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quarta-feira, 29 de abril de 2009

O VERDADEIRO ENCONTRO COM DEUS

O VERDADEIRO ENCONTRO COM DEUS.

Existe no ser humano uma profunda carência, um profundo desejo de felicidade. Ele quer sempre atingir a plenitude de si mesmo, isto é, a perfeição ou a satisfação total dos seus anseios; mas, ao que parece, nunca está satisfeito, por mais que tente, falta-lhe algo. Ninguém pode dizer: estou cem por cento feliz ou satisfeito; na verdade, alternamos momentos de tristeza, decepção, angústia, inconformismo, etc. Em suma, quem poderá dizer: Sou totalmente realizado, sem que lhe falte algo?

Queremos a felicidade, lutamos por ela e, aparentemente, muitas vezes temos tudo para sermos felizes, porém, o nosso coração deseja ir mais além do que somos ou temos, porque tudo isso não é para sempre; ora, desejamos algo que permaneça, pois, a segurança das coisas passageiras não nos leva à totalidade de nós mesmos, daí sentencio: nenhum ser limitado poderá preencher nosso desejo de infinito e a felicidade não é algo que está fora de nós ou nas coisas criadas, ela vem de Deus e só em Deus a podemos encontrar, pois Deus não tem limite e é a ele que na verdade desejamos. Onde poderemos encontrá-lo se ele é invisível? Como poderemos encontrá-lo com o nosso limite, nossos defeitos, nosso modo de ser muitas vezes insatisfeito e tedioso?

Caríssimos, o ar que respiramos é um elemento natural invisível que participa diretamente do nosso existir em todos os sentidos e, naturalmente falando, sem ele nada somos, nada podemos; sem ele e os outros elementos naturais necessários, não há vida. Ora, Deus também é invisível, porém, Eterno; Ele é o Senhor do céu e da terra e de toda a criação e só NELE se encontra realmente a nossa razão de ser e de viver.

Estamos envoltos nessa atmosfera criadora e misteriosa, onde queremos a vida e parece que ela nos escapa a todo instante; queremos respostas para os nossos porquês, mas não as encontramos senão na invisibilidade divina. Deus é invisível, é verdade, mas comunicou-nos a criação e a vida que possuímos e que se esvai, não para o fim, mas para o encontro definitivo com Ele.

“Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas. Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas. Esplendor da glória (de Deus) e imagem do seu ser, sustenta o universo com o poder da sua palavra. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, está sentado à direita da Majestade no mais alto dos céus...”. (Hb 1m1-4).

Desse modo, Deus deu-se a Si mesmo, comunicou-se a nós por Jesus Cristo, o Verbo Divino, o Cordeiro Imolado que tira o pecado do mundo, isto é, liberta-nos da falta de comunhão com Deus. Ele é a Palavra Infinita do Pai que nos comunica o Pai, porque ele é Deus com Deus e em Deus e só NELE somos eternos e temos todas as respostas que buscamos.

Disse Jesus: “Quem crê em mim tem a vida eterna. Eu sou o pão da vida” (Jo 6,47-48). “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente. E o pão, que hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo. Em verdade em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele”.(Jo 6,51.53-54.56).

Como Pai amoroso e infinito, Deus quer que tenhamos a vida divina em nós e isso ele faz por Jesus Cristo, Palavra Eterna e Verbo feito carne; em Jesus temos o verdadeiro encontro com Deus, porque ele é a vontade do Pai para as nossas almas e só nele temos a Verdade que nos liberta, a Paz que nos conforta, a Alegria que nos preenche e a Vida que não tem fim.

Paz e Bem!

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Professores do Pré-Técnico Perfeita Alegria receberão certificado de curso a distância pela PUC-Rio

Nilópolis - RJ

Foi confirmado pelo Prof. José Carmelo do Núcleo Raízes comunitária da PUC-Rio, que os professores que estão participando da preparação pedagógica para Pré-técnicos comunitários, irão ter aulas a distân cia e receberão o certificado através da Coordenação Central de Educação a Distância, em Ambiente Aula-Net. Isso é, esse curso passou a ser um curso de extensão reconhecido pela PUC-Rio.

Paz e bem!!!!!

Casa Perfeita Alegria - Nilópolis - RJ

Coordenação recebe a visita do Secretário Nacional da Jufra


Na foto da esquerda para a direita: Aline Milani, Coordenadora Peace Idiomas; Cláudio, Coordenador de Comunicação; Victor Hugo, Coordenador Pré-Técnico; Márcio Bernardo, Coordenador Pré-Técnico e Secretaria da Casa; Jackson Barbosa, Secretário Nacional da Jufra; Jefferson Eduardo, Coordenador Geral.
No último dia 23/04, após a sua reunião geral, a coordenação da Casa Perfeita Alegria pode contar com a presença do Secretário Nacional da Juventude Franciscana do Brasil, Jackson Barbosa. O irmão, que fez questão de salientar a importância de um trabalho como esse para um melhor entendimento do carisma franciscano, passou toda a tarde confraternizando com os irmãos da perfeita alegria.

Mini Jornada Franciscana em Nilópolis - RJ


OFS Jufra Nilópolis:
Jornada Franciscana reúne 55 crianças


Com a presença de 55 crianças, realizou-se nesse último dia 26 a Jornada Franciscana para crianças e adolescentes, organizada pela Jufra Ternura e Vigor, que contou o com apoio da Fraternidade da Ordem Franciscana Secular e de Frei Guido Scottini, ofm, assistente espiritual dos Franciscanos Seculares da Igreja Nossa Senhora Aparecida em Nilópolis/RJ.

Eles foram chegando de mansinho e, aos poucos, se soltaram e fizerem uma grande festa. Pintaram, dançaram, brincaram, rezaram e passaram todo o domingo refletindo sobre valores que andam esquecidos em nosso mundo, tais como amor, amizade, compreensão e partilha..

Os Jovens da Jufra preparam o dia, que contou com uma encenação do trecho do livro do Pequeno Príncipe, com um repente que cantou a história da Páscoa e com muitas coisas gostosas para a molecada.

A OFS e alguns pais de membros do grupo de mini-franciscanos ficaram responsáveis pela cozinha, que preparou uma refeição deliciosa que manteve as crianças todas bem alimentadas durante todo o dia.

Enfim, o carisma franciscano foi demonstrado para aquelas crianças através da disponibilidade, atenção e carinho com que todos dispensaram a elas.



Diálogo de amor

"A oração é uma expressão de fé,
de confiança no Senhor,
ato original
e específico do crente.
Ela se move no âmbito do amor,
amor que sabemos estar marcado,
na sua própria raiz,
pela gratuidade.
Com efeito,
trata-se de um diálogo amoroso,
segundo uma acepção de Teresa de Ávila.
Algo que brota como resposta humilde e confiante
ao dom gratuíto do Pai
e como desejo de compartilha-lo,
generosamente, com os irmãos.
Como todo diálogo de amor,
corre este perigo de ser interpretado,
por um terceiro,
como um ato inútil
quando, na realidade,
é vivido como uma experiência de gratuidade.
Segue dali o silêncio próprio da oração,
como em todo encontro amoroso.
E a experiência humana nos dá testemunha disto:
chega-se a um momento
em que as palavras
não dizem mais nada".


segunda-feira, 27 de abril de 2009

Precisamos sair de nossas sacristias para encontrar as pessoas

Deu no Instituto Humanitas-Unisinos:
'Precisamos sair de nossas sacristias
para encontrar as pessoas',
afirma ministro-geral dos franciscanos

Os Irmãos Menores, conhecidos como franciscanos, estão em celebração. Neste ano, completam-se os oito séculos desde que São Francisco de Assis fundou a Ordem. Seu ministro-geral, o galego José Rodríguez Carballo, enfrenta com esperança esse aniversário, assim como o Capítulo Geral de maio e pede que se retorne ao Evangelho, "para que nossa vida recupere a beleza e a poesia das origens".

A reportagem é de Darío Menor, publicada no jornal Revista Vida Nueva, 24-04-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis a entrevista.

Quais são os desafios dos franciscanos hoje?

Os franciscanos, como os demais consagrados, têm como desafio fundamental ser mais contemplativos para ser mais proféticos e comprometidos com a humanidade. Para isso, temos que trabalhar para arraigar a nossa vida no encontro admirativo e entusiasta com Jesus Cristo, que nos chama a segui-lo com a radicalidade com que Francisco o seguiu. Não podemos domesticar a radicalidade que o Evangelho nos propõe para adaptá-la a um estilo de vida cômodo. Temos que voltar ao Evangelho para que a nossa vida recupere a beleza e a poesia das origens onde quer que as tenha perdido ou onde não brilhem como deveriam brilhar.

