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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Francisco e a opção de servir os últimos

Artigo de Luigi Padovese, bispo capuchinho assassinado

"Quem, como Francisco, tirou as consequências do significado da encarnação de Cristo, ou seja, do seu fazer-se servo, sabe que o critério de valor das pessoas independe da sua pertença social e provém da incomensurável importância de cada um diante de Deus."
Publicamos aqui o artigo do ex-vigário apostólico da Turquia, Luigi Padovese, assassinado a facadas na quinta-feira passada, 03 de junho [2010], no jardim de sua residência em Iskenderun, uma localidade da província sulina de Hatay. Ele também era presidente da Conferência dos Bispos da Turquia e presidente do Instituto de Espiritualidade Pontifício Ateneu Antonianum.
Luigi Padovese era frei capuchinho.
O artigo foi publicado no jornal L`Unità, 19-12-2002. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.

Paulo de Tarso resume a vida terrena de Jesus, desde o nascimento até a morte na cruz, em duas expressões humanamente paradoxais: "esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo" (Filipenses 2,7) e "tornou-se pobre por vossa causa, para com a sua pobreza vos enriquecer" (2 Coríntios 8,9).
Não entremos no mérito dos pressupostos teológicos a partir dos quais ele se move, mas certamente ele entendeu a experiência humana de Jesus nos termos de uma solidariedade manifestada na livre partilha com quem é servo e está em situação de pobreza.

Essa partilha aflora também nos Evangelhos. A um leitor atento dos textos sagrados como Francisco de Assis, esse aspecto pareceu ser de tal forma predominante que inspirou um novo gênero de vida, manifestado pela sua escolha e a dos seus companheiros de se chamarem "irmãos menores e servos". Essa qualificação, antes de se tornar uma sigla de identidade, foi uma experiência amadurecida em contato com os leprosos e com os mendigos. Junto deles, o santo de Assis entendeu o sentido exato de tornar-se servo e pobre por parte de Cristo. Da "em-patia" que entende, nasceu assim a "sim-patia" que une.

O que tornou Francisco e os seus companheiros "irmãos menores" de todos os homens não foi, por isso, a partilha de um mesmo credo ou a pertença a um grupo particular, mas sim a universalidade do sofrimento que compreende a todos e que se torna universalidade de compaixão. Na escolha de se colocar abaixo dos outros, Francisco, além disso, colocou em questão os equilíbrios da sociedade nas suas dimensões de grupo interno e de grupo externo, de cima e de baixo.

Essa atitude é refletida no ato do despojamento diante do bispo, que marca a passagem de uma relação parental com relação a uma universal, expressada com a substituição do "pai meu, Pedro de Bernardone" pelo "Pai nosso que estais no céu". São assim anuladas as distinções produzidas pela classe, pelo censo. Quem é sem pai e desvinculado do particularismo clânico torna-se livre com relação à pressão da sociedade que estabelece distinções como nós/eles, dentro/fora, superior/inferior, nobres/plebeus.

Ao próprio universo familiar, incapaz de realizar uma efetiva solidariedade, Francisco substituiu uma fraternidade eletiva universal que o liga a todo homem, ou melhor, a toda criatura, vista como irmã e irmão. Essas considerações nos permitem entender porque, na escolha de "minoridade" como renúncia ao status social anterior, ele combinou logicamente a vida em fraternidade. Os dois termos são inseparáveis e se remetem reciprocamente, já que o amor reconhece o valor que está no outro e se traduz em termos de serviço.

Certamente, na experiência do santo de Assis, há elementos que não podem ser propostos por causa do contexto histórico-cultural que mudou, porém, não há dúvida de que a sua intuição mantém sinais de verdade válidos também para hoje. Para exemplificar o seu conceito de "minoridade", como o delineamos, ele propõe novamente o compromisso de sensibilização e de proteção para com os grupos hoje socialmente frágeis. O difundido bem-estar produzido na chamada "sociedade de consumo" ajudou a esvaziar aquela que, no passado, foi a luta de classes, originada a partir da ideia de que a riqueza capitalista era dinheiro sujo de sangue e fruto do abuso de poder.

Hoje, aqueles que vivem em uma situação de pequena ou média burguesia não alimentam mais o ressentimento para com os ricos. Ao invés, alimentam contra aqueles que estão pior: os pobres, as minorias raciais, os imigrantes. Justamente porque estes não recorrem aos bens sobre os quais as "pessoas de bem" constroem sua própria vida, de de-privados como são, tendem a ser considerados depravados. É a brutalização da pobreza que às vezes se torna realmente brutal, mas por uma prévia falta de justiça.

