os mistérios e de todo o conhecimento, mesmo que tenha a fé total, a que transporta montanhas, se me falta o amor, nada sou” . Vale a pena catalogar algumas qualidades do líder no exercício desse amor-ágape e refletir sobre como identificá-las no comportamento desse líder:

QUALIDADE COMO SE MANIFESTA NO LÍDER

Paciência Mostra auto-controle, cria um ambiente seguro, no qual as pessoas que cometem erros não são advertidas de forma grosseira, mas se responsabilizam por suas tarefas.

Bondade Dá atenção, faz apreciação, incentiva. Fala a respeito da forma como agimos e não como sentimos. Ouve e esse ouvir não é um processo passivo, que consiste em ficar em silêncio enquanto a outra pessoa fala. O ouvir do líder é um processo ativo, que requer esforço consciente e disciplinado, leva a silenciar toda a conversação interna, enquanto ouve o outro. Isto se chama empatia; é definida como presença total junto ao outro que exige atenção.

Humildade É autêntico, real, sem pretensão, orgulho ou arrogância.

Respeito Trata as pessoas dando-lhes toda importância. Cumprem a palavra e seguem os compromissos (horários, por exemplo).

Abnegação Satisfaz as necessidades do outro.

Perdão Desiste de ressentimento, quando prejudicado, sem desconhecer as coisas ruins, nem deixar de lidar com elas.

Honestidade É livre de engano, o que é mais que não dizer mentiras. Passa a imagem de alguém firme, previsível, dedicado à verdade a todo custo. Não falseia para ser agradável.

Compromisso Atém-se às suas escolhas. É talvez o comportamento mais importante de todos, porque é através dessa qualidade que o líder nos indica os valores que defende intransigentemente em sua vida. A falta de compromisso é demonstrada por nossa sociedade descartável, onde tudo pode ser substituído.

2.5 Criar o ambiente

Criar um ambiente saudável para as pessoas crescerem e ter sucesso é um requisito essencial para que o líder possa exercer sua capacidade de envolver seus liderados e influenciá-los para trabalharem entusiasticamente, como já foi mencionado. Podemos aqui citar uma metáfora que serve como apoio ao nosso raciocínio: o jardim e o jardineiro. Quando nos deparamos com um belo jardim, cheio de flores e folhagens que deliciam nossa visão, voltamos nosso pensamento para o Criador, que é o único que sabe dar vida a uma pequena semente. Mas também será correto dizer que, se não foi o jardineiro que fez o crescimento e surgimento das mais belas flores, muito contribuiu para que toda essa maravilha da natureza acontecesse.

Quando pessoas usam o poder indiscriminadamente, criam situações desconfortáveis para seus liderados e acabam por gerar intranqüilidade e insegurança. Há estudos que indicam serem os procedimentos negativos muito mais marcantes que os positivos, na proporção de 4 para 1, isto é, aquele que abusou do poder uma vez, terá que despender muito mais esforço para readquirir a boa imagem que tinha antes do gesto negativo.

Encontramos, entretanto, verdadeiras “ilhas saudáveis” de tranqüilidade aparente, muitas vezes cercadas de um imenso mar de tumultos. Com certeza, se procurarmos a origem daquela situação positiva, ali encontraremos um verdadeiro líder, responsável por ela.

O melhor que podemos fazer é criar e discutir códigos de conduta que facilitem a tomada de decisões amadurecidas e compartilhadas com aqueles que têm responsabilidades no grupo. A Pastoral dos Faltosos é um exemplo de um código de conduta, porque é através dela que os irmãos ou irmãs que se enquadrem na situação de ausentes, sejam ouvidos e tratados com toda a caridade evangélica. Claro que, esgotados os todos os recursos previamente estabelecidos ou que o bom senso admite, aqueles que não se comportam de acordo com as boas regras de conduta não devem permanecer num ambiente sadio e organizado, como deve ser o de uma Fraternidade da OFS.

2.6 Fazer a escolha

O pensamento tradicional nos ensina que os pensamentos e sentimentos dirigem nosso comportamento. Todavia, o inverso, isto é, comportamentos positivos podem gerar sentimentos positivos. Esta aparente contradição é explicada pela chamada práxis . Nosso comportamento também influencia nossos pensamentos e sentimentos. Quando nos comprometemos a concentrar atenção, tempo, esforço e outros recursos em alguém ou algo durante um certo tempo, começamos a desenvolver sentimentos pelo objeto de nossa atenção. Os sentimentos virão em conseqüência do comportamento.

Portanto, a liderança começa com uma escolha. Algumas dessas escolhas incluem encarar as tremendas responsabilidades que nos dispomos a assumir e alinhar nossas ações com as boas intenções.

Assim, neuróticos assumem responsabilidades demais e acreditam que tudo o que acontece é culpa deles; pessoas com problemas de caráter, por outro lado, assumem muito pouco a responsabilidade de seus atos. Crimes bárbaros são praticados por pessoas que os imputam a fatores ou circunstâncias externas ou passadas, como, por exemplo, insanidade mental, traumas por abusos sexuais na infância, etc. Então nos perguntamos: o que aconteceu com a responsabilidade pessoal de nossa sociedade? Explica-se pelo conceito freudiano do determinismo, o qual afirma que para cada efeito ou evento, físico ou mental, há uma causa. Segundo esse princípio, os seres humanos não fazem escolhas e o livre-arbítrio é uma ilusão. O determinismo genético permite culpar o avô pelos genes ruins de uma pessoa, explicando, por exemplo, porque ela é alcoólatra. Enfim, temos toneladas de novas desculpas para nosso mau comportamento.

O homem tem ambas as potencialidades dentro de si mesmo: a que se efetiva depende das suas decisões, não das condições.

O caminho para a autoridade e a liderança, portanto, começa com a vontade. A vontade é a escolha que fazemos para aliar nossas ações às nossas intenções.

Todos temos que fazer escolhas a respeito de nosso comportamento e aceitar a responsabilidade por essas escolhas.

Assim, são propostos quatro estágios para adquirir novos hábitos ou habilidades:

· Estágio um: INCONSCIENTE E SEM HABILIDADE – você ignora o comportamento e o hábito. Você está inconsciente ou desinteressado em aprender a prática e, obviamente, despreparado.

