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sábado, 30 de julho de 2011

Breve apresentação de cada um dos Escritos [de S. Francisco]

Breve apresentação de cada um dos Escritos [de S. Francisco]:

DEVOÇÃO MARIANA EM SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO

















DEVOÇÃO MARIANA EM SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO

A devoção é um ato de amor que prestamos àqueles Deus santificou; ora, Maria, a Mãe de Jesus, foi santificada por Deus desde o ventre materno, pois ela é Imaculada desde sua concepção em vista do Filho de Deus que nasceu de seu ventre santo, como nos revela São Lucas em seu Evangelho: “Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus” (Lc 1,35).

Logo, com imensa satisfação os filhos e filhas de Deus lhe prestam atos de amor e piedade pela devoção com que invocam o seu nome pedindo sua intercessão para a santificação de suas almas. Como nos ensinou ainda São Lucas em seu Evangelho: “E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações”. (Lc 1,46-49).

De fato, um dos filhos prediletos da Virgem Maria, a Mãe do Senhor, é Santo Afonso Maria de Ligório. Para ela escreveu um tratado completo sobre o seu papel no plano de salvação de nossas almas, chamado: “As Glórias de Maria”. Dizia que Maria, por ser tão amada por Deus e corresponder plenamente ao Seu amor, se tornou nosso modelo perfeito de vida cristã. “Segundo sua biografia, a devoção a Maria vem desde a infância e a Ela dedicou sua vida, seu amor e uma grande obra para que pudéssemos, como ele, amá-La com a mesma intensidade”.

Por isso, de modo muito especial, Santo Afonso insistia para que rezássemos a Maria, nossa Mãe abençoada, pois dizia: “Ela é cheia de graça; porém, esta plenitude não foi concedida apenas para si, mas também para que compartilhasse conosco.” Porque, segundo suas reflexões, “a Virgem adianta-se às nossas orações, ampara-nos nas aflições, protege-nos, dá-nos santas inspirações para vivermos profundamente a caridade. Mais ainda, ela anima-nos e nos fortalece nos momentos de desânimo e angústia, é fiel defensora de seus filhos nos embates da vida e quando recorremos a Ela nas tentações, sempre a temos ao nosso lado, mesmo sem a ela recorrermos”.*

Esse grande homem de Deus deixou-nos uma obra exemplar, ele é fundador da Congregação do Santíssimo Redentor, popularmente chamados de Missionários Redentoristas, C.Ss.R., cujo carisma e missão é fundamentalmente a pregação de missões populares e o atendimento dos menos favorecidos; é sua congregação que cuida dos santuários de Nossa Senhora Aparecida e do Divino Pai Eterno entre outros em nosso país e no mundo. Eles são os responsáveis pela divulgação da devoção a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e de sua novena permanente.

ORAÇÃO À SANTA MÃE DE DEUS COMPOSTA POR SANTO AFONSO

Toda Sois formosa e em Vós não há mancha. Ó pomba puríssima, toda cândida, toda bela, sempre amiga de Deus! Dulcíssima, amabilíssima, imaculada Maria, Vós que sois tão bela aos olhos do Senhor, não recuseis olhar com Vossos piedosíssimos olhos as chagas tão asquerosas de minha alma. Olhai-me, compadecei-Vos de mim, e curai-me. Ó belo ímã dos corações, atraí para Vós também este meu miserável coração. Tende piedade de mim, que não só nasci em pecado, mais ainda depois do batismo manchei minha alma com novas culpas, ó senhora, que desde o primeiro instante de Vossa vida aparecestes bela e pura aos olhos de Deus.

Que graça Vos poderá negar o Deus que Vos escolheu para Sua Filha, Sua Mãe e Sua esposa, e por essa razão Vos preservou de toda mancha? Virgem Imaculada, a Vós compete salvar-me, dir-Vos-ei com S. Filipe Néri. Fazei que me lembre de Vós; e não Vos esqueçais de mim. Parece tardar mil anos o momento de ir contemplar Vossa beleza no Paraíso, para melhor louvar-Vos e amar-Vos, minha Mãe, minha Rainha, minha Amada, belíssima, dulcíssima, puríssima, imaculada Maria. Amém.” (Tratado "As Glórias de Maria" de Santo Afonso Maria de Ligório).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.




Tradicionalismo e conservadorismo católicos: as ideologias em jogo

Entrevista especial com Rodrigo Coppe Caldeira

Retorno da missa em latim segundo o missal tridentino, revalorização da adoração ao Santíssimo, defesa de que a Comunhão deve ser recebida na boca e de joelhos. Sinais de tradicionalismo, conservadorismo, reacionarismo ou antimodernismo?

Para o historiador Rodrigo Coppe Caldeira, explicando as origens do tradicionalismo (“uma heresia relacionada com a questão da possibilidade do conhecimento de Deus”) e suas diferenças com os demais conceitos, ambos os movimentos “se realizam em contraposição a outra concepção, a revolução, o progressismo”.

No Brasil, o tradicionalismo católico teve seus principais nomes em Plínio Corrêa de Oliveira, fundador da Associação para a Defesa da Tradição, Família e Propriedade (a TFP), Orlando Fedeli, que constitui a Associação Cultural Montfort, e Clá Dias, fundador dos Arautos do Evangelho.

No entanto, “os estudos históricos sobre o catolicismo nestes anos foram marcados por certa militância política, o que deixou de fora, propositalmente, outras personagens importantes para se compreender o panorama católico no Brasil”, aponta. Nesta entrevista, concedida por e-mail à IHU On-Line, Caldeira busca exatamente “compreender de forma mais acurada as ideologias que estão em jogo e, além disso, como o progressismo católico se aproxima de seu opositor em algumas falas e posições”.

