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sábado, 29 de setembro de 2012

CRÔNICAS DE MINHA ALMA: PARA TUDO O QUE ACONTECE, HÁ RESPOSTA...



CRÔNICAS DE MINHA ALMA

PARA TUDO O QUE ACONTECE, HÁ RESPOSTA...


Em tudo na vida existe um sentido eterno; sem isto, a vida seria só um exercício para a morte. Porque aqui, naturalmente, tudo tende para um fim e este fim está sempre presente, dada a fragilidade de nossa natureza mortal. Todavia, somos mais do que aparentamos ser, porque, por Deus que nos criou, somos almas viventes, isto é, almas imortais a caminho da eternidade; tanto é assim que, em sã consciência, ninguém quer a morte; a não ser os mártires das causas justas e santas, caso contrário, fugimos da morte por mais que ela naturalmente se faça presente.

Ao criar-nos Deus tomou a iniciativa e nos comunicou todos os dons para permanecermos na vida conforme seus desígnios; por isso, nos comunicou também sua presença permanente e sua vontade para que nada nos faltasse. Qualquer coisa que buscamos fora de Deus, não é de Deus, mas sim loucura... E o que buscamos fora de Deus? Existe algo fora de Deus? Sim, existe o pecado...

Sem dúvida, com a vida recebemos também o livre arbítrio, porém, somente para fazer o bem, nunca para o mal. Ele é o poder que temos aqui de decidir o nosso devir (nosso vir a ser a cada instante e eterno); nele se encontra a manutenção de nossa liberdade ou a perca dela. Jesus nos ensinou que a liberdade é fruto da verdade, pois só é livre quem é verdadeiro em tudo o que pensa, vive e faz conforme a vontade do Senhor (cf. Jo 8,31-36). Ninguém vive por si mesmo e para si mesmo, pois se assim o fosse, seria o cúmulo do egoísmo; ora, no egoísmo não existe felicidade nem futuro promissor, porque toda forma de egoísmo é esterilidade perversa e abismo de solidão.

Ora, pensarmos que podemos algo sem Deus é a mais terrível das ilusões (cf. Gn 3,1-5). Porque pensarmos assim é pensarmos desligados do Senhor, que em seu infinito amor nos criou para sermos Um em comunhão com Ele (cf. At 17,28). A pior insensatez que há é não crer em Deus, é não amá-lo, é não glorifica-lo, é não adorá-lo, é não servi-lo. Pois só existimos porque Deus é infinitamente Bom e nos faz existir, quer obedeçamos a Ele ou não (cf. Mt 5,44-45). Porquanto, não crer em Deus é a maior de todas as injustiças que um ser pode cometer em toda criação.

Com efeito, o Livro de Sabedoria nos ensina: “Amai a justiça, vós que governais a terra, tende para com o Senhor sentimentos perfeitos, e procurai-o na simplicidade do coração, porque ele é encontrado pelos que o não tentam, e se revela aos que não lhe recusam sua confiança; com efeito, os pensamentos tortuosos afastam de Deus, e o seu poder, posto à prova, triunfa dos insensatos. A Sabedoria não entrará na alma perversa, nem habitará no corpo sujeito ao pecado; o Espírito Santo educador (das almas) fugirá da perfídia, afastar-se-á dos pensamentos insensatos, e a iniquidade que sobrevém o repelirá”. (Sab 1,1-5).

Portanto, na vida, o nosso único objetivo é encontrar Deus e permanecer Nele (cf. Is 55,6-11; Mt 6,24-34). Ninguém jamais viu a Deus, a não ser Jesus Cristo, o Seu Filho, ou aquele a quem o Filho o quiser revelar. Assim, quem ama Jesus e permanece nele, não somente ver a Deus, mas também convive intimamente com Ele, porque a união com Jesus pelo Espírito Santo na Eucaristia é perfeita união com Deus, nosso Pai. (cf. Jo 17,21-26; Jo 6,43-47.65).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

CRÔNICAS DE MINHA ALMA: UM DOM INESGOTÁVEL...



CRÔNICAS DE MINHA ALMA:

UM DOM INESGOTÁVEL...


A oração é um dom inesgotável porque é interação de amor, visto que o amor de Deus é a Fonte de toda vida. Por meio deste dom, interagimos e bebemos desta Fonte, experimentando as delícias eternas que ela nos oferece. Toda oração tem como objetivo nossa união com Deus para que sua vontade se realize em todos os sentidos de nosso viver. Nesse sentido, a oração é também dom de conhecimento do Senhor, porque por ela adentramos sua intimidade divina numa sintonia perfeita de seres profundamente amados, queridos e recebidos por Ele, para vivermos a nossa vocação filial. De fato, amamos quando conhecemos e só conhecemos quando amamos de verdade. Assim, conhecer a Deus é obedecê-lo, ama-lo, adora-lo, glorifica-lo, servi-lo; é sermos Dele totalmente.

Eis outra graça que o dom da oração traz para nós, a de falarmos ao Senhor, escuta-lo e obtermos as respostas desejadas conforme a sua vontade (cf. Sl 36,4), mesmo não o vendo em seu Grande Mistério, mas, sim, participando dele diretamente. Nesse sentido, a oração é como que a boca e os ouvidos de nossas almas, por ela, falamos com o Senhor e o ouvimos sensivelmente, pois da sua dimensão eterna o Senhor adentra nossa dimensão temporal, para conviver conosco e nos fazer transpor o tempo e o espaço de nossa finitude; é a criatura no convívio do seu Criador... Como nos sentimos bem quando nossas orações têm respostas precisas; neste instante compreendemos que estamos fazendo a vontade do Senhor, visto que fomos ouvidos e atendidos, ou seja, temos a certeza que o Senhor nos conhece, nos escuta e nos responde, porque nos ama e quer o melhor para nós.

Portanto, como dom inesgotável, a oração é porta voz permanente do Espírito Santo em nós diante de Deus (cf. Rom 8,26-27); pois o Senhor nos deu o dom da oração para termos um canal sempre aberto para Ele, assim por meio dela no Espírito, comunicamos o que somos e o que temos, para recebermos o que Deus quer e o que Deus é. Recusar o cultivo desse dom para Deus é abrir-se ao que não é a vontade de Deus, ou seja, é ouvir somente a si mesmo e ao inimigo de nossas almas. Quem não se dedica à oração-interação, vive a insatisfação de não escutar a voz de Deus, e passa a ouvir somente a si mesmo e às falácias do mal.

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

CRÔNICAS DE MINHA ALMA: O QUE É A IGREJA?



CRÔNICAS DE MINHA ALMA:

O QUE É A IGREJA?

Não podemos pensar ou falar da Igreja sem que ela seja o que realmente ela é. E o que a Igreja é? A esta pergunta Jesus mesmo, em seu ato fundador, responde: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.” (Mt 16,18-20).