· Estágio dois: CONSCIENTE E SEM HABILIDADE – Você toma conhecimento de um novo comportamento, mas ainda não desenvolveu a prática. Tudo é muito desajeitado, antinatural e até assustador.

· Estágio três: CONSCIENTE E HABILIDOSO – Você está se tornando cada vez mais experiente e se sente confortável com o novo comportamento ou prática.

· Estágio quatro: INCONSCIENTE E HABILIDOSO – Você já não tem que pensar no comportamento adquirido. Sua prática se torna rotina. Este é o estágio em que os líderes não precisam tentar ser bons líderes, porque já são bons líderes.
Pensamentos tornam-se ações; ações tornam-se hábitos; hábitos tornam-se caráter e nosso caráter torna-se nosso destino.

2.7 A recompensa

O Judaísmo evoluíra durante séculos e foi gravado em milhares de velhos pergaminhos, mas quando alguém quis saber de Jesus a única coisa mais importante da religião, ele respondeu simplesmente que era amar a Deus e ao próximo. Mais importante que ir à igreja ou seguir uma série de regras. Paulo também escreveu que apenas três coisas eram importantes: fé, esperança e caridade, sendo o amor ou a caridade, a maior delas.

É de Santo Agostinho a frase: devemos pregar o Evangelho por toda parte aonde formos e usar palavras só quando necessário.

Tudo depende da visão que temos do mundo, isto é, não vemos o mundo como ele é, mas como somos. Vemos e encontramos as coisas que procuramos.

A missão de construir autoridade servindo aqueles pelos quais o líder é responsável poderia dar-lhe uma visão real da direção que ele ou ela vai tomar.

E quando se tem essa visão a vida passa a ter um propósito e um significado e as pessoas aderem ao líder antes de aderirem a qualquer declaração de missão que o líder tiver.

Arriscar-se mais, refletir mais, realizar mais coisas que permanecem são anseios daqueles que viveram muito e procuraram aperfeiçoar e aprofundar a sua visão real. Este é o preço a pagar por tais comportamentos, mas também é uma verdadeira recompensa para aqueles que lideram.

Outra recompensa é uma vida de harmonia espiritual. A vida do líder, com certeza, estará em sintonia com Deus.

Finalmente, a alegria de se ter doado cercará o líder. Alegria, não felicidade, porque felicidade é baseada em acontecimentos. A alegria é um sentimento muito mais profundo, que não depende de circunstâncias externas. A maioria dos grandes líderes falaram dessa alegria: Jesus Cristo, Buda, Gandhi, Martin Luther King, Madre Tereza e outros. Alegria é a satisfação interior e a convicção de saber que você está verdadeiramente em sintonia com os princípios profundos e permanentes da vida. Servir aos outros nos livra das algemas do ego e da concentração em nós mesmos, que destroem a alegria de viver. Para São Francisco de Assis, a alegria vem da simplicidade, que nada mais é do que a libertação do próprio egoísmo, voltando-se para a doação. A alegria é uma conseqüência dessa doação.

3. LIDERANÇA FRANCISCANA SECULAR: UMA CONSEQUÊNCIA DA CONSCIÊNCIA DE PERTENÇA À OFS.

3.1 Constatações de Algumas Características Pessoais do Líder Franciscano

Mas o que se poderia exigir, como características pessoais, de líderes franciscanos? Devemos observar, em resposta a esta questão, que certas características gerais de liderança são próprias de todos os líderes, independentemente de serem ou não franciscanos. Referi-las aqui é apenas um reconhecimento de que precisam ser desenvolvidas por todo aquele ou aquela cujas funções na OFS os obriguem a exercer algum papel de liderança.
Seguem, então, algumas dessas características gerais, além do que já foi dito:

· Exercitar comportamentos que o levem a influenciar, entusiasticamente, seus liderados para que executem as suas ordens. Lembremo-nos que organizações como a OFS dependem de voluntários, portanto, pessoas que ingressam na Ordem espontaneamente, sem coação. Assim, só conseguirá a obediência de seus comandados, o dirigente que souber usar de sua influência pessoal, isenta de autoritarismo.

· Identificar a necessidade de mudanças, quando elas se tornam necessárias. O mundo vive em constante mudança e essas mudanças tiram-nos da chamada “zona de conforto”. Quando nossas idéias são desafiadas, somos forçados a repensar nossas posições e isso é sempre desconfortável. O líder deve reconhecer a oportunidade dessas mudanças e encorajar seus liderados a enfrentá-las.

· Preparar-se para construir a liderança sobre o serviço e, se preciso, sobre o sacrifício. O líder deve esforçar-se em servir seus liderados, da mesma forma como Jesus fez, durante sua permanência entre nós. Aliás, é famoso o trecho evangélico sobre o bom pastor: “Eu sou o bom pastor: o bom pastor se despoja da própria vida por suas ovelhas.” . Assim, ao prestar o serviço que tende a aproximar-se do próprio sacrifício, o líder exerce a capacidade de amar. A palavra amor, utilizada neste sentido, é a mesma usada por Jesus em seus sermões e atitudes.

3.2 Ser Educador e Comunicador

Em princípio, todo líder franciscano deve ser educador e comunicador e dominar atitudes e técnicas de comunicação.

O líder franciscano deve discernir sobre os tempos ideais de intervenção para cada um de seus liderados. Isto exige disponibilidade e interesse de ambos, “mestre” e “discípulo”. O educador precisa apreender o ritmo das relações individuais, reconhecendo que nem sempre é a quantidade de palavras que pode explicar satisfatoriamente um conteúdo qualquer, mas o momento oportuno em que uma explicação poderá ser suficientemente clara e compreensível. Esse momento oportuno acontecerá coletiva ou individualmente, dependendo das características dos envolvidos.

Há, portanto, necessidade do educador estar em completa sintonia com seus educandos.

Em outras palavras, a frase seguinte resume o que foi dito acima:

“Para ensinar latim a João, não basta conhecer latim. É necessário conhecer João”.

