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sábado, 15 de fevereiro de 2020

SOLIDARIEDADE E PARTILHA FRATERNA...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 8,1-10)(15/02/20)
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Caríssimos, vivemos num mundo contaminado pelos os interesses políticos, econômicos e de poder; e os que se dão à esses interesses tendem sempre a manipular a opinião pública à seu favor a fim de manterem o status que conquistaram com suas manipulações e enganos, por isso, são mentirosos compulsivos, prometem tudo, porém, pouco ou nada cumprem.
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Outros são cheios de boas intenções em seus ideais, mas tropeçam ao serem condizentes com os inimigos da fé e dos bons costumes, e por isso, trilham com eles a via da ruína e da perdição que cultivam por suas atitudes que visam destruir a comunhão com Deus e entre nós; tal como vimos acontecer com Jeroboão na primeira leitura de hoje.
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O Evangelho deste dia narra a multiplicação dos pães, e nele vimos como Deus age em comunhão conosco incentivando a solidariedade e a partilha em vista de suprir as necessidades básicas daqueles que o buscam, e faz isso por meio de sua divina providência. Em outras palavras, o Senhor nos dá tudo o que precisamos quando o buscamos de todo coração.
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Meditando esse Evangelho vimos que era imensa a multidão que seguia Jesus, mesmo em condições adversas. Mas, por que o buscavam? Somente por causa dos sinais que realizava ou por conta dos seus ensinamentos? Lendo o Evangelho de Mateus, temos a resposta: "Quando Jesus terminou o discurso, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina. Com efeito, ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os seus escribas." (Mt 7,29).
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Caríssimos, aqueles que vivem de manipulações e interesses mesquinhos jamais agradam a Deus; pelo contrário, vivem acossados e instigados pelo maligno, por isso, causam divisões. Todavia, quem busca o Senhor e o serve de coração pela solidariedade e partilha fraterna, encontra Nele o apoio e as graças que suprem suas necessidades e os conduz a vida à vida eterna.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

AS VIRTUDES FUNDAMENTAIS DA ORAÇÃO


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 7,24-30)(13/02/20)
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Caríssimos, a fidelidade a Deus por meio da obediência à Sua Palavra, é uma grande virtude, que traduz a nossa adesão total a Ele, porém, parecisamos perseverar até o fim nessa graça, especialmente quando somos tentados a relativisar a prática da nossa fé, ou seja, quando somos tentados a pensar que todos os outros credos são iguais ao nosso; quando na verdade não são. Respeitar quem os professa sim; porém, sem jamais aderir à eles.
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Com efeito, na primeira leitura de hoje vimos como Salomão esfriou na piedade e comunhão com o Senhor afastando-se Dele por meio de práticas religiosas não condizentes com a sua fé. E o resultado de sua infidelidade foi terrível, pois, trouxe a divisão para o povo de Deus e a decadência da fé e dos bons costumes em larga escala.
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No Evangelho de hoje uma mulher que não fazia parte do povo eleito, se aproxima de Jesus e lhe faz uma ardente súplica em favor de sua filha atormentado por um demônio. A princípio Jesus a escuta, mas lhe responde não conforme o que havia suplicado; todavia, ela apresentou ao Senhor os virtudes fundamentais da oração: fé, humildade, perseverança e esperança; desse modo, foi prontamente atendida.
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Caríssimos, pelos exemplos que vemos nos Evangelhos, todos os que se aproximaram de Jesus foram atendidos em suas necessidades; exceto os escribas, fariseus e doutores da lei, por causa da dureza de coração; é que num coração repleto de orgulho, egoísmo e prepotência não existe espaço para a graça de Deus.
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Portanto, quando a nossa oração é uma expressão da nossa comunhão com a vontade de Deus, ela revela as mesmas virtudes da oração da mulher cananéia, por isso, também somos prontamente atendidos.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 1 de fevereiro de 2020

JESUS ACALMA AS TEMPESTADES...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 4,35-41)(01/02/20)
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Caríssimos, a luta contra o pecado é permanente, isto porque as tentações são constantes. Porém, em meio à essa luta Jesus está sempre conosco à frente de todas as nossas batalhas, só precisamos nos manter fiéis a Ele. Escutemos, então, são Paulo a esse respeito: "Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e sairdes dela."
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A liturgia deste dia nos exorta a evitarmos as tentações e o pecado, isto porque nenhum pecado cometido é isento das consequências que dele advêm; ora, contatamos isso na primeira leitura de hoje, onde o rei Davi caiu em si ao ser interpelado pelo Profeta Natan, e percebeu a gravidade do seu pecado e as terríveis consequências dele. De fato, Davi se arrependeu e foi perdoado por Deus, mas nem por isso deixou de sofrer as penas por seu desvario.
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O Evangelho deste dia nos recorda que estamos na barca de Pedro, a Igreja, com Cristo que repousa nela. Só que no mais das vezes damos demasiada atenção às tempestades das calúnias e dos acontecimentos adversos nos esquecendo que Jesus singra conosco, na mesma barca, atravessando o mar revolto deste mundo. E quando sentimos que estamos afundando, nos queixamos como os Apostolos: "Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?”
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Caríssimos, quando nas lutas diárias enfrentamos as tempestades e os desequilíbrios das ondas da maldade deste mundo, precisamos silenciar os nossos pensamentos, sentimentos e emoções, para em silêncio buscar o Senhor e ouvi-lo. Pois, como vimos no relato do Evangelho: "Jesus se levantou e ordenou ao vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!” O vento cessou e houve uma grande calmaria." Todavia, preparemo-nos, porque certamente o Senhor nos dirá: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?”
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

FALANDO AINDA SOBRE AS EVIDÊNCIAS DA FÉ...


