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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

PORQUE ÉS, SENHOR, MINHA ÚNICA RAZÃO DE SER















PORQUE ÉS, SENHOR, MINHA ÚNICA RAZÃO DE SER

Há quanto tempo, Senhor, não te visito com minha poesia?
Todavia, sei que jamais me afastei de tua santa companhia...
Porque sem ti não dá pra viver neste mundo...
Um segundo sequer...
Porque és, Senhor, minha única razão de ser...

Meu Deus!
Como não te amar?
Como não te adorar?
Como não querer voltar para Ti?
Pois aonde meus olhos podem mirar,
percebo a expressão infinita do teu amor...
Contemplo a Beleza esplendida do teu olhar...

Quanta bondade na criação...
Quanta verdade na imensidão dessa obra prima de tuas mãos...
As leis naturais e divinas...
Todos os seres como numa rima se dando e se completando...
Numa harmonia perfeita e constante...
Como naquele instante eterno quando nos criastes...
E nos visitastes com tua paternal divindade...

Ah! Senhor...
Quanta saudade do teu paraíso...
Descrito na santa revelação...
Um mundo lindo, natural...
Sem a presença de nenhum mal...
Onde Tu, Senhor, reinando sobre tudo,
Mantinhas-nos na unidade do teu amor...

E hoje, Senhor?
O que vemos?
E como convivemos?
Meu Deus!
Quanta indiferença...
Quanta ingratidão...

Quanta gestão mal sucedida,
acabando com a vida que criastes tão bela...
Vida esta que hoje em dia se encontra mergulhada na desarmonia e depravação...
Na injustiça e corrupção...
de seres maléficos que só pensam em poder, status e prazer...
Como se só existisse esse nosso mundo natural...
E nada mais além do tempo e de seu término aqui...

Mas, Senhor, ainda bem que nos enviastes o teu Filho Jesus Cristo,
para nos dizer que não é assim...
Para nos dizer que existe sim, o teu paraíso santo e eterno...
Onde o inferno deste mundo não tem vez...
Onde a justiça por sua vez se faz presente constantemente...
Onde a vida não tem fim, porque a morte não existirá mais...
Onde todos viveremos em paz definitivamente...
E onde finalmente seremos Um...

Mas, tudo isso só acontecerá depois do juízo final...
Quando, enfim, todo o mal será extirpado...
Assim como todo pecado e os que os cometeram também...
Porque no céu não haverá ninguém que não tenha sido purificado...
Que não tenha sido lavado pelo Sangue do Cordeiro imolado...
E pelo Espírito Santo que o Senhor nos concedeu...

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

***
“Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existia. Eu vi descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a nova Jerusalém, como uma esposa ornada para o esposo. Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição”. (Ap 21,1-4).

“Não haverá aí nada de execrável, mas nela estará o trono de Deus e do Cordeiro. Seus servos lhe prestarão um culto. Verão a sua face e o seu nome estará nas suas frontes. Já não haverá noite, nem se precisará da luz de lâmpada ou do sol, porque o Senhor Deus a iluminará, e hão de reinar pelos séculos dos séculos”. (Ap 22,3-5).
***


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FREI FERNANDO, VIDA, FÉ E POESIA by Frei Fernando,OFMConv. is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma Licença 2.5 Brasil License.

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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A passagem de Deus pela América Latina

Artigo de Jon Sobrino

“Como será a passagem de Deus pela América Latina e com quem passará, está por se ver, e em suma é coisa de Deus. Mas é coisa nossa desejá-la, trabalhar para isso, e aprender de como aconteceu no passado em torno de Medellín”, escreve Jon Sobrino, em artigo publicado no sítio espanhol Eclesalia, 23-02-2012. A tradução é do Cepat.

Jon Sobrino é teólogo espanhol radicado em El Salvador, sobrevivente da chacina que, em novembro de 1989, dizimou a vida de seis jesuítas e duas funcionárias da Universidade Centro-Americana (UCA). É autor de vários livros, entre os quais, Fora dos pobres não há salvação (Paulinas, 2008), Cristologia a partir da América Latina (Vozes, 1983); Jesus, o Libertador: a história de Jesus de Nazaré (Vozes, 1994).