Consideramos que alguns cuidados devem ser observados para que as condições ideais para a aplicabilidade do citado ritmo das relações individuais ocorra naturalmente, isto é, sem que se criem situações artificiais. Eles são indicados abaixo, como instrumentos operacionais:

1º Princípio: Conhecimento RecíprocoA Fraternidade que cresce deve abrir espaço para a crítica a determinados comportamentos e sua interpretação pelos líderes. Assim: Não deixar situações não esclarecidas: quando nos sentimos feridos pelo irmão e perdemos a vontade de estar com ele, a primeira coisa a ser feita é exatamente encontrar a oportunidade de nos esclarecer com ele. Não falar do irmão, mas com o irmão. São Francisco admoesta: “Bem-aventurado o servo que tanto ama e respeita seu irmão, quando este estiver longe dele como quando estiver com ele; e não disser por trás dele aquilo que, com caridade, não pode dizer diante dele” .

2º Princípio: O Líder Franciscano Deve Ser Um ComunicadorSaber comunicar é condição necessária, mas não suficiente para viver com plenitude toda relação interpessoal. Seguem algumas regras que devem ser observadas na comunicação entre as pessoas:

Todo comportamento é comunicação.Toda comunicação tem dois aspectos: de conteúdo (aquilo que é falado) e de relação (o valor pessoal daquele que fala).A coisa que se pretende comunicar é definida, em grande parte, pelo comportamento daquele que a comunica. Por exemplo, alguém fala a outros sobre a necessidade e as vantagens de ser honesto, quando, ele próprio, é pessoa sabidamente desonesta! Não passará a seus ouvintes credibilidade, ainda que aquilo que comunica seja, em princípio, bom.

3º Princípio: A Mensagem Passada de Boca-a-Boca é Modificada de Acordo com a Interpretação das Pessoas que a Recebem e Comunicam.A interpretação que Pedro dá sobre um fato qualquer não observado diretamente por ele, ao comunicá-lo a Joana, é diferente da interpretação que esta fará ao comunicá-lo a José e assim, sucessivamente. Em outras palavras, João disse que o Antônio falou que Maria é assim, assim, assim, assim.... O comunicador franciscano deve evitar dizer a outros aquilo de que “ouviu falar”, porque estará levando adiante uma mensagem viciada, provavelmente distante do fato verdadeiro que quer comunicar.

4º Princípio: Seres Humanos Comunicam-se Tanto Mediante a Imagem Explicativa Quanto Mediante a Palavra.A comunicação acontece sob duas formas: a verbal, isto é, as palavras empregadas, propriamente ditas e a não-verbal, isto é, a maneira como são ditas. Assim, por exemplo, dizemos a alguém que ela tem toda a nossa atenção, mas de vez em quanto olhamos para o relógio em nosso braço, atrevidamente, como se tivéssemos pressa em despachá-la. Neste exemplo, portanto ocorrem comunicações opostas, isto é, verbalizar uma afirmação e demonstrar uma negação.A Fraternidade deve construir-se com atitudes de igualdade, promover o verdadeiro espírito de fraternidade. Aquele que nos pede para ser ouvido deve perceber em nossa escuta uma atitude de humildade, de integral atenção a ele, muito mais intensa do que um simples comportamento de adivinhador (“atropelando” a fala do irmão, com uma interpretação precipitada), ou de simples questionador (que faz perguntas, umas atrás das outras, para atender a sua curiosidade, impedindo o irmão de desenvolver um raciocínio adequado à sua maneira de comunicar o que deseja).

5º Princípio: Aquele que Comunica deve Comportar-se Como Alguém Igual Àquele que Recebe a Mensagem. A nenhum irmão franciscano é dada a autoridade de colocar-se como um superior em relação aos demais. Assim a Fraternidade estará aberta ao diálogo fraterno e proveitoso.

3.3 Dominar Atitudes e Técnicas de Comunicação

O líder franciscano deve conhecer e praticar atitudes de relacionamento fraterno com o irmão. Além das já citadas, essas atitudes podem ser identificadas através das seguintes características de comportamento no ato de comunicar algo:

COMPORTAMENTOS INCORRETOS COMPORTAMENTOS CORRETOS

SER AVALIADOR: Colocar-se na posição de quem quer julgar os valores e comportamentos do outro.

SER DISCRETO: Exprimir um estilo comunicativo que não impulsiona o outro a mudar o próprio comportamento, mas a dar-lhe oportunidade de mostrar-se como é.

SER CONTROLADOR: Utilizar um comportamento autoritário, que cria no outro sentimentos negativos, contrários à comunicação fraterna.

SER ALGUÉM QUE BUSCA A ORIENTAÇÃO PARA O PROBLEMA: Manifestar o desejo de trabalhar juntos, num clima de confiança recíproca. Quem fala deve fazer o outro sentir-se valorizado.

SER MANIPULADOR: Usar o outro em proveito próprio ou de terceiros, gerando nele atitudes de defesa.

SER ESPONTÂNEO: Criar um clima de confiança recíproca, exprimindo autenticamente a si mesmo.

IMPOR AS PRÓPRIAS IDÉIAS COMO SE FOSSEM LEIS: Quando a comunicação está condicionada de forma rígida, impondo-se ao outro como algo imutável.

SER FLEXÍVEL:Buscar no diálogo, mesmo que haja confronto, que ele se estabeleça com base na busca da verdade.

3.4 Exercitar o Cuidado na Atribuição de Ações em Nome da OFS

Sabemos que São Francisco foi um autêntico missionário e estimulava seus frades a realizar missões entre os infiéis. Solicitava aos Provinciais que tivessem o cuidado de enviar apenas frades “idôneos” às missões, isto é que dessem testemunho de vida e estivessem preparados para anunciar o Evangelho.

Quem segue o Cristo fielmente, seja qual for sua personalidade é um líder, embora muitas vezes não tenha uma consciência clara disso. Constatamos, no entanto, que só pode exercer o Cuidado:

· Quem tem equilíbrio.