Assim, vemos a Igreja nas palavras de Jesus, como o Sinal visível do Reino de Deus neste mundo, tendo Pedro e seus sucessores, revestidos de sua autoridade, como provas autênticas do que a Igreja é, Sacramento Universal de Salvação, onde o Senhor realiza todos os seus desígnios para conosco e toda criação. Logo, tudo o que acontece na Igreja e é de fato a vontade de Deus, também acontece no céu, porque o que é eterno começa aqui no tempo e tem sua plenitude na glória de Deus, onde celebraremos com Cristo Jesus a Páscoa Definitiva que Ele preparou como herança eterna para seus filhos e filhas (cf. Jo 14,1-3;Rm 8,16-17).

Porquanto, não chamem de Igreja aqueles que vivem dentro da Igreja, mas não obedecem ao que a Igreja ensina, não fazem a vontade de Deus como a Igreja faz e não testemunham Jesus como a Igreja o testemunha; porque no pecado e no escândalo não existe a vontade de Deus e onde a vontade de Deus não se faz presente, a Igreja também não se faz presente, porque a Igreja é a vontade de Deus para a salvação de todos os homens e de toda criação (cf. 1Tm 2,1-6).

Com efeito, vivemos neste mundo em meio às injustiças, mentiras, falcatruas e toda espécie de pecado que assola nossa humanidade e que tem causado tantos desequilíbrios em todos os sentidos. Pois bem, é assim que se encontra a igreja no mundo, como trigo do Senhor em meio ao joio do inimigo, representado pelos pecados e por aqueles que os cometem, tentando desestrutura-la e destruí-la. Mas, o Bem de Deus não deixa de ser Bem, porque alguém o contraria com as maldades que pratica; o amor de Deus não deixa de ser amor, porque os que odeiam querem impor esse tipo horrível de comportamento que contraria o amor de Deus; a misericórdia divina não deixa de ser misericórdia, porque os soberbos insistem na soberba. Portanto, a Igreja é Cristo e Cristo é a Igreja, pensar a Igreja sem Cristo é o mesmo que pensar a criação do mundo sem Deus, e isto é impossível.

Com exatidão, conforme a Sagrada Escritura (cf. Mt 12,28; Mc1,15; Lc 4,43), o Reino de Deus tem sua revelação e afirmação com a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho amado de Deus. Em Cristo Jesus, Deus nos deu a conhecer qual seu plano para a nossa salvação, que consiste na renovação de todas as coisas criadas (cf. Ef 1). E isto aconteceu porque o homem deu lugar ao pecado em sua vida e passou a governar o mundo a partir do pecado, porém, como o pecado não faz parte do desígnio de Deus para o homem nem para sua criação, Deus enviou seu Filho para tirar o pecado do mundo (cf. 1Jo 3,14) e nos dá a vida eterna para a qual Ele nos criou. E tudo isso se dá na Igreja, enquanto, sinal visível do Reino de Deus e Sacramento Universal da Salvação; como nos ensina São Paulo:

Cristo é a Cabeça do corpo, da Igreja. Ora, vós sois o corpo de Cristo e cada um, de sua parte, é um dos seus membros. Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos. Mas a cada um de nós foi dada a graça, segundo a medida do dom de Cristo...”. (Col 1,18; 1Cor 12,27; Ef 4,4-7).

“A uns ele constituiu apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores,   para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do corpo de Cristo, até que todos tenhamos chegado à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo. Para que não continuemos crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus artifícios enganadores. Mas, pela prática sincera da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele que é a cabeça, Cristo. É por ele que todo o corpo - coordenado e unido por conexões que estão ao seu dispor, trabalhando cada um conforme a atividade que lhe é própria - efetua esse crescimento, visando a sua plena edificação na caridade”. (Ef 4,11-16).

Portanto, a Igreja de Cristo, fundada e dirigida pelo próprio Senhor na pessoa de seus representantes, constituída por Pedro e seus sucessores e todo o povo de Deus, está presente no mundo como Sinal da presença real do Senhor, que disse: ”Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo”. (Mt 28,18b-20).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.

Vem e segue-me, segundo São Francisco / Dorvalino Fassini

Frei Dorvalino Fassini, OFM
Ninguém duvida que o “Vem e segue-me” (chamado, visita ou encontro) de Cristo sempre foi e é o único princípio, isto é, a experiência de uma iluminação que pega como que de surpresa, o toque que co-move qualquer vocacionado na busca de um novo sentido da vida. Clássico para nós é o chamado que Francisco experienciou no encontro com o Crucificado de São Damião. Se não houvesse chamado, encontro, etc. não haveria vocação e, muito menos, qualquer reviravolta, conversão ou seguimento. A questão, porém, é: como se compreende esse princípio, esse chamado?
Em Atos do Bem-aventurado Francisco e dos seus companheiros, cap. 4, encontramos uma compreensão um tanto inusitada e surpreendente, pelo menos para nós modernos ou atuais. O chamado vem assim expresso: Porque o nosso bem-aventurado pai Francisco, tanto ele como os seus, foram chamados por Deus, da cruz para a cruz. Como conseqüência temos: Por isso, ele e os seus demais bem-aventurados primeiros companheiros eram, com razão, vistos e de fato eram homens do Crucificado (1). E a seguir, o próprio texto trata de demonstrar como eles viviam o seguimento:
> Carregando a cruz no vestir-se e no comer e em todos os seus atos, etc. (2).
> Indo pelo mundo, peregrinos e forasteiros, nada levando consigo a não ser Cristo (3). 
> Bernardo, munindo-se da cruz de Cristo e unido à virtude da obediência se dirigiu a Bolonha, e ali, como verdadeiro discípulo de Cristo, sustentava insultos e perseguições dos habitantes de Bolonha; exercitava-se diariamente na aprendizagem da sustentação das contrariedades e, depois de constituída a fraternidade, ele se retirou para lugares e tarefas mais difíceis.