Eis o artigo.

Os dez anos que se passaram entre Medellín (1968) e Puebla (1979) foram únicos na época moderna da Igreja católica na América Latina. Depois começou um declive ao qual Aparecida (2007) quis colocar um freio, embora até agora reste muito a ser feito.

Ao fazer este juízo, não nos fixamos na Igreja assim como é analisada pelos sociólogos, mas na “passagem de Deus”. Sem dúvida, é mais difícil calibrar, mas toca a dimensão mais profunda da Igreja, e a serviço de que deve estar. Em suma, qual a sua contribuição para os seres humanos e para o mundo como um todo. E, obviamente, é preciso se perguntar “que Deus” é que passa pela história em um dado momento.

Medellín

Foi um salto qualitativo. Irromperam os pobres, e neles irrompeu Deus. Foi um fato fundante que penetrou na fé de muitos e configurou a Igreja.

Surpreendentemente, para a assembleia dos bispos a prioridade não era a Igreja em si mesma, mas o mundo de pobres e vítimas, isto é, a criação de Deus. Suas primeiras palavras proclamam a realidade do continente: “uma pobreza em massa fruto da injustiça”. Os bispos agiram, sobretudo, como seres humanos, e deixaram falar a realidade que clamava ao céu. São os clamores que Deus escutou no êxodo que o fizeram sair de si mesmo e entrar decididamente na história. De igual modo, com Medellín Deus entrou na história latino-americana.

A partir desta irrupção dos pobres, e de Deus neles, Medellín pensou o que é ser Igreja, qual é a sua identidade e missão fundamental, e qual deve ser seu modo de estar em um mundo de pobres. A resposta foi “uma Igreja dos pobres”, semelhante à ilusão que teve João XXIII e o cardeal Lercaro. No Concílio não prosperou, em Medellín sim. A Igreja sentiu compaixão pelos oprimidos e decidiu trabalhar por sua libertação. Por muitos, com maior ou menor consciência explícita, foi acolhida como bênção. Por outros, foi percebida, com razão, como grave perigo.

Cedo o poder reagiu. Em 1968, Nelson Rockefeller escreveu um relatório sobre o que estava acontecendo, e essa Igreja, nova e perigosa, tinha que ser fragilizada e freada, e o mesmo aconteceu no início da Administração Reagan. Oligarquias com o capital, exércitos, esquadrões da morte, desencadearam uma perseguição contra a Igreja, desconhecida na história da América Latina. A perseguição, e o manter-se firme nela, deixou claro o novo e evangélico que estava acontecendo: a Igreja de Medellín estava com o povo pobre e perseguido, e correu sua própria sorte. Milhares foram assassinados, entre eles meia dúzia de bispos, dezenas de sacerdotes, religiosos e religiosas, e uma multidão de leigos, mulheres e homens. Com limitações, erros e pecados, era uma Igreja muito mais casta que meretriz, muito mais evangélica que mundana.

Na Igreja católica, Paulo VI propiciou e animou esta nova Igreja, mas altos personagens da cúria romana, e de outras cúrias locais, a desqualificaram, trataram mal e injustamente os seus representantes, inclusive bispos, e construíram uma Igreja alternativa, diferente e mesmo contrária, mais devocional, intimista, de movimentos, submissos aos defensores da hierarquia. E o que havia que evitar era que a Igreja voltasse a entrar em conflito com os poderosos. A Igreja popular, nascida em torno de Medellín, crente e lúcida, de comunidades de base, que vivia a pobreza do continente, sofreu a dupla perseguição do mundo opressor, e, com alguma frequência, da própria Igreja.

