Arquivo do blog

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

AS LETRAS DA VIDA: SOBRE O CONHECIMENTO HUMANO E SEUS RESULTADOS PRÁTICOS



AS LETRAS DA VIDA

SOBRE O CONHECIMENTO HUMANO E SEUS RESULTADOS PRÁTICOS

Ao criar todas as coisas Deus tudo dispôs com suas leis e ordenações para que a criação inteira cumprisse o seu múnus existencial, tal qual Ele determinou em seu infinito amor. Ao homem, porém, deu alma inteligente e profundo discernimento, e o cumulou de todas as virtudes para que não só dominasse todas as coisas, mas também contribuísse para o seu desenvolvimento até que tudo atingisse a perfeição desejada por Ele em seu santo desígnio.

Ora, dotado de alma imortal e inteligência racional, coube ao homem interagir com seu Criador para conhecê-lo e conhecer seu modo de operar entre nós; conhecer também a criação e dá-se conhecer a ela, produzindo os frutos desse conhecimento. De fato, ao longo dos tempos vemos que tudo isso aconteceu e continua acontecendo, quer pela ciência teológica, no que diz respeito ao conhecimento de Deus e a nossa interação com Ele; quer por meio das ciências humanas e naturais, ou ainda por outros tipos de conhecimentos científicos mais complexos, tipo nanotecnologia, que é o estudo de manipulação da matéria numa escala atômica e molecular, visando o conhecimento da criação e do homem em si mesmo. Assim procedendo o homem não só vivência e acumula tais conhecimentos, como também colabora com o Criador para o bem de toda criação.

Então, quais os tipos de conhecimentos os homens tem desenvolvido ao longo de sua presença no mundo e quais os resultados práticos em meio a todo este mistério da vida e do universo? Primeiro, a busca pelo conhecimento no homem se deu a partir de suas necessidades, pois ao longo da existência humana em meio à criação, surgiram questões que precisavam de respostas imediatas, tais como: quem somos, de onde vimos, para onde vamos? Será que estamos sozinhos no universo? Quem se encontra por traz de tudo isso? Por que nascemos, vivemos e morremos? Qual o desfecho final disso tudo? Como chegar ao autor de todas essas obras, incluindo nós que perguntamos? Isto para que, a partir das respostas, o homem pudesse se desenvolver e satisfazer suas necessidade mais urgentes, como viver bem e relacionar-se bem uns com os outros e com Deus, pois a fé sempre esteve presente em todas as culturas de todos os tempos. Segundo, existe em todos nós uma curiosidade natural que perpassa todas as gerações, desde as mais ingênuas às mais sofisticadas. Desse modo, o homem aprendeu a buscar essas respostas quer a partir dos fenômenos naturais enigmáticos, isto é, sem explicação; quer a partir de estudos mais elaborados ou científicos, que lhes trouxe certezas ou convicções racionais capazes de satisfazer todos os seus asseios de entendimento das coisas e dos fenômenos à sua volta.

Vejamos então, ao longo da busca humana, quais tipos de conhecimentos foram adquiridos e acumulados. Conhecimento empírico ou vulgar, ou ainda do senso comum, que é o conhecimento dos primeiros indivíduos, não baseado numa especulação mais apurada, mas sim em uma explicação paliativa que, de certa forma, respondia ao que se estava almejando, que se dava mais por convencimento e não por explicação elaborada racionalmente. Depois veio o conhecimento filosófico, que se deu a partir das observações dos fenômenos naturais, mas já com uma explicação racional mais elaborado, procurando responder o porquê da vida e da existência das coisas e demais seres. Em seguida, veio o conhecimento teológico por meio da revelação que Deus fez de si mesmo ao homem, dando-lhe com isso, a possibilidade de conhecê-lo, amá-lo e servi-lo e permanecer na sua presença aqui e por toda eternidade, e isso por meio da fé. Por último, veio o conhecimento científico, que é o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade em que o homem vive e interage com os outros seres. É por esse tipo de conhecimento, dado por Deus ao homem, que ele desenvolveu o progresso da sociedade e dos meios adequados para se prolongar a vida e o equilíbrio social.

Porém, nem tudo é perfeito entre nós, isto porque atualmente a maior parte dos homens não tem colaborado para o equilíbrio e bem estar do nosso planeta, nosso habitat natural; pelo contrário tem colaborado mais para sua destruição do que para sua perfeição. Se por um lado temos o avanço da medicina na descoberta de medicamentos capazes de amenizar o flagelo da aids; por outro vemos a ganância dos laboratórios que não querem abrir mão de suas patentes, cedendo-as para que os governos possam dissipar essa terrível epidemia. Se por um lado vemos o aumento de safras ano após ano; por outro vemos milhões morrerem de fome, porque muitos preferem jogar fora os alimentos que não atingiram o preço que desejavam, à doarem para serem consumidos pelos mais necessitados. Se por um lado vemos as descobertas científicas para o tratamento e consumo de água saudável; por outro vemos as descobertas químicas contaminarem os lenções freáticos, causando a destruição de rios e mares, verdadeiro crime ecológico sem precedentes. Se por um lado vemos as indústrias bélicas cada vez mais sofisticadas com seus armamentos; por outro vemos milhares de guerras fraticidas destruindo milhões de vidas inocentes. 

Se por um lado vemos os conhecimentos tecnológicos em plena expansão, por outro vemos os donos de tais tecnologias explorarem seus consumidores, levando-os à dependência de suas tecnologias, a ponto de muitos morrem viciados em tais máquinas.

Eis porque tantas catástrofes naturais e tantos desequilíbrios sociais em todas as partes do nosso planeta, têm levado milhões ao desespero e à morte, e isto, por não prevalecer a virtude da bondade e do bom senso com que o nosso Criador nos dotou; e por fazerem do conhecimento acumulado uma bomba nuclear voltada para autodestruição humana. Que o digam os arsenais de armas de guerra, os mais potentes que existem, capazes de destruir a terra milhares de vezes, caso as nações usem todo potencial nuclear estocado em seus paióis.

