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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Site da Pastoral Franciscana da Juventude

A Pastoral Franciscana da Juventude quer ser a união das diversas fraternidades e grupos de jovens que buscam em Francisco e Clara inspiração para sua vivência cristã.

Fraternidades da JUFRA e grupos de jovens de espiritualidade franciscana têm aqui um ponto de encontro onde realizam trocas de experiências, partilham subsídios, constroem uma fraternidade maior, universal, sonhada por São Francisco.

Em Betim temos uma equipe de assessoria, constituída por frades franciscanos e leigos que sonham com uma juventude franciscana fortalecida, dinâmica e cativante.

Faça parte da Pastoral Franciscana da Juventude, enviando-nos uma foto e o nome de sua fraternidade/grupo. Participe de nossas atividade, contribua com notícias e subsídios, pois esse espaço é nosso!

terça-feira, 8 de julho de 2008

Bíblia, Juventude e Ecologia => Parte VII

Em Pé-de-Guerra

Novamente demorei a postar! São os compromissos de fim-de-semana... Mas agora está mais fácil acessar a Net! Portanto, vamos ver que outra desculpa arrumarei para atrasar minhas postagens, hehehehe...

E então... Descobriram quando Gn 2-3 foi escrito? E o que estava tirando a vida do povo? Vamos ver isso agora?

Se bem me lembro, havíamos dito que o Éden era uma espécie de projeção da “Terra dos Sonhos” de roceiros e roceiras.

Pois bem... Logo, não se trata de conflitos gerados na Babilônia, onde só a corte foi exilada. Certamente é em Judá, onde estão os camponeses. Mas seria na mesma época? Vejamos...

O primeiro relato da criação começa dizendo que, no princípio, não havia terra; só água, água por todos os lados. Tal era a situação da Babilônia, cercada pelos rios Tigre e Eufrates.

Já, o segundo relato começa ao contrário: terra há com fartura, mas sem água (= chuva) e sem um jardineiro (= homem) para cuidar dela. Judá é uma região árida, com pouca chuva... Parece que estamos dentro do contexto.

Outra coisa, que se pode deduzir... Para o camponês, vida digna é poder cumprir a missão dada por Deus, a saber: cultivar o solo.

Mais que isso: Dignidade é poder, também, comer do fruto do seu trabalho. Das árvores do Jardim, pode-se comer de tudo, inclusive da Árvore da Vida. Só não se pode comer da árvore do conhecimento do Bem e do Mal...

Mas que sacanagem, não é!?! Se não se pode comer dela, por que está lá, no meio do jardim, toda sedutora?

E outra... Hoje enxergamos um Deus que é sumamente Bom! Então por que Ele criou uma árvore que é fonte do Mal? E mais... Ele não sabia que dizer “não” é a melhor maneira de incentivar uma pessoa a trangredir?

Bom... É muito provável que estejamos, então, numa época anterior ao Exílio. Antes da Babilônia, os judeus acreditavam que Javé era autor tanto do Bem quanto do Mal.

Basta lembrar o relato do Êxodo! Ao mesmo tempo em que empurrava Moisés e o povo para a liberdade, Javé “endurecia” o coração do Faraó (Ex 4,21; 7,3; 10,1.27; 11,10; 14,4.8.17...); o que era uma maneira de tornar a fuga do Egito ainda mais gloriosa.

Só depois do Exílio, em contato com as crenças babilônicas, persas e, principalmente, gregas, é que se formulou uma visão dualista de Céu e Inferno, Deus e o Diabo, anjos guardiões e anjos caídos...

Mas quem faz a humanidade pecar é uma serpente. Há quem veja nela um demônio. Como já vimos, o autor do texto conhecia apenas Javé. Em tempo: no primeiro relato, não se chama Deus de Javé; só no segundo.

Ora, a serpente era uma das criaturas de Javé. Mas uma criatura muito simbólica. Há quem veja nela o deus egípcio da sabedoria. Outros vêem o deus cananeu da fertilidade.

Isso nos coloca em duas épocas distintas. Ou estamos no séc. X a.C., na corte salomônica, fortemente influenciada pelos costumes egípcios, ou estamos no séc. VIII a.C., onde Elias, Oséias e Isaías combatem de maneira mais incisiva a idolatria e a influência dos deuses, principalmente os dos povos vizinhos.