Uma Igreja assim foi testemunha e seguidora de Jesus de Nazaré. Encarnada, defensora e companheira dos pobres, carregava a cruz e com frequência morria nela. Anunciou uma Boa Nova como Jesus na sinagoga de Nazaré. Teve seus “doze apóstolos”, os Padres da Igreja latino-americana com dom Hélder Câmara um dos pioneiros, com Enrique Angelelli, dom Sergio Mendez Arceo, Leonidas Proaño, com dom Romero, pastor e mártir do continente, e outros. Chegou a ser ekklesia, na qual mulheres e varões, religiosas e leigos, latino-americanos e vindos de fora, chegaram a formar corpo eclesial, uma grande comunidade de vida e missão. Entre os de casa e os de longe se gerou uma solidariedade nunca vista: se fortaleciam mutuamente. Cresceu a esperança e a alegria. E do amor dos mártires nasceu uma brisa de ressurreição, alheia a toda alienação, que remetia novamente à história para viver nela como ressuscitados.

Nessa Igreja soprava o Espírito, o espírito de Jesus e o espírito dos pobres. Esse espírito inspirava oração, liturgia, música, arte. E também inspirava homilias proféticas, cartas pastorais lúcidas, textos teológicos de casa, não textos simplesmente importados que não passaram pelo crisol de Medellín.

No centro de tudo estava o evangelho de Jesus. Lucas 4, 16: “Eu vim para anunciar a boa nova aos pobres, para libertar os presos”. Mateus 25, 36-41: “Tive fome e destes de comer”. João 15, 13: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos irmãos”. E Jesus de Nazaré, o crucificado ressuscitado, Atos dos Apóstolos 2, 23-24: “Aquele que vocês mataram Deus o devolveu à vida”.

E agora?

Pesquisas, estudos sociológicos e antropológicos, econômicos e políticos, oferecem dados e explicações sobre a Igreja católica e outras Igrejas cristãs. Dizem-nos se aumentamos ou diminuímos em número e em influxo na sociedade. Desde essa perspectiva nada tenho a acrescentar. E estritamente falando, também não é a minha maior preocupação qual será o futuro do que chamamos “Igreja”, embora nela tenha vivido e vivo, e me acostumei a pertencer à família.

O que me interessa, e me alegra, é que “Deus passe por este mundo”. E a razão é simples. O mundo está “gravemente enfermo”, dizia Ellacuría, “enfermo de morte”, disse Jean Ziegler. Isto é, necessita de salvação e cura. Por isso, como crente e como ser humano, desejo que “Deus passe por este mundo”, pois essa passagem sempre traz salvação às pessoas e ao mundo em seu conjunto. Tivemos a sorte de sentir essa passagem de Deus com Medellín, com dom Romero, com muitas comunidades populares. Com muitas pessoas boas, simples em sua maioria. Com uma plêiade de mártires. E também, embora isso só se possa sentir “em um difícil ato de fé”, como dizia Ellacuría ao explicar a salvação trazida pelo servo sofredor de Isaías, com o povo crucificado.

Como estamos atualmente? Seria cometer um grave erro cair em simplismos em coisas tão sérias. Seria injusto não ver o bom que, de muitas formas, existe nas Igrejas. E seria arrogante não tentar descobri-lo, embora às vezes se esconda atrás de uma crosta que não remete claramente a Jesus de Nazaré. Em todo o caso, a passagem de “Deus” sempre será mistério inescrutável, e só na ponta dos pés e com máximo respeito a todos os seres humanos podemos falar sobre isso. Mas com todas estas cautelas algo se pode dizer. Mencionaremos as realidades dos fiéis e suas comunidades, mas temos em mente sobretudo as instâncias, altas em hierarquia, historicamente muito responsáveis pelo que acontece, e às quais não se pode pedir conta com eficácia. Com simplicidade dou minha visão pessoal.

