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domingo, 31 de março de 2024


 Homilia do Domingo de Páscoa (Jo 20,1-9)(31/3/24)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, a Igreja hoje celebra solenemente a Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus vivo. Ora, para nós essa se constitui a maior de todas as graças tendo em vista que a morte se apresentava como que invencível, uma vez que já nascemos morrendo e quando morremos só ficam as lembranças que, na verdade, se apagam com o tempo. 
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2. Todavia, nesse dia em que solenemente celebramos a Ressurreição do Senhor Jesus, a sua morte de cruz é o sinal de que Deus é invencível ainda que aos olhos daqueles que o crucificaram pareça morto. No entanto, como Ele havia anunciado: "O Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a reassumir. Tal é a ordem que recebi de meu Pai." (Jo 10,17-18).
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3. No Evangelho de hoje Maria Madalena vai ao túmulo do Senhor ainda de madrugada, mas não o encontra, por isso, vai correndo ao encontro dos Apóstolos e lhes diz: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”. (Jo 20,2b). "De fato, eles ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual Cristo devia ressuscitar dos mortos." (Jo 20,9).
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4. Com efeito, a ressurreição do Senhor Jesus, é para nós o primeiro dia da nossa eternidade, uma vez que o Senhor nos faz ressuscitar com Ele para a vida eterna mesmo que estejamos ainda no tempo. E isso se dá mediante o nosso batismo que significa morrer e ressuscitar com Cristo.
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5. Bem como nos ensina São Paulo: "Ou ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte pelo batismo para que, como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do Pai, assim nós também vivamos uma vida nova." (Rm 6,3-4).
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6. E disse ele ainda: "Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim." (Gl 2,20). Perguntemo-nos, então: como conviver com o Senhor ressuscitado e testemunha-lo?
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7. De fato, comungar Jesus ressuscitado presente realmente na Santa Eucaristia é ser um só como Ele em todos os sentidos da nossa vida, por isso, tudo o que é do Senhor é também nosso; pois, não viver essa dimensão da nossa fé, é permanecer ainda na morte, é não ressuscitar com Ele. 
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8. Portanto, caríssimos, viver a fé na ressurreição e conviver com Cristo ressuscitado para testemunha-lo, é sem dúvida alguma a nossa missão neste mundo; sem isso não compreendemos que Ele está vivo no meio de nós e caminha conosco para fazermos em tudo a vontade do Pai.
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Uma Santa e Feliz Páscoa do Senhor Jesus para todos.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 29 de março de 2024

SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DO SENHOR...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 18,1-19,42)(29/3/24). 

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, a cruz para muitos é sinal de fraqueza, é como que perder as espectativas e a esperança de um mundo novo e de uma vida melhor; é como se a morte fosse vitoriosa sobre tudo o que existe, é como se a vida não valesse nada. 
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2. Mas isto só para muitos, não para todos; porque na verdade: "A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina." (1Cor 1,18). Visto que a salvação é para todos os homens de todos os tempos, mas nem todos a acolhem de bom grado. 
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3. "Por isso, o que pregamos entre os perfeitos é uma sabedoria, porém não a sabedoria deste mundo nem a dos grandes deste mundo, que são, aos olhos daquela, desqualificados. Pregamos a sabedoria de Deus, misteriosa e secreta, que Deus predeterminou antes de existir o tempo, para a nossa glória. Sabedoria que nenhuma autoridade deste mundo conheceu (pois se a houvessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória)." (1Cor 2,6-8).
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4. Com efeito, ao contemplarmos Jesus pendurado e morto numa cruz, significa contemplar o céu aberto por sua morte e ressurreição; pois o seu sacrifício de cruz é a chave que abre as portas do Paraíso, antes fechadas pelo pecado. De fato, quem ainda vive no pecado tem o coração perturbado pelas investidas do maligno, pois o pecado é maldição, infelicidade, tristeza, enfermidade espiritual; é chaga aberta nas almas que por ele se deixam ferir.
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5. A esse respeito escutemos o Profeta Isaías: "Todos nós vagávamos como ovelhas desgarradas, cada qual seguindo seu caminho; e o Senhor fez recair sobre ele o pecado de todos nós. Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniqüidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas." (Is 53,6-8).
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6. Asssim as chagas abertas de Cristo, cura em nós as chagas abertas pelos pecados praticados, mas, desde que haja um sincero arrependimento, pois a misericórdia do Senhor é o remédio espiritual que nos cura; mas, é preciso o arrependimento, a confissão e a absolvição sacramental, para sermos totalmente curados e não termos mais nenhuma associação com o pecado. 
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7. "Através da cruz, a morte que se abateu sobre o gênero humano por ter comido do fruto da árvore foi hoje reduzida à impotência; pois a maldição que a nossa raça tinha herdado dos nossos primeiros pais foi apagada graças à descendência da puríssima Mãe de Deus, aquela que todos os poderes do Céu engrandecem.
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8. Foi na tua essência humana que sofreste, à maneira de um homem, a Paixão, e não na tua natureza divina, Senhor: impassível na tua divindade, foi na carne assumida que suportaste todos os sofrimentos; por isso Te louvamos, Senhor, em ambas as essências.
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9. Num desígnio de misericórdia, o Mestre aniquilou-Se a Si próprio por mim, suportando os sofrimentos da carne para compensar o meu nada; pela sua divindade, fez brotar da sua Paixão a minha impassibilidade, e coroou de honra a minha desonra, Ele que todos os poderes do Céu engrandecem.
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10. Pela tua divina condescendência, Senhor, o Hades foi posto em cativeiro e os mortos saltaram dos túmulos, porque Tu és agora a verdadeira Vida, aquele que põe fim ao reino da morte e ao poder do Hades, Tu, que todos os poderes do Céu engrandecem.
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11. Apesar de teres sido depositado no túmulo como um corpo inanimado, em virtude da tua divindade, Senhor, mostraste que és livre mesmo entre os mortos e ressuscitaste contigo, da corrupção do Hades, o primeiro homem e toda a sua raça, graças à tua adorável ressurreição; é por isso que, com os anjos, Te louvamos, a Ti, único Salvador. [...]
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12. A ti, Santíssima, que deste à luz o Verbo eterno que Se fez homem de modo extraordinário no teu seio, aquele que com o seu precioso sangue recriou o mundo e que o ilumina quando a cruz é exaltada, todos os poderes do Céu te engrandecem." (Livro das Horas do Sinai (século IX)
 Cânone em honra da cruz e da ressurreição, SC 486).
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Paz e Bem! 
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

quinta-feira, 28 de março de 2024

QUINTA-FEIRA SANTA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 13,1-15)(28/3/24)