Quais são os novos caminhos de evangelização na Europa?

Falando concretamente dos franciscanos, penso que, além da fidelidade às exigências fundamentais de nossa vocação franciscana, devemos fazer com que nossa vida seja realmente significativa. Temos que permanecer próximos às pessoas, particularmente das pessoas mais simples (...). Acredito que precisamos sair de nossas sacristias para ir ao encontro das pessoas, ou, como diria São Francisco, ir "inter gentes". A evangelização na Europa passa também pelo trabalho pela justiça, pela paz e pela integridade da criação, assim como pelo diálogo inter-religioso.

Qual é o seu diagnóstico da situação atual do cristianismo na Europa?

A situação não é tão ruim que nos leve a pensar que é preciso começar do zero, nem é tão boa que possamos cruzar os braços. É preciso ter em conta que o cristianismo na Europa tem raízes profundas, o que dá muita estabilidade. Por outro lado, o secularismo e o laicismo estão fazendo com que elementos essenciais da mensagem cristã, às vezes, parecem vir abaixo.

Como a diminuição das vocações está afetando os franciscanos?

Antes de tudo, temos que reconhecer, com gratidão ao Senhor, que a diminuição não é generalizada (...). Mas, sem deixar de levar em consideração esse dado, eu sempre digo que não é o número que salvará o franciscanismo, mas sim a qualidade evangélica de vida que os franciscanos tenham. Mesmo em zonas onde as vocações diminuem, não diminui o compromisso com uma renovação profunda da nossa vida e missão, de acordo com as exigências do nosso carisma e dos sinais dos tempos e lugares.

Extraído de http://www.unisinos.br/ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=21758 acesso em 27 abr. 2009.

Foto: Ministro Geral Frei José Rodríguez Caballo OFM / Hans Braegelmann. 2008. Disponível em http://www.flickr.com/photos/lucasbra/2407664122/ acesso em 27 abr. 2009.


Capítulo Internacional das Esteiras


Pela primeira vez na história, Assis acolheu toda a Família franciscana no lugar onde tudo teve início, diante da Porciúncula, hoje conservada na Basílica de Santa Maria dos Anjos, construída para proteger a pequena igreja, onde São Francisco compreendeu que devia viver "segundo o santo Evangelho".foi o grande encontro historico e sempre muito atual momento de unidade e fraternidade entre a familia de são francisco e santa clara,dias 15,16 ,17 e 18 de abril de 2009 aconteceu o capitulo das esteiras que marcou um tempo de profunda intimidade evangelica e fraterna,era o grande sonho de francisco que seus frades vivessem em fraternidade como irmãos menores o amor entre eles seria como um amor de maê, assim ela comparava e dizia como devia ser a vida fraterna.

O capitulo internacional das esteiras se configurou solenemente nas celebrações dos 800 anos da ordem tempo de celebrar em clima de fraternidade e unidade a caminhada do carisma nestes 800 anos de vida e missão neste chão.

Do grande encontro, que celebra o oitavo centenário de fundação da Ordem franciscana, participaram 2.000 frades representando os cinco continentes; dos quais 1.300 são italianos e 700 estrangeiros. Ponto alto do grande encontro franciscano foi a audiência com o Papa Bento XVI, dia 18, sábado, no pátio do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo. Na tarde do mesmo dia, uma delegação de 25 franciscanos, guiada por Ministros Gerais, fizeram uma visita ao Presidente da República italiana, Giorgio Napolitano, na residência de Castel Porziano. o capitulo das esteiras sempre será um espaço de fraternidade e escuta atenta ao santo evangelho marca um tempo de recipocidade e partilha da caminhada da familia franciscana.

Bispos do Brasil fazem peregrinação do ano Paulino

Cerca de 300 bispos saíram em peregrinação na tarde deste domingo, 26, da Casa de Retiros Vila Kostka, em Itaici, município de Indaiatuba (SP), para a catedral da Sé, em São Paulo (SP), que aguardava lotada os prelados. Presidida pelo núncio apostólico no Brasil, dom Lorenzo Baldisseri, a celebração concluiu o retiro da CNBB, orientado pelo bispo emérito de Uruguaiana, dom Ângelo Salvador Domingos, que proferiu a homilia na catedral de São Paulo.
Dom Ângelo trouxe o exemplo do apóstolo Paulo para os dias de hoje caracterizando-o como “dedicado missionário que possibilita a descoberta da riqueza do amor de Cristo que a nós se entregou”. Recordando a Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, que aconteceu em maio de 2007, em Aparecida (SP), o bispo emérito de Uruguaiana destacou a importância da Igreja recepcionar o Documento de Aparecida (DAp) e assumir o caráter missionário.
“Aparecida nos convida para o grande desafio de progredir e nos transformar de Igreja comunidade para Igreja Missionária, integradora. A grande diferença nesse processo é que a Igreja que antes era voltada a nós passa a voltar-se aos outros”, sublinhou o bispo.
Logo após a celebração, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Lyrio Rocha, agradeceu a dom Ângelo pelo “inspirador retiro” e disse ser o bispo um exemplo “pela sua coragem de fé”. O núncio apostólico acentuou sua alegria com a conclusão do retiro, que contou com a participação dos fiéis de São Paulo. Já o anfitrião, o cardeal dom Odilo Pedro Scherer, disse ter sido a celebração um momento de graça dos bispos e do povo da arquidiocese de São Paulo.
“Foi um momento bonito do Ano Paulino em que os bispos da CNBB puderam celebrar em peregrinação com o povo de São Paulo, na catedral onde o apóstolo é venerado como patrono da nossa arquidiocese. Portanto, é muito significativo, dentro do contexto do dia de espiritualidade da Assembleia, que falava justamentedo apóstolo Paulo e da missão do bispo. Foi um momento de graça, de estímulo e de um testemunho bonito para o nosso povo”, disse dom Odilo.
Para o bispo auxiliar da arquidiocese de São Paulo, dom Pedro Luiz Stringhini, celebrar o terceiro domingo da Páscoa, na catedral da Sé, foi um momento de muita alegria e muita graça para todos os presentes e para aqueles que acompanharam pela TV em todo o Brasil.
“Foi muito bonito os bispos e o povo se encontrarem. A iniciativa do nosso cardeal, dom Odilo Scherer, foi gratificante para os presentes e todos que acompanharam pela televisão. Dom Odilo tem sido atencioso em celebrar o Ano Paulino. Esse momento reforçou a celebração desse Ano, principalmente para nós que temos o apóstolo Paulo como padroeiro da nossa arquidiocese”, afirmou dom Stringhini.
O bispo de Catanduva (SP) e referencial do Setor Leigos da CNBB, dom Antônio Celso de Queirós, também acentuou que a peregrinação representou um momento de encontro do episcopado com o povo da arquidiocese de São Paulo. “Foi uma bela celebração com a qual o povo vibrou muito. A missa fechou muito bem o retiro dos bispos, mais do que em outros anos, que não teve uma peregrinação dessas”. Ainda de acordo com dom Celso, a peregrinação reforçou a unidade dos bispos em torno da CNBB.

Blog da JuFra Regional Sudeste 1 - Minas Gerais

Blog do Regional SE1 (MG) da Juventude Franciscana:
http://juframg.blogspot.com

O PODER DA ORAÇÃO

O PODER DA ORAÇÃO.

“Orai sem cessar.” (1Ts 5,17)

Senhor, sei que me conheces, mas sei também que preciso muito de tua orientação e unção para não me perder. Por isso, Senhor, conduz-me com tua mão santa e forte e assim seguirei sossegado rumo ao Paraíso de tua Vontade.

Orar não é apenas estar com Deus ou simplesmente falar com Deus; creio que seja tudo isso; todavia, precisamos ter certeza de que a nossa oração foi feita de acordo com a Vontade de Deus, porque Ele sabe o que é melhor para nós e conhece muito bem as nossas necessidades.

Esse assunto nos leva à seguinte reflexão: será mesmo que há uma ação transformadora em nossa vida pelo poder da oração? Vejamos. Quando o médico opera um paciente, sabemos que toda a capacidade e inteligência como também intuição, provém do médico; ele jamais realiza seu trabalho dispensando os instrumentos necessários para isso. Logo, vemos que, quanto melhores forem os instrumentos utilizados, maiores são as chances de cura do paciente.