Assim, com esse modo de assentamento no chão de contrariedades, opróbrios e humilhações, os frades ocupam muitas localidades nos arredores, ou seja, evangelizavam.
Tentemos examinar esses itens brevemente, para ver a lógica do Seguimento franciscano. À primeira vista, todas essas situações e ações parecem ser apenas atos exagerados de uma penitência ou ascese de uma espiritualidade de perfeição e santificação subjetivo-personalista dos medievais, interessada no seu próprio “eu”, pouco ou nada tendo a ver com a realidade objetiva do bem comum e própria, chamada cristianismo ou franciscanismo. 
Assim, o que está relatado em Atos do Bem-aventurado Francisco..., costumamos ler, sem maiores reflexões, como uma simples manifestação das virtudes e da santidade do sujeito ou indivíduo Bernardo. Bom para ele, mas não para nós, hoje. Em outras palavras: exercícios penitenciais e ascéticos da busca de um engrandecimento espiritual de si mesmo, bem diferente do princípio comunitário proposto por João Batista: É preciso que Ele cresça e que eu diminua.
Apesar disso, o texto parece insistir e destacar um modo de ser que é decisivo para a compreensão do espírito de São Francisco e de seus primeiros companheiros acerca do chamado franciscano. O ponto sobre o qual queremos nos concentrar é esse modo de ser, que não aparece explicitado na sua estruturação própria se apenas o classificarmos como ascese e penitência no sentido usual, nosso, moderno. 
Ora, partindo do próprio texto, o princípio soa muito límpida e claramente: o centro de nosso chamado é buscar, imitar, seguir Jesus Cristo crucificado e não a busca de virtudes, de uma moral, de uma espiritualidade, piedade, devoção, ascese ou penitência, na sua compreensão usual, isto é, como expressão de um engrandecimento ou a santificação da própria pessoa. Para um medieval, seguir Jesus Cristo para engrandecimento de si mesmo ou para exaltação de sua própria pessoa seria algo muito feio, vil e indigno da nobreza de um cavaleiro, dama ou qualquer homem, muito menos para um cristão. É como no casamento ou na amizade. Além de vergonhoso, casar com alguém ou ser amigo só para subir de status ou obter fortunas e vantagens pessoais estaria ofendendo gravemente não apenas seu cônjuge, seu amigo mas, também, a natureza do próprio amor, da amizade que é de serem gratuitos, generosos, sem o mínimo de interesse próprio. Assim, Bernardo não busca propriamente a paciência, humildade, penitência, pobreza, sacrifícios, enfim, para alcançar sua santidade ou grandeza espiritual. Todas essas "coisas espirituais" são apenas o exercício, corpo a corpo, da sua busca que é ser, i. é, já estar no embalo do chamado (da cruz) e tornar-se (vir-a-ser para a cruz) seguidor, portanto, identificar-se com Jesus Cristo Crucificado. Isso significa: para Bernardo, Francisco e seus primeiros companheiros, por mais valiosa que seja uma virtude, santidade ou o que quer que seja, se não tiver o carimbo, o signo, o cunho, a pregnância da Cruz, i. é, a busca da identificação com Jesus Cristo crucificado, com seu espírito e modo de ser, não tem valor. A exemplo dos fariseus, estaria apenas buscando a justificação e a exaltação de seu próprio eu, Pois, quem constitui o ser “espiritual” das "coisas espirituais", que costumamos enumerar corno pertencentes à santidade (rezar, vida fraterna, pobreza, obediência, castidade, etc. etc.), quem dá a seiva crística a tudo isso não é outro senão o vigor que vem do toque, da afeição e compaixão do próprio Crucificado. E é esse o significado do princípio, do fermento que impregna toda a massa da existência de Francisco, Bernardo e companheiros, expresso com a frase: Carregando a cruz no vestir e no comer e em todos os seus atos, desejavam mais os opróbrios de Cristo do que as vaidades do mundo e as lisonjas enganosas; por isso alegravam-se pelas injúrias e entristeciam-se pelas honras (1-2)

Assim, enquanto na espiritualidade dos últimos séculos segue-se Cristo para santificar-se, tornando-se como que um campeão ou herói do cristianismo, na espiritualidade de Francisco e Bernardo segue-se Cristo crucificado apenas por Ele mesmo, por causa Dele, a fim de que Ele seja conhecido e engrandecido nele (no seguidor), nos outros e no mundo. Enfim, numa linguagem evangélica: para que o Reino Dele seja conhecido e amado. Uma coisa é rezar para sermos bons ou santos e outra, bem diferente, procurar ser bom ou santo para rezar. Na primeira busca-se a si mesmo, fazendo uso até do que se tem de mais sagrado – o próprio Senhor, a oração – enquanto que na segunda o que se quer é tão somente seguir, imitar, converter-se no e para o Senhor. No primeiro caso o importante sou eu, enquanto que no segundo é Ele, o Senhor. Essa é a dinâmica da Cruz tão bem expressa nesse capítulo dos Atos do Bem-aventurdo... e no famoso capítulo dos Fioretti, a “Perfeita Alegria”.

Trata-se, enfim, de re-atualizar o princípio da própria Encarnação, segundo o qual Cristo “vendeu” sua santidade e até mesmo sua divindade para poder comungar de nosso frágil, inconstante e infiel amor. Ele, a exemplo do grão de trigo se “perde” (Jo 12,24) ou “faz-se pecado” (2Cor 5,21), tão somente para ganhar-nos; se diminui para que possamos nós sermos engrandecidos com a glória de filhos de Deus. Sua perda, porém é seu ganho, sua maldição sua glória. Eis, enfim, o por quê Francisco, Bernardo e seus Companheiros se sentiam chamados por Deus, da cruz e  para a cruz.

Em louvor de Cristo. Amém!

sábado, 22 de setembro de 2012

Congresso Clariano (Porto Alegre (Brasil), 20 e 21 set. 2012) : fotos

Paz e bem!

Nos dias 20 e 21 p.p., Porto Alegre sediou o Congresso Clariano.
No link abaixo podem ver algumas fotos do evento:
http://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Congresso_Clariano_%28Porto_Alegre_%28Brasil%29,_20_e_21_set._2012%29

CRÔNICAS DE MINHA ALMA: NO PECADO NÃO EXISTE AMOR...




CRÔNICAS DE MINHA ALMA: NO PECADO NÃO EXISTE AMOR...


Seja qual for o pecado, nele não existe amor, porque todo e qualquer pecado é um ato deliberado de desamor infame, repugnante, insuportável, visto que o pecado é sempre uma ofensa contra o amor de Deus, contra o próximo e contra quem o pratica. Quem vive no pecado, vive desligado de Deus, porque em Deus não existe pecado algum (cf. Tg 1,13), ainda assim, a misericórdia divina nunca desiste do pecador, basta o arrependimento, a confissão e o perdão, para que volte ao estado de graça, ao estado de comunhão com o Senhor.

De fato, quem vive no pecado, vive ligado ao mal e passa a ser comandado por ele em suas ações. É por isso que vivemos numa sociedade tão pervertida, corrupta, injusta, maléfica, soberba, desigual, onde os vícios ao que parece imperam; onde a guerra, a fome e a miséria campeiam; onde as doenças incuráveis ou não, deitam por terra milhões; onde predomina todo tipo de violência, sofrimento e morte, a tal ponto que parece até que o mal está realmente triunfando sobre o bem; e que Deus, que é amor, parece que também não demonstra mais o seu amor por suas criaturas e nem se importa com tudo isso que está acontecendo.

Mas, sem dúvida alguma, esse é um terrível engano. Nem tudo o que parece ser, é essencialmente o que parece, pois tudo o que existe, só existe porque Deus criou e sustenta, porque tudo o que Deus criou é bom, belo e perfeito, e tudo criou somente para o bem. Todavia, como em Deus não existe o mal, logo, todo o mal que se pratica nasce da decisão livre e consciente por esse mal, pois ninguém é mau enquanto não decide livremente pelo mal que quer ser e fazer. Desse modo, mesmo que não se tenha a resposta ou a punição imediata pelo mal feito, porque somos passíveis do perdão divino enquanto vivos estivermos; porém, haverá o momento em que perderemos tudo, até mesmo as precárias seguranças que criamos com nossos vãos raciocínios, tentando encobrir os desatinos praticados, como se toda causa não tivesse um efeito proporcional ou infinitamente maior que tais atos malogrados.