· Quem atende às necessidades espirituais e temporais de seus irmãos e irmãs da Fraternidade e de todo o mundo, na medida de suas possibilidades e prepara-se constantemente para isso:

  • Quem é acreditável;
  • Quem mostra a si mesmo e aos que o cercam, que de fato ama os pobres, como São Francisco.
  • Quem é pacífico e alegre em toda circunstância, abandonando-se confiante a Nosso Senhor, cuidando apenas de estar sempre junto Dele.
  • Quem deseja crescer na prática das virtudes, reconhecendo a própria pequenez e as graças que o Senhor lhe concede;
  • Quem procura ouvir com atenção;
  • Quem visita os enfermos e idosos, bem como os que vivem em solidão, interessando-se por suas vidas.
  • Quem verifica o que o irmão e a irmã realmente precisa também do ponto de vista material e acode, de preferência com outros membros da Fraternidade, as suas necessidades, de modo que se sintam confortados.
  • Quem reconhece sua imperfeição, dispondo-se a pedir perdão com humildade, quando necessário e por outro lado, sabe perdoar com generosidade.

Vejam que para tudo isso, somente um coração que ama intensamente unido a Jesus Cristo tem liderança para conseguir realizar essas ações no seu cotidiano. Isto porque Ele é o nosso modelo de liderança. Seguindo seus passos com fidelidade vamos nos transformando em nosso dia a dia, até que, quem sabe, possamos viver o que disse São Paulo: Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim . São Francisco tanto procurou viver essa fidelidade que foi chamado: Um outro Cristo.

3.5 Exercitar o Senso de Responsabilidade

O senso de responsabilidade é inerente a quem exerce uma liderança. Se disse sim à vivencia do Evangelho à maneira de São Francisco de Assis, fará tudo que estiver ao seu alcance para ser fiel. Buscará ser mensageiro da paz e do Bem em todas as circunstâncias de sua vida.

3.6 Praticar a Vivência

Sua identidade de franciscano secular o levará:

· A viver com fidelidade a Regra da OFS, na família, no trabalho, na fraternidade, na Igreja e na sociedade em geral;

· A dar prioridade à freqüência às reuniões e atividades da Fraternidade, mantendo contato freqüente com os irmãos e irmãs.

· A ser pessoa que testemunha uma fé viva, isto é, coerente com a própria vida.

· A apresentar-se aos familiares e outras pessoas que não conhecem a Fraternidade, como alguém que vive com serenidade e equilíbrio, mansidão e humildade, simplicidade e sabedoria de Deus, para que outros se interessem por saber o que é ser franciscano secular.

· A demonstrar grande respeito por todos os irmãos e irmãs da Fraternidade, da família e em todos os ambientes, mesmo com os mais difíceis, os jovens mais rebeldes, os idosos mais teimosos, procurando aí exercer a caridade e a paciência, lembrando sempre como é grande a que Nosso Senhor tem com cada um de nós.

· A converter-se a Cristo continuamente, vivendo em “penitência”, que no sentido evangélico é mudança de rumo e escolha de Deus.

· A evangelizar com a própria presença, através da Palavra de Deus que experimenta na vida, testemunhando ser alguém que vive no meio do mundo, mas abandona suas vaidades e vícios para dedicar-se às coisas de Deus.

· A mostrar, sobretudo aos mais jovens, a grande graça que recebeu quando disse SIM à vocação à qual o Senhor o chamou, para crescer no conhecimento, no amor e no serviço a Deus e aos irmãos e irmãs.

· A viver com alegria e ação de graças essa pertença, valorizando a si mesmo, a toda a Fraternidade, a toda a OFS, à Igreja, assim glorificando Nosso Senhor Jesus Cristo.

· A testemunhar com a abertura do coração e da mente, a “verdadeira liberdade dos filhos de Deus”.

· A procurar fazer com que a caridade para com todos seja a sua meta principal de todos os dias, fazendo tudo com muito amor, zelo e dedicação, na busca de transmitir com seu modo de ser, que vive para amar e ser amor para todos os que o cercam em todos os ambientes.

4 A MISSÃO DO LÍDER FRANCISCANO SECULAR

4.1 Viver e Ensinar a Viver a Forma de Vida Franciscana Secular

Os franciscanos seculares têm na Regra e nas Constituições Gerais (CCGG) verdadeiros guias de comportamento, se desejarem seguir os ensinamentos de Francisco em suas vidas de seculares. “A Regra é um guia para viver a vida evangélica franciscana; não é um texto que se lê superficialmente e de corrida.”

. As CCGG ajudam “a concretizar e a adaptar a Regra às mais distintas nações e fraternidades.”

Assim, através da leitura atenta desses documentos podemos identificar ações que levam à prática da liderança orientada para a forma de vida franciscana secular :

  • Ser co-responsável pela presença pessoal, pelo testemunho, pela oração, pela colaboração ativa e pela animação da Fraternidade.
  • Tornar-se disponível e responsável aos eventuais cargos de Ministro ou Conselheiro, abertos ao diálogo a fim de ajudar o irmão a realizar a própria vocação e colaborar para que a fraternidade seja uma verdadeira comunidade eclesial.
  • Preparar a animação espiritual e técnica das reuniões, difundindo ânimo e vida à Fraternidade.
  • Se Ministro ou Conselheiro, promover o espírito e a realidade da comunhão entre irmãos, buscando, acima de tudo, a paz e a reconciliação no âmbito da Fraternidade.
  • Reconhecer que as funções de Ministro e Conselheiros é temporária, não devendo ser ambicionada; que haja disponibilidade tanto para aceitar como para deixar o cargo.
  • Promover o respeito à personalidade e à capacidade de cada irmão. Respeitar e fazer respeitar a variedade cultural e a pluriformidade de manifestações.

