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domingo, 30 de abril de 2023

EU SOU O BOM PASTOR...


 Homilia do 4°Dom da Páscoa (Jo 10,1-10)(30/04/23)


Amados irmãos e amadas irmãs, sejam bem-vindos à nossa meditação diária. E nesta homilia trataremos da obediência à voz do Bom Pastor como a chave que abre a porta do céu. 
Quem o escuta e o segue nunca se perde porque Ele é o próprio Caminho e nos conduz com total segurança às verdes pastagens do Paraíso. 
Meditemos com amor e atenção esta homilia de hoje.

Caríssimos, neste quarto domingo da Páscoa, também chamado domingo de Jesus, o Bom Pastor, o Evangelho nos propõe três palavras chaves: "a porta", "o caminho" e "a voz" com às quais seguimos fielmente o Senhor até as belas pastagens do Paraíso Celeste sem medo de errar o caminho.

Como Filho de Deus e enviado por Ele para nos salvar, Jesus é a única porta pela qual entramos no seu redil, isto é, na vida eterna. Ora, e por mais que apareçam outros líderes com suas doutrinas persuasivas e aparentes poderes, como disse o Senhor: "Todos eles são ladrões e assaltantes; O ladrão só vem para roubar, matar e destruir." (Jo 10,10a).

E, para compreendermos melhor os seus desígnios salvíficos, o Senhor acrescenta: "Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora." (Jo 10,2-3). Em outras palavras, não se entra na Glória de Deus por atalhos, porque não existe outro caminho fora de Jesus.

O Santo Padre, o Papa Francisco, comentando esse Evangelho, disse: "Para se evitar mal-entendidos é preciso, «Conhecer a voz de Jesus! Não penseis que estou falando de uma aparição, que Jesus virá e dirá: "Faz isto". Não, não!». E então alguém poderia perguntar: «Como posso, padre, conhecer a voz de Jesus? E também defender-me da voz daqueles que não são Jesus, que entram pela janela, que são bandidos, que destroem, que enganam?».

Mais uma vez a «receita» é «simples» e prevê três indicações. Encontrarás a voz de Jesus nas bem-aventuranças». Depois: "nas obras de misericórdia, que se encontra, no capítulo 25 de são Mateus». E por fim, ao nos ensinar a rezar o Pai nosso. Portanto, se alguém ensinar «um caminho contrário à essas indicações, é um que entrou pela janela: não é Jesus!».

Portanto, caríssimos, a chave que abre a porta do céu se chama obediência à voz do nosso Bom Pastor, Jesus de Nazaré, o Filho amado de Deus que obedeceu em tudo à vontade do Pai e está sentado a sua direita, mas ao mesmo tempo, permanece conosco presente realmente na Santa Eucaristia. Quem Dele se alimenta nunca mais terá fome ou sede, porque Ele é o Pão da vida eterna.
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Destarte, rezemos humildemente a oração inicial da liturgia de hoje, pedindo a Deus, nosso Pai a proteção do Seu Filho, e nosso Bom Pastor: "Deus eterno e todo-poderoso, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do Pastor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo." Amém! Assim seja!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 29 de abril de 2023

FÉ E ORAÇÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,60-69)(29/04/23)


Caríssimos, o caminha da fé só é percorrido dignamente por aqueles que perseveram firmemente nela; na verdade a fé é natural, todos já nascem com ela, mas em se tratando da fé em Cristo esta é um dom do Espírito Santo recebido no batismo; bem como ensinou o Senhor Jesus: "Mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo." (At 1,8).

Na primeira leitura de hoje, são Pedro, agindo em nome de Cristo e na presença Dele, realiza os prodígios que a fé lhe proporciona, seguindo exatamente o que o Senhor havia ensinando: "Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai." (Jo 14,12). Ora, aqui dois elementos se destacam em suas ações: a fé e a oração, pois a graça nos é dada conforme a confiança depositada.

Decerto, a Palavra de Deus escutada sem a correspondência da fé, torna-se incompreensível para quem a ouve, não pelo seu conteúdo, mas porque ela não cabe nos critérios humanos que a querem limitar, por isso, disse o Senhor: "O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida." (Jo 6,63). 

Na primeira Carta aos Coríntios, São Paulo, escreveu: "Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras. Nem as pode compreender, porque é pelo Espírito que se devem ponderar." (1Cor 2,14). De fato, não podemos limitar o que não tem limite; ora, Deus não cabe nos limites da nossa razão, mas somente nos corações daqueles que o amam por viverem de acordo com a sua Santa Vontade.

Com efeito, depois de ouvirem o ensinamento do Senhor Jesus sobre a Eucaristia, "muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele. Então, Jesus disse aos doze: “Vós também vos quereis ir embora?” Simão Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”. (Jo 6,66-68).

Portanto, caríssimos, ter fé é isso, sermos iluminados pelo Espírito e reconhecermos o Senhor Jesus presente em todos os momentos de nossa vida, especialmente nos mais difíceis. É seguir tudo o que Ele nos ensina nas Sagradas Escrituras no seio da Sua Santa Igreja que Ele conduz por meio do Santo Padre juntamente com os bispos, sacerdotes e diáconos em comunhão com ele.

Destarte, rezemos com santa Catarina de Sena celebrando a sua memória: "Fazei, Senhor, que a minha memória retenha os vossos benefícios; que a minha vontade se abrase com o fogo da vossa caridade; que esse amor me faça derramar todo o meu sangue e que, com esse sangue dado por amor do sangue de Cristo, e com a chave da obediência, eu possa abrir a porta do Céu.

Peço-Vos do fundo do coração essa graça para todas as criaturas racionais, em geral e em particular, e para o Corpo Místico da Igreja. Confesso e não nego que me amastes antes do meu nascimento, e que me amais até à loucura do amor." (Santa Catarina de Sena - Diálogos, 167, 2-3)

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

quarta-feira, 26 de abril de 2023

A EVANGELIZAÇÃO EM MEIO ÀS PERSEGUIÇÕES...

PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,35-40)(26/04/23)

Caríssimos, mesmo em meios às perseguições, aqueles que são conduzidos pelo Espírito Santo, levam a sua alegria e os seus milagres aonde quer que estejam. Essa é a lição que nos ensina a perseguição advinda, após a morte de Santo Estevão, o primeiro mártire da fé, depois da ascensão do Senhor. De fato, quem ressuscita com Cristo não teme mais a morte, pois sua vida não lhe pertence, ela já é toda do Senhor.

Com efeito, quando Jesus diz: "E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia." (Jo 6,39). Ele acende em nós o fogo do seu amor, a chama viva da fé e da esperança, e de todos os valores eternos que nos capacitam para o céu. Sua Palavra é a Fonte inesgotável que nos sustenta no deserto árido de nossa existência até que cheguemos à terra eterna prometida, morada definitiva daqueles que o amam.

Seu discurso sobre o Pão da vida que sacia a nossa fome, ou seja, todas as nossas necessidades, é a evidência da promessa que se cumpre na Santa Eucaristia, pois quem se alimenta do Seu Corpo e Sangue, Sua Alma e Divindade, vive a satisfação de sentir-se ressuscitado com Ele: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede." (Jo 6,35).

Estas palavras ressoam em nossos ouvidos como a vitória sobre o demônio, sobre o pecado e sobre a morte advinda do pecado. Mas, atenção para esta outra palavra do Senhor dita àqueles que o rejeitavam: "Eu, porém, vos disse que vós me vistes, mas não acreditais. Todos os que o Pai me confia virão a mim, e quando vierem, não os afastarei. Eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." (Jo 6,36-38).

