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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A CRUZ, NÃO SE ENTENDE, SE VIVE...


ATÉ AS ÚLTIMAS CONSEQUÊNCIAS...

Por seu Filho, Jesus Cristo, Deus fez uma profícua aliança de amor conosco; Ele se deu à nós totalmente, para também nós nos darmos a Ele totalmente e assim formamos uma só comunidade de amor, que comporta o seu plano de salvação para as suas criaturas. Ora, nesse encontro amoroso, o mistério divino começa a ser desvendado em nós, e assim nos tornamos para o Senhor agentes de transformação da obra da criação, e somos amados por Ele até a última gota do Sangue de Seu Filho, derramado para o perdão dos nossos pecados, até que atinjamos a perfeição desejada por Ele que assim nos amou primeiro.

Quando o Senhor nos diz: “Sede santos como o vosso Pai celeste é Santo”. (Mt 5,48); Ele está dizendo que, como “imagem e semelhança de Deus”, potencialmente, todos somos santos ao infinito; é como a semente que já traz nela potencialmente a plenitude de milhões de plantas, flores, frutos e grãos e a saciedade das necessidades da natureza à qual se destina, isto é, ela traz em si o propósito divino de perfeição que lhe cabe; mas para isto, é preciso que ela morra, pois: “se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto”. (Jo 12,24). Ou seja, a semente que não morre, não ressuscita, não tem vida, ela é só presença fútil; pelo contrário, a que morre produz fruto cem por um, porque plantada na terra boa da redenção.

A nossa experiência de Deus se fundamenta em sua visita, ou seja, em seu toque especial em nossa alma, como uma espécie de êxtase espiritual que nos envolve e cresce à medida que o cultivamos com o empenho de quem busca a verdadeira santidade de vida. Mas é preciso que queiramos receber esse toque especial do Senhor por meio da fé, que está impressa em nossa alma; assim como está impresso em nosso corpo o nosso código genético. E como se dá esse toque divino? Cada um o experimenta de acordo com a sua realidade, todavia, na maioria ele se dá pela cruz, que consiste em uma espécie de esvaziamento total, quando nos sentimos sós e a dor nos toma por demais, a exemplo de Cristo na cruz: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Mt 27,46). Ou seja, na cruz Jesus deixa Deus livre a ponto de sentir-se até abandonado por Ele; porém, não deixa de fazer o seu maior ato de amor e doação: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito" (Lc 23,46). De fato, na cruz, Jesus não tem mais nada, tiraram-lhe tudo até mesmo a própria vida, mas não puderam tirar a sua dignidade, a sua liberdade de amar e dizer sim ao Pai. Então, o que é o amor? O amor é isso, deixar o outro livre para decidir amar ou não, mas nunca abrir mão de amar até as últimas consequências, ou seja, por meio da obediência incondicional.

Na vida Deus nos ama assim, até as últimas consequências e nos deixa livres para amá-lo ou não, porém, nos diz: “filho tu podes me amar ou se tornar um demônio, mas tu nunca poderás esquecer que eu te amo, e por isso te perdoou sempre, mesmo que não aceites o meu perdão e o meu amor, como o fazem os demônios”. Portanto, caríssimos, a cruz não se entende, se vive, mesmo que não queiramos; todavia, quer queira quer não, um dia este mundo será passado a limpo; felizes os filhos e filhas de Deus que nunca rejeitaram o seu amor. Pois: ”É como está escrito: Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (cf. Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam”. (1Cor 2,9).

Paz Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.
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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

EM MEIO À ESSA TRAGÉDIA, TENHAMOS UMA FÉ INABALÁVEL...



EM MEIO À ESSA TRAGÉDIA, TENHAMOS UMA FÉ INABALÁVEL...

Diante de certos acontecimentos circunstanciais, como por exemplo a tragédia na cidade de Santa Maria no Rio Grande do Sul, ficamos como que estupefatos, chocados e também sentindo a dor e o sofrimento daquelas famílias. Porém, em meio a tudo isso, precisamos refletir bastante sobre como nossa vida é efêmera e de quanto precisamos valoriza-la enquanto aqui estivermos. Quem sabe, talvez nenhum daqueles jovens pensou que a morte estivesse tão próxima. De fato, eles foram ali em busca de diversão, encontrar os amigos, curtir mais uma balada, ouvir música, dançar, tomar uns drinks, festejar, namorar, etc., como é costume entre os nossos jovens. E no entanto, encontraram uma morte tão trágica e desproporcional.