Sinceramente, não há consenso quanto à data, mas todos concordam que foi na época da monarquia.

Este que vos fala está convencido de que trata-se de uma época posterior à de Salomão. A avaliação posterior de seu reinado diz que ele se perdeu e, na velhice, não mais andava nos caminhos de seu pai, Davi (1Rs 11,4.6).

E mais... Atribuía a culpa às mulheres estrangeiras do harém do rei, pois essas o “enfeitiçaram”, com seus falsos deuses (1Rs11,1-8).

E quem vemos interceptando a “droga”... ops... colhendo o fruto proibido por causa da serpente? Eva, é claro!!! Conseqüência??? Ainda hoje, tem muita liturgia por aí incriminando as mulheres por causa disso...

Mas o que mais nos chama a atenção??? Ora, estamos falando em Ecologia, não é mesmo!?! E o que vemos aqui??? Um conflito entre as criaturas!!!

A serpente induz Eva, que acaba induzindo também Adão, que depois culpa a mulher por isso, enquanto ela se defende jogando a culpa na serpente... E Javé, pra acabar com a discussão, põe todo mundo de castigo e ninguém mais vê televisão... digo... vive feliz para sempre.

A punição de Javé não parece exagerada? Ele, inclusive, coloca obstáculos na porta de acesso à Árvore da Vida (Gn 3,24).

E por que as criaturas entram em pé de guerra???

Que tal refletirmos um pouco sobre isso??? Paro por aqui, um pouco! Retomamos o assunto, no próximo post.

Até lá!!!

José Luiz Posssato Junior.
São Leopoldo - RS

sábado, 7 de junho de 2008

Bíblia, Juventude e Ecologia => Parte VI

Escolhe, pois, a Vida!

Pois bem... Estavam muito boas as férias, mas é hora de retomarmos nossas reflexões! Depois de analisar os 7 Dias da Criação, passaremos à “História das 5 Quedas”.

Mas primeiro... opa!!! Estamos no cap. 2 de Gênesis e... o mundo está sendo criado novamente?

Curioso, não!?! Tanta gente defende uma leitura bíblica ao “pé-da-letra”... Como será que eles explicam dois relatos diferentes da criação do mundo?

Teria sido o mundo criado, destruído e recriado? O que deverão ter feito as primeiras criaturas para o mundo ser destruído e refeito? Seria algo pior ainda do que no Dilúvio, pra não ser nem mencionado?

Para mim está claro!!! Ou passamos a vida toda achando os possíveis ossos de Adão e Eva, ou encaramos a Bíblia como ela realmente é: Palavra de Deus, que para Ele não volta sem causar efeito em nós (1Ts 2,13).

Ora, a Palavra de Deus não me parece tão preocupada em dizer quem foram os primeiros humanos quanto em nos dizer o que é preciso fazer para ter vida, e vida em abundância (Jo 10,10).

Portanto, ao ler o segundo capítulo, a pergunta que cabe ser feita é: Que vida Deus quer para nós?

E isso por quê??? Ora, porque o texto fala de duas árvores, das quais a humanidade deve escolher uma: a da Vida (vv. 9 e 16).

Se lembrarmos as reflexões anteriores, veremos que o primeiro relato também tinha um propósito: Fortalecer a Fé dos exilados e apontar as causas do Exílio (= Idolatria).

Morta a charada, resta saber quando e por que o texto foi escrito. Certamente não foi na mesma época do primeiro relato.

Comecemos pelo começo... No primeiro relato, “Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1). No segundo, “Deus criou a terra e o céu” (Gn 2,4b). Ora, que importância tem a terra vir antes ou depois do céu, não é mesmo!?! Mas vejamos...

Continuando... Enquanto se conta os dias lá, realçando a importância do sábado, isso aqui não tem a menor importância. Quando que o sábado passa a ter importância mesmo?

Tem mais... Enquanto há abundância de água lá (sendo sinal, inclusive, do caos), aqui “Deus ainda não havia feito chover sobre a terra” (v. 5). Ah... Certamente não estamos mais (ou ainda?) na Babilônia! Será algum deserto?

Enquanto lá toda a criação é uma preparação do terreno para que venha a humanidade, aqui depende da humanidade o início da criação. Afinal, “não havia ainda nenhum [verde]... porque... não havia homem para cultivar o solo” (v. 5).