Então, fazendo uma analogia (comparação), nossa oração é também esse instrumento eficaz que Deus usa para realizar os seus prodígios em nossa vida; não que Deus precise de algo para realizar a sua vontade; mas, para termos participação em sua obra, o Senhor usa de misericórdia para conosco servindo-se de nossas preces para atuar com a sua graça e beneficiar aqueles por quem oramos ou a nós mesmos em nossa indigência.

Também podemos ver a oração como um instrumento para nos mantermos nas pegadas do Senhor e assim segui-lo fielmente, sem nunca vacilar. Deus é Deus, Ele quer sempre estar conosco, nós é que muitas vezes nos afastamos de sua misericórdia e abandonamos o seu amor para nos envolver com o pecado deixando de lado o que Seu Filho Jesus nos conquistou. O “orai sem cessar”, enunciando acima, quer dizer, permanecermos sempre na companhia de Cristo, pois ele é o “Filho muito amado” que o Pai nos deu com dádiva do céu, presente eterno que nos conduz á verdadeira vida.

Orar é andar com o Senhor nos caminhos deste mundo rumo ao infinito do seu amor. O poder da oração consiste em ser ela canal por onde passa a água da vida que nos sustenta e lava nossas feridas, fazendo-nos participantes da glória eterna de Deus.

Definir o poder da oração em palavras talvez não seja possível, porém, precisamos experimentar a eficácia redentora de sua força em nós para assim manifestarmos o poder eterno de Deus e glorificarmos o Senhor que continua, qual médico divino que é, a operar nossas almas, fazendo com que sejamos curados do mal deste mundo que é o pecado.

Caríssimos irmãos e irmãs, enquanto estivermos lutando nesta terra contra as nossas fraquezas, teremos sempre o auxílio divino para vencê-las e isso conseguiremos com o poder de nossa oração, dom-instrumento, que Deus usa para afinar as cordas de nossa existência com os parâmetros de seus mandamentos, para que realizemos em tudo a Sua Vontade e cumpramos o plano que o Senhor traçou para nossa salvação eterna.

“Ó glorioso Deus altíssimo iluminai, as trevas do meu coração; concedei-me uma fé verdadeira, uma esperança firme e um amor perfeito. Dai-me Senhor o reto sentir e conhecer, a fim de que eu possa cumprir o sagrado encargo que, na verdade acabais de dar-me.” Essa é uma das orações que São Francisco nos ensinou a rezar, também ele dizia: “Rezem sempre a Deus com o coração puro.”

Senhor tende piedade de nós e ouvi a voz de nosso apelo, a fim de que possamos Ti servir em santidade e justiça todos os dias de nossa vida. Amém!

Paz e Bem!

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Ave-Maria

"A oração da ave-maria,
tão profundamente assimilada,
juntamente com o pai-nosso,
à piedade diária dos cristãos
desde os primeiros balbucios das crianças,
encerra todas as riquezas do mistério de Deus em Maria.
É qual mina de ouro;
quanto mais se cava mais pepitas vêm à tona.
Na breve oração da ave-maria
se cristalizou a memória coletiva dos cristãos.
Com sua recitação trazemos à tona da consciência,
do louvor e da petição
aquilo que se passa no nível do mistério."


Blogs : uma forma de comunicação e divulgação da OFS

Artigo publicado na revista
Paz e bem. [Rio de Janeiro], maio/jun. 2009. P. 15.
Paz e bem é o orgão oficial da Ordem Franciscana do Brasil.
_____
por Eugenio Hansen, OFS
Frat. N. Sª dos Anjos da Porciúncula
Porto Alegre, RS

Nas conclusões do XII Capítulo Geral da OFS, realizado em novembro último na Hungria, há um ponto específico sobre as comunicações. Nele a Ordem reconhece que há pouca comunicação da OFS, tanto internamente como externamente.

Atualmente, através da Internet, temos não só acesso a uma ampla quantidade de informações, mas também temos acesso a muitas ferramentas que permitem a cada um de nós se tornar produtor de informações.

Blogs são uma forma fácil de se ter um site na Internet. Neles as Fraternidades podem informar ao mundo quem são, quando se reunem, o que estão fazendo, como entrar em contato, etc.

Por meio de blogs podemos tornar disponível aos demais irmãos da OFS, da Família Franciscana e admiradores de São Francisco e Santa Clara nossas reflexões e materiais de formação. Com a vantagem de que, com facilidade, o que produzimos poderá ser lido mesmo após alguns anos.

Uma característica muito comum dos blogs é a inclusão de comentários, onde os leitores podem elogiar, criticar, sugerir aperfeiçoamentos, etc. Em suma, travar um diálogo eletrônico, pois os responsáveis pelos blogs, podem responder ao leitor.

Dentro da OFS/JUFRA há algumas Fraternidades Regionais e Locais que já usma esse meio para falarem aos irmãos e ao mundo:
- Regional Sul 3: http://ofssul3.wordpress.com
- Regional Sudeste 2: http://ofssudeste2.blogspot.com
- Regional Sudeste 3: http://sudeste3.blogspot.com
- Frat. S. Francisco - Vila Clementino - S. Paulo (SP): http://ofsvilaclementinosp.blogspot.com
- Frat. N. Sª das Graças - S. Gonçalo (RJ): http://www.fraternidadensgracas.blogspot.com
- Jufra do Brasil: http://jufrabrasil.blogspot.com
- Jufra Sudeste 2 (RJ/ES): http://jufrase2.blogspot.com
- Jufra Sudeste 1 (MG): http://juframg.blogspot.com

Como fazer um blog?

Depois de falar das possibilidades e apresentar alguns exemplos de blogs vou indicar algumas ferramentas para criação de blogs gratuitos:

- Blogger.com/Blogspot.com https://blogger.com é muito fácil de usar e com ele criamos blosgs simples.- Wordpress.com http://wordpress.com não é tão simples como o anterior, mas tem a vantagem de permitir a criação de páginas diferentes.

Existem outras, basta procurarem na www.

Para quem desejar começar um blog com qualidade indico a leitura do Bê-a-Blog http://downloads.portofacil.net/be-a-blog.pdf , um manual com 120 dicas. Também sugiro o blog QueroTerUmBlog http://queroterumblog.com , que nos ajudará a manter um blog tecnicamente qualificado.

Encerro este artigo esperando ver, logo, muitas Fraternidades presentes e atuantes na web, bem como alguns irmão, mais inspirados, criando seus pessoais e convido-os a conhecerem meu blog, Brasil Franciscano http://brasilfranciscano.blogspot.com , que é uma obra coletiva.
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sábado, 25 de abril de 2009

Oração é importante como o alimento


"É a oração que assegura a unidade,
em relação dialética,
entre a fé e o
amor.
Pela oração,
imprimimos caráter evangélico
à nossa ação
e dilatamos a
nossa fé.
A oração quebra as nossas resistências ao amor
e impele-nos a
manifestar esse Amor pelo nosso amor.
Ela aguça a nossa sensibilidade
evangélica,
de modo a tornar a vida de Cristo presente em nossa vida.
A
oração é o espaço por excelência onde,
no Espírito que a anima,
atingimos a
plenitude de nossa liberdade
frente às pessoas, às coisas e ao mundo.
Por
isso,
ela é para o cristão tão importante
quanto o alimento para a pessoa
poder pensar e agir."


sexta-feira, 24 de abril de 2009

OS PASSOS CURTOS DA MENTIRA

OS PASSOS CURTOS DA MENTIRA.

Certa feita saiu a mentira perambulando por ai, como é de seu costume, encontrou muitos corações vazios envolvidos pela preguiça e ai se instalou; do alto de sua vanglória contemplou o mundo e os outros corações ao derredor e em sua contemplação resolveu implantar o seu reinado da forma mais vil e avassaladora que possa existir. A partir de pequenas mentiras ou mentirinhas foi conquistando mais e mais corações ao seu legado.

Também a verdade resolveu dar umas voltas ao redor da existência e, sem acasos e rodeios, como lhe aprouve, fez a sua contemplação. Quis ela instalar-se também em todos os corações que encontrou para dar-lhes segurança e uma consciência sem mancha, mas muitos já estavam tão ocupados pelos artifícios da mentira que lhe negaram lugar. E o que se viu afinal deixou estarrecidos a todos quanto honestamente queriam viver, pois máscaras sem contas se multiplicaram uma após outra e o número dos mentirosos aumentou de forma tal que nada se pode fazer por eles, uma vez que recusaram visitante tão ilustre.

