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sexta-feira, 26 de julho de 2024

A nossa alegria vem do céu, ela é Dom de Deus...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 13,16-17)(26/7/24)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, nós somos o fruto ditoso da vivência da fé de nossos antepassados, que a semearam em nossas almas com simplicidade e zelo na certeza de que o brilhante futuro de sua prole tinha como fundamento as graças de Deus por meio da comunhão permanente com a sua vontade. 
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2. Ora, e isto é possível porque eles viveram exatamente da fé, como nos ensinou o Profeta Habacuc: "O justo vive por sua fidelidade." (Hab 2,4). De fato, para nós que ainda estamos neste vale de lágrimas, apredemos com nossos avós que o dom mais precioso que temos é o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como à nós mesmos. 
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3. Ora, porque eles viveram assim, nos ensinaram que o nosso devir começa aqui onde construímos passo a passo a eternidade que desejamos quando daqui partirmos. De fato, não podemos dissociar o nosso viver natural, da vida eterna, porque ele nada mais é que sua extensão, em outras palavras, o que plantamos aqui a partir da vontade de Deus ou não, é esse o nosso devir. 
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4. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos ensina que a nossa felicidade consiste em tê-lo conosco: “Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram”. Ou seja, antes de sua vinda só o tinham em desejo; depois de sua vinda, nós o temos conosco. (cf. Mc 20,28).
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5. Portanto, caríssimos, que elogio mais eloquente poderíamos receber do Senhor do que esse do Evangelho de hoje? Todavia, na pedagogia divina não basta sermos elogiados, mas sim, correspondermos ao seu elogio por meio de nossa obediência incondicional aos seus santos mandamentos, pois foi assim que viveram os nossos antepassados na fé.
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6. Destarte, meditemos, então, com amor e devoção estas palavras do saudoso Papa, Bento XVI: "A proclamação da Palavra cria comunhão e gera alegria. É uma alegria profunda que brota do próprio coração da vida trinitária e nos é comunicada no Filho. Trata-se da alegria como um dom inefável que o mundo não pode dar. 
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7. Festas podem ser organizadas, mas não a alegria. De acordo com as Escrituras, a alegria é o fruto do Espírito Santo (cf. Gl 5:22), que nos permite deixar a Palavra divina entrar em nós, produzindo frutos para a vida eterna. 
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8. Ao proclamar a Palavra de Deus no poder do Espírito Santo, também desejamos comunicar a fonte da verdadeira alegria, não uma alegria superficial e efêmera, mas aquela que brota do conhecimento de que somente o Senhor Jesus tem as palavras da vida eterna (cf. Jo 6:68)."
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(Bento XVI - Exortação Apostólica pós-sinodal Verbum Domini, n. 123). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 24 de julho de 2024

AS SEMENTES DA PALAVRA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 13,1-9)(24/7/24)


1. Caríssimos irmãos e irmãs, a vida é uma grande escola aonde aprendemos a conviver com Deus e uns com os outros; por isso, cem por cento da nossa convivência com o próximo depende cem por cento da nossa convivência com Deus. E esta só pode ser vivida mediante a ação do Espírito Santo em nossas almas. 
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2. Pois, quando nos deixamos instruir pela sabedoria do Espírito Santo, aprendemos a praticar as virtudes eternas na nossa convivência com Deus e na convivência fraterna para a santificação de nossas almas. Porém, não sem antes passar pelo crivo das provações e desafios de fé no deserto deste mundo que nada tem a nos oferecer.
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3. De fato, todo aprendizado existencial é feito de provações, desafios de fé e purificações, sem as quais não se pode viver a plena comunhão com o Senhor, tal qual Ele nos ensinou por meio da Carta de são Tiago:

 4. "Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Mas é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma." (Tg 1,2-4).
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5. No Evangelho de hoje, o Senhor Jesus conta a parábola da semente da Palavra que Ele semea no terreno de nossa existência. O que mais nos chama a atenção, é como a Sua Palavra é recebida, com qual disposição e o desejo de cultiva-la, para dar os frutos da salvação que Ele nos trouxe. Seja em solo fecundo para dar frutos cem por um; seja na beira da estrada, em solo pedregoso ou entre espinhos em que nada frutifica por falta do devido cultivo.
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6. Portanto, caríssimos, quem não vive cada momento da sua existência como dom de Deus e o aprendizado para viver em paz e harmonia com Ele e uns com os outros, passa o tempo murmurando e se lamentando por viver para si mesmo e não para os santos propósitos que o Senhor nos dá como meios para a nossa santificação.
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7. Destarte, peçamos ao Senhor Jesus, pela intercessão de sua Mãe, Maria Santíssima, e de são José, a graça de sermos terrenos férteis em que as sementes das suas palavras dão frutos de salvação para todos saborearem por meio do nosso testemunho de vida.
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8. Comentando este Evangelho disse são João Crisóstomo: "Saiu o semeador a semear". E porque foi que ele saiu? Para destruir a terra onde abundavam os espinhos? Para castigar os cultivadores? De modo nenhum. Ele veio cultivar essa terra, tratar dela e nela semear a palavra da santidade. Porque a semente de que fala é, na verdade, a sua doutrina; o campo é a alma do homem; o semeador é Ele mesmo.
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9. Com razão criticaríamos um semeador que semeasse com tanta abundância. Mas, quando se trata das coisas da alma, as pedras podem transformar-se em terra fértil, o caminho pode deixar de ser pisado pelos transeuntes e tornar-se campo fecundo, os espinhos podem ser arrancados, permitindo que os grãos cresçam tranquilamente.
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10. Se isso não fosse possível, Ele não teria lançado a semente. E, se a transformação não se realizou, não é por culpa do semeador, mas daqueles que não quiseram deixar-se transformar. O semeador fez o seu trabalho. Se a semente se perdeu, o autor de tão grande benefício não é responsável por isso.   
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11. Uma coisa é deixar a semente da palavra de Deus secar sem tribulações e sem cuidados, outra é vê-la sucumbir sob o peso das tentações. Para que tal não nos aconteça, gravemos a sua Palavra na nossa memória, com ardor e seriedade. Assim, por muito que o diabo arranque à nossa volta, teremos força para evitar que ele arranque o que quer que seja dentro de nós."
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(São João Crisóstomo (c. 345-407), doutor da Igreja - 
Homilias sobre Mateus, 44)
Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 22 de julho de 2024

SOMOS FILHOS E FILHAS DE DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 12,46-50)(23/7/24).

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1. Caríssimos, as almas que vivem imersas em Deus, participam de Sua intimidade por meio de sua filiação divina, reconhecendo que Deus é nosso Pai e que em tudo cuida de nós precisamente, como nos ensinou o Senhor Jesus: "Qual de vós, por mais que se esforce, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? 
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2. [Portanto] Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso. Buscai, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo." (Mt 6,27.31.33).
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3. Ora, não resta dúvida de que os dons mais preciosos que temos é a vida e a família; no entanto, muitos dão mais valor às coisas passageiras do que à unidade familiar, por isso, são tão infelizes, porque nada enchergam além das futilidades deste mundo.
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4. E por isso, deixam de amar a Deus vivendo como sua família divina, para seguir a mentalidade mundana que consiste na busca frenética do poder, da fama e do prazer; só que na realidade, permanecem vazios porque a verdadeira felicidade não vem das coisas deste mundo, mas é puro dom de Deus para aqueles que o amam e lhe obedecem.
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5. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus faz uma inversão na ordem de parentesco natural, tornando-nos membros de Sua família divina. Em outras palavras, agora fazemos parte da família de Deus, conforme Ele nos ensinou: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” 
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6. E, estendendo a mão para os discípulos, disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Bem como nos ensinou são João: "Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.
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7. Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus." (Jo 1,11-13).
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8. Por isso, se engana totalmente quem interpreta as palavras do Senhor Jesus querendo dividir a Sua família. De fato, a verdade sobre a unidade da família divina é a que Ele nos ensinou na oração do Pai nosso e também no alto da cruz quando deu a sua mãe como mãe da humanidade na pessoa do discípulo amado que nos representou naquele momento (cf. Jo 19,26-27). 
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9. Portanto, caríssimos, somos filhos e filhas de Deus nascidos da água e do Espírito Santo por meio do batismo, e por adoção, filhos e filhas da Virgem Maria, mãe de Deus e nossa mãe!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

Quem ama o Senhor Jesus perfeitamente, tem a vida eterna...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 20,1-2.11-18)(22/7/24)