Eis as falsas seguranças a que me refiro e que tantos e tantos se apegam a elas, na ilusão de que vão permanecer impunes para sempre. Estas são de ordem material, psicossocial e espiritual. As de ordem material: enriquecimento ilícito, bens adquiridos com dinheiro advindo da corrupção, da venda de armas, da venda de drogas, da exploração dos trabalhadores, da prostituição, do tráfego de seres humanos, dos jogos de azar, etc. As de ordem psicossocial: compra de juízes e de sentenças favoráveis, envolvimento em associações secretas, poder político conquistado a todo custo, exploração e uso da fé dos menos incultos, uso da religião para enriquecimento, etc. E as de ordem espiritual: crenças no esoterismo, nos livros de autoajuda, em horóscopos; envolvimento com religiões espiritualistas, superstições e demais falsas religiões; crenças em seres extraterrestres, etc.

Tudo isso é reflexo do abandono das virtudes eternas que de Deus recebemos, trocadas pelas práticas abomináveis que vimos acima. É como nos ensinou São Paulo: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba. O que o homem semeia, isso mesmo colherá. Quem semeia na carne, da carne colherá a corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna. Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não relaxarmos. Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens, mas particularmente aos irmãos na fé”. (Gl 6,7-10).

"Portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência". ( Col 3,12). Porque, "Haverá juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o julgamento". (Tg 2,13). Porquanto, no último momento, cada um receberá de Deus o louvor que merece. (cf. 1Cor 4,5; Hb 9,27).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Carta do Ministro Geral OFM: Festa de São Francisco 2012

Solidários e responsáveis
Os Frades Menores na crise atual

          Caríssimos Irmãos,
                                o Senhor vos dê a paz!

  Por ocasião da celebração da festa do nosso pai São Francisco desejamos partilhar convosco algumas reflexões a partir da atual crise econômico-financeira. Esta crise ultrapassa os confins das economias desenvolvidas e se insere na crise mais ampla do subdesenvolvimento que atinge mais de dois bilhões de pessoas, obrigadas a viver em pobreza extrema.

  A nossa intenção não é tratar toda a problemática, assaz complexa, mas sobretudo de estimular-nos reciprocamente ao questionamento, pessoal e comunitário: que responsabilidade temos ou sentimos ter nesta difícil conjuntura? Nós, Frades Menores, como vivemos a situação do mundo e, em particular, a crise geral que assola muitíssimas famílias? Como podemos viver hoje, de maneira fiel e significativa, a nossa opção pela pobreza evangélica, a solidariedade, o testemunho que dá dignidade e também oportunidade à situação negativa que chamamos “crise”? O sofrimento de tantas pessoas, especialmente daquelas mais frágeis, é fonte de preocupação para nós, desejosos de continuar a sermos os frades do povo.

Não somente crise econômico-financeira

  A atual crise é, sob muitos aspectos, diferente das precedentes. A sua causa principal é ligada ao próprio sistema, ao modo como foi organizado e também aos princípios e às motivações que estão em seus fundamentos. Assistimos, ao longo dos últimos anos, a um crescente predomínio do capital financeiro sobre a economia real, predomínio esse que também envolveu as esferas da política, tornando-a praticamente submissa ao poder financeiro.

  Entre os efeitos da crise, além das desigualdades nos rendimentos, é bom recordar a não transparência e a volubilidade dos mercados, devidos ao protagonismo do capital financeiro. Neles foram lesados a confiança e a credibilidade, valores fundamentais para o seu correto funcionamento e para a sustentabilidade dos mesmos. Seguindo por essa via, se cultivou a ilusão de lucros financeiros sempre crescentes, até gerar uma hybris ligada à “sedução” de poder libertar-se, finalmente, do lucro pelo trabalho, no progressivo “divórcio” entre capital financeiro e economia real.

  Com a presunção de potência que envolveu a dinâmica financeira, o vazio criado nos mercados pela erosão da confiança e da transparência foi preenchido pela avareza, que se tornou a prerrogativa do capitalismo financeiro. A expansão do mero lucro tornou-se o fim de consenso para a maior parte do management empresarial. A própria redução de pessoal é utilizada, não raras vezes, como alavanca para a lucratividade dos acionistas unicamente.

  Para muitos milhões de pessoas a crise significa desemprego. Estas pessoas não tem mais renda pelo trabalho e com angústia vêem também a suspensão de eventuais subsídios, com o risco da profunda marginalização social. Além disso, o aumento dos preços dos alimentos obrigou outros milhões de pessoas, especialmente nos países mais pobres, a uma situação insustentável, que ameaça a sua própria sobrevivência.

  A crise atual – junto com a pobreza mundial, a fome, as guerras e a destruição da criação – vai além do plano meramente técnico-conjuntural, atingindo a dimensão antropológica e ética. O utilitarismo, a busca por lucro pessoal a todo o custo e o consumismo desenfreado devem ser questionados. Estas motivações do agir tem plasmado a cultura atual predominante e tem orientado a inteira vida humana para finalidades autorreferenciais, segundo um paradigma de racionalidade que compreende as relações fundadas sobre o princípio da troca de equivalentes: dar para ter. Todavia, a crise nos revela de maneira ampla os êxitos negativos de tais opções utilitaristas, como a ineficácia de tantas intervenções de natureza meramente técnica, na tentativa de sair da mesma.


Reflexão a partir da nossa espiritualidade

  A superação da crise e a mudança do nosso mundo exigem uma modificação do rumo, que dê um sentido novo à nossa existência e pense um modelo diferente de desenvolvimento. Para isso a nossa espiritualidade evangélica e franciscana nos oferece luzes preciosas.

 •O Evangelho é “boa notícia” para a vida, por isso “o Evangelho não é apenas uma comunicação de realidades que se podem saber, mas uma comunicação que gera fatos e muda a vida.” (Spe salvi, 2). Crer no Evangelho significa, portanto, perguntar-nos sobre o por quê desta situação de crise, desvelar as atitudes e os comportamentos que a provocaram, questionar o nosso modo de viver, converter-nos e ser “boa notícia” para quem sofre.

 • O centro da vida cristã é o amor. Deus é amor. E “o grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o fato de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão.» (Bento XVI, Mensagem para a Quaresma 2012, n. 1).

 • O amor vivido e revelado por Jesus nos impele à preferência pelos pobres e sofredores e inclui a busca da justiça que é um dos sinais do Reino. Para Jesus, enviado a trazer a boa nova aos pobres (cf. Lc 4,18; Mt 11, 5), os marginalizadas e excluídos eram um escândalo. Considerar a pobreza como um escândalo nos deve motivar a assumir atitude ativa e pública a favor dos países e dos setores sociais pobres (cf. CCGG 96 §2).

 • Todos os bens pertencem a Deus que os doa para o bem de todos. Francisco está convencido de que todos os bens, espirituais e materiais, são de Deus: não nos pertencem. Como ensina a Escritura, recordando muitas vezes que a «terra é de Deus» (cf. Lv 25,23; Ex 9,29; Sl 24,1), o homem não pode considerar nada como sua propriedade, porque cada bem é de Deus (cf, Rnb 17,18). Nós os recebemos como administradores para colocá-los a serviço de todos. Esta visão de Francisco concorda com o ensinamento dos Padres sobre a destinação universal dos bens, ensinamento este retomado pelo Magistério social pós-conciliar da Igreja.