Então a mentira começou a debochar da verdade acusando-a de ser radical, de não se modernizar, de ser arcaica e lesa, pois, como ela, a verdade deveria ser esperta e astuciosa, porque se continuasse agindo ingenuamente não iria a lugar nenhum. E assim se expressou a mentira: “Veja verdade, contemple o meu reinado em todas as esferas do poder, veja como estou arraigada, sou sutil e ninguém toma o meu posto, afinal satisfaço a todos os desejos, contanto que permaneçam sob o jugo de minhas artimanhas.

Se querem enriquecer sem esforço, ilicitamente, lhes mostro o caminho da corrupção; se querem subir aos altos postos políticos lhes ofereço a calúnia, forma mais fácil de vencer os adversários, pois uma calúnia bem planejada derruba qualquer boa intenção. Se querem prazer lhes dou os delírios das drogas ou a força compulsiva da gula ou ainda as lascívias do sexo imoral. Sou ou não sou vencedora? Responda-me verdade.”

Ao ouvir a soberba exuberante da mentira com suas críticas e argumentos sutis, a verdade pôs-se de pé e com sua limpidez cristalina deu-se a conhecer: “Eu sou daqueles que desejam a verdadeira vida, por isso não mentem; eu pertenço àqueles que nunca se cansam de buscar-me, por isso são perseverantes; estou sempre ao lado dos que na humildade constroem o alicerce da sua existência, e por isso resistem a qualquer tentação; estou com aqueles que suam o suor da honestidade para não macularem o seu coração com a concupiscência dos olhos e a soberba da vida.

Poucos são os que desejam um sincero encontro comigo, mas estes não buscam fama nem poderes temporais; não vivem de fantasias ou superstições, porque lhes satisfaço todos os desejos com minhas virtudes sem que demonstrem espalhafatosamente as delícias do meu convívio. Em simples palavras, aqueles que quiserem permanecer em mim têm que a mim se dar e têm que me dar a todos os que encontrarem desejosos de minha presença.

Quanto a ti mentira, teus dias estão contados, teus passos são curtos, teus argumentos falhos e tua linhagem jamais verá o dia eterno, pois teu fim e o fim daqueles que te seguem é sempre o mesmo, o túmulo mórbido do esquecimento e da dor.”

Paz e Bem!

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Como formar um autêntico franciscano secular hoje?

Como formar um autêntico franciscano secular hoje?
Reflexões para aqueles que têm o ministério de promover
a formação dos irmãos nas Fraternidades


Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM (*)

Introduzindo

Em seu Testamento, Francisco fez uma releitura de sua vida como um itinerário progressivo movido pela iniciativa gratuita de Deus e selado pela sua misericórdia. Um tal caminho o levou ao encontro com o Senhor Jesus e seu Evangelho através de um processo de discernimento e de transformação que conheceu também crises, passagens dolorosas, momentos de dificuldade e de incerteza. Em tudo isso Francisco cresceu no desejo de alcançar um cada vez mais radical e apaixonado seguimento do Cristo pobre e crucificado. Quando se olha para São Francisco, “forma minorum”, a vocação do Frade Menor se apresenta como um caminho em constante devir e nunca acabado, até o encontro com nossa “irmã morte”. Nesse crescimento o Frade é guiado pelo Espírito do Senhor, do Evangelho e da Regra, cujas Constituições Gerais oferecem uma releitura para o mundo atual, apresentando sempre de novo os elementos essenciais do carisma franciscano: “...os irmãos são obrigados a levar uma vida radicalmente evangélica, isto é, viver espírito de oração e devoção e em comunhão fraterna; dar um testemunho de penitência e minoridade; anunciar o Evangelho ao mundo inteiro em espírito de caridade para com os homens; pregar por obras de reconciliação, a paz e a justiça; e mostrar o respeito pela criação”
(Doc. Sobre a Formação permanente na Ordem dos Frades Menores, Roma 2008, n. 1).


1. O texto que abre nossas reflexões, evidentemente, se dirige aos Frades Menores. As CCGG da OFS, no entanto, vão, basicamente, na mesma linha. Os franciscanos seculares se comprometem, pela profissão, a viver o Evangelho segundo a espiritualidade franciscana, na própria condição secular. Procurem aprofundar, à luz da fé, os valores e as opões da vida evangélica, segundo a Regra da OFS: um itinerário continuamente renovado de conversão e de formação; abertos às exigências que vêm da sociedade e das realidades eclesiais, “passando do Evangelho à via e da vida ao Evangelho”, na dimensão comunitária deste itinerário” (CCGG OFS art. 8).

2. Os dois textos falam da formação que vai até o fim da caminhada. Esta não acaba nunca. É um processo, um itinerário. Formar-se, falando cristã e franciscanamente, significa tender à perfeição, os formandos do começo e de sempre, ou seja da formação inicial ou da formação permanente. Fala-se de processo de transformação de discernimento, caminho, itinerário, crises, alegrias e decepções e tudo desembocando no encontro com a irmã morte. A pergunta que nos ocupa é esta: Como formar um franciscano secular hoje? As presentes reflexões não têm a pretensão enganosa,de forma alguma, de dar uma resposta exaustiva a esta complexa questão. Desejam apenas animar os formadores e formadores em seu indispensável ministério.

3. Nossas Fraternidades estão em estado de formação. Nossas reuniões não são constituídas de aulas e discursos, mas de pessoas desejosas de crescer inteiramente, de serem formadas pelo Espírito. Os formadores e as formadoras são agentes, instrumentos, servos de uma Presença maior que atua lá onde existe fome de plenitude e corações vivendo em estado de vigília. Forma a vida de oração, forma a conversa entre os irmãos, forma a vida com seus desafios. Estamos todos convencidos de que um dos grandes desafios da Ordem Franciscana, tomada no seu todo, em nossos tempos, como também para outras famílias espirituais da Igreja, é o delicado tema da formação. O último Capítulo Geral da OFS, realizado em Budapest em meados de novembro de 2008, em suas conclusões afirma: “A formação permanente permanece sendo a prioridade por excelência do Capítulo para toda a Ordem”. Não podia ser de outro modo. Insiste-se na formação permanente. Certamente merece atenção também a formação inicial.

4. Complexo todo o tema que abordamos. Há a figura do formador, a pessoa do formando, a dinâmica dos encontros, a Fraternidade que vive ou não um momento de sede de Deus e de entusiasmo, os conteúdos essenciais, os textos que já existem como instrumento de formação, aqueles temas que se mostram urgentes devido a diversas circunstâncias. Dispomos, na OFS, de um documento, simples, breve mas essencial sobre o tema: Diretrizes de Formação, publicado em 2002. O curso ministrado pelo CIOFS tem uma aula especial sobre este tema. Importa sempre de novo dizer e afirmar que a formação em nossa vida, de modo especial, no caminho dos franciscanos seculares é de fundamental importância. Muitas de nossas observações serão tiradas das páginas do capítulo: O que é a formação? Nossa intenção é nos deter mais no formando e nosso processo de formação. Parece, no entanto, bom tecer algumas considerações a respeito da figura do formador.

5. Há, pois, o formador, pessoa de boa vontade, nem sempre preparada suficientemente para sua tarefa. A prática nos diz que no momento dos Capítulos eletivos por vezes não se pensa com a necessária antecedência nos nomes que deverão ser propostos para essa tarefa. Nunca esqueceremos que a tarefa de formação na etapa inicial e na permanente tem como mestre e formador o Espírito Santo. Não se pode também deixar de levar em consideração que a Fraternidade tomada como um todo forma os irmãos e as irmãs. Sabemos também que o Ministro e seu Conselho exercem uma função formadora.