Rodrigo Coppe Caldeira é graduado em História pela PUC-Minas com mestrado e doutorado em Ciência da Religião pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Neste ano, iniciou a graduação em Direito na PUC-Minas, onde é professor adjunto de Cultura Religiosa e Fenomenologia da Religião. É autor de Os baluartes da tradição: O conservadorismo católico brasileiro no Concílio Vaticano II (Ed. CRV, 2011). No segundo semestre deste ano, está previsto para ser publicado o seu novo livro, coorganizado por Gizele Zanotto, intitulado As facetas do tradicionalismo católico no Brasil.
Confira a entrevista.

IHU On-Line – O que podemos entender por tradicionalismo católico? Quais são suas principais características ao longo da história no contexto brasileiro?
Rodrigo Coppe Caldeira – Um primeiro ponto de que devemos estar cientes é que a palavra tradicionalismo, no contexto católico, significou outra coisa do que se entende contemporaneamente. Na verdade, na sua concepção primeira, no século XIX, tradicionalismo é uma heresia e está relacionado com a questão da possibilidade do conhecimento de Deus. 

"O tradicionalismo, de matizes diversos, afirma a incapacidade da razão de conhecer verdadeiramente as realidades espirituais"

Esse tradicionalismo, assim, é um movimento filosófico-teológico de reação ao movimento racionalista que se impunha no período e que considera a fé ou a tradição como definitiva fonte de certeza, e de nenhum modo a razão humana. Por isso também sua aproximação com o chamado fideísmo. O tradicionalismo, de matizes diversos, afirma a incapacidade da razão de conhecer verdadeiramente as realidades espirituais.

A palavra aparece num documento pontifício que trata das “teses subscritadas por Louis-Eugène Bautain por ordem do seu bispo, 18 nov. 1835 e 8 set. 1840” (Denzinger, 2751-2756). Também aparece em um documento, um decreto da S. Congregação do índex de junho de 1855 contra as teses de Augustin Bonnetty, que sustentava um “tradicionalismo moderado”. O Concílio Vaticano I o condenou, como também o fideísmo.

Atualmente, entende-se tradicionalismo como um tipo-ideal para caracterizar alguns grupos no orbe católico e que, especialmente, distanciam-se das determinações do Concílio Vaticano II, interpretado como ruptura com a tradição da Igreja Católica. Opõem-se ao Missal de Paulo VI (1969), negam a concepção conciliar sobre a questão da liberdade religiosa, tendo como principal apoio as encíclicas e documentos pontifícios do século XIX e início do XX, como o Syllabus Errorum Modernorum e as encíclicas Mirari vos arbitramun e Quanta Cura e defendem com fervor o primado do papa.

Se entendermos tradicionalismo como reação ao Vaticano II, podemos falar sobre ele apenas no momento posterior, obviamente, ao evento. Dessa forma, temos como um de seus principais baluartes a figura do bispo de Campos, D. Antônio de Castro Mayer, que, junto de Marcel Lefebvre, foi excomungado em 1988 por ter radicalizado o discurso contra as determinações do concílio e, especialmente, por ter sagrado quatro bispos sem a autorização de Roma.

Porém, um tradicionalismo católico que se manteve na comunhão com Roma também se desenvolveu no Brasil, tendo como seus principais nomes Plínio Corrêa de Oliveira, fundador da Associação para a Defesa da Tradição, Família e Propriedade (a TFP), Orlando Fedeli, egresso da TFP e que constitui a Associação Cultural Montfort, e Clá Dias, também egresso da TFP e fundador dos Arautos do Evangelho. De fato, estes três grupos, adversários entre si, devido aos desentendimentos de seus fundadores, mesmo afirmando-se como em estrita obediência a Roma, deixam transparecer críticas contínuas ao Vaticano II em alguns de seus aspectos. Uns mais, como a Montfort, outros menos, como os Arautos. É importante dizer que estes grupos, mesmo se assemelhando em alguns pontos, divergem em tantos outros. Por isso a dificuldade de classificação.

Não podemos esquecer também, por exemplo, a Administração Apostólica São João Maria Vianney, que com D. Fernando Áreas Rifan, bispo e administrador apostólico, publicou uma Orientação em 2005 com o objetivo expresso, diz ele, de “purificar o nosso ‘tradicionalismo’, corrigindo distorções, imprecisões e até desvios doutrinários, para que, assim purificados, possamos realmente prestar serviço à Hierarquia da Igreja, combatendo eficazmente, ao lado dela e sob sua autoridade, a ‘autodemolição’ da Igreja” (p. 4). Nota-se que Rifan se vale de conceitos utilizados especialmente pelos tradicionalistas, mas visa afastar-se do cisma de Castro Mayer e Lefebvre, colocando-se sobre a égide romana. 

"No século XIX, tradicionalismo é uma heresia e está relacionado com a questão da possibilidade do conhecimento de Deus"

IHU On-Line – Que paralelos podem ser feitos entre o tradicionalismo e os usos de conceitos como conservadorismo, reacionarismo e antimodernismo?
Rodrigo Coppe Caldeira – Karl Mannhein afirmava, em seu importante texto O significado do conservantismo, que tradicionalismo é uma tendência humana, um “conservadorismo natural” de todos os homens, já que todos eles visam conservar, o mínimo que seja, seu mundo de significados. O sociólogo conceitua o “tradicionalismo” como uma “atitude psicológica geral que se expressa em diferentes indivíduos como uma tendência a agarrarem-se ao passado e como um medo de inovações”. Já o conservantismo, ou conservadorismo, seria um movimento consciente e reflexivo desde o início, surgindo como oposição a um movimento progressista sistemático e coerente, dotado de organização.