Decerto, em um outro versículo deste mesmo discurso o Senhor diz: "Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu hei de ressuscitá-lo no último dia. Está escrito nos profetas: Todos serão ensinados por Deus (Is 54,13). Assim, todo aquele que ouviu o Pai e foi por ele instruído vem a mim." (Jo 6,44-45).

Portanto, caríssimos, crer em Jesus Ressuscitado é conviver com Ele presente na Santa Eucaristia, na sua Palavra que nos fala ao coração e em nossa oração; é "adorar o Pai em espírito e verdade," é sentir-nos profundamente amados e conduzidos pelo Seu Espírito que habita em nós.

Destarte, escutemos o Papa Francisco: "Jesus se revela como o pão, ou seja, o essencial, o necessário para a vida cotidiana; sem Ele a vida não funciona. Não um pão entre muitos outros, mas o pão da vida. Em outras palavras, nós, sem Ele, em vez de viver, sobrevivemos: porque só Ele alimenta a nossa alma, só Ele nos perdoa daquele mal que não podemos vencer sozinhos, só Ele nos faz sentir amados mesmo que todos nós nos decepcionemos. 

Só Ele nos dá força para amar, só Ele nos dá força para perdoar nas dificuldades, só Ele dá ao coração aquela paz que procura, só Ele dá a vida para sempre quando a vida aqui embaixo acabar. Porque Ele é o Pão essencial da vida." (Papa Francisco - Angelus, 8/8/21).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 
 

A VIRTUDE DA HUMILDADE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 16,15-20)(25/04/23)


Caríssimos irmãos e irmãs, a humildade é a base de todas as virtudes e das graças darramadas em nossas almas, pois, como está escrito: "Deus resiste aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes." (Pr 3,34). Todavia perguntamos, por que essa virtude é tão importante para a vivência da fé? 

Porque ela é a via de perfeição escolhida pelo Senhor Jesus, para vir até nós e participar de nossa pequenez; como escreveu São Paulo: "Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus. Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo, assemelhando-se aos homens. 

E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz." (Fl 2,5-8). De fato, esse ensinamento de São Paulo corrobora com o que o Senhor já havia dito aos seus discípulos: "O maior dentre vós será vosso servo. Aquele que se exaltar será humilhado, e aquele que se humilhar será exaltado." (Mt 23,11-12).

Daí entendemos claramente o ensinamento de são Pedro na primeira leitura de hoje: "Caríssimos, rebaixai-vos, pois, humildemente, sob a poderosa mão de Deus, para que, na hora oportuna, ele vos exalte. Lançai sobre ele toda a vossa preocupação, pois ele é quem cuida de vós." (1Pd 5,5b-7).

Amados irmãos e amadas irmãs, a Igreja hoje celebra na sua liturgia o martírio de são Marcos, ele que conhecera Jesus quando ainda era adolescente e estava presente no momento de sua prisão no Horto das Oliveiras, como ele mesmo relatou quando escreveu o Evangelho baseado nas pregações de são Pedro: "Seguia-o um jovem coberto somente de um pano de linho; e prenderam-no. Mas, lançando ele de si o pano de linho, escapou-lhes despido." (Mc 14,51-52).

É interessante notar que, como Jesus, todos os Apóstolos foram barbaramente assassinados, exceto o discípulo amado que morreu exilado na ilha de Patmos onde escreveu o Evangelho, o Livro do Apocalipse e as três cartas pastorais. Assim como nos exorta são Paulo, que morreu decaptado por seguir a Cristo: "Pois todos os que quiserem viver piedosamente, em Jesus Cristo, terão de sofrer a perseguição." (2Tim 3,12)

Portanto, caríssimos, viver humildemente é ter consciência de que nada possuimos, é reconhecer que tudo o que somos e temos são graças derramadas por Deus em nossas almas; é também saber que um dia perderemos tudo, e que por nossa defesa só teremos as obras de misericórdia, praticadas sob a graça da humildade, que fala no silêncio mais profundo de quem faz tudo para a salvação de todos e a maior glória de Deus. 

Fora disso, silêncio, esperemos, pois o dia eterno se aproxima e nesse dia todos seremos julgados com a justa justiça pelo Justo Juiz esperado. "Por isso, como escreveu são Paulo, não julgueis antes do tempo; esperai que venha o Senhor. Ele porá às claras o que se acha escondido nas trevas. Ele manifestará as intenções dos corações. Então cada um receberá do Senhor o louvor que merece." (1Cor 4,5).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

DEUS VENCE O MAL PELA INOCÊNCIA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,22-29)(24/04/23) 


Caríssimos, a inocência é a maior defesa contra toda falsa acusação; assim como o arrependimento, o perdão e a penitência, liberta o pecador dos seus pecados; de igual modo a inocência é a essência da misericórdia divina, porque qualquer acusador pode encontrar nela o arrependimento, o perdão e a penitência de que precisa para viver em paz com Deus, com o inocente a quem acusa e consigo mesmo. 

Todavia, se o acusador não se arrepende mesmo tendo consciência da inocência de quem está acusando, pode se condenar por não admitir que acusa falsamente. Tudo isso se encontra neste versículo da primeira leitura: "Todos os que estavam sentados no Sinédrio tinham os olhos fixos sobre Estêvão, e viram seu rosto como o rosto de um anjo." (At 6,15).

Com efeito, vemos isto também na oração do Salmista: "Que os poderosos reunidos me condenem; o que me importa é o vosso julgamento! Minha alegria é a vossa Aliança, meus conselheiros são os vossos mandamentos." (Sl 118,23-24). Ou seja, tudo o que vivemos, o fazemos tendo em vista o juízo final.

De fato, o bem jamais se mistura com o mal, como no ensinou o Senhor na parábola do trigo e do joio, pois, trigo é trigo e joio é joio, duas essências completamente distintas. Por isso, escutemos atentamente esta exortação do Senhor: "Dizei somente: Sim, se é sim; não, se é não. Tudo o que passa além disto vem do Maligno." (Mt 5,37). 

O Evangelho de hoje nos mostra o conflito interior daqueles que buscavam o Senhor não pelo Senhor, mas por causa dos seus interesses materiais e políticos; e o Senhor Jesus lhes mostra isso, mas nem assim eles reconhecem: "Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos. 

Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do homem vos dará. Pois este é quem o Pai marcou com seu selo”. (Mt 6,26-27). Ou seja, não vivemos neste mundo como se ele fosse um fim em si mesmo, mas estamos em saída para terra prometida, e é o Senhor mesmo que nos alimenta com o seu pão de vida eterna. 

Portanto, caríssimos, renunciar a própria vontade faz parte do seguimento do Senhor; por isso, quem quer seguir Jesus sem abraçar a sua cruz, nunca o seguirá de fato, porque segui-lo significa renunciar a si mesmo tomar a sua cruz de cada dia até as últimas consequências, com a plena convicção de que Ele nos cunduz à vida eterna.

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv. 

domingo, 23 de abril de 2023

FICA CONOSCO SENHOR...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 24,13-35)(23/04/23)


Caríssimos, a maior felicidade de nossas almas é encontrar Jesus Onipresente nos acontecimentos de nossa vida, especialmente no Sacramento da Eucaristia e na Sagrada Escritura, para manter com Ele um diálogo permanente, como o fizeram no Evangelho de hoje os discípulos à caminho de Emaús.

Chamo a atenção para alguns detalhes desse encontro, o primeiro deles é a disposição para crê mesmo quando formos atingidos pelos acontecimentos adversos; segundo, fazer memória da presença do Senhor em nossa vida como eles o fizeram, e abrir o coração para escuta-lo e deixar que nos dê o entendimento das coisas do alto como nos ensinou São Paulo (cf. Col 3,1-4).