4.2 Viver e Ensinar a Viver a Presença Ativa na Igreja e no Mundo

São ações que devemos pôr em prática em nossa vida comunitária, ligadas à Igreja :

  • Anunciar o Cristo pela vida e pela palavra.
  • Preparar os irmãos para a difusão da mensagem evangélica.
  • Apropriar-se do amor de São Francisco pela Palavra de Deus.
  • Colaborar com os movimentos que promovem o fraternismo; criar condições de vida digna para todos; trabalhar pela liberdade de qualquer povo.
  • Promover iniciativas de salvaguarda da criação.
  • Estudar o Evangelho e a Sagrada Escritura.
  • Empenhar-se na reflexão de fé sobre a Igreja, sua missão no mundo e o papel dos leigos franciscanos, aceitando desafios e responsabilidades.
  • Participar dos sacramentos da Igreja e colaborar para que seja viva a celebração dos sacramentos.
  • Prover a própria família e servir à sociedade, através do trabalho e dos bens materiais procurando viver, de modo peculiar, a pobreza, pela oração, diálogo, revisão de vida, escuta da Igreja e exigências da sociedade.
  • Agir como fermento no ambiente em que vive, mediante testemunho do amor fraterno.
  • Relacionar-se preferencialmente com pobres e marginalizados.
  • Empenhar-se no cumprimento dos deveres próprios do trabalho, assumir responsabilidades sociais e civis.
  • Colaborar na elaboração de leis e normas justas.
  • Tomar posições claras quando a pessoa humana for ferida na sua dignidade; servir fraternalmente o injustiçado.
  • Ser portador da paz na própria família e na sociedade.

5. NOVAMENTE UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE...

No início os frades foram completamente ignorados pela comunidade.

Entretanto não desapareceram como Assis pretendia. O desprezo a eles foi-se transformando em admiração diante da tenacidade e da alegria que provocavam. Francisco tinha uma confiança inabalável no valor da caminhada comum. Apoiou seus irmãos em sua oposição a toda exclusão de seres humanos.

Juntos fizeram de seu compromisso de irmãos uma força social, mostraram as cores e a alegria do mundo novo anunciado por Jesus Cristo. Convidaram os homens todos a se congregar e cantar Deus e a criação.

Francisco e seus irmãos, pelas suas ações, mais do que por palavras, tornaram claros os atos e costumes geradores de injustiça e de escravidão. Assim fazendo, apresentou a todos o Deus de Jesus Cristo fora de um sistema de interesses que escravizava tanto a excluídos como a privilegiados.

A pobreza vivida por esses primeiros irmãos, era conseqüência e não causa de uma opção coerente de ver e viver o mundo, despojado dos artificialismos criados pelos poderosos, para subjugar seus semelhantes. A aproximação com todas as criaturas animadas e inanimadas, pessoas ou coisas, era, em suma, o verdadeiro caminho para a aquisição das riquezas colocadas à disposição pela graça do Criador.

Um exemplo dessa visão pode ser compreendida através da maneira figurada com que um primitivo escritor franciscano descreveu a visita da “Senhora Pobreza” a um grupo de frades franciscanos que a conduziram a um lugar onde pudesse repousar, pois estava cansada:

“Pediu [ela] um travesseiro para apoiar a cabeça. Eles [os frades] trouxeram logo uma pedra e a colocaram debaixo da cabeça dela. E ela, após um sono breve mas muito tranqüilo, levantou-se depressa e pediu que lhe mostrassem o convento. Conduziram-na a um certo monte, mostraram-lhe a região toda que se podia ver, e disseram: “Senhora, este é o nosso convento”.

Desta maneira, Deus estava presente tão visível e belo como o Sol naquele pequenino grupo. Nisso se encontra o enorme e altíssimo feito do pobrezinho de Assis!

A vivência da identidade franciscana exigiu liderança!

5.1 A Vida em Fraternidade

O viver numa Fraternidade da OFS é um compromisso de amor com Deus, consigo mesmo e com os irmãos.

São Francisco tinha prazer de encontrar os irmãos, caminhava muito para visitá-los quanto lhe permitiam suas forças, preocupava-se especialmente em servir aos doentes e necessitados.

Enfrentava em si mesmo as fraquezas humanas e por isso exortava os irmãos com muitos conselhos, para que perseverassem na vida fraterna, mesmo que surgissem dificuldades. Vamos confirmar isso com algumas palavras dele:

· “Aquele que prefere suportar antes os ataques de seus irmãos do que se separar deles, este persevera na verdadeira obediência, pois ele dá sua vida por seus irmãos” .

· “O melhor que te posso dizer com relação às dificuldades de tua alma é isto: considera como uma graça tudo quanto dificultar o teu amor a Deus nosso Senhor, bem como as pessoas que te causam aborrecimentos, sejam irmãos ou gente de fora, mesmo que cheguem a te fazer violência. Esta seja a tua vontade e nada mais” .

· “E guardem-se todos os irmãos de caluniar a alguém ou de [ocupar-se com discussões vãs] , mas antes tratem de guardar silêncio, tanto quanto lhes conceder a graça de Deus. Não devem também discutir entre si ou com outros, mas procurar responder humildemente dizendo: “Somos uns servos inúteis” .

· “Em toda parte onde estiverem ou se encontrarem os irmãos, que estejam a serviço uns dos outros..., pois se uma mãe nutre e cuida de seu filho carnal, com quanto mais cuidado não deve cada qual amar e nutrir seu irmão espiritual! Se um dos irmãos cair doente, os outros irmãos o devem servir como gostariam de ser servidos”.

CAPÍTULO II - A CAPACITAÇÃO DO LÍDER FRANCISCANO SECULAR

1 CONCEITO DE CAPACITAÇÃO

Segundo o dicionário, capacitar é habilitar, tornar capaz. Não basta a alguém ter as características de líder. É necessário que sua liderança se manifeste junto aos seus liderados. E essa manifestação se dá na medida em que o líder se mostra capaz de realizar coisas que esperam dele. Estudar, pesquisar, manter-se atualizado em relação a suas tarefas e compromissos, tudo isto cria condições de capacitação aos que já têm a responsabilidade de líderes, ou se sentem atraídos para exercer a liderança.

Em qualquer campo da atividade humana, só pessoas capacitadas terão oportunidade de desenvolvimento e crescimento na sua área de atuação.

Na OFS não poderia ser diferente. Nós, franciscanos seculares somos desafiados, no dia-a-dia, a buscar o entendimento dos fenômenos humanos -sociais, econômicos, religiosos, políticos – e, quando exigidas, as respectivas soluções. Uma outra atitude crítica cobrada do líder é saber posicionar-se eticamente a respeito dos citados fenômenos, cuja resposta positiva, através de suas opiniões e conduta, é esperada pelos seus liderados.

