Arquivo do blog

sábado, 30 de outubro de 2021

A VIRTUDE DA HUMILDADE NA LUTA CONTRA O PECADO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 14,1.7-11)(30/10/21)

Caríssimos, uma das virtudes que mais combate o orgulho e a soberba do inferno é a humildade, porque encontra facilmente a verdade e nela permanece de tal modo que todas as tentações não resistem à elas; e é justamente por isso que o Senhor Jesus nos ensina nesta liturgia: "Porque quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado”.

Com efeito, esse ensinamento do Senhor Jesus atinge por completo à quem, nesse tempo tecnológico, busca aparecer à todo custo, por isso, pagam um preço muito alto por tal exposição, ou seja, passam a ser dominados pela dependência dos meios de comunicação de tal forma que tiram o tempo da oração, da meditação da Palavra, da evangelização e até da Santa Missa para dar ao celular.

De fato, neste tempo tecnológico em que a comunicação é imediata via redes sociais e tantos outros meios; infelizmente no mais das vezes, tais ferramentas são usadas para divulgação de intrigas e mentiras, as famigeradas "Fake News", a especulação da vida alheia etc., desse modo, muitos se tornam porta vozes do inferno, causando a própria ruína e a daqueles que os seguem.

Ora, quem muito se expõe, se perde, porque já não se reconhece. Quem se perde dificilmente se encontra se não encontra Cristo e nele permanece, porque sem o Senhor Jesus todo e qualquer caminho leva à perdição, ao caos, ao vazio existencial, em suma, morre sem esperança alguma.

De certo, esta é a verdade que nos sustenta, Deus é Eterno, por isso a vida é eterna, porque lhe pertence, porém, precisamos vive-la para Ele que nos enviou o Seu Filho amado para perdoar os nossos pecados e nos conduzir ao Reino dos céus, à vida eterna; felizes são os que o seguem fielmente buscando a perfeição da caridade e de todas as outras virtudes que os faz participantes da sua natureza divina.

Portanto, caríssimos, dissipemos toda e qualquer tentação que chega à nossa mente, principalmente os maus pensamentos, as dúvidas e medos, para isto usemos as virtudes da obediência, da humildade, da caridade e da pureza de coração, bem como nos ensinou são Paulo: "Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos. Isto praticai e o Deus da paz estará convosco. (Fl 4,8-9b).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

O AMOR NÃO SE LIMITA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 14,1-6)(29/10/21)

Caríssimos, a verdade liberta sempre que a acolhemos para além da interpretação que fazemos do credo que professamos, pois, a verdade é Cristo que age em nós e por meio de nós que Nele cremos. De fato, a sua presença é tão evidente que é impossível duvidar, a não ser que se queira permanecer no erro advindo da desobediência à sua Palavra pela falsa interpretação que dela se faz.

Na liturgia de hoje vemos a verdade evidenciada nas leituras e nos acontecimentos que narra. Na primeira leitura são Paulo ensina que o povo eleito recebeu da lei e dos Profetas as instuções precisas para receber o Senhor Jesus como o Messias enviado por Deus: "Eles são israelitas. A eles pertencem a filiação adotiva, a glória, as alianças, as leis, o culto, as promessas e também os patriarcas. Deles é que descende, quanto à sua humanidade, Cristo, o qual está acima de todos — Deus bendito para sempre! Amém!"

De certo, apesar de todo cuidado e formação que Deus deu ao seu povo, ainda assim teve o seu Filho rejeitado e morto por aqueles que foram preparados para recebe-lo. No entanto, o Senhor Jesus não deixou de cumprir todos os desígnios que havia sido profetizado a seu respeito, pois, a Palavra do Pai se cumpre na íntegra mesmo por aqueles que não lhe obedecem.

Desse modo, a mensagem do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo contém não apenas o cumprimento da Lei e dos Profetas, mas também tudo o que leva à salvação eterna de nossas almas, por isso, rejeitar a sua Palavra é rejeitar a vontade de Deus, como Ele nos ensinou: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada. Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou." (Jo 14,23-24).

Portanto, caríssimos, a Lei perfeita da liberdade, isto é, o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, não se deixa limitar por ritos ou limites de dia ou falsa interpretação, porque é a Lei do amor que salva, liberta e faz feliz quem o acolhe e segue fielmente na certeza que Dele depende cem por cento, como dependemos do ar que respiramos.

Destarte, seguir na vida praticando a Palavra do Senhor Jesus no seio da Sua Santa Igreja, que é o sacramento universal da salvação, é sentir-se desde já participante do Reino de Deus e da sua justiça como seus filhos e filhas.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

FESTA DE SÃO SIMÃO E SÃO JUDAS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 6,12-19)(28/10/21)

Caríssimos, a Igreja hoje celebra a Festa dos Apóstolos são Simão e são Judas, dois dos doze escolhidos pessoalmente por Jesus depois de passar a noite toda em oração ao Pai certamente tratando dessa escolha. De fato, ser chamados e escolhidos pelo Senhor sem dúvida é um grande privilégio, e isso em todas vocações, mas não basta sentir-se chamados, é preciso empenho, generosidade, fidelidade e amor para perseverarmos até o fim no seguimento do Senhor.

O monge beneditino, Rupert de Deutz, (sec. XI) comentando sobre a escolha dos Apóstolos escreveu: "A Verdade disse aos apóstolos: «O Espírito Santo, o Paráclito, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas» (Jo 14,26). Com efeito... quando viram descer as línguas e o fogo divino pousou sobre cada um deles (cf At 2,3), os apóstolos perceberam subitamente, por meio de uma iluminação interior, todas as Escrituras e todos os profetas, penetrando nos segredos que estavam ocultos aos escribas e aos fariseus, aos sábios e aos doutores da Lei.

Deste modo, cumpriu-se a palavra do Senhor: «Ocultaste estas coisas aos sábios e as revelaste aos pequeninos» (Mt 11,25). Estes homens iletrados não foram, pois, ensinados pelos homens, mas maravilhosamente instruídos pelo Espírito Santo, que é Espírito de inteligência (cf. Is 11,2) e lhes abriu os tesouros das Escrituras."

De fato, o Senhor Jesus também os havia ensinado: "O discípulo não é mais que o mestre, o servidor não é mais que o patrão. Basta ao discípulo ser tratado como seu mestre, e ao servidor como seu patrão. (Mt 10,24-25a). Ou seja, se faz necessário amar o Senhor e dar-se a Ele totalmente no cumprimento da missão, como Ele o fez em sua relação com o Pai, certos de que o Senhor é fiel e permanece conosco até o fim.

Portanto, caríssimos, no batismo todos fomos chamados pessoalmente pelo Senhor Jesus e instruídos interiormente pelo Espírito Santo de forma que temos consciência de que Ele é tudo para nós, e sem Ele nada somos, nada podemos, porque, de fato, somente Ele tem Palavras de vida eterna.

Destarte, como vimos pelo exemplo do Senhor Jesus no Evangelho de hoje, a intimidade com Deus Pai por meio da oração, é o que garante a precisão das nossas escolhas e decisões, porque são tomadas segundo os seus desígnios.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

SÃO POUCOS OS QUE SE SALVAM?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Lc 13,22-30)(27/10/21)

Caríssimos, sabemos que o espaço, a largura e o cumprimento nos são necessários para compreendermos os limites e também as leis da natureza, pois, é por elas que nos regemos naturalmente; todavia, também sabemos que tudo isso vem de Deus que nos dá conhecer tais leis a fim de que o encontremos nelas. 

Com efeito, o tema dessa liturgia de hoje se baseia na especulação de alguém da multidão que pergunta a Jesus: "Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” Ou seja, querendo limitar a ação divina e a nossa. E como sempre o Senhor não responde diretamente, mas para nos fazer compreender a partir da nossa prática de vida, diz ao seu interlocutor: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão." 

De certo, essa resposta pode até parecer dura e qualquer ouvinte pode querer interpretar assim; no entanto, pelo fato de sermos obras das mãos de Deus, criados à sua imagem e semelhança, Ele nos enviou o Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo como a Porta pela qual entramos na sua infinita misericórdia para recebermos o seu abraço eterno de Pai.

Na primeira leitura são Paulo nos ensina que é o Espírito Santo quem nos ajuda a alcançar a plenitude da comunhão com Deus, nosso Pai, para assim vivermos na sua presença ressuscitados com Cristo. E tudo isso Ele faz por meio da oração: "Irmãos, o Espírito vem em socorro da nossa fraqueza. Pois nós não sabemos o que pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis."

Portanto, caríssimos, quem ama o Senhor Jesus e o segue fielmente vive na alegria do Espírito Santo mesmo quando passa por diversas provações como nos ensinou São Tiago: "Considerai que é suma alegria, meus irmãos, quando passais por diversas provações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência. Mas é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma." (Tg 1,2-4).