De fato, viver essa experiência com Jesus ressuscitado, é conviver com Ele espiritualmente por meio da nossa oração, e desse modo sentir a sua presença em nossa vida. Na verdade, quem comunga o Senhor em estado de graça, o recebe em sua alma e se torna um só com Ele. Ora, é exatamente isso que mantém a nossa amizade com Deus Pai, que ao olhar para nós, vê o seu Filho amado presente no sacrário vivo de nossas almas.

Decerto, meditemos com este episódio do Evangelho de hoje: "Naquela mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém onde encontraram os Onze reunidos com os outros. Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão." (Lc 24,33.35). 

De fato, quando fazemos a experiência do encontro com Jesus ressuscitado realmente presente na Eucaristia nos sentimos chamados a anuncia-lo àqueles que encontramos no nosso dia a dia, seja por palavras ou por obras, como o fizeram os dois discípulos de Emaús. 

Portanto, caríssimos, existe em nós essa necessidade de vivermos em constante comunhão com Jesus ressuscitado, de modo que, os nossos corações ardam como arderam os corações dos discípulos de Emaús, isto porque viver na sua companhia e escuta-lo, é tudo o que mais precisamos. Então, façamos a Ele o mesmo que esses discípulos fizeram: “Fica conosco, Senhor, pois já é tarde e a noite vem chegando!” 
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Destarte, comentando esse evangelho disse o Papa Bento XVI: "Em nossas estradas, Jesus ressuscitado torna-se companheiro de viagem, para reacender em nossos corações o calor da fé e da esperança e partir o pão da vida eterna. 

Desse modo, o encontro com Cristo ressuscitado, dá-nos uma fé mais profunda e autêntica, temperada, por assim dizer, pelo fogo do acontecimento pascal; uma fé robusta porque não se alimenta de ideias humanas, mas da Palavra de Deus e da sua presença real na Eucaristia."

Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 21 de abril de 2023

FALANDO A LINGUAGEM DIVINA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 3,31-36)(20/04/23) 


Caríssimos, não nos iludamos, algozes que não se convertem nunca saciam sua sede de sangue, e com isso, multiplicam-se os mártires, mas também os seus algozes, porém, com destinos diferentes; enquanto os mártires são acolhidos na glória eterna do Senhor; seus algozes se precipitam no abismo dos atos perversos que praticaram.

Com efeito, é como nos ensina São Paulo: "Pois todos os que quiserem viver piedosamente, em Jesus Cristo, terão de sofrer a perseguição. Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, sedutores e seduzidos." (2Tm 3,12). E ainda: "Confirmavam as almas dos discípulos e exortavam-nos a perseverar na fé, dizendo que é necessário entrarmos no Reino de Deus por meio de muitas tribulações." (At 14,22). 

De fato, a vida presente é um reflexo da eternidade que aqui cultivamos por nossas escolhas e decisões, como ainda nos ensina São Paulo: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba. O que o homem semeia, isso mesmo colherá. Quem semeia na carne, da carne colherá a corrupção; quem semeia no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna." (Gl 6,7-8).

No Evangelho de hoje, Jesus nos fala de uma linguagem nova que aprendemos com Ele para viver o novo de Deus em nossa vida. "Com efeito, aquele que Deus enviou fala a linguagem de Deus, porque ele concede o Espírito sem medidas." (Jo 3,34). Decerto, são Paulo também escreveu a esse respeito: "Quem dentre os homens conhece o que se passa no homem senão o espírito do homem que nele reside? Assim também, ninguém conhece o que existe em Deus, a não ser o Espírito de Deus. 

Nós não recebemos o espírito do mundo, mas recebemos o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos os dons da graça que Deus nos concedeu. Desses dons também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com a sabedoria aprendida do Espírito: assim, ajustamos uma linguagem espiritual às realidades espirituais. O homem psíquico – o que fica no nível de suas capacidades naturais – não aceita o que é do Espírito de Deus: pois isso lhe parece uma insensatez. 

Ele não é capaz de conhecer o que vem do Espírito, porque tudo isso só pode ser julgado com a ajuda do mesmo Espírito. Ao contrário, o homem espiritual – enriquecido com o dom do Espírito – julga tudo, mas ele mesmo não é julgado por ninguém. Com efeito, quem conheceu o pensamento do Senhor, de maneira a poder aconselha-lo? Nós, porém, temos o pensamento de Cristo." (1Cor 20,11-16).

Portanto, caríssimos, "Pregamos a sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, que Deus predeterminou antes de existir o tempo, para a nossa glória. Sabedoria que nenhuma autoridade deste mundo conheceu (pois se a houvessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória). É como está escrito: Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64,4), tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam." (1Cor 2,7-9).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

QUAL É A FINALIDADE DA NOSSA VIDA NESTE MUNDO?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,1-15)(21/04/18). 


Caríssimos, o sentido da criação é a total realização do Reino de Deus, é por isso que existimos; ora, nada neste mundo faz sentido se não tiver como baluarte essa finalidade. Quem se põe na vida contrariando o fundamento da própria essência, ou seja, "ser santo como Deus é Santo" (cf. Mt 5,48), faz dessa oposição seu caminho de perdição eterna. 

De fato, a finalidade de nossa presença no mundo está expressa na oração do Salmista: "Ao Senhor eu peço apenas uma coisa, e é só isto que eu desejo: habitar no santuário do Senhor por toda a minha vida; saborear a suavidade do Senhor e contemplá-lo no seu templo." (Sl 26,4).

Amados irmãos e irmãs, as leis naturais que nos regem apontam sempre para a Lei de Deus que lhes supera em tudo infinitamente; assim, vimos no Evangelho de hoje, Jesus multiplicar cinco pães e dois peixes para uma multidão de cerca de cinco mil homens sem contar mulheres e crianças. Ou seja, Deus supre todas as nossas necessidades mesmo se não temos consciência disso contanto que o busquemos. 

Também nos chama a atenção para um detalhe significativo nesse episódio narrado por são João: "Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo”. (Jo 6,14). E queriam proclamar Jesus como rei de Israel.

Com efeito, quando se põe os interesses pessoais ou coletivos a cima da finalidade da vinda do Reino de Deus e de sua justiça, eles são a causa do afastamento do Senhor das situações que nos envolvem: "Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte." (Jo 6,15).

Portanto, caríssimos, temos que ter em conta que Deus nos conhece muito bem e nos responde sempre que o buscamos, e esse episódio nos serve de exemplo: "Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: buscais-me, não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes fartos.

Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a vida eterna, que o Filho do Homem vos dará. Pois nele Deus Pai imprimiu o seu sinal." (Jo 6,26-27). Por isso, "Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas as coisas vos serão dadas em acréscimo." (Mt 6,33).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

quarta-feira, 19 de abril de 2023

CUIDADO COM OS UNILATERAIS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 3,16-21)(19/04/23) 


Caríssimos, guias cegos são aqueles que mesmo diante das evidências incontestáveis que Deus lhes dá, mesmo assim continuam cultivando a ignorância espiritual, impondo suas visões unilaterais por meio do medo e da opressão sobre os que querem se aproximar de Deus; e ai de quem os contestar apresentando-lhes tais evidências. 

Na Carta aos Romanos, São Paulo, escreveu o seguinte: "A ira de Deus se manifesta do alto do céu contra toda a impiedade e perversidade dos homens, que pela injustiça aprisionam a verdade. Porquanto o que se pode conhecer de Deus eles o lêem em si mesmos, pois Deus lho revelou com evidência." (Rm 1,18-19).