FALANDO AINDA SOBRE AS EVIDÊNCIAS DA FÉ...

A fé evidente é dom do Espírito Santo, pois é ele quem nos dá essa evidência nos fazendo participar diretamente dela. Ter a evidência da presença de Deus em nossa vida é ter a certeza de que é Deus quem está agindo em nós e por meio de nós, por acreditarmos no seu amor para conosco. Por isso temos a convicção de que Ele nunca nos deixa sozinhos, pois até nos dá um anjo da guarda para nos acompanhar sempre (cf. Sl 33,8), e só precisamos dar ouvidos ao que ele nos fala (cf. Ex 23,20-23a), mas tudo isso acontece pelas graças abundantes do Senhor em cada um de nós.

São Paulo ao falar da evidência da fé, diz: “A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê. Foi ela que fez a glória dos nossos, antepassados. Pela fé reconhecemos que o mundo foi formado pela palavra de Deus e que as coisas visíveis se originaram do invisível”. (Hb 11,1-3). E ainda: “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se achegar a ele é necessário que se creia primeiro que ele existe e que recompensa os que o procuram”. (Hb 11,6). Ou seja, é por meio de nossa fé que os acontecimentos de nossa vida ocorrem em conformidade com a vontade de Deus, isto é, segundo o seu plano de amor para a nossa salvação, como nos ensina o profeta Habacuc: “O meu justo viverá da fé” (Hab 2,3a). Também o Senhor Jesus nos ensinou a esse respeito, dizendo: “Tudo é possível ao que crê” (Mc 9,23b).

Existem vários episódios nos Evangelhos que bem demostram a mudança dos acontecimentos pela fé, vejamos alguns deles: a cura da mulher com fluxo de sangue (cf. Mc 5,25-34); o paralítico transportado numa maca por sobre uma brecha da casa onde Jesus se encontrava (cf. Mc 2,1-12); a cura do servo do oficial romano (cf. Lc 7,1-10); a cura do menino epiléptico (cf. Mt 17,14-18); a libertação da filha da Cananéia (cf. Mt 15,22-28); a cura do cego de nascença (cf. Jo 9); a ressurreição da filha de Jairo, chefe da sinagoga (cf. Mc 5,22-24;34-43); a ressurreição de Lázaro (cf. Jo 11), e tantos outros. Todos esses acontecimentos foram mudados por meio da fé, assim, percebemos a importância deste dom do Espírito Santo para a nossa vida e para a nossa salvação.

De fato, todo dom precisa ser alimentado, desenvolvido, cultivado até que dê os frutos esperados. E como fazemos isto com o dom da fé? Com efeito, nossas almas são terrenos férteis onde brotam as sementes dos dons do Espírito Santo; e com a fé não pode ser diferente, ela é graça transbordante que nos faz enxergar além do nosso entendimento, e nos faz alcançar as graças que Deus dispõe a nosso favor. Mas, como todo dom, a fé precisa de outros dons para crescer e se multiplicar, assim, os dons que alimentam a fé são: piedade (vivência da fé ou a expressão da fé); oração (dom de comunhão com Deus Altíssimo); confissão (sacramento do arrependimento e do perdão dos pecados); eucaristia (o Corpo e Sangue, Alma e Divindade de nosso Senhor Jesus Cristo, alimento da vida eterna); leitura e meditação da Palavra de Deus (Lectio Divina); e a prática das obras de misericórdia ou caridade, também chamadas obras da fé (cf. Ef 2,10). Quem vive alimentando a fé por meio desses dons, poderá até dizer a uma alta montanha, caso seja necessário para a salvação das almas, atira-te ao mar, e ela se nos obedecerá.

Portanto, o que é preciso para a vivência da fé nós já o recebemos em nosso batismo, pois ele é o início da nossa vida em Deus, como nos ensinou São Paulo: “Porque é em Deus que nós vivemos, nos movemos e somos” (At 17,28a). Além disso, temos o testemunho dos santos que viveram em tudo a vontade de Deus, professando a fé em Cristo Ressuscitado; muitos deles derramaram o próprio sangue, como os justos das Sagradas Escrituras e tantos outros mártires da fé, que ao longo dos séculos, sacrificaram suas vidas e por esse sacrifício se tornaram exemplos vivos de fé e de amor a Deus e aos seus irmãos na fé. Assim, viver da fé requer de nós o empenho de toda a vida, para nunca nos afastarmos do Senhor, que nos dá a vida eterna.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.
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FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.

sábado, 25 de janeiro de 2014

A LÓGICA DA FÉ...