Então, pra que serve mesmo todo conhecimento humano acumulado? Serve para o homem fazer o bem e somente o bem; mas não é isto que está acontecendo, pois leva-se mais em conta os bens materiais e o consumismo exagerado, do que o bem social como um todo. E assim, vemos as injustiças operando a todo vapor, principalmente nas ciências econômicas e administrativas, onde a corrupção dos poderes político, jurídico, legislativo e executivo tem sido a “bola da vez” e a causa da ruína dos mais pobres e abandonados de nossa sociedade. E quando aparece governos que procuram dar mais atenção a esses miseráveis, as elites políticas, mantenedora do poder manipulador das massas, fazem de tudo para que tais administrações não tenham sucesso; pois não querem perder seu “status quo”, adquirido pelas mais espúrias práticas de manipulações para se chegar ao poder.

O resultado são oposições e brigas políticas intermináveis, tendo como cúmplice os meios de comunicação de massa, que favorecidos pelos muitos dividendos recebidos das propagandas a favor dos manipuladores, usam seus conhecimentos midiáticos para devorar o bom senso e o poder de reação dos menos favorecidos, pois eles sabem que os votos dessas massas empobrecidas, são valiosíssimos para manterem no poder os políticos manipuladores que lhes pagam, e pagam caro com o dinheiro que não suaram para adquirir.

E assim, a inteligência humana que foi dada para o bem, não está sendo usada como convém, pois raras são as exceções, que usam os conhecimentos acumulados para livrar-nos dos perigos e tormentos que se nos apresenta nossa própria negligência. Pois, se os homens seguissem as ordens divinas, expressas nos mandamentos e no Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, faríamos deste mundo um verdadeiro paraíso, pois nenhum conhecimento humano se compara à sabedoria de Deus, que nos é comunicada pelo Espírito Santo em Jesus Cristo.

Portanto, nem tudo está perdido, uma vez que a Sabedoria de Deus veio em nosso socorro por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos deu o Espírito Santo, como penhor de nossa redenção. Precisamos, então, fazer de nossa história uma história de salvação, acolhendo o perdão do Senhor e a graça de participarmos do seu Reino de amor, cuja parte visível neste mundo é a Igreja da qual nascemos pelo batismo. Destarte, ouçamos o Senhor em sua oração e exortação: “Por aquele tempo, Jesus pronunciou estas palavras: Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos. Sim, Pai, eu te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Todas as coisas me foram dadas por meu Pai; ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo. Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve. (Mt 11,25-30).

Por fim, resta abordar, que todo conhecimento acumulado nos veio por meio das experiências que deram certo e de certo modo contribuíram e contribuem para o bem de todos. Não digo isso em referência aos conhecimentos bélicos, pois estes só servem à indústria de armas de destruição em massa, capazes de destruírem a vida em segundos, nem dos conhecimentos científicos voltados para as grandes corporações, que só pensam no lucro e nada mais. No entanto, digo dos conhecimentos nas áreas educacionais, medicinais, alimentares, industriais, desenvolvimento humano sustentável, direitos humanos universais, etc. Pois tudo isso nos foi transmitido por meio da Palavra escrita ou da tradição oral, a exemplo do próprio Deus que tudo fez por meio de Sua Palavra, pois a palavra tem o poder de não só transmitir conhecimentos, mas de fazer acontecer o que é transmitido conforme a verdade pronunciada. Já dizia um velho bispo: “Somos Palavra de Deus realizada”, referindo-se à criação e a nós, criados à “imagem e semelhança” de Deus. De fato, Deus é eterno e tudo faz para a eternidade. Se tudo no tempo dizemos ser relativo, o resultado do que dizemos ser relativo, não é; porque a Fonte que nos gerou é Eterna, desse modo, tudo o que fazemos para a eternidade é que fazemos, seja para o bem ou para o mal. Felizes os que vivem somente para o bem, esses terão uma feliz recompensa.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria,OFMConv.


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

SÉRIE MEDITAÇÕES: O QUE É O NATAL?




SÉRIE MEDITAÇÕES

O QUE É O NATAL?


Para o mundo é uma festa de grandes proporções onde damos e ganhamos presentes, comemos, bebemos e nos divertimos; inventaram até um velhinho chamado papai Noel, de barba branca e comprida, barrigudo, vestido de roupas vermelhas, sorridente, que deixa presentes para as crianças na noite de natal. É um tempo onde os comerciantes enfeitam lojas, avenidas, e até cidades inteiras, contanto, que comprem presentes, que façam viagens, que consumam muito e que se alegrem, pois os festejos de fim de ano estão se aproximando. Esse é o natal profano, cheio de enganos e outros mitos cavernosos que em nada lembram o verdadeiro sentido do Natal.

A festa do Natal cristão é a festa do nascimento de Jesus Cristo, Deus humanado, presente no tempo e na história, revelando sua glória na simplicidade da manjedoura aldeado, pois o Filho de Deus nasceu para que todos os homens sejam salvos dos pecados e façam penitência, cultivem as virtudes presentes em suas almas, que os leva à santidade. De fato, só é possível celebrar esta festa com todo o sentido que ela traz, mediante a ação do Espírito Santo que nos dá a conhecer as graças que Deus nos prodigalizou, porque o Espírito conhece tudo até mesmo as profundezas de Deus.

Então, podemos dizer sem nenhum medo de errar, que a forma como os homens celebram hoje o Natal, se distancia em muito da realidade do Natal cristão. Para nós que acreditamos no Senhor Jesus e vivemos do seu infinito amor, celebrar esta festa é celebrar a vida eterna que o Senhor mesmo nos comunicou pela sua Encarnação, pois foi para isso que Ele assumiu a nossa natureza humana, para que também nós participássemos de sua natureza divina.

Ora, vivemos num mundo onde a exterioridade tomou conta dos corações; onde a fé deu lugar à razão limitada e dependente de mentes desprovidas do amor e da sabedoria de Deus. Por isso, muitos se tornaram incrédulos e dependentes dos próprios instintos, das ideologias, dos vícios e das pretensas facilidades oferecidas pela mentalidade mundana que a muitos engana, e assim, esses perdem o sentido de viver por se deixarem mover pelas paixões desordenadas, fruto das concupiscências, que os levam à perca da liberdade que é essência da vida em Deus.