Culpados pela tragédia? Quem? Os donos da boate? Os músicos? O local? As autoridades? Os jovens? No momento a dor é tanta que ficamos atordoados, quem sabe, procurando uma explicação ou um entendimento para esse acontecimento tão trágico e inesperado. De fato, existem culpados, mas mesmo que se punam todos os culpados por essa tragédia, nada trará de volta a vida dos jovens que foram ceifados tão dolorosamente em seus sonhos e projetos existenciais. Porém, precisamos aprender, tirar uma lição em meio a tudo isso. E que lição tiraremos desse triste episódio? Creio que muitas lições, uma delas diz respeito a própria vida, pois ela nos é dada, mas naturalmente podemos perdê-la a qualquer momento, isto porque, estamos aqui, mas não somos daqui. Por isso, não podemos viver como se fôssemos somente daqui sem pensar no devir, ou seja, não podemos viver como se não tivéssemos uma eternidade à nossa frente.

Uma outra lição que tiraremos dessa tragédia: não podemos confiar em quem faz do lucro monetário o alicerce de sua vida e por isso pouco se importa com a segurança e a vida dos demais; nem tão pouco confiar nas autoridades que usam os cargos públicos para enriquecimento ou apenas para galgar status social de destaque. Estes visam apenas se perpetuar no poder, como diz o ditado popular, “não querem largar o osso, enquanto houver um mínimo de carne nele”, pouco importando se estão dando cabo das responsabilidades que lhes confiamos com nossa escolha democrática. Todavia, ai daqueles que apenas usufruem das benesses do poder, como regalias pessoais e outras facilidades de tais cargos públicos, deixando que os menos abastados morram à míngua, ou se acabem em tragédias como essa. Ai das autoridades que assim procedem, pois naquele dia ouvirão do Senhor: “Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus!”. (Mt 7,23b).

Por outro lado, podemos tirar ainda uma lição que nos fará enfrentar tais dificuldades com profunda determinação e sem perdermos a ternura ou o ânimo pela vida. Pois, quantos jovens ali não se tornaram heróis dando a vida para salvar outros jovens que estavam precisando de sua ajuda? Quanta solidariedade, orações, súplicas, devoções pelas vidas que se foram e pelas famílias enlutadas? De fato, nessas horas, revelamos a fé em Deus que nos sustenta, o amor que nos faz solidários e a consolação que nos faz dar o ombro amigo à quem dele necessita ou ainda chorar com os amigos, os entes queridos que se foram. Só sabe a dor da cruz que é crucificado nela, mesmo sendo inocente; porém, nunca podemos esquecer que o Filho de Deus nos ensinou carrega-la rumo à ressurreição, ao Reino dos céus...

A nossa fé em Cristo Jesus nos ensina, a vida é um dom de Deus e devemos vive-la para a sua maior glória em todos os sentidos. Viver para este mundo é morrer a cada segundo; viver para a eternidade é viver em Deus, com Deus e para Deus todo tempo que temos aqui, ou seja, é fazer acontecer o devir a cada passo dado em direção à vida eterna. Que seja este o nosso consolo e a nossa resposta para toda dor e sofrimento que aqui suportamos, mesmo quando não entendemos.

Com efeito, escreveu São Paulo: “Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada. Por isso, a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus. Pois a criação foi sujeita à vaidade (não voluntariamente, mas por vontade daquele que a sujeitou), todavia com a esperança de ser também ela libertada do cativeiro da corrupção, para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus.

Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como que dores de parto até o presente dia. Não só ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção do nosso corpo. Porque pela esperança é que fomos salvos. Ora, ver o objeto da esperança já não é esperança; porque o que alguém vê, como é que ainda o espera? Nós que esperamos o que não vemos, é em paciência que o aguardamos”. (Rom 8,18-25).

Por fim, me solidarizo e rezo por todas as famílias que estão sofrendo a dor dessa tragédia, pois a sinto como se fosse minha própria família; suplico ao Senhor que em seu infinito amor nos console e nos dê a graça da perseverança em Cristo Jesus. Pedimos ainda a intercessão da Virgem Santíssima, Maria, mãe de Jesus e nossa mãe, por aqueles que partiram, e que já estão na eternidade, para que lhes seja dado o perdão dos pecados e ressurreição que Jesus nos conquistou por sua morte de cruz. À Ti, Senhor, seja a glória e a majestade aqui e por toda eternidade. Amém!

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.


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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

CRÔNICAS DE MINHA ALMA: PAZ NA DOR, ALEGRIA DA PRESENÇA DIVINA...



CRÔNICAS DE MINHA ALMA: PAZ NA DOR, ALEGRIA DA PRESENÇA DIVINA...