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1. Caríssimos, hoje, quinta-feira santa, começa o Tríduo Pascal com a celebração e a benção dos santos óleos que serão usados nos Sacramentos do Batismo, Unção dos Enfermos e no Santo Crisma; também nessa Santa Missa todos os sacerdotes do mundo inteiro juntamente com os seus bispos renovam as promessas sacerdotais para servirem ao Senhor com renovado ardor para a salvação das almas que lhes foram confiadas.
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2. O Santo Crisma é a unção divina e salutar de todas as almas consagradas a Deus no Batismo, nele rebemos a plenitude do Espírito Santo; assim, por meio desse óleo santo, Deus unge nossas almas nos dotando de todas as graças, nos fazendo participantes do reinado do Seu Filho amado, nosso Senhor Jesus Cristo, da sua missão sacerdotal e profética. 
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3. Também nesta Santa Missa são abençoados o óleo dos enfermos, para curar o corpo e a alma dos que se encontram debilitados espiritual, moral e fisicamente; e o óleo dos catecúmenos, ou seja, daqueles que recebem o batismo e nascem da água e do Espírito Santo para a vida eterna.
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4. Também nesta liturgia de hoje, na Santa Missa noturna, teremos a celebração da Santa Ceia do Senhor com o lava pés, onde recordamos a instituição da Santa Eucaristia, Corpo e Sangue, Alma e Divindade de nosso Senhor Jesus Cristo presente realmente neste Sacramento, memorial da nossa salvação. Nesta celebração recordamos ainda a instituição do Sacerdócio e da Santa Missa.
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5. Portanto, caríssimos, Deus em Seu infinito amor de Pai tudo preparou por meio dos Sacramentos de Sua Santa Igreja para nos fazer participante de Sua Natureza Divina; quanto à nós basta que sejamos fiéis a todas as graças que por estes Sacramentos nos são concedidas para sermos santos como o Senhor nosso Deus é Santo.
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6. Amados irmãos e irmãs, meditemos com estas palavras de São João Maria Vianey a respeito do Santo Sacrifício da Missa, e da Santa Eucaristia, memorial da nossa salvação: "Quero falar-vos um pouco do que se entende por santo sacrifício da Missa. Sabeis que o santo sacrifício da Missa é o mesmo que o sacrifício da cruz, oferecido uma vez no Calvário. 
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7. A única diferença é que, quando Jesus Cristo Se ofereceu no Calvário, esse sacrifício era visível [...] e na Santa Missa Jesus oferece-Se ao Pai de uma forma invisível; ou seja, só vemos com os olhos da alma, não com os do corpo. Eis, meus irmãos, um resumo do que é o santo sacrifício da Missa.
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8. Mas para vos dar uma ideia da grandeza dos méritos da Santa Missa, meus irmãos, basta-me dizer-vos que ela faz as delícias de toda a corte celeste, alivia as pobres almas do purgatório, atrai para o mundo toda a espécie de bênçãos e dá mais glória a Deus do que todos os sofrimentos de todos os mártires, do que as penitências de todos os eremitas, do que todas as lágrimas que foram derramadas desde o princípio do mundo e o serão até ao fim dos tempos.
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9. Se me perguntardes a razão, ela é bem clara: todas estas ações são feitas por pecadores mais ou menos culpados; ao passo que, no santo sacrifício da Missa, é um Homem-Deus igual ao Pai que Lhe oferece o mérito da sua morte e da sua Paixão. É por isto, meus irmãos, que a Santa Missa tem um valor infinito." (São João Maria Vianney (1786-1859), presbítero, Cura de Ars).(Sermão para o 2.º Domingo depois do Pentecostes)
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 26 de março de 2024

A TRAIÇÃO É UM DOS PECADOS MAIS GRAVES...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 13,21-33.36-38)(26/3/24)

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1. Caríssimos, a tendência de olharmos e nos atermos aos problemas que se apresentam querendo nos desestruturar, é perder o ânimo, dada a nossa Impotência e fragilidade. Na primeira leitura de hoje o Profeta Isaías passa por essa prova: “Trabalhei em vão, gastei minhas forças sem fruto, inutilmente; entretanto o Senhor me fará justiça e o meu Deus dará recompensa”. (Is 49,4).
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2. E com isso nos ensina que diante de nossa fragilidade e desânimo, o Senhor nos revela que está sempre presente e nos envia para missões ainda maiores, pois a obra em que trabalhamos é Sua e é Ele mesmo que nos prepara para cumpri-la.
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3. Com efeito, quando o Senhor nos chama para uma missão Ele nos abre as comportas de suas graças para que fielmente a realizemos. De fato, Deus tudo criou sem nós, nos plasmou no ventre de nossas mães sem que tivéssemos consciência; mas, por sua divina misericórdia, nos chama à colaborarmos com Ele na obra da redenção realizada por seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.
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4. No Evangelho de hoje Judas é protagonista e símbolo daqueles que são chamados pelo Senhor para o acompanhar em sua missão salvadora, como os demais discípulos; mas, porque agem a partir dos interesses mestinhos e busca de vantagens pessoas ou projeção da própria imagem, deixam, com isso, o mal entrar em suas almas passando de discípulos à traidores de Deus. 
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5. Com efeito, somente quem tem uma visão geral da vida é que sabe lidar com as adversidades que tentam nos desestabilizar e tirar o essencial que somos. Ora, somente Deus conhece cada uma de suas criaturas, por isso, nos capacita com seus dons e virtudes para superarmos todas as adversidades deste mundo. 
6. O bom é ter a certeza de que o mal, apesar de todo barulho que faz e de toda maldade que semeia, nunca prevalecerá sobre o bem, e é isto que o Senhor Jesus nos garante com sua morte e ressurreição. Ora, Deus é Deus, e o seu poder é invencível, mesmo sendo traído, aparentemente subjugado e morto; tudo isso serve tão somente como prova da vitória da sua Onipotência eterna, ninguém o pode vencer; é Dele que depende todas as coisas.
7. Amados irmãos e amadas irmãs, a distância entre o tempo e a eternidade é um sopro de vida, isso nos diz que quem serve fielmente ao Senhor no tempo que lhe é dado, tem como herança a felicidade eterna. 
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8. Portanto, caríssimos, bem aventurados são aqueles que vivem fielmente seu chamado, pois sabem que o Senhor nunca os abandona, ao contrário, os fazem participantes de sua morte de cruz para que participem também da sua Ressurreição.
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9. Recitemos com amor e devoção este lindo hino da liturgia latina: "Desce o Verbo de Deus à nossa terra, sem deixar a direita de Deus Pai.
E, lançada a semente do Evangelho, o Senhor chega ao ocaso da vida.
Um discípulo O entrega aos inimigos; mas, antes de morrer, o Salvador entrega-Se aos discípulos, dizendo: "Sou o Pão vivo que desceu do Céu" (Jo 6,51).
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10. O corpo de Jesus é alimento, o seu sangue, bebida verdadeira. Viverá para sempre o homem novo que tomar deste pão e deste vinho.
Nascendo, quis ser nosso companheiro, na Ceia Se tornou nosso alimento,
na morte Se ofereceu como resgate, na glória será nossa recompensa.
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11. Hóstia Santa, penhor de salvação, perene manancial de eterna vida, o inimigo teima em combater-nos; salvai-nos com a vossa fortaleza.
Ao Senhor Uno e Trino demos glória, cantemos seu louvor por todo o sempre; a todos nos conceda a vida eterna, abrindo-nos as portas do seu Reino."
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(Liturgia latina - "Desce o Verbo de Deus", Hino de Laudes da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo)
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 25 de março de 2024