Destarte, que fique para nós esta lição tirada desta liturgia de hoje: de fato, não se entra no Reino de Deus fazendo a própria vontade, mas sim a vontade de Deus, e a vontade de Deus é o Senhor Jesus, única porta da salvação para toda a humanidade.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

O REINO DE DEUS É SEMELHANTE A UM GRÃO DE MOSTARDA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Lc 13,18-21)(26/10/21)

Caríssimos, como somos felizes por conta da certeza do nosso devir eterno preparado por Deus para seus filhos e filhas por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; pois, sem essa esperança não poderíamos viver em paz e muito menos dar a paz que nos vem do Senhor por confiarmos Nele incondicionalmente. De certo, nesta liturgia de hoje o Senhor Jesus nos ensina que o Reino de Deus se faz presente neste mundo, mas não é deste mundo.

Com efeito, ao contemplarmos a grandeza da criação nos seus mínimos detalhes vemos o quanto Deus nos ama e cuida de nós para que nada nos falte. De modo que, somente quando pecamos é que perdemos as graças que nos são dadas, porque as trocamos por aquilo que não é de Deus; daí percebemos o motivo de tantos sofrimentos, de tanta violência, morte e dor, pois, tirar do Senhor o governo de nossa vida para da-lo ao inimigo de nossas almas, é fazer uma escolha infeliz, e perder-se nos labirintos da maldade que leva ao desespero eterno os que fazem tal escolha.

Na primeira leitura são Paulo nos ensina a respeito do devir eterno: "Irmãos, Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós. De fato, toda a criação está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos de Deus. Também ela espera ser libertada da escravidão da corrupção e, assim, participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus." Ou seja, da vida eterna.

Meditando o Evangelho desta liturgia, vemos que o Senhor Jesus faz uma analogia sobre o Reino de Deus a partir de uma semente de mostarda laçada no solo; e ainda do fermento que uma mulher mistura à massa, e a faz crescer e se tornar alimento que dá vida. 

De fato, o Reino de Deus que Ele nos revela é a herança eterna que nos espera e que já começa aqui; ora, ele se encontra em nossas almas como uma semente de mostarda que cresce em solo fecundo ou ainda como o fermento que faz crescer a massa até que produza o resultado esperado por Deus por acolhermos as suas graças e permanecermos fiéis a Ele até o fim.

Portanto, caríssimos, peçamos ao Senhor Jesus a graça da fidelidade e da obediência perfeita para que, conduzidos pelo Espírito Santo, cresçamos no conhecimento, no amor e na bondade que de Deus recebemos para darmos os frutos de justiça e santidade todos os dias de nossa vida. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

A FÉ SEM OBRAS É MORTA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Lc 13,10-17)(25/10/21).

Caríssimos, o nosso modo de pensar e viver a fé quando feito segundo os nossos critérios, tende a pôr limite em tudo até mesmo nas ações de Deus, e com isso, deixamos de amar por conta do rigorismo e do querer impo-lo aos outros; ora, o resultado nefasto desse desvario é queda no pecado do juízo de valor, que se torna um veneno para a alma.

No Evangelho de hoje "Jesus estava ensinando numa sinagoga, em dia de sábado. Havia aí uma mulher que, fazia dezoito anos, estava com um espírito que a tornava doente. Era encurvada e incapaz de se endireitar. Vendo-a, Jesus chamou-a e lhe disse: 'Mulher, estás livre da tua doença.' Jesus colocou as mãos sobre ela, e imediatamente a mulher se endireitou, e começou a louvar a Deus."

O chefe da sinagoga ficou furioso, porque Jesus tinha feito uma cura em dia de sábado. E, tomando a palavra, começou a dizer à multidão: 'Existem seis dias para trabalhar. Vinde, então, nesses dias para serdes curados, mas não em dia de sábado.' O Senhor lhe respondeu: 'Hipócritas! Cada um de vós não solta do curral o boi ou o jumento, para dar-lhe de beber, mesmo que seja dia de sábado?

Esta filha de Abraão, que Satanás amarrou durante dezoito anos, não deveria ser libertada dessa prisão, em dia de sábado?' Esta resposta envergonhou todos os inimigos de Jesus. E a multidão inteira se alegrava com as maravilhas que ele fazia."

Com efeito, escreveu são Tiago: "A fé sem as obras é morta". (Tg 2,17). Desse modo, quem faz da fé um instrumento de opressão morre no pecado da hipocrisia sem jamais conhecer o amor de Deus. De fato, o modo de agir do Senhor Jesus foge de todos os esquemas e da falsa interpretação da Palavra de Deus; assim Ele nos ensina que o amor é o único critério que nos liberta de todo o mal, e nos leva a fazer o bem.

Portanto, caríssimos, como nos ensinou o Senhor, nada pode impedir de vivermos o amor de Deus que nos cura, salva e nos faz feliz; e foi tentando impedir o amor do Senhor que os seus inimigos se envergonharam; enquanto que, "a multidão inteira se alegrava com as maravilhas que ele fazia." De fato, Deus não cabe nos critérios nem nos esquemas humanos; o único espaço sagrado onde o encontramos, é o coração de nossas almas, criadas "à sua imagem e semelhança." 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 24 de outubro de 2021

HOMILIA DO XXX DOM DO TEMPO COMUM...


 Homilia do XXX DOM Tempo Comum(Mc 10,46-52)(24/10/21)

Caríssimos, esta liturgia de hoje nos apresenta um episódio profundamente edificante, trata-se do encontro do cego Bartimeu com o Senhor Jesus, que envolvido por uma grande multidão, partia de Jericó para Jerusalém. Ora, durante esse trajeto, Bartimeu que estava ali pedindo esmola, escutou que o Senhor passava diante de si, por isso, se pôs a gritar o seu nome em alto e bom som, devido o barulho da multidão: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”

Com efeito, alguns detalhes deste encontro do cego Bartimeu com o Senhor Jesus, muito nos ajuda a tirar alguns lições para crescermos em nossa relação com Deus, conosco e com a opinião dos outros. A princípio Bartimeu sofreu uma forte oposição contra a sua postura de fé, ao chamar o nome do Senhor: "Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!”

E esta é a primeira lição: jamais escutarmos as vozes contrárias à vontade de Deus presente em nossa oração, porque somente Deus conhece a intenção do nosso coração, e por isso, escuta a nossa prece e nos responde não obstante aqueles que dizem que a nossa oração é inútil ou no mínimo incomoda, como vimos nesse episódio.

De certo, como nem tudo é oposição à nossa fé, alguns dos que seguiam com o Senhor Jesus, ao sentirem que Ele chamava Bartimeu, logo o encorajaram: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama!” Ora, isso significa que quando vivemos em sintonia com o Senhor Jesus e entre nós, tudo fazemos para que a vontade de Deus se realize na vida de quem mais necessita das suas graças.

De certo, tam um outro detalhe muito importante em nosso encontro com o Senhor por meio da oração perseverante, como o fez Bartimeu quando Jesus lhe perguntou: “O que queres que eu te faça?” Ele respondeu: “Mestre, que eu veja!” Ora, parece óbvio que Jesus sabia o que o cego queria, no entanto, a sua pergunta é de suma importância para entendermos que a fé tudo alcança para muito além daquilo que aos nossos olhos é óbvio.

Portanto, caríssimos, existe ainda outros dois detalhes que nos chama à mesma pratica: "O cego jogou o manto, deu um pulo e foi até Jesus." Jesus disse: “Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho." Ora, isso significa que Bartimeu ao encontrar-se com Jesus, deixou o homem velho para trás e iluminado com a Luz do Senhor, o seguiu firmemente rumo à Jerusalém, ou seja, rumo à terra prometida da salvação. 

De fato, tudo mudou totalmente em sua vida. E se nós seguimos o Senhor, mas pouco ou nada mudamos, é porque não nos deixamos iluminar pela luz da fé Nele, isto é, continuamos cegos embora enchergando naturalmente.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 23 de outubro de 2021

MISERICÓRDIA E CONVERSÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 13,1-9)(23/10/21)

Caríssimos, quem põe sua vida à disposição da vontade de Deus, dá sempre frutos de conversão e salvação, porque acolhe com amor os seus ensinamentos como adubos que fecundam a alma para dar os frutos das graças recebidas. Por outro lado, quem não se põe disponível à vontade de Deus, continua estéril como a figueira da parábola contada por Jesus no Evangelho de hoje.

Com efeito, na primeira leitura são Paulo nos ensina que fomos libertados por Cristo para vivermos segundo o Espírito Santo presente em nossas almas, por isso, não é livre ainda que vive segundo a carne, ou seja, segundo à própria vontade: "Irmãos, não há mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. Pois a lei do Espírito que dá a vida em Jesus Cristo te libertou da lei do pecado e da morte." (Rm 8,1-2).