6. O texto do curso ministrado pelo CIOFS faz algumas observações que merecem ser destacadas:
  • a tarefa de formar passa por instrumentos vivos, os formadores, que tentam viver o que ensinam;
  • o formador chama os candidatos e irmãos à conversão, acompanha-os em seu processo ou caminho de vida espiritual;
  • o formador presta atenção a cada candidato, levando em conta a personalidade única de cada um;
  • desaparece da cena e deixa que o Espírito atue nas pessoas;
  • dá seu tempo à Fraternidade e à formação sem nada esperar de volta;
  • não desanima;
  • tem um plano de formação, mas é capaz de fazer as necessárias adaptações;
  • o texto usa três palavras: informação, formação e transformação (sendo esta última, ou seja a transformação, um trabalho da graça de Deus).
7. As Diretrizes da Formação descrevem assim os traços ou características do formador:
  • Preparado e disponível com capacidade de comunicar e transmitir conteúdos, culturais, teológicos e espirituais;
  • Arraigado ao carisma do fundador para exprimi-lo à luz dos sinais de hoje e das novas exigências eclesiais e sociais;
  • Consciente de exercer um “mandato” a ele confiado pela Fraternidade;
  • Preocupado com a inserção dos candidatos na Fraternidade;
  • Tratando de estabelecer relacionamentos com o Conselho, o Assistente, sendo alegre, acolhedor, otimista, simpático, como convém a franciscanos;
  • Corresponderá à confiança que nele foi depositada.
8. Há, é claro, a figura do formando. Fazemo-nos muitas perguntas a seu respeito. Que motivos profundos fazem com que ele busque a Fraternidade? Veio ele de um encontro vocacional, foi trazido por um dos irmãos da Fraternidade? Quem é esse que vem até nós? Que formação cristã teve e que caminhada humana fez em sua história? Quais as visitas que já recebeu de Deus através do Cristo vivido à maneira de Francisco? As pessoas chegam às nossas Fraternidades com caminhadas espirituais diferentes.
  • Alguns provêem de movimentos de Igreja que os marcaram profundamente, mas que gostariam de caminhar cristãmente à maneira de Francisco. Sentem-se chamados a uma santidade de vida franciscanamente.
  • Há têm uma boa formação cristã já tendo participado de cursos de aprofundamento bíblico, catequético em suas paróquias ou dioceses.
  • Alguns são pessoas que foram marcadas por movimentos na linha da renovação carismática ou de outras espiritualidades. O que buscam na OFS? Não ficaram satisfeitos com o que tinham nos encontros daqueles movimentos? Por que nos buscam? Serão eles capazes de se interessar de verdade pelo caminho franciscano? Outros ou outras são pessoas super-ativas que tudo assumem, por vezes num mecanismo de fuga.
  • Não se deve esquecer que muitos de nossos simpatizantes não tiveram uma verdadeira família. Lutaram para sobreviver humana e psicologicamente. Não poucas vezes nossos candidatos carregam traumas e manifestam um certo desequilíbrio afetivo.
  • Alguns têm uma vida cristã exemplar e quase mística. Como eles são, efetivamente recebidos e para onde os pretendemos levar? Ou melhor: para onde o Espírito os leva e que contribuição podemos dar para que eles sejam bem sucedidos.
  • Há pessoas que não vivem bem o casamento, que desejam fugir do mundo e buscam no campo religioso um oásis de paz ou um lugar onde possam ter vez e voz.
9. Formação vem de forma. Preciso será prestar atenção: a formação não quer colocar as pessoas numa camisa de força. Trata-se de fazer uma proposta que incide numa liberdade. Pretendemos formar o homem, o cristão, o franciscano, o missionário. Desejamos que os formandos possam atingir uma maturidade em todos os sentidos. Não queremos formar clones, cada pessoa é única e que não se repete, única em seu patrimônio genético, única aos olhos de Deus. Formar é acompanhar a pessoa no seu crescimento, no seu ritmo próprio, tentando propor-lhe instrumentos que favoreçam esse crescimento. Não se pode negar que se trata da transmissão de conhecimentos. Mas não somente. A formação passa pela vida. Portanto, há as trocas de experiências e as partilhas de vida. O tempo da formação, ou todo e qualquer formação, forçosamente passa pelos encontros... Os que estamos num processo de formação, assimilados o dito ou vivido e o levamos para a oração. A finalidade da formação é sempre de levar a pessoas e os irmãos à santidade de vida.
  • Tendo em vista a formação cristã e franciscana precisamos sempre olhar os grandes desafios do mundo moderno. Tentemos fazer uma enumeração que não pretende ser exaustiva:
  • vivemos num mundo globalizado: as idéias do mundo inteiro chegam ao mais recôndito canto de um país;
  • as jovens gerações são marcadas pelos meios eletrônicos;
  • as pessoas não conseguem amadurecer: humana e cristãmente;
  • por vezes vivemos uma certa superficialidade, tempo da pressa, de fazer tudo e nada;
  • tempo que gosta do provisório;
  • num contexto complexificado, tudo vale, vale tudo, tudo é relativo;
  • conhecemos o tema do consumismo;
  • pansexualismo;
10. Os documentos da OFS insistem sempre na secularidade, na presença dos franciscanos no mundo. A formação levará isso em consideração:
  • Família é realidade do mundo, do século. Os franciscanos construirão sua família e se engajarão com a pastoral familiar. A formação permanente não poderá esquecer esse aspecto: construção do casamento, diálogo conjugal e familiar, educação para a sexualidade, estar junto das famílias desfeitas e refeitas, compreensão do sacramento do matrimônio, viver uma família num estilo despojado. Trabalhar que as famílias tenham casa e dignidade.
  • Os franciscanos seculares haverão de se interessar pela realidade atual do mundo e para tanto serão formados. Elencamos alguns campos de ação ou problemas delicados:cuidado pelo meio ambiente, preocupação com o aquecimento global, com o respeito e preservação da natureza em todos os sentidos; cuidados especiais para com a vida que é ameaçada em todas as suas formas; desarmamento das pessoas e dos espíritos diante de tanta violência; empenho no sentido de que a paz se instaure com a eliminação da violência, etc.
11. Há algumas preocupações relativas à formação no campo da Igreja. Os franciscanos seculares sentir-se-ão profundamente ligados à diocese e à paróquia, expressões da vida da Igreja. Francisco tinha um carinho todo especial pela Igreja e, de modo particular, por seus representantes. Em nossa formação será preciso transparecer a necessidade de pertencer efetivamente às comunidades eclesiais, colocando-se à disposição dos responsáveis para serviços pastorais e missionários. Os franciscanos seculares estão presente em toda parte: catequese, animação da liturgia, ministério da caridade, serviço da Palavra. O programa de vida de uma Fraternidade inclui o engajamento dos seus membros na vida da Igreja, sem os exageros que podem acontecer. Estamos dentro do campo de uma formação para a vida na Igreja e em Igreja. Os franciscanos seculares precisarão ser peritos na arte da pastoral: catequistas que conhecem as etapas do surgimento e crescimento da fé, conhecedores do mistério de Cristo que se manifesta na liturgia e não meros tocadores de obras, etc...
12. No conjunto geral da formação dos franciscanos seculares poderíamos agora refletir sobre os meios e instrumentos da formação:
  • A pessoa está sempre num caminho de formação (ou de deformação).
  • O outro é sempre um mistério a ser acolhido com respeito. Não se pode ser indiscreto.
  • O lugar privilegiado da formação é a vida cotidiana onde a pessoa estabelece relacionamentos com os outros e com seu ambiente.
  • O formador convidará sempre o formando a dialogar com o mundo, com as coisas e com seus anseios.
  • Na vida aparecem as crises ao longo dos tempos, as decepções, as surpresas. Dialogar-se-á com eles e elas.
  • Importância da reunião da Fraternidade e da reunião de formação inicial, quando for o caso.
  • Possível esquema para as reuniões de formação dos iniciantes: momentos de acolhida (10 minutos) onde se procurará conhecer a vida do iniciante; exposição do tema, se possível com uma folha resumo, troca de idéias finalizando com um momento de oração.
  • Cuidar do espírito de oração e de devoção que não pode ser perdido: provocar momentos de profunda experiência de oração, ensinar o formando a ter uma vida de oração pessoal que não se restrinja ao terço; inicia-los nas técnicas da meditação; despertar neles apreço pelo ano litúrgico; pedir que se preparem para a missa de domingo; fazer com que apreciem o silêncio; promover na Fraternidade celebrações da Reconciliação; de quando em vez fazer a leitura orante com todos; cobrar de todos a presença em retiros que sejam retiros e não encontros barulhentos.
  • A formação para a vida fraterna não se fará com discursos com gestos práticos: momentos de partilha de vida, ajuda concreta aos necessitados de dentro e de fora, especial atenção aos irmãos doentes, revisão de vida, correção fraterna.
  • A comemoração das festas franciscanas não pode ser feita com superficialidade e rapidez. Cada uma destas grandes é momento de formação (reflexão, celebração, oração, tomadas de decisão). Pensamos aqui nas grandes festas: Chagas e Solenidade do Pai Francisco, Santa Clara, Santa Isabel da Hungria, São Luis e outros. Podemos aqui nos fazer uma pergunta: Que frutos na linha da formação pudemos lucrar com as comemorações dos centenários de Clara de Assis e Isabel da Turíngia?
12. Em todo o processo formativo lugar privilegiado ocupam a Regra e as Fontes Franciscanas. Não duvidamos da importância da Regra para iluminar todas as situações da formação (humana, cristã, franciscana e eclesial missionária). Quando são abordados trabalho, paz, família, dinheiro e todas as realidades, estas serão iluminadas, de modo particular pela luminosidade dos artigos da Regra. Se temos que nos voltar sempre às Fontes, entre elas haveremos de prestar atenção particular aos Escritos de Francisco (Regras, Testamento, Admoestações). Sugestão: Poder-se-ia de quando em vez, numa tarde, reunir todos os irmãos e irmãs e ler comunitariamente, por exemplo, a Legenda dos Três Companheiros!!!