É NA FRAQUEZA QUE ÉS FORTE EM MIM


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 12,1-11)(25/3/24)

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1. Caríssimos, a liturgia de hoje é uma ação preparatória para o grande dia em que Jesus, o Filho de Deus, se entregará livremente nas mãos dos malfeitores para desse modo nos libertar definitivamente do poder do inferno e da morte que subjugou a humanidade por meio do pecado de desobediência dos nossos primeiros pais e também dos demais pecados cometidos em todos os tempos. 
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2. De fato, esta semana nos remete aos contrastes presentes deste episódio de que a Igreja faz memória e vive neste tempo litúrgico; por um lado relembra a traição, o sofrimento, a dor e a tristeza que resultou na paixão e morte do Senhor crucificado; por outro, transpõe tudo isso com a explosão de alegria pela sua vitoriosa ressurreição.
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3. Com efeito, o modo operante do Senhor nos revela que para além de todos os limites que o maligno tenta nos impor por suas ações maléficas, nada disso prevalece, uma vez que o Poder de Cristo é infinito e Ele age sempre por meio de Seus atributos divinos, bem como nos ensinou ao exortar São Paulo: "Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força." (2Cor 12,9a).
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4. Destarte, São Paulo nos exorta que como Ele suportou em seu corpo os sofrimentos de Cristo, nós também podemos suportar os mesmos; mas, sempre com a devida consolação do Senhor. Digamos, então, com Ele: 

5. "Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo. Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo." (Gl 6,14; 2Cor 12,9b).
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6. Meditemos então com estas palavras de Santa Gertrudes a respeito do Evangelho de hoje: "O Senhor [disse a Gertrudes]: Se também queres oferecer-Me o perfume que, segundo a Escritura, esta mulher derramou devotamente sobre a minha cabeça, depois de ter partido o vaso onde o levava (cf Mt 26,7), de modo que "a casa encheu-se com o perfume", fica sabendo que o farás de modo excelente amando a verdade. 
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7. Sim, aquele que ama a verdade e, para a defender, perde os amigos ou se expõe a outras provações, ou empreende fadigas, esse quebra verdadeiramente o vaso e derrama abundantemente sobre a minha cabeça o perfume precioso, de modo que a casa se enche do seu bom odor. E torna-se ocasião de bom exemplo».
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8. Ela respondeu: «Senhor, Maria comprou este perfume precioso; como posso eu honrar-Te como se tivesse feito uma compra de valor semelhante?». O Senhor respondeu: «Quem Me oferece a sua boa vontade num assunto que decide realizar por meu amor, por maiores que sejam as dificuldades que tenha de enfrentar, desde que vise a minha glória, está a comprar-Me um perfume preciosíssimo, que Me é muito agradável.
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9. Pois, ao preferir a minha honra à sua vantagem, expõe-se voluntariamente a mil inconvenientes. Sim ele compra-Me esse perfume, ainda que seja impedido de realizar o seu objetivo» (Santa Gertrudes de Helfta (1256-1301), monja beneditina
«O arauto», Livro IV, SC 255). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 23 de março de 2024

DEUS É FIEL...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 11,45-56)(23/3/24)