Decerto, a didática da primeira leitura de hoje traz dois entendimentos muito importantes para o nosso crescimento na fé: Primeiro, a vinda do anjo do Senhor para libertar os Apóstolos da prisão, é fonte de inspiração e conversão; de inspiração para eles continuarem evangelizando, e de conversão, para os que os ouvem. 

Segundo, revela a intransigência dos mestres da Lei, verdadeiros cegos espirituais, que mesmo diante das evidências que o Senhor lhes dá continuam sua trajetória de ignorância e brutalidade, por isso, não se convertem, porque seguem os propósitos do maligno e não a vontade de Deus.

De fato, como nos ensinou o Senhor no Evangelho de hoje: "Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. Mas quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus." (Jo 3,18-19).

Portanto, caríssimos, as leituras desta liturgia nos exorta que a graça da salvação é para todos e o critério para obtê-la é acreditar no Filho amado de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, e pôr em prática as suas palavras, participando do seu corpo místico, a Igreja, Templo vivo do Espírito Santo. Fora dessa verdade ninguém poderá entrar no Reino de Deus.

Destarte, não existe outro meio pelo qual devamos ser salvos fora do sacrifício de Cristo e da fé na sua ressurreição, pois se existisse Deus o teria revelado; bem como nos ensina são Pedro: "Esse Jesus, pedra que foi desprezada por vós, edificadores, tornou-se a pedra angular. Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos." (At 4,11-12).

Conclusão: "Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna." (Jo 3,16). Pois, "Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele." (1Jo 4,9).

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 16 de abril de 2023

DOMINGO DA DIVINA MISERICÓRDIA...


 Homilia do Dom. da Divina Misericórdia (Jo 20,19-31) (16/4/23)


Caríssimos irmãos e irmãs, vivemos da Misericórdia Divina e é por isso que ainda existimos; o poder desta palavra se revela no perdão e reconciliação que em seu amor o Senhor nos faz experimentar. O Coração misericordioso de Jesus bate forte cada vez que nos arrependemos e o procuramos no desejo sincero de permanecer com Ele para nunca mais pecar, como prometemos no ato de contrição.

Na primeira leitura vemos o resultado de uma semelhante conversão: "A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava como próprias as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum. Com grandes sinais de poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E os fiéis eram estimados por todos." Ou seja, a fé na presença de Jesus Ressuscitado, movia as ações dos novos convertidos de tal forma que entre eles não havia necessitados.

Comentando este Evangelho do domingo da Divina Misericórdia, disse o Papa Francisco: "Queridos irmãos e irmãs, podemos nos considerar e chamar-nos cristãos, e falar sobre muitos e belos valores da fé, mas, como os discípulos, precisamos ver Jesus tocando no seu amor. Só assim podemos ir ao coração da fé e, como os discípulos, encontrar uma paz e uma alegria mais fortes que qualquer dúvida.

Quando nos confessamos, tem lugar o inaudito: descobrimos que precisamente aquele pecado, que nos mantinha distantes do Senhor, converte-se no lugar do encontro com Ele. Ali o Deus ferido de amor vem ao encontro das nossas feridas. E torna as nossas chagas miseráveis semelhantes às suas chagas gloriosas. 

Pois Ele é misericórdia e faz maravilhas nas nossas misérias. Como Tomé, peçamos hoje a graça de reconhecer o nosso Deus: de encontrar no seu perdão a nossa alegria; na sua misericórdia a nossa esperança”. E assim, compreendemos perfeitamente o que profetizou Isaías: "Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniqüidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas." (Is 53,5).

Portanto, caríssimos, Tomé quis ver e tocar as chagas do Senhor para crer, e quando ele viu, percebeu claramente o abismo de sua incredulidade, caiu aos pés de Jesus profundamente arrependido e banhado em lágrimas disse-lhe: "Meu Senhor e meu Deus!" Ao que Jesus acolhendo o seu arrependimento, tocou-o com a Sua Divina Misericórdia e lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” 

Com isso, compreendemos que a verdadeira fé não é o ver para crer, mas sim, o crer para contemplar e dizer como disse Tomé: "Meu Senhor e meu Deus". Oremos, então, humildemente esta oração do Terço das Santas Chagas: "Eterno Pai, eu Vos ofereço as Santas Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, as Santas Chagas da nossa redenção, para a nossa salvação e cura de nossas feridas." Amém! Assim seja! 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 15 de abril de 2023

IDE POR TODO O MUNDO E ANUNCIAI O EVANGELHO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 16,9-15)(15/04/23) 


Caríssimos, o Senhor ressuscitado nos livrou definitivamente do poder que o mal detinha sobre nós por conta da queda dos nossos primeiros pais; o único poder que ainda detém é o poder de tentação; mas contra esse poder o Senhor nos dá a sua presença permanente na Eucaristia e nos outros Sacramentos.

Nos dá a sua Palavra como espada do Espírito Santo para combatermos contra as insídias do maligno; nos dá os dons da oração, da fé e todos os dons que nos são necessários nesta luta; nos dá também o livre arbítrio com o qual dizemos não às tentações e ao pecado; e dizemos sempre sim à sua santa vontade. 

Com efeito, o viver novo no Espírito Santo significa a permanência no estado de graça que o Senhor nos concede por comungarmos com o seu querer benevolente. Com isso compreendemos que a nossa participação no Mistério da Salvação é fato consumado, não é algo que esperamos, mas sim que vivemos e anunciamos por palavras e atos. 

Os Apóstolos sofreram todo tipo de afrontas e até a morte por causa do nome de Jesus, porém, jamais abriram mão de testemunha-lo, não obstante toda oposição contrária ao seu anúncio. Bem como vemos no testemunho de Pedro e João: "Julgai vós mesmos, se é justo diante de Deus que obedeçamos a vós e não a Deus! Quanto a nós, não nos podemos calar sobre o que vimos e ouvimos”. (At 4,19-20).

Com efeito, testemunhar Jesus ressuscitado é testemunha-lo vivo agindo em nosso meio como no tempo dos Apóstolos, ou ainda como está escrito na Carta aos Hebreus: "Jesus Cristo é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade." (Hb 13,8). Ora, o que significa isto senão aquilo que atesta a liturgia no início da Santa Missa, em que o celebrante diz: "O Senhor esteja convosco." E nós respondemos: "Ele está no meio de nós."?

No Evangelho de hoje, Maria Madalena deu aos Apóstolos a feliz notícia da Ressurreição do Senhor, isto é, Jesus está vivo, ressuscitou dos mortos; mas a princípio eles não acreditaram e essa momentânea incredulidade os impediu de perceberem a presença de Jesus bem ali com eles como testemunhou Maria Madalena. 

Também nós quando vivemos essa mesma comunhão com o Senhor ressuscitado, seguimos com Ele dando o mesmo testemunho que deram Maria Madalena, os Apóstolos e todos os que o seguiram ao longo do tempo a caminho da eternidade.

Portanto, caríssimos, o nosso testemunho de fé é sempre acompanhado pela ação do Espírito Santo que confirma a presença de Cristo ressuscitado nos Sacramentos, na sua Palavra viva que é a sua voz escrita nos falando diretamente, e nas obras de misericórdia que realizamos em seu Nome.

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv. 

sexta-feira, 14 de abril de 2023

A PRESENÇA REAL DE CRISTO RESSUSCITADO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 21,1-14)(14/04/23)


Caríssimos, caminhamos com o Senhor na fé e na esperança, isto é, na certeza de que Ele está conosco e por isso não estamos sozinhos. Por vezes lutamos, trabalhamos, pescamos a nossa sobrevivência, mas as nossas redes como que parecem vazias, todavia, o Senhor está bem presente onde nossas redes aparentemente vazias se encontram, basta ouvirmos a sua voz e identifica-lo com o mesmo amor com que o discípulo amado o identificou. 