13. Dever-se-á prestar atenção às diferentes idades no tempo da formação. Há Fraternidades que têm jovens solteiros na formação inicial. Certamente eles serão orientados a fazer um projeto de vida, a discernir sua vocação para o casamento ou vida consagrada (ou sacerdotal). A experiência diz que os irmãos que fizeram a profissão deveriam merecer atenção. São os professos de pouco tempo. Uma que outra vez deveriam fazer um dia de recolhimento separadamente e serem encorajados a estudar as Fontes e apresentar seus trabalhos à Fraternidade. A experiência fala de uma crise no meio dia da vida, ou seja, pelos 50 anos. Não se deveria, a nível de distrito, fazer encontros da 2ª. Idade? Há uma formação mais adaptada aos doentes e aos que estão envelhecidos. T udo isso é formação.

14. Um adendo. Falando da formação permanente no começo da 3ª. idade, o Documento sobre a formação dos OFM já mencionado assim se exprime: “O caminho da formação permanente na terceira idade e no começo da velhice deve levar os irmãos a saborear a beleza de uma vida cristã que vai chegando ao seu termo. A lembrança que se tem do seguimento de Jesus e da fidelidade do Pai, ilumina uma atual tentação de pessimismo com relação a si mesmo aos outros, a si mesmo e à sua atividade pessoal. A reconciliação com sua história pessoal e suas feridas, por meio de uma abertura mais generosa ao perdão, permite que venhamos a colher os mais belos frutos que o Espírito Santo nos reserva: a alegria, a benquerença e a ternura (Doc.Formação, p. 104).

Concluindo:

De maneira sintética, sem pretensão de ser exaustivo, eis alguns elementos que aparecem no semblante de um franciscano bem formado:
  • Uma pessoa que quer estar de bem consigo e com a vida, sedenta de fraternidade e desejosa de Deus, que já atingiu ou está atingindo relativa maturidade.
  • Alguém que quer ir além de um cristianismo rotineiro, sacramentalista e legalista. Pessoa que está fazendo um encontro profundo com a figura do Cristo ressuscitado.
  • Pessoa que tem um cuidado todo especial em alimentar a amizade com Cristo: leitura dos Evangelho, missa se possível diária, intimidade como Cristo na Eucaristia.
  • Pessoa que tem uma piedade cristocêntrica e trinitária e não devocionalista e lateral.
  • Alguém que tem o hábito de rever a caminhada: gosto pelo silêncio, exame de consciência freqüente, apreço pelo sacramento da reconciliação.
  • Pessoa que não separa fé da vida, que vive a fé na vida: casamento, vizinhos, desprezados, oprimidos, água, ar, gente indiferente a tudo, mundo da violência, sofrimento, abundância...... Fé e vida...
  • Aquele que em seu agir pastoral respeita a ação de Deus nos sacramentos, nas celebrações e se deixa guiar pelas orientações da Igreja. Não quer se protagonista no lugar de Deus e de Cristo.
  • Alguém que compreendeu que o mistério pascal envolve sua vida: está sempre morrendo com Cristo e com ele ressuscitando.
  • Pessoa que não pode viver isolada, mas necessita do ar da fraternidade: irmãos que se reúnem, que escutam a Palavra, que estendem a mão uns aos outros, que visitam os leprosos de hoje e que vão pelo mundo dizendo que o amor não é amado.
“A formação nunca poderá coincidir com a simples leitura de um livro, de um Manual mesmo quando estes forem bem feitos. Na formação entram em cena a disponibilidade do coração e do espírito daquele que se forma e a experiência vibrante do formador, seu concreto testemunho de vida e sobretudo a presença e a ação do Espírito de Vida que é Deus e a docilidade daquele que se deixar guiar e encher de sua Graça. Trata-se de um fogo que deve se propagar, fogo que deve contagiar. Não se acende uma chama com o pensamento. Necessário se faz que nos aproximemos com uma chama já acesa, vigorosa e forte e , assim, acendamos a chama do outro. Não esqueçamos que somos filhos e irmãos do Pai “seráfico” São Francisco. Seráfico quer dizer ardente e, como São Francisco, haveremos de “arder”, arder de um amor inflamado por Deus e pelos irmãos e nós mesmos chegarmos a ser verdadeiras “sarças ardentes” que ardem sem se consumar, a não ser de amor” (Introdução ao Manual de Formação do CIOFS).

(*) Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM é Assistente Nacional para a OFS e Assistente Regional da OFS do Sudeste II.

Este texto sofreu pequenas edições de Eugenio Hansen, OFS.
O original está disponível em http://www.franciscanos.org.br/v3/vidacrista/artigos/almir_070808/artigos_25.php e foi acessado para esta postagem em 23 abr. 2009.

CAPÍTULO DAS ESTEIRAS: ENCERRAMENTO DOS OITOCENTOS ANOS DA FAMÍLIA FRANCISCANA

PELA PRIMEIRA VEZ, CAPÍTULO REÚNE TODA FAMÍLIA FRANCISCANA EM ASSIS

Inserido por Frei Fernando,OFMConv.

Começa amanhã, 15, em Assis, o Capítulo Internacional das Esteiras, que pela primeira vez na história, reunirá toda a Família Franciscana no lugar onde tudo teve início, diante da Porciúncula. Atualmente, conservada na Basílica de Santa Maria dos Anjos, construída para proteger a pequena igreja, onde São Francisco compreendeu que devia viver "segundo o Santo Evangelho".

Dois mil frades de 65 países representarão os 35 mil franciscanos das quatro Famílias espalhadas no mundo inteiro. Com uma programação especial, os frades se reunirão para renovar a fidelidade ao carisma e dar respostas aos muitos desafios da modernidade.

Este ano, se comemora o oitavo centenário da aprovação da Regra franciscana, por parte do Papa Inocêncio III. E, por ocasião desse Capítulo Internacional foram estampadas quatro mil cópias da Regra de São Francisco, texto que continua atual após oito séculos, destaca o assessor de imprensa do Capítulo, Frei Enzo Fortunato, em entrevista à Rádio Vaticano.

Segundo Frei Enzo, trata-se de uma Regra que, na coletiva de imprensa desta manhã, foi definida pelo custódio do Sagrado Convento, Frei Giuseppe Piemontese, como Carta Constitucional, "indicando que como franciscanos temos uma bússola que nos guia, mas também uma mensagem para as muitas pessoas que desejam beber de uma das fontes mais genuínas da espiritualidade cristã; isto é, assumir uma vida feita de princípios, uma vida de regras, uma vida feita de respeito. Nesse sentido, a regra não aprisiona, mas é altamente libertadora, porque nos ajuda a viver atrelados a valores que não nos deixam desanimar".

O Capítulo Internacional das Esteiras se concluirá no sábado, 18, quando se realizará uma audiência da Família franciscana com o Santo Padre, Bento XVI, no pátio interno da Residência Pontifícia de verão de Castel Gandolfo, localidade da região italiana do Lácio, situada a cerca de 30 km de Roma.

Fonte: Rádio Vaticano
[Província São Maximiliano Kolbe] - Copyright © 2008. Todos os direitos reservados. http://wwww.franciscano.org.br

OITOCENTOS ANOS DA FAMÍLIA FRANCISCANA

Video e entrevista com Frei Vogram no Capítulo das Esteiras em Assis por ocasião dos 800 anos da fundação da Ordem



PAZ E BEM!

