A Trindade, Francisco e a nova criação -10
Texto de Frei Vitório Mazzuco, OFM, e Leonardo Boff
3. Caminhos da reflexão teológica
Este dados seminais foram sistematizados pela reflexão cristã durante os primeiros séculos. Como entender minimamente haver três pessoas divinas sem com isso triplicar Deus? Como conciliar a trindade de pessoas com a unicidade de um único Deus? Como em todas as coisas, também aqui, na reflexão trinitária, a cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Situações culturais e sociais condicionam as formas de sistematização, todas elas insuficientes face à riqueza contida na realidade da comunhão das divinas pessoas.Cristãos vindos do paganismo, principalmente os romanos, confrontavam-se com a necessidade de superar o politeísmo reinante. Urgia enfatizar a fé num único Deus. Neste contexto pregar, sem maiores explicações, sempre difíceis, a fé na SS. Trindade era dar a impressão de continuar no mesmo politeísmo, apenas reduzido a três deuses. Para manter a concepção trinitária de Deus e obviar o politeísmo, sistematizavam assim sua fé em três divinas pessoas: importa partir da unidade; o credo nos orienta a isso, mandando-nos professar: “creio em Deus, Pai todo-poderoso”. Essa unidade é a natureza divina única. Essa natureza, entretanto, é viva, dinâmica e espiritual. Quando se mostra como origem de tudo, eterna, sem princípio e sem fim, se chama Deus-Pai. Quando se volta sobre si mesmo, se autoconhece e projeta uma imagem de si mesma, se chama Deus-Filho. Quando Deus-Pai e Deus-Filho se voltam um para o outro, se conhecem e se amam, emerge também uma imagem de união e comunhão que é o Deus-Espírito Santo. Temos, pois, três Pessoas que realizam o único Deus vivo, dinâmico, espiritual e eterno.
Extraído de http://carismafranciscano.blogspot.com/2008/12/trindade-francisco-e-nova-criao-10.html acesso em 11 Jan. 2008.
Ilustração: PANTOCRATOR. Ícone do Mosteiro Santa Catarina. Sinai. Séc. 6-7.
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