Desse modo, comeremos com Ele à sua mesa o Pão da vida eterna que nos tem preparado, e gozaremos da sua agradabilíssima companhia e o seguiremos na via de perfeição que Ele preparou para nós. Como o Senhor convidou os Apóstolos após a pesca milagrosa: "Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe." (Jo 21,12a.13).

Com efeito, estamos acostumados com a convivência natural uns com os outros. Porém, e o nosso convívio com o Senhor, como se dá? De fato, nos acostumamos a ouvir as vozes do mundo, dos acontecimentos, das tantas e tantas pessoas que nos cercam: das redes sociais com suas fake news; ouvimos as vozes das tentações e dos pecados que se comete na face da terra, e quantas não são as vezes que nos deixamos influenciar por elas e pecamos ao permiti-las em nossa prática de vida. 

Todavia, quando as silenciamos e não as buscamos mais, deixamos o silêncio sagrado se fazer presente em nós, aí sim, escutamos a voz do Senhor que no seu infinito amor nos fala no mais íntimo de nossas almas; e de imediato sentimos logo a diferença, pois a voz do Senhor dissipa de nossas almas todos os conflitos, todas as acusações e tudo o que não nos faz bem. 

Desse modo, a voz do Senhor traz as soluções que tanto precisamos, pois é a voz da verdade que liberta, é a voz do amor com que somos amados, da providência com que somos amparados, da misericórdia com que somos perdoados, reconciliados e acolhidos quais filhos pródigos que retornam à casa do Pai.

E assim em comunhão com o Senhor, todas as nossas dúvidas são esclarecidas, todas as nossas necessidades são saciadas de tal forma que não nos falta nada. Bem como nos ensina o Salmista: "Afora vós, o que há para mim no céu? Se vos possuo, nada mais me atrai na terra. Meu coração e minha carne podem já desfalecer, a rocha de meu coração e minha herança eterna é Deus." (Sl 72,25-26)

Portanto, caríssimos, ao invés de ouvir as tantas vozes do mundo e seguir os seus ditames; escutemos a voz do Senhor, que nos fala claramente como agora está nos falando nesta meditação. Por isso, não sejamos ávidos em ouvir as "novidades" deste mundo, porque quem frequentemente ouve e segue essas vozes dificilmente escuta a voz de Deus e o segue.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

quarta-feira, 12 de abril de 2023

VIVENDO A NOVA CONDIÇÃO DE RESSUSCITADOS COM CRISTO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 24,13-35)(12/04/23)


Caríssimos, após o impacto da morte de Cristo tudo parecia melancolia, no entanto, com a sua ressurreição tudo mudou totalmente, o que era para ser uma simples oração das três horas da tarde, tornou-se um grande milagre num templo muito frequentado, porém, agora com um resultado extraordinário obtido por dois dos apótolos de Cristo: “Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda!” (At 3,6).

Decerto, confirmando essa verdade, escreveu São Paulo: "Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então também vós aparecereis com ele na glória." (Cl 3,1-4).

De fato, todos nós que fomos batizados vivemos essa nova condição de ressuscitados com Cristo, isto é, vivemos em comunhão com Ele por meio da fé. E não podemos abrir mão dessa nova condição, pois se abrirmos mão dessa verdade cairemos na velha rotina onde nada muda, onde tudo parece ser a mesma coisa.

E nos alertando contra essa "mesmísse", são Paulo escreveu: "Sim, Cristo morreu por todos, a fim de que os que vivem já não vivam para si, mas para aquele que por eles morreu e ressurgiu. Por isso, nós daqui em diante a ninguém conhecemos de um modo humano. 

Muito embora tenhamos considerado Cristo dessa maneira, agora já não o julgamos assim. Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo!" (2Cor 5, 15-17).

Com efeito, o Evangelho de hoje narra o episódio dos discípulos de Emaús, que atualmente somos nós por vivermos este novo tempo após a Páscoa do Senhor. Ora, esse não é um evento que se repete, mas sim, que nos refresca a memória do novo divino que nos faz experimentar a nova condição que vivemos a cada passo dado para a eternidade. 

De fato, ressuscitados com Cristo e alimentados com o Seu Pão de Vida eterna, Ele nos faz participar diretamente do seu desígnio salvífico. E como os discípulos a caminho de Emaús, sentimos arder os nossos corações cada vez que são proclamadas as suas Palavras na celebração do Santo Sacrifício da Nova e Eterna Aliança. 

Portanto, caríssimos, para o louvor e a glória do Santíssimo Nome de Jesus, cantemos com o Salmista: "Dai graças ao Senhor, gritai seu nome, anunciai entre as nações seus grandes feitos! Cantai, entoai salmos para ele, publicai todas as suas maravilhas!" (SI 104,1-2).

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv. 

terça-feira, 11 de abril de 2023

MULHER POR QUE CHORAS?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 20,11-18)(11/04/23).


Caríssimos, nem sempre compreendemos os desígnios de Deus, mas Ele nunca deixa de nos revelar a sua vontade, pois caminhamos na fé e não na nitidez do conhecer eterno onde tudo é claramente visível sem nenhum véu de incompreensão; bem como somos aos olhos de Deus, pois: "Nenhuma criatura lhe é invisível. Tudo é nu e descoberto aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas." (Hb 4,13).

No Evangelho de hoje ao visitar o sepulcro Maria Madalena viu anjos, mas não percebeu claramente o que havia acontecido; viu Jesus Ressuscitado, mas não o reconheceu de imediato, é que a condição natural a impedia de tal reconhecimento e compreensão; somente quando Jesus a chamou pelo nome é que se descerrou o véu do seu entendimento e ela o reconheceu prontamente. 

De fato, o tempo e a nossa naturalidade são como que a ante sala da eternidade onde nos preparamos e esperamos para termos a visão total do Senhor e do que nele somos. É verdade que algumas pessoas já tiveram o privilégio de uma visão antecipada da nova condição de ressuscitados, como por exemplo, os Apóstolos Pedro, João e Tiago que não Transfiguração do Senhor viram sua glória e Moisés e Elias presentes nela, como também ouviram a voz do Pai vinda do céu. 

Com efeito, também São Paulo passou por experiência semelhante e nos deixou por escrito: "Conheço um homem em Cristo que há catorze anos foi arrebatado até o terceiro céu. Se foi no corpo, não sei. Se fora do corpo, também não sei; Deus o sabe. E sei que esse homem - se no corpo ou se fora do corpo, não sei; Deus o sabe - foi arrebatado ao paraíso e lá ouviu palavras inefáveis, que não é permitido a um homem repetir." (2Cor 12,1-3).

Portanto, caríssimos, todos os justos vivem essa dimensão eterna da vida conduzidos pelo Senhor em meio à fé e a esperança que cultivam. Pois, "A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê." (Hb 11,1). Ou seja, a fé é o dom do Espírito Santo que nos faz transpor os limites de nossa natureza para ver e entender muito além do que podemos naturalmente. 

Com efeito, eis o que escreveu São Pedro a esse respeito: "Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Na sua grande misericórdia ele nos fez renascer pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma viva esperança, para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada para vós nos céus." (1Pd 1,3-4).