FREI FERNANDO,OFMConv.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Porto Alegre : Grupo de Estudos das Fontes Franciscanas

Em Porto Alegre (RS) há um
Grupo de Estudos das Fontes Franciscanas, OFM,
sob a assessoria do Frei Dorvalino Fassini,
que reune-se uma vez por mês
das 09h às 11h30min
na Igreja São Francisco de Assis
-- Rua São Luís, esquina com
Rua Domingos Crescêncio --.

Os próximos encontros serão:

  • 03 maio, domingo
  • 07 jun., domingo
  • 02 ago., domingo
  • 30 ago., domingo
  • 04 out., domingo
  • 08 nov., domingo

Os encontros são abertos para todos os interessados,
apareçam!

Oração pessoal

"Nunca podemos prescindir da oração pessoal,
do tu a tu com Deus,
da fala da criatura consciente ao Criador pessoal,
do filho/filha à Mãe-Pai.
A oração pessoal diária
deve ser o outro pão nosso de cada dia.
Aqui não cabe claudicação nem subterfúgio".


terça-feira, 21 de abril de 2009

Casa Perfeita Alegria


Nossa Missão
Promover ações e atitudes de solidariedade com os empobrecidos e marginalizados, contribuindo para o exercício da cidadania e inclusão social, no modo franciscano de viver e anunciar o Evangelho.
Rua Mário de Araújo 2013 - sobrado - Nilópolis RJ. Tel: 2792-0598 E-mail: perfeitalegria@yahoo.com.br
Paz e bem!!!

http://perfeitalegria.blogspot.com/

segunda-feira, 20 de abril de 2009

A EXPERIÊNCIA DO RESSUSCITADO (DA RESSURREIÇÃO)

“Todos diziam: O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão. Eles (os discípulos de Emaús), por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão. Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: A paz esteja convosco!

Perturbados e espantados, pensaram estar vendo um espírito. Mas ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que essas dúvidas nos vossos corações? Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho. E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés.

Mas, vacilando eles ainda e estando transportados de alegria, perguntou: Tendes aqui alguma coisa para comer? Então ofereceram-lhe um pedaço de peixe assado. Ele tomou e comeu à vista deles. Depois lhes disse: Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos.

Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo: Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia. E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas de tudo isso.”. (Lc 24,34-48).

Fazer a experiência do ressuscitado é fazer a experiência da ressurreição com Ele. De Abraão até Jesus, os homens viveram a realidade da fé na esperança de sua vinda, agora, porém, vivemos a esperança da Plenitude do Reino de Deus inaugurado por Ele na Ressurreição; então tudo é novo, totalmente novo, eis que fazemos parte da Nova Criação, porque em Jesus não existe mais a morte, mas somente a Vida Eterna, por isso, todo aquele que Nele crê, tem a Vida Eterna.

Não viver a dimensão de ressuscitado com Cristo, é permanecer inda na morte sem esperança alguma; sem qualquer novidade ou expectativa de vida. A humanidade precisa despertar desse sono letárgico que a mantém presa ao pecado e à morte. Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e nos liberta de todo mal; resgata as nossas almas para o Reino dos Céus e nos faz participantes da Natureza Divina, que tem como Atributo a imortalidade.

Quem não se une ao Senhor neste mundo, vive ainda na perdição deste mundo. Quem não o ama de todo coração, permanece no ódio satânico que tem feito tanto mal à criação.

“Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco! Depois disse a Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé. Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus!
Disse-lhe Jesus: Creste, porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto!” (Jo 20,26-29).

Paz e Bem!

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sábado, 18 de abril de 2009

Legenda dos Três Companheiros

História da LTC 


Legenda dos Três Companheiros já era conhecida por L. Wadding, quando escreveu os Annales Minorum, no sec. XVII. 

A primeira edição impressa, foi feita em 1798 pelo bolandista C. Suyskens, que lhe deu o título de "Apêndice inédito à Vida Primeira, elaborado por três companheiros do próprio São Francisco". Era a transcrição de um códice dos franciscanos recoletos de Lovaina. Desde essa data, a LTC com a carta introdutória foram consideradas fontes autênticas. 

No sec. XIX prosperaram edições baseadas no cod. Vaticano 7339 e numa vulgarização italiana transcrita em 1577 pelo oratoriano Muzio Achillei. 

O cod. 7339 tem um enorme acréscimo no começo (em relação ao texto que conhecemos hoje). Foi publicado a primeira vez em 1831 por Frei Estêvão Rinaldi e uma segunda vez em 1880 por L. Amoni. A vulgarização italiana, por sua vez, tem um grande acréscimo no final. No fim do sec. XIX havia três publicações: Suyskens, a vulgarização italiana e Rinaldi-Amoni. 

No começo de seus estudos, Sabatier dizia que a LTC era o melhor texto sobre São Francisco, embora acreditasse que as autoridades da Ordem tinham mutilado o texto. Depois que achou o Espelho de Perfeição, deixou um pouco de lado a LTC. Acreditava que a Legenda dos Três Companheiros fora escrita em 1246 e o Espelho da Perfeição em 1227. 

Em 1898, Faloci Pulignani editou um códice que estava com os capuchinhos de Foligno (agora na cúria provincial). Em 1917, F. Delorme publicou o texto do Friburgense 23 J 60 (só trechos). 

Baseados na idéia de Sabatier, de que o texto do bolandistas e o italiano eram anteriores a uma parte dos cortes feitos pelas autoridades, Marcelino de Civezza e T. Menichelli publicaram em 1899 uma edição que tentava recuperar o texto íntegro que, para eles, era fundamentalmente o italiano. Refizeram um texto latino usando o Espelho de Perfeição. Saiu uma tradução desse trabalho pela Vozes em 1954. 

Em 1900, o bolandista Van Ortroy sus-tentou que o texto da LTC dos bolandis-tas era íntegro e por isso não tinham cabimento nem as dúvidas de Sabatier nem a edição Civezza-Menichelli. Mas disse que, embora íntegro, o texto não era autêntico: era obra de algum hábil autor posterior, que se fez passar pelos primeiros discípulos.
 
Salvatore Minocchi separou a carta da LTC e disse que o texto que acompanhou a carta era uma primeira versão do Espelho de Perfeição. Para ele, o texto que conhecemos como LTC era o Quasi stella matutina de João de Ceprano (ou Celano), que acham que está perdido. Argumentava que um prólogo reproduzido pelo códice Vaticano 7339 começava assim: "Praefulgidus ut lucifer et quasi stella matutina...". Depois disso, vários autores tentaram fazer recomposições, especialmente na base da Compilação de Assis (Legenda Perusina). 
Em 1939, J. Abate publicou o Códice de Sarnano (E60 da biblioteca dessa cidade), tido como mais antigo, pois pode datar do fim do sec. XIII ou começo do XIV. Para Abate, a LTC não poderia ser colocada antes dos anos 70 do sec. XIII, porque depende até da Legenda Maior. 

Depois disso, tanto Desbonnets (1972) quanto Sofrônio Clasen acabaram defendendo que uma primeira versão da LTC é mesmo de 1246, na base de com-parações com os outros escritos. Mas para Lorenzo de Fonzo, a LTC buscou seu material no Florilégio dos companheiros e noAnônimo Perusino. Para Pierre Beguin, a LTC não representa a totalidade do material enviado pelos Companheiros, nem é uma parte dele, mas foi escrita antes da Vida II de Celano, e aproveitando o Anônimo Perusino. 

Para Desbonnets, a Carta dos Companheiros enviou junto com as "Flores" as primeiras versões do que conhecemos hoje como Compilação de Assis Anônimo Perusino. 

Em 1980, Raoul Manselli sugeriu que se desse à LTC o nome de “Legenda de Assis” pois dá muita atenção a detalhes de Assis, fazendo 34 referências à cidade. 

 O Autor da LTC 

Como o livro que estamos apresentando é uma verdadeira Legenda, que narra em ordem a vida de Francisco, não deve ter sido escrito pelos três companheiros do santo que escreveram a Carta de Grécio. 

Além disso, o autor não parece ser um frade retirado em um eremitério, como era Grécio. Tem acesso a livros que de-viam ser raros e redige como um escrivão público. E parece estar vivendo em Assis, pelas observações constantes que faz sobre a cidade. Aliás, morando em Assis e escrevendo como um profissional da caneta, provavelmente foi um frade do Sacro Convento, com acesso à biblioteca que, provavelmente, era a melhor da Ordem. 

Por tudo isso, não é sem cabimento a suposição de Minochi de que o autor fosse João de Ceprano ou de Celano. Mas não dá para provar nada. 