A LÓGICA DA FÉ...


O que é acreditar? Em se tratando da nossa naturalidade, crê é se mover dentro dos limites de nossas capacidades para fazer acontecer, como fruto do nosso trabalho, quer intelectual, científico, físico, etc., aquilo que almejamos e planejamos para o bem estar de todos. Porém, quando tratamos de nossas almas, aí passamos da realidade exterior, isto é, do nosso habitat natural com suas leis e possibilidades, para a realidade interior, espiritual, mística; onde acreditar é se unir a Deus e permanecer Nele para fazer acontecer sua vontade que significa a perfeição eterna que o Senhor nos proporciona, por meio da fé, no seu poder criador e restaurador de todas as coisas. Pois quando digo: “creio Senhor”, o digo movido por sua graça que me faz viver segundo sua vontade, tornando minha realidade também a sua; fazendo-me compreender que sou seu filho no seu Filho Jesus Cristo, que por sua morte de cruz, realizou seu eterno plano de amor para a nossa salvação.

Certa feita, alguém me perguntou: Frei, eu vou ser salva de quê? Também lhe perguntei: estás satisfeita com todo o mal que se encontra no mundo atualmente? Fome, peste, guerras, tragédias naturais causadas pela degradação da natureza; tráfego de drogas, de armas, de pessoas; trabalho escravo; opressão de toda espécie; maldades incontáveis; perversões contra os bons costumes, corrupções, destruição dos valores humanos, etc.? De fato, vivemos uma cultura de morte sem precedentes, nunca se matou tanto como nesse nosso tempo; seja pela guerra entre nações, seja pela guerra urbana, isto é, nas grandes e pequenas cidades, onde a bandidagem se multiplica dia a dia; seja pela guerra no trânsito em nossas rodovias ou não; seja pelas doenças incuráveis ou outras igualmente letais; seja pelos vícios e paixões desordenadas; seja ainda pela violência doméstica, que faz vítimas e mais vítimas a cada segundo, etc. etc. etc...

Realmente, precisamos da fé, dom de Deus, para permanecermos Nele e mudar o que está destruindo nossas famílias e nossa sociedade como um todo; e isso é possível mediante a conversão aos valores cristãos, pois somente Jesus Cristo em cada um de nós pode realizar a transformação necessária, para termos paz neste mundo. Sem o acolhimento de sua vontade essa realidade que está aí vai piorar até se tornar um abismo sem volta. Para que isso não aconteça é necessário ouvirmos o Senhor e praticarmos o que Ele nos ensina: Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram”. (Mt 7,13-14). E ainda: Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo. Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado”. (Mt 6,33-34).

Com efeito, o Senhor também já nos havia alertado sobre a perca da fé, dizendo: Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?” (Lc 18,8). A fé é graça do Espírito Santo, no coração e na alma dos batizados, ela age perfeitamente nos unindo ao Senhor Jesus, para que demos testemunho da sua real presença conosco no mundo e por Ele agirmos em todo o nosso proceder, como nos ensinou São Paulo: “Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”. (Cl 3,17). E ainda: “Tudo o que fizerdes, fazei-o de bom coração, como para o Senhor e não para os homens, certos de que recebereis, como recompensa, a herança das mãos do Senhor. Servi a Cristo, Senhor”. (Cl 3,23-24).

Ora, “O amor de Cristo nos constrange, considerando que, se um só morreu por todos, logo todos morreram. Sim, ele morreu por todos, a fim de que os que vivem já não vivam para si, mas para aquele que por eles morreu e ressurgiu. Por isso, nós daqui em diante a ninguém conhecemos de um modo humano. Muito embora tenhamos considerado Cristo dessa maneira, agora já não o julgamos assim. Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo!” (2Cor 5,14-17).

Portanto, “Tudo é possível ao que crê”, (Mc 9,23), disse Jesus, o Filho de Deus; logo, esse dom de crê vai muito além da finitude da compressão racional, porque a razão precisa sempre de evidências para aceitar o que é além do que pode compreender; enquanto que a fé produz a evidência de que a razão não é capaz mesmo com o raciocínio lógico. Desse modo, a lógica da fé consiste no transpor a natureza das coisas e da própria razão, fazendo acontecer as evidências necessárias ao aliar amor, confiança, esperança e determinação, que são valores eternos intrínsecos presentes na alma humana, para produzir os efeitos desejados pela fé. Ou seja, é a alma humana aliada à Deus presente nela que faz acontecer pela fé a vontade de Deus, isto é, a perfeição de todas as coisas. Assim, compreendemos que a fé natural nada é sem Deus, porque mesmo sendo inata precisa da graça do Senhor para ter o poder que tem de vencer os limites e realizar o que a razão não pode por si mesma. Crer é amar a Deus e se unir a Ele pelo amor, é obedecê-lo em tudo para que se cumpra a sua vontade em nossa vida, aqui e eternamente em sua glória. Amém! Assim seja!