Com efeito, a Bem-aventurada Ângela de Foligno, ao meditar o nascimento do nosso Salvador, assim se expressou: “Meu Deus, torna-me digna de conhecer o mistério profundo, realizado por tua ardentíssima e inefável caridade e amor da própria Trindade, isto é, o mistério de tua santíssima Encarnação, princípio de nossa salvação. Esta Encarnação nos traz dois benefícios: primeiro, enche-nos de amor, segundo, faz-nos seguros de nossa salvação. Ó incompreensível caridade! Não há amor maior do meu Deus fazer-se carne para tornar-me Deus. Ó amor extremado! Tu te aniquilaste para me criar, quando assumiste nossa condição. Não te aniquilaste para diminuir-te ou à tua divindade. Mas o abismo de tua conceição induz-me a proferir estas palavras: Ó incompreensível, feito compreensível! Ó incriado, feito criatura! Ó impensável, que podes ser cogitado! Ó impalpável, que é possível apalpar! Ó Senhor, faz-me digna de ver as profundezas desta caridade enorme que nos comunicaste na Santíssima Encarnação”. (*)

Portanto, o Natal é uma das festas mais sublimes da nossa fé; nele não só recordamos a parusia do Messias, mas também a humanidade acolhedora da vontade de Deus na pessoa da Virgem Maria e do seu esposo José. A Mãe de Jesus e seu esposo, nos ensinam a lição da humildade e da entrega a Deus como o primeiro ato de fé e de amor, que nos une perfeitamente ao Senhor e nos faz participar diretamente do Seu Plano de salvação para toda a criação.

Enfim, festejar o Natal de Jesus, é festejarmos com Ele o lindo dia do seu nascimento, pois não hesitamos participar dos aniversários dos nossos irmãos, mas quando se trata do aniversário do nosso Senhor e Salvador, muitos se esquivam e tentam substituir por festes e comilanças sem sentido algum, não é justo isso. Logo, cantemos com entusiasmo os louvores de Deus pelo nascimento do Seu Filho amado que, humanado com um de nós, permanece conosco até o fim dos tempos e de sua parusia escatológica. Feliz Natal, Senhor Jesus! E que venha definitivamente o teu Reino de amor.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria, OFMConv. 


Creative Commons License
FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A causa dos problemas sociais


Nos vimos agora a pouco, que Jesus se fez homem em tudo igual a nós exceto no pecado. O grande teólogo do século 20 Telmo Russeao da escola de Paris, dizia : Deus se fez homem em tudo igual a nós e não pecou  é porque o pecado não faz parte da natureza humana. Então é no pecado que nos tornamos dessemelhante, é o pecado que torna o homem diferente, é o pecado que cria uma realidade de desigualdade, social, econômica, política, e todo tipo de desigualdade. Portanto para promover a igualdade, promover a justiça, é preciso lutar contra o pecado, essa luta é uma luta que começa conosco, é uma luta pela graça, é uma luta pelo Espírito Santo. Para que Ele possa agir em nós e instaurar o reino de Deus tal qual pedimos no Pai-Nosso. E é tentando vencer estas limitações, perdoando e aparando estas arestas é que nós construímos o Reino de Deus que é possível e é completo, e é real, porque, Jesus veio, e se encarnou, morreu e ressuscitou. Eis o sentido portanto do mistério da encarnação. E São Francisco percebe de uma maneira muito clara. Deus se encarnou em homem então nos temos a possibilidade de tornar real a sua lei, tornar real o evangelho, na nossa vida e implantar o reino de Deus .

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

O PECADO E A PERDA DA LIBERDADE



O PECADO E DA PERDA DA LIBERDADE

“Em verdade, em verdade vos digo: todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo”. (Jo 8,34).

Ø  No pecado não há liberdade; a liberdade é fruto do vencimento das inclinações pecaminosas... Só é livre quem escolhe obedecer à Vontade de Deus expressa em seus mandamentos...

Ø  O homem foi criado livre, não para perder sua liberdade, mas para mantê-la eternamente; e a obediência às leis de Deus, implícitas em seu coração, é o meio pelo qual ele a mantém para sempre...

“O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente”. (I Jo 2,17).

Ø  No atual estágio da criação o mal é um enigma que depende de nossas escolhas e decisões. Logo, a liberdade e a proteção que temos de Deus, que é nosso Sumo Bem, requer que decidamos tudo em nossa vida conforme a vontade Dele, pois fomos criados para o bem e somente para o bem.

Ø  É preciso permitir que o Senhor atue livremente em nosso querer e executar, de acordo com os seus desígnios de amor. Desse modo, jamais o mal se perpetuará, porque se não compactuarmos com ele; ele se findará por si mesmo, pois tudo o que não permanece em Deus, sucumbe eternamente...

Ø  Se para muitos fazer o bem é um peso, para quem ama, fazer o bem é como um perfume de suave odor, faz bem a quem o sente e sente-se bem quem o faz...

“Ora, este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram más. Porquanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas aquele que pratica a verdade, vem para a luz. Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em Deus”. (Jo 3,19-21).

Ø  Deus é infinitamente para além das teorias, porque Deus é o que é, enquanto que teorias não o são. De fato, porque Deus é, mesmo que neguem a sua existência, na verdade estão afirmando que Ele existe, porque o que não existe não se discute nem precisa de negação, afinal, não existe mesmo; pois, como falar sobre o que não há? Creio que a maior insensatez humana, é negar a evidência da existência de Deus. Logo, quem nega que Deus existe, na verdade não passa de insensato querendo ser erudito, nada além disto...

Ø  Quando se faz o que vem na cabeça, mas não se leva em conta as consequências, o resultado é sempre catastrófico em todos os sentidos; isto porque, muitos dão importância somente ao que é momentâneo e fugaz. Todavia quem age assim, sabe que está prestes a perder a liberdade, “pois o que pode dar o homem em troca de sua vida”?...

Ø  De fato, a eternidade se aproxima a passos largos, e é nela que colhemos tudo o que plantamos aqui... Portanto, se em teu livre arbítrio escolhes o que é do mal, crias para ti mesmo um problema sem solução; a não ser que bata em tua alma o arrependimento sincero, acompanhado da confissão e do perdão sacramental, que pode te livrar do mal e da perca de tua liberdade definitivamente...

Ø  Amar só quem nos ama, é muito pouco para quem deve amar como Jesus amou (Cf. Mt 5,44ss), então, se não mudarmos nossa mentalidade, estaremos longe da verdadeira santidade, que é o passaporte para entrarmos no Reino dos Céus...