Para Mannheim o conservadorismo é um “tradicionalismo tornado consciente”. Nota-se que a questão da taxonomia é complexa. O antimodernismo, assim, pode ser claramente compreendido como um movimento conservador na medida em que visa combater o modernismo. Sabe-se que o “inventor” do conceito “modernismo”, de acordo com o historiador francês Jacques le Goff, foi Pio X, quando escreveu sua encíclica Pascendi Domenici Gregis, contra os erros modernistas, em 1907. Dessa forma, o antimodernismo surge como reação ao modernismo – movimento teológico de vanguarda do final do século XIX – podendo ser considerado como um movimento conservador.

Já o termo reação aparece nas falas dos revolucionários franceses esporadicamente e é, segundo Jean Starobinski, “a resposta, a ação no sentido contrário, de um partido precedentemente ‘oprimido’, ou de uma causa atacada, quaisquer que estes sejam”. Contudo, com o passar do tempo, a “contrarrevolução”, o oposto da revolução, desdobrou-se em “reação”. A emergência do sentido moderno de reação, como intenção defensiva, está ligada à ideia de progresso nas instituições.

Assim, o termo passa por inúmeros significados durante o processo revolucionário francês, chegando então a significar a restauração do Antigo Regime. Foi Benjamin Constant que deu o significado à palavra que vigora ainda hoje. Na brochura de 1797, intitulada Des Réactions politiques, afirma que na falta de princípios, de um governo firmemente engajado em seus princípios, os sujeitos “se veem entregues ao arbítrio, ou seja, à violência, que suscita inevitavelmente as reações”. Chegamos, então, na compreensão atual: reação consiste em querer restaurar alguma situação que não existe mais, uma “resposta suscitada por um excesso nas novas disposições estabelecidas”.

O filósofo Emil Cioran também deixou algumas palavras sobre o fenômeno em seu Joseph de Maistre. Ensaio sobre o pensamento reacionário, reeditado pela Rocco para a comemoração dos 100 anos do filósofo romeno em “Exercícios de admiração. Ensaios e perfis”. Nele, Cioran afirma que a “idolatria dos inícios, do paraíso já realizado, esta obsessão pelas origens é a própria marca do pensamento ‘reacionário’ ou, se preferir, ‘tradicional’”. Dessa forma, o reacionário é aquele que se liga a um tempo pretérito idealizado e que a ele deseja retornar. O que o também aproxima, de certa forma, do revolucionário, que em vez do passado idealizado, pensa num futuro de beleza e harmonia, e que ambiciona construir.

"Conservadorismo e reação se realizam em contraposição a outra concepção, a revolução, o progressismo"

O que deve ficar dessa breve explanação é que seja o conservadorismo, seja a reação, ambos se realizam em contraposição a outra concepção, a revolução, o progressismo. Porém, no contexto atual, as duas primeiras são eivadas de sentido pejorativo, enquanto as duas últimas, corriqueiramente, são vistas positivamente, inclusive porque ligadas a “mudança”, “evolução” e “progresso”, palavras-chave da sensibilidade moderna.

IHU On-Line – Quais são os principais focos da pesquisa sobre o tradicionalismo católico brasileiro? Como esse estudo nos ajuda a compreender o contexto sócio-histórico do nosso país?
Rodrigo Coppe Caldeira – No Simpósio Temático organizado por mim e pela a professora Gizele Zanotto para o XXVI Simpósio Nacional de História - ANPUH realizado na USP, observou-se o interesse crescente suscitado por este filão de pesquisa. Surgem algumas pesquisas sobre a atuação de bispos e leigos conservadores, de jornais católicos e, especialmente, um interesse pelo anticomunismo católico.

De fato, estudar o tradicionalismo católico no Brasil não é fácil. Nota-se nos últimos 30 anos uma historiografia do catolicismo no país marcada pela chave interpretativa que vem da “Igreja da libertação” e sua “opção preferencial pelos pobres”. Dessa forma, os estudos históricos sobre o catolicismo nestes anos foram marcados por certa militância política, o que deixou de fora, propositalmente, outras personagens importantes para se compreender o panorama católico no Brasil. Falou-se exaustivamente da “Igreja da libertação”, das CEBs e de outros grupos ligados à dita “esquerda”, não raramente em tom laudatório, calcado na crença de suas potencialidades revolucionárias advindos de sua tomada de “consciência de classe”.
 
Como este tipo de estudo dominou as universidades, e ainda domina, mesmo que em menor grau, sempre que se fala em “tradicionalismo católico” ou “conservadorismo”, mesmo em âmbito acadêmico, rapidamente se levantam espantados aqueles que gostariam que seus opositores no campo da militância fossem levados ao esquecimento. Geralmente deslegitimados em suas posições religiosas e políticas por seus opositores, estes grupos, com seus principais representantes, falam muito profundamente sobre a realidade eclesial brasileira e seus dilemas, e também, curiosamente, de seus opositores.

De fato, entendo que, ao se estudar o tradicionalismo e o conservadorismo católico, é possível se passar a compreender de forma mais acurada as ideologias que estão em jogo e, além disso, como o progressismo católico se aproxima de seu opositor em algumas falas e posições.

