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sábado, 19 de abril de 2025

Homilia da Vigília Pascal...

 Homilia da Vigília Pascal (Lc 24,1-12)(19/04/25)

1. Caríssimos meditemos com amor e atenção esta homilia sobre o Sábado Santo de Asterio de Amaseia, bispo (sec. IV). "Hoje, a Igreja – a herdeira – exulta de alegria. Cristo, seu Esposo, que sofreu, acaba de ressuscitar. Alegra-te, ó Igreja, Esposa de Cristo! A ressurreição do teu Esposo ergueu-te da terra em que os viandantes te calcavam aos pés.

2. Ó maravilha! Foi semeado um único grão, e o mundo inteiro alimenta-se dele. Imolado como homem, foi restituído à vida como Deus e dá vida ao mundo. Degolado como cordeiro; como pastor, dispersou o rebanho dos demônios com o cajado da sua cruz.

3. Como lâmpada sobre o candelabro, extinguiu-se na cruz, e como o Sol levantou-se do sepulcro. Realizaram-se dois prodígios: o dia escureceu quando Cristo foi crucificado, e, na sua ressurreição, a noite brilhou como o dia.

4. Porque escureceu o dia? Porque, conforme está escrito, «das trevas fez seu véu» (Sl 17,12). Porque brilhou a noite como o dia? Porque, como dissera o profeta, «nem as trevas para Vós têm obscuridade: a noite brilha como a luz» (Sl 138,12).

5. Ó noite mais clara do que o dia! Noite mais luminosa do que o Sol! Noite mais branca do que a neve, mais brilhante do que os nossos fachos, mais doce que o paraíso! Ó noite que não conheces as trevas, que afastas o sono e nos fazes velar com os anjos! 

6. Noite pascal, espanto dos demônios; esperada ao longo de todo o ano! Noite nupcial da Igreja, que fazes nascer os recém-batizados e despojas o demônio adormecido! Noite em que o herdeiro leva os seus co-herdeiros a tomar parte na herança!" (Homilia 19).

7. Portanto, caríssimos, essas Palavras são conforto para as nossas almas, pois aumenta a nossa esperança na certeza do céu. Decerto, com esse alívio já não sentimos em demasiado o peso das dores e sofrimentos advindos dos nossos pecados, pois, fomos perdoados e libertos por Jesus ressuscitado que caminha e permanece conosco até o fim dos nossos dias neste mundo.

Uma santa e feliz Páscoa para todos...

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DO SENHOR


 SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DO SENHOR (Jo 18,1-19,42)(18/04/25)


1. Caríssimos irmãos e irmãs, hoje o mundo amanhece em silêncio por conta da maior injustiça já cometida na face da terra, a perseguição, prisão, tortura, crucifixão e morte do Filho amado de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo; sem que houvesse alguém que o defendesse em seu martírio, exceto sua Mãe Maria Santíssima e o seu discípulo amado, João.

2. De fato, a fúria maligna não poupou nem mesmo o inocente Filho de Deus; no entanto, aqueles que se aliaram para cometer tamanho pecado nem perceberam que o preço da nossa salvação foi exatamente o preciosíssimo Sangue de Senhor nosso Jesus Cristo, que por sua morte de cruz libertou do pecado, da morte e do inferno todos os pecadores que acolheram Sua Divina Misericórdia, deixando-se conduzir por Ele à glória da ressurreição.

3. Eis o que escreveu Santo Antônio de Pádua a respeito da Paixão do Senhor: "Pai, a cabeça de teu Filho, Jesus, diante de quem estremecem os arcanjos, foi ferida pelos espinhos; o seu rosto, no qual os anjos desejam mergulhar o seu olhar (cf 1Pd 1,12), foi conspurcado de escarros, ferido pelas bofetadas; arrancaram-Lhe a barba, deram-Lhe pancadas, puxaram-Lhe os cabelos.

4. E Tu, Deus clementíssimo, Tu escondes-Te, Tu ocultas-Te, e preferes que um só, o teu Único, seja coberto de escarros e esbofeteado para evitar que todo o povo pereça (cf Jo 11,50). A Ti o louvor e a glória, porque extraíste dos escarros e das pancadas o antídoto que arranca da nossa alma o veneno da antiga serpente.