A minoridade solidária com os pequenos, com os pobres e os excluídos de Francisco se coloca contra esse cruel princípio de seleção ou contra a lei do mais forte que nega aos outros o direito à sobrevivência. Ela é compaixão, ou seja, atenção ao sofrimento dos outros, que leva à partilha e que exige justiça e implicitamente denuncia a injustiça. Ser "menores" indica, por isso, a vontade de reagir à indiferença e à dessolidarização das nossas sociedades que ignoram os pobres, os intocáveis de hoje, ou que os marginaliza em "guetos de desespero" (L.M. Friedman), porque não são visíveis, exatamente como ocorria com os leprosos confinados do lado de fora das cidades de Assis.

A sua invisibilidade, de fato, não faz com que cresçam problemas de consciência, não gera perturbação, e nem aquela empatia que está na base da solidariedade. Os próprios meios de comunicação nos mantêm assepticamente protegidos das tragédias do nosso tempo, como, por exemplo, a das 40.000 crianças que diariamente morrem de fome ou por causas relacionadas à desnutrição. Os números não nos impressionam tanto quanto a miséria experimentada pessoalmente.

Se a sociedade ocidental não conhece o sistema de castas, conhece no entanto um sistema de enquadramento e de avaliação das pessoas, e hoje é o mercado que estabelece a diferenciação pessoal: há aqueles que produzem e consomem, depois os consumidores imperfeitos, e por fim a grande massa de pobres, inúteis como produtores, vãos como consumidores e, portanto, totalmente supérfluos, senão até mesmo nocivos, como parasitas que vivem nas costas daqueles que se inseriram no ciclo produtivo e pagam as taxas!

Em si mesma, a pobreza econômica não é uma tragédia, se as pessoas pertencem a uma sociedade com um forte senso de solidariedade. De fato, porém, o capitalismo industrial levou à desintegração social. Não se pode acreditar, por isso, que a reconstrução irá se produzir com uma distribuição mais justa da riqueza e por meio do crescimento econômico que, como vemos, não produz, mas sufoca os empregos por meio de projetos de racionalização dirigidas a reduzir a mão-de-obra com a consequência de aumentar o número dos desempregados, isto é, dos novos pobres. Mais desesperados do que os outros, porque anteriormente participavam do bem-estar do qual agora são inesperadamente excluídos.

A resolução dos problemas sociais não está ligada, enfim, apenas à distribuição justa das riquezas, mas também ao crescimento da solidariedade, que se obtém adquirindo uma noção comunitária e não individualista da dignidade da pessoa humana. Quem, como Francisco, tirou as consequências do significado da encarnação de Cristo, ou seja, do seu fazer-se servo, sabe que o critério de valor das pessoas independe da sua pertença social e provém da incomensurável importância de cada um diante de Deus.

Disso, surge o empenho de solidariedade e de atenção pelos mais fracos, mas também a obrigação de desmascarar as efêmeras seguranças da sociedade consumista. Quem pode esclarecer, de fato, que o progresso não está no desenvolvimento tecnológico ou no crescimento e na difusão dos bens de consumo senão aquele que escolheu ser solidário com os últimos e se mantém no limite do sistema, para não perder a força de uma crítica construtiva que serve a todos, especialmente aos que são vítimas inconscientes desse sistema?
Em uma sociedade que gera sonhos mas não os satisfaz, ou que cria frustração social e raiva porque venera o sucesso pessoal e tem o culto da celebridade, à qual depois permite que poucos tenham acesso, quem é capaz de demitizar esses pseudo-valores senão quem escolheu estar fora da disputa?

Apenas quem fez essa escolha pode neutralizar a vacuidade da cultura contemporânea ajudando aqueles milhões de "sem-teto" (em sentido metafórico), quase privados de raízes, ou seja, de referências na vida para encontrar uma casa, isto é, um sentido. Tempos trás, a teologia da libertação insistia nos pobres da América Latina. Hoje, há formas mais sutis, mais escondidas e mais generalizadas de opressão que requerem uma reflexão mais atenta.

Se, para muitos, a oferta comercial de ter bens de consumo é apresentada como uma maior oferta de liberdade, expressada pela satisfação imediata de necessidades, a tarefa de quem quer servir os outros está em ajudá-los a se libertar desse costume da gratificação instantânea. Se podemos falar da atualidade da proposta de Francisco, acredito que se deva procurá-la no seu ser, ao mesmo tempo sinal e denúncia de uma mentalidade que produz e se alimenta de ilusões, mas que, no fim, deixa um sabor amargo na boca.

A tradição vetero-testamentária e depois cristã ensina que a redenção vem dos pobres. São eles que nos despertam da ilusão de um mundo unido e mais justo. O caminho traçado pelo santo de Assis em querer ser "menor e servo" parte daqui: da consideração por quem nasceu sem teto, ele escolheu anunciar a sua mensagem de libertação aos pobres, libertando até Deus das malhas dos interesses humanos, e morreu em um madeiro como um escravo malfeitor qualquer.
Para ler mais:

segunda-feira, 9 de março de 2009

Nota da CPT sobre as declarações do presidente do STF, Gilmar Mendes

NOTA PÚBLICA

“Ai dos que coam mosquitos e engolem camelos” (MT 23,24)

Nota Pública sobre as declarações do presidente do STF, Gilmar Mendes

A Coordenação Nacional da CPT diante das manifestações do presidente do STF, Gilmar Mendes, vem a público se manifestar.