De fato, "A verdadeira liberdade consiste, então, viver em Cristo, participando de sua própria vida, que goza de uma liberdade suprema, já que não está sujeita a nenhuma lei, exceto a lei do amor. Sendo assim, o Espírito Santo se põe no centro de nossa existência, impedindo que outras forças nos condicionem, algo que é impossível à Lei Mosaica, já que é uma realidade externa, e nisto consiste sua maior limitação." (Fra Salvatore).

Daí, continua são Paulo: "Os que vivem segundo a carne aspiram pelas coisas da carne; os que vivem segundo o Espírito, aspiram pelas coisas do Espírito. Na verdade, as aspirações da carne levam à morte e as aspirações do Espírito levam à vida e à paz. Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. Vós não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o Espírito de Deus mora em vós." (Rm 8,5-6.8).

Portanto, caríssimos, escutemos o Papa Francisco a respeito da nossa cooperação com a Divina Misericórdia: "Todos temos necessidade de nos converter, de dar um passo em frente, e a paciência de Deus, a misericórdia, acompanha-nos nisto. Não obstante a esterilidade, que às vezes marca a nossa existência, Deus tem paciência e oferece-nos a possibilidade de mudar e fazer progressos no caminho do bem.

Por isso, "Podemos confiar infinitamente na Sua Misericórdia, mas sem abusar dela. Jamais devemos justificar a preguiça espiritual, mas aumentar o nosso esforço para correspondermos prontamente à esta Misericórdia com sinceridade de coração." (Papa Francisco, Angelus, 24/03/19).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

ATENTOS AOS SINAIS DOS TEMPOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 12,54-59)(22/10/21)

Caríssimos, como cristãos temos que entender que o confrito com a mentalidade deste mundo é constante enquanto dermos tempo e espaço para ela em nossas almas; todavia, se deixamos o mundo e sua mentalidade, que é sempre contrária à vontade de Deus, então, vencemos o mundo e a nós mesmos, dando a Deus o que é de Deus, ou seja, a nossa vida, o nosso tempo e toda a nossa ocupação. 

Ora, isto significa que ao permitir o Senhor Jesus governar a nossa vida, pondo em prática a Sua Santa Palavra, é Ele mesmo que nos governa e nos conduz à plenitude da vida eterna, bem como nos ensinou: "Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida." E ainda: "Referi-vos essas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo." (Jo 8,12;16,33).

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos ensina à estarmos atentos aos sinais dos tempos e a fazermos com Ele uma leitura precisa do que está acontecendo para não nos deixar enganar pela mentalidade deste mundo que não passa de engano, tentando tirar o nosso tempo e desviar a nossa atenção para as coisas fúteis, e assim nos mergulhar nos conflitos que são próprios daqueles que se afastaram de Deus, para viverem na indiferença, na tibieza e sem esperança alguma.

Com efeito, por graça de Deus, conhecemos as nossas fraquezas, mas também conhecemos o que nos faz fortes para resistirmos às tentações do maligno, ou seja, a vida de oração, a vida sacramental, as obras de caridade e o amor fraterno, porque sem essas graças facilmente somos enganados e vencidos pelo inimigo de nossas almas.

Por isso, se faz jus lembrar que o nosso livre arbítrio é o nosso paraíso neste mundo e a sua chave é a santa obediência à vontade de Deus, expressa nos seus santos mandamentos, por ela resistimos às siladas do maligno, não o deixando entrar no paraíso do nosso livre arbítrio, para isto jamais devemos dialogar com as tentações que chegam à nossa mente, pois, Eva se deixou enganar ao dialogar com a antiga serpente.

Portanto, caríssimos, o cristão que está atento olha sempre com Cristo para o sinais dos tempos para não se deixar enganar por nada deste mundo; e a isso chamamos de discernimento dos espíritos, que é o dom do Espírito Santo, que nos faz sanar todos os conflitos pela adesão incondicional à vontade de Deus.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

TODOS SOMOS CHAMADOS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Lc 12,39-48)(20/10/21)

Caríssimos, a todos os batizados sejam consagrados à vida religiosa ou leigos, o Senhor Jesus confiou os seus bens eternos para que os experimentem e os distribua com todos que encontram a caminho do Seu Reino. Trata-se dos seus ensinamentos e da vivência dos mesmos, e das obras de misericórdia com as quais socorremos os mais necessitados; trata-se também da transmissão da fé e da educação dos filhos, para os casados; e ainda da vivência dos Sacramentos, do estudo da Palavra e da vida de oração.

Desse modo, compreendemos que todos somos responsáveis em transmitir a Boa Nova da salvação para a salvação de todos, pois, como o Senhor mesmo disse: "Eu não vim para ser servido, mas para servir e dar a vida por muitos", e ainda: "Há mais alegria no céu por um só pecador que se converte do que por noventa e nove justos." Desse modo, vemos o quanto é importante o testemunho da nossa fé e da vivência de todas as virtudes eternas que de Deus recebemos.

No Evangelho de hoje o Senhor nos mostra que no cumprimento da missão os administradores dos mistérios de Deus precisam da fidelidade e da prudência como também da disponibilidade em bem servir para se ater seguros na administração dos seus bens. Desse modo, quem assim se comportar, receberá a recompensa de todos os seus bens." Contanto, que sirvamos por amor a Ele e não por interesse.

Por outro lado, nos alerta a respeito da negligência daqueles que recebem a missão, mas não correspondem aos cuidados necessários para bem cumpri-la, tratando mal os que lhes foram confiados, de modo que à esses Ele diz: "o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o partirá ao meio e o fará participar do destino dos infiéis." Ou seja, assim como existe a recompensa para os bons servos, existe também a punição para os maus.

Portanto, caríssimos, toda missão tem seus riscos, mas também seu triunfo, permaneçamos fiéis em meio às tribulações e os desafios de fé que enfrentamos neste mundo, certos de que o Senhor Jesus jamais nos abandona, pois, como Ele nos mostrou, para o mundo a sua morte de cruz foi um fracasso, mas para nós que Nele acreditamos pela graça do Espírito Santo, ela é a vitória sobre a morte e sobre os poderes do inferno.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

A ESPERANÇA É A VIRTUDE QUE NOS ENCHE DA ALEGRIA DO CÉU...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Lc 12,35-38)(19/10/21)

Caríssimos, a esperança é a virtude que nos enche da alegria incomparável dos ressuscitados com Cisto, pois ela nos leva a pensar sempre no devir, isto é, no vir a ser eterno em que nenhum mal existirá, onde todos seremos Um com Cristo que reinará por toda a eternidade. De fato, nada se compara à esta graça, em que Deus será tudo em todos, e nada nos faltará.

Com efeito, isso não é uma utopia, ou fruto da nossa imaginação, mas sim o que Deus pôs em nossos corações ao nos criar "à sua imagem e semelhança," porque sem essa esperança nada faria sentido na existência, uma vez que que tudo o que somos, vemos e temos naturalmente se tornará pó, cinza e nada mais. No entanto, pela graça do Espírito Santo, por meio da fé, o nosso coração repousa em Deus por maiores que sejam as tribulações que sofremos neste mundo.

O Evangelho de hoje é de uma beleza poética indescritível, nele o Senhor Jesus faz uma analogia entre os acontecimentos presentes e os que se darão no futuro, nos ensinando o quanto precisamos nos preparar para esse momento: “Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrirem, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater.

Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade, eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar!”

Portanto, caríssimos, todos nós estamos nessa mesma condição de espera, por isso, não podemos perder tempo com este mundo nem com as coisas deste mundo, basta-nos a graça do Senhor para nos manter vigilantes até a sua vinda gloriosa. Ora, não importa quanto tempo ainda temos aqui, o que importa mesmo é esse encontro que o Senhor determinou em sua divina benevolência para nos acolher com o seu abraço paternal como aquele que Ele deu no filho pródigo.

Destarte, esperemos firmemente no Senhor, pois quem Nele espera sabe que "a esperança não decepciona. Porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado." (Rm 5,1-5). Ergamos pois, as nossas cabeças e elevemos as nossas mãos para o céu, pois, o Senhor Jesus nos ama e nos chama a segui-lo fielmente até o fim. 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

COMO SENTIR-SE CHAMADO PELO SENHOR...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 10,1-9)(18/10/21)

Caríssimos, sentir-se chamado e enviado por Jesus, é tudo o que precisamos para cumprir a nossa missão de anunciar o Reino de Deus e a sua justiça. Ora, ao escolher os setenta e dois discípulos o Senhor os instruiu a não perderem tempo, nem se preocuparem com nada, não se apegarem as coisas deste mundo, mas anunciar a paz e que "O Reino de Deus está próximo”.