O dizer que não corresponde à verdade é só um dizer intencional, lhe falta tudo, pois lhe falta coerência. Cuidado, desse tipo de intenção o mundo está cheio, ela é igual à promessa falsa, não passa de falácia...

Ø  Conhecemos os verdadeiros amigos à medida que somos provados em meio à realidade na qual Deus nos pôs...

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria, OFMConv.


Creative Commons License
FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

AS INVOCAÇÕES DA LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XXI)




AS INVOCAÇÕES DA LADAINHA DE NOSSA SENHORA (XXI)


Estrela da manhã

Por que, ó mãe, te chamamos de estrela da manhã? Porque nasceste com a única missão de trazer a este mundo, Jesus Cristo, o Sol de Deus, que de ti nasceu como o único Senhor e Salvador de nossas almas, aquele que é e sempre será e que nos dá a vida eterna.

Qual aurora vespertina que anuncia a luz do dia, assim és tu Maria, agraciada por Deus com a maternidade divina. De fato, és a estrela fulgurante da manhã da nova criação. O teu Filho, Jesus Cristo, é chamado pelos profetas, o sol da justiça que nasce do alto para aquecer a vida fria dos mortais (cf. Ml 3,20; Is 9,1.42,6-7; Lc 1,78-79; Jo 9,1-5); ele é a Luz permanente que nos aquece intensamente com o calor do seu amor, para que sejamos envolvidos com o brilho infinito de sua paz.

Ó Maria, concebida sem pecado, és luz que brilha intensamente por teu exemplo e pelo sim que nos salvou; em ti se estabeleceu a Luz sem ocaso do amor de Deus, Jesus Cristo, seu Filho amado, que contigo permanece para sempre; e assim também nós fomos agraciados com o brilho da Luz do seu reinado sobre nossas almas, para brilharmos com Ele por toda a eternidade. Amém! Assim seja!

Saúde dos enfermos

Disse Jesus: “Quem vos recebe, a mim recebe. E quem me recebe, recebe aquele que me enviou”. Ora, Maria Santíssima, foi a primeira a receber Jesus, deu-lhe origem humana pela ação divina do Espírito Santo; e esse seu Filho amado, curou do pecado a humanidade e também as enfermidades espirituais, psíquicas, físicas e morais como sinal de sua Divindade, e continua curando ainda hoje. Sem dúvida alguma nós temos uma mãe que se compadece de nós, pois conhece a nossa dura batalha para vencermos as agruras deste mundo.

Maria Santíssima é aquela que enfrenta conosco os males que se apresentam tentando nos derrubar, tentando nos tirar da comunhão com o seu Filho, Jesus Cristo; mas, Deus, em seu Infinito amor de Pai, nos deu ela como mãe (cf. Jo 19,23), para interceder por nós e nos livrar de todo o mal. A prova disso são os milhares de benefícios que a Virgem Santíssima tem alcançado para aqueles que recorrem ao seu auxílio e pedem sua intercessão. Nos mais diversos santuários do mundo inteiro dedicado a Mãe de Jesus, são incontáveis os testemunhos das curas e graças derramadas nas almas aflitas que pedem seu socorro.

Refúgio dos pecadores

O que é um refúgio? É um lugar de proteção, onde nos sentimos seguros contra as ameaças. O pecado, é de fato, a maior e mais perigosa ameaça que o ser humano sofre, porque no pecado o homem é derrotado por ele mesmo quando decide pecar. A pior decisão do ser humano é a decisão de se expor ao mal pelo pecado cometido, pois, a partir de tal decisão, é o mal que passa a comandar as ações do indivíduo, fazendo dele um escravo, sufocado, dominado, sem liberdade alguma.

A Virgem Mãe é o refúgio dos pecadores, pois Deus lhe deu um carisma especial, o dom de interceder pela libertação daqueles que a ela recorrem. Desse modo, ela neutraliza por sua intercessão, as forças espirituais do mal; porque em Maria brilha a luz da verdade, da santidade e da divina misericórdia que afugenta as trevas das almas perdidas, que tinham sido escravizadas pelo demônio.

Ó Maria, refúgio dos pecadores, rogai por nós que recorremos a vós! Agora e na hora de nossa morte. Amém!

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFConv.


Creative Commons License
FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

SÉRIE MEDITAÇÕES: A VINDA ESCATOLÓGICA DE JESUS



SÉRIE MEDITAÇÕES

A VINDA ESCATOLÓGICA DE JESUS


A parusia escatológica de Jesus Cristo, o Filho de Deus, diz respeito à sua segunda vinda, no fim do mundo, conforme ele mesmo revelou: ”E vereis o Filho do Homem sentado à direita do poder de Deus, vindo sobre as nuvens do céu”. (Mc 14,62b). Mas, por que ele virá, ou pra quê virá? Para julgar os vivos e mortos e implantar o Reino de Deus plenamente (cf. 2Tim 4,1; Mt 25,31-46; 1Cor 15,21-28). Ora, Deus não criou este mundo para que o mal se estabelecesse nele; ao contrário, tudo o que Deus criou é bom e criou somente para o bem. Porém, se vemos o mundo neste estado calamitoso de escravidão e torpor, é porque o homem com sua desobediência estabeleceu este estado de desordem sobre ele mesmo e tudo que governa. Logo, o estado das coisas não pode permanecer como está, é preciso que seja passado a limpo, isto é, que volte à sua originalidade, sem pecado algum, conforme a vontade de Deus.

De fato, a primeira vinda de Jesus se deu no seio do povo hebreu, conforme as profecias, porém, não foi escatológica em si no sentido pleno da palavra, mas sim teológica, para que os homens conhecessem Deus, sua misericórdia e se convertessem, por meio de seu exemplo, para uma vida de penitência, retidão e amor, de acordo com os seus desígnios eternos. Desse modo, compreendemos que sua primeira vinda se deu para que se cumprissem as profecias do Antigo Testamento à seu respeito; e também para que nos fosse revelado o Reino de Deus e sua justiça, presente visivelmente na Igreja, Seu Corpo Místico, do qual ele é a cabeça e nós somos os membros. Por ela, é anunciado a Plenitude desse Reino e a vinda definitiva do Senhor; ele que permanece conosco por meio dos sacramentos que realizam a nossa salvação e participação em sua natureza divina, pois é em Deus que vivemos, nos movemos e somos (cf. At 17,28).