Destarte, escutemos atentamente esta exortação de São Francisco de Assis: "Filhos meus, grandes coisas prometemos a Deus, mas muito maiores são as coisas que Deus nos prometeu. Observemos aquelas que nós prometemos a Ele, e esperemos com segurança aquelas que ele nos prometeu. Breve é o prazer do mundo, mas eterna é sua pana. Pequena é a pena desta vida, mas a glória da vida eterna é infinita”. (FIORETTI, cap XVIII).

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv. 

segunda-feira, 10 de abril de 2023

ESTE É O DIA QUE O SENHOR FEZ PARA NÓS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 28,8-15)(10/04/23).


Caríssimos irmãos e irmãs, hoje é o dia que o Senhor fez para nós alegremo-nos e nele exultemos. Porque a esperança nos foi confirmada e a grande inimiga, a morte, foi derrotada, por Cristo ressuscitado que vive e reina para sempre no meio de nós. Desse modo, quem vive em obediência comunga sempre com a vontade do Senhor ressuscitado, também vive num colóquio interior com Ele e segue sempre seus passos pela via da santidade.

Por outro lado, quem não vive segundo a Vontade de Deus, o afronta, porque vive imerso nos pecados passados aumentando ainda mais o seu grau de perversão, e com isso se distanciam do amor do Senhor, como vimos no Evangelho de hoje; em que não obstante terem matado Jesus, seus algozes trataram de corromper os soldados que presenciaram a ressurreição, e com uma grande quantia em dinheiro, ordenaram que espalhassem o boato de que o seu corpo havia sido roubado por seus discípulos. 

Daí percebemos que quando os homens vivem nas trevas do pecado, a tendência é multiplicar essas trevas, pois, é tudo o que têm. Aí daqueles que os seguem, pois são tão cegos quanto eles. Pelo contrário, seguir a Cristo Ressuscitado é seguir iluminados pela luz do Espírito Santo, que nos leva a testemunhar a permanente presença do Senhor no meio de nós realizando suas maravilhas.

Como também vimos no Evangelho desta liturgia: "Naquele tempo, as mulheres partiram depressa do sepulcro. Estavam com medo, mas correram com grande alegria, para dar a notícia aos discípulos. De repente, Jesus foi ao encontro delas, e disse: “Alegrai-vos!” As mulheres aproximaram-se, e prostraram-se diante de Jesus, abraçando seus pés. Então Jesus disse a elas: “Não tenhais medo. Ide anunciar a meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão”. (Mt 28,8-10).

Portanto, caríssimos, ser testemunha da Ressurreição do Senhor é murgulhar no seu infinito amor para com Ele permanecer até o dia eterno onde participaremos de Sua Glória. Decerto, assim como as mulheres que foram as primeiras testemunhas e também enunciadoras, sigamos as pegadas do Senhor ressuscitado presente em nossas almas e o anuciemos a todos que encontrarmos neste mundo.

Feliz Páscoa do Senhor! 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

domingo, 9 de abril de 2023

CRISTO RESSUSCITOU ALELUIA!


 Homilia do Dom. Da Ressurreição do Senhor (Jo 20,1-9)(09/04/23).


Cristo, ressuscitou, aleluia! 

Sim, ressuscitou o Salvador, Jesus Cristo, único Senhor do céu e da terra, pois esta é a vontade do Pai à seu respeito. A ressurreição de Jesus é a Porta Eterna por onde entram os redimidos, Seu povo escolhido; as ovelhas do seu rebanho, os pecadores arrependidos, perdoados e eternamente agradecidos por sua libertação. 

É esse o festim real, a felicidade eterna, onde nos sentimos totalmente seguros por não existir nenhum tipo de opressão; é a realidade divina onde a vida é sempre vida, porque a morte foi sepultada nela mesma para sempre sem nenhum poder de ação.

De fato, nossa vida é o paraíso que Deus escolheu neste mundo para habita-lo pela ressurreição do Seu Filho nosso Senhor Jesus Cristo. Mas, como entender isso a partir da nossa fragilidade? Só o amor explica, basta olharmos a cruz do Senhor e contemplar o que aconteceu depois dela, ou seja, a nossa salvação eterna.

Enfim, é a vontade de Deus totalmente obedecida, é a unidade pedida por Jesus e agora plenamente concedida: "Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um."

Portanto, caríssimos, como será a vida eterna? Creio que a vida eterna é o mundo novo onde não existe mais o pecado; onde Deus, por Seu Filho ressuscitado, governa tudo e todos com verdadeira justiça, paz e amor por toda eternidade. Ora, isso não é imaginação, não é utopia, não é só um desejo, ou coisa parecida. Na verdade são as promessas de Deus cumpridas em sua íntegra, tal qual Ele nos falou no livro de Apocalipse:

"Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existia. Eu vi descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a nova Jerusalém, como uma esposa ornada para o esposo. Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles.

Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição. Então o que está assentado no trono disse: Eis que eu renovo todas as coisas. Disse ainda: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras." (Ap 21).

Que tenhamos todos uma Santa e Feliz Páscoa! Uma Feliz Ressurreição do Senhor! Uma feliz vida eterna! 

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv. 

sábado, 8 de abril de 2023

VIGÍLIA PASCAL...

 

PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA SÁBADO SANTO (Mt 28,1-10)(08/04/23)

Caríssimos irmãos e irmãs, meditemos com atenção estas palavras do Santo Padre, o Papa Francisco, sobre o Sábado de aleluia: "O Sábado Santo é o dia no qual a Igreja contempla o «repouso» de Cristo no túmulo depois do combate vitorioso da cruz.
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Neste dia a Igreja, identifica-se mais uma vez com Maria: toda a sua fé está reunida nela, a primeira e perfeita discípula, a primeira e perfeita crente. Na obscuridade que envolve a criação, ela permanece sozinha a manter acesa a chama da fé, esperando contra toda esperança (cf. Rm 4, 18) na Ressurreição de Jesus."
São Boaventura assim também discorreu sobre este dia: "Na aurora do terceiro dia do repouso sagrado do Senhor no sepulcro, o poder e a sabedoria de Deus, Cristo, tendo abatido o autor da morte, triunfou da própria morte, abriu-nos o acesso à eternidade e ressuscitou de entre os mortos pelo seu poder divino, para nos indicar os caminhos da Vida. Iluminou a nossa fé com provas e elevou a nossa esperança com promessas, para finalmente inflamar o nosso amor com dons celestes."

E ainda são Cromácio de Aquileia (séc. IV): "Esta noite merece bem o seu nome: vigília do Senhor, porque o Senhor acordou vivo para que nós não ficássemos adormecidos na morte. Com efeito, Ele sofreu por nós o sono da morte, pelo mistério da sua Paixão; mas esse sono do Senhor tornou-se a vigília do mundo inteiro, porque a morte de Cristo afastou para longe de nós o sono da morte eterna. 

Ele próprio o declara pelo profeta: «Então, despertei e reparei quão doce tinha sido o meu sono!» (Sl 3,6; Jr 31,26). Esse sono de Cristo, que nos chamou da amargura da morte para nos levar à doçura da vida, não pode deixar de ser doce."