De fato, em nossos dias vemos muitos anunciadores, porém, poucos verdadeiramente escolhidos e enviados pelo Senhor, e isso acontece por duas razões: primeira, muitos deles são mercenários, ou seja, põe a Bíblia debaixo do braço, mas com o intuito de ganhar dinheiro e nada mais; segunda, pregam de tudo, menos a verdade, basta ver as contradições de sua prática de vida, e o pior de tudo, são conscientes do pecado que cometem como os antigos fariseus.

De certo, como todos prestaremos contas a Deus por tudo o que fizermos, se faz necessário que realmente nos sintamos chamados e confirmados por meio do Santo Padre e dos bipos em comunhão com ele postos à frente da Santa Igreja para guiar o rebanho do Senhor. E como vimos no envio de hoje, a obediência às instruções do Senhor, por meio dos nossos pastores, é um dos fundamentos para cumprirmos a missão que o Senhor nos confia por meio deles.

Portanto, caríssimos, o que realmente distingue o verdadeiro discípulo de Cristo e revela o seu chamado, é a vida de oração, a dedicação ao anúncio da Palavra de Deus acompanhado da sua prática, a renúncia de si mesmo e a certeza que depende cem por cento do Espírito Santo nas ações realizadas em prol do anúncio da salvação eterna das almas.

Destarte, escutemos humildemente o Senhor Jesus: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita. Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós." (Lc 10,2-6).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.
 

HOMILIA DO XXIX DOM DO TEMPO COMUM


 Homilia do XXIX Dom do Tempo Comum (Mc 10,35-45)(17/10/21)

Caríssimos, por que o sacrifício expiatório de Cristo é tão necessário para a nossa salvação? Porque ele restabelece a nossa amizade com Deus estremecida pela desobediência dos nossos primeiros pais. Ora, todo pecado é uma ofensa contra Deus e só pode ser reparado e apagado mediante o sacrifício do Seu amado Filho. Desse modo, o maior pecado, isto é, a morte cruenta de Jesus, tornou-se para nós a fonte inesgotável da nossa salvação.

De fato, com o Advento do pecado a obra da criação tomou um outro rumo diferente daquele estabelecido por Deus, nosso Pai criador; no entanto nem por isso Ele desistiu de sua obra, pelo contrário, enviou o seu Filho amado para restabelece-la à sua originalidade; todavia, elevada-a à tamanha plenitude que nenhuma ação seja dos homens ou dos anjos decaídos poderá contradizer a ordem restabelecida pelo sacrifício expiatório de Cristo.

Desse modo, tudo o que parecia perdido por conta do pecado, com a vinda de Cristo, tudo tomou um novo sentido, pois, Ele estabeleceu o Reino dos céus como meta a ser alcançada pela graça da sua Redenção, por ter padecido o castigo que pesava sobre nós: "Nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade. Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve. E uma vez chegado ao seu termo, tornou-se autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem. Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos." (Hb 5,7-9; 4,14b).

Portanto, caríssimos, uma vez que o Senhor Jesus restabeleceu todas as coisas à sua originalidade, pelo perdão dos nossos pecados, cabe a nós segui-lo fielmente, porém, com a mesma postura que Ele nos apresentou no Evangelho de hoje: “Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. Mas, entre vós, não deve ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”. (Mc 10,42-45).

Destarte, sigamos com humildade esta exortação de são Paulo: "O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e gozo no Espírito Santo. Quem deste modo serve a Cristo, agrada a Deus e goza de estima dos homens. Portanto, apliquemo-nos ao que contribui para a paz e para a mútua edificação." (Rm 14,17-19).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

O NOSSO LIVRE ARBÍTRIO, É O NOSSO PARAÍSO NESTE MUNDO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Lc 12,49-53)(21/10/21)

Caríssimos, o cristão é aquele que porta Cristo consigo, como Cristo porta o Pai, como Ele mesmo disse: "Quem me vê, vê o Pai. Eu e o Pai somos um". (Jo 12,45; 10,30). De igual modo também disse são Paulo: "Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim." (Gl 2,20). Ora, também nós, como filhos e filhas de Deus, devemos ter essa mesma postura diante de Deus e diante dos homens.

De fato, toda vida bem sucedida é fruto da vivência das virtudes eternas que de Deus recebemos, pelas quais o transparecemos ao fazermos tudo segundo a sua santa vontade. Desse modo, compreendemos que tudo que vivemos nasce da graça de Deus em nós, uma vez que sem Ele nada podemos por nós mesmos.

Na primeira leitura são Paulo fala aos novos convertidos o quanto é importante viver em estado de graça para vencerem às tentações e todo o mal do qual se libertaram, diz ele: "Agora, porém, libertados do pecado, e como escravos de Deus, frutificais para a santidade até a vida eterna, que é a meta final. Com efeito, a paga do pecado é a morte, mas o dom de Deus é a vida eterna em Jesus Cristo, nosso Senhor."

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus disse aos seus discípulos: "Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão." Ora, mas o que significa isso? Significa que nem todos seguem Cristo, e como Ele nos ensinou: "Quem não está comigo está contra mim; e quem não ajunta comigo, espalha." (Mt 12,30).

Portanto, caríssimos, não podemos ter um coração dividido, em outras palavras, não podemos seguir a Cristo e ao mundo, como nos ensinou São João: "Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai. Porque tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida - não procede do Pai, mas do mundo. O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente." (Jo 2,15-17).

Destarte, prestemos bem atenção, pois estamos em luta contra o mundo e contra o mal que nele se apresenta, de modo que essa divisão é claríssima, e revela quem segue o maligno, como ainda nos ensina são João: "É nisto que se conhece quais são os filhos de Deus e quais os do demônio: todo o que não pratica a justiça não é de Deus, como também aquele que não ama o seu irmão." (1Jo 3,10).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 16 de outubro de 2021

O AUTÊNTICO TESTEMUNHO DA FÉ EM CRISTO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 12,8-12)(16/10/21)

Caríssimos, desde a primeira vinda de Jesus até os nossos dias, a Igreja nunca deixou de sofrer perseguições, porém, quanto mais perseguida, mais amada, mais querida, mais protegida por Deus que lhe faz crescer em meio ao sacrifício de seus inúmeros mártires. Bem como constatou Tertuliano (sec. II): “O sangue dos mártires é a semente dos cristãos”. (Tertuliano, Apologético, 50,13). 

De fato, nada se compara ao amor de Deus, mas por que será que os homens não buscam esse amor preferindo a mentira, o ódio, a violência e a maldade? Ora, vivemos num mundo onde a maioria busca todo tipo de facilidade, por isso, procuram satisfações fugazes, se deixando dominar pelo espírito de luxúria, corrupção e tudo aquilo que contraria o amor de Deus.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus dá um alerta decisivo para toda humanidade: “Todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, o Filho do Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus. Mas aquele que me renegar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus." (Lc 12,8-9). Ou seja, o viver nosso de cada dia é um testemunho a favor ou contra o Senhor.

Com efeito, é muito mais fácil viver acomodado do que navegar contra a corrente mundana que tenta a todo custo apagar o nome do Senhor Jesus da história da humanidade, por isso, muitos estão deixando o verdadeiro testemunho do Senhor para se deixar levar pelas ideologias, pelas seitas protestantes, filosóficas, espiritualistas e tantas outras difícil até de enumerar.

Portanto, caríssimos, estamos realmente passando pelos últimos acontecimentos da história da humanidade, e é exatamente por isso, que o maligno tem aumentado a sua fúria tentando nos devorar, porque ele sabe que pouco tempo lhe resta.

Destarte, peçamos humildemente ao Senhor Jesus a graça da sua divina misericórdia e o escudo de proteção do Espírito Santo para resistirmos aos ataques do maligno. E que a Santíssima Mãe de Deus interceda por nós juntamente com São José e todos os santos e santas para sermos fiéis até o fim, como nos ensinou o Senhor (cf. Mt 24,13). 

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

TUDO É POSSÍVEL AO QUE CRÊ...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 12,1-7)(15/10/21)

Caríssimos, a fé é um dom de Deus que nos foi dado para vivermos em estado de graça fazendo em tudo a sua santa Vontade, de modo que por meio dela, tudo podemos alcançar até mesmo transportar montanhas ao mar se essa for a vontade de Deus em vista da nossa salvação. De fato, quem vive da fé permanece em comunhão com Ele todo tempo, como uma criança que depende dos seus pais totalmente. 

No entanto, devido a confiança depositado em nós mesmos e no que podemos, frequentemente caímos no pecado da autossuficiência que nos leva ao apego egoísta, desordenado, tirando de nós a confiança inabalável em Deus que sempre age por meio da sua divina providência e nada nos deixa faltar.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos recomenda a termos cuidado com o fermento dos fariseus, ou seja, a não fundamentar a vivência da fé nas aparências ou na própria vontade, mas sim na convivência com Deus que nos faz transparecer o seu querer e o seu agir em todos os sentidos da vida.