No dia 25 de fevereiro, à raiz da morte de quatro seguranças armados de fazendas no Pernambuco e de ocupações de terras no Pontal do Paranapanema, o ministro acusou os movimentos de praticarem ações ilegais e criticou o poder executivo de cometer ato ilícito por repassar recursos públicos para quem, segundo ele, pratica ações ilegais. Cobrou do Ministério Público investigação sobre tais repasses. No dia 4 de março, voltou à carga discordando do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, para quem o repasse de dinheiro público a entidades que “invadem” propriedades públicas ou privadas, como o MST, não deve ser classificado automaticamente como crime.O ministro, então, anunciou a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), do qual ele mesmo é presidente, de recomendar aos tribunais de todo o país que seja dada prioridade a ações sobre conflitos fundiários.

Esta medida de dar prioridade aos conflitos agrários era mais do que necessária. Quem sabe com ela aconteça o julgamento das apelações dos responsáveis pelo massacre de Eldorado de Carajás, (PA), sucedido em 1996; tenha um desfecho o processo do massacre de Corumbiara, (RO), (1995); seja por fim julgada a chacina dos fiscais do Ministério do Trabalho, em Unaí, MG (2004); seja também julgado o massacre de sem terras, em Felisburgo (MG) 2004; o mesmo acontecendo com o arrastado julgamento do assassinato de Irmã Dorothy Stang, em Anapu (PA) no ano de2005, e cuja federalização foi negada pelo STJ, em 2005.

Quem sabe com esta medida possam ser analisados os mais de mil e quinhentos casos de assassinato de trabalhadores do campo. A CPT, com efeito, registrou de 1985 a 2007, 1.117 ocorrências de conflitos com a morte de 1.493 trabalhadores. (Em 2008, ainda dados parciais, são 23 os assassinatos). Destas 1.117 ocorrências, só 85 foram julgadas até hoje, tendo sido condenados 71 executores dos crimes e absolvidos 49 e condenados somente 19 mandantes, dos quais nenhum se encontra preso. Ou aguardam julgamento das apelações em liberdade, ou fugiram da prisão, muitas vezes pela porta da frente, ou morreram.

Causa estranheza, porém, o fato desta medida estar sendo tomada neste momento. A prioridade pedida pelo CNJ será para o conjunto dos conflitos fundiários ou para levantar as ações dos sem terra a fim de incriminá-los? Pelo que se pode deduzir da fala do presidente do STF, “faltam só dois anos para o fim do governo Lula”... e não se pode esperar, “pois estamos falando de mortes” nos parece ser a segunda alternativa, pois conflitos fundiários, seguidos de mortes, são constantes. Alguém já viu, por acaso, este presidente do Supremo se levantar contra a violência que se abate sobre os trabalhadores do campo, ou denunciar a grilagem de terras públicas, ou cobrar medidas contra os fazendeiros que exploram mão-de-obra escrava?

Ao contrário, o ministro vem se mostrando insistentemente zeloso em cobrar do governo as migalhas repassadas aos movimentos que hoje abastecem dezenas de cidades brasileiras com os produtos dos seus assentamentos, que conseguiram, com sua produção, elevar a renda de diversos municípios, além de suprirem o poder público em ações de educação, de assistência técnica, e em ações comunitárias. O ministro não faz a mesma cobrança em relação ao repasse de vultosos recursos ao agronegócio e às suas entidades de classe.

Pelas intervenções do ministro se deduz que ele vê na organização dos trabalhadores sem terra, sobretudo no MST, uma ameaça constante aos direitos constitucionais.

O ministro Gilmar Mendes não esconde sua parcialidade e de que lado está. Como grande proprietário de terra no Mato Grosso ele é um representante das elites brasileiras, ciosas dos seus privilégios. Para ele e para elas os que valem, são os que impulsionam o “progresso”, embora ao preço do desvio de recursos, da grilagem de terras, da destruição do meio-ambiente, e da exploração da mão de obra em condições análogas às de trabalho escravo. Gilmar Mendes escancara aos olhos da Nação a realidade do poder judiciário que, com raras exceções, vem colocando o direito à propriedade da terra como um direito absoluto e relativiza a sua função social. O poder judiciário, na maioria das vezes leniente com a classe dominante é agílimo para atender suas demandas contra os pequenos e extremamente lento ou omisso em face das justas reivindicações destes. Exemplo disso foi a veloz libertação do banqueiro Daniel Dantas, também grande latifundiário no Pará, mesmo pesando sobre ele acusações muito sérias, inclusive de tentativa de corrupção.