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.

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FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

VIVENDO DA PROVIDÊNCIA DIVINA...



VIVENDO DA PROVIDÊNCIA DIVINA...


Caríssimos, aprendi que nada tenho, pois tudo o que sou e tenho só a Deus pertence. Nasci sem nada, dependente de tudo, e quanto tempo ainda aqui estiver, continuarei dependendo de tudo, a começar dos bens naturais, ar, água, comida, sono... E quando partir daqui também nada levarei deste mundo, a não ser os bens eternos que aqui cultivei: amor, caridade, bondade, justiça, fidelidade, misericórdia, castidade, paz, alegria, etc., como bem ensinou nosso Senhor, Jesus Cristo: Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e o caruncho os corroem e onde os ladrões arrombam e roubam, mas ajuntai para vós tesouros nos céus (...); pois onde está  o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (Mt 6,19-20a.21).

Então, como é que o Senhor revela sua Providência em nossa vida? Todo Pai amoroso, atencioso e bondoso cuida de sua prole com desvelo. Deus, nosso Pai, é amor infinito e nos ama perfeitamente, por isso, nos dedica plena atenção e carinho; é Ele o nosso Supremo Bem e o Perfeito realizador de nossa vida... Ocorre que raramente deixamos que Ele exerça sua providência para conosco; isto se dá porque, no mais das vezes, deixamos que os apegos, os medos, as inquietações e as preocupações exageradas ocupem nossos pensamentos e nossas ações, arrefecendo nossa fé Nele; ou ainda, quando pomos nossa confiança nos bens materiais, no poder temporal, no dinheiro, e com isto nos tornamos egoístas, avarentos, corruptos, incrédulos, e por consequência, inimigos de nós mesmos e do Senhor. “E disse, então, Jesus ao povo: guardai-vos escrupulosamente de toda a avareza, porque a vida de um homem, ainda que ele esteja na abundância, não depende de suas riquezas”. (Lc 12,15).

Ora, a providência divina nunca falha, sobretudo com aqueles que buscam em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça; porque esses não põem os interesses pessoais acima da vontade de Deus, mas procuram seguir a Cristo Jesus, pobre e obediente até a morte e morte de cruz. Nessas almas a providência divina se revela pela obediência à lei do trabalho: “ganharás o teu pão com o suor do teu rosto”, e ainda por uma vida de renúncia, generosidade e busca de santidade. Como nos ensina o salmista: “Fui jovem e já sou velho, mas jamais vi o justo abandonado, nem seus filhos a mendigar o pão. Todos os dias empresta misericordiosamente, e abençoada é a sua posteridade”. (Sl 36,25-26).

Com efeito, o nosso seráfico pai São Francisco de Assis, por sua vida de renúncia e por seu amor à pobreza, nos ensinou como viver da Providência Divina: “Quando os irmãos lhe perguntaram um dia qual era a virtude que nos torna mais amigos de Cristo ele respondeu abrindo-lhes, por assim dizer, o segredo do seu coração: “Sabei, irmãos, que a pobreza espiritual é o caminho privilegiado para a Salvação (cf. Mt 5,5), visto que é a seiva da humildade e a raiz da perfeição; os seus frutos são incontáveis, embora escondidos. Ela é esse «tesouro escondido num campo», do qual nos fala o Evangelho, pelo qual é necessário vender tudo o resto e cujo valor deve impelir-nos a desprezar todas as outras coisas”.  E ainda: Filhos meus, grandes coisas prometemos a Deus: mas muito maiores Deus nos prometeu. Observemos o que prometemos; e esperemos com certeza as que nos foram prometidas. Breve é o deleite do mundo, mas a pena que se lhe segue é perpétua. Pequeno é o sofrimento desta vida, mas a glória da outra vida é infinita”. (I Fioretti de S. Francisco).

Também Santa Teresa de Jesus, certa feita, disse:

Nada te perturbe, nada te espante,
Tudo passa, Deus não muda,
A paciência tudo alcança;
Quem a Deus tem, nada lhe falta:
Só Deus basta.

Eleva o pensamento, ao céu sobe,
Por nada te angusties, nada te perturbe.
A Jesus Cristo segue, com grande entrega,
E, venha o que vier, nada te espante.
Vês a glória do mundo? É glória vã;
Nada tem de estável, tudo passa.

Deseje às coisas celestes, que sempre duram;
Fiel e rico em promessas, Deus não muda.
Ama-o como merece, Bondade Imensa;
Quem a Deus tem, mesmo que passe por momentos difíceis;
Sendo Deus o seu tesouro, nada lhe falta.
Só Deus basta...

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria, OFMConv.

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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

O QUE É A FÉ?


O QUE É A FÉ?