Atentos escutemos então o Senhor: “Tomai cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido. Portanto, tudo o que tiverdes dito na escuridão, será ouvido à luz do dia; e o que tiverdes pronunciado ao pé do ouvido, no quarto, será proclamado sobre os telhados."

Desse modo, o Senhor nos ensina que Deus, nosso Pai, está no comando de tudo, por isso, não tenhamos medo das perseguições e nem mesmo da morte: "Pois bem, meus amigos, eu vos digo: não tenhais medo daqueles que matam o corpo, não podendo fazer mais do que isto. Vou mostrar-vos a quem deveis temer: temei aquele que, depois de tirar a vida, tem o poder de lançar-vos no inferno. Sim, eu vos digo, a este temei." (Lc 12,6-7).

Portanto, caríssimos, fiquemos certos disto, no dia do juízo final todos seremos julgados pelo Justo Juiz, nosso Senhor Jesus Cristo, por isso, precisamos estar preparados; de fato, deste mundo nada levamos a não ser aquilo que aqui praticamos, desse modo, quem planta as virtudes santas as terá em abundância; quem não as planta nada de bom colherá. Destarte, peçamos humildemente ao Senhor que por sua divina misericórdia e o seu infinito amor, nos conceda viver em tudo segundo a sua santa vontade.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

A VERDADE LIBERTA SEMPRE...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Lc 11,47-54)(14/10/21)

Caríssimos, a verdade liberta sempre, mas somente a quem a reconhece, se arrepende e pede a sua libertação, caso contrário, todos os que a rejeitam permanecem no pecado, tratando logo de persegui-la, tentando calar a sua voz por meio de falsas acusações, calúnias, difamação e todo tipo de falcatruas e insídias, como os fariseus fizeram contra o Senhor Jesus, à ponto de tramarem a sua morte e a executarem tão brutalmente.

Com efeito, a Lei de Deus é caminho de perfeição, pois obedece-la é obedecer ao próprio Deus que nos fala diretamente por meio dela; todavia, quando os homens se apossam dos seus preceitos para interpreta-los conforme as suas inclinações pecaminosas, os deformam e passam a agir contra Deus, tornando-se impossível qualquer abertura para se converterem e seguirem na estrada certa que os leva à salvação.

De fato, a Lei de Deus foi posta no coração dos homens para os levar ao Senhor Jesus Cristo, como bem observa são Paulo: "todos pecaram e estão privados da glória de Deus, e a justificação se dá gratuitamente, por sua graça, em virtude da redenção realizada em Jesus Cristo." (Rm 3,23-24). Ora, não viver em conformidade com essa Pedagogia Divina, é perder-se no labirinto infindo das próprias contradições.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus mais uma vez chama a atenção dos seus algozes a fim de que se convertam e vivam, mas os mesmos se apossaram do poder que lhes fora confiado por Deus para receberem o Seu Filho como o Messias; e usaram desse poder não para o receber, mas, para tramar contra a sua vida, e com isso, caíram nos laços do próprio pecado e no precipício da perdição infinita.

Portanto, caríssimos, ouçamos então com atenção redobrada esta Palavra do Senhor Jesus: "Ora, este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram más. Porquanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas aquele que pratica a verdade, vem para a luz. Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em Deus." (Jo 3,19-21).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

O TRIBUNAL DA NOSSA CONSCIÊNCIA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 11,42-46)(13/10/21)

Caríssimos, dentro de cada um de nós existe o tribunal da consciência, e é nesse tribunal que somos julgados e ensinados por Deus a não julgarmos uns aos outros, mas, a sermos misericordiosos com todos a fim de que nos concentremos somente na prática dos santos mandamentos, no amor e na justiça; porque é isso que consiste o nosso caminho de santidade.

Na primeira leitura são Paulo nos ensina a não julgarmos uns aos outros porque todos somos pecadores, pois, não julgar significa olhar os outros com misericórdia para não levarmos em nossas almas nem os pecados nem a imagem negativa uns dos outros, porque se o fizermos, como nos ensinou o santo Apóstolo, julgamos e condenamos à nós mesmos.

No Evangelho de hoje o Senhor Jesus reprova a prática religiosa dos fariseus por conta da hipocrisia, pois, viviam a fé só de aparências, "deixando de lado a justiça e o amor de Deus", desse modo, tornavam-se "como túmulos que não se veem, sobre os quais os homens andam sem saber”. E depois de indagado por um mestre da lei que se sentiu ofendido, acrescentou: “Ai de vós também, mestres da Lei, porque colocais sobre os homens cargas insuportáveis, e vós mesmos não tocais nessas cargas, nem com um só dedo”.

Portanto, caríssimos, o nosso viver gera frutos que fazem muito bem às nossas almas e também à dos outros quando o que praticamos tem como fundamento a Palavra do Senhor Jesus e os exemplos de todos os que o seguiram fielmente, de modo especial o de sua Mãe, Maria Santíssima. Por outro lado, quando o nosso viver não é o Evangelho vivo do Senhor, torna-se pedra de tropeço para nós e para os outros por conta do falso testemunho que gera a hipocrisia.

Destarte, peçamos ao Senhor Jesus pela intercessão da Sua Mãe, Maria Santíssima, a graça de sermos conduzidos pelo Espírito Santo, para que assim, o nosso viver dê frutos abundantes de salvação e vida eterna, pois, quem segue o Senhor fazendo a sua santa vontade torna-se coerente em tudo o que vive e faz.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

SOLENIDADE DE NOSSA SENHORA APARECIDA...


 SOLENIDADE DE NOSSA SENHORA APARECIDA... (12/10/21)


Pronunciamento do Papa são João Paulo II no Brasil na Solenidade de nossa Senhora Aparecida (12/10/80)

“Viva a Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida! Viva a Virgem Imaculada, a Senhora Aparecida!”

Desde que pus os pés em terra brasileira, nos vários pontos por onde passei, ouvi este cântico. Ele é, na ingenuidade e singeleza de suas palavras, um grito da alma, uma saudação, uma invocação cheia de filial devoção e confiança para com aquela que, sendo verdadeira Mãe de Deus, nos foi dada por seu Filho Jesus no momento extremo da sua vida para ser nossa Mãe.

Sim, amados irmãos e filhos, Maria, a Mãe de Deus, é modelo para a Igreja, é Mãe para os remidos. Por sua adesão pronta e incondicional à vontade divina que lhe foi revelada, torna-se Mãe do Redentor, com uma participação íntima e toda especial na história da salvação. Pelos méritos de seu Filho, é Imaculada em sua Conceição, concebida sem a mancha original, preservada do pecado e cheia de graça.

Ao confessar-se serva do Senhor (Lc 1,38) e ao pronunciar o seu sim, acolhendo “em seu coração e em seu seio o mistério de Cristo Redentor, Maria não foi instrumento meramente passivo nas mãos de Deus, mas cooperou na salvação dos homens com fé livre e inteira obediência.

Sem nada tirar ou diminuir e nada acrescentar à ação daquele que é o único Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, Maria nos aponta as vias da salvação, vias que convergem todas para Cristo, seu Filho, e para a sua obra redentora. Maria nos leva a Cristo, como afirma com precisão o Concílio Vaticano II: “A função maternal de Maria, em relação aos homens, de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; antes, manifesta a sua eficácia. E de nenhum modo impede o contato imediato dos fiéis com Cristo, antes o favorece”.

Mãe da Igreja, a Virgem Santíssima tem uma presença singular na vida e na ação desta mesma Igreja. Por isso mesmo, a Igreja tem os olhos sempre voltados para aquela que, permanecendo virgem, gerou, por obra do Espírito Santo, o Verbo feito carne. Qual é a missão da Igreja senão a de fazer nascer o Cristo no coração dos fiéis, pela ação do mesmo Espírito Santo, através da evangelização? 

Assim, a “Estrela da Evangelização”, como a chamou o meu Predecessor Paulo VI, aponta e ilumina os caminhos do anúncio do Evangelho. Este anúncio de Cristo Redentor, de sua mensagem de salvação, não pode ser reduzido a um mero projeto humano de bem-estar e felicidade temporal. Tem certamente incidências na história humana coletiva e individual, mas é fundamentalmente um anúncio de libertação do pecado para a comunhão com Deus, em Jesus Cristo. 

De resto, esta comunhão com Deus não prescinde de uma comunhão dos homens uns com os outros, pois os que se convertem a Cristo, autor da salvação e princípio de unidade, são chamados a congregar-se em Igreja, sacramento visível desta unidade humana salvífica.