O Evangelho é incisivo ao denunciar a hipocrisia reinante nas altas esferas do poder: “Ai de vocês, guias cegos, vocês coam um mosquito, mas engolem um camelo” (MT 23,23-24).

Que o Deus de Justiça ilumine nosso País e o livre de juízes como Gilmar Mendes!

Goiânia, 6 de março de 2009.

Dom Xavier Gilles de Maupeou d’Ableiges

Presidente da Comissão Pastoral da Terra


Extraído de http://www.cptnacional.org.br/?system=news&action=read&id=3059&eid=8 acesso em 09 mar. 2009.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Dom Helder e o Pacto das Catacumbas

No dia 16 de novembro de 1965, poucos dias antes da clausura do Concílio Vaticano II, cerca de 40 Padres Conciliares celebraram uma Eucaristia nas catacumbas de Domitila, em Roma, pedindo fidelidade ao Espírito de Jesus. Após essa celebração, firmaram o "Pacto das Catacumbas" [1].

O documento é um desafio aos "irmãos no Episcopado" a levarem uma "vida de pobreza", uma Igreja "servidora e pobre", como sugeriu o papa João XXIII. Os signatários - dentre eles, muitos brasileiros e latino-americanos, sendo que mais tarde outros também se uniram ao pacto - se comprometiam a viver na pobreza, a rejeitar todos os símbolos ou os privilégios do poder e a colocar os pobres no centro do seu ministério pastoral. O texto teve forte influência sobre a Teologia da Libertação, que despontaria nos anos seguintes.

Um dos signatários e propositores do Pacto foi Dom Hélder Câmara, cujo centenário de nascimento é celebrado neste sábado, dia 07.

Eis o texto.

* * * * *

PACTO DAS CATACUMBAS DA IGREJA SERVA E POBRE

Nós, Bispos, reunidos no Concílio Vaticano II, esclarecidos sobre as deficiências de nossa vida de pobreza segundo o Evangelho; incentivados uns pelos outros, numa iniciativa em que cada um de nós quereria evitar a singularidade e a presunção; unidos a todos os nossos Irmãos no Episcopado; contando sobretudo com a graça e a força de Nosso Senhor Jesus Cristo, com a oração dos fiéis e dos sacerdotes de nossas respectivas dioceses; colocando-nos, pelo pensamento e pela oração, diante da Trindade, diante da Igreja de Cristo e diante dos sacerdotes e dos fiéis de nossas dioceses, na humildade e na consciência de nossa fraqueza, mas também com toda a determinação e toda a força de que Deus nos quer dar a graça, comprometemo-nos ao que se segue:

1) Procuraremos viver segundo o modo ordinário da nossa população, no que concerne à habitação, à alimentação, aos meios de locomoção e a tudo que daí se segue. Cf. Mt 5,3; 6,33s; 8,20.

2) Para sempre renunciamos à aparência e à realidade da riqueza, especialmente no traje (fazendas ricas, cores berrantes), nas insígnias de matéria preciosa (devem esses signos ser, com efeito, evangélicos). Cf. Mc 6,9; Mt 10,9s; At 3,6. Nem ouro nem prata.

3) Não possuiremos nem imóveis, nem móveis, nem conta em banco, etc., em nosso próprio nome; e, se for preciso possuir, poremos tudo no nome da diocese, ou das obras sociais ou caritativas. Cf. Mt 6,19-21; Lc 12,33s.

4) Cada vez que for possível, confiaremos a gestão financeira e material em nossa diocese a uma comissão de leigos competentes e cônscios do seu papel apostólico, em mira a sermos menos administradores do que pastores e apóstolos. Cf. Mt 10,8; At. 6,1-7.

5) Recusamos ser chamados, oralmente ou por escrito, com nomes e títulos que signifiquem a grandeza e o poder (Eminência, Excelência, Monsenhor...). Preferimos ser chamados com o nome evangélico de Padre. Cf. Mt 20,25-28; 23,6-11; Jo 13,12-15.

6) No nosso comportamento, nas nossas relações sociais, evitaremos aquilo que pode parecer conferir privilégios, prioridades ou mesmo uma preferência qualquer aos ricos e aos poderosos (ex.: banquetes oferecidos ou aceitos, classes nos serviços religiosos). Cf. Lc 13,12-14; 1Cor 9,14-19.

7) Do mesmo modo, evitaremos incentivar ou lisonjear a vaidade de quem quer que seja, com vistas a recompensar ou a solicitar dádivas, ou por qualquer outra razão. Convidaremos nossos fiéis a considerarem as suas dádivas como uma participação normal no culto, no apostolado e na ação social. Cf. Mt 6,2-4; Lc 15,9-13; 2Cor 12,4.