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1 Caríssimos, a Igreja hoje celebra a Festa litúrgica de santa Maria Madalena, que segundo os relatos dos Evangelhos, foi a primeira anunciadora do maior acontecimento da história da humanidade, a ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Pelo seu exemplo de vida, vemos como o Senhor transforma a nossa vida, para seguirmos o rumo ao Reino dos céus.
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2. Maria Madalena foi a prostituta, da qual Jesus expulsou sete demônios (cf. Lc 8,2), transformando-a em uma fiel seguidora e apóstola de Sua ressurreição. "Ela é mencionada entre os discípulos de Cristo, auxiliando-os com suas posses (cf. Lc 8,2-3); esteve presente ao pé da cruz (cf. Mt 28,1) e mereceu ser a primeira a ver o Redentor resuscitado na madrugada do dia de Páscoa (cf. Mc 16,9)." (Liturgia das horas).
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3. Comentando este Evangelho, São Gregório Magno (Sec. VI), nos mostra que foi o ardente amor de Maria Madalena por Jesus e sua perseverança em procura-lo em sua sepultura que a fez encontra-lo ressuscitado ao ouvi-lo chamar o seu nome: "Então Jesus disse: Maria!" (Jo 20,16).
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4. "Foi como se lhe dissesse abertamente: 'Reconhece aquele por quem és reconhecida. Não é entre outros, de maneira geral, que te conheço, mas especialmente a ti.' Maria, chamada pelo próprio nome, reconhece quem lhe falou; e imediatamente exclama: Rabuni, que quer dizer Mestre (Jo 20,16). Era ele a quem Maria Madalena procurava exteriormente; entretanto, era ele que a impelia interiormente a procura-lo."
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5. Portanto, caríssimos, Deus se fez homem, por seu Filho, Jesus Cristo, no ventre de sua Mãe, a Virgem Maria; entrou na finitude da nossa natureza para nos dar a certeza de que a vida é eterna, por isso, podemos nos alegrar como Maria Madalena o fez ao encontrar Jesus Ressuscitado e Nele permanecer, porque muito o amou.
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6. Meditemos com atenção estas palavras de São Bernardo: "O retorno da alma é a sua conversão ao Verbo, para que Ele a reforme e a torne conforme a Si mesmo. Em quê? No amor. Por esta conformidade, a alma desposa o Verbo. Já semelhante a Ele por natureza, torna-se semelhante a Ele também por vontade, amando-O como Ele a ama. Se ela o ama perfeitamente, o seu matrimônio está consumado. 
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7. E não há coisa mais alegre que esta conformidade; não há coisa mais desejável que este amor. O amor do Esposo, ou melhor, o Esposo que é amor apenas pede amor e fidelidade recíprocos. Deixemos, pois, que a amada responda com amor. E como deixará de amar, ela que é a esposa do Amor? Como poderia o Amor não ser amado?"
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(São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja - Sermão sobre o Cântico 83, 2-3.5; SC 511).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 21 de julho de 2024