Por tudo isto, nós todos, os que formamos a geração hodierna dos discípulos de Cristo, com total aderência à tradição antiga e com pleno respeito e amor pelos membros de todas as comunidades cristãs, desejamos unir-nos a Maria, impelidos por uma profunda necessidade da fé, da esperança e da caridade. Discípulos de Jesus Cristo neste momento crucial da história humana, em plena adesão à ininterrupta Tradição e ao sentimento constante da Igreja, impelidos por um íntimo imperativo de fé, esperança e caridade, nós desejamos unir-nos a Maria. 

E queremos fazê-lo através das expressões da piedade mariana da Igreja de todos os tempos. A devoção a Maria é fonte de vida cristã profunda, é fonte de compromisso com Deus e com os irmãos. Permanecei na escola de Maria, escutai a sua voz, segui os seus exemplos. Como ouvimos no Evangelho, ela nos orienta para Jesus: Fazei o que ele vos disser (Jo 2,5). E, como outrora em Caná da Galiléia, encaminha ao Filho as dificuldades dos homens, obtendo dele as graças desejadas. Rezemos com Maria e por Maria: ela é sempre a “Mãe de Deus e nossa”.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 10 de outubro de 2021

VAI, VENDE TUDO QUE TENS, DEPOIS VEM E SEGUE-ME!


 Homilia do XXVIII Dom do tempo comum (Mc 10,17-30)(10/10/21)

Caríssimos, olhando para tudo o que existe percebemos que todas as coisas tem sua finalidade e esta consiste em servir, ou seja, em fazer o bem para o qual Deus, nosso Pai, as criou. Não viver isso, é fechar-se em si mesmo numa atitude egoísta, para apegar-se aos bens que passam, não percebendo que tudo pertence somente a Deus que nos sustenta na vida. 

De fato, a vida é muito boa, porque é um dom de Deus para si e para os outros; sem essa finalidade tudo o que vivemos perde o sentido eterno de ser. Existe uma belíssima frase atribuída ao Papa Francisco, que muito nos ajuda a compreender o verdadeiro sentido da vida: “Os rios não bebem sua própria água; as árvores não comem seus próprios frutos. O sol não brilha para si mesmo; e as flores não espalham sua fragrância para si. Viver para o bem de todos é uma regra da natureza."

No Evangelho de hoje alguém se dirige a Jesus perguntando: "Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna? Jesus respondeu: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém." E depois lhe indica a via dos santos mandamentos. Ao que ele logo respondeu: “Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude”.

Jesus olhou para ele com amor, e disse: “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!” Mas quando ele ouviu isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico. Jesus então olhou ao redor e disse aos discípulos: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!”

Portanto, caríssimos, a fé que se baseia no apego aos bens materiais só causa desânimo e tristeza ainda que exista a intenção de viver segundo os santos mandamentos. De modo que, conforme o Senhor, a prática dos santos mandamentos nos levam para o céu somente quando os vivemos por amor a Deus.

Destarte, a Sabedoria que vem de Deus é mais desejável que todos os tesouros deste mundo, uma vez que todos os bens materiais não passam de cinza que se esvai quando do juízo final.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

DE COMO SERÁ O JUÍZO FINAL...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Lc 11,27-28)(09/10/21).

Caríssimos, não tem como pensar em Deus sem se ligar a Ele, seja pela fé, para ama-lo e acolhe-lo; ou, então, pela incredulidade para julga-lo e ofende-lo; o certo é que não tem como ignora-lo ainda que o queiram. No entanto, quem se liga a Ele para ama-lo e obedece-lo permanece no seu amor, cresce em santidade e justiça, e dá frutos da salvação eterna que o Senhor Jesus veio nos conceder.

No primeira leitura o Profeta Joel assim descreve o Juízo Final: “Levantem-se e ponham-se em marcha os povos, rumo ao Vale de Josafá; ali me sentarei como juiz para julgar todas as nações em redor." De certo, conforme o Catecismo da Igreja: "O Juízo final terá lugar quando acontecer a vinda gloriosa de Cristo. Só o Pai sabe o dia e a hora, só Ele decide sobre a sua vinda. Pelo seu Filho Jesus Cristo. Ele pronunciará então a sua palavra definitiva sobre toda a história. 

Nós saberemos, então, o sentido último de toda a obra da criação e de toda a economia da salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais a sua providência tudo terá conduzido para o seu fim último. O Juízo final revelará como a justiça de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas pelas suas criaturas e como o seu amor é mais forte do que a morte."

Em suma: "A mensagem do Juízo final é um apelo à conversão, enquanto Deus dá ainda aos homens «o tempo favorável, o tempo da salvação» (2 Cor 6, 2). Ela inspira o santo temor de Deus, empenha na justiça do Reino de Deus e anuncia a «feliz esperança» (Tt 2, 13) do regresso do Senhor, que virá «para ser glorificado nos seus santos, e admirado em todos os que tiverem acreditado» (2 Ts 1, 10). (CIC 1040/41). 

Portanto, caríssimos, todo o tempo que ainda temos até o dia do juízo final, é tempo de nos prepararmos por meio da prática da Palavra de Deus, como nos ensinou o Senhor Jesus no Evangelho de hoje ao ouvir uma mulher que a Ele se dirigiu com o seguinte elogio: “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram”. Ao que respondeu: “Muito mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”.

Destarte, o Senhor Jesus disse isso para compreendermos que a sua Mãe, Maria Santíssima, o recebeu no seu seio porque amou a Deus e o obedeceu em tudo, como ela mesma disse: "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra." (Lc 1,38).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

A LUTA CONTRA O MALIGNO...


PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 11,15-26)(08/10/21).

Caríssimos, a luta contra o maligno é travada a todo instante, por isso, precisamos tanto da graça de Deus para vencermos esse terrível inimigo de nossas almas, pois, quem não vive em estado de graça se expõe mais facilmente às suas tentações, sendo as mais comuns às dos sentidos, que nos induz ao pecado através do olfato, paladar, visão, audição e tato.

Mas, o que é mesmo uma tentação? É tudo o que tira a nossa atenção das coisas de Deus para po-la nas coisas inúteis com as quais nos deparamos no nosso dia a dia, e que nos leva ao vazio existencial, por falta de comunhão com o Senhor. Por isso, escutemos atentamente o que Ele nos diz nesta exortação: "Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca." (Mt 26,41).

Na primeira leitura vimos que Deus estabeleceu um tempo no qual há de vir para julgar os vivos e os mortos, é o chamado dia do Senhor ou do juízo final, em que Ele exercerá a justiça em toda a sua plenitude e fará novas todas as coisas, dissipando para sempre toda espécie de maldade.

No Evangelho de hoje escutamos o Senhor Jesus dizer: "Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa." (Lc 11,23). Ora, disse isso após ser acusado falsamente por ter expulsado um demônio de um homem. De fato, todos aqueles que não fazem a vontade de Deus, não acolhem as ações do Senhor, e por isso, emitem falsos juízos caíndo no precipício do pecado contra o Espírito Santo.

Portanto, caríssimos, quem acolhe o Senhor Jesus, acolhe os tesouros das virtudes eternas que nos leva a viver em constante estado de graça. Por outro lado, quem não o acolhe dispersa "as energias atrás de gratificações fáceis e ilusórias que os esvaziam, os privam da força humana e espiritual e criam frustrações.

Destarte, "o Senhor Jesus é o único em quem a humanidade pode esperar confiante, porque não somente ele é o Amor feito carne, mas é também aquele que nos ensina a viver plenamente, mostrando que somos feitos do céu e para o céu." (Pe Matteo Prettico).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.
 

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

MEMÓRIA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 1,26-38)(07/10/21). 

Caríssimos, na vida estamos sempre encontrando algo ou alguém agradável ou não, dependendo das situações vividas ou ainda das circunstâncias providenciais, ou das inesperadas. No entanto, o encontro mais agradável que existe é o encontro que fazemos com Deus, "porque é em Deus que vivemos, nos movemos e somos" (At 17,28a), de forma que ninguém deixa de ter esse encontro ainda que muitos, por conta do livre arbítrio, o ignorem ou se tornem indiferentes. 

De certo, o encontro com Deus se dá pela fé, pela oração ou pela ocasião preparada por Ele para nos receber e nos surpreender com o aconchego do seu amor caso o acolhamos em nosso coração. Mas ele também pode acontecer em meio a dor causada pelo pecado, e pelo vazio existencial; outros ainda o encontram na alegria por uma vida repleta de virtudes. No entanto, seja no sofrimento ou na alegria, o encontro com o Senhor é a única via que nos conduz à verdadeira felicidade.