Então, como e quando se dará essa vinda escatológica? Eis a resposta: “Assim reunidos, eles o interrogavam: Senhor é porventura agora que ides instaurar o reino de Israel? Respondeu-lhes ele: Não vos pertence a vós saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou em seu poder, mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo”.

“Dizendo isso elevou-se da (terra) à vista deles e uma nuvem o ocultou aos seus olhos. Enquanto o acompanhavam com seus olhares, vendo-o afastar-se para o céu, eis que lhes apareceram dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: Homens da Galileia, por que ficais aí a olhar para o céu? Esse Jesus que acaba de vos ser arrebatado para o céu voltará do mesmo modo que o vistes subir para o céu”. (At 1, 6-11).

Como vimos, da parte dos apóstolos, também nós hoje ficamos desejosos que se estabeleça logo neste mundo a verdadeira justiça, para que haja paz e abundância para todos. Por isso, suplicamos que venha o Reino de Cristo e que seja iminente, pois assim como ele veio uma primeira vez, também virá segunda vez e cumprirá sua promessa de reunir em si “todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra”, conforme revelado nas Escrituras (cf. Ef 1,3-14; Mt 24,3-36).

E agora que estamos avisados de sua vinda, o que fazer? Santo Efrém, assim nos exorta: “O Senhor, ocultou-nos o dia de sua vinda para que ficássemos vigilantes e cada um de nós pudesse pensar que esse acontecimento se daria durante a nossa vida. Se tivesse revelado o tempo de sua vinda, esta deixaria de ter interesse e não seria mais desejada pelos povos da época em que se manifestará. Ele disse que viria, mas não declarou o momento e por isso as gerações e todos os séculos o esperam ardentemente.

Embora o Senhor tenha dado a conhecer os sinais de sua vinda, não se vê exatamente o último deles, pois numa mudança contínua, esses sinais apareceram e passaram e, por outro lado, ainda perduram. Sua última vinda será igual à primeira.

Os justos e os profetas o desejavam, pensando que se manifestaria em seu tempo; do mesmo modo, cada um dos fiéis de hoje deseja recebê-lo em sua época, pois ele não disse claramente o dia em que viria. E isto, sobretudo para ninguém pensar que está submetido a uma determinação e hora, ele que domina os números e os tempos. Como poderia estar oculto àquele que descreveu os sinais de sua vinda, o que ele próprio estabeleceu? O Senhor pôs em relevo esses sinais para que, desde o primeiro dia, os povos de todos os séculos pensassem que ele viria no próprio tempo deles.

Permanecei vigilantes porque, quando o corpo dorme, é a natureza que nos domina e nossa atividade é então dirigida, não por nossa vontade, mas pelos impulsos da natureza. E quando a alma está dominada por um pesado torpor, como por exemplo, a pusilanimidade ou a tristeza, é o inimigo que a domina e a conduz, mesmo contra a sua vontade. Os impulsos dominam a natureza e o inimigo domina a alma.

Por isso, o Senhor recomendou ao homem a vigilância tanto da alma como do corpo: ao corpo, para que se liberte da sonolência; e à alma, para que se liberte da indolência e pusilanimidade. Assim diz a Escritura: Vigiai, justos (cf. 1Cor 15,34); e também: Despertei e ainda estou contigo (cf. Sl 138,18); e ainda: Não desanimeis (cf. Jo 16,33).Por isso não desanimamos no exercício do ministério que recebemos (2Cor 4,1)”. (Do Comentário sobre o Diatéssaron, de Santo Efrém, diácono (Cap. 18,15-17; SCh 121,325-328). (Séc. IV).

Portanto, precisamos estar preparados, para não sermos pegos de surpresa. Pois, assim escreveu São Paulo: “A respeito da época e do momento, não há necessidade, irmãos, de que vos escrevamos. Pois vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como um ladrão de noite. Quando os homens disserem: Paz e segurança!, então repentinamente lhes sobrevirá a destruição, como as dores à mulher grávida. E não escaparão. Mas vós, irmãos, não estais em trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão. Porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas”. (1Tess 5,1-5).

Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa. Nosso Senhor Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu consolação eterna e boa esperança pela sua graça, consolem os vossos corações e os confirmem para toda boa obra e palavra!” (2Tess 2,15-16).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


Creative Commons License
FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

SÉRIE MEDITAÇÕES: A TEOLOGIA DO TEMPO DO ADVENTO



SÉRIE MEDITAÇÕES

A TEOLOGIA DO TEMPO DO ADVENTO

A teologia do tempo do advento revela os dois eixos centrais da história da salvação. Primeiro, o cumprimento das profecias do Antigo Testamento, pois o Messias nasce no meio de nós como havia sido prometido (Gen 3,15;49,8-11;Deut 18,15.19;Is 7,14;11,1-5), e o advento aponta para esse cumprimento. Ou seja, Deus mesmo se faz um de nós, nasce em nosso meio do seio da Virgem Maria, conforme profetizado pelo profeta Isaías (cf. Is 7,14), para nos salvar pessoalmente como determinou em seu desígnio redentor (cf. Ez 36). Segundo, com a sua vinda, anuncia a vinda escatológica do Reino de Deus, reino de justiça e de verdade, reino de paz e da felicidade dos justos. Por fim, anuncia ainda a sua segunda parusia, no fim dos tempos.

Por isso, esse tempo é de suma importância não somente pelas revelações que traz em si, mas principalmente pelo anúncio do devir, ou seja, do desfecho definitivo da história da salvação; pois Deus entra na história humana fazendo acontecer nela a história de nossa salvação, deste modo, o tempo e tudo nele passa a ser contado antes de Cristo e depois de Cristo. Assim, Jesus Cristo é não somente o Senhor da Criação, mas o marco central dela e da história humana, pois Deus se fez homem para que o homem participasse de sua natureza divina na nova criação, porque, como disse Jesus: “Eis que eu faço nova todas as coisas”.

Podemos ver ainda nesse tempo do advento a expressão missionária de que ele se reveste, pois Deus se torna missionário em nosso meio e em nossa história, mostrando com isso, que também a Igreja assume essa função evangelizadora, de anunciar sua presença santa no meio da humanidade. Pois nosso caminho para o reino dos céus é um caminho missionário, desse modo, temos a missão de revelarmos Jesus, o salvador da humanidade, invisível aos olhos do mundo, mas presente em sua Igreja por meio dos sacramentos que nos comunicam todas as graças para a santificação de nossas almas, assim é ele mesmo que nos conduz à plenitude de sua glória.

