São Francisco viveu em um mundo conturbado, cheio de conflitos, lutas, guerras, nações divididas, e em buscas de ascensão social, política e econômica. Todas estas divergências vividas pelo mundo feudal despertam em Francisco a busca por uma ascensão social. Francisco vivencia tudo isso e desperta nele um desejo de ser um cavaleiro medieval, com o intuito de se tornar famoso, reconhecido e aplaudido por todos. Mas todo este desejo material muda em desejo espiritual, todas as aspirações humanas mudam através do encontro que ele tivera com o Cristo. Esta luta de Francisco se torna mais forte quando ele se depara com o Crucificado. Com efeito, tudo aquilo que era amargo se converte em doçura, e aquilo que era doce se converte em amargura. A conversão do pobrezinho de Assis foi possível, porque há uma abertura de sua parte para o encontro definitivo com o Criador. Aos poucos o reino de Deus que é amor, paz, justiça, solidariedade, promoção do bem vai sendo realizado por aquele jovem e os demais irmãos que Deus lhes dera. Francisco “tinha um desejo ardente de realizar sempre, ele e seus irmãos, ações que fossem para louvar ao Senhor e restituir a dignidade dos marginalizados". Dizia: "Assim como anunciais a paz com a boca, tende sempre a paz no coração, de modo que nunca provoqueis à ira e escândalo; assim, por meio de vossa paz e mansidão, todos sejam chamados à paz e à bondade. Esta bondade tem muita consonância com o bem que Francisco vivenciava e difundia entre os seus". Nós somos chamados para esta missão: socorrer os feridos, curar os fracos, chamar ao bom caminho os que erram. Nos Escritos de São Francisco, número 38 do Anânimo Parugino tem uma frase que norteou a vida de Francisco: “A paz que anunciais com os lábios deveis tê-la no coração”.
O nosso autor, na verdade faz uma estreita ligação entre o anúncio da paz e a possessão afetiva da mesma. Também podemos chamar esta estreita união entre desejar a paz e a Vivência da paz, com coerência. A coerência de viver ardorosamente a paz e ser sinal de paz é motivada por algo maior. Só pode ser sinal de paz quem vive a dimensão do bem. “Bem” nos recorda a criação do mundo. Deus quando Cria, ele cria por Amor e para o Amor. E na criação Deus contempla a beleza de sua obra magnífica e afirma que tudo era bom. Se a obra que Deus realizara era boa, o fato de ser boa não está não obra e sim em Deus. Deus é o bem absoluto. O Sumo Bem. Por esta razão, Francisco com o desejo ardente de realizar a paz também se transforma numa pessoa de bem. O fato dele querer promover o bem é acima de tudo porque Deus é o Bem Absoluto em sua vida. Deste modo, a paz e o bem anunciado por Francisco são as mesmas vividas por ele. A paz é fruto de um constante trabalho de reconciliação. O bem provoca atração, é próprio do bem atrair. Quando nos reportamos para a dimensão do bem, somos atraídos para vivê-lo e promovê-lo. Francisco foi homem de paz e bem, porque soube contemplar a beleza de Deus na criação. De fato, para Francisco todos são irmãos, pois saímos de Deus e para ele um dia retornaremos. Deste modo, São Francisco continua sendo referência mundial como aquele que anunciou a paz e promoveu o bem. Esta expressão deve ser a marca impressa nos corações de tantos irmãos que perderam de vista a importância de serem portadores de paz e bem. Para que o mundo tenha paz se faz necessário que eu, você, enfim, todos façam da vida uma cultura de paz. Sejamos nós instrumentos de paz e bem para que o mundo seja mais humano e mais fraterno.
frei Fernandes Pereira, OFMCap
Extraído de http://reflexoesfranciscanas.blogspot.com/2008/11/paz-e-o-bem-na-perspectiva-de-so.html acesso em 27 Nov. 2008.
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