Ops!!! A terra vem antes do céu... e agora estamos falando de cultivar o solo... Ou Deus nos fez agricultores (todos nós), ou o texto é proveniente de um grupo de camponeses.

Lá, homens e mulheres são quase deuses (= Imagem e Semelhança). Ou seja... o rei babilônio pode até parecer um deus... Mas é gente!!!

Aqui o homem é feito do barro! Quer ligação mais perfeita com a terra?

Enquanto o Espírito pousava sobre as águas lá, aqui Ele anima água e terra (v. 7). Do barro, Deus faz o homem e todos os animais (v. 19). Não somos Um apenas entre nós, mas com toda a criação.

Um parêntese: Notem que até aqui não falamos da mulher. É que ela vem depois, da costela do homem.

Podem dizer o que quiserem... que Deus não faz a mulher dos pés, nem da cabeça... que ela é tirada da costela, para ficar ao lado do homem... mas ainda assim ela vem em segundo lugar e sua condição é de “auxiliar” do homem (v.18).

Isso está claro no texto... não está??? Ora, devemos estar numa época de forte cultura patriarcal. Nem tudo é libertador no texto... algumas coisas ficam presas à época e à cultura. Assim como esta nossa análise, feita nos dias de hoje.

Por fim, o homem é criado fora do Éden e colocado lá dentro (v.8). O paraíso seria o céu? Enfim... Deus o introduz no Jardim, com a missão de cultivar, de cuidar do solo.

Tarefa fácil!!! Todos os grandes rios conhecidos daquela época brotam do Éden (vv. 10-14). Ou seja... terra e água o Jardim tem de fartura. Aqui, em se plantando, tudo dá!

Estamos, com toda certeza, falando do mundo dos sonhos de um camponês. Uma terra de onde o verde brota espontaneamente, bastando apenas cuidar de uma ou outra erva daninha. É certamente “uma terra onde mana leite e mel”.

Bom... Ainda não podemos dizer qual a data, exatamente. Mas podemos dizer que o texto não foi escrito no Exílio e nem por sacerdotes. É gente da roça que nos fala: Escolham a Vida!!!

Mas quando isso??? E o que estava tirando a vida do povo??? É o que veremos, a partir do próximo texto...

Até lá!!!

José Luiz Possato Junior.
São Leopoldo-RS

domingo, 18 de maio de 2008

Bíblia, Juventude e Ecologia => Parte V

DESCANSAR??? PRA QUÊ???

E no sétimo dia (Deus) descansou.” (Gn 2,2)

Eis uma pergunta que não quer calar: Deus descansa? Mas que irresponsabilidade é essa? Deixar a gente aqui, sem mais nem menos, vulnerável às intempéries do mundo?

Ele nos colocou aqui, foi descansar e agora a gente que se vire???

Bem... Algumas interpretações do texto chegam inevitavelmente a esta conclusão. Mas são interpretações descontextualizadas, que não levam em conta nem a época em que o texto foi escrito, quanto mais o que estava acontecendo.

Estamos lembrados??? A época é de Exílio! Os judeus estão na Babilônia. Bom... Nem todos os judeus! Só a corte judaica é que foi deportada, na verdade...

A elite judaica estava habituada à vida sedentária da corte. Na Babilônia, tinha que trabalhar de sol a sol.

Descanso? Dia de folga? Pra quê??? Na Babilônia, quem comandava o calendário eram os astros (particularmente a Lua). Então os descansos e dias de festa eram raros, se comparados ao descanso semanal dos judeus.

O calendário judaico era organizado por semanas de 7 dias, assim como o nosso, de hoje em dia. Mas o dia de descanso era o sábado.

Então o autor relata que Deus conclui a obra em 6 dias e descansa no sétimo, reforçando que o descanso sabático é querido por Javé.

Afinal, o trabalho também não pode ser um ídolo. O lucro a qualquer preço e o consumismo desenfreado coisificam a pessoa.

É preciso redescobrir que o trabalho só dignifica o homem (e a mulher?) se, em nossa escala de valores, o trabalho estiver a serviço da humanidade, e não o contrário.

Mas o autor parece querer dizer mais! Vejamos...