Por fim, a teologia desse tempo do advento alimenta em nós a esperança da libertação total, como o Senhor revelou em uma de suas promessas, ao dizer: “Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação”. (Lc 21,27-28). São Paulo, ao crer firmemente nessa promessa de Jesus, afirmou: “Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada. Por isso, a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus. Pois a criação foi sujeita à vaidade (não voluntariamente, mas por vontade daquele que a sujeitou), todavia com a esperança de ser também ela libertada do cativeiro da corrupção, para participar da gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Pois sabemos que toda a criação geme e sofre como que dores de parto até o presente dia. Não só ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nós mesmos, aguardando a adoção, a redenção do nosso corpo. Porque pela esperança é que fomos salvos. Ora, ver o objeto da esperança já não é esperança; porque o que alguém vê, como é que ainda o espera? Nós que esperamos o que não vemos, é em paciência que o aguardamos”. (Rom 8,18-25).

Portanto, vivamos esse tempo de expectativa, de espera com fé renovada, na certeza de que, por permanecermos no Senhor e em seu santo modo de agir, teremos todas as graças necessárias para nos mantermos fiéis até o fim, como o Ele nos exortou: “Reanimai-vos e levantai vossas cabeças, porque a vossa libertação está próxima”. (Lc 21,28). “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós!” (2Cor 13,13). “Aquele que atesta estas coisas diz: Sim! Eu venho depressa! Amém. Vem, Senhor Jesus!” (Apo 22,20).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


Creative Commons License
FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.

São Francisco de Assis e a criação do presépio

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

SÉRIE MEDITAÇÕES: A SAGRADA TEOLOGIA




SÉRIE MEDITAÇÕES

A SAGRADA TEOLOGIA

A Sagrada Teologia é o estudo de Deus. Deus Santo, Deus Imortal, Deus de Poder. Senhor do céu e da Terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis; doador de todos os dons, porque tudo lhe pertence inteiramente, e somente a Ele pertence. Ninguém pode conhecer a Deus em sua Essência, quando muito, podemos conhecê-lo pela fé, seja ela teológica, carismática, ou ainda a fé natural, isto porque Deus se dá conhecer também por meio de suas obras.

Assim sendo, todo conhecimento que temos de Deus é revelação que Deus faz de Si mesmo, seja por suas obras, todas elas maravilhosas; seja por meio de Sua Palavra comunicada na Lei e nos Profetas, seja inda pela experiência de fé do seu povo, e seja, principalmente pelo seu Verbo que se fez Carne, no seio da Virgem Maria, e habita no meio de nós. Pois Jesus Cristo é o ápice da revelação divina; tudo o que Deus quis revelar nos últimos tempos, o fez por meio do Seu Filho amado.

A sagrada Teologia apoia-se, como em seu fundamento perene, na Palavra de Deus escrita e na sagrada Tradição, e nela se consolida firmemente e sem cessar se rejuvenesce, investigando, à luz da fé, toda a verdade contida no mistério de Cristo. As Sagradas Escrituras contêm a palavra de Deus, e, pelo fato de serem inspiradas, são verdadeiramente a palavra de Deus; e por isso, o estudo destes sagrados livros deve ser como que a alma da sagrada teologia. Também o ministério da palavra, isto é, a pregação pastoral, a catequese, e toda a espécie de instrução cristã, na qual a homilia litúrgica deve ter um lugar principal, com proveito se alimenta e santamente se revigora com a palavra da Escritura”. (Constituição Dogmática Dei Verbum)

Portanto, estudar a Sagrada Teologia, guiados pelo Espírito Santo, firmes na fé e em comunhão com a Sagrada Tradição e o Magistério da Igreja, é a vontade de Deus para todos os seus filhos e filhas; a fim de que sigamos Jesus Cristo, seu Filho amado, praticando o que Ele nos ensinou, e vivendo como testemunhas de sua presença em nosso meio, como Ele mesmo disse: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou conosco todos os dias, até o fim do mundo”. (Mt 28,19-20).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


Creative Commons License
FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.

Alegria franciscana


Um dos traços mais bonitos da espiritualidade franciscana é a busca sincera pela verdadeira e perfeita alegria. O seráfico pai São Francisco procurava em toda e qualquer situação seguir bem de perto aquele preceito paulino que diz: “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fl 4,4). Quem não se comove quando escuta o relato da perfeita alegria? Quem não se encanta com a cena do Natal de Gréccio, quando o santo, radiante de alegria, cantou o Evangelho e pregou sobre o Menino de Belém? Saudável ou doente, atribulado ou tranquilo Francisco procurou sempre conservar dentro de si uma profunda e santa alegria.
Todos os antigos testemunhos sobre São Francisco nos apresentam um homem que traz em si uma forte emotividade. Quando estava radiante de júbilo, cantava em francês. Quando se lembrava da Paixão de Jesus, chorava copiosamente. Diante da beleza das criaturas ele exultava no Senhor, e convidava a todos ao louvor. Foi o cantor do irmão sol, da irmã lua, das estrelas e até da irmã morte. Foi o santo da espontaneidade, da ternura, da liberdade, que não receou em pedir à senhora Jacoba, bem próximo de sua morte, que lhe trouxesse algumas iguarias preferidas.
Para este santo as criaturas nunca foram obstáculos para o perfeito amor a Deus. Pelo contrário, ele se irmanou a todas elas e enxergou em cada uma os traços do Criador. Tomás de Celano nos informa que certa vez São Francisco, passando pelo vale de Espoleto, e vendo inúmeras aves “correu alegremente até elas, tendo deixado os companheiros na estrada (...) repleto de enorme alegria, rogou-lhes humildemente que ouvissem a palavra de Deus” (1Celano 58). Este mesmo autor nos diz que São Francisco “enchia-se muitas vezes de admirável e inefável alegria, quando olhava o sol, quando via a lua, quando contemplava as estrelas e o firmamento” (1Celano 80).
Outro motivo de alegria para São Francisco era a companhia de seus irmãos. Celano nos diz que, quando frei Bernardo, primeiro companheiro do santo, se converteu, “São Francisco alegrou-se com júbilo muito grande com a chegada e a conversão de tão grande homem” (1Celano 24). Essa mesma alegria ele sentia com a chegada dos demais irmãos (cf. 1Celano 31). E quando ouvia boas notícias a respeito de seus frades? Ele sentia sua alma banhada de santa de alegria. Certo dia, depois de ouvir exemplos edificantes dos frades da Espanha, exclamou: “Graças vos dou, Senhor, santificador e guia dos pobres, que me alegraste com esta notícia a respeito de meus irmãos” (2Celano 178).
Para São Francisco a simplicidade, a pobreza e a humildade devem ser vividas alegremente: “Onde há pobreza com alegria, aí não há nem ganância nem avareza” (Admoestação 27). Também a companhia dos mais pobres e simples deveria ser fonte de alegria para os irmãos menores: “E devem alegrar-se, quando conviverem entre pessoas insignificantes e desprezadas, entre pobres, fracos, enfermos, leprosos e os que mendigam pela rua” (Regra não Bulada 9).
Na Regra mais antiga da Ordem há um conselho do santo que diz: “E cuidem para não se mostrar exteriormente tristes e sombriamente hipócritas; mas mostrem-se alegres no Senhor, sorridentes e convenientemente simpáticos” (Regra não Bulada 7). O próprio santo tinha o cuidado de não ficar triste diante dos seus irmãos. Certa vez, morando em Santa Maria dos Anjos, sofreu por dois anos uma terrível tentação. Diz um antigo hagiógrafo: “Em vista disso, era tão atormentado na mente e no corpo que, muitas vezes, se afastava da companhia dos irmãos, porque não podia mostrar-se a eles alegre como costumava” (Espelho de Perfeição 99).