Este capítulo fornecerá apenas alguns esclarecimentos acerca da estrutura da OFS e das diversas características da capacitação para serví-la. Espera-se, entretanto, que os líderes franciscanos seculares se tornem capacitados pela busca incessante do crescente conhecimento da doutrina, das características peculiares da visão franciscana do mundo e da compreensão das coisas que o cercam, à luz da fé e do magistério da Igreja.

2 SABER TRANSMITIR CONHECIMENTO

Quando nossa vocação atinge a maturidade na OFS, percebemos que o tempo que dedicamos à vida fraterna, à meditação da Regra e do Evangelho, aos compromissos assumidos com a Profissão da Regra da OFS, tudo isto nos dá, de certo modo, um perfil de um franciscano ou franciscana secular que abriu o coração ao Espírito do Senhor para que em seu ser brotasse um líder franciscano, uma líder franciscana secular.

Esta constatação é confirmada na Fraternidade que vive a consciência de pertença:

“A Profissão não compromete unicamente os professos para com a Fraternidade, mas igualmente compromete a Fraternidade a se ocupar do bem estar humano e religioso deles” .

Assim sendo, para transmitir os CONHECIMENTOS que recebeu de Jesus Cristo, da Fraternidade, da Família Franciscana, da doutrina da Igreja e do mundo, as palavras de um franciscano ou franciscana secular só terão eco se corresponderem à expectativa de seus irmãos e irmãs quanto ao seu testemunho de vida.

Esse irmão ou irmã que transmite conhecimentos dentro e fora da Fraternidade como cristão franciscano engajado na vida da Igreja, precisa saber bem do que está falando, conhecer a pessoa de Nosso Senhor e fazer “do Cristo o inspirador e o centro de sua vida com Deus e com os homens” .

Para cumprir esta missão seguindo o modo de Jesus Cristo, podemos relembrar o seu plano para anunciar o reino de Deus, conforme a vontade do Pai, que já constava das Escrituras: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor”.

3 O EXERCÍCIO DA LIDERANÇA FRANCISCANA SECULAR POR MEMBROS DOS CONSELHOS LOCAIS E REGIONAIS DA OFS

Como membro de um Conselho de uma Fraternidade da OFS, esse irmão precisa ter consciência do que representa para os membros de sua Fraternidade, para os membros de outras Fraternidades e principalmente às pessoas da sociedade, porque foi chamado a exercer uma função de liderança. Assim, é sua responsabilidade:

· Saber que é uma referência especial.

· Espelhar-se como um líder, com tudo o que se espera de um franciscano secular autêntico: observa-se sua integridade como pessoa humana, a dedicação ao serviço, a disposição, a prontidão, a prática da justiça e da caridade, a vida de penitência, o ardor missionário e acima de tudo o amor que espalha com sua presença.

· Ser bom cidadão: sendo coerente com suas consciências moral, política e social onde vive, conhecer os documentos da OFS e da Família Franciscana, praticar o cultivo das virtudes, etc...

· Não se esquecer de que em qualquer lugar onde for apresentado como tal, nesse momento representa a OFS, não só a Fraternidade Local ou Regional a que pertence, mas a OFS como um todo. Por isso o testemunho de vida fala mais alto nos membros de Conselhos, principalmente porque representam oficialmente uma liderança dentro da OFS.

Alguém poderá pensar: bem, mas então não me sinto capaz para atuar no Conselho das Fraternidades de nenhum nível. Aí vem a reflexão de nossa situação de criaturas, todas imperfeitas, mas todas maravilhosas, que colocam generosamente seus dons (isto é, o que recebem de graça), à disposição dos irmãos e irmãs, porque disseram sim ao seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, à maneira de Francisco de Assis.

· Nada temer, pois o Senhor dá a graça de estado a quantos se dispõem a servi-Lo. Se pedirem a assistência do Espírito Santo, Ele os atenderá generosamente, basta que viva em comunhão com a Santíssima Trindade.
É de Deus que vem a força e toda graça para qualquer apostolado.

· Viver a Regra da OFS é ser apóstolo e apóstola de Cristo, cumprindo com o melhor de nós, o “sagrado encargo” que recebemos.

· Em sua vida tudo é efêmero, apenas uma coisa deve sustentar com profunda convicção e diríamos “teimosia”: a fé. Sim porque é ela que o impulsiona, faz ir adiante, lutar, recomeçar a cada dia, confiar na presença e misericórdia do Pai, saber esperar, apesar das adversidades, carregar a cruz sorrindo, ter força quando se sentir fraco, porque o sustento da fidelidade à vocação vem da presença de Cristo.

É das oportunidades que a vida lhe oferece e que aproveita para o crescimento da fé, que constrói espiritualmente, dia após dia, cuidando do ser interior para ter algo a dar a quem precisa e também para restituir ao Pai com ação de graças todo o bem que Ele lhe deu e lhe permitiu realizar.

Como animadores e guias de suas Fraternidades, todos exercem liderança e precisam, de fato, “vestir a camisa” da OFS, mostrando que suas fragilidades, seus desacertos, justamente revelam a transparência de que tudo o que fazem é graça de Deus. Por isso, têm a chance de recomeçar cada dia, buscando melhorar o que não planejam bem, aperfeiçoar seu relacionamento com aqueles e aquelas que se responsabilizam consigo para levar avante a Fraternidade, não esquecendo que o modo como a conduzem deve ser um convite para que outros queiram se agregar a eles.

Só conseguem isto se em suas vidas transparece uma liderança alegre e confiante na presença de Deus neles e em todos aqueles e aquelas com quem se relacionam.

A OFS é o lugar da santificação, do amor fraterno, do encontro com Deus, com São Francisco, Santa Clara, Santa Isabel da Hungria e com todos os irmãos e irmãs que buscam viver com eles a perfeição da caridade no estado secular.

Portanto é com muita alegria e vigor que devem servir à OFS. Esses momentos de suas vidas devem ser vividos com grande interesse de sua parte, pois constituem o que de melhor recebem na dignidade de amados filhos de Deus: a vocação.

Disso resulta que sempre devem chegar felizes em casa quando retornam de seus encontros fraternos. Pode ser que uma vez ou outra, algo lhes desagradou, ou os fez sofrerem, mas devem zelar pelos irmãos e irmãs e pela própria Fraternidade, evitando comentários negativos, que possam por em dúvida a validade e a qualidade da vida espiritual que todos buscamos incessantemente. O líder cuida da honra de Deus, procurando dizer apenas o que tem valor positivo para o Reino do Pai.