De imediato, a fé é um dom de Deus inato, pois já nascemos com ela, isto porque, naturalmente acreditamos na vida que temos, e naquilo que perfaz o nosso ser e estar no mundo. Todavia, a fé é também um dom sobrenatural, carismático, recebido do Espírito Santo quando fomos batizados; nesse sentido, pela vivência da fé, podemos alcançar o impossível, pois assim nos ensinou o Senhor: “Tudo é possível ao que crê” (Mc 9,2). Ora, acreditar em Jesus é assemelhar-se a ele na convivência com o Pai, é fazer em tudo sua vontade (cf. 1Jo 2,6); pois a fé incondicional significa obediência total, mesmo que essa obediência resulte em morte de cruz. Logo, acreditar no Senhor é unir-se perfeitamente a ele pela ação do Espírito Santo na Eucaristia, ou seja, é comungar seu Corpo e Sangue, sua Alma e Divindade, e obter como resultado a santidade que o Senhor mesmo nos comunica. Por isso, só crê verdadeiramente quem ama incondicionalmente, porque a fé verdadeira é fruto do amor a Deus acima de todas as coisas e do amor ao próximo como a si mesmo.

São Tiago nos ensina que, “a fé sem obras é morta”, neste caso, ele se refere às obras do amor, e elas começam com o perdão dado e recebido por um coração misericordioso que tem no perdão o maior dom de cura, visto que, um coração reconciliado vive em permanente comunhão com o Senhor e é conduzido por ele. Quaisquer outras obras são frutos da missão que recebemos de Deus para que se cumpra sua Palavra: “Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé. Isto não provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus. Não provém das obras, para que ninguém se glorie. Somos obra sua, criados em Jesus Cristo para as boas ações, que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos”. (Ef 6,8-10).

Existe na Igreja um cântico do creio onde cantamos: “Creio Senhor, mas aumentai minha a fé”... Certa feita, “Os apóstolos disseram ao Senhor: Aumenta-nos a fé! Disse o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá”. (Lc 17,5-6). Ou seja, o Senhor está nos indicando que a fé é dom gratuito, com o poder divino de suspender até as próprias leis da natureza para que se cumpra a vontade de Deus em vista da salvação das almas. Por isso, quando digo: creio, estou frente a frente com Deus em minha vida e tudo o que a compõe; desse modo, a fé é fruto do relacionamento filial e uma firme disposição a serviço do Reino de Deus e de sua justiça. Ela é submissão amorosa, dependência total que libera o poder de Deus em favor de seus filhos e filhas.

Portanto, a fé como dom de Deus não é apenas uma profissão, mais do que isto, ela é um modo de ser que faz acontecer a vontade de Deus em todos os sentidos da vida; é isso o que vemos na vida de Jesus, “autor e consumador de nossa fé” (Heb 12,2). Crer é viver segundo a vontade de Deus e assim ser vontade de Deus para toda criação a começar pela realidade na qual nos encontramos. “Na realidade, pela fé eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. (Gal 2,19-20). Essa é a fé que nos foi comunicada pelo Espírito Santo para a nossa salvação e de toda a humanidade; sem a cruz de Cristo não há fé verdadeira.

Destarte, uma fé baseada na prosperidade material é falsa, porque não é dom de Deus, mas uma artimanha do inimigo de nossas almas que quer que acreditemos no ter mais e não no ser um só com Cristo, que nos diz: “Se alguém quer seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de Mim, vai encontrá-la. Com efeito, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua vida? O que pode um homem dar em troca da sua vida? Porque o Filho do Homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a própria conduta”. (Mt 16,24-27). “[Porque] sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se achegar a ele é necessário que se creia primeiro que ele existe e que recompensa os que o procuram”. (Heb 11,6).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.

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segunda-feira, 18 de março de 2013

FÉ, OBEDIÊNCIA, LIBERDADE, FELICIDADE...





FÉ, OBEDIÊNCIA, LIBERDADE, FELICIDADE...

Obedeço, quando essa obediência me conduz à verdadeira liberdade e a felicidade que dela advém. Mesmo sendo um dom, é preciso que aprendamos pela Sagrada Escritura como usá-lo, pois é assim que no ensina o Senhor que nos criou por amor e nos quer livres para amá-lo acima de todas as coisas. De fato, Deus nos deixa livres para fazermos nossas escolhas e tomarmos nossas decisões. Mas Ele nos orienta para não perdermos nossa liberdade; neste sentido, seus santos mandamentos nos ensinam que são para nós proteção; não cumpri-los significa tirar de nossa vida a proteção que o Senhor nos dá por nossa obediência a ele.

Com efeito, somos tentados a todo instante a não crer e a não viver em comunhão com Deus. Porém, prestem bem atenção, porque toda tentação é uma mentira, pois o inimigo de nossas almas, que está por trás delas, a princípio, esconde seus resultados nefastos, para em seguida apresentar o terrível gosto amago de nossos desvarios e revoltas contra Deus e o seu Cristo. Mas, o que Deus nos ensina na Sagrada Escrituras a esse respeito? Eis o que está escrito na primeira Carta de São Paulo aos Coríntios: “Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação, ele vos dará os meios de sairdes dela” (1Cor 10,13).