8) Daremos tudo o que for necessário de nosso tempo, reflexão, coração, meios, etc., ao serviço apostólico e pastoral das pessoas e dos grupos laboriosos e economicamente fracos e subdesenvolvidos, sem que isso prejudique as outras pessoas e grupos da diocese. Ampararemos os leigos, religiosos, diáconos ou sacerdotes que o Senhor chama a evangelizarem os pobres e os operários compartilhando a vida operária e o trabalho. Cf. Lc 4,18s; Mc 6,4; Mt 11,4s; At 18,3s; 20,33-35; 1Cor 4,12 e 9,1-27.

9) Cônscios das exigências da justiça e da caridade, e das suas relações mútuas, procuraremos transformar as obras de "beneficência" em obras sociais baseadas na caridade e na justiça, que levam em conta todos e todas as exigências, como um humilde serviço dos organismos públicos competentes. Cf. Mt 25,31-46; Lc 13,12-14 e 33s.

10) Poremos tudo em obra para que os responsáveis pelo nosso governo e pelos nossos serviços públicos decidam e ponham em prática as leis, as estruturas e as instituições sociais necessárias à justiça, à igualdade e ao desenvolvimento harmônico e total do homem todo em todos os homens, e, por aí, ao advento de uma outra ordem social, nova, digna dos filhos do homem e dos filhos de Deus. Cf. At. 2,44s; 4,32-35; 5,4; 2Cor 8 e 9 inteiros; 1Tim 5, 16.

11) Achando a colegialidade dos bispos sua realização a mais evangélica na assunção do encargo comum das massas humanas em estado de miséria física, cultural e moral - dois terços da humanidade - comprometemo-nos:

  • a participarmos, conforme nossos meios, dos investimentos urgentes dos episcopados das nações pobres;
  • a requerermos juntos ao plano dos organismos internacionais, mas testemunhando o Evangelho, como o fez o Papa Paulo VI na ONU, a adoção de estruturas econômicas e culturais que não mais fabriquem nações proletárias num mundo cada vez mais rico, mas sim permitam às massas pobres saírem de sua miséria.

12) Comprometemo-nos a partilhar, na caridade pastoral, nossa vida com nossos irmãos em Cristo, sacerdotes, religiosos e leigos, para que nosso ministério constitua um verdadeiro serviço; assim:

  • esforçar-nos-emos para "revisar nossa vida" com eles;
  • suscitaremos colaboradores para serem mais uns animadores segundo o espírito, do que uns chefes segundo o mundo;
  • procuraremos ser o mais humanamente presentes, acolhedores...;
  • mostrar-nos-emos abertos a todos, seja qual for a sua religião. Cf. Mc 8,34s; At 6,1-7; 1Tim 3,8-10.

13) Tornados às nossas dioceses respectivas, daremos a conhecer aos nossos diocesanos a nossa resolução, rogando-lhes ajudar-nos por sua compreensão, seu concurso e suas preces.

AJUDE-NOS DEUS A SERMOS FIÉIS.

Notas:

1. Publicado no livro "Concílio Vaticano II", Vol. V, Quarta Sessão (Vozes, 1966), organizado por Boaventura Kloppenburg (p. 526-528).

Extraído de http://www.unisinos.br/ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=19769 acesso em 7 fev. 2009.

Ilustração: Cristo ensina aos apóstolos. Pintura das catacumbas de Domitila.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Filme: O Anel de Tucum


Anel de Tocum: Símbolo da Solidariedade.



É um símbolo de solidariedade que está nas mãos de muita gente de norte a sul do nosso país e também nas mãos de várias pessoas de nossa América Latina e da Europa, que lutam pela justiça e se engajam em pastorais sociais (das igrejas cristãs especialmente), entidades, movimentos sociais e ong´s que lutam a favor dos que são explorados pelo capitalismo selvagem.Na época do Império, quando o ouro era usado em grande escala entre os opressores, principalmente nos anéis, os negros e os índios não tendo acesso ao ouro, inventaram o ANEL DE TUCUM como símbolo de pacto matrimonial, símbolo de amizade entre si e também de resistência na luta por libertação. Era símbolo clandestino cuja linguagem somente eles sabiam. O anel de tucum agregava os oprimidos, em busca de vida, mesmo no meio de tanta opressão é um símbolo de solidariedade que está nas mãos de muita gente de norte a sul do nosso país e também nas mãos de várias pessoas de nossa América Latina e da Europa, que lutam pela justiça e se engajam em pastorais sociais (das igrejas cristãs especialmente), entidades, movimentos sociais e ong´s que lutam a favor dos que são explorados pelo capitalismo selvagem.Na época do Império, quando o ouro era usado em grande escala entre os opressores, principalmente nos anéis, os negros e os índios não tendo acesso ao ouro, inventaram o ANEL DE TUCUM como símbolo de pacto matrimonial, símbolo de amizade entre si e também de resistência na luta por libertação. Era símbolo clandestino cuja linguagem somente eles sabiam. O anel de tucum agregava os oprimidos, em busca de vida, mesmo no meio de tanta opressão