É de vital importância que a formação inicial seja muito bem acompanhada, para que não venham a professar pessoas despreparadas, ou que ainda não compreenderam bem a identidade da vocação que pretendem abraçar. Viver a Regra da OFS, é encarná-la em todos os momentos de suas vidas, de modo que ela os preencha totalmente e os torne cristãos franciscanos seculares vigorosos e felizes nos trabalhos, nas lutas, verdadeiros adoradores do Pai em espírito e verdade, em toda circunstância. Se conseguirem atestar isso com sua conduta, serão um atestado vivo de que vale a pena viver a vocação franciscana secular no século XXI.

Para viver esta consciência de pertença à OFS, constata-se que cada um, cada uma, traz em si uma liderança franciscana, e se enquadram no perfil dos homens e mulheres que decidem renovar-se no vigor do Evangelho, seguindo o exemplo de Francisco de Assis.

Com todos os recursos que temos hoje para trabalhar a animação vocacional, sem dúvida, o que fala mais alto é e será sempre o testemunho de vida, pois quem vive a coerência com o Evangelho é naturalmente um missionário do Reino de Deus, que atua com a liderança de Jesus Cristo encarnada em seu ser, promovendo a vida evangélica em todos os ambientes.

4 ALGUNS PONTOS FUNDAMENTAIS QUE GARANTEM A QUALIDADE DE UMA FRATERNIDADE:

  1. Uma acolhida generosa a todos que a visitarem, ou desejarem conhecê-la;
  2. Que a oração particular e comum dos irmãos e irmãs seja tanto quanto possível atenta à presença de Deus e afetuosa;
  3. Testemunhar a vida de penitência, pelo seguimento fiel de Nosso Senhor Jesus Cristo;
  4. Viver o fraternismo, significa renunciar à própria vontade e, portanto, todos devem unir-se e contribuir mutuamente para o bem comum da Fraternidade e de todos os que puderem ajudar com suas atividades apostólicas;
  5. É preciso inserir sua vida pessoal no ritmo comum. Isto é, você deve adaptar-se à vida da Fraternidade e não ela à sua. Este é o seu primeiro apostolado, que o ajuda a livrar-se de si mesmo;
  6. Com simplicidade, falem-se uns aos outros sobre seus problemas pessoais, comunitários e apostólicos, e todos sintam-se responsáveis pelo testemunho da Fraternidade como tal.

5 A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA OFS NO MUNDO

A OFS é também uma organização humana. E, como tal, precisa de uma estrutura organizacional para que suas intenções e ações sejam praticadas por todos os níveis de governo, até chegar à base, que são as fraternidades locais.

Como se sabe, a sede da OFS está situada em Roma, porque é também a sede da Igreja universal, o que favorece a comunicação entre ambas. Detalhamos neste trabalho a composição da chamada Fraternidade Internacional, por ser ainda menos conhecida, cujos órgãos de governo são:

  • o Conselho Internacional (CIOFS);
  • a Presidência do CIOFS;
  • o Ministro Geral.

O Conselho Internacional tem a seguinte composição:

  • Os Conselheiros Internacionais, eleitos pelas Fraternidades Nacionais;
  • os membros seculares da Presidência do CIOFS;
  • os representantes da Juventude Franciscana (JUFRA);
  • os quatro Assistentes Gerais da OFS.

A Presidência do Conselho Internacional da OFS tem a seguinte composição:

  • O Ministro Geral;
  • o Vice Ministro;
  • sete Conselheiros da Presidência;
  • um membro da Juventude Franciscana;
  • os quatro Assistentes Gerais da OFS.

Abaixo são demonstrados os diversos níveis da OFS, até as fraternidades locais:


Essa estrutura não deve ser entendida como: “é mais importante quem está acima e é menos importante quem está abaixo”. A fraternidade local é, na verdade, o principal nível onde os irmãos se encontram e praticam o fraternismo. Todos os demais níveis têm apenas funções de coordenação.
O CIOFS é presidido por um ministro ou presidente do Conselho Internacional.

5.1 A Base Organizacional da OFS do Brasil

A organização da OFS do Brasil hoje existente começou a dar seus primeiros passos, com o surgimento do Secretariado Nacional (proposto em 1955 no Encontro Nacional no Rio de Janeiro) e aprovado em 1957 e que funciona no atual endereço, à Avenida 13 de Maio, 23 – 22º andar, com três salas no Edifício Darke no centro do Rio de Janeiro desde 21 de abril de 1965. A fusão das obediências com a unificação da assistência espiritual e da OFS do Brasil, iniciou-se em 1972.

5.2 O Secretariado Nacional

O Secretariado Nacional é o órgão realizador dos serviços burocráticos oriundos do planejamento e execução das ações emanadas do Ministro, Vice-Ministro e Conselheiros, no exercício de suas funções. O coordenador responsável pelos serviços realizados é o Secretário Executivo, que é nomeado pelo Conselho da Fraternidade Nacional.

5.3 A Revista Paz e Bem

A Revista Paz e Bem é uma publicação bimensal de formação e informação da OFS do Brasil. É publicada e enviada aos seus assinantes pelo Secretariado Nacional.

Em seu conteúdo podem ser encontradas reflexões sobre temas franciscanos, orações, breves notícias das fraternidades regionais e locais, temas de formação, biografias de santos franciscanos, a voz do Papa, dos Ministros Nacional e Internacional, atas e relatórios sobre as reuniões do Conselho Nacional, além de curiosidades diversas. Qualquer membro da OFS pode enviar matérias para serem publicadas em Paz e Bem, bastando, para isso, que sejam de interesse geral.

Paz e Bem é um verdadeiro elo de ligação direta entre os Conselhos Internacional e Nacional e os irmãos assinantes, que podem se manter informados dos acontecimentos da OFS no mundo inteiro. Envolve, portanto, muitas lideranças, tanto da equipe que a compõe, como dos membros da OFS que escrevem seus artigos.