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1. Caríssimos, certa feita escreveu São Paulo: "Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada. Por isso, a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus." (Rm 8,18-19).
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2. No Evangelho de hoje vimos o absurdo com que o Senhor Jesus foi julgado digno de morte pelos mestres da Lei por ter ressuscitado Lázaro. Disseram eles: "Que faremos? Este homem realiza muitos sinais. Se deixamos que ele continue assim, todos vão acreditar nele, e virão os romanos e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação”.
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3. De fato, quem tem o coração fechado para Deus nem o mais sublime milagre poderá abri-lo; mas, nem por isso o Senhor deixa de manifestar a Sua Santa Vontade por meio de Sua Divina Misericórdia, que, como escreveu São Paulo, "superabunda onde o pecado abundou." (Rm 5,20).
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4. Uma mística inglesa do Sec. XIV, Juliana de Norwich, no seu livro "Revelações do Amor Divino", cap. 32, escreveu: "O nosso bom Senhor disse-me certa vez: «Todas as coisas vão acabar em bem»; e doutra vez disse-me: «Verás que tudo acabará em bem». Com estas palavras, a minha alma percebeu que Ele quer que saibamos que dá atenção, não somente às coisas nobres e grandes, mas também às que são humildes, pequenas, pouco elevadas, simples. É isto que Ele quer dizer quando declara: «Tudo, seja o que for, terminará em bem».
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5. "Porque neste mundo raciocinamos de forma tão cega, tão baixa, tão simplista que nos é impossível conhecer a sabedoria elevada e maravilhosa, o poder e a bondade da Santíssima Trindade. É como se Deus nos dissesse: «Tende o cuidado de acreditar e confiar em Mim, e no final vereis tudo na verdade, e portanto, na plenitude da alegria».
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6. Eis o comentário de Mons. Ângelo Spina: "No Evangelho de hoje, assistimos a uma conspiração contra Jesus, depois de ele ter ressuscitado o seu amigo Lázaro. Ao ressuscitar Lázaro, Jesus revela que Deus está do lado da vida e é o Senhor da vida. Este sinal gera fé em muitos, mas noutros gera medo, e "medo" é a palavra que afasta a mudança, fecha o coração e cria álibis. 
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7. É por isso que surge neles a pergunta: "Que havemos de fazer? Este homem faz muitos sinais! Se o deixarmos fazer isso, todos acreditarão nele e os romanos virão destruir o nosso lugar santo e a nossa nação! São estas as deduções que tiram de um acontecimento prodigioso! Temem que todos acreditem em Jesus e que esses prodígios e a fé nele sejam a causa de uma derrota nacional total. 
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8. Para defender um sinal que eles transformaram em ídolo, os chefes do povo rejeitam a novidade do sinal que Deus lhes oferece: o sinal da salvação. Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: "Vós não entendeis nada e não considerais que é melhor que morra um só homem pelo povo e não pereça toda a nação".
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9. Mais tarde, o evangelista João consegue captar nas palavras de Caifás, um profeta que ele não conhecia, e no pronunciamento do veredito de morte uma verdade dolorosa e escondida: a morte de Jesus será um gesto de amor e de salvação e romperá as fronteiras da primeira aliança, abrindo-as a todos os filhos de Deus. 
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10. O Deus fiel não pode negar-se a si mesmo, não pode negar-nos, não pode negar o seu amor, não pode negar o seu povo, não pode negar porque nos ama. Esta é a fidelidade de Deus. (Monsenhor Angelo Spina, Arcebispo de Ancona - Osimo). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 22 de março de 2024

QUEM ACOLHE A VERDADE, LIBERTA-SE DE TODO MAL...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 10,31-42)(22/3/24)

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1. Caríssimos, os homens que se entregam ao pecado não aceitam a verdade; e no Evangelho de hoje tal pecado foi o falso julgamento que fazeram de Jesus, desse modo, o rejeitaram mesmo reconhecendo as boas obras que Ele realizava. 
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2. E assim não acreditaram que Ele era o Messias, o Filho de Deus; pelo contrário, o acusaram de blasfêmia e queriam apredeja-lo; ora, quando isso acontece tais almas se tornam incapazes de reconhecer a verdade, e por consequência, deixam de fazer a vontade de Deus. Ou seja, acolher o seu Filho amado.
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3. Comentando este Evangelho disse o Mons. Ângelo Spina: "O que chama a atenção no Evangelho de hoje é a escolha da violência como falta de argumentos. A vida de Jesus não é fácil e não é só durante a semana da paixão. Ao longo de toda a sua vida, não tinha feito outra coisa senão testemunhar a presença do Pai através de obras de cura, de salvação, de consolação, de perdão e de misericórdia. 
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4.. Se tivesse ficado apenas nas obras, talvez não o tivessem condenado à morte, mas ele disse: "Eu e o Pai somos um". Os seus adversários compreenderam perfeitamente, é evidente: Jesus afirma ser o Filho de Deus. Numa última e tímida tentativa de se defender, o Mestre cita as Escrituras. 
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5. Mas nada, a tensão é enorme, a hostilidade contra ele atingiu o seu auge, nem mesmo os sinais, as boas obras que Jesus utiliza para sustentar a sua pretensão são suficientes, nem mesmo essas podem salvá-lo, pois para eles o Senhor ultrapassou todos os limites. Jesus tenta dialogar com os judeus, mas, perante as provas que apresenta, a única resposta que recebe é a da violência. 
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6. Sentir-se detentor da Verdade arma-nos por vezes contra os outros. A verdadeira prova de se estar na Verdade é a capacidade de dialogar sempre e com todos. Onde o mundo protesta, é aí que o cristão deve ser capaz de oferecer o martírio do diálogo, sempre, mesmo quando parece inútil, mesmo quando parece falhar. 
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7. No final, não importa se o que fizemos bem deu o resultado desejado. O Senhor pediu-nos para darmos testemunho disso e não para convencermos o mundo. É o testemunho que nunca devemos perder de vista e não os resultados a alcançar."
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8. Portanto, caríssimos, é triste o estado das almas que querem calar a voz da verdade ou a própria verdade em si mesma; ora, isso é sinal de que escolheram seguir a trilha da mentira em todos os sentidos da vida, por isso, são tomadas pelo o ódio infernal que as devora, tirando-lhes toda paz e alegria de viver.
9. Por isso, só acreditando em Cristo, permanecendo unidos a Ele, os discípulos, entre os quais também nós nos encontramos, podem continuar a sua ação permanente na história: "Em verdade, em verdade vos digo, diz o Senhor, quem acredita em mim fará também as obras que eu faço" (Jo 14,12)." (Bento XVI - Regina Caeli, 22 de maio de 2011). 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 20 de março de 2024

SER LIVRE É SER HUMILDE, É FAZER A VONTADE DE DEUS


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 8,31-42)(20/3/24)

