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segunda-feira, 18 de agosto de 2008

6.5. Método de estudo em grupo: Método de Kigali

[1]

Apresentamos este método, organizado na África, concretamente na capital do Ruanda, como um modo mais de prestar atenção ao texto em si mesmo do que à resposta ao texto, pela oração e pela celebração da Palavra.

1. Primeiro contacto com o texto:

* Ler o texto escolhido duas vezes, em voz alta.

* Anotar rápida e imediatamente, depois desta primeira leitura, as primeiras impressões: o que me agrada, o que não me agrada muito, o que me produz admiração, o que não gosto. Este primeiro tempo dura apenas alguns minutos.

2. Observar o texto:

É necessário saber acolher um texto e aceitá-lo tal como ele é. Ele não é um espelho que me reenvia o meu rosto, onde eu vejo o que me agrada. É a ele que eu devo procurar, observar. Eis aqui alguns meios que me facilitam a observação:

* Reparar no princípio e no fim do texto (alguns versículos). Ver o que aconteceu, que transformação se produziu entre o princípio e o fim

* Descobrir os lugares que são mencionados no texto

* Anotar as personagens do texto e as suas relações:
  • Qual parece ser o personagem principal? Que diz e que faz?
  • Quem está do seu lado? Quem está contra? Quem o ajuda?
  • Quem é activo? Quem é passivo?
* Reagrupar as palavras do texto que pertencem à mesma "família", que se referem ao mesmo tema (campo semântico). Cada texto põe em acção, frequentemente, algumas famílias de palavras bem concretas.

* Anotar as oposições e os contrastes do texto, se os houver.

3. Procurar informações fora do texto

As informações fornecidas pelos especialistas podem esclarecer o texto:

* Lendo as notas e os lugares paralelos da Bíblia.

* Utilizar um dicionário ou vocabulário bíblico.

4. Questionar o texto: Já que os Evangelhos foram escritos depois da Ressurreição, por crentes e para crentes, podemos tentar encontrar alguns pontos de referência:
A - Para o Novo Testamento:
a) O acontecimento da vida de Jesus (ou dos discípulos) de que fala o texto.
b) A fé em Cristo ressuscitado, que aqui se exprime, claramente ou de forma velada, e a esperança que ela suscita.
c) A vida da Igreja que está subjacente ao texto: qual era a necessidade que os cristãos tinham, para escreverem e conservarem este texto.
d) Que alusões directas ou indirectas ao Antigo Testamento existem?
B - Para o Antigo Testamento, procurar:
a) A História de Israel ou o acontecimento sobre o qual este texto se apoia.
b) A fé no Deus libertador, que se exprime claramente ou de modo velado.
c) A vida dos crentes de Israel, que está subjacente ao texto: que necessidades tinham, ao escreverem e conservarem este texto?
d) Que alusões directas ou indirectas a outros textos do Antigo Testamento existem?

5. Apropriação do texto (que sentido para hoje)

* Segundo o que foi observado nos quatro primeiros tempos, tentar perceber o testemunho de fé que se depreende do texto, a parte da "Boa Nova" que nele se encontra.

* Como é que este testemunho de fé (Boa Nova) pode esclarecer, ajudar a nossa fé, no tempo e lugar onde vivemos?

* Como podemos traduzir, por outras palavras, este antigo texto a fim de ser compreendido pelos que nos rodeiam?

* As impressões que tivemos no primeiro contacto com o texto não se deverão, agora, completar, corrigir ou, simplesmente, abandonar?

* Que oração nos inspira agora a leitura deste texto?
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[1]. É assim chamado por se ter organizado em Kigali, capital do Ruanda. Traduzimos este texto, com a devida vénia, de Les Dossiers de la Bible, nº 29, 1989, p. 7-8.

Extraído de http://www.capuchinhos.org/porciuncula/ler_biblia/6_5_metodo_de_estudo_em_grupo.htm acesso em 18 ago. 2008

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