Outro motivo para não parar de trabalhar. Dizem os mais velhos que “mente vazia é oficina do diabo.” Os babilônios sabiam disso muito bem. Escravo parado é mente trabalhando; mente trabalhando é revolta organizada, na certa.

O sétimo dia encerra uma obra. São 6 dias de organização do caos; e a conseqüência disso é a Vida.

Um calendário diferente implica uma organização diferente da nossa rotina, do dia-a-dia. Um dia de descanso por semana é tempo mais que suficiente para organizar a resistência contra a opressão.

Além disso, ao dizer que o sabbath é fruto da Vontade de Javé, o autor excita a memória dos(as) leitores(as).

O dia de descanso é tempo de lembrar, ao redor da fogueira, os tempos felizes, em que Javé estava ao lado do povo. É tempo de rever nossa conduta, perceber que a condição atual é fruto de nossos erros, e que Deus continua ali, ao nosso lado, motivando-nos a levantar e nos voltarmos para Ele.

O ápice do primeiro capítulo, portanto, é o sétimo dia. Inclusive, se lermos atentamente Gn 2,2-4, veremos que não houve uma tarde e uma manhã (cf. Gn 1,5.8.13.19.23.31). Ou seja... O sétimo dia dura até os dias de hoje!

O que isso quer dizer? Simples... O número da perfeição é o 7, mas a obra foi concluída em 6 dias. Mais ainda... Em 6 dias, Deus realizou 8 obras (veja que tanto o terceiro quanto o sexto dia encerram duas obras cada um).

Com isso, o autor reforça que a criação está pronta, mas não é perfeita. É no sétimo dia que ela vai atingir a perfeição. E quem recebe o “chapeuzinho de Mestre-de-Obras” no sétimo dia?

E lá vamos nós, aos trancos e barrancos! Tentando aperfeiçoar a obra, mas cometendo um deslize aqui, outro ali... As ordens do Projetista são claras, mas o Mestre-de-Obras comete 5 errinhos básicos e, em virtude deles, estamos até agora tentando trazer a obra de volta à planta original.

E olha que já recebemos até a visita de um dos Idealizadores deste Projeto...

Quais são estes 5 erros??? É o que veremos, na seqüência!

Até lá!!!

José Luiz Possato Junior.
São Leopoldo-RS

domingo, 11 de maio de 2008

Bíblia, Juventude e Ecologia => Parte IV

O QUE É PIOR DO QUE O ANTROPOCENTRISMO???

Já deve ter ficado claro o perigo da idolatria, pelo que dissemos até aqui.

Se perguntarmos a qualquer cristão, ou cristã, o que significa a idolatria, eles não vão ter nada agradável a dizer sobre ela.

Entretanto, não é fácil identificá-la! Isso porque ela representa nossos projetos, normalmente de realização pessoal e, por isso mesmo, opostos ao Plano de Deus.

Inconscientemente sabotamos nosso ideal de fidelidade a Deus, por ser natural querermos que sua Vontade nos seja favorável, serva de nossos propósitos.

É por isso que o primeiro relato da criação segue desmistificando os falsos ídolos. Depois do Sol (Marduc) e da Lua (Ishtar -- radical que, na verdade, dá origem à palavra “estrela”), é a vez dos bezerros de ouro, bodes e cabras sagrados etc:

Deus disse: ‘Fervilhem as águas um fervilhar de seres vivos e que as aves voem acima da terra, sob o firmamento do céu’, e assim se fez... E Deus viu que isso era bom. Deus os abençoou e disse: ‘Sede fecundos, multiplicai-vos...’ Houve uma tarde e uma manhã: quinto dia.” (Gn 1,20-23)

Ainda não se fala de nenhum animal terrestre, mas notemos que pela primeira vez Deus bendiz, abençoa sua criação.

A bênção implica a multiplicação da Vida. Fica evidente que não se trata de uma exclusividade, de um “tratamento VIP”, destinado à humanidade.

E por falar em humanidade...

Deus disse: ‘Que a terra produza seres vivos segundo sua espécie: animais domésticos, répteis e feras segundo sua espécie’, e assim se fez. Deus fez as feras segundo sua espécie, os animais domésticos segundo sua espécie e todos os répteis do solo segundo sua espécie, e Deus viu que isso era bom.” (Gn 1,24-25)

O autor repete, no v. 25, o que já havia afirmado no v.24, enfatizando que não só a humanidade, mas todos os animais terrestres foram feitos no sexto dia.

Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança...’ ” (Gn 1,26a)

Quem acompanhou as reflexões até aqui, facilmente consegue ver que, mesmo sob a aparência divina (Imagem e Semelhança), toda a humanidade, incluindo o rei babilônio (auto-denominado “filho do deus Marduc”), não passava da condição de criatura. Mas o texto segue...

‘... e que eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra.’ ” (Gn 1,26b)

E é aí que reside o maior dos males: o homem recebe uma responsabilidade (cuidar do planeta), mas entende isso como um privilégio, do qual pode tirar proveito.

Dito de outra forma: Recebemos o papel de “pastores”, mas resolvemos agir como “lobos”.

Com a maior das responsabilidades na mão, a humanidade ainda encontra tempo para se nomear medida de todas as coisas.

Deus é destronado para a ascensão do homem, do antropos. Pronto... Está instaurado o ANTROPOCENTRISMO.

É em função disso que a relação com a terra (agora já não é mais “Mãe” e escreve-se com minúscula) deixa de ter benefícios mútuos e passa a ser de exploração.

Nisso têm culpa o homem e a mulher, como faz questão de afirmar o v. 27, quando destaca a sua igualdade de condição. Mas o antropocentrismo é tão antropocêntrico que subordina até mesmo a mulher.

O autor, talvez sem perceber o quanto será mal interpretado, segue o texto (v. 28), repetindo a expressão “dominar”, responsabilizando agora também a mulher e acrescentando a bênção divina.

Em sua “inocência”, relata que no princípio não havia carnívoros (vv. 29 e 30). Todos, humanos e animais, eram vegetarianos, pois não é desejo de Deus o derramamento de sangue.

Isso porque o sangue está intimamente ligado à sobrevivência e à manutenção da Vida.

E Deus viu que toda a sua obra é boa. Aliás... Boa não... Muito boa!!! Só que a sua “zeladora”, a humanidade... bem... sobre isso continuamos outra hora! Até lá!!!

José Luiz Possato Junior.
São Leopoldo-RS

domingo, 4 de maio de 2008

Bíblia, Juventude e Ecologia => Parte III

ECOFILIA SIM; IDOLATRIA NÃO!!!

Até aqui já dissemos o que entendemos por: Bíblia, Juventude e Ecologia.

Além disso, vimos que Deus vence a Morte no terceiro dia; e isso logo nos primeiros versículos da Bíblia.

É Deus que transforma o caos em ordem, torna o deserto verde, submete as trevas à luz e impõe limites às águas agitadas.

Vencida a Morte, estava preparado o terreno para que a Vida florescesse! Mas aí...

Deus disse: ‘Que haja luzeiros no firmamento do céu para separar o dia e a noite; que eles sirvam de sinais, tanto para as festas quanto para os dias e os anos; que sejam luzeiros no firmamento do céu para iluminar a terra’, e assim se fez. Deus fez os dois luzeiros maiores: o grande luzeiro como poder do dia e o pequeno luzeiro como poder da noite, e as estrelas. Deus os colocou no firmamento do céu para iluminar a terra, para comandar o dia e a noite, para separar a luz e as trevas, e Deus viu que isso era bom. Houve uma tarde e uma manhã: quarto dia.” (Gn 1,14-19)

Estamos tão acostumados ao texto que nada percebemos de estranho neste trecho... não é!?! Mas há algo estranho sim... Luz e trevas já não estavam separados por Deus?

Percebam com que insistência o narrador explica a função dos luzeiros. Bastava apenas dizer que o maior rege o dia e o menor rege a noite. Mas ele repete, repete, repete... E não diz o nome dos luzeiros. Não é estranho???

Talvez sim... Mas se nos lembrarmos que o texto foi escrito numa situação de cativeiro (Exílio na Babilônia), as coisas começam a ficar mais claras.

Entre o povo, o sentimento de derrota só não superava o de vergonha. Javé, que até então havia ajudado os judeus a vencer os outros povos, não fez nada contra os babilônios, que dominaram Judá facilmente. A conclusão só podia ser uma: o deus babilônio era mais forte que Javé.