 • A restituição. Para Francisco a partilha ou a solidariedade é uma consequência lógica da sua concepção de propriedade. Para ele, Deus é o único dono de todos os bens e que os distribui com generosidade a todas as pessoas (cf. 2Cel 77). O uso das coisas é determinado pela necessidade: as coisas são de quem delas tem necessidade. Para Francisco o dom do manto aos pobres não é outra coisa que restituição, entendida como justiça: ele se sentia um ladrão se não partilhasse aquilo que tinha com quem dele tinha mais necessidade (cf. 2Cel 87; 92).

O que podemos fazer?

  A crise hodierna pode ser para nós um apelo do Espírito, um “tempo de graça” para mudar o nosso olhar sobre o mundo e para tornar-nos mais solidários. Por isso ela não pode deixar-nos indiferentes, mas deve provocar em nós, nas Fraternidades locais e provinciais, uma séria avaliação sobre o nosso estilo de vida, sobre a atuação concreta do sem nada de próprio, sobre a organização econômica das nossas instituições, sobre a nossa capacidade de partilhar com os pobres e marginalizados.

  Começando pela vida interna das nossas Fraternidades, a emergência sócio-econômica atual não deveria despertar em cada Frade a disponibilidade à gratuidade e à reciprocidade? Como justificar as contas pessoais em Bancos ou o guardar para si bens (salários, aposentadorias, ofertas...) que pertencem à Fraternidade e que deveriam ser partilhados também com os pobres mais necessitados? Somos honestos com a sociedade no que se refere ao pagamento dos impostos? Estamos em dia com os nossos trabalhadores, segundo a lei?

  Em âmbito de economia provincial, nós cremos que a instituição de um “Fundo comum”, alimentado por toda a Fraternidade e para o sustento das Fraternidades em suas necessidades, é uma forma muito concreta de solidariedade entre nós, de reciprocidade entre as Fraternidades e que pode ser também uma fonte de partilha com os pobres.

  A atual crise, que impõe a tantas famílias a redução de meios e obriga outras famílias a privar-se do necessário, pensamos que deveria também provocar nos Frades um sério exame de consciência sobre o estilo de vida demasiadamente cômodo, sobre o uso demasiado liberal dos meios mais sofisticados, sobre hábitos de vida claramente “burgueses” e de consumo (cf. CCGG 67). Como podemos transmitir coragem e esperança aos novos pobres, se nós mesmos não conseguimos nos libertar de tantas “necessidades não necessárias”?

  A austeridade provocada pela crise deveria também fazer-nos rever o uso dos bens móveis (ex.: acúmulo de dinheiro, cf. CCGG 82 §3; e a nossa confiança na Providência?) e imóveis (tantos espaços vazios). Quantas famílias despejadas, quantos imigrantes sem morada estável, quantas Associações de tipo assistencial poderiam usufruir de tantos locais que temos e que não são utilizados!? E o dinheiro, em quais Bancos preferimos depositá-lo? Torna-se hoje necessário, antes de tudo, saber como os Bancos utilizam as nossas economias: para promover projetos econômicos, sociais, culturais que respeitem os direitos humanos e o cuidado pela criação ou para atividades contrárias aos nossos princípios éticos?

  E a nossa partilha e solidariedade não devem ser somente generosas, mas também inteligentes e criativas. Se olhamos o nosso passado, notamos que a Observância marcou um tempo particularmente fecundo, porque os Frades souberam conjugar a tensão da renovação interna com aquela de renovação social, dando vida à admirável invenção dos “Monti di pietà”, a primeira forma de microcrédito para a humanidade. Em tantas partes do mundo, o financiamento ético, os microcréditos, as cooperativas sociais, o comércio équo e solidário, são formas de solidariedade inteligentes que, se sustentadas, conseguem tirar da pobreza tantas pessoas, respeitando-as na sua dignidade. Não se limitam à simples beneficência, mas promovem a capacidade organizativa dos indivíduos que se beneficiam.

  É urgente continuar cuidando da formação dos Frades, especialmente dos ecônomos e dos guardiães, para lerem em profundidade as dinâmicas sócio-econômicas. A gestão dos recursos financeiros não pode ser feita somente em base ao bom senso. Ela constitui um instrumento eficaz para a cidadania responsável, voltada para o bem comum e o desenvolvimento integral.

  Em nosso trabalho pastoral, nos nossos âmbitos eclesiais (paróquias, escolas, grupos, movimentos), devemos sensibilizar e educar para dar a prioridade aos mais fracos e necessitados nas diferentes opções; ter como chave comunitária uma frase dos Atos dos Apóstolos: “tínhamos tudo em comum”; fazer com que em todas as nossas paróquias, nos santuários e nos conventos haja espaços de acolhida, de humanização e de encontro, e que haja voluntariado para a solidariedade com os pobres.

  Queremos igualmente lançar a nós e a vós, Irmãos, uma pergunta mais radical: somos ainda capazes de escandalizar-nos diante de tanta pobreza e tantas injustiças que existem no mundo? Ou refugiamo-nos atrás da fácil afirmação de que o problema nos ultrapassa em muito e, portanto, não podemos fazer nada? Não é também este um modo para fazer “adormentar” a nossa consciência? Se o mar è formado por tantas gotas, do mesmo modo na dimensão sócio-econômica a nossa pequena gota pode contribuir para formar um mar de solidariedade e de bondade.

  As nossas escolhas no campo do consumo, das economias e da partilha são uma contribuição (ou uma privação) importante para construir economia solidária, ao serviço da pessoa e de todas as pessoas. Daí que devemos tomar consciência de que a tal nova economia solidária não será somente resultado de decisões de alta política econômica, mas decorre também do que nós podemos oferecer com o nosso modo de viver e de agir.

  Se uma economia transparente e de comunhão nutre a comunhão fraterna, a economia de partilha nos torna verdadeiramente irmãos dos pobres e dos pequenos. Isto é certamente um testemunho que manifesta à sociedade alguma direção alternativa: livre do cego individualismo e do egoístico interesse pessoal para ser aberta à solidariedade concreta e à justiça. Seguir nesta direção nos parece o modo melhor para honrar o nosso pai e irmão Francisco.

Roma, 17 de setembro de 2012,

                                Festa dos Estigmas de São Francisco

Os vossos irmãos do Definitório geral

Fr. José Rodríguez Carballo ofm (Min. gen.), Fr. Michael Anthony Perry, ofm (Vic. gen.),

Fr. Vincenzo Brocanelli, ofm (Def. gen.), Fr. Vicente-Emilio Felipe Tapia, ofm (Def. gen.)

Fr. Nestor Inácio Schwerz, ofm (Def. gen.), Fr. Francis William Walter, ofm (Def. gen.),

Fr. Roger Marchal, ofm (Def. gen.), Fr. Ernest Karol Siekierka, ofm (Def. gen.),

Fr. Paskalis Bruno Syukur, ofm (Def. gen.), Fr. Julio César Bunader, ofm (Def. gen.),

Fr. Vincent Mduduzi Zungu, ofm (Def. gen.), Fr. Aidan McGrath, ofm (Seg. gen.)


