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domingo, 12 de abril de 2009

Antonio Cechin: “Um mundo novo é possível porque Jesus ressuscitou e caminha conosco”

Deu na Revista IHU on-line:
Por: Graziela Wolfart , 06/04/2009

Para o irmão marista e militante dos movimentos sociais Antonio Cechin, “Páscoa é passagem da morte para a Vida, da escravidão para a libertação”. Na entrevista que concedeu por e-mail para a IHU On-Line, ele defende que, “se os cristãos no mundo de hoje, enraizarem firmemente a sua fé em Jesus Cristo e se empenharem na luta por um mundo melhor, passaremos de um mundo capitalista, individualista, egoísta, desumano, de violência institucionalizada, para um mundo mais humano, fraternal, cooperativo, solidário, de paz”. E dispara: “A mão invisível da Providência realizou o milagre do tombo do capitalismo. O grande dilema em que estamos mergulhados neste momento é consertar o capitalismo ou inaugurar um mundo novo que é inteiramente possível. Essa é a grande esperança com que vamos embalados para as festas de Páscoa que se aproximam”.

Antonio Cechin formou-se em Letras Clássicas e em Direito, pela PUCRS, onde também foi professor. Fez sua pós-graduação no Centro de Economia e Humanismo, em Paris. Iniciou na Instituição Católica de Paris a especialização em catequese, quando foi chamado para o Vaticano, na Sagrada Congregação dos Ritos, no início da década de 1960. Depois, retornou ao Brasil e iniciou a luta junto aos movimentos sociais. Sua obra está centrada no seu ativismo mais do que na sua elaboração intelectual, e voltada para manuscritos e artigos.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Para o senhor, celebrar a Páscoa em pleno século XXI o que significa? Qual o significado do sentido da morte e ressurreição de Jesus Cristo para o contexto sociocultural atual?

Antonio Cechin - Páscoa é passagem da morte para a Vida, da escravidão para a libertação. Sempre que no cotidiano conseguimos passar de uma situação difícil para uma situação melhor, realizamos Páscoa, a exemplo de Cristo que passou da paixão e morte para a Vida e a Ressurreição. “Não há maior prova de amor do que dar a vida por aqueles a quem se ama.” Isso o Homem Jesus de Nazaré falou, isso Ele realizou. O mundo vive estertores de sofrimento e morte. Todos hoje falam em crise, desemprego, violência e morte, com milhões de famintos, doentes, desempregados etc. etc. “Não estamos simplesmente vivendo uma época de mudança, mas uma mudança de época.” Se os cristãos no mundo de hoje, enraizarem firmemente a sua fé em Jesus Cristo e se empenharem na luta por um mundo melhor, passaremos de um mundo capitalista, individualista, egoísta, desumano, de violência institucionalizada, para um mundo mais humano, fraternal, cooperativo, solidário, de paz.

IHU On-Line - De que maneira podemos relacionar a celebração da Páscoa com o perfil da sociedade e do ser humano contemporâneos?

Antonio Cechin - A humanidade ao longo dos séculos não soube se organizar de maneira fraterna. Foi montado o sistema em que uns poucos usufruem da maior riqueza, enquanto a imensa maioria vive a carência de tudo. Esse sistema capitalista que aí está é intrinsecamente perverso. Depois que a experiência do sistema comunista fracassou, houve quem afirmasse o fim da História (Fukuyama). Parecia que o capitalismo seria nossa sina perpétua. Porém, a mão invisível da Providência realizou o milagre do tombo do capitalismo. O grande dilema em que estamos mergulhados neste momento é consertar o capitalismo ou inaugurar um mundo novo que é inteiramente possível. Essa é a grande esperança com que vamos embalados para as festas de Páscoa que se aproximam.

IHU On-Line - Lembrando que o tema da Campanha da fraternidade deste ano é “a paz é fruto da justiça”, de que forma o senhor pensa que podemos celebrar a páscoa em uma sociedade cada vez mais marcada pela violência?

Antonio Cechin - A violência que irrompe por toda a parte, especialmente no mundo urbano, nada mais é do que o fruto da violência institucionalizada do sistema capitalista que já dura centenas de anos. As forças que oprimem os pobres são as mesmas forças que oprimem o planeta Terra, hoje doente. O momento que vivemos hoje no mundo de 2009, às portas da festa da Páscoa, é um verdadeiro “kairós” isto é, um tempo favorável a que todos nos empenhemos em realizar o tão sonhado “mundo diferente” como cantamos sempre por ocasião dos Fóruns Sociais Mundiais “Um mundo novo é possível!”. Já pinta “a paz como fruto da justiça”. Oxalá a Páscoa de Jesus nos ilumine, na linha das páscoas dos índios da “Raposa, Terra do Sol” com sua utopia da “Terra Sem Males”; dos quilombolas que, num dos bairros mais ricos de Porto Alegre, conseguiram suportar a pressão e transformar a área em que viviam desde a abolição em 1888, em assentamento regular; dos lutadores do MST que, apesar da criminalização, ainda estão conseguindo realizar ocupação em cima de ocupação e mantendo suas escolas itinerantes. Um mundo novo é possível porque Jesus Ressuscitou e caminha conosco!

Extraído de http://www.unisinos.br/ihuonline/index.php?option=com_tema_capa&Itemid=23&task=detalhe&id=1544 acesso em 09 abr. 2009.

Ilustração: En el British Museum de Londres (Reino Unido) se conserva esta placa de alabastro, del s. XIV, con un altorrelieve que representa la Resurreción de Cristo. Una pieza similar se encuentra en el Museo Arqueológico de Jerez de la Frontera.(Cádiz, España).

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