A Babilônia não tinha apenas um deus. O mais poderoso entre eles era Marduc: nome dado pelos babilônios ao Sol. Ishtar (cujo radical, na verdade, dá origem à palavra "estrela") era o nome dado à Lua. Portanto, pronunciar os nomes dos luzeiros era dar força aos deuses babilônios.

Na mitologia babilônica, Marduc vence o caos, igualmente numa cena onde a água é abundante e é sinal de Morte. É que a Babilônia era cercada por dois dos 4 grandes rios conhecidos da época: Tigre e Eufrates, cujas cheias irregulares eram sinal de preocupação constante.

É importante também dizer que os babilônios inventaram o horóscopo. A Natureza era uma confraria de deuses, conspirando contra ou a favor da sorte do povo. Tudo dependeria dos ânimos dos astros.

Tudo dependeria também do filho de Marduc. E esse era ninguém menos do que o Rei da Babilônia: o legítimo portador da vontade de deus.

O autor do primeiro relato de Gênesis, portanto, quer fortalecer a fé e a esperança do povo, mostrando que os astros não são deuses, mas criaturas do Único Deus: Javé.

Não cabe ao relato de Gênesis explicar por que Javé permitiu o Exílio. Isso farão os círculos proféticos, tentando provar que a culpa era proveniente dos pecados do povo.

O que lhe cabe é fazer uma nova Teologia da Criação, reforçando a condição de criatura, conferida a Marduc. Para reforçar isso, o texto mostra que a luz é criada bem antes do astro-rei (4 dias). E se o Sol traz a luz, é porque esta é a missão que Javé lhe confiou. O mesmo acontecendo com a Lua (Ishtar), em relação à noite.

O resultado dessa nova Teologia é que somos novamente livres. Nosso destino não está mais nas mãos de reis, ou astros, ou de qualquer outra ideologia dominante.

Hoje muitos ecólogos querem estabelecer uma relação de verdadeira adoração à Natureza. Novamente se dá força à astrologia, ao poder místico das pedras, à função terapêutica das plantas... Quando o bem-estar que sentem, na verdade, é fruto de uma pequena sintonia com parte do meio ambiente. Nada mais!!!

Sintonia esta que perdemos há muito tempo, conforme veremos no próximo encontro.

Mas convém que se diga, para encerrar este tema, que a verdadeira ecofilia não transforma as criaturas em mais do que elas são. Não preciso dar status de deus ou deusa ao chão que piso, para entrar em sintonia com a Mãe-Terra.

Agindo com arrogância e pretensa superioridade (veremos mais sobre isso quando falarmos em Imagem e Semelhança), a humanidade vem agredindo sistematicamente a Natureza. Isso está matando nosso planeta.

Mas agimos com absoluta leviandade quando trocamos a nossa liberdade de filhos e filhas de Deus por um destino que nos isenta de qualquer responsabilidade diante dos fatos.

Só quando assumirmos que somos tão criaturas quanto o sol ou a lua, e que fazemos parte de um todo que é o cosmo, restabeleceremos de forma saudável e harmoniosa o equilíbrio do Universo.

Paz & Bem!!!

José Luiz Possato Junior.
São Leopoldo-RS

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Bíblia, Juventude e Ecologia => Parte II

E NO TERCEIRO DIA...

No encontro anterior vimos que:

=> A Juventude é o Presente.
=> A Bíblia está intimamente ligada à Vida.
=> E a Terra é um Ser Vivo, em Comunhão com seus habitantes (nós entre eles) e o Universo.

Vimos também que estas definições não são as mais tradicionais, mas as que melhor expressam uma Ecologia pensada por cristãos ecófilos.

A bem da verdade, dentro de um cristianismo autêntico, o termo “ecófilo” soa redundante. Isto porque Deus ama toda a Criação: a Natureza, inclusive.

É o que nos relata a poética narrativa do primeiro capítulo da Bíblia. Aliás, a Fé num Deus Criador está muito bem representada no livro com o sugestivo nome de Gênesis.

Que a Criação implica Vida, não há dúvida! E que, pela Ressurreição de Cristo, a Vida venceu definitivamente a Morte, também não! Mas o que uma coisa tem a ver com a outra?