 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Cadernos da ESTEF

Cadernos da ESTEF
Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana

Na Cozinha do Mosteiro: A MAGIA DE SANTA SARA

Na Cozinha do Mosteiro: A MAGIA DE SANTA SARA:

No acampamento cigano, as videntes anunciaram que no dia 13 de setembro daquele ano, ou seja, dentro de 3 meses nasceria, exatamente na hora cheia, o futuro Gagu (sacerdote) daquela tribo. Cheios de muita expectativa, todo o acampamento aguardou ansiosamente pelo dia anunciado e exatamente a meia noite, nasceu um bebê e cinco minutos depois nasceu outro. O primeiro, era o terceiro filho de um agricultor de girassóis e de uma não-cigana, uma das famílias mais pobres do acampamento e que sofriam rejeição de praticamente toda a tribo. O segundo, era o primogênito do rei da tribo e senhor daquele acampamento, que por sua vez reivindicava ao seu herdeiro à profecia anteriormente anunciada. Um clima de divisão se estabeleceu em toda a tribo, já que as videntes reunidas numa só voz atribuíam a primeira criança a dignidade de futuro Gagu, porém todos os demais, por razões evidentes, entendiam que o primogênito do rei seria o espírito escolhido, afinal as crianças haviam nascido numa diferença de somente cinco minutos.

Andalazon, então sacerdote da tribo, era um homem de muita idade, poder e sabedoria,   encerrando a discussão ao decretar que as duas crianças deveriam ser preservadas e cuidadas como seus possíveis sucessores e no tempo certo, santa Sara Kali iria diretamente dos céus, apontar quem de fato teria nascido com a dignidade de sacerdote da tribo. Os anos foram se passando e ambas as crianças eram tratadas e educadas com as honras de um verdadeiro Gagu e Andalazon acompanhava de perto a sua preparação e notava que as duas crianças tinham potenciais muito equilibrados para assumirem tão nobre função.

Quinze anos depois, Andalazon ficou gravemente doente e agonizando sobre os seus lençóis de seda, chamou ainda pela manhã os dois aprendizes, na ocasião dois jovens igualmente plenos em vitalidade e inteligência e ordenou que adentrassem sozinhos na mata fechada, cultuassem as salamandras de uma bela fogueira acesa na floresta e retornassem na manhã seguinte. Para se alimentarem, ambos deveriam solicitar aos seus pais um saco suficiente para carregar nada mais que alguns grãos e poucas frutas. Mesmo sem entender nada, os dois jovens seguiram a orientação de seu mestre. O filho da família pobre recebeu de seus pais um manto esburacado, que carregando algumas gramas de grãos e amarrado em suas pontas servia como bolsa. Já o herdeiro do rei cigano, saiu de sua casa com uma sacola de couro em perfeito estado, munido com frutos, grãos e alguns pedaços de carne passados no mel. Os jovens amarraram seus respectivos sacos na cintura e partiram em direção à floresta. Ao anoitecer, os dois jovens contemplavam a fogueira que haviam armado bem no meio da mata fechada e ao sacarem seus alimentos para o jantar, o rapaz pobre percebeu que já não tinha mais nenhum grão consigo, por causa de sua sacola que esburacada, havia desperdiçado todo o alimento durante a caminhada. Antes que o sol nascesse, os dois jovens se prepararam para retornar ao acampamento e se desesperaram ao perceberem que estavam perdidos e depois de tanto gritarem em vão por ajuda, o rapaz pobre fechou seus olhos e após uns instantes de oração tomou a dianteira e guiando a dupla achou o caminho de volta. Já no acampamento, diante de toda a tribo os jovens contaram ao seu mestre convalescido sobre experiência que tiveram quando se viram perdidos dentro da floresta. O velho Andalazon então perguntou ao rapaz pobre:

" - E qual a magia usastes para encontrar o caminho de volta?"

" - Nenhuma Gagu. Na verdade, enquanto gritávamos clamando por ajuda, no meu coração eu pedi a nossa amada santa Sara que viesse até nós e nos deixasse voltar para casa! De repente, olhei para o chão da floresta e reconheci os grãos que haviam escapado da minha sacola furada. Daí por diante foi só acompanhar a trilha que os grãos tinham deixado pelo caminho..." - Contou o rapaz.

" - Irmãos, reverenciem o seu mais novo Gagu, pois o verdadeiro talento para a magia, está em ouvir as respostas de Deus nos detalhes que para os homens comuns parecem insignificantes... Salve santa Sara Kali que atendeu ao nosso chamado..." -  E num suspiro, desenhando em seu rosto um último sorriso, Andalazon fechou os seus olhos e partiu para a eternidade.
PAX!
(by Simeon Lukas - dedicado 
à Carlos Amorim, eterno padrinho
e "Gagu dos Gagus")

sábado, 15 de setembro de 2012

CRÔNICAS DE MINHA ALMA: TUA PALAVRA, SENHOR, É ALIMENTO PARA A ALMA...



CRÔNICAS DE MINHA ALMA: TUA PALAVRA, SENHOR, É ALIMENTO PARA A ALMA...


A verdade a tudo sustenta porque tudo tem sua origem nela; mas sem ela nada se sustenta, porque tudo o que há, não o é por si mesmo e em si mesmo; mas depende cem por cento para ser o que é, porque sem a verdade tudo é apenas contingência determinada. A verdade tudo governa, mesmo quando o livre arbítrio do homem diz que não; isto porque, não há rio sem fonte como não há vida sem quem a dê e a sustente; porque tudo o que não é alimentado pela Fonte Eterna da Sabedoria de Deus, definha até não mais ser.

Aparentemente a verdade é frágil, simples, humilde, é por isso que ela é acessível a tudo e a todos, porque quando todos a vivem há um equilíbrio harmonioso substancial em escala infinita a nos conduzir para além do que temos, podemos, ou entendemos ser por nós mesmos. Assim é a verdade em seu modo de ser, em seu querer e agir para tudo e para todos, porque nada lhe passa despercebido nem mesmo o mais ínfimo respiro. Quanto à nós, em tudo o que vemos e conhecemos naturalmente ou não, só o vemos e conhecemos porque a verdade que está sempre presente, nos dar a ver e conhecer, a agir e conviver, a nos comprometer ou não com o que é diante de nos.

A verdade não só convence pelo que apresenta, mas pelo que ela é. Porque a verdade é permanente e está sempre presente em tudo o que existe e tudo só existe porque a verdade é infinita. No entanto, em meio a tudo o que existe, a mentira persiste em negar o que a verdade é, mesmo sabendo, mas não admitindo, que nunca poderá vencer, visto que a mentira é só embuste em si mesma; na verdade, ela é o cúmulo do egoísmo, o próprio inferno pútrido, nada mais.

Não existe verdades, mas a Verdade. Ela se faz presente em todas as coisas sem ser todas as coisas, porque está acima de todas as coisas. Entretanto, Ela se dá a conhecer a quem a ama acima de todas as coisas. A quem nela crê e se deixa conduzir por Ela, nasce de novo para a vida eterna. Ora, estes não se prendem às coisas passageiras, mas apenas delas usufrui para o bem de todos; porque tudo o que existe só existe em função do devir. Assim, o tempo existe em função da eternidade; as coisas materiais existem em função das coisas eternas; a vida humana existe em função da vida divina, etc. Porque se não fora assim, tudo o que existe de nada adiantaria, visto que aqui tudo tem fim; menos os valores eternos.