E nos diz ainda na Carta de São Tiago: “Feliz o homem que suporta a tentação. Porque, depois de sofrer a provação, receberá a coroa da vida que Deus prometeu aos que o amam. Ninguém, quando for tentado, diga: “É Deus quem me tenta”. Deus é inacessível ao mal e não tenta ninguém. Cada um é tentado pela sua própria concupiscência, que o atrai e alicia. A concupiscência, depois de conceber, dá à luz o pecado; e o pecado uma vez consumado, gera a morte. Não vos iludais, pois, meus irmãos muito amados” (Tiag 1,12-16).

Ora, o aprendizado espiritual para a nossa vida é de suma importância, visto que, aquilo que aprendemos para o nosso bem, é com amor que o aprendemos e praticamos. Nada faz mais uma vida feliz e transparente do que a verdade que nos é comunicada pelo Senhor por meio dos exemplos de fé contidos nas Sagradas Escrituras. O Catecismo da Igreja, falando sobre isso, nos ensina:“Obedecer ("ob-audire") na fé significa submeter-se livremente à palavra ouvida, visto que sua verdade é garantida por Deus, a própria Verdade. Desta obediência, Abraão é o modelo que a Sagrada Escritura nos propõe, e a Virgem Maria, sua mais perfeita realização” (CIC § 144).

A Epístola aos Hebreus, no grande elogio à fé dos antepassados, insiste particularmente na fé de Abraão: "Foi pela fé que Abraão, respondendo ao chamado, obedeceu e partiu para uma terra que devia receber como herança, e partiu sem saber para onde ia" (Hb 11,8). Pela fé, viveu como estrangeiro e como peregrino na Terra Prometida. Pela fé, Sara recebeu a graça de conceber o filho da promessa. Pela fé, finalmente, Abraão ofereceu seu filho único em sacrifício”. (CIC §145). Assim, pela fé, Abraão obedeceu a Deus e cumpriu Sua vontade integralmente.

Também “A Virgem Maria realizou da maneira mais perfeita a obediência da fé. Na fé, Maria acolheu o anúncio e a promessa trazida pelo anjo Gabriel, acreditando que "nada é impossível a Deus" (Lc 1,37) e dando seu assentimento: "Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38). Isabel a saudou: "Bem-aventurada a que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido" (Lc 1,45). É em virtude desta fé que todas as gerações a proclamarão bem-aventurada. Durante toda a sua vida e até sua última provação, quando Jesus, seu filho, morreu na cruz, sua fé não vacilou. Maria não deixou de crer "no cumprimento" da Palavra de Deus. Por isso a Igreja venera em Maria a realização mais pura da fé”. (CIC §148; §149).

Portanto, só obedece quem é livre e só é livre quem encontra Deus e permanece Nele. Todo escravo só faz o que lhe manda aquilo ou aquele que o prende. Por isso, muitos gostariam de poder decidir sobre tudo em sua vida, mas não o fazem por causa da liberdade que perderam quando optaram pelo pecado. Pois, a pior de todas as prisões que o ser humano se impõe, é o pecado. Assim, antes de tudo, o pecado é uma decisão pelo mau uso da liberdade e a perca dela. E todos que assim agem, o fazem pensando tirar algum proveito de seus atos pecaminosos, quando de fato, caem na armadilha dos próprios instintos e se perdem nos caminhos obscuros da maldade, por rejeitarem as graças de Deus.

Falando sobre a liberdade humana, no Evangelho de São João, Jesus disse: “Se permanecerdes na minha Palavra, sereis meus verdadeiros discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos livrará”. No entanto, seus contendedores replicaram-lhe:”Somos descendentes de Abraão e jamais fomos escravos de alguém. Como dizes tu: Sereis livres?” Respondeu Jesus:”Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo. Ora, o escravo não fica na casa para sempre, mas o filho sim, fica para sempre. Se, portanto, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres”. (Jo 8,31-36). “E voltou-se para os seus discípulos, e disse: Ditosos os olhos que veem o que vós vedes, pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram. Bem-aventurado aquele para quem eu não for ocasião de queda!” (Lc 10,23-24; Mt 11,6).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.


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sábado, 9 de março de 2013

O QUE EU VEJO, SENHOR?





MEU OLHAR SOB TEU OLHAR, SENHOR... (Lc 10,25-37)

Dá-me, Senhor, por amor de teu nome enxergar as tuas criaturas como Tu as enxergas...

Pois, o que eu vejo nelas? Com que olhar, olho as tuas criaturas, os acontecimentos e tudo ao meu redor? E, qual a influência de tudo isso em minha vida? O que preciso para enxergar a essência das pessoas e das cosias com quem me relaciono? Será que preciso dá mais tempo para isto? Será que é preciso a mudança dos outros ou dos acontecimentos ou ainda minha própria mudança, para que eu atingir o âmago de tudo e de todos? Ó Senhor, são tantas perguntas e tão poucas respostas que penso: creio que estou errando o alvo onde devo mirar, para encontrar as respostas que tanto desejo.