Bom... Cristo venceu a Morte em três dias... não é!?! E isso nos relatam os Evangelhos... Certo!?! Sim... Mas não só eles!!! A Bíblia já começa com Deus vencendo a Morte em três dias! Como??? Vejamos:

No princípio, Deus criou o céu e a terra. Ora, a terra estava vazia e vaga, as trevas cobriam o abismo, e um sopro de Deus agitava a superfície das águas.” (Gn 1,1-2)

Antes dos dias, Deus cria o céu e a terra, mas a situação é de caos. São 3 os símbolos da Morte:

=> Terra vazia => Em algumas traduções, diz-se que a terra estava vazia e sem forma (estou utilizando a tradução da Bíblia Jerusalém). Estando vaga, vazia ou sem forma, de qualquer jeito ela está deserta, ou seja: sem vida.
=> Trevas => O mais tradicional símbolo da Morte.
=> Águas agitadas => Embora seja um tradicional símbolo da Vida, a água (ainda que habitada pelo Espírito, ou sopro de Deus) aqui vai ser sinal de Morte.

Ainda falando sobre as águas... A redação do texto -- e isso veremos adiante -- data do fim, ou do recente pós-Exílio na Babilônia. Todos nos lembramos do Sl 137(136),1:

À beira dos canais de Babilônia nos sentamos, e choramos com saudades de Sião.

O povo chorava à beira do rio, vendo aquela fartura de água, mas lembrando da liberdade que gozava em Sião.

Seguindo a narrativa:

Deus disse: ‘Haja luz’, e houve luz. Deus viu que a luz era boa, e Deus separou a luz e as trevas. Deus chamou à luz “dia” e às trevas “noite”. Houve uma tarde e uma manhã: primeiro dia.” (Gn 1,3-5)

No primeiro dia, Deus vence as trevas, o mais tradicional símbolo da Morte.

Deus disse: ‘Haja um firmamento no meio das águas e que ele separe as águas das águas’, e assim se fez. Deus fez o firmamento, que separou as águas que estão sob o firmamento das águas que estão acima do firmamento, e Deus chamou ao firmamento ‘céu’. Houve uma tarde e uma manhã: segundo dia.” (Gn 1,6-8)

Aqui vemos que a água envolvia toda a terra, imagem que será retomada na cena do Dilúvio, também uma cena onde as águas significam Morte.

Na imaginação de então, o céu era uma imensa redoma contenedora de águas. Claro... Olhavam para o céu e ele era azul como o mar. Além disso, de vez em quando chovia água do céu.

Era uma visão de mundo própria da época. Mas o importante aqui é ver que, ao criar o firmamento, Deus impõe limites à força opressora das águas. O Deus Criador é também um Deus Libertador, que vence a Morte e o regime opressor.

Deus disse: ‘Que as águas que estão sob o céu se reúnam num só lugar e que apareça o continente’, e assim se fez... Deus disse: ‘Que a terra verdeje de verdura: ervas que dêem semente e árvores frutíferas que dêem sobre a terra, segundo sua espécie, frutos contendo sua semente’, e assim se fez... e Deus viu que isso era bom. Houve uma tarde e uma manhã: terceiro dia.” (Gn 1,9-13)

Que a terra verdeje... Deus faz aparecer os continentes (dá forma à terra) e eles verdejam de verdura. Ou seja: o deserto é vencido pela força criadora de Deus, que transforma o terreno hostil em fonte de vida.

Aliás, falando em transformação... Deus transforma os sinais da Morte em sinais de Vida. Mesmo as trevas, sendo limitadas pela luz, tornam-se fonte de descanso e reposição de energia, tão necessárias à nossa sobrevivência.

Ou seja... Da Morte, Deus tira a Vida. Não é isso que cremos? Que é morrendo que se vive para a vida eterna?

Pois bem... E é isso que veremos, no próximo capítulo: a partir do quarto dia, a Vida terá plenas condições de acontecer!

Até lá!!!

José Luiz Possato Junior.
São Leopoldo-RS

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Bíblia, Juventude e Ecologia => Parte I

Olá, pessoas!!!

É com aquela (perfeita) alegria franciscana que, a partir de hoje, integro-me ao rol de colaboradores deste espaço. Até então, eu utilizava apenas o blog que partilho com minha esposa: osperegrinos.

Estou assessor do CEBI-RS (Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos - Região de Rio Grande do Sul) e sinto-me honrado pelo convite.

Para iniciar, escolhi uma série de reflexões desenvolvidas para um curso a ser ministrado em Ijuí-RS, cujo tema era: BÍBLIA, JUVENTUDE e ECOLOGIA.