Então, quem é a Verdade? A Verdade é Jesus Cristo, o Filho de Deus, “manso e humilde de coração”; espetado vivo numa cruz, morto e ressuscitado. Porta estreita da Salvação, Único nome por quem os homens são salvos. “O Cordeiro de Deus Imaculado que tira o pecado do mundo”. O único que venceu e nos deu vencer com Ele, o pecado, o demônio, a morte e o inferno. O único que disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo14,6); “Quem me vê, vê o Pai, Eu e o Pai somos Um” (cf. Jo 14,8-11; 10,30); “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu hei de ressuscitá-lo no último dia” (Jo 6,44); “Eu sou o pão da vida. Quem comer deste pão viverá eternamente”. (Jo 6,48.51b). Aquele que está conosco até a consumação dos séculos... E que virá para julgar os vivos e os mortos e o Seu Reino não terá fim... Quem é justo diga sim e permaneça praticando a justiça; quem não é justo, converta-se, pois ainda é tempo de conversão.

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

AS INVOCAÇÕES DA LADAINHA DE NOSSA SENHORA (VIII)



AS INVOCAÇÕES DA LADAINHA DE NOSSA SENHORA (VIII)


VASO ESPIRITUAL


Normalmente pensamos vasos como invólucros onde colocamos aquilo que é específico para o qual foram criados. Mas, quando tratamos da fé e daquilo que diz respeito à Deus e aos seus desígnios de amor, não tem como não usar de analogia (comparação) para dizermos algo que se refira à vontade de Deus e ao seu plano para a nossa salvação. De fato, Jesus muito usou de analogias em suas parábolas para revelar, não só a presença de Deus em suas ações, mas também o modo como Deus age na criação, para beneficiar nossas almas, libertar-nos do pecado, do poder do maligno e da morte, dando-nos assim a vida eterna para a qual nos criou.

Em Maria santíssima, Vaso espiritual, o nosso salvador encontrou tudo o que a criatura amada pode lhe oferecer para a realização do Plano de Deus para a nossa salvação. (cf. Lc 1,26-28). E nela, Ele, o Verbo de Deus, se fez carne e habitou entre nós; e a ela deu viver permanentemente habitada e conduzida pelo Espírito Santo, para fazer em tudo, a Santa Vontade de Deus Pai. De todas as criaturas, Maria santíssima é, de fato, o único Vaso infinitamente santo, pois nela não há pecado nem nunca houve; porque trabalhada pelo Oleiro Divino desde toda a eternidade, em vista de Seu Filho Santo, assim foi criada para que trouxesse a este mundo Aquele que nos santificaria com sua vinda bendita.

VASO DIGNO DE HONRA


Honrar é reconhecer o que de fato é. Ora, tudo o que é autentico é permanente, porque revela a fonte que gerou o que é. Todos os seres que Deus criou são únicos, porque não existem cópias no Reino de Deus. Sem dúvida alguma, nós, seres humanos, trazemos em nossas entranhas a unicidade do nosso criador e é isto que nos faz ser suas imagens e semelhanças autênticas. Diante de Deus ninguém pode se gloriar, mas podemos reconhecer a glória de Deus que se manifesta em seus filhos e filhas pela prática das virtudes eternas.

Assim sendo, quando honramos a Virgem Mãe de Jesus, reconhecemos nela a perfeição das graças que Deus lhe prodigalizou. Vejamos os exemplos a seguir: sua perfeita obediência para com o Criador ao aceitar ser a Mãe do Verbo Encarnado (cf. Lc 1,38); a perfeita sintonia com seu Filho amado na antecipação de sua hora no milagre das bodas (cf. Jo 2,3-5); a perfeita oferta que fez do seu Filho no patíbulo da cruz quando recebeu dele a maior de todas a graças, ser a mãe da Nova Criação (cf. Jo 19,25-27); e a perfeita sintonia com o Espírito Santo quando de sua vinda, conforme a promessa de Jesus, sobre toda a Igreja (cf. At 1,6-8.12-14). Por tudo isso, ó Virgem Santíssima, recebe a nossa honra e o nosso louvor “porque o Senhor fez em ti maravilhas, Santo é o Seu Nome”. “Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria”; mãe nossa, senhora nossa! Amém!

Vaso insigne de devoção


A verdadeira devoção tem como marca principal, a comunhão de coração, a participação no Plano Salvífico de nossa redenção, a vida vivida em permanente estado de graça, ou seja, totalmente conduzida pelo Espírito Santo de Deus. Então, quem é o verdadeiro devoto, devota? É alguém que ama a Deus profundamente, alguém que lhe obedece fielmente e se dedica a Ele de todo coração, e por isso, se põe ao Seu serviço, procurando viver em tudo Sua Santa Vontade.

Neste sentido, a Mãe de Deus e nossa Mãe, pela graça santificante do Senhor fez valer, por sua devoção ao Pai Celeste e ao Seu Filho amado, as palavras que Ele mesmo dissera: “Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.” (Mt 5,48). Portanto, admiramos a Santa Mãe do Senhor por sua devoção e total consagração ao Pai celestial e ao seu Filho, Jesus Cristo; procuremos, pois, imitá-la em sua santa devoção; porque nela são notáveis todas as qualidades divinas com as quais o Espírito Santo a cumulou e quer nos cumular também. Ó Maria, vaso insigne de devoção, rogai por nós!

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

CRÔNICAS DE MINHA ALMA: PAZ NA DOR, ALEGRIA DA PRESENÇA DIVINA...



CRÔNICAS DE MINHA ALMA: PAZ NA DOR, ALEGRIA DA PRESENÇA DIVINA...


A dor nunca foi bem aceita pela humanidade ou quem sabe, não foi ainda bem trabalhada pela grande maioria de nós; porque normalmente a dor é sinônimo de sofrimento e a nossa humanidade não aceita o sofrimento enquanto tal, pois está acostumada com o bem estar do prazer, uma vez que este traz certa satisfação instintiva que experimentamos na própria pele, isto é, fisicamente, emocionalmente, sentimentalmente e até espiritualmente; enquanto que dor e sofrimento são sinônimos de insatisfação ou incomodo, e as encaramos mais como uma espécie de punição ou castigo do que qualquer outra coisa que possamos imaginar.

De fato, ninguém neste mundo deixa de ter a experiência da dor e do sofrimento, isto porque a vida humana não consiste somente no bem estar, tão almejado por todos, mas nem sempre assimilado na mesma proporção; uma vez que a dor e o sofrimento, são causados por certas decisões que tomamos; e com isto, experimentamos as dores desta vida que poderão ser boas, quando as convertemos para um bem maior; ou péssimas, quando as tornamos tormentos torturantes e permanentes, que são as dores da alma, cicatrizes psíquicas difíceis de serem apagadas.

Pois bem, eis que estou no momento passando por dores físicas paralisantes devido a um acidente automobilístico que sofri, por conta da terrível imprudência de um motorista que invadiu a contra mão, fazendo um retorno proibido, levando-me a colidir de frente com a caminhonete que ele estava dirigindo. O motorista da caminhonete e sua acompanhante nada sofreram, graças a Deus; sofreram apenas danos materiais, nada que o seguro não repare. Quanto à mim, fui hospitalizado com fortes dores no peito, na coluna cervical e nas costelas devido à forte batida, pois que acionei os freios, mas não foi suficiente para evitar a colisão.