Filme-Documentário
Ano: 1994
Duração: 106min
País: Brasil
Diretor: Conrado Berning
Agora (13 out. 2012) no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=rH38btWiMgw&feature=bf_prev&list=PLE8371F93441FC493

sábado, 1 de novembro de 2008

Ser pobre para se tornar irmão e irmã

Pobreza radical como Francisco a entendeu e viveu só é possível quando for segura numa rede de relações humanas fidedignas. Por outras palavras: sem uma irmandade solidária onde um cuida do outro, a pobreza radical desliza para a miséria e para o empaupera-mento. Torna-se inumana. Francisco, portanto, só podia atrever-se a andar pelo caminho diferente da pobreza radical porque “o Senhor lhe deu irmãos”.

Francisco começou esse caminho diferente quando a burguesia, com o início da economia monetária começou com o grande projeto capitalista: um projeto que, desde a óptica das vítimas, até hoje trouxe tanta injustiça ao mundo. Com a decisão de Francisco em prol dos pobres e do pobre Cristo é questionado a burguesia satisfeita consigo própria e é mostrado uma alternativa. Francisco sente instintivamente que a nova sociedade, que surge e que se baseia no princípio de possuir e de querer posses, produz, no outro lado, pessoas que perdem. A acumulação de bens tem sempre como conseqüência a pobreza de outros. A sua renúncia à acumulação de bens de qualquer espécie encontra-se ao serviço da opção de identificar-se com o pobre Cristo e com os que são materialmente pobres.

Mas, apesar da sua posição decidida, a pobreza nunca é para Francisco um valor absoluto. Torna-se relativa quando uma necessidade de vida (necessaria vitae) obriga a tal. Ele entende a pobreza como fraternidade vivida com os pobres. Quer ser radicalmente pobre para poder ser totalmente irmão. Pois Francisco acredita que o encontro com os homens e com Deus é impedido pela ânsia de ter posses ou pelos interesses que trazem discórdia para entre os homens. Posses convertem-se em substituição de relações. O projeto franciscano quer, no entanto, que os homens se possam encontrar ao mesmo nivel tratando-se como irmãos e irmãs. A pobreza consiste, pois, no esforço de relativar cada forma de aquisição para que os homens se possam encontrar verdadeiramente.

Com esta visão de fraternidade, Francisco trouxe uma idéia realmente revolucionária para a ordem da igreja e da sociedade da sua época. Não há senhores e servos e nenhumas diferenças entre as classes. “Sim, muito mais, todos devem, pelo amor de Deus, servir e obedecer uns aos outros voluntariamente.” Isto significa concretamente: ouvir as necessidades do outro, a vida da comunidade, as palavras de Deus aqui e agora. Trata-se também aqui da pegada de Jesus que Francisco segue: não continuar com os jogos do poder entre adultos, não continuar com a luta pelos melhores lugares, não continuar com o medo de ficar atrás. Pois Deus está presente, e cada pessoa é da Sua imagem e, por tanto, tem uma dignidade e individualidade dada por Deus não podendo ser representada por outros. “Todos os irmãos devem lutar por seguir a humildade e a pobreza do nosso Senhor Jesus Cristo.” (RegNB 9,1)

Na convivência duma sociedade são, naturalmente, necessárias também ordens e combinações, mas as mesmas devem ser comunicativas e o mais simples possíveis. Isto é, não “superiores”, mas sim “ministros” (servos), nenhuma atitude de domínio, nenhumas posses, nenhuma tutela – esta é a visão de Francisco de Assis. Francisco teve de aprender quão difícil foi a realização desta idéia: Ele estava ainda vivo quando as lutas pelo poder dentro da própria ordem começaram, e houve cada vez mais formas de direção e modos de atuar também nesta comunidade, os quais pouco se diferenciavam das restantes estruturas do poder. E assim a sua visão continua sendo um sinal de esperança e uma tarefa especialmente para o nosso tempo.

É que a visão franciscana duma vida fraternal no nosso mundo é tão fascinante porque nós consideramo-la como pouco realista, mas estamos, mesmo assim, ansiosos da mesma? O bobo divino de Assis sentiu claramente que uma vida amante de bens destrói a solidariedade e põe em perigo o humanismo e a união entre os homens. Por isso não quis ter posses nenhumas, por isso quis ver tudo partilhado e distribuído fraternalmente, por isso criticou e suspeitou dos poderosos no estado e na Igreja. Em tempos de redistribuição e indiferença sociais, esta visão franciscana de Deus e dos homens é mais atual do que nunca.

Andreas Müller OFM

Extraído de CCFMC Boletín Out. 2008 http://www.ccfmc.net/wPortugues/cbcmf/cbcmf-news/2008/2008_10_News.shtml aceso em 01 nov. 2008.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Anel de Tucum

Paz e bem!