Creio que primeiramente convém dizer o que entendo por Bíblia, Juventude e Ecologia. E por isso chamo o primeiro texto de: AFINANDO CONCEITOS.

Pois bem... Há uma definição oficial, comum, que não permite nenhuma ligação entre estes 3 termos. E outra, que não só permite, como os considera inseparáveis. Vejamos:

BÍBLIA => É o Livro da Lei... Certo??? Bom... De certa forma, sim!!! Mas não nos esqueçamos das palavras de Paulo: “A letra mata; o espírito vivifica” (2Cor 3,6), baseadas nestas outras, de Cristo: “O espírito é que vivifica... As palavras que vos tenho dito são espírito e vida” (Jo 6,63). Não é por acaso que a Bíblia começa com a narrativa da Criação (Gn 1). Em seu primeiro relato, a Bíblia já deixa claro o seu objetivo, como explica Cristo, quando afirma a que veio: “Eu vim para que as ovelhas tenham vida; e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Diante disso, mais que ser da Lei, podemos afirmar que A BÍBLIA É O LIVRO DA VIDA.

JUVENTUDE => É o futuro!!! Bem... Com certeza, é!!! Afinal, o(a) jovem tem muita vida ainda. Vai passar mais uns 20 ou 30 anos e os(as) jovens de hoje ainda terão a capacidade de tomar e executar as decisões que conduzirão o mundo. Mas eles(as) já têm essa capacidade hoje. Talvez falte experiência... Ou talvez falte espaço. O fato é que a Juventude é alvo da mídia, da moda e das prateleiras de supermercado. E isso por quê??? Porque os(as) jovens são a maioria da população. Ora, tudo o que conduz o nosso cotidiano é voltado para a juventude; falta aos adultos é vontade de admitir isso e dizer ao(à) jovem que ele(a) tem força sim de mudar o rumo da nossa história. Se a Juventude é capaz de determinar o que vende e o que não vende (vale lembrar que as leis regentes da sociedade atual são as do Mercado Internacional), então ela é que tem o Poder nas mãos. Só não descobriu isso ainda... Portanto, mesmo que por enquanto seja de uma forma potencial, A JUVENTUDE É O PRESENTE!!!

ECOLOGIA => É a ciência que estuda o cuidado com a nossa “casa” (eco = oykos = casa), que é o meio ambiente. Well... Aqui não se trata de discutir definições. Afinal, contra a etimologia (= origem das palavras) não há argumentos. O que devemos discutir aqui é a defesa da Ecologia como solução para os problemas do nosso meio ambiente. A ciência estuda, fala, orienta... Mas não é, em última instância, quem age. Precisamos aliar à Ecologia uma atitude, uma ECOFILIA. Filia = phylia = amor, amizade. Precisamos redescobrir o nosso papel na Natureza. Graças a uma interpretação antropológica de mundo, fruto do Humanismo ("O Homem é a medida de todas as coisas"), até a Bíblia é usada como justificativa para explorarmos a Terra, em vez de cuidar e dela tirar o sustento. Exemplo: O que nos vem à mente, ao ler: “enchei a terra e submetei-a” (Gn 1,28)? Esta frase, solta, descontextualizada, o que tem a nos dizer hoje? Sem entender o sentido original do texto -- e lendo-o à luz da cultura atual --, fica muito fácil usar a Bíblia para justificar o agronegócio, as monoculturas, o hidronegócio etc. Mas quem ama a Terra, o ecófilo, não explora a Terra; antes, com ela se integra, pois sabe muito bem que, diante do Universo, a humanidade e a Mãe Terra formam um único CORPO, um SER VIVO em órbita, transitando pelo espaço sideral, a bordo da Via Láctea.

Enfim... Sobre estes 3 termos era isso... A partir da próxima postagem, vamos entrar no tema propriamente dito. Para tanto, utilizarei o recorte proposto pelo CEBI, ano passado, em suas reflexões sobre Ecologia; a saber: Gênesis 1 a 12.

Aproveito para reiterar meu agradecimento pela oportunidade de escrever neste espaço, com o qual me identifico, graças ao carisma franciscano.

Paz & Bem!!!

José Luiz Possato Junior.
São Leopoldo-RS

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