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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Ó VERDADE ETERNA




















Do Livro das "Confissões", de Santo Agostinho, bispo (Lib. 7, 10, 18; 10, 27; CSEL 33, 157-163. 255)

"Instigado a voltar a mim mesmo, entrei em meu íntimo, sob tua guia e o consegui, porque tu te fizeste meu auxílio".

Entrei e vi com olhos da alma, acima destes olhos, acima de minha mente, a luz imutável — não esta luz vulgar e evidente para toda a carne nem como do mesmo gênero, apenas mais forte e que fosse muito e muito mais brilhante e iluminasse e enchesse tudo com o seu tamanho. Não era assim, mas outra coisa, inteiramente diferente de todas estas. Também não estava acima da minha mente como o óleo sobre a água nem como o céu sobre a terra, mas mais alta, porque ela me fez, e eu, mais baixo, porque feito por ela. Quem conhece a verdade, conhece esta luz.

Ó eterna verdade e verdadeira caridade e cara eternidade! Tu és o meu Deus, por ti suspiro dia e noite. Desde que te conheci, tu elevaste-me para ver que quem eu via, era, e eu, que via, ainda não era. E reverberaste sobre a mesquinhez da minha pessoa, irradiando sobre mim com toda a força; e eu tremia de amor e de horror. Vi-me longe de ti, no país da dessemelhança, como que ouvindo a tua voz lá do alto: "Eu sou o alimento dos grandes; cresce e comer-me-ás. Não me mudarás em ti, como o alimento do teu corpo, mas tu te mudarás em mim".

E eu procurava o meio de obter forças, para tornar-me idôneo a te degustar e não o encontrava até que abracei "o mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que é Deus acima de tudo, bendito pelos séculos"; ele chamava-me e dizia: "Eu sou o caminho da verdade e da vida"; e o pão, que eu não era capaz de receber, uni à minha carne, "porque o Verbo se fez carne", para dar à nossa infância o leite da tua sabedoria, pela qual tudo criaste.

Paz e Bem!

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