Assim, pergunto-me: como, por exemplo, apenas concentrar nossos esforços em compreender o papel de D. Hélder Câmara no Concílio Vaticano II sem também atentarmos para D. Geraldo de Proença Sigaud e sua importante atuação na organização da minoria conciliar, como tentei demonstrar de alguma forma em meu livro Os baluartes da tradição: o conservadorismo católico brasileiro no Concílio Vaticano II?

"Ao se estudar o tradicionalismo e o conservadorismo católicos, é possível compreender as ideologias que estão em jogo"

IHU On-Line – Qual a importância do conservadorismo católico na configuração teológica e litúrgica na Igreja do Brasil?
Rodrigo Coppe Caldeira – Difícil de responder. Tomando-se do Vaticano II para cá, quase nenhuma, já que, como se sabe, os grupos que conseguiram galgar maiores espaços foram aqueles ligados ou próximos à “Igreja da libertação”. Parece que, no final dos anos 1980, com a reconfiguração política global devido ao fim do socialismo real, houve uma nova movimentação dos teólogos em relação aos seus temas. O pobre continua central, mas outras questões aparecem ou se firmam, como a ecologia e a pluralidade religiosa. Penso que agora, nessa primeira década do século XXI, é possível notar uma outra movimentação, e aí quero chamar atenção para a liturgia.

Com a Summorum Pontificum dizem alguns que estamos observando o nascimento de um Novus Motus Liturgicus, que tentará colocar as duas formas de celebrar em diálogo. Missas no rito antigo espalham-se por todo o Brasil, causando estupor em alguns bispos de tendências mais liberalizantes, que veem nesse movimento o signo do “retorno ao pré-Vaticano II”.

Dessa forma, no campo litúrgico, algo de novo acontece. Seria, inclusive, muito interessante um levantamento sobre essas missas no Brasil e quais os motivos por observarmos tantos jovens se interessando por elas.

IHU On-Line – Uma tese clássica publicada nos anos 1980 defendia que as Comunidades Eclesiais de Base – CEBs eram tributárias do conservadorismo católico (Trata-se da tese de doutorado de Roberto Romano, hoje professor na Unicamp). Qual é a sua posição em relação a este tema?
Rodrigo Coppe Caldeira – Acho bastante interessante a abordagem do Roberto Romano nesta importante obra. Toda reflexão que possa demonstrar a complexidade – especialmente a partir do dissenso – do que estamos tratando é sempre bem vinda, já que existe um barateamento da discussão ao percebermos que estes conceitos são corriqueiramente levantados em sua mais rasa compreensão, se não em total incompreensão. Bem, Romano, no momento que escrevia seu trabalho, vivia o período auge da Teologia da Libertação e, por conseguinte, das CEBs.

Se li corretamente a tese, a ideia defendida pelo professor é que este grupo do catolicismo, ao se utilizar amplamente de conceitos como “pobres e oprimidos”, estavam falando a partir de um registro populista e mais: de uma tradição que remontava a De Maistre, De Bonald e Donoso Cortés, alguns dos principais nomes do conservadorismo do século XIX e que viravam suas baterias contra a liberdade burguesa.

Assim, para Romano, a polêmica antiburguesa daquele período oferece elementos de reforço do catolicismo do século XX e, afirma, “enquista, ainda hoje, no pensamento da vanguarda teológica da Igreja [...]”, o que tenta demonstrar em um de seus capítulos. De fato, tanto a “Igreja da libertação” brasileira do século XX quanto a Igreja Ultramontana do século XIX utilizaram-se da palavra “povo” contra o mundo burguês, estando assim, ligadas, em tese, pelo registro do romantismo e, como fala Roberto Romano, “sempre buscando alimento na alma popular, escondida na noite dos tempos”. 

"Os estudos históricos sobre o catolicismo foram marcados por certa militância política, o que deixou de fora outras personagens"
 
Faço minhas as palavras da escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís em um de seus ensaios: “Quando se pretende comover o campo das ações humanas ao nível mais simplista, utiliza-se a palavra povo”.

IHU On-Line – Qual o impacto político e social do conservadorismo católico no atual contexto social e cultural brasileiro?
Rodrigo Coppe Caldeira – Acho que o impacto, se ele existe, é mínimo. De fato, sabe-se que a cultura brasileira, mesmo rica em diversidade e marcada por inúmeras raízes religiosas e por marcante trânsito religioso, passa por um aprofundamento do processo de secularização em algumas camadas sociais, o que leva a certo indiferentismo religioso. Certo é que, mesmo no âmbito político, não existem aqueles que se declaram expressamente como “conservadores”, pois, como dito acima, na conjuntura política e cultural brasileira isso é “palavrão”.

No geral, pensar no próximo e ser altruísta é ser de “esquerda”. Esquerda relaciona-se com “povo” e suas demandas, direita com elite e seus “mesquinhos interesses”. Uma equação maniqueísta corriqueira, mas nada plausível quando lemos os teóricos e nos atentamos para a realidade circundante. Palavras como conservadorismo e direita são relacionadas usualmente no país com os representantes mais retrógrados de certo coronelismo que insiste em permanecer ativo no cenário político.

Por outro lado, se tomamos a emergência de grupos organizados como os “evangélicos” e alguns setores católicos, notamos a emergência e a consolidação de um embate cada vez mais claro entre estes e forças progressistas – aquelas que defendem a união civil de pessoas do mesmo sexo, a descriminalização do aborto, a retirada de símbolos religiosos do espaço público...