De diversas formas abunda o pentecostalismo, como forma de Igreja diferente dos problemas reais de vida e morte das maiorias, embora traga coragem e consolo aos pobres, o que não é desdenhar quando não têm onde se agarrar para que sua vida tenha sentido – diferente é a situação de classes mais acomodadas. Prolifera um grande número de movimentos, dezenas deles, proliferam os meios de comunicação das Igrejas, emissoras de rádio e televisão, excessivamente submissos a ideais e normas que provêm de cúrias, sem dar sensação de liberdade para tomar eles mesmos em suas mãos um evangelho que anuncia a boa nova para os pobres, em forma de justiça, e sem suspeitar da necessidade de um estudo, reflexivo, minimamente científico, da Palavra de Deus, e em geral da teologia propiciada pelo Vaticano II e Medellín. Proliferam devoções de todo tipo, as de antes e as de agora. Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e morreu crucificado, é deixado de lado com facilidade a favor do menino Jesus, seja de Atocha, de Praga, o Deus menino, dito com grande respeito. Com facilidade se dilui o Jesus vigoroso da Galileia, do Jordão, o profeta de denúncias do templo de Jerusalém, a favor de devoções, baseadas em aparições com um transfundo sentimental e excessivamente melífluo. Para dizer com simplicidade, a divina providência pode atrair mais que o Pai de Jesus, o Filho que é Jesus de Nazaré, o Espírito Santo, que é Senhor e dador de vida, e Pai dos pobres, como se canta no hino do Pentecostes.

Em seu conjunto custa hoje encontrar na Igreja a liberdade dos filhos e filhas de Deus, a liberdade diante do poder, que não por ser sagrado deixa de ser poder. Nota-se excessivo servilismo e submissão em relação a tudo o que seja hierarquia, o que chega a se converter em medo paralisante. Desde as instâncias de poder eclesial aponta o triunfalismo, e o que chamei de a pastoral da apoteose, de multidões, midiática. Em muitos seminários a discussão e a arte de pensar são substituídas pela memorização. Nas reuniões do clero, pelo que sabemos, as perguntas, a discussão e o debate são substituídas pelo silêncio. As cartas pastorais dos anos 1970 e 1980 – verdadeiro orgulho das Igrejas, que reverdecem em ocasiões, na Guatemala, por exemplo – são substituídas por breves mensagens, recatadas e comedidas, com argumentos tomados das últimas encíclicas do papa. O centro institucional já não parece estar na América Latina, mas na distante Roma. Tudo isto é dito com respeito.

Como será a passagem de Deus pela América Latina e com quem passará, está por se ver, e em suma é coisa de Deus. Mas é coisa nossa desejá-la, trabalhar para isso, e aprender de como aconteceu no passado em torno de Medellín.

Bom é saber e analisar os vaivens dos adeptos e o influxo das Igrejas na sociedade. Pelo que dizem os dados, em ambas as coisas a Igreja católica vai mal. Mas é preciso ter mais presente as raízes de cuja seiva viveu a passagem de Deus. E regá-la humildemente, com águas vivas.

O que acontecerá à nossa Igreja, e a todas as Igrejas, está por se ver. Meu desejo é que, aconteça o que acontecer no exterior, se coloque a serviço da passagem de Deus por este mundo, o Deus de Jesus, compassivo, profeta e crucificado. E o Deus dador de esperança.

Estas são perguntas que podemos sempre fazer. Mas talvez seja bom fazê-las no começo da quaresma. Este tempo exige de nós fortaleza para caminhar para Jerusalém. E nos oferece esperança de nos encontrar ali com o Jesus crucificado e ressuscitado.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

"ORAI SEM CESSAR". (1Tess 5,17).














“ORAI SEM CESSAR.” (1Tess 5,17).

A oração é a luz da alma

A oração, o diálogo com Deus, é um bem incomparável, porque nos põe em comunhão íntima com Deus. Assim como os olhos do corpo são iluminados quando recebem a luz, a alma que se eleva para Deus é iluminada por sua luz inefável. Falo da oração que não é só uma atitude exterior, mas que provém do coração e não se limita a ocasiões ou horas determinadas, prolongando-se dia e noite, sem inter­rupção.

Com efeito, não devemos orientar o pensamento para Deus apenas quando nos aplicamos à oração; também no meio das mais variadas tarefas - como o cuidado dos pobres, as obras úteis de misericórdia ou quaisquer outros serviços do próximo - é preciso conservar sempre vivos o desejo e a lembrança de Deus. E assim, todas as nossas obras, tempe