Não sei qual experiência fez o motorista que causou o acidente; mas, de minha parte tive uma profunda experiência da presença divina que me fez viver aquele momento como um momento sublime de fé, como algo único, de tal forma que estou extasiado até agora, com a confiança inabalável que me foi dada naquele instante e que me fez sentir o quanto Deus me ama e que Ele está no comando de todas as coisas, e que vela pelo caminho de seus filhos e filhas. (cf. Sl 1,6).

Descreverei agora a sensação que tive no momento da colisão. A princípio senti uma profunda paz e a presença de Deus me protegendo de tal forma que não senti medo algum; pelo contrário, senti uma alegria muito grande, incomum e diferente de todas as alegrias que já havia sentido, pois era como se eu estivesse no céu, por isso, não queria sair mais dali, fiquei em silêncio com os olhos fechados e com uma sensação maravilhosa de aconchego e proteção, algo indescritível, somente experimentado por quem faz pela experiência da morte conforme a vontade de Deus. Vivendo o que vivi, entendi na prática a passagem bíblica do Evangelho de São João onde Jesus nos revela como será nossa páscoa: “Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar. Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais.” (Jo 14,1-3). Assim, pude entender como a morte foi vencida por Cristo nosso Senhor, e como é maravilhosa a nossa partida para os braços de Deus, nosso Pai Eterno, ou seja, sem dor ou sofrimento algum, mas serena, cheia de paz e alegria, próprias dos que foram redimidos.

Sem dúvida alguma, a nossa fé católica é maravilhosamente prática, pois experimentamos imediatamente os efeitos dela naquilo que estamos vivendo como vontade de Deus em nossa vida. É justamente o que nos ensina São Paulo na carta aos Romanos: “Aliás, sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios.” (Rm 8,28). São Tiago também nos ensina que precisamos viver tudo o que vivemos como uma experiência de fé para a nossa santificação, por isso, escreveu: “Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Mas é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma.” (Tg 1,3-4).

Portanto, agradeço ao Senhor pelo que vivi e quero avivar ainda mais minha fé e meu amor ao Senhor, me consagrando mais do que já sou consagrado a Ele, que me deu a vida e a está conduzindo, segundo o seus desígnios, para a terra prometida onde os seus filhos e filhas, gozarão a felicidade eterna que lhes está reservada como herança santa. Por isso, convido a todos os batizados que não vivem a fé e aos não batizados, ao arrependimento e à confissão sacramental de seus pecados, a fim receberem o perdão e absolvição dos mesmos e poderem viver sob a chama ardente da misericórdia de nosso divino Salvador e Redentor, Jesus Cristo. Peço ainda a intercessão, da Virgem santíssima, mãe de Jesus e nossa mãe, para que nos acompanhe sempre nessa nossa caminhada decisiva até o Reino dos Céus, onde Cristo está sentado à direita de Deus Pai com o Espírito Santo, e de onde há de vir em sua glória para julgar os vivos e o Seu não terá fim. Amém! Vem, Senhor Jesus, vem!

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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A virtude da Ciência - Virtudes Franciscanas / Frei Vitório Mazzuco Filho, OFM

História das Clarissas Franciscanas Missionárias do Santíssimo Sacramento no Brasil

Missão no Brasil das Clarissas Franciscanas Missionárias do Santíssimo Sacramento / Carmem Rodrigues. -- Belo Horizonte : Telecart, 2003.
Disponível em

sábado, 8 de setembro de 2012

E TUDO ISTO ESTÁ NO MAIS ÍNTIMO DE NÓS...



E TUDO ISTO ESTÁ NO MAIS ÍNTIMO DE NÓS...


Porque Deus é o Supremo Bem, existimos...
E tudo o que necessitamos para vida existe ainda, porque Deus nos ama...
Mesmo a despeito dos que o negam e querem destruir tudo...
Porque Deus é Amor, o mal não tem valor algum...
Mas infelizmente os homens insistem em cultivar a maldade...
Mesmo conhecendo na própria carne seus resultados nefastos...

O que dizer Senhor, de tamanha perversidade?
Creio que só há uma resposta convincente...
Amar-te sempre, amar-te infinitamente...
Porque se não fosse o teu amor,
nada existiria, absolutamente nada...
Todavia, ai daqueles que recusam teu amor...
Ai daqueles que semeiam a dor, a injustiça e a perversão...
Esses só terão o que semearam aqui, por toda a eternidade...
Por recusarem a verdade com suas mentiras, mesmo estando diante dela...

Senhor, que posso eu em minha finitude?
Porque são milhares e milhões de homens agindo contrariamente à tua vontade...
Como se eles tivessem por si mesmos o poder e o governo de todas as coisas criadas...
Quando na verdade aqui estão, só para definir o que serão por toda eternidade...
Porque nossas ações nada mais são do que a revelação de nossas escolhas e decisões, seja para o bem, seja para o mal...

Por isso, afirmo Senhor, sem medo algum de errar,
que não tenho poder, a não ser o poder de decidir o próprio devir...
Mas, à medida que decido por tua vontade...
Na verdade, posso tudo o que Tu podes,
porque dependo cem por cento de Ti...
Assim, já não sou eu que vivo, és Tu que vives em mim...
E a vida que vivo na carne, eu a vivo por amor de Teu Filho, Jesus...
Que por todos morreu na cruz para nos salvar...
Mesmo assim os homens não querem acreditar...
Porque se acreditassem tudo mudaria,
haveria uma verdadeira revolução do amor...
Todos se amariam e se reconheceriam como teus filhos e filhas...
E se nos tornaríamos herdeiros eternos da felicidade e da paz que nos dás...

Em meio a tudo isso, Senhor, dá pra se prever o destino eterno que estamos tomando...
Porque haverá um dia em que ouviremos de tua justiça...
A sentença bendita ou maldita do juízo final...
Bem-aventurados os que te glorificaram pela obediência e pelo amor...
Estes gozarão por toda a eternidade a felicidade que mereceram...
Ao contrário, malditos serão todos os que te negaram pelas maldades que praticaram...
Todos que se enredaram pela vereda da mentira, corrupção, depravação, homicídios, malefícios, impurezas, idolatria, perdição...
Estes terão como quinhão o tanque ardente de fogo e enxofre, a segunda morte...
Porque decidiram por tal viver...

Por isso, cada um se examine a si mesmo,
E procure corrigir e o que precisa de mudança...
Para assim poder alcançar as bem-aventuranças...
Compostas pela lembrança das virtudes praticadas...
Fé, esperança, caridade, desapego material...
Justiça, mansidão, fidelidade, paz...
Misericórdia, pureza de coração, santidade...
Sem as quais jamais veremos a Deus...
E tudo isto está no mais íntimo de nós...
Porque Deus nos criou para vivermos unicamente do seu amor...
Unicamente para amá-lo e adorá-lo pelos tempos infinitos...
No seu Reino bendito, morada eterna da paz...
Amém!

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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