Com efeito, a Igreja hoje celebra a memória de Nossa Senhora do Rosário; de fato, o Rosário é a oração do encontro por excelência, e por isso, se torna uma das mais fervorosas e poderosas, pois, nela encontramos Maria, a Mãe do Senhor, que nos faz adentrar com ela no seio da Santíssima Trindade, a quem apresenta as nossas intenções, os nossos anseios, e o nosso desejo de santidade.

Amados irmãos e irmãs, a oração que fazemos não é uma lista de pedidos que apresentamos a Deus, como se esse fosse o único motivo para encontra-lo. Ao contrário, o real sentido da nossa oração é o amor filial com que nos dirigimos a Ele como a um Pai que nos ama infinitamente e por isso mesmo nos quer em permanente comunhão com Ele e entre nós num amor sem igual em que nada nos falta. 

Portanto, caríssimos, que a nossa oração não seja um ato egoísta, exigente, impositivo; mas sim um encontro amoroso, um diálogo agradável feito de bons propósitos, do desejo de santidade e da ação de graças por tudo o que de Deus recebemos todos os dias, a todo instante, pois, quem reza assim nada lhe falta, ao contrário, tem em abundância para dividir com todos.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

A EFICÁCIA DA ORAÇÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Lc 11,1-4)(06/10/21)

Caríssimos, a oração eficaz é aquela que chega aos céus e é logo atendida, isto significa que por ela realizamos a vontade de Deus, ou seja, vivemos tão intimamente ligados a Ele que podemos rezar como o Senhor Jesus rezou antes da ressurreição de Lázaro: "Pai, rendo-te graças, porque me ouviste. Eu bem sei que sempre me ouves." (Jo 11,41-42a).

Exortando sobre o dom da oração, assim escreveu são Maximiliano Maria Kolbe: "A oração, e só a oração, é uma arma eficaz na luta pela liberdade e a felicidade das almas. E porquê? Porque uma finalidade sobrenatural só se alcança com meios sobrenaturais.

O Paraíso, ou seja, se assim podemos exprimir esta realidade, a divinização da alma, é uma realidade sobrenatural no sentido mais completo da palavra, e um fim que não conseguimos alcançar com as nossas forças naturais. Temos de recorrer a um meio sobrenatural: a graça de Deus.

E só conseguimos obte-la pela humildade e a oração confiante. Só a graça ilumina a nossa inteligência e fortifica a nossa vontade; ela é o meio para obter a conversão, isto é, a libertação da alma dos laços do mal.

A conversão e a santificação da alma é e será sempre obra da graça divina. Sem a graça de Deus, nada podemos fazer neste domínio, nem com a palavra viva, nem com a nossa insistência, nem com nenhum outro meio exterior. Peçamos, pois, a graça, para nós e para os outros, com uma oração humilde, com mortificação e com a fidelidade no cumprimento das nossas tarefas mais simples e mais habituais. 

Quanto mais perto de Deus está uma alma, mais preciosa é para Deus; quanto mais O ama, mais é amada por Deus; só então pode ajudar os outros de forma eficaz, tanto mais que os seus pedidos lhe são concedidos com maior facilidade e amplitude." (São Maximiliano Maria Kolbe, OFMConv. mártir - Conversa de 1924 e carta de 01/12/1940).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

MARTA E MARIA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA

(Lc 10,38-42)(05/10/21)

Caríssimos, na vida estamos sempre aprendendo e assim será até o dia em que Deus nos chamar no último instante do nosso viver; de modo que, quando aprendemos as lições da vida eterna que Ele nos ensina facilmente chegamos à perfeição que tanto precisamos para nos sentir seguros na sua presença praticando o bem que de antemão preparou para sermos santos como Ele é Santo.

No Evangelho de hoje, logo após a história do Bom Samaritano, Lucas coloca a visita de Jesus a Marta e Maria, com uma intenção precisa. A parábola do Bom Samaritano nos ensina como recebemos o ser humano; a visita de Jesus à casa de Marta e Maria nos ensina como recebemos a Deus. Ao próximo acolhemos por meio do serviço em sua necessidade; enquanto que a Deus acolhemos por meio da primazia da escuta. 

As figuras de Maria e Marta representam duas atitudes possíveis: a atitude de Marta, que é a personificação daqueles que servem a Jesus de acordo com a própria vontade. Marta o acolhe da maneira como pensava, ou seja, com uma série de disposições e obras, enquanto Jesus gostaria de ser acolhido por meio da primazia da escuta. 

De fato, a escolha de Maria torna-se muito interessante e preciosa graças ao contraste - a palavra deve ser tomada em sentido bem natural - como o que sua irmã diz e faz. Interessante não porque o que Marta faz deve ser desprezado, na verdade, é um serviço muito precioso e até aquele momento Jesus a deixou faze-lo sem lhe dizer nada; porém, é preciosa porque Maria está ali para nos lembrar de forma concreta estas palavras de Jesus: "O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus." 

Portanto, caríssimos, servir aos outros por amor a Deus é uma honra, não um fardo. Vamos servir com alegria, como a Virgem Maria serviu a Isabel ou no casamento em Caná; ou como Jesus ao lavar os pés dos Apóstolos na Última Ceia. Em suma, sirvamos em paz sem nunca perder o bom humor.

Destarte, estejamos bem cientes: há algo santo, algo divino escondido nas situações mais comuns que vivemos, cabe a cada um de nós descobrir; ou sabemos como encontra-lo em nosso cotidiano, ou nunca o encontraremos. Sua Palavra nos faz viver a bondade, a integridade e o sentido de nossa vida à medida que a nossa fé se baseia em nosso encontro cotidiano com o Senhor Jesus.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

SOLENIDADE EM HONRA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA 

(Lc 10,25-37)(04/10/21)

Caríssimos, a Igreja hoje celebra a memória de são Francisco de Assis; e nós franciscanos celebramos solenemente o nosso seráfico pai fundador, ele que recebeu do Senhor Jesus os santos estígmas e viveu e morreu estigmatizado, isto é, sofrendo as mesmas dores do Senhor cruficicado no calvário. De fato, quem poderia imaginar um tão alto grau de santidade?

De certo, relatemos com devoção o seu processo de conversão ao beijar um leproso, ele que tinha ojerisa à essa doença: "são Francisco, depois do encontro com o leproso, vive novo modo de pensar, perceber e sentir a vida. Tudo aconteceu por iniciativa do Senhor. Foi conduzido por Deus a fazer uma experiência radical da misericórdia. Superou as barreiras do medo e do preconceito.

Aproximou-se do irmão leproso, relacionando-se com eleh horizontalmente, frente a frente. Esse encontro, significou o acolhimento da realidade humana, nua e crua. A misericórdia é um jeito de andar na contramão das relações formais e preestabelecidas. A misericórdia de Francisco levou-o a perceber que o leproso é maior que sua lepra; que o homem é maior que seus limites, e que o irmão e a irmã são maiores que seus pecados."

Por fim sigamos com amor e obediência esta santa exortação do nosso seráfico pai: "Lê e relê o Santo Evangelho para ter sempre diante da tua mente os atos, palavras e pensamentos de Jesus, para pensar, falar e agir como Ele. Daqui não levarás nada do que tens, levarás apenas o que deste. Se suportarmos as coisas com paciência e sofrermos tudo por amor a Ele: esta é alegria perfeita."

Portanto, caríssimos, rezemos então com são Francisco esta oração que ele fez diante do crucifixo de são Damião: "Ó glorioso Deus Altíssimo, iluminai as trevas do meu coração, concedei-me uma fé verdadeira, uma esperança firme e um amor perfeito. Dai-me! Senhor, o reto sentir e conhecer, a fim de eu que possa cumprir o sagrado encargo que na verdade acabais de dar-me. Amém."

E rezemos ainda: "São Francisco, vós que participastes dos sofrimentos de Cristo com paciência e alegria, vencendo a si mesmo, fazei que eu também encontre a perfeita alegria na identificação com Cristo Jesus pobre e crucificado. Amém."

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 3 de outubro de 2021

TRÂNSITO DO NOSSO SERÁFICO PAI SÃO FRANCISCO DE ASSIS...


 Trânsito de São Francisco de Assis

Ao cair da tarde de 3 de outubro de 1226, a febre aumentou e as forças reduziram-se como uma chamazinha que sai e não sai do pavio quase seco de óleo. Então Francisco quis ser colocado sobre a terra e pediu que cantassem. E ele também cantou, com os seus, o salmo 141, que fala do desejo de ir para Deus:

“Em voz alta ao Senhor eu imploro,

em voz alta suplico ao Senhor!

Eu derramo na sua presença

o lamento da minha aflição,

diante dele coloco minha dor!

Quando em mim desfalece a minh’alma, conheceis, ó Senhor, meus caminhos!

Na estrada por onde eu andava

contra mim ocultaram ciladas.

Se me volto à direita e procuro,

não encontro quem cuide de mim

e nem tenho aonde fugir; não importa a ninguém a minha vida!