IHU On-Line – Quais são as figuras históricas típicas, além de Gustavo Corção e Plínio Correa de Oliveira, fundador da TFP, que representam o conservadorismo católico brasileiro?
Rodrigo Coppe Caldeira – Poderíamos dizer que o primeiro representante do chamado conservadorismo católico brasileiro foi o leigo Jackson de Figueiredo. Além, claro, dos bispos Antônio de Castro Mayer e Geraldo de Proença Sigaud, entre outros poucos bispos, e dos já citados Plínio Corrêa de Oliveira e Gustavo Corção, os grandes representantes dessa corrente no Brasil.

IHU On-Line – Alguns movimentos fundados no Brasil, como os Arautos do Evangelho, podem ser considerados como expressão do conservadorismo católico brasileiro? Quais são as principais características deste e de outros movimentos conservadores?
Rodrigo Coppe Caldeira – Sim. Os Arautos do Evangelho são um típico movimento conservador católico, porém, não mais da forma como se apresentava no movimento que se espelhou e nasceu, a TFP. De fato, os Arautos estão atualmente muito mais envolvidos com questões religiosas do que com questões de âmbito político, como era o caso de sua congênere nas décadas de 1960, 70 e 80, que desempenhava papel político evidente e marcante. 

"Pensar no próximo e ser altruísta é ser de 'esquerda'. Uma equação maniqueísta corriqueira, mas nada plausível"

Uma das características dos Arautos relaciona-se ao grau de fidelidade ao papa. Preocupam-se bastante com isso e afirmam esta fidelidade sempre quando podem, ainda mais que foram erigidos como Associação Internacional de Fiéis de Direito Pontifício” em fevereiro de 2001.

Além disso, um certo tom escatológico e persecutório também é possível de ser notado, o que leva o grupo a se autocompreender como imbuído de uma missão especial em defesa da Igreja, interpretada como ameaçada pelo mundo circundante (bem parecido com a TFP, no caso). Tal perspectiva esteve sempre presente nos grupos católicos mais conservadores.

Já se notou que, mesmo entre estudiosos do catolicismo, há uma confusão em torno desse tipo de grupo. Observa-se, por exemplo, alguns se referindo a Opus Dei, Comunhão e Libertação, FSSPX [Fraternidade Sacerdotal São Pio X] e Toca de Assis como se falassem de um mesmo tipo de grupo, o que não é verossímil. Podemos dizer que, mesmo que estes grupos tenham alguns elementos que denominamos conservadores ou tradicionalistas, não é permitido colocarmos todos num mesmo saco.

Vemos, por exemplo, a Opus Dei, que tem uma relação de estrita obediência ao papa, sendo Prelazia Pessoal, mas não se preocupa tanto com a questão litúrgica como outros grupos, como a FSSPX e alguns de seus desertores, muito menos coloca em xeque as decisões do Vaticano II, mas as aceitam e as propagam.

IHU On-Line – Que outros sinais e movimentos podem ser percebidos na Igreja mundial e brasileira de hoje possíveis de serem entendidos à luz do conceito de tradicionalismo?

Rodrigo Coppe Caldeira – Bento XVI liberou a “missa antiga” com o motu proprio Summorum Pontificum. Muitos interpretam essa atitude do papa como conservadora, e mesmo reacionária. Além, claro, de “tradicionalista”. Não entendo assim.

Como já disse outra vez, penso que Ratzinger visa sanar o cisma de 1988, e isso a partir da liturgia, um dos pontos nodais para os tradicionalistas, além de reequilibrar as forças no interior do catolicismo contemporâneo. Penso ser uma posição lícita – mesmo porque está no exercício de seu cargo –, além de um aceno convidativo para os radicais estarem novamente em plena comunhão com Roma. Os diálogos continuam, levados a cabo pela Comissão Pontifícia Ecclesia Dei, porém, sem muito sucesso.

"No campo litúrgico, algo de novo acontece. Seria interessante um levantamento sobre quais os motivos de tantos jovens se interessarem por elas"

Por outro lado, nota-se que a possibilidade aberta pelo motu proprio está sendo utilizada por alguns grupos tradicionalistas como uma brecha na arquitetura vaticana para se continuar a lançar críticas deslegitimadoras ao Concílio Vaticano II e suas determinações. Assim, alguns destes grupos mais intransigentes em seus posicionamentos, como é o caso da FSSPX, parecem não estar satisfeitos com a possibilidade oferecida pelo papa, mas ainda exigem que o Vaticano II seja totalmente cancelado e suprimido. O que parece ser inadmissível para Bento XVI.

IHU On-Line – Prospectivamente, pode-se dizer que o conservadorismo católico brasileiro tem chances de crescimento no âmbito eclesial e/ou no contexto político e cultural brasileiro?
Rodrigo Coppe Caldeira – Acredito que sim, já que, como afirmei acima, o conservadorismo é uma reação a qualquer força, especialmente as mais pró-ativas que visem transformar um cenário consolidado. Sabemos que estas forças estão em movimento no Brasil e, como toda ação gera uma reação, nada mais natural do que a emergência de certo conservadorismo.
(Por Moisés Sbardelotto)

Para ler mais:
Extraído de http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=45840 acesso em 30 jul. 2011.

História da espiritualidade / Aldir Crocoli

Paz e bem!