5. Rezemos, irmãos bem-amados, e peçamos com insistência e piedade ao Senhor Jesus Cristo, que devolveu a vista ao cego de nascença e a Tobias, que ilumine os olhos da nossa alma pela fé na sua encarnação e pela amargura da sua Paixão, a fim de que mereçamos contemplar a Ele, o Filho de Deus, Luz nascida da Luz, no esplendor dos santos, na claridade dos anjos. Que venha em nosso auxílio Aquele que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos."

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 17 de abril de 2025

Santa Missa da Ceia do Senhor...


 QUINTA-FEIRA SANTA (Jo 13,1-15)(17/04/25)


1. Caríssimos, o mistério da morte é um fenômeno sempre presente com o qual nos confrontamos a todo momento, e o experimentamos em nós mesmos, seja com o tempo que se esvai, seja quando somos atingidos por alguma enfermidade ou perigo que nos ameaça. De fato, fora de Deus ninguém tem o domínio total sobre este mistério.

2. Na liturgia desta Quinta-feira Santa vemos o Senhor Jesus instituir a Eucaristia, isto é, Seu Corpo e Sangue; Sua Alma e Divindade; o Sacerdócio e a Santa Missa. Ora, mas tudo Ele realiza sem dispensar a Cruz que vai enfrentar mediante a Sua Paixão, morte e ressurreição. 

3. E ela começa com a traição de Judas Iscariotes que deixando de lado o amor do Seu Mestre e Senhor, o vende como se fosse um escravo, desprezando todo o bem que Dele recebeu. Ou seja, um ato vil e extremamente grave que revela quanto os nossos pecados ofendem a Deus.

4. Com efeito, é também nesta celebração que o Senhor Jesus lava os pés dos Apóstolos, mostrando-lhes que o verdadeiro sentido do viver se encontra no serviço uns aos outros sem reivindicar reconhecimento ou glória, pois, como Ele mesmo disse:

5. "Compreendeis o que acabo de fazer? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz”. (Jo 13,13-15)

6. Comentando os acontecimentos deste dia santo, disse Santa Catarina de Sena: "Sede obedientes até à morte, a exemplo do Cordeiro sem mancha que obedeceu a seu Pai até à morte vergonhosa na cruz. Pensai que ele é o caminho e a regra que deveis seguir. Tende-O sempre presente diante dos olhos do espírito.

7. Vede como este Verbo, a Palavra de Deus, obedece! Ele não Se recusa a carregar o fardo das dores de que o Pai O encarregou; pelo contrário, abraça-Se a ele, animado de grande desejo, dizendo, na Ceia da Quinta-feira Santa: «Tenho desejado ardentemente comer esta Páscoa convosco, antes de padecer!» (Lc 22,15).

8. Comer a Páscoa é cumprir a vontade do Pai. Vendo chegar a sua hora (via-Se já no fim, no sacrifício do seu corpo por nós), Ele exulta, rejubila e diz com alegria: «Tenho desejado ardentemente»: eis a Páscoa de que Ele falava, e que consistia em Se dar a Si próprio em alimento, em imolar o seu próprio corpo para obedecer ao Pai."

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

O BEM VENCE SEMPRE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 26,14-25)(16/04/25)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, o que é ser traído? É ser tolhido de toda confiança depositada e da dignidade concedida, porém, desprezada como se fosse um nada; e mais ainda, é a perca dos valores da amizade, do amor, da justiça, da bondade e da paz por parte do traidor. 

2. Ora, como uma criatura ousa vender o seu Criador como se fosse um escravo? É isso o que meditamos no Evangelho de hoje, ou seja, não bastou a Judas Iscariotes ser chamado por Jesus e receber a honra de ser um dos Seus Apóstolos; escutar a Sua Santa Palavra; andar com Ele nas estradas da Terra Santa; contemplar os milagres e todas as graças derramadas por onde o Senhor passou.
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3. Santo Antônio de Pádua, meditando esse episódio, escreveu: "Ó Judas, queres vender o Filho de Deus como se fosse um vil escravo, como se fosse um cão morto? Diz-me: Em que é que Ele te ofendeu? Que mal te fez para que digas: «Entregar-vo-lo-ei»? 