Ora, viver num mundo barulhento como o nosso e se deixar contaminar por ele, é perder o essencial que gera a paz interior de que tanto precisamos, ou seja, o silêncio sagrando, nele nos deleitamos com o Senhor num colóquio ardente, numa linguagem única que só quem a usa conhece perfeitamente, porque são conduzidos pelo Espírito Santo.
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Portanto, caríssimos, deixemos o mundo e os seus esquemas barulhentos e confusos; usemos de profundo silêncio em nossa mente para apagarmos os dardos inflamados dos pensamentos vãos, desordenados e estranhos; e assim, encontrarmos o Senhor na quietude de nossas almas iluminadas pela Sua Divina Presença.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 7 de abril de 2023

O GRANDE MISTÉRIO DO SOFRIMENTO DE CRISTO


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 18,1–19,42)(07/04/23)


Caríssimos irmãos e irmãs, hoje, sexta-feira Santa, segundo dia do Trido Pascal, a Igreja celebra a Paixão e morte cruenta do Filho de Deus, ou seja, celebra o grande Mistério da nossa Redenção. Então, se faz jus perguntar, por que Deus quis sofrer as dores, as humilhações e a morte de cruz, como se não tivesse poder algum? Será que a mente humana é capaz de assimilar o tamanho contraste que há entre a bondade, a beleza, a grandeza, a perfeição das criaturas e toda maldade que se levanta contra elas?

Ora, tais respostas se encontra exatamente na cruz de Cristo. Com efeito, Deus é Deus, não muda, ou seja, não deixa de ser o que é, amor infinito, Suprema Bondade, misericórdia sem fim; por causa da dosobediência e da maldade por parte algumas de suas criaturas. E porque tem todo poder, deixa-se abater para assim vencer todas as forças antagônicas. 

De fato, Jesus mesmo revelou isso: "O Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a reassumir. Tal é a ordem que recebi de meu Pai." (Jo 10,17-18). Desse modo, compreendemos que o Senhor tem o comando de tudo e ninguém pode impedir que Ele use a Sua Onipotência Eterna conforme os seus desígnios.

Portanto, caríssimos, com toda certeza podemos afirmar que o Céu é a felicidade eterna que Deus Pai reserva como herança para todos os seus filhos e filhas; todavia, é preciso compreender que não chegamos a ele sem passarmos pelo mistério do sofrimento pelo o qual o Senhor Jesus passou. 

Destarte, a resposta ao por quê dessa pedagogia divina só teremos na eternidade; todavia, fiquemos convictos disto: ninguém sofre aqui sem receber do Senhor a consolação que nos ajuda a superar as intempéries do deserto desse nosso êxodo temporal.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 6 de abril de 2023

QUINTA-FEIRA SANTA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 13,1-15)(06/04/23)


Caríssimos, os acontecimentos de nossa salvação permanecem gravados para sempre em nossas almas de tal forma que é impossível esquecê-los ainda que alguém o queira. Ora, Deus assim o faz para que motivados por estas santas memórias lhe prestemos os louvores e adoração devidas, para que desse modo, vivamos em profunda comunhão de amor com Ele, que nos criou por amor, para participarmos da Sua Natureza Divina e do louvor da sua glória. 

Se fizermos um paralelo entre a salvação do povo eleito saído do Egito e a nossa salvação deste mundo, logo veremos quantas graças são derramadas à cada instante até que cheguemos à terra prometida do Reino dos Céus. O povo de Israel atravessou o deserto rumo à terra prometida; para nós este mundo é um deserto estéril de valores eternos, onde o mal reina no seu campo predileto, isto é, as tentações e os pecados. 

No entanto, isto acontece somente para aqueles que deixam a água do Espírito Santo e o Maná da Eucaristia, o Corpo de Cristo; para se alimentar com os excrementos das paixões desordenadas, oferecidos pelo o inimigo de nossas almas. Muitos por seguirem tais tentações entram pela porta larga da perdição e sentem-se sem forças para retornarem; outros se arrependem e quais filhos pródigos, reencontram o caminho da vida eterna pela confissão dos pecados, o perdão sacramental e a gratuidade da salvação. 

Portanto, caríssimos, sem dúvida temos consciência das adversidades existentes neste mundo, dos caminhos tortuosos que nos oferece o inimigo de nossas almas; mas também temos consciência de que a graça obtida pelo sacrifício de Cristo é infinitamente superior à toda e qualquer ameaça contra a nossa salvação, pois nada se compara aos benefícios da misericórdia, do perdão e do amor que Deus nos concedeu por meio do seu Filho amado.

Destarte, o Senhor Jesus por sua morte e ressurreição, nos abriu a porta estreita da salvação. Felizes são todos aqueles que trilham a sua estrada de perfeição por meio da fé e da observância dos santos mandamentos. De fato, esse é o único caminho seguro, a única via de perfeição que nos leva ao céu, à felicidade eterna.

PS: Amados irmãos e amadas irmãs, a Igreja hoje celebra a missa dos Santos Óleos, que são os sinais visíveis de nossa salvação, pois a unção é para nós, católicos, o sinal visível da nossa pertença a Deus, como era e ainda hoje é a circuncisão para os Hebreus. 

Ela também celebra a Renovação das Promessas Sacerdotais, em que o Santo Padre, os bispos e os presbíteros renovam a sua consagração a Deus a serviço do Seu Reino para a salvação eterna das almas. Supliquemos humildemente ao Senhor pelos os nossos pastores, principalmente os mais necessitados.

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv. 

QUARTA-FEIRA SANTA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 26,14-25)(05/04/23).


Caríssimos, a traição é a negação das virtudes eternas que de Deus se recebe, para trocá-los pelos valores banais que o maligno oferece. A traição de Judas, tem esse significado. É triste constatar o grau de maldade existente numa atitude como essa, porque a pessoa que a comete jamais pensa no inocente atingido por tamanha maldade; uma vez que só pensa nas vantagens mesquinhas que daí pode tirar, por isso, nada mais lhe importa. 

De fato, creio que este seja um dos atos mais egoístas que possa existir, pois dele não vem absolutamente nada de bom. Porém, nenhum ato é tão terrível que Deus não faça fluir de Sua Divina Misericórdia a renovação de todas as coisas. Por mais pecaminosas que sejam as atitudes humanas, o Senhor faz brotar de Sua Benevolência Eterna, o perdão para milhões e milhões que encontram nas chagas de Cristo os motivos de sua redenção. 

Talvez não compreendamos porque o Senhor Jesus escolheu este Caminho de sofrimento para nós salvar, creio que foi para cumprir o que o Profeta Isaías havia profetizado: "Era desprezado, era a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso dele. 

Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado. Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniqüidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas. 

Por um iníquo julgamento foi arrebatado. Quem pensou em defender sua causa, quando foi suprimido da terra dos vivos, morto pelo pecado de meu povo? Mas aprouve ao Senhor esmagá-lo pelo sofrimento; se ele oferecer sua vida em sacrifício expiatório, terá uma posteridade duradoura, prolongará seus dias, e a vontade do Senhor será por ele realizada." (Is 53).
Portanto, caríssimos, "Cristo não foi obrigado a deixar a sua vida, não foi forçado a imolar-Se, mas a deu livremente. Escutemos as suas palavras: "Tenho o poder de entregar a minha vida e tenho o poder de a retomar" (Jo 10,18); é por minha inteira vontade que a cedo aos meus inimigos, pois se Eu não quisesse, nada aconteceria. De fato, Ele sofreu voluntariamente a Paixão, pensando tão somente na alegria da salvação da humanidade." (São Cirilo de Jerusalém (séc. IV). O amor de Cristo passa pelo crivo da dor para nos amar e ser amado por nós.

Destarte, não é fácil padecer tanto como o Senhor Jesus padeceu e não ser correspondido nem aceito por aqueles a quem veio salvar. Então, o que esperar no dia do juízo final? São Tiago responde a isso: "Haverá juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o julgamento." (Tg 2,13).

Paz e Bem! 