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1. Caríssimos, a vida nos foi dada, e o que estamos fazendo com esse dom tão precioso que recebemos de Deus? Vivendo para Ele ou para nós mesmos? De fato, o grande problema da humanidade, é o "eu"; quando o "eu" é o critério para tudo, pensa que não precisa dos critérios divinos para a salvação, ou seja, da obediência aos seus santos mandamentos.
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2. Ora, se o "eu" determina tudo, não precisa de Deus, nem de nenhum salvador; porém, quem assim vive, cai no egocentrismo e se perde nele, pois, nenhum rio é perene sem a fonte que o gera e o sustenta. Logo, percebemos que não passamos de um sopro de vida, e no dia em que esse sopro se esvai, voltamos naturalmente ao pó que somos se não permanecermos na graça de Deus.
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3. Na primeira leitura o rei Nabucodonosor achava que não existia nenhum Deus que não os seus, ou seja, era ele quem tudo determinava e se alguém não lhe seguisse o faria perecer sob a morte mais cruel. E no entanto a fé de três jovens lhe mostrou que só existe um Deus e nenhum outro fora Dele. Ou seja, sem Ele nenhum ser subexiste por si mesmo.
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4. No Evangelho de hoje os pretensos contraditores de Jesus não se contentaram ao ouvirem do Senhor que, quem Nele crê, encontra a verdadeira liberdade, porque se torna filho de Deus. Aliás, são João tratando desse assunto, escreveu: "Considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não o conheceu.
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5. Caríssimos, desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que, quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como ele é. E todo aquele que nele tem esta esperança torna-se puro, como ele é puro." (1Jo 3,1-3).
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6. Portanto, caríssimos, aprendamos com o Senhor Jesus, pois a sua humildade nos ensina que dependemos de Deus cem por cento; bem como escreveu são Paulo: 
"Dedicai-vos mutuamente a estima que se deve em Cristo Jesus. 
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7. Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. (Fl 2,5-8).
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8. Comentando este Evangelho disse Mons Ângelo Spina: "No diálogo com Jesus, os judeus proclamam-se pessoas livres e filhos de Abraão. Protestam que nunca foram escravos de ninguém. Para Jesus, a liberdade e a escravidão são morais, enquanto os seus interlocutores entendem estes termos numa chave política. 
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9. Jesus fala de escravidão e de liberdade moral em relação ao pecado. Ensina que a verdadeira escravidão é a de ordem religiosa: é escravo aquele que peca. Pertencer a Jesus significa deixar que a sua Palavra se torne vida em nós e a alma da nossa liberdade. 
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10. Somente Ele, que é a liberdade em pessoa, nos pode tornar livres. Se continuarmos a pensar que podemos libertar a nós mesmos, continuaremos escravos. Muitas vezes damo-nos conta de que há coisas que nos escravizam, pensamos que só as podemos enfrentar com a nossa vontade e a nossa força, e os fracassos são evidentes. 
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11. Acolher Jesus na nossa vida significa deixar que Ele nos dê a verdadeira liberdade, não por um ato mágico, mas pela força misteriosa e concreta do seu amor. Porque quando deixamos que o seu amor chegue ao nosso coração, então uma força maior do que a nossa, e uma vontade mais forte do que a nossa, atua em nós e fazemos a experiência de ser "livres de", para sermos "livres para". (D. Angelo Spina, arcebispo de Ancona - Osimo - Itália).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 19 de março de 2024

SOLENIDADE DE SÃO JOSÉ, ESPOSO VIRGINAL DE MARIA E PAI VIRGINAL DE JESUS


 Solenidade de São José (Mt 1,16.18-21.24a)(19/3/24)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, todos os desígnios de Deus se realizam por meio da fé de seus filhos e filhas, porque esse dom nos leva a realização da sua vontade; aliás, todas as promessas do Senhor se cumprem por meio da fé, como o Senhor Jesus disse: "Tudo é possível ao que crer". (Mc 9,23)
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2. Por exemplo, o rei Davi acreditou e o Senhor realizou a promessa da estabilidade do seu reino por meio do nascimento do Seu Filho Jesus Cristo gerado pelo Espírito Santo no seio da Santíssima Virgem Maria, sua descendente direta, como vimos no Evangelho de hoje.
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3. Com grande alegria a Igreja hoje celebra a Solenidade de São José, esposo da Virgem Maria, pai virginal de Jesus, protetor da Sagrada Família e seu Patrono. Ora, "quando a providência divina escolhe alguém para uma graça particular ou estado superior, também dá à pessoa assim escolhida todos os carismas necessários para o exercício da sua missão. 

4. Isto verificou-se de forma eminente em São José, pai adotivo de nosso Senhor Jesus Cristo, esposo da Mãe de Deus, Rainha do céu e da terra, senhora dos anjos e dos santos."
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5. "Com efeito, ele foi escolhido pelo Pai eterno para ser o guarda fiel e providente dos seus maiores tesouros: o Seu Filho Jesus Cristo e a Virgem Maria sua mãe. E cumpriu com a máxima fidelidade sua missão. Eis por que o Senhor lhe disse: "Servo bom e fiel! Vem participar da alegria do teu Senhor!" (Mt 25,21).
6. De fato, São José, como diz o Evangelho desta Solenidade, era um homem justo, fiel e obediente, e isso o levou facilmente a seguir o que o anjo lhe revelou em sonho. Desse modo, ele foi o primeiro, depois de Maria, a conhecer o cumprimento da promessa da vinda do Messias, o Filho de Deus, descendente do rei Davi.
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7. Comentando a Solenidade de São José, disse o Papa Leão XIII: "A divina casa que José governou com autoridade de pai continha as primícias da Igreja nascente: sendo Mãe de Jesus, a Virgem santíssima é também a Mãe de todos os cristãos, que gerou no Calvário, no meio dos sofrimentos supremos do Redentor; e Jesus Cristo é o primogénito dos cristãos, seus irmãos por adoção e pela redenção (cf Rm 8,29). 
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8. Por estas razões, o bem-aventurado patriarca São José considera como estando-lhe particularmente confiada a multidão dos cristãos que compõem a Igreja, essa imensa família espalhada por toda a terra sobre a qual detém como que uma autoridade paterna, uma vez que é o esposo de Maria e o pai de Jesus Cristo. 
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9. É, portanto, natural e muito digno do bem-aventurado São José que, tal como provia outrora a todas as necessidades da família de Nazaré e santamente a envolvia com a sua proteção, cubra agora com o seu patrocínio celeste a Igreja de Jesus Cristo e a defenda."
(Leão XIII (1810-1903), papa - Quanquam pluries)
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10. Oremos: "Lembrai-vos de nós, São José, e intercedei com vossas orações junto de vosso Filho adotivo; tornai-nos também propícia vossa Esposa, a Santíssima Virgem, mãe daquele que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos sem fim. Amém."
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Paz e Bem!
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Fr Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 18 de março de 2024

POR QUE JULGAMOS TANTO O NOSSO SEMELHANTE?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 8,1-11)(18/3/24)

