Insegurança é a sensação que sentimos quando nos afastamos de Deus, porque só Ele nos mantém em plena posse da vida; e quando isso acontece, nos sentimos à mercê de nossas próprias forças ou daquilo em que confiamos como sustentáculo para o nosso viver. Assim, todo ser que não se segura em Deus, impreterivelmente é inseguro e de frágil constitucionalidade, apesar de manter a aparência de instabilidade em sua insegurança; pois, em nossa naturalidade, somos apenas um sopro de vida e nada além disso, pois é o que temos, e só o temos porque rebemos.
Obviamente, existem aqueles que se acham donos de tudo e capazes de tudo; e assim agem, enquanto têm tempo, saúde, juventude, dinheiro e todas as possibilidades que a vida natural nos dá. Mas, à primeira derrocada, sentem-se acuados e partem para o ataque como forma de autoproteção, como que, querendo dizer: sou capaz de me defender custe o que custar; é como se o instintivo nessa hora atingisse o ponto mais elevado de superação.
Todavia, temos que admitir, tudo tem fim, até aquilo que nos mantém seguros por nós mesmos. Pensando bem, ninguém consegue vencer sempre, por mais esperto que seja. Ora, isso é uma lição de vida que Deus nos dá, para que nenhuma criatura humana possa se ufanar e se achar superiora às demais, pois naturalmente somos dependentes uns dos outros; e reconhecer isto é o que nos faz ser profundamente solidários uns com os outros e capazes de todo o bem. Caso contrário, nos tornamos “repletos de toda espécie de malícia, perversidade, cobiça, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade”; aumentando, com isso, o abismo de insegurança que a falta de comunhão com Deus nos traz.
Então, o que é que nos faz sentir seguros interiormente e exteriormente diante dos homens, de nós mesmos e de Deus? Deus e somente Ele, pois é assim que nos ensina a Sagrada Escritura: “Já te foi dito, ó homem, o que convém, o que o Senhor reclama de ti: que pratiques a justiça, que ames a bondade, e que andes com humildade diante do teu Deus.” (Miq 6,8). E ainda: ”Feliz o homem que não procede conforme o conselho dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores, nem se assenta entre os escarnecedores. Feliz aquele que se compraz no serviço do Senhor e medita sua lei dia e noite. Ele é como a árvore plantada na margem das águas correntes: dá fruto na época própria, sua folhagem não murchará jamais. Tudo o que empreende, prospera”. (Sal 1,1-5).
De fato, a causa maior da insegurança humana é o pecado que consiste no desligamento de Deus; pois toda vez que o ser humano peca, sente isso imediatamente, tenha ele fé ou não, porque o pecado humano é um veneno infernal que lhe intoxica a alma tirando dela toda paz e felicidade. Quando pecamos nossa alma fica entorpecida e insensível para com Deus e tudo o que diz respeito à Ele, porém, terrivelmente inclinada para todo tipo de maldade e toda espécie de vícios, tornando-se profundamente indiferente, apática ou repleta de ironia; gerando-se nela uma espécie de tristeza mórbida que com o tempo se transforma em depressão ou outras doenças psicossomáticas como insônia, impaciência, angústia, solidão,fobias, etc.
Portanto, ninguém que vive em estado de pecado mortal (pecados contra os 10 mandamentos da Lei de Deus) é feliz ou sequer consegue aspirar essa graça, mesmo tendo no pecado alguma satisfação prófuga, isto é, passageira; porque a felicidade é fruto da comunhão com Deus, da satisfação em fazer a sua santa vontade; enquanto que o pecado mortal é uma ofensa grosseira e desligamento Dele, e, por isso mesmo, fonte de devassidão e do vazio existencial que leva o ser humano à infelicidade e à morte.
Paz e Bem!
Frei Fernando,OFMConv.
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