A dor nunca foi bem aceita pela humanidade ou quem sabe, não foi ainda bem trabalhada pela grande maioria de nós; porque normalmente a dor é sinônimo de sofrimento e a nossa humanidade não aceita o sofrimento enquanto tal, pois está acostumada com o bem estar do prazer, uma vez que este traz certa satisfação instintiva que experimentamos na própria pele, isto é, fisicamente, emocionalmente, sentimentalmente e até espiritualmente; enquanto que dor e sofrimento são sinônimos de insatisfação ou incomodo, e as encaramos mais como uma espécie de punição ou castigo do que qualquer outra coisa que possamos imaginar.

De fato, ninguém neste mundo deixa de ter a experiência da dor e do sofrimento, isto porque a vida humana não consiste somente no bem estar, tão almejado por todos, mas nem sempre assimilado na mesma proporção; uma vez que a dor e o sofrimento, são causados por certas decisões que tomamos; e com isto, experimentamos as dores desta vida que poderão ser boas, quando as convertemos para um bem maior; ou péssimas, quando as tornamos tormentos torturantes e permanentes, que são as dores da alma, cicatrizes psíquicas difíceis de serem apagadas.

Pois bem, eis que estou no momento passando por dores físicas paralisantes devido a um acidente automobilístico que sofri, por conta da terrível imprudência de um motorista que invadiu a contra mão, fazendo um retorno proibido, levando-me a colidir de frente com a caminhonete que ele estava dirigindo. O motorista da caminhonete e sua acompanhante nada sofreram, graças a Deus; sofreram apenas danos materiais, nada que o seguro não repare. Quanto à mim, fui hospitalizado com fortes dores no peito, na coluna cervical e nas costelas devido à forte batida, pois que acionei os freios, mas não foi suficiente para evitar a colisão.

Não sei qual experiência fez o motorista que causou o acidente; mas, de minha parte tive uma profunda experiência da presença divina que me fez viver aquele momento como um momento sublime de fé, como algo único, de tal forma que estou extasiado até agora, com a confiança inabalável que me foi dada naquele instante e que me fez sentir o quanto Deus me ama e que Ele está no comando de todas as coisas, e que vela pelo caminho de seus filhos e filhas. (cf. Sl 1,6).

Descreverei agora a sensação que tive no momento da colisão. A princípio senti uma profunda paz e a presença de Deus me protegendo de tal forma que não senti medo algum; pelo contrário, senti uma alegria muito grande, incomum e diferente de todas as alegrias que já havia sentido, pois era como se eu estivesse no céu, por isso, não queria sair mais dali, fiquei em silêncio com os olhos fechados e com uma sensação maravilhosa de aconchego e proteção, algo indescritível, somente experimentado por quem faz pela experiência da morte conforme a vontade de Deus. Vivendo o que vivi, entendi na prática a passagem bíblica do Evangelho de São João onde Jesus nos revela como será nossa páscoa: “Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais.” (Jo 14,1-3). Assim, pude entender como a morte foi vencida por Cristo nosso Senhor, e como é maravilhosa a nossa partida para os braços de Deus, nosso Pai Eterno, ou seja, sem dor ou sofrimento algum, mas serena, cheia de paz e alegria, próprias dos que foram redimidos.

Sem dúvida alguma, a nossa fé católica é maravilhosamente prática, pois experimentamos imediatamente os efeitos dela naquilo que estamos vivendo como vontade de Deus em nossa vida. É justamente o que nos ensina São Paulo na carta aos Romanos: “Aliás, sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios.” (Rm 8,28). São Tiago também nos ensina que precisamos viver tudo o que vivemos como uma experiência de fé para a nossa santificação, por isso, escreveu: “Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Mas é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma.” (Tg 1,3-4).

Portanto, agradeço ao Senhor pelo que vivi e quero avivar ainda mais minha fé e meu amor ao Senhor, me consagrando mais do que já sou consagrado a Ele, que me deu a vida e a está conduzindo, segundo o seus desígnios, para a terra prometida onde os seus filhos e filhas, gozarão a felicidade eterna que lhes está reservada como herança santa. Por isso, convido a todos os batizados que não vivem a fé e aos não batizados, ao arrependimento e à confissão sacramental de seus pecados, a fim receberem o perdão e absolvição dos mesmos e poderem viver sob a chama ardente da misericórdia de nosso divino Salvador e Redentor, Jesus Cristo. Peço ainda a intercessão, da Virgem santíssima, mãe de Jesus e nossa mãe, para que nos acompanhe sempre nessa nossa caminhada decisiva até o Reino dos Céus, onde Cristo está sentado à direita de Deus Pai com o Espírito Santo, e de onde há de vir em sua glória para julgar os vivos e o Seu não terá fim. Amém! Vem, Senhor Jesus, vem!

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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