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1. Caríssimos, meditando as leituras desta liturgia, vemos como é fácil acusar e condenar os outros, mesmo carregando culpas maiores que as deles. Na verdade, isso não passa de projeção psicológica dos próprios pecados ou ainda o querer justifica-los. 
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2. Ora, ninguém faz algo sem alguma intenção ou no mínimo sem querer algo em troca; a não ser que aja por inspiração divina no exercício de algum ato de bondade ou de misericórdia; fora disso, é deixar-se conduzir pelo maligno que é sempre contra Deus, contra o próximo e contra nós mesmos.
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3. O fato é que vivemos num campo minado por todos os lados, pelas mais diversas tentações, cuja intenção principal é nos levar ao pecado e à morte que ele traz. Todavia, tanto na primeira leitura como no Evangelho de hoje, as armas que Deus nos concede para vencermos as tentações são a oração, a fidelidade e a coerência na prática da Sua Palavra, porque são sinais da sua presença em nossa vida.
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4. No Evangelho de hoje Jesus desafia os inquisidores que queriam que ele condenasse a mulher adúltera: "Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. Com isso o Senhor nos mostra que todos somos pecadores e que a Sua Divina Misericórdia é o único meio pelo qual somos perdoados e livres de todos os males.
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5. Decerto, escutemos então o nos diz o Senhor: "Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também." (Lc 6,36-38).
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6. Portanto, caríssimos, façamos um teste simples e direto, passemos pelo menos cinco minutos sem julgar seja quem for, seja o que for... Serão cinco minutos de silêncio interior para sentirmos o quanto precisamos da misericórdia do Senhor, e quanto precisamos ser misericordiosos. 
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sábado, 16 de março de 2024

O SERVO FIEL E HUMILDE FAZ SEMPRE O QUE O SEU SENHOR LHE ORDENA...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 7,40-53)(16/3/24). 

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1. Caríssimos, nunca se apossem dos dons de Deus como se eles fossem seus; exatamente porque são dons de Deus, seja tão somente um simples servo à serviço do Seu Reino, isto porque o Senhor garante sempre aqueles que Ele escolhe e envia. Mas muito cuidado, pois uma mente cheio de preconceito e juízo temerário, é o pior defeito que um servo pode ter. 
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2. Escutemos, então, estas palavras do Senhor Jesus: "Ou dizeis que a árvore é boa e seu fruto bom, ou dizeis que é má e seu fruto, mau; porque é pelo fruto que se conhece a árvore. Raça de víboras, maus como sois, como podeis dizer coisas boas? Porque a boca fala do que lhe transborda do coração." (Mt 12,33-34). 

3. Decerto, é bem como vimos no Evangelho de hoje em que os guardas por defender Jesus foram interpelados pelos fariseus: "Também vós vos deixastes enganar? Por acaso algum dos chefes ou dos fariseus acreditou nele? Mas esta gente que não conhece a Lei, é maldita!" (Jo 7,47-49). Ou seja, fé e juízo temerário nunca se misturam. Porque a fé é um dom de Deus; enquanto o juízo temerário é a rejeição dela. 
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4. De fato, a vontade de Deus é a única que nos dá a vida eterna, pois Ele enviou o Seu Filho como o Caminho, a Verdade e a Vida, para nos levar à sua glória, porém, quem o rejeita, perde-se completamente porque não existe um atalho que nos leve para o céu, todos os que lá estão passaram pela porta estreita da salvação, isto é, a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo.
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5. Com efeito, quem crê na verdade nunca se põe na vida como juiz, mas sim como um servo humilde da verdade e faz do desejo de santidade o objetivo pelo qual serve ao Senhor. Os que rejeitaram Jesus o fizeram porque seguiam os próprios critérios para crer e por isso o condenaram.
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6. Pelo contrário, os que Nele creram seguiram os critérios da coerência que viram em seu modo de ser, isto é, em total comunhão com a vontade do Pai. Pois o Senhor já o havia dito isto: "De mim mesmo não posso fazer coisa alguma. Julgo como ouço; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." (Jo 5,30).
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7. Amados irmãos e amadas irmãs, a lei foi dada como uma estrada para encontrar Jesus, mas por causa do radicalismo intransigente e da incoerência, ela se tornou "letra que mata", "pedra de tropeço para aqueles que se diziam detentores da lei, mas não faziam a vontade de Deus que estava na Lei, isto é, não aceitaram Cristo, como o Messias, o ungido do Pai. 
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8. De fato, o Senhor já os havia alertado: "Vim em nome de meu Pai, mas não me recebeis. Se vier outro em seu próprio nome, haveis de recebe-lo... Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros, e não buscais a glória que é só de Deus?" (Jo 5,43-44).
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9. Portanto, caríssimos, cuidado com a incoerência, pois ela é uma doença espiritual que mata a alma sufocada pelos preconceitos, que a desliga da fé totalmente, e por isso, é atormentada e tenta a todo custo atormentar os que não se submetem às suas intransigências e intolerância contra a verdade que os podia salvar. 
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9. Destarte, meditemos com atenção estas palavras de São Leão Magno: "Quando um homem se comporta mal, constrói para si próprio uma prisão na sua consciência, de modo que o seu coração o acusa, mesmo que de fora não lhe venha nenhuma acusação. Porque, quando a justiça de Deus o abandona à cegueira da sua maldade, o homem fica como que fechado dentro de si mesmo, sem encontrar um meio de fuga que não merece encontrar. 
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10. Com efeito, é frequente vermos pessoas que desejam escapar à perversidade dos seus atos, mas que, por estarem ao mesmo tempo esmagadas sob o peso desses atos, fechadas numa prisão de hábitos culposos, não conseguem fugir de si próprias." (São Gregório Magno (c. 540-604), papa, doutor da Igreja - Livro XI, SC 212). 
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Paz e Bem! 
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

sexta-feira, 15 de março de 2024

O CONHECIMENTO DE DEUS É OBEDIÊNCIA, É AMOR...