Homilia do 16°Dom do Tempo Comum


  Homilia do 16° Dom do Tempo Comum (Mc 6,30-34)(21/7/24)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, nós que fomos batizados, recebemos do Senhor a graça da participação no Seu Reino de amor; por isso, temos como missão, e empenho de toda a vida, viver a dimensão do Reino dos Céus desde já, para isso Ele nos deu o Espírito Santo e com ele todas as graças necessárias para vivermos como Igreja, isto é, Seu Corpo Místico, do qual Ele é a cabeça e nós os seus membros.
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2. Na Carta aos Hebreus, assim está escrito: "Irmãos, por meio de Jesus, ofereçamos a Deus um perene sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que celebram o seu nome. Não vos esqueçais das boas ações e da comunhão, pois estes são os sacrifícios que agradam a Deus." (Hb 13,15-16). Ou seja, o nosso modo de ser é fruto do amor de Deus por nós e entre nós; todavia, isso requer nossa entrega total e nossa disponibilidade para servi-lo em santidade e justiça todos os dias de nossa vida.
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4. No Evangelho de hoje, o Senhor Jesus escuta o relato dos Apóstolos que retornaram da missão, e percebendo o cansaço que os domina, os chama para um lugar à parte onde possam repousar; entretanto, a multidão os seguiu em busca das graças que necessitavam. O Senhor se compadeceu deles porque eram como ovelhas sem pastor e começou a ensinar-lhes muitas coisas.
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5. Portanto, caríssimos, mais do que nunca esse nosso mundo necessita da presença do Senhor Jesus e de sua mensagem para encontrar a verdadeira paz. Ora, como batizados, somos os novos protagonistas desse anúncio; todavia, quem se dispõe a fazê-lo? Em outras palavras, quem está disposto a pôr as mãos no arado sem olhar para trás? 
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6. Destarte, de uma coisa fiquemos certos, o Senhor Jesus cuida muito bem dos seus servos como vimos neste Evangelho de hoje; quem está disposto à dizer-lhe sim? Então, sigamos o exemplo de nossa Senhora, e digamos firmemente com ela: "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra." (Lc 1,38).
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7. Por fim, rezemos com humildade e devoção esta oração de São Gregório de Nissa: "Onde levas o teu rebanho a pastar" (Cant 1,7), ó bom pastor que o carregas aos ombros (cf Lc 15,5)? Porque toda a raça humana é uma única ovelha que Tu tomaste aos ombros. 
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8. Mostra-me o lugar da tua pastagem, faz-me conhecer as águas do repouso, leva-me às ervas suculentas, chama-me pelo nome (cf Jo 10,3), para que eu ouça a tua voz, eu que sou tua ovelha, que a tua voz seja para mim a vida eterna.
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9. Sim, diz-me, "Tu, a quem o meu coração ama" (Cant 1,7). É assim que Te chamo porque o teu nome está acima de todo o nome (cf Fil 2,9), inexprimível e inacessível a toda a criatura dotada de razão. Mas este nome, testemunho dos meus sentimentos por Ti, exprime a tua bondade. 
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10. Como poderia não Te amar, a Ti, que me amaste a ponto de dares a tua vida pelas ovelhas de quem és o pastor (cf Jo 10,11)? Não é possível imaginar maior amor do que teres dado a vida pela minha salvação (cf Jo 15,13).
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11. Ensina-me, pois, onde levas o teu rebanho a pastar, que eu possa encontrar a pastagem da salvação, saciar-me com o alimento celeste que todo o homem deve comer se quiser entrar na vida, correr para Ti, que és a fonte, e beber a grandes tragos a água divina que fazes brotar para os que têm sede. Essa água corre do teu lado desde que a lança aí abriu uma chaga (cf Jo 19,34), e todo aquele que a prova torna-se uma fonte de água viva que jorra para a vida eterna (cf Jo 4,14)."
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(São Gregório de Nissa (c. 335-395), monge, bispo - Homilias sobre o Cântico dos Cânticos). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 19 de julho de 2024

A MISERICÓRDIA É A LEI ANTIGA E SEMPRE NOVA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA(Mt 12,1-8)(19/7/24)

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1. Caríssimos a Lei de Deus existe em função do bem de todos, ou seja, para suprir a necessidade de justiça que temos, e por isso, ela ajuda a lei natural à ser cumprida na íntegra. Dado a isso é que Jesus respondeu aos contestadores dos discípulos que os acusaram de violarem o sábado: "Se tivésseis compreendido o que significa: ‘Quero a misericórdia e não o sacrifício’, não teríeis condenado os inocentes." (Mt 12,7).
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2. Com efeito, nenhuma lei seja ela natural, divina ou positiva (aquela criada pelo homem) usadas para regular o comportamento humano, pode deixar de lado as virtudes próprias que as sustenta. No Evangelho de hoje Jesus lembra aos mestres da Lei e fariseus que a virtude da misericórdia nos isenta do mal juízo e da condenação de inocentes.
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3. Quando o Senhor Jesus diz esta frase: "De fato, o Filho do Homem é senhor do sábado”.(Mt 12,8). Ele fala como legislador divino porque é o Filho de Deus que se fez homem e veio a este mundo para nos salvar; Ele é a Palavra viva e incontestável do Pai, sua autoridade visa sempre a salvação dos homens, por isso, nunca age ou se comporta fora dos seus desígnios de amor.
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4. De fato, existe em nós uma tendência de querer julgar tudo e todos segundo a nossa justiça, e com isso, não percebemos que a medida que julgamos assim, carregamos em nossas almas os pecados julgados e a condenação destilada contra aqueles que cometeram tais pecados.
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5. Na primeira Carta aos Coríntios, assim escreveu são Paulo: "[Irmãos], não julgueis antes do tempo; esperai que venha o Senhor. Ele porá às claras o que se acha escondido nas trevas. Ele manifestará as intenções dos corações. Então cada um receberá de Deus o louvor que merece." (1Cor 4,5).
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6. Ora, isso não significa que somos coniventes com os pecados cometidos neste mundo, pelo contrário, os reprovamos veementemente, todavia, que façamos isso sem perder o senso da misericórdia e do amor de Deus que sempre perdoa todos os que o procuram contritos de coração.
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7. Comentando este Evangelho disse o Mons. Ângelo Spina: "Os fariseus acreditam que estão cumprindo a Lei, em nome de Deus, mas, na realidade, não entenderam a Palavra que Deus falou por meio do profeta Oséias: "Eu quero Misericórdia, e não sacrifícios". 
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8. Eles estão tão concentrados em observar os outros que não têm mais tempo para olhar para dentro de si mesmos. Estão tão presos à tradição recebida que não dão crédito àquele que vem para cumprir a revelação de Deus. A misericórdia é a lei antiga e sempre nova. 
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9. Jesus não questiona o valor do descanso sabático, mas rejeita uma interpretação legalista que se esquece do homem. A vida é sempre maior, e as regras são para viver. Não vivemos para seguir regras, mas as regras nos ajudam a viver. Quando elas não nos ajudam, devemos nos perguntar o por quê. 