O polígrafo de
História da espiritualidade
do Frei Aldir Crocoli, OFMcap:
http://www.estef.edu.br/arno/wp-content/uploads/2011/06/Hist.-da-Espirit.1.pdf

Festa Stª Clara (Mosteiro Clarissas, Porto Alegre)

Em preparação ao 8º CENTENÁRIO DO CARISMA CLARIANO as Irmãs Clarissas louvando, agradecendo e implorando ao Senhor, por intercessão de Santa Clara, convidam aos generosos amigos e benfeitores a lhes estarem unidos participando das Santas Missas que, serão oferecidas em suas intenções na Capela do Mosteiro de São Damião. “Queridas Irmãs, nada mais queirais possuir em perpétuo abaixo do céu, pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo e de sua Santíssima Mãe” (Regra de Santa Clara, VIII, 6b)

Dia 02 de agosto, terça-feira
18 horas
A Consagração de Santa Clara no altar da Porciúncula – Leg Cl 7 e 8
Celebrante: Frei Adelino Pilonetto OFMcap
Liturgia – Coral da Igreja de N. Sª da Conceição


Dia 03 de agosto, quarta-feira
18 horas
A Pobreza de Santa Clara na casa paterna. LegSC 3 e 4
Celebrante: Dom Jaime Spengler, OFM, bispo auxiliar de Porto Alegre
Liturgia: Irmãs Clarissas

Dia 04 de agosto, quinta-feira
18 horas
Visão de Pobreza no AT, no NT e em Clara de Assis – Textos do Privilégio da Pobreza
Celebrante: Pe. Manoel Augusto Santos dos Santos
Liturgia: Irmãs Clarissas

Dia 05 de agosto, sexta-feira
18 horas
Fundação da Ordem de Santa Clara assentada na Pobreza – Bula da Regra de Santa Clara [Porque vós, amadas filhas(..)para que observásseis...]
Celebrante: Frei Luiz Turra, OFMcap
Liturgia: Paróquia Santo Antônio do Partenon

Dia 06 de agosto, sábado
18 horas
A vida pobre de Clara e de suas irmãs em São Damião – LegCl 14 e 15
Celebrante: Frei Flavio Guerra, OFM
Liturgia: Paróquia Santa Clara – Lomba do Pinheiro

Dia 07 de agosto, domingo
17 horas
A Altíssima Pobreza – Jesus Cristo – 1CtCl 5 ; 15 - 29
Celebrante: Frei Ângelo Costella, OFMcap
Liturgia: Paróquia São Judas Tadeu

Dia 08 de agosto, segunda-feira
18 horas
A Pobreza de Francisco que moveu Santa Clara - LegCl 13,7
Celebrante: Frei Dorvalino Fassini, OFM
Liturgia: OFS

Dia 09 de agosto, terça-feira
18 horas
A Pobreza no Testamento de Santa Clara
Celebrante: Frei Aldir Crócoli, OFMcap
Liturgia: FFB

Dia 10 de agosto, quarta-feira
18 horas
Santa Clara e as Clarissas, guardiãs da pobreza – TestCl 33-43
Celebrante: Frei Orestes Serra, OFM
Liturgia: Paróquia São Francisco

Dia 11 de agosto, quinta-feira
Solenidade de Santa Clara
A caminho do Jubileu 800 anos de Fundação 2012

10horas
Celebrante: Frei João Inácio Müller, OFM, Ministro Provincial
Liturgia: Equipe de Animação Vocacional do RS

16 horas
Celebrante:Dom Dadeus Grings, Arcebispo de Porto Alegre
Coral dos Seminaristas – Pe. Renato Schu

18 horas
Celebrante: Frei Nestor Schwers, OFM, Definidor Geral da Ordem pela América Latina em Roma
Liturgia – Irmãs Clarissas


Mosteiro de São Damião
Rua Vicente da Fontoura, 498
Cep: 90640-000 Porto Alegre – RS
Tel.: (51) 3223-4464
E-mail: clarissaspoa@gmail.com

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Maria, de Francisco

Maria, de Francisco,
Presente aos esponsais,
Acolhe no teu tempo
As preces dos mortais.

Dos anjos soberana,
Dos homens proteção,
Coloca em nossa mesa
A paz, o vinho e o pão.

Se o nauta está perdido,
Sem porto e sem farol,
A Estrela da Manhã
Nos braços traz o Sol.

Se só os bens do mundo
Buscamos conquistar,
Riquezas que não passam
Maria vem mostrar.

Aos ricos despedindo
Dos pobres enche a mão;
Pois dá-nos do seu Filho
O próprio coração.

Ao Deus, que é uno e trino,
Um só louvor convém;
A todos nós saudemos,
Dizendo: “Paz e bem!”

Espiritualidade bíblica / Aldir Crocoli

Paz e bem!

O polígrafo de Espiritualidade bíblica
do Frei Aldir Crocoli, OFMcap:
http://www.estef.edu.br/arno/wp-content/uploads/2011/06/Espiritualidade-b%C3%ADblica-Crocoli.pdf

Espiritualidade bíblica

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Introdução aos escritos [de Francisco de Assis] / Frei Aldir Crocoli

Introdução aos escritos [de Francisco de Assis] / Frei Aldir Crocoli:

Minoridade / Tiago Frey

Frei Tiago Frey, OFM

Nos tempos atuais vivemos em uma emergência da subjetividade e uma crise da morte dos sonhos. A falta de sonhos esternos, não se sabe para onde queremos chegar, caímos dentro de nós mesmos.

Neste mundo contemporâneo podemos sair da subjetividade e podemos entrar no mundo do irmão. Como você gostaria de ser tratado se você estivesse no lugar do outro?