 

PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 7,1-2.10.25-30)(15/3/24)


O conhecimento de Deus se chama obediência e amor a Ele sobre todas as coisas...
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1. Caríssimos, ser cristão não é ser isento das tentações, mas sim, vencer tais tentações mantendo a comunhão com Cristo, dando a Ele o primeiro lugar em nossa vida, como Ele fez mantendo-se em comunhão com a vontade do Pai. 
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2. Com efeito, uma das tentações mais frequentes que chega a nossa mente é julgar tudo e todos, pondo-os sob o nosso controle, e quem sabe até mesmo Deus, como vimos na primeira leitura de hoje. Ora, quando caímos nessa tentação o resultado é terrivelmente nefasto a ponto de nos levar à confusão interior e uma dor na alma.
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3. Com efeito, viver em Cristo significa realizar em tudo a vontade do Pai, por meio da virtude da obediência e do amor incondicional a Ele, bem como nos ensina São João: "Eis como sabemos que o conhecemos: se guardamos os seus mandamentos.
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4. Aquele que diz conhecê-lo e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e a verdade não está nele. Aquele, porém, que guarda a sua palavra, nele o amor de Deus é verdadeiramente perfeito. É assim que conhecemos se estamos nele: aquele que afirma permanecer nele deve também viver como ele viveu." (1Jo 2,3-6).
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5. De fato, todos os que servem ao Senhor, passam pelas tempestades e os desertos desta vida incólumes, sem serem atingidos, mesmo que sofram os mais terríveis martírios por parte daqueles que se opõem à vontade de Deus. 
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6. Assim como vimos na história de Cristo e de todos os que o seguiram, pois, ainda que um inocente seja aparentemente derrotado pelas forças do maligno; é aí que se revela a Onipotência, a Onipresença e a Oniciência Divina, por isso, todo inocente vence sempre.
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7. Caríssimos, pela experiência que temos com o Senhor para nos manter em estado de graça, percebemos que tudo neste mundo passa rumo ao infinito do seu amor, desse modo, quando chegar a nossa hora, como chegou a Dele (cf. Jo 12,23), seremos totalmente livres de todas as contrariedades deste mundo por permanecermos fiéis até o fim no cumprimento da Sua vontade que é a nossa missão.
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8. Comentando o Evangelho de hoje disse o saudoso Papa Bento XVI: "O conhecimento de Deus se torna vida eterna. Claro, aqui por "conhecimento" queremos dizer algo mais do que conhecimento externo, como sabemos, por exemplo, quando uma pessoa famosa morre, e quando uma invenção foi criada. 
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9. Conhecer no sentido da Sagrada Escritura é tornar-se interiormente um com o outro. Conhecer a Deus, conhecer a Cristo significa ama-lo, tornando-se um só com Ele em virtude de conhecer e amar. A nossa vida torna-se, portanto, uma vida autêntica, verdadeira e eterna, se conhecermos Aquele que é a fonte de todo o ser e de toda a vida. 
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10. Desse modo, a palavra de Jesus torna-se um convite para nós: tornemo-nos seus amigos, procuremos conhece-lo cada vez mais! Vivamos em diálogo com ele! Aprendamos com ele a vida justa, tornemo-nos suas testemunhas! Então seremos pessoas que amam e fazemos o que é justo. Então vivemos na verdade." (Bento XVI - Santa Missa da Ceia do Senhor, 1º de abril de 2010).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

segunda-feira, 11 de março de 2024

HOMILIA DO 4 DOM DA QUARESMA...


 Homilia do 4°Dom. da Quaresma (Jo 3,14-21)(10/3/24)

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1. Amados irmãos e irmãs, existe neste mundo e em meio à invisibilidade da criação uma dicotomia, isto é, uma divisão nítida da realidade, claramente perceptível pelos efeitos causados devido os pecados consentidos e praticados. E para discernirmos isto basta olharmos e identificarmos o bem e o mal que está no mundo e de que lado dessa dicotomia nós estamos. 
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2. Com efeito, tal dicotomia se distingue por meio das palavras Verdade; Mentira, de forma que todo pecado é uma mentira que se distancia da verdade a cada passo dado para o encontro com o maligno, pai da mentira e de todos os mentirosos. 
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3. De fato, tudo para nós começa aqui e tem sua continuidade na eternidade, a partir das escolhas e decisões que tomarmos. Por isso, é preciso dizer sempre não à todo tipo de mentira que quer ser acolhida como se fosse verdade, mas que da verdade não tem absolutamente nada, porque má e só vem do mal. 
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4. A Verdade é Jesus Cristo, o Filho de Deus Vivo, que enviado pelo Pai a este mundo dissipa toda e qualquer mentira na visibilidade e invisibilidade da criação. Bem como nos ensina são João: "Aquele que peca é do demônio, porque o demônio peca desde o princípio. Eis por que o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio." (1Jo 3,8).
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5. Com efeito, a fé que Deus nos deu no batismo por meio do Seu Espírito, nos leva à unidade perfeita com Cristo, autor e consumador de nossa Salvação; com Ele, por Ele e Nele nos sentimos seguros sem medo do futuro juízo que se aproxima à cada instante de nossa partida deste mundo; todos os que morreram já foram pessoalmente julgados (cf. Hb 9,27).
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6. O Evangelho de hoje revela que o Senhor Jesus é o Sinal que Deus nos deu para à nossa adesão à Ele que é o Pai de nossas almas e a nossa Fonte inesgotável de vida e santidade. “Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna." (Jo 3,14-15).
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7. Falando sobre esta adesão à Cristo, São Paulo, na segunda leitura nos mostra como Deus realizou por seu Filho a nossa redenção: "Irmãos, Deus é rico em misericórdia. Por causa do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo. É por graça que vós sois salvos!" (Ef 2,4-5).
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8. Decerto, vejamos, então, aos sinais dessa dicotomia ora em ação: o sinal da verdade é a paz, a unidade, o amor, a perfeita comunhão com o Senhor. O sinal da mentira é a divisão, a discórdia, a intriga, a confusão; por isso, quem carrega essa pecha na alma nunca tem paz, só vive criticado, condenando, se lamentando, arruinando a própria vida e tentando arruinar a vida dos outros. 
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9. Portanto, caríssimos, "O julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. Mas, quem age conforme a verdade, aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus." (Jo 3,19-21).
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10. Destarte, "Deus é humildade: se o homem sabe colocar-se alegremente no último lugar, aí encontra Deus; mas se está cheio de orgulho, opõe-se a Deus, perde-o e cai num turbilhão de infelicidade. Deus é perdão: se o homem perdoa, o seu coração bate em uníssono com o Coração de Deus; mas se vive a vingança, separa-se do mistério de Deus e a paz morre dentro de si. 
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11. A aceitação ou a rejeição de Deus é algo que experimentamos todos os dias: "Quem pratica a verdade vem para a luz...; quem pratica o mal odeia a luz" (João 3,21). Estamos compondo e preparando a nossa própria eternidade todos os dias." (Cardeal Ângelo Comastri). Em suma, é este o sentido da nossa vida neste mundo, amar a Deus e se deixar amar por Ele, e tudo isso a partir do sacrifício do seu amado Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. Amém! Assim seja!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

A FÉ É A CONFIANÇA INABALÁVEL NA PALAVRA DO SENHOR...