10. A lei deve estar a serviço da vida e da fraternidade. "O ser humano não foi feito para o sábado, mas o sábado para o ser humano". Por sua fidelidade a essa mensagem, Jesus foi condenado à morte. Ele perturbou o sistema e o sistema se defendeu usando a força contra Jesus, porque ele queria que a lei fosse colocada a serviço da vida, e não o contrário."
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 18 de julho de 2024

APRENDEI DE MIM QUE SOU MANSO E HUMILDE DE CORAÇÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 11,28-30)(18/7/24)

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1. Caríssimos, somos discípulos de nosso Senhor Jesus Cristo e com Ele aprendemos sempre; seu exemplo de vida, suas palavras e ações são vias de perfeição que nos conduz ao Reino dos céus, à felicidade eterna. Entretanto, vivemos num mundo em que a maioria não o ama e por isso não o segue, porque, como Ele nos ensinou: "é preciso renunciar à si mesmo, tomar a sua cruz de cada dia e segui-lo."
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2. Com efeito, nesse nosso mundo muitos pensam na fama, no sucesso, no ter mais como único meio de se alcançar a realização e a verdadeira felicidade, esquecendo-se que todas as coisas são obras das mãos de Deus, assim como a realização e a felicidade também o são, e que somente Nele as encontramos.
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3. No Evangelho de hoje, "Jesus tomou a palavra e disse: "Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. (Mt 11,28-30).
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4. De fato, como discípulos de Cristo, aprendemos o quanto é maravilhoso viver o que Ele nos ensina, pois, isso resulta no bem estar interior que nos faz refletir a sua presença em nossa almas e em nossas ações, como vemos nestas palavras de são Paulo: "Estou pregado à cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim." (Gl 2,19-20)
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5. Portanto, caríssimos, não sabemos quanto tempo ainda temos neste mundo, por isso, procuremos viver em comunhão com o Senhor todo o tempo que nos resta, para que o nosso testemunho da convivência com Ele seja o modelo perfeito da nossa convivência uns com os outros.
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6. Destarte, meditemos com devoção e humildade estas palavras de São Teodoro Estudita: "Meus filhos, tão grande é o carisma divino da humildade! E nenhum santo pôde agradar a Deus sem esta virtude primordial. Revesti-vos, também vós, dela (cf 1Pd 5,5), meus irmãos.
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7. Conversemos com humildade, trabalhemos, leiamos, cantemos, caminhemos, comamos, desculpemos com humildade, e veremos como é verdadeiramente grande o seu fruto, como é doce e amável, e como nos ilumina a todos, tornando-nos imitadores de Deus: "Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas". 
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8. Com efeito, nela está o verdadeiro descanso; nela, as torrentes da graça correm para as almas; dela surge a purificação do coração; nela, a efusão das lágrimas torna-se abundante; dela jorra a fonte da compunção; nela, a sabedoria e o entendimento, a piedade, o domínio de si, o recolhimento, a ausência de vanglória e de escárnio, e todos os outros bens possíveis, podem ser nomeados e definidos.
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9. É isto que dizemos da humildade! Quanto a vós, filhos de Deus e da nossa humilde pessoa, recebei as suas sementes e frutificai, como terra boa, a trinta, sessenta e cem por um (cf Mt 13,8; Jo 15,8.16), pelas boas obras que correspondem aos vossos carismas."
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São Teodoro Estudita (759-826), monge de Constantinopla - Catequese 37
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

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