A pergunta de Felipe a Jesus Cristo no Evangelho deve nos guiar pelo caminho da vida: “Mostra-nos o Pai e isto nos basta”. Felipe quer ver Jesus Cristo. Porém, surge a pergunta: Felipe tem uma vontade ou desejo de ver o Pai? Qual a diferença entre vontade e desejo?

A vontade é disciplinada e ela é passageira. Já o desejo é ilimitado, ficamos com ele até o fim da vida. Nesta diferença entre vontade e desejo podemos perceber diante da pergunta do Apóstolo Felipe desejava Ver o Pai. Porém, porque aconteceu isso? Porque Felipe faz esta pergunta?

Podemos nos perguntar: Qual é o meu sonho? Será que desejamos ver o Pai como Felipe?

Porque Jesus Cristo mexeu na vida do Apóstolo Felipe assim como na vida de São Paulo, São Francisco de Assis, Santa Clara de Assis e na vida de tantas outras pessoas.

No Monte Tabor os discípulos dizem: “Como é bom estarmos aqui!”. Os discípulos não queriam ver outra coisa. O que eles viram?

Os discípulos viram Deus. Este Deus nos tem alguma coisa a nos mostrar que preenche todos os nossos desejos. Sem esta experiência do Monte Tabor a vida fica insuportável.

No Antigo Testamento Moisés por intermédio de Deus liberta o povo da escravidão do Egito. Porque Deus não ficou em “casa”? Porque despertou este desejo de libertar o povo? O amor que é próprio de Deus é que gera vida. Quem ama sai de “casa”, não se fecha em si mesmo, partilha com as outras pessoas.

Jesus Cristo veio para abrir o caminho de fraternidade, humildade e compreensão. Em Jesus Cristo esta presente a minoridade, este Deus que se fez irmão, que veio para aqueles que não têm lugar. A minoridade é caminho de identidade e não de inferioridade.

Como fala Jesus no Evangelho: “Não há amor maior do que dar a vida pelos irmãos”. Este “dar a vida” é uma doação, uma renuncia. O “Amor Maior” é abraçar a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Quando vemos a imagem de São Francisco abraçado numa cruz, o que esta imagem quer dizer é que São Francisco esta abraçado no amor de Jesus Cristo.

Portanto, a minoridade é um valor essencial da Vida Franciscana. Esta gera um olhar diferente em relação com toda a realidade, um olhar de Deus, onde me torno cada vez mais humano e começo a perceber que o outro é um irmão.

CATÓLICA OU UNIVERSAL, CHAMA-SE A IGREJA













CATÓLICA OU UNIVERSAL CHAMA-SE A IGREJA

Católica ou universal chama-se a Igreja, porque se espalhou de um extremo a outro de todo o orbe da terra. Porque ensina universalmente e sem falha todos os artigos da fé que os homens precisam conhecer, seja sobre as coisas visíveis ou as invisíveis, seja as celestes ou as terrestres. Porque reúne no verdadeiro culto o gênero humano inteiro, autoridades e súditos, doutos e ignorantes. Enfim, porque cura e sana em todo o universo qualquer espécie de pecados cometidos pela alma e pelo corpo. Porque ela possui tudo, toda virtude, seja qual for o nome que se lhe dê, nas ações e nas palavras, bem como toda a variedade dos dons espirituais.

Igreja, isto é, convocação: nome bem apropriado porque convoca a todos e os reúne, como o Senhor diz no Levítico: Convoca toda a congregação diante da porta do tabernáculo do testemunho. É de notar a palavra convoca, usada aqui pela primeira vez nas Escrituras, na ocasião em que o Senhor estabeleceu Aarão como sumo sacerdote. No Deuteronômio Deus diz a Moisés: Convoca para junto de mim o povo para que me escutem e aprendam a temer-me. Há outra menção da Eclésia, quando se fala das tábuas da Lei: Nelas estavam escritas todas as palavras que o Senhor vos falou no monte, do meio do fogo, no dia da ‘Eclésia‘, isto é, convocação; como se dissesse mais claramente: No dia em que, chamados pelo Senhor, vos congregastes. O Salmista também diz: Eu te confessarei, Senhor, na grande ‘Eclésia’, no meio do povo numeroso te louvarei.

Já antes o salmista cantara: Na ‘Eclésia’, bendizei o Senhor Deus, das fontes de Israel. O Salvador edificou com os gentios a segunda, a nossa Santa Igreja dos cristãos, da qual dissera a Pedro: E sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

Rejeitada a primeira, a da Judéia, de ora em diante multiplicam-se as Igrejas de Cristo, aquelas de que se fala nos salmos: Cantai ao Senhor um cântico novo, seu louvor na ‘eclésia’ dos santos. De acordo com isto diz o Profeta aos judeus: Meu afeto não está em vós, diz o Senhor e acrescenta logo: Por isso, do nascer do sol até o ocaso, meu nome é glorificado entre os povos. Desta mesma santa e católica Igreja escreve Paulo a Timóteo: Para que saibas como comportar-te na casa de Deus, a Igreja do Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade.

Paz e Bem!

Fonte: Das Catequeses de São Cirilo de Jerusalém, bispo (Cat. 18,23-25: PG33,1043-1047) (Séc.IV)

A IGREJA, ESPOSA DE CRISTO

Igreja “Católica”: é o nome próprio desta santa Mãe de todos nós. É também a Esposa de nosso Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus. Com efeito, está escrito: Assim como Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela, e o que se segue. Ela também manifesta em si a figura e a imitação da Jerusalém do alto, que é livre e mãe de todos nós. Sendo antes estéril, é agora mãe de numerosa prole.