Neste trecho do filme O Anel de Tucum, Pedro Casaldáliga (bispo-prelado emérito de São Felix do Araguaia) explica o simbolismo deste anel.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Mudança de posição

Deu no CCFMC Boletín Março de 2008:
Deus revela-se no Antigo e no Novo Testamento como um Deus da vida que quer libertar os pobres. A Libertação é a palavra chave na Lei, nos profetas, no Livro da Sabedoria, sobre tudo, na promessa que Jesus fez aos pobres. Na primeira aparição pública de Jesus na Sinagoga de Nazaré, segundo Lucas, Jesus fez a leitura do texto de Isaías: “Ele enviou-me para dar a boa notícia aos pobres, para curar os corações feridos, para proclamar a libertação dos escravos e pôr em liberdade os prisioneiros, para promulgar o ano da graça de Javé, o dia da vingança do nosso Deus”. (Is 61, 1-3) Fechando o livro, acrescenta uma única frase como comentário: “Hoje cumpriu-se esta passagem da Escritura que acabais de ouvir.” (Lc 4,21) Quando João enviou discípulos da prisão a Jesus para Lhe perguntarem se era Ele que havia-de vir, refere-se aos acontecimentos em volta Dele: “Os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a Boa Notícia.” (Mt, 11,5; Lc 7,22) Depois acrescenta: “É feliz aquele que não se escandaliza por causa de Mim!” (Mt, 11,6; Lc 7,23) Isto nos leva diretamente às bem-aventuranças do Sermão da Montanha, cuja primeira diz: “Felizes de vós, os pobres, porque o Reino de Deus vos pertence.” (Lc 6,20; v. Mt 5,3) Não há dúvida: Deus manda anunciar ao seus pobres que quer intervir a favor deles. É em Jesus que esta vontade de salvação de Deus se fez cumprir.

Tal interpretação da teologia dos pobres só pode ser compreendida se mudarmos de posição, isto é, se vivermos a nossa fé desde a experiência concreta com os pobres. Isto chama-se mudança de posição, para que vejamos a mesma realidade desde a perspectiva dos pobres. A mesma realidade, no entanto, também pode ser vista duma posição completamente diferente: desde os aeroportos, desde os bairros das vivendas, desde os clubes elegantes etc. A percepção da realidade desde a perspectiva dos pobres é uma decisão consciente, isto é, nós estamos dispostos a interpretar esta realidade com os temores e as preocupações, mas também com as esperanças dos pobres insistindo em mudanças.

O exemplo clássico para tal mudança de posição é Francisco de Assis. No seu Testamento descreve a sua vida como uma decisão contra a cidade de Assis, na qual havia os poucos ricos no centro da cidade ao lado dos pobres no arredores e os leprosos fora da cidade. Não quer ter nada em comum com as falsas idéias da sua cidade natal. Os leprosos foram a causa da sua insegurança. Concretiza, tal como os israelitas o êxodo do Egito, o êxodo da cidade. A seguir, vai viver com eles, cuidar deles e andar com eles (v. Test 1.3). Na vida e no trabalho, no destino e na miséria, Francisco se fez igual aos pobres relendo o Evangelho. Ele descobre idéias novas desde que, pela experiência com os pobres, chegou a compreender o Evangelho. Portanto, não é de admirar que inclui na sua Regra a passagem de que cada irmão tem de tomar este Evangelho ao pé da letra. Tem de vender tudo e dá-lo aos pobres; só então pode compreender realmente o Evangelho (v. Reg NB 1, 1-3; 2, 1-4).

Esta é uma mudança radical no método e na meta da Anunciação. Igual a Jesus, Francisco quer andar pelo mundo anunciando a Boa-Nova do Reino vindouro de Deus aos pobres. Quer dizer, não está ligado a lugares fixos, nem à piedade privada e à preocupação pela salvação da própria alma, mas sim à preocupação pela “shalom” total de Deus. O Reino de Deus torna-se conteúdo e meta da anunciação. Quem quiser realmente gerar a paz, só pode alcançá-la se tiver paz no seu coração. Quem quiser anunciar autenticamente a mensagem de Deus aos pobres como uma mensagem libertadora tem de ser pobre. Quem se quiser comprometer completamente com esta mensagem pelos pobres não se deve ligar a lugares fixos, mas sim tem de ser capaz de andar pelo mundo com uma bagagem leve. Mobilidade, pobreza, não-violência são as características das irmandades, que correspon-dem a esta inversão da polaridade da espiritu-alidade cristã. É precisamente a isto que a comemoração do início do Movimento Franciscano há 800 anos nos quer lembrar. O Cardeal Arns disse uma vez que, com a decisão preferencial pelos pobres que a igreja latino-americana tomou em Medellín e Puebla, este sonho de Francisco começava a se tornar realidade. Também hoje podemos, portanto, sonhar com esta visão vivificante dos pobres