4. Terás esquecido a incomparável humildade do Filho de Deus e a sua pobreza voluntária, a sua doçura e afabilidade, a sua aprazível pregação e os seus milagres, o privilégio pelo qual te escolheu como apóstolo e fez de ti seu amigo?"

5. E conclui sua reflexão com esta evidência mais que comprovada em nossos dias: "Quantos Judas Iscariotes há ainda hoje, que, em troca de algumas vantagens materiais, vendem a verdade, entregam o próximo, e se enforcam na corda da condenação eterna!" 
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6. Portanto, caríssimos, peçamos ao Senhor Jesus a graça da fidelidade à toda prova, pois como Ele mesmo disse: "Aquele que é fiel nas coisas pequenas será também fiel nas coisas grandes. E quem é injusto nas coisas pequenas, sê-lo-á também nas grandes." (Lc 16,10).
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7. Destarte, possa ser que não entendemos a pedagogia divina ao percebermos que a maldade se alastra na face da terra como uma horrível pandemia, porém, como disse Santo Agostinho: "O mal não pode contrariar a bondade de Deus. 

8. Ainda que Satanás seja um artesão do mal, o Supremo Artesão não permitiria a existência do mal se não pudesse servir-Se dele para que tudo concorra para o bem." E a morte cruenta do Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, comprova essa verdade.(Sermões sobre o evangelho de João, n.° 27, § 10) 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 15 de abril de 2025

Nossa maior felicidade é sermos salvos por Jesus, o Filho amado de Deus...

 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 13,21-33.36-38)(15/04/25)

1. Caríssimos irmãos e irmãs, por traz da negação da verdade se encontra as nossas misérias e o quanto nós somos frágeis por nós mesmos; no entanto, para onde olharmos seja com os olhos físicos ou com os olhos da alma a verdade ali está, refletindo a grandeza do nosso Criador, estampada na obra da criação. 

2. Porém, é na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo onde a encontramos com mais evidência ainda, pois, foi por Seu Sacrifício cruento que o Senhor nos amou e nos libertou da escravidão do pecado, da morte e do inferno. De fato, não existe maior privilégio e felicidade do que sermos salvos pelo Filho amado de Deus. 

3. Com efeito, todo pecado é uma negação da verdade, no entanto, nenhum pecado prevalecerá sobre ela. Por isso, o amor do Senhor reinará para sempre acima de todas as coisas, pois, como Ele mesmo disse: "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos." E de imediato, acrescentou: "Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando." (Jo 15,13-14). 

4. Mas, por que o Senhor Jesus disse isso? Eis a resposta: "Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai.

5. Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda." (Jo 15,15-16).

6. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos mostra a Sua total confiança no Pai, apresentando à Ele a nossa fragilidade assumida pela Sua submissão amorosa e incondicional; a qual, são Paulo descreveu com maestria: "Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo, e assemelhando-se aos homens." (Fl 2,6-7).

7. Portanto, caríssimos, assim como Pedro negou o Senhor por três vezes e caíndo em si viu o mal que fizera; creio que pelos muitos pecados cometidos também nós o negamos, por isso, precisamos do mesmo olhar misericordioso que o Senhor lançou sobre Pedro, a fim de que choremos também nós, profundamente arrependidos, como o fez Simão Pedro.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

Sigamos os exemplos de Cristo...

 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 12,1-11)(14/04/25)

1. Caríssimos, para nós que seguimos o Senhor Jesus nesta trajetória rumo à eternidade, que aqui chega ao fim com a morte temporal, temos muito a aprender com os exemplos dos relatos bíblicos que o Senhor nos deixou como tesouros para o nosso discipulado. 

2. E nesta segunda-feira da semana santa, temos um grande exemplo à seguir a partir das cenas do episódio do jantar na casa de Lázaro à quem o Senhor Jesus havia ressuscitado.

3. Na primeira cena, todos se alegram com a presença de Jesus, e logo vem Maria, irmã do anfitrião, portando um frasco contendo um bálsamo de suave odor, digno do Seu Mestre e Senhor a quem amava de coração pela libertação que lhe fora concedida. 