Frei Fernando Maria OFMConv. 

segunda-feira, 3 de abril de 2023

A VERDADE LIBERTA SEMPRE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 12,1-11)(03/4/23) 


Caríssimos, a verdade é transparente, límpida, sem mácula, divina, autêntica; nela não há meias palavras, por isso, se expressa perfeitamente e liberta sempre. Basta escutá-la atentamente e seguir os seus passos no compasso da vida, porque fora dela tudo é morte. A Verdade é Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo. "Eis o meu servo — eu o recebo; eis o meu eleito — nele se compraz minh'alma." (Is 42,1a). E ainda: "Eis o meu filho muito amado, em quem me comprazo, escutai o que Ele diz." (Mt 3,17).

Dito isto, agora se pergunta: quem realmente corresponde a toda esse amor, bondade e misericórdia do Senhor? Porque sem essa correspondência os homens não passam de um sopro que se esvai... É triste ver que os algozes de Jesus rejeitaram todas essas graças, e partiram para um confronto direto com Ele. E o pior de tudo, é que usaram de todo tipo de artimanhas, mentiras e trapaças; injustiças e traições, insídias e perversões. 

De fato, a corrupção e a mentira envenenam a alma, e isso já vêm de muito longe, pois já se encontravam no primeiro pecado e prosseguiu fazendo estragos até em nossos dias. Vemos isso claramente no Evangelho de hoje: “Por que não se vendeu este perfume por trezentas moedas de prata, para dá-las aos pobres?” Judas falou assim, não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão; ele tomava conta da bolsa comum e roubava o que se depositava nela." (Jo 12,5-6).

Portanto, caríssimos, tudo é graça na vida de quem ama o Senhor e segue o seu caminho fielmente, "pois de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?" (Mc 8,36). Bem nos ensina o salmista: "Feliz aquele que se compraz no serviço do Senhor e medita sua lei dia e noite. Ele é como a árvore plantada na margem das águas correntes: dá fruto na época própria, sua folhagem não murchará jamais. Tudo o que empreende, próspera. 

Os ímpios não são assim! Mas são como a palha que o vento leva. Por isso não suportarão o juízo, nem permanecerão os pecadores na assembléia dos justos. Porque o Senhor vela pelo caminho dos justos, ao passo que o dos ímpios leva à perdição." (Sl 1,2-6).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

domingo, 2 de abril de 2023

HOMILIA DO DOMINGO DE RAMOS 2023...


 Homilia do Domingo de Ramos (Mt 21,1-11; 27,11-54)(02/04/23)

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Caríssimos irmãos e irmãs, com o Domingo de Ramos a Igreja dá início à Semana Santa aonde celebramos o maior acontecimento da história da humanidade; trata-se da paixão, do sofrimento, da crucifixão, da morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Ou seja, como Deus infinitamente poderoso se fez um de nós e carregou sobre Si todas as nossas dores, para nos fazer participantes de sua natureza divina. 
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De fato, ano após ano o Senhor nos dá a graça de fazermos memória destes acontecimentos pelos quais Ele nos libertou do pecado, da morte e do poder inferno, nos resgatando para a vida eterna. São Paulo, ao se referir a isso, escreveu: "Com efeito, quando éramos ainda fracos, Cristo a seu tempo morreu pelos ímpios. Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós." (Rm 5,6.8).
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Com efeito, por meio do sofrimento e da morte de Jesus na cruz, oferta de amor incondicional, Deus fez resplandecer por sua ressurreição, o Seu Eterno Poder e por Ele fez novas todas as coisas nos dando o Espírito Santo para nos conduzir à plenitude da felicidade eterna no Reino dos céus. Por isso, é fundamental a nossa adesão e permanência em Cristo para nos atermos seguros da salvação que Dele recebemos.
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Portanto, caríssimos, peçamos ao Senhor Jesus para que em meio às dificuldades que a nossa condição de pecadores nos impõe, celebrarmos com todo empenho e devoção a memória de Sua Paixão, morte e ressurreição para crescermos na graça, no conhecimento, no amor e na misericórdia de Deus, nosso Pai, e desse modo, vivermos em santidade e justiça todos os dias de nossa vida, à serviço daqueles a quem Ele nos enviar.

Destarte, Deus é fiel e nunca nos abandona em meio as mais diversas provações que padecemos na luta contra o pecado, como vimos na Paixão do Senhor; convictos de que um dia tudo isso vai ter fim, e que a sua Divina Misericórdia e justiça triunfarão sobre todo o mal; pois, somente Ele tem todo poder sobre o céu e a terra e a última Palavra a ser pronunciado no dia do juízo final. 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 1 de abril de 2023

CUIDADO COM A INTOLERÂNCIA...

 

PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 11,45-56)(01/04/23) 


Caríssimos, no rito da Santa Missa rezamos por três vezes: "O Senhor esteja convosco... Ele está no meio de nós." Sem dúvida, essa é uma bela oração e quando a fazemos de todo coração, sentimos realmente a presença do Senhor Jesus nos ajudando a realizar a vontade do Pai. Desse modo, compreendemos que Deus está sempre conosco, mas quando não percebemos isso, é por conta da falta do estado de graça. 

De fato, os pecados são obstáculos que pomos entre nós e Deus; de modo que tais pecados nos impedem de encontrá-lo e permanecer Nele, no entanto, por sua divina misericórdia Ele sempre espera a nossa conversão. Foi assim no Paraíso, foi assim com a vinda de Cristo e continua assim até o fim dos nossos dias. 

De fato, não existe pecado sem consentimento; o pecado é sempre uma ofensa contra Deus, o próximo e nós mesmos, e isso depende do nosso livre arbítrio. Porém, quando arrependidos e confessados tais pecados são perdoados e apagados para assim voltarmos ao estado de graça. 

No Evangelho de hoje, vimos que por uma falsa desculpa os fariseus e os mestres da Lei decretaram a morte do Senhor Jesus, isto porque os sinais que realizava atraía as multidões à conversão e ao verdadeio encontro com o Pai. Vejamos: "Este homem realiza muitos sinais. Se deixarmos que ele continue assim, todos vão acreditar nele, e virão os romanos e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação”. "A partir desse dia, as autoridades judaicas tomaram a decisão de matar Jesus." 

Com efeito, o Senhor Jesus já os havia alertado a respeito da intolerância e de seus efeitos na vida daqueles que a praticam, ou seja, a cegueira espiritual, a tal ponto que não enxergavam nos sinais de Jesus a vontade de Deus, pois onde já se viu alguém ressuscitar mortos ou fazer tantos outros sinais como: multiplicação de pães, curar cegos de nacença, surdos mudos, etc. sem que isto seja a vontade de Deus? 

Portanto, caríssimos, com a vinda de Cristo, Deus veio até nós como um de nós e isto marcou para sempre a história da humanidade. Quem não percebe a sua presença vive a mesma intolerância dos seus algozes, ou seja, vive na mesma cegueira espiritual, por isso, nunca têm paz porque só semeiam discórdias. Pelo contrário, quem realmente segue o Senhor Jesus, tem Nele a paz tanto desejada e a certeza da vida eterna.

Destarte, não sabemos quanto tempo ainda temos até que se cumpra tudo o que o Senhor profetizou a respeito do fim do mundo, no entanto, fiquemos atentos, pois como Ele mesmo disse: "Estai, pois, preparados, porque, à hora em que não pensais, virá o Filho do Homem." (Lc 12,40).

E são Pedro também nos exorta a esse respeito: "Entretanto, virá o dia do Senhor como ladrão. Naquele dia os céus passarão com ruído, os elementos abrasados se dissolverão, e será consumida a terra com todas as obras que ela contém. Uma vez que todas estas coisas se hão de desagregar, considerai qual deve ser a santidade de vossa vida e de vossa piedade. (2Pd 3:10-11).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv. 

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