Repudiada a primeira, na segunda, isto é, na Igreja católica, Deus, no dizer de Paulo, estabeleceu em primeiro lugar os apóstolos, em segundo os profetas, em terceiro os doutores, depois o poder dos milagres, os dons de curar, de assistir, de governar, as diversidades das línguas, e toda outra virtude, quero dizer, a sabedoria e a inteligência, a temperança e a justiça, a misericórdia e a bondade, a insuperável paciência nas perseguições.

Ela, a Igreja, pelas armas da justiça à direita e à esquerda, na glória e no opróbrio, primeiro nas perseguições e angústias, coroou os santos mártires com coroas de variadas e múltiplas flores entrelaçadas com a paciência; agora, em tempos de paz, pela graça de Deus, recebe dos reis, dos homens ilustres e de todo gênero humano as honras devidas. Os reis, existentes em todo lugar, têm seu poder determinado pelos limites de seu reino. Unicamente a Santa Igreja Católica possui irrestrita autoridade em todo o orbe da terra: Pôs Deus a paz por seus confins, como está escrito.

Instruídos com os preceitos e modo de viver nesta Santa Igreja Católica, possuiremos o reino dos céus e receberemos por herança a vida eterna. Por este motivo, aguentamos absolutamente tudo para a alcançarmos de Deus. Nossa meta proposta não é nada insignificante: a posse da vida eterna, esta é a nossa luta. Por isso na profissão de fé, após termos dito: Na ressurreição da carne, isto é, dos mortos, já explicada, aprendamos a crer: E na vida eterna, que é a nossa batalha de cristãos.

Portanto, a vida em sua realidade e verdade é o Pai, que, pelo Filho no Espírito Santo, derrama qual fonte os dons celestes sobre nós, e por sua benignidade também a nós, homens, nos foram firmemente prometidos os bens da vida eterna.

Paz e Bem!

Fonte: Das Catequeses de São Cirilo de Jerusalém, bispo- (Cat. 18,26-29: PG33,1047-1050) (Séc.IV).

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“A Igreja Católica, respeita a cultura e a tradição dos seus fiéis, por isso, atualmente é constituída por 23 Igrejas autônomas sui juris, todas elas em comunhão completa e subordinadas ao Papa. Estas Igrejas, apesar de terem a mesma doutrina e fé, possuem uma tradição cultural, histórica, teológica e litúrgica diferentes e uma estrutura e organização territorial separadas. A Igreja Católica é muitas vezes confundida com a Igreja Católica Latina, uma das suas 23 Igrejas autónomas e a maior de todas elas”.(http://goo.gl/lOl1T )
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quarta-feira, 27 de julho de 2011

PAI NOSSO QUE ESTÁS NO CÉU...















PAI NOSSO QUE ESTÁS NO CÉU...

Transpomos nossa natureza quando dizemos:
“Pai nosso que estás no céu”;
Porque trazemos essa verdade gravada em nossas almas...
Por isso, podemos também dizer:
“Santificado seja o vosso nome”...
Visto que a santidade do nome de Deus...
É nossa identidade mais íntima...
Pois, o Senhor mesmo nos diz:
“Sede santos como o vosso Pai do céu é Santo”. (Mt 5,48).

“Venha a nós o vosso Reino,
seja feita a vossa vontade,
assim na terra como nos céus”.
Pois, “O Reino de Deus está no meio de vós”...
Mas o Seu Reino não é deste mundo (Cf. Jo 18,36),
mesmo estando neste mundo e envolvendo este mundo...
Porque, “é vontade de Deus que todos os homens se salvem...
e cheguem ao conhecimento da verdade”... (1Tim 2,4).

“O pão nosso de cada dia nos dai hoje”;
Pão, não tão somente material, mas também o Pão sacramental...
Sacrifício vivo de amor, Corpo e Sangue do Senhor,
Sua alma e divindade...
Realidade que perpassa o tempo e a matéria...
Rumo à eternidade que nos espera...
Para o banquete real definitivo com os eleitos escolhidos...
Aqueles que estão escritos no livro da vida... (Cf. Apo 21,27).

“Perdoai-nos as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam”;        
“Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas,
vosso Pai celeste também vos perdoará.      
Mas se não perdoardes aos homens,
tampouco vosso Pai vos perdoará”. (Mt 6,12.14-15).
Visto que o perdão é a essência do amor...
Porque não perdoar corresponde a não amar...
Todavia, o perdão requer do perdoado uma verdadeira conversão...
Para que o amor permaneça e cresça e dê seus frutos eternos...

“E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”. (Mt 6,13).
Deus nos garante a vida e a liberdade...
“Porque é nele que vivemos, nos movemos e somos”. (At 17,28)...
Pois, enviou seu Filho Jesus Cristo para isto...
Mas é preciso que o nosso refúgio esteja no nome do Senhor...
que fez o céu e a terra...
Justamente porque tudo lhe pertence...
E Ele não abre mão de Sua obra...
nem de Sua vitória sobre o mal...

Por fim, podemos dizer também o Amém!
Que é o sinal do propósito divino realizado...
Pois quando o dia eterno chegar (e ele já o é e ainda não)...
O reino das trevas se extinguirá... (Cf. Apo 17,8).
Enquanto o Reino dos Justos triunfará para sempre... (Cf. Apo 3,5).
“Aquele que atesta estas coisas diz:
Sim! Eu venho depressa! Amém.
Vem, Senhor Jesus!” Vem! (Apo 22,20).

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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