A vós grito, Senhor, a vós clamo

e vos digo: ‘Sois vós meu abrigo,

minha herança na terra dos vivos’,

Escutai meu clamor, minha prece,

porque fui por demais humilhado!”

Quando, levados pela melodia, os frades começaram a cantar:

“Arrancai-me, Senhor, da prisão,

e em louvor bendirei vosso nome!

Muitos justos virão rodear-me

pelo bem que fizestes por mim”.

Francisco havia deixado seu corpo sobre a terra.

O Canto enfraqueceu e se apagou na boca dos frades, que recitaram o Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo como conclusão do salmo entre lágrimas e emocionados.

Fez-se silêncio na cabana. Parecia que a natureza ao redor tivesse emudecido.

Carta Encíclica de Frei Elias sobre o Trânsito de São Francisco, pág. 1453, das Fontes Franciscanas:

“Era luz verdadeira a presença de nosso irmão e Pai Francisco, não só para nós que compartilhávamos da mesma profissão de vida, mas também para os que estavam longe. Era, pois, luz, enviada pela luz que iluminava os que estavam nas trevas e na sombra da morte, para dirigir seus passos no caminho da paz. Isto ele fez, como verdadeira luz do meio-dia, que nascendo do alto, iluminava o seu coração e acendia a sua vontade com o fogo de seu amor… Seu nome é celebrado até os confins mais longínquos e todo o universo admira as maravilhas de sua obra.

(…) Alegremo-nos porque antes de ser arrebatado de nós, qual outro Jacó, abençoou todos os seus filhos e perdoou a todos por qualquer erro que tivesse cometido ou pensado contra ele…

(…) Enquanto era vivo, tinha um aspecto descuidado, não havia beleza em seu rosto; nenhum membro havia restado nele que não estivesse dolorido. Devido à contração dos nervos, seus membros estavam rígidos como os de um cadáver. Mas depois de sua morte, seu semblante ficou belíssimo, brilhando com admirável candura, alegrando a visão.

Portanto, irmãos, bendizei o Deus do céu e dai-lhe glória diante de todo o ser vivente, porque Ele usou de misericórdia para conosco. Guardai a lembrança de nosso Pai e Irmão Francisco para louvor e glória daquele que o engrandeceu entre os homens e o glorificou perante os anjos. Rezai por ele, conforme ele mesmo pediu antes de morrer e invocai-o para que Deus nos faça participantes com ele de sua santa Graça. Amém.

Fonte: “Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.

sábado, 2 de outubro de 2021

SANTO ANJO DO SENHOR...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 18,1-5.10)(02/10/21)

Caríssimos, a Igreja hoje celebra a memória dos santos anjos da guarda, ou seja, os mensageiros de Deus e nossos protetores como vemos no Livro do Êxodo: "Assim diz o Senhor: “Vou enviar um anjo que vá à tua frente, que te guarde pelo caminho e te conduza ao lugar que te preparei.

Respeita-o e ouve a sua voz. Não lhe sejas rebelde, porque não suportará as vossas transgressões, e nele está o meu nome. Se ouvires a sua voz e fizeres tudo o que eu disser, serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários. O meu anjo irá à tua frente e te conduzirá." (Ex 20, 20-23a).

De fato, o ministério dos santos anjos é servir a Deus nos seus filhos e filhas, e como vimos nessa primeira leitura, para protege-los e conduzi-los no caminho da salvação eterna que é Cristo Jesus; todavia, como também vimos, é possível ouvir os seus conselhos ou mesmo recorrermos a eles nas nossas necessidades para obtermos a graça da integridade física, psíquica e espiritual, e tudo isso por meio de nossas orações.

Com efeito, no Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos fala da necessidade de sermos pequenos como crianças para nos deixar conduzir e proteger pelo o ministério dos santos anjos, e desse modo, também nós sermos servidores daqueles que nos forem apresentados da parte de Deus. 

Portanto, caríssimos, a maior aliada das nossas almas é a santa inocência, à qual nos mantém na presença de Deus, livres a serviço do Seu Reino; orientados e protegidos pelo santos anjos, para assim cumprirmos a nossa missão, como eles cumprem a sua sempre que os ouvimos e cooperamos com eles.

Destarte, rezemos ao nosso anjo da guarda: "Santo anjo do Senhor meu zeloso e guardador, se a ti me confiou a piedade divina. Sempre me rege, me guarde, me governe, e me ilumine. Amém!"

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

TODO BATIZADO É UM ENVIADO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 10,1-12)(30/9/21)

Caríssimos, no Evangelho de hoje o Senhor Jesus "escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir." Ora, a primeira observação a ser feita é esta: Ele envia aqueles que escolheu pessoalmente, porém, com a seguinte recomendação: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos”. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita."

Comentando esse Evangelho escreveu santo Ambrósio: "Enviando discípulos para a messe que tinha sido bem semeada pelo Verbo do Pai, mas que precisava de ser trabalhada, cultivada, cuidada com solicitude para que os pássaros não roubassem a semente, Jesus declara-lhes: «Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos».

O Bom Pastor não teme que os lobos Lhe ataquem o rebanho; não enviou os seus discípulos para se tornarem presas deles, mas para difundirem a graça. A solicitude do Bom Pastor impede os lobos de atentarem contra os cordeiros que Ele envia. E envia-os para que se realize a profecia de Isaías: «O lobo e o cordeiro pastarão juntos» (Is 65,25). Além do mais, os discípulos têm ordem de nem sequer levar um cajado na mão.

Portanto, aquilo que o humilde Senhor prescreveu, também os discípulos o realizam através da prática da humildade. Porque Ele não os enviou a semear a fé pela coação, mas pelo ensino; não através da ostentação da força do seu poder, mas pela exaltação da doutrina da humildade. E considerou que era bom juntar a paciência à humildade, conforme o testemunho de Pedro: «Ao ser insultado, não respondia com insultos; ao ser maltratado, não ameaçava» (1Pe 2,23). 

Que é o mesmo que dizer: «Sede meus imitadores: abandonai o desejo de vingança, não respondais aos ataques da arrogância com o mal, mas com a paciência que perdoa. Que ninguém imite aquilo que recebe dos outros; a mansidão é muito mais forte como resposta aos insolentes».

Portanto, caríssimos, a paciência é a virtude que alimenta a nossa esperança e fortalece a nossa fé diante das provações deste mundo, principalmente quando se trata da missão evangelizadora recebida no batismo, como o Senhor Jesus instruiu os seus primeiros enviados: "Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo”. (Mt 28, 19-20).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

A IMPIEDADE IMPEDE A SALVAÇÃO...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 10,13-16)(01/10/21)

Caríssimos, quem recebe tanto e pouco ou nada dá, como pode querer usufruir das graças e da misericórdia de Deus? Ora, precisamos compreender que estamos neste mundo como missionários a serviço do Reino de Deus e da sua justiça, e assim anunciar a volta do Senhor Jesus, a sua Parusia definitiva; qualquer coisa fora dessa missão é apego à própria vontade ou mesmo esquecimento de quem somos e quais encargos recebemos. 

Na primeira leitura de hoje o Profeta Baruc chama a atenção do povo eleito pela desobediência e por fazer pouco caso de Deus e da sua proteção que se encontra nos seus santos mandamentos: "Ao Senhor nosso Deus, cabe justiça; enquanto a nós, resta-nos corar de vergonha, pois pecamos diante do Senhor e lhe desobedecemos e não ouvimos a voz do Senhor, nosso Deus, que nos exortava a viver de acordo com os mandamentos que ele pôs sob os nossos olhos." (BR 1,15a.17-18).

De fato, não podemos servir a Deus e ao mundo nos esquecendo que sem Deus nada somos nada podemos, como nos lembra são Tiago: "Pedis e não recebeis, porque pedis mal, com o fim de satisfazerdes as vossas paixões. Adúlteros, não sabeis que o amor do mundo é abominado por Deus? Todo aquele que quer ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." (Tg 4,3-4).

Com efeito, no Evangelho de hoje o Senhor Jesus censura as cidades de Corazin, Betsaida e Cafarnaum por sua impiedade e dureza de coração: “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas. Ai de ti, Carfanaum! Serás elevada até o céu? Não, tu serás atirada no inferno." E conclui exortando aos seus discípulos missionários: "Quem vos escuta a mim escuta; e quem vos rejeita a mim despreza; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou”. (Lc 10,13.15-16).

Portanto, caríssimos, a nossa missão neste mundo constitui o fundamento da nossa vida, ou seja, a salvação eterna das nossas almas e a de todos a quem anunciamos o Senhor Jesus presente nos seus ensinamentos, nos santos Sacramentos e nas virtudes do Espírito Santo que Dele recebemos no santo batismo.

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

Firefox