Lançar só um olhar não é suficiente, porque muitos enxergam somente o que querem enxergar, ou o que lhes agrada aos olhos. Talvez seja pela curiosidade, ou quem sabe por interesses pessoais, ou ainda porque buscam novidades. O fato é que, “o essencial é oculto aos olhos”. Como seria bom que o nosso olhar fosse sempre um olhar de misericórdia, cheio de bondade ou quem sabe um olhar de fé, de compreensão, de sabedoria, etc...
Ao que parece, quando olhamos os outros e não temos familiaridade com eles, enxergamos uma ameaça ou alguém que quer tirar nossa liberdade ou mesmo nos importunar. Ou será por que não queremos nos comprometer? Realmente, precisamos ficar atentos, porque muitas vezes o que vemos e ouvimos atentamente nos leva a enxergar o que nossa miopia espiritual teima em não querer ver.

Vinde e vede”, é o convite do Senhor à vida comunitária, à comunhão fraterna. De fato, nossa experiência existencial nos diz que precisamos conhecer melhor para nos relacionar melhor, principalmente aquilo que o amor nos ensina. A visão de Deus em nossa vida se dá pela obediência, que significa para nós amor e fidelidade aos seus mandamentos. Quando temos familiaridade com o Senhor, agimos a partir de sua vontade em nossa vida, porque tudo o que Deus nos ensina é agradável e nos faz bem. E para que isso aconteça, Deus nos deu o dom da oração como a maneira mais fácil de termos familiaridade com Ele, pois a oração é para a nossa alma, olhos, ouvidos e boca. Por Ela, falamos com o Senhor, ouvimos sua vontade e contemplamos sua glória.

O que ou quem você encontra em sua oração? Com efeito, a experiência de Deus é permanente nós é que a interrompemos com nossas desventuras e infortúnios. Olhar o Sagrado com os olhos de nossa alma pela oração é contemplar a Deus e participar de suas maravilhas diretamente, pois a maior alegria da alma é ver a Deus face a face e permanecer imersa Nele. Assim, posso dizer em minha oração: Senhor, quando olho para Ti, não me falta nada, porque em Ti tenho tudo.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria, OFMConv.

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sábado, 16 de fevereiro de 2013

A FÉ SEM OBRAS É MORTA (Tiag 2,26).





A FÉ SEM OBRAS É MORTA (Tiag 2,26).

A fé verdadeira crê e espera mesmo quando não entende...
Porque vê além das aparências...
Pois percebe o novo que vem de Deus sempre, 
e permanece em sua presença constantemente...
Contemplando o seu desígnio redentor...

Assim, crer é um profundo ato de obediência e amor...
Que reverentes prestamos ao nosso Criador e Pai de nossas almas...
Não podemos dizer que não o conhecemos...
E que não temos nada com Ele...
Porque sem Ele nada somos e nada podemos...
Pois, todo poder sobre o céu e sobre a terra, 
pertence unicamente ao Senhor...
E ai de quem dele queira se apossar...
Porque, por mais que alguém se esforce... 
Um dia chegará seu fim e nada lhe restará, 
a não ser a prática do bem que de Deus recebeu para à Ele ser fiel...
Caso contrário, será julgado pelos os atos nefastos que praticou...

Na alma humana não há espaço para a graça e o pecado...
Assim como não há união entre a luz e as trevas...
Também não há comunhão entre o bem e o mal...
Porque o bem vem somente de Deus; 
e o mal somente do mal...
Portanto, não existe o mal em Deus...
E como não existe em Deus, 
todo o mal que há será precipitado na geena eterna...

Quanto ao mal que é praticado no tempo, 
se perpétua definitivamente após o julgamento...
Porque na eternidade, após a sentença final, 
não há mudança de condição...
Quem plantou o trigo da bondade divina, 
colherá da bondade divina a felicidade eterna...
Quem plantou o joio da discórdia e divisão, 
colherá seu quinhão de perversão infinitamente...

Portanto, não queira ir para o abismo infernal desde já, 
pela prática da maldade que há neste mundo...
Que o teu sim, seja sim, e o teu não, seja não...
O que passa disso vem do Maligno. (cf. Mt 5,36)...

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.


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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

SÉRIE MEDITAÇÕES: A FÉ É UM DOM DE DEUS



SÉRIE MEDITAÇÕES

A FÉ É UM DOM DE DEUS?


A fé é um dom de Deus e uma de suas leis naturais presente em todas as suas criaturas. Ora, naturalmente todos já nascem acreditando seja na própria vida, seja em algum credo que professa, seja no seguimento de alguma ideologia, seja ainda pela incredulidade ou indiferença com que alimenta sua alma; o fato é que todos creem, e isto é inegável. Porém, em todos os batizados a fé é dom do Espírito Santo que lhes concede a percepção das graças que Deus nos prodigalizou (cf. 1Cor 2,12).

Tanto na vida dos que creem como dos que não creem, a fé ou a falta dela, surte efeitos inigualáveis. Para os que creem a fé é fonte de salvação, como nos ensinou nosso Senhor Jesus Cristo: “Tudo é possível ao que crê”. (Mc 9,23). Por ela nos aproximamos de Deus e com Ele interagimos, porque, “A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê” (Heb 11,1). “Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra” (II Tim 3,17).