Andreas Müller OFM

Extraído de http://www.ccfmc.net/wPortugues/cbcmf/cbcmf-news/2008/2008_03_News.shtml?navid=92
acesso em 02 set. 2008.

domingo, 31 de agosto de 2008

Solidariedade com os Pobres

Deu no CCFMC-Boletín Janeiro de 2008:
Considerando que os 300 multimilionários mais ricos deste mundo dispõem de mais capital do que metade da humanidade, e se nos lembrarmos de que mais de dois mil milhões de pessoas têm de viver com 3 dólares diários, aproximadamente, então fica patente que isto é uma injustiça gigantesca que viola a ordem da Criação de Deus. Sendo cristãos e, sobretudo, sendo franciscanos e franciscanas, nunca devemos contentar-nos com esta situação. Pois, a vida dos cristãos está ligada à causa dos pobres e dos próximos, isto é, às vítimas do anti-reino em vigor, e o neoliberalismo revela-se cada vez mais como tal. Nos Seus sermões centrais - na Sinagoga de Nazaré (Lc 4), nas bem-aventuranças (Mt 5) e no sermão sobre o Juízo Final (Mt 25) – Jesus fala inequivocamente. O núcleo de cristalização do Seu projeto é o Reino de Deus, e os seus protagonistas são as vítimas (os pobres, os prisioneiros, os cegos, os famintos, os oprimidos, os estrangeiros, os peregrinos, os miseráveis e os doentes). Estar a caminho com as vítimas de ontem e de hoje significa fazer ouvir as suas vozes, escutá-los e apoiá-los com uma solidariedade até à última conseqüência.

As vítimas não só são os primeiros destinatários do Projeto de Deus, mas também são o lugar no qual Deus mesmo aparece por excelência. ELE tem uma predileção pelos pobres. Por isso, a questão social e a fé autêntica estão interligadas estreitamente. Indiferença frente à exploração e frente à negligência dos pobres é pecado. Nos pobres, a Igreja reconhece a “imagem Daquele que a fundou e que foi mesmo pobre e sofreu” (LG 8c).

Não devíamos esquecer esta relação quando acusarmos, de vez em quando, a perda da fé e da credibilidade da Igreja. Só estando próxima dos pobres, a Igreja pode viver a sua missão de maneira autêntica. Existe uma estreita ligação entre a verdade e a pobreza. Na Bíblia, a pobreza de Deus tem muitos nomes: encarnação no presépio, Cruz e Sepulcro vazio, pão eucarístico. Os teólogos latino americanos inventaram a expressão “extra pauperes nulla salus” (= fora dos pobres não há salvação).

Francisco entendeu isso melhor do que quase ninguém. Mas, confessa abertamente que não foi capaz de entender isso por si. “...pois quando estava em pecado foi-me amargo ver os leprosos. E o Senhor mesmo levou-me entre eles, e eu pratiquei misericórdia para com eles.” (Test)

O que tinha acontecido nesta reviravolta da sua vida? A lepra foi uma doença generalizada – como hoje o cancro ou a sida. Os leprosos eram deformados, banidos socialmente e isolados. Francisco diz amargo. “O que me pareceu amargo, foi transformado em douçura da alma e do corpo.” Para ele nasce um mundo novo, o mundo do amor ao próximo; o seu mundo anterior desmorona-se, o mundo no qual há encima e em baixo, senhores e servos. Ele reconhece que este mundo não pode ser o mundo autêntico, o mundo como Deus o quis. Ele descobre o Evangelho como alternativa. Um mundo reconciliado, no qual os valores do homem não dependem do trabalho nem do salário. Nós podemos simplesmente utilizar a riqueza de Deus na Criação e no mundo.

Quando nos lembrarmos, em 2008, do início do seu movimento de há 800 anos, então o núcleo do seu testamento é o seguinte: a aliança com a pobreza e a solidariedade com os pobres. Até liga a nossa chance de sobrevivência a esta aliança. “Na medida em que os irmãos se afastarem da pobreza, também o mundo se há de afastar deles, e eles procurarão e não encontrarão”, disse ele. “Se, no entanto, abraçarão a minha senhora, a pobreza (127), o mundo alimentá-los-á, porque são entregues ao mundo para salvá-lo.... Existe um contrato entre o mundo e os irmãos; eles, por sua vez, devem ao mundo o bom exemplo, mas o mundo deve-lhes o abastecimento com os bens necessários. Se os irmãos não cumprirem a sua promessa, já não dando um bom exemplo, então o mundo retirará a mão como castigo justo.” (2 Cel 70)

Andreas Müller OFM

Extraído de http://www.ccfmc.net/wPortugues/cbcmf/cbcmf-news/2008/2008_01_News.shtml?navid=92
acesso em 31 ago. 2008.

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