Tomás de Celano afirma que São Francisco “esforçava-se por manter-se sempre na alegria do coração, por conservar a unção do espírito e o óleo da alegria. Com o máximo cuidado evitava a péssima doença da tristeza” (2Celano 125,7-80). Este mesmo autor nos informa que o seráfico pai ensinava aos frades que “os demônios não podem ofender o servo de Cristo, quando o virem repleto de santa alegria” (2Celano 125,5).
Que o Pobrezinho de Assis nos ajude a conservar um coração sereno e alegre, pobre e generoso, aberto para Deus e para os irmãos. Contagiados pela alegria franciscana, saiamos pelo mundo cantando a paz e o bem.
Pax et Bonum
Frei Salvio Romero, eremita capuchinho
Extraído de http://escolafranciscanademeditacao.blogspot.com.br/2012/11/alegria-franciscana-um-dos-tracos-mais.html acesso em 28 nov. 2012.

Por que o Natal?

Frei Dorvalino Fassini, OFM
Próximos de mais um Natal começam as correrias... os esquecimentos... Vem ano vai ano, vem Natal e vai Natal uma questão não deveríamos, porém, jamais esquecer: O que significa o Nascimento do Menino Deus? Por que Deus quis fazer-se homem? Sim, é preciso parar e, de novo, de joelhos, contemplar sua aparência frágil de menino e perguntar-nos acerca de sua causa ou razão?

Quem fez isso com muita devoção e comoção foi São Francisco, chegando a inventar e representar, pela primeira vez na história, o “Presépio vivo”. Por isso, ele e toda aquela primeira geração de frades e irmãs, descobriram o segredo desse mistério: a paixão. Deus, o nosso Deus é um apaixonado pelo nosso humano, principalmente pelo humano sofrido, fragilizado, decaído, abandonado, humilhado, desprezado e pecador. Sim, só um apaixonado pode entrar numa aventura dessas e fazer o que Ele fez: vir a nós nessa fragilidade toda de menino nascido à beira do caminho, percorrer o caminho da vida pública sem mesmo ter uma pedra para reclinar a cabeça, morrer numa cruz e continuar sendo Deus-conosco na Igreja santa e pecadora, no pão eucarístico e em toda e qualquer criatura humana.

Por isso, Francisco chorava a Paixão do seu Senhor e fez dela a Paixão, o sentido maior de toda a sua vida. Vem-nos, então a pergunta: e nós, a quem realmente amamos e dedicamos nossa afeição e paixão maior?

domingo, 25 de novembro de 2012

Jorge de Lima

Francisco fez poesias. Mas se não tivesse feito poesia, era do mesmo poeta. Pois viveu a vida de um poeta, de um poeta de verdade.

sábado, 24 de novembro de 2012

SÉRIE MEDITAÇÕES: CONHECENDO OS MANDAMENTOS...



SÉRIE MEDITAÇÕES

CONHECENDO OS MANDAMENTOS...

Os Santos Mandamentos são Leis Divinas que nos ensinam a verdade da fé e como devemos vive-la. Ora, todas as criaturas de Deus já trazem implícitas suas leis naturais em seu código genético; e em sua alma as leis divinas pelas quais conhecemos a Deus. Nossas almas têm três propriedades essenciais, volitiva que corresponde à vontade, intelectiva que corresponde à inteligência; e apetitiva que corresponde aos desejos. Essas três propriedades são livres e é por elas que tomamos nossas decisões. Nada acontece em nossa vida sem que antes decidamos, e, mesmo quando nos omitimos, as coisas adversas que se dão, são fruto de nossa decisão pela omissão.

Portanto, o livre arbítrio é a maior fonte de liberdade ou da perca dela, dependendo sempre do que decidimos. Por isso, tudo depende de nós no que diz respeito ao ser e estar na vida e no mundo. Porém, devido à nossa contingência, a providência divina nos auxilia para não perdermos nossa autonomia de criaturas; alguns até chamam isso de sorte, na verdade, trata-se tão somente da divina providência, que criou tudo para a existência e não quer que ninguém se perca ou se autodestrua.

Então, vamos aos mandamentos, pois estes são verdades de fé reveladas; porém, não podemos esquecer que eles já se encontram implícitos no âmago de nosso ser, e Deus apenas no-los deu conhecer explicitamente para regrarmos nossa existência e assim poder mantê-la na verdade e justiça, para assim evitarmos os danos que o não cumprimento deles acarreta em nossa vida.