O valor das assinaturas da revista faz parte do sistema de arrecadação do Conselho Nacional, o que lhe confere também importância na consecução dos planos da OFS do Brasil.

5.4 O REFRAN

O REFRAN, Relatório Anual da Fraternidade do Brasil, é um verdadeiro “banco” de dados, isto é, um depósito único de todas as informações, cujo conhecimento se faz necessário para o planejamento das ações da OFSB.

O fluxograma abaixo indica as etapas das atualizações anuais. A obediência aos prazos indicados permite que a montagem dos resultados ocorra dentro do ano a que se referem os dados coletados:

Essas informações fornecem uma riqueza de detalhes imprescindível para a formulação e de planos de ação apostólica ou de formação espiritual, assim como correções aos planos de ação já implantados, porque permitem um ajustamento da linguagem utilizada no material formativo e informativo às características dos seus destinatários, seja por questões de nível intelectual, seja por uma melhor escolha de assuntos, ora priorizando aspectos da vida paroquial, ora priorizando a vida familiar, ou a terceira idade, apresentando exemplos mais significativos aos seus leitores, porque melhor respeitam e ilustram a sua realidade. As atualizações do REFRAN constituem responsabilidade de todas as Fraternidades Locais e são executadas pelo Secretariado Nacional, que disponibiliza os dados às Fraternidades, em seus vários níveis, através da Internet ou, conforme solicitação, pelo correio.

6 A DIVULGAÇÃO DA OFS: EXPRESSÃO DE PERTENÇA

Vivemos em um mundo onde o marketing está presente praticamente em todos os meandros da vida do cidadão comum. A Igreja já se utiliza muito das técnicas da propaganda, na tentativa de buscar os recursos financeiros necessários para suprir as suas necessidades de caixa e para recrutar fiéis no meio do povo. Nada mais justo que esses recursos sejam utilizados, até porque a capacidade criativa do ser humano, quando utilizada para a sua sobrevivência e para o bem, é graça de Deus.

A OFS não é exceção à regra. Ela precisa manter-se atualizada em relação aos recursos e ao recrutamento de membros para suas fileiras, caso contrário envelhece e deixa de dar seu testemunho num mundo carente de espiritualidade.

Os líderes da OFS não podem concordar com menos. Todavia, nós somos os portadores e os responsáveis por um organismo atualíssimo, que tem no carisma franciscano secular uma mensagem a ser ouvida pelos que não conhecem o Evangelho. Francisco gritava aos quatro cantos: “o amor não é amado”, porque tinha medo que de não ser ouvido e que o Deus que tanto amava não recebesse as honras devidas.

Os irmãos da OFS devem procurar identificar-se cada vez mais, com essa forma de vida secular, ter a Regra tão entranhada em seus corações que seu proceder, obediente a ela, seja a principal fonte de divulgação do ser franciscano.

Cremos que este deve ser o principal meio de difusão de nossa espiritualidade.
Contudo, as fraternidades devem aproveitar os recursos que lhes são possíveis para divulgar a OFS, tais como: folders, a revista Paz e Bem, apresentações de teatros e atividades artísticas em casas franciscanas, exposições de artesanato, etc...

CAPÍTULO III – CONCLUSÕES

Este trabalho pretende ser um instrumento para ajudar nossos irmãos e irmãs da OFS a servir com o melhor que possam doar de seus dons para a glória de Deus, sua própria felicidade e fortalecimento da Ordem.

São Francisco não pretendia ser conscientemente um líder, mas exerceu uma liderança muito eficaz para a vida dos homens e mulheres de seu tempo, bem como para a Igreja. Isto porque desejava ardentemente ser um missionário do Reino de Deus e sentia necessidade de pregar a penitência e anunciar o Evangelho para a conversão dos pecadores. Mesmo doente, enquanto pode, ele não perdia a oportunidade de proclamar “as odoríferas palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo”, assim chamadas por considerar a excelência da Palavra de Deus que liberta e salva a vida humana.

Toda liderança franciscana, só pode ser baseada e buscada na Sabedoria Divina, por isso aprendemos de nosso Seráfico Pai a pedir diariamente como todos os santos: ”Dai-nos Senhor, o vosso Santo Espírito e seu santo modo de agir”. Portanto, tudo o que aprendemos desse trabalho deverá ser utilizado para aperfeiçoar o modo de servir à maneira franciscana.

Nossa Ordem precisa de líderes, de pessoas que assumam com generosidade as responsabilidades nos Conselhos dos diversos níveis, para levar adiante o carisma da vocação franciscana secular na vida da Igreja do século XXI.

“É obrigação do líder incentivar e dar condições para que as pessoas se tornem o melhor que podem ser”. E isto nós devemos viver em nosso convívio fraterno e em nossa missão de evangelizar em todos os ambientes.

Temos no Brasil a edição do livro “A Vida em Fraternidade”, à disposição no Secretariado Nacional, que traz muitas contribuições aos líderes da OFS e da JUFRA, aos Assistentes Espirituais e a todos que desejam conhecer a organização e vivência da OFS. Recomendamos sua leitura como anexo a este trabalho.

Todos nós recebemos muitos talentos de Nosso Senhor e alguns podem estar escondidos, de modo que nem mesmo nós os percebemos. Mas se abrimos o coração e confiamos em Deus, Ele realmente faz por nós maravilhas. Daí vem esta contribuição para ajudar a capacitar nossas lideranças no reconhecimento de suas habilidades, para melhor viverem “a gloriosa liberdade dos filhos de Deus”.

Paz e Bem!

OBS:

1) Cada fraternidade poderá utilizar-se desse material de acordo com suas possibilidades e inclusive criar questões para trabalhos em grupo, dinâmicas e outras formas de estudo. As que dispuserem de computador, o Conselho Nacional poderá atender aos que solicitarem, enviando este texto por e-mail.

2) Como nossas atividades se desenvolvem mais em finais de semana, podem ser programados cursos em etapas, a fim de que os interessados possam assimilar bem os temas.

Maria Aparecida Crepaldi e Luiz Gonzaga Cortez Garcia é Membros da cordenadoria de formação da OFS

Extraído de http://www.franciscanossantacruz.org.br/informaximo/artigos/artigo.asp?id=19 acesso em 01 set. 2009.

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