 

PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 4,43-54)(11/03/24)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, no atual momento o mundo vive o tormento da guerra e dos rumores de guerra, que é um dos sinais do fim dos tempos; por outro lado e de certo modo, está havendo um dispertar, um desejo de mudança, ou seja, de viver mais intensamente a fé, por parte daqueles que a professam, pois, o inimigo é invisível e dele só vemos os efeitos maléficos.
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2. A liturgia de hoje nos revela o que Deus tem preparado para aqueles que o amam, ou seja, novos céus e uma nova terra onde reinará o amor, a verdade, a justiça e a paz; onde Deus será tudo em todos como profetizou Isaías (cf. Is 65,17-21). Ora, só em pensar que o mal não mais existirá, já sentimos um profundo alívio, e o desejo de que a Parusia do Senhor aconteça o mais breve possível. 
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3. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos faz um alerta: "Se não virdes milagres e prodígios, não credes". (Jo 4,48). Ora, esse alerta do Senhor revela a nossa fragilidade e como supera-la pela confiança inabalável na Sua Palavra como o fez o servo do rei.
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4. Rezemos então com o Salmo responsorial de hoje: "Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes e não deixastes rir de mim meus inimigos! Vós tirastes minha alma dos abismos e me salvastes quando estava já morrendo!
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5. Cantai salmos ao Senhor, povo fiel, dai-lhe graças e invocai seu santo nome! Pois sua ira dura apenas um momento, mas sua bondade permanece a vida inteira; se à tarde vem o pranto visitar-nos, de manhã vem saudar-nos a alegria. 
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6. Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade! Sede, Senhor, o meu abrigo protetor! Transformastes o meu pranto em uma festa, Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos!" (Sl 29).
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7. Destarte, meditemos com esta linda poesia de São Gregório de Narek: "Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Jl 3,5; Rom 10,13). Quanto a mim, não só O invoco mas, acima de tudo, creio na sua grandeza. Não é pelos seus dons que persevero nas minhas súplicas: é porque Ele é a vida verdadeira e é nele que respiro; sem Ele não há movimento nem progresso.
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8. Não são tanto os laços de esperança, mas os laços do amor que me atraem. Não é dos dons, é do Doador que tenho perpétua nostalgia. Não é à glória que aspiro, é ao Senhor glorificado que quero abraçar. Não é de sede da vida que constantemente me consumo, é da lembrança daquele que dá a vida.
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9. Não é pelo desejo de felicidade que suspiro, que do mais profundo do meu coração rompo em soluços; é porque anelo por Aquele que a prepara. Não é o repouso que procuro, é a face daquele que aquietará o meu coração suplicante. Não é por causa do festim nupcial que feneço,
é pelo anseio do Esposo.
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10. Na expectativa segura do seu poder apesar do fardo dos meus pecados, creio, com esperança inabalável, que, confiando-me na mão do Todo-Poderoso, não somente obterei o perdão, mas O verei em pessoa, pela sua misericórdia e a sua piedade
e que, conquanto mereça ser proscrito, herdarei o Céu. (São Gregório de Narek (c. 944-c. 1010), monge, poeta arménio. O Livro das Orações, 12, 1; SC 78, 102).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 8 de março de 2024

O QUE AMO QUANDO TE AMO?


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 12,28b-34)(8/3/24)


"Tu não estás longe do Reino de Deus."
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1. Amados irmãos e amadas irmãs, eis o que diz o Senhor: "O Reino de Deus já está no meio de vós." Talvez muitos não entendam isto, porque para fazer parte do Reino de Deus é necessário ter em Cristo o seu ingresso nele, bem como Ele nos ensinou: "Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e encontrará pastagem. Eu vim para que as ovelhas tenham vida e para que a tenham em abundância." (Jo 10,9-10b).
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2. Com efeito, eis o que escreveu São Paulo sobre isto: "O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e gozo no Espírito Santo. Quem deste modo serve a Cristo, agrada a Deus e goza da estima dos homens. Portanto, apliquemo-nos ao que contribui para a paz e para a mútua edificação." (Rm 14,17-19).
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3. E ainda: "Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade como pretexto para prazeres carnais. Pelo contrário, fazei-vos servos uns dos outros pela caridade, porque toda a lei se encerra num só preceito: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18)." (Gl 5,13-14).
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4. Com efeito, quando tratamos do amor a Deus e ao próximo, como Jesus nos ensinou, tratamos da vida vivida em Deus, porque Deus é amor. São Paulo se referindo a isto disse: É em Deus que vivemos, nos movemos e somos." (At 17,28a). De fato, quando falhamos na vivência do amor fraternal, o nosso convívio natural é cheio de conflitos, interpessoais, familiares, profissionais, na comunidade eclesial, etc. 
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5. Todavia, o amor é o antídoto contra todos os conflitos, como disse o Senhor (cf. Mt 5,44-48), de modo que podemos amar e rezar pelos nossos inimigos para libertá-los do mal que fizeram contra nós; podemos também interceder para que se realize a vontade de Deus nos corações atingidos pela incredulidade. De fato, não existe obstáculos para quem ama.
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6. A respeito do amor a Deus e de como vive-lo, escutemos santo Agostinho: "Não duvido, Senhor; na minha consciência tenho a certeza de que Te amo. Bateste ao meu coração com o teu Verbo e eu amei-Te. Mas o que é que amo quando Te amo?
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7. Não é a beleza do corpo, nem o encanto de um momento, nem o brilho da luz que agrada aos meus olhos terrenos, nem as doces melodias dos hinos de todas as modas, nem o suave cheiro das flores, dos perfumes, dos aromas, nem maná nem o céu, nem os membros acolhedores dos abraços da carne. Não são estas as coisas que amo quando amo o meu Deus.
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8. E, no entanto, amo uma certa luz e uma certa voz, um certo perfume e um certo alimento e um certo abraço quando amo o meu Deus: luz, voz, perfume, alimento, abraço do homem interior que está em mim, onde brilha para a minha alma o que o espaço não alcança,...
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9... onde ressoa aquilo que o tempo não capta, onde se exala uma fragrância que o vento não dispersa, onde se saboreia um prato que a voracidade não reduz, onde se dá um abraço que a saciedade não afrouxa. É isso que amo quando amo o meu Deus." (Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona, doutor da Igreja - Confissões, X, 6). 
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Paz e Bem! 
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

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