4. Desse modo, tomada por tamanho amor, unge-lhe os pés e os enchugou com os seus cabelos como expressão da mais profunda gratidão por todo o bem que Dele recebera. Ora, quem de nós não faria o mesmo? 

5. Na segunda cena, vemos que toda expressão de amor e de gratidão para com Deus ou para com os seus mensageiros, por vezes torna-se motivo de repúdio por parte daqueles que não tem um coração agradecido, e por isso, não suportam o amor dos que reconhecem o bem recebido e humildemente agradecem.

6. É neste sentido que vemos a contestação de Judas Escariotes, reivindicando a caridade para com os pobres, quando na verdade estava usando os pobres com o fim de satisfazer os próprios interesses mesquinhos. 

7. De fato, como um pecado é porta de entrada para outros, logo se apossou dele a ganância à ponto de vender Jesus aos doutores da Lei por trinta moedas de prata para que fosse condenado a morte. Por isso, muito cuidado: "Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Acossados pela cobiça, alguns se desviaram da fé e se enredaram em muitas aflições." (1Tm 6,10).

8. Portanto, caríssimos, como vimos nesse episódio, mesmo cheios de alegria pela presença do Senhor Jesus, houve também quem desse espaço para a ação do maligno; todavia, o Senhor nos ensina a não perder tempo nem darmos atenção às reações do mal que tenta atrapalhar a nossa comunhão com Ele. 

9. Par isso, a Sua Palavra é fundamental para nos manter em plena harmonia e serenidade. Destarte, muita atenção com os estragadores de virtudes, pois, viver na presença de Deus e em permanente comunhão com Ele é tudo o que precisamos em nossa vida. 

10. De fato, enquanto não chegarmos ao céu, teremos pela frente a mesma luta travada pelo Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, que nos ensinou a vence-la com a ajuda da sua graça agindo em nossas almas. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 13 de abril de 2025

Homilia do Domingo de Ramos...


 Homilia do Dom de Ramos (Lc 19,28-40)(13/04/25)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, a Santa Igreja hoje dá início a semana santa com o Domingo de Ramos, nesse dia Jesus entra como rei triunfante em Jerusalém, montado num jumentinho e aclamado com rei de Israel pela multidão com ramos nas mãos contando hosana ao Filho de Davi. 

2. Com efeito, todos os acontecimentos do mistério da nossa salvação, ou seja, a Paixão, morte e ressurreição do Senhor, já haviam sido profetizados no Antigo Testamento, e agora inicia o seu cumprimento. De fato, o Senhor já sabia os sofrimentos e a morte que haveria de padecer. 
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3. Então, quais lições aprendemos desses acontecimentos? Deus enviou o Seu Filho a nós como um de nós para que o conhecêssemos quem Ele é, e como tudo faz em nosso favor porque nos ama e quer que participemos com Ele da sua glória eterna. 

4. Como bem descreveu São João: "Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele. (Jo 3,16-17). 
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5. De uma coisa fiquemos certos, o mal não faz parte do Seu Reino e por isso, tiremos de nosso meio tudo o que há de mal; as armas para isto são as mesmas usadas por seu Filho, obediência total à Sua Vontade, confiança inabalável no Seu Poder, amor incondicional ao Seu querer. 

6. Em outras palavras, no que diz respeito à nós, isso significa, crer em nosso Senhor Jesus Cristo, ama-lo como o Messias enviado por Deus nosso Pai celestial, sendo fiéis até o fim como Ele mesmo nos ensinou: "Quem permanecer fiel até o fim será salvo." (Mt 24,13)

7. Portanto, caríssimos, sem dúvida alguma, fazemos parte do Grande Mistério de Deus, da Sua Criação, da Redenção operada por Seu Filho, e da luta contra o mistério da iniquidade. Por isso, mesmo precisamos viver como seus filhos e filhas no cumprimento do seu plano de amor para a nossa salvação. 

8. É claro que racionalmente pouco entendemos de tudo isso; mas, para que vivamos segundo a sua Santa Vontade, depois da Sua Ressurreição, o Senhor nos enviou o Espírito Santo para permanecer conosco preparando-nos para a Sua segunda vinda que acontecerá no fim dos tempos.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

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