Primeiro Mandamento: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças”. (Deut 6,5). O amor a Deus está acima de todas as coisas, porque nada se compara ao Criador que é bendito para sempre. Cabe a nós, suas criaturas amadas, amar a Deus e a tudo o que Deus ama, porque sem este amor não existe vida nem perspectiva dela, mas somente o caos.

Segundo Mandamento: Não tomar seu Santo Nome em vão. Isto significa, trazer o santo temor do Senhor em nossas almas, pois onde não existe respeito também não existe reconhecimento e amor. Deus é Deus e é digno de toda reverência e adoração, por isso, não podemos usar o nome de Deus e de seus santos para nada que não seja sua vontade. Pois aqui tudo passa, mas em direção à eternidade, onde prestaremos contas no dia do juízo final de tudo aquilo que aqui falamos ou fizemos. (cf. Mt 12,33-37; 1Cor 4,1-5; Heb 9,27).

Terceiro Mandamento: Guardar domingos e festas. Ou seja, Deus nos dá todo dia vinte e quatro horas e enquanto aqui estivermos nunca deixará de fazê-lo; e nós quanto desse tempo damos a Deus? Nos domingos e festas, Deus marca um encontro pessoal conosco por esse mandamento para nos perdoar, nos ensinar, nos alimentar e proteger; e nós, vamos ao seu encontro nesses dias ou o deixamos esperando ou mesmo chegamos atrasados? Quem quer ser abençoado procura sua benção, quem a rejeita vive lhe dando as costas e nunca cresce na graça, no conhecimento, na sabedoria e na vivência da fé, porque anda na contra mão do Reino de Deus.

Quarto Mandamento: Honra teu pai e tua mãe. O dever de honra é nosso, porque eles já nos deram o direito à vida cooperando com Deus no nosso nascimento, e pelos benefícios que nos fazem a vida inteira; em contra partida, o que lhes damos? Falando sobre este mandamento escreveu São Paulo: “Filhos, obedecei a vossos pais segundo o Senhor; porque isto é justo. O primeiro mandamento acompanhado de uma promessa é: Honra teu pai e tua mãe, para que sejas feliz e tenhas longa vida sobre a terra” (Dt 5,16).(Ef 6,1-3). Portanto, em relação aos nossos pais só temos deveres, porque deles já recebemos todos os direitos, inclusive o de herança quando deixam este mundo.

Quinto Mandamento: Não matarás. A vida a Deus pertence e somente a Ele pertence, ninguém tem o direito de tira-la; cabe a Deus e tão somente a Ele dá-lhe o fim determinado. Não julgue, não condene, não mate ninguém, seja por palavras, atos e intenções, porque “quem com o ferro fere, com ele será ferido” (Mt 26,52). Antes, pelo contrário, sejamos misericordiosos e compassivos uns com os outros, perdoando-nos mutuamente.

Sexto Mandamento: Não pecar contra a castidade. Uma alma casta é uma alma inacessível ao mal, pois, habitada pelo Espírito Santo, vive o prazer dessa santa habitação e nada se compara a esse divino prazer. De fato, somos um misto de carne e espírito; temporalidade e eternidade, todavia, deve se sobressair aquilo que em nós não perece, pois tudo o que é carnal é passageiro e não satisfaz, porque não preenche nosso desejo de felicidade permanente. Portanto, somente o Espírito Santo preenche totalmente o nosso viver, porque nós somos seus templos vivos.

Sétimo Mandamento: Não furtar. Tudo o que é material tem o fim que lhe é próprio conforme a natureza das coisas; no entanto, existem valores em nós que são eternos, dentre estes está a honestidade, fonte de liberdade para quem a cultiva. Ser honesto é ser livre de todos os apegos materiais, é viver a simplicidade de ser o que somos aos olhos de Deus, sabendo que Ele cuida muito bem de nós por sua divina providência. Nada mais fútil do que se prender à coisas materiais, fruto do roubo ou mesmo do egoísmo que corrói a dignidade e a autoestima de nossa humanidade.

Oitavo Mandamento: Não levantar falso testemunho. A mentira é a pior de todas as armadilhas que o demônio tem posto diante dos homens, querendo nos enganar e impedir que a verdade nos conduza. Nenhum mentiroso vive sossegado, pois o demônio, pai da mentira, lhe atormenta dia e noite, tirando-lhe toda paz. Ora, o Espírito da verdade é o Espírito de Deus que acompanha seus filhos e filhas conduzindo-os à felicidade eterna. Quem vive na mentira e da mentira, nunca se encontra e nem encontra Deus, por isso, vive sem rumo e sem vida; pelo contrário, a verdade liberta e salva sempre, porque todo aquele que se entrega ela e se deixa conduzir por ela tem a vida eterna. A verdade é o próprio Deus, pois assim disse o Senhor Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”. (Jo 14,6).

Nono Mandamento: Não desejar a mulher do próximo nem o marido da próxima. A traição é uma das piores maldades do ser humano na face da terra, ela, na verdade, é uma tragédia perversa repleta de desunião e dor. Ao contrário, a união sacramental legítima é uma fonte de felicidade, porque é na fidelidade que se fundamenta e cresce a família humana. Deus criou o homem e a mulher para formar família, sua família, por isso, os criou à sua imagem e semelhança. Uma família bem estruturada na fé dá frutos fecundos de felicidade, porque quem é fiel serve a Deus e vive Dele, Nele e para Ele. Sem fidelidade não há verdade, não há amor, não há liberdade, não há vida, não há nada de bom.

Décimo Mandamento: Não cobiçar as coisas alheias. Segundo São Paulo, o pecado da cobiça assemelha-se ao pecado da idolatria, porque gera a morte da alma. Na cobiça se encontra o cúmulo do egoísmo, pois, nela, os bens materiais se tornam somente fonte de lucro, consumismo, prazer hediondo e nada mais. De fato, a sentença do Senhor: “Comerás o teu pão com o suor do teu rosto...” (Gen 3,19a), dignifica o ser humano e o leva a viver com equilíbrio e bem estar a vida que de Deus recebeu, sem egoísmo algum.

***
Aqui estão estas simples meditações sobre os Santos Mandamentos da Lei de Deus, elas nos ajudarão a viver a nossa fé conforme a vontade do Senhor expressa neles. Pois, como disse São João: ”Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Eis o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos. E seus mandamentos não são penosos, porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé”. (1Jo 5,2-4).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


Creative Commons License
FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.

Firefox