Ela é também uma arma poderosa na luta contra o mal (cf. Ef 6,10-18), e, juntamente com as outras virtudes, uma graça especial na conquista da vida eterna: “Mas tu, ó homem de Deus, foge dos vícios e procura com todo empenho a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão. Combate o bom combate da fé. Conquista a vida eterna, para a qual foste chamado...”. (1Tim 6,11-12a).

Já na vida dos que não creem, a falta de sua força salvadora, leva estes à perca do sentido eterno da vida por não amarem a Deus e nem interagirem com Ele. Visto que, “Sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se achegar a ele é necessário que se creia primeiro que ele existe e que recompensa os que o procuram” (Heb 11,6). De fato, um rastro de morte se faz presente nos corações incrédulos, pois, ao negarem a evidência divina, afirmam a impiedade e a perversidade humanas, aprisionando pela injustiça a verdade que os podia salvar. Porque, “Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras; de modo que não se podem escusar”. Assim, “Pretendendo-se sábios, tornaram-se estultos” (Rom 1,20.22).

Porém, nos ensina São Paulo: “Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos os homens... Isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tim 2,1.3-4).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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quinta-feira, 26 de julho de 2012

CRÔNICAS DE MINHA ALMA: A SENSIBILIDADE DA FÉ...



CRÔNICAS DE MINHA ALMA: A SENSIBILIDADE DA FÉ...

A fé sensível é aquela com a qual o fiel tem a percepção da presença divina e se mantém nela, traduzindo-a com seu viver. E de onde nasce essa fé? Nos batizados, essa fé é dom carismático, ela nasce da efusão do Espírito Santo quando do nosso batismo, conforme nos ensinou Jesus: “Em verdade, em verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus”. (Jo 3,5). E ainda, "Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão". (Jo 16,13).

Também podemos entender a sensibilidade da fé como uma espécie de vigilância constante (cf. Mt 26,41), onde a alma se mantém na escuta do Senhor a fim de executar os seus apelos de imediato. Podemos também defini-la como dom de oração, conforme nos indicou São Lucas a respeito do ensinamento de Jesus sobre a importância da oração: “Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo”. (Lc 18,1). Ou ainda como dom de intercessão, como nos ensinou São Paulo: “Intensificai as vossas invocações e súplicas. Orai em toda circunstância, pelo Espírito, no qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos os cristãos”. (Ef 6,18).

Vejamos alguns exemplos de sensibilidade da fé. De nossa boca só pode sair a verdade, porque somos filhos da Verdade, por isso,  o que falamos, tem que ter a importância de nossa salvação, conforme nos ensinou Jesus (cf. Mt 12,33-37). Então, que os nossos pensamentos concordem com as palavras de nossa oração e com a prática das virtudes, caso contrário, falamos apenas da “boca pra fora”, mas sem proveito algum de nossa oração, porque toda oração que fizermos precisa ser conforme a vontade de Deus para a nossa vida, caso contrário, não seremos escutados. (cf. Is 29,13-15).

Outro exemplo de sensibilidade da fé: sabemos que o tempo nos foi dando como um condutor para Deus, por isso, todo tempo que temos é tempo de vivermos para Deus, porque é Deus quem nos dá todas as graças e bênçãos para sermos felizes (cf. 2Cor 6,1-2). Mas, o que estamos fazendo com o tempo que nos é dado? Muitos se esquecem de vivê-lo para Deus. Por exemplo, a nossa participação na Santa Missa todo domingo e dias de festa, conforme o mandamento do Senhor. Ora, muitos são os batizados, mas que não participam de nada referente à vivência da fé; outros até participam da Santa Missa, mas chegam frequentemente atrasados e mesmo assim vão comungar.

Outros ainda, têm tempo para os “amigos”, o futebol, a televisão, e outros entretenimentos, mas não têm tempo para a família, nem para rezar o santo Rosário ou ler a Sagrada Escritura, e muito menos para participar de sua comunidade. Ou seja, têm tempo para quase tudo, menos para Deus. O resultado é uma fé insensível, indiferente, frívola, etc., sem prática alguma das virtudes, mas com uma tremenda inclinação para os vícios; e os filhos, seguem o mesmo caminho da indiferença dos pais. Desse modo, as famílias estão se desestruturando; a droga e o desvio comportamental estão imperando entre os jovens, causando um sem número de viciados, pervertidos e mortos.

Por fim, o que mais posso falar sobre a sensibilidade da fé? Homens e mulheres sensíveis à fé são aqueles que vivem da fé, conforme nos falou o profeta Habacuc: “Eis que sucumbe o que não tem a alma íntegra, mas o justo vive por sua fidelidade”. (Hab 2,4). Assim, eis o que diz o Senhor: “Já te foi dito, ó homem, o que convém, o que o Senhor reclama de ti: que pratiques a justiça, que ames a bondade, e que andes com humildade diante do teu Deus”. (Miq 6,8).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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