Na realidade, o autor juntou material recolhido da Primeira Vida de Celano, da Biografia escrita por Juliano de Spira e do Anônimo Perusino(quase a metade da LTC é formada por 96% do AP), acrescentando pouca coisa de próprio, por exemplo, nos números 9-10 e 14-15. 

Mas o autor da LTC foi alguém muito capacitado, que deu outra alma a seu livro, apresentando um São Francisco muito mais místico que o doAnônimo Perusino. 

 Indicações cronológicas 

Há alguns elementos que nos ajudam a situar a LTC no tempo. Como ela junta ao nome de Gregório IX um "de saudosa memória" (24) e diz que ele foi benfeitor e defensor dos irmãos "até o fim de sua vida" (67), deve ter sido escrita depois de 22 de agosto de 1241, quando esse papa morreu. Para comparar, o Anônimo Perusino chama Gregório IX de "o venerável senhor e pai" (47) e só diz que foi eleito papa (45). Semelhantemente, o AP apresenta Frei Bernardo de Quintavalle sempre como vivo (10, 11, 12, 14, 21, 31), enquanto a LTC diz que ele era de "santa recordação" (27 e 39). Sabemos que Bernardo morreu entre 1241 e 1246. 

Por outro lado, se, como sustentam alguns estudiosos, a LTC serviu de fonte para a Segunda Vida de Celano depois de pronta e não quando ainda tinha apenas a forma de "flores" dos companheiros, tem que ter sido escrita até 1246, porque a 2Cel saiu em 1247. 

Também é interessante aproveitar as indicações cronológicas que estão dentro do texto da Legenda: 
No n. 27: "transcorridos dois anos de sua conversão... certos homens... uniram-se a eles". 
No n. 62: "Onze anos haviam decorrido desde o início da Ordem... foram escolhidos ministros". 
No 66: “No capítulo seguinte (depois na Regra bulada) Francisco concedeu licença aos ministros para receberem frades...". 
No 68: "Vinte anos após... (1226) apresentou-se diante do Senhor". 
No 69: "...dois anos antes de sua morte... lhe apareceu um serafim". 
No 71: Foi canonizado "no ano do Senhor de 1228...". 
No 72: "Dois anos após a canonização... o corpo foi trasladado". 
Indicações ambientais – Assis 

A nossa Legenda faz contínuas referências a Assis, a seus cidadãos e aos seus arredores, sem falar nas referências à Porciúncula. Em geral, coloca numa luz favorável os conterrâneos de Francisco. 

Circunstâncias históricas 

O autor do livro que conhecemos como Legenda dos Três Companheiros parece não tomar conhecimento dos fatos históricos que sacudiam a Ordem e a Igreja no seu tempo. Mas não podemos pensar que fosse imune ao que se passava e, se de fato cremos que o livro foi escrito por volta de 1246, é interessante recordar alguns dos principais fatos do tempo. 

Em 1240, o Papa e o Imperador estavam em guerra. As tropas imperiais assediaram Assis. Nessa ocasião, entraram os sarracenos em São Damião. Em 1241, voltaram a cercar Rieti e Assis. Nesse ano, deve ter morrido Frei Bernardo de Quintavalle, no Sacro Convento de Assis. 

Em 1243, sendo ministro geral Haimo de Faversham, a Ordem estabeleceu normas litúrgicas. Posteriormente foram publicados um missal e um breviário franciscanos que serviram de modelo para toda a Igreja. Foi em junho desse ano que, após uma vacância de dois anos, foi eleito papa o cardeal Sinibaldo Fieschi, com o nome de Inocêncio IV. - É provável que João Fidanza tenha entrado na Ordem nesse ano, em Paris, tomando o nome de Frei Boaventura. 

Em 1244, com a morte de Haymo de Faversham, o capítulo elegeu como geral Frei Crescêncio de Iesi, que mandou recolher tudo que os frades sabiam sobre Sào Francisco. No fim desse ano, fugindo do imperador, o Papa se refugiou em Lião, na França. 

Em 1245, Inocêncio IV convocou um concílio para condenar o imperador. Também impôs aos frades que assumissem a responsabilidade por todos os mosteiros das clarissas. Em novembro, escreveu a bula "Ordinem vestrum", em que a Santa Sé assume como seus todos os bens usados pelos frades, e lhes permite que tenham não só o necessário mas também o que for cômodo. 

Em 1246, Frederico II atacou todos os que apoiavam o Papa, inclusive os frades. Muitos foram mortos ou, pelo menos, expulsos ou encarcerados. No dia 11 de agosto, Frei Leão, Frei Rufino e Frei Ângelo escreveram em Grécio a carta com que apresentaram ao ministro geral tudo que puderam recolher sobre São Francisco: as "flores" que foram passadas para Celano e talvez o Anônimo Perusino e a Compilação de Assis (Legenda Perusina). 

Em 1247, o capítulo geral de Lião (13 de junho) elegeu Frei João de Parma co-mo ministro geral. Ficaria até 1257. Em agosto, o Papa emite outra bula, a "Quanto studiosius" a respeito da pobreza dos franciscanos: institui os "síndicos apostólicos", encarregados de agir em nome do papa para atender às necessidades dos frades. O geral rejeita a bula. Mas Inocêncio IV também escreve uma nova regra para as clarissas, em que acaba com a sua isenção da propriedade. É o que vai acabar levando Clara a fazer a sua Regra. Assis e Perusa estão em guerra com as tropas do imperador. 

Francisco místico na LTC 

Na Legenda dos Três Companheiros, Francisco já aparece como um santo desde o começo: antes da conversão já punha remendos ordinários em trajes de fazenda caríssima (2), e já achava que ia ser um santo venerado (4). Foi visitado pelo Senhor quando ainda pensava em ser militar (5) e teve êxtases passeando com os companheiros na noite de Assis (7). 

Subtraía-se do mundo para guardar Jesus Cristo em seu interior (8). Começou a ter a experiência dos leprosos (11) num dia em que estava "a orar com mais fervor". 

Nessa perspectiva estão a oração numa caverna e em outros lugares afastados (12), o encontro com o Crucificado em São Damião (13), e todo seu amor pela paixão de Jesus (14-15). 

Seu confronto com o pai (17-19) acon-tece dentro de um profundo espírito religioso, e sua pobreza está intimamente ligada à experiência de Deus (22 e 24). 

São experiências místicas sua missão evangélica (25), seu encontro com o Papa me Roma (51), como também a visão da árvore (53), a da Porciúncula como centro de luz (56), e mesmo os seus sonhos como o da galinha choca (63). A morte (68) e os estigmas (69-70) são o coroamento de sua experiência mística. 

A experiência da Igreja 

Nosso quadro mostra que há um verdadeiro esquema sobre a Igreja, do número 46 ao 67. 

Todo o conjunto mostra muito bem porque Francisco escreveu em sua Saudação à Mãe de Deus: "Salve, Virgem feita Igreja!". Isso é demonstrado especialmente quando se fala dos capítulos gerais e, de uma maneira destacada quando se apresenta o papel da Porciúncula. 

Nada substitui uma boa leitura do texto, mas chamamos a atenção para o n. 46, quando Francisco diz: "Vamos, pois, à nossa Mãe a Santa Igreja Romana..." e para o n. 56, quando se apresenta a visão que um frade teve: "todos os homens deste mundo estavam cegos e ajoelhados em torno de Santa Maria da Porciúncula...", o lugar "predileto da Virgem gloriosa, entre todos os lugares e igrejas deste mundo". 

Como conclusão, o cardeal protetor - elo de comunhão com a Igreja - assistia aos capítulos todos os anos. 

Uma conclusão 

Se os famosos três companheiros mandaram ao ministro geral as suas "flores" e mais os textos que nos deram o Anônimo Perusino e aCompilação de Assis (Legenda Perusina), é porque esses escritos, não oficiais, só tinham cópias particulares, quando alguém se interessava por eles. 

É diferente o caso das Legendas de Celano, copiadas por ordem da Santa Sé ou da Ordem e presentes praticamente em todos os conventos, ou também o da Legenda Maior, que já foi apresentada com 43 exemplares justamente destinados à multiplicação. 

Por isso se compreende como esse tipo de escrito teve uma história difícil de ser recuperada e com uma abundância de variantes. O estudo dos próximos livros nos ajudará a entender melhor toda essa complicada questão editorial. 

A LTC tem 18 capítulos e 73 parágrafos numerados. Dividimos o tema pelos parágrafos, sem levar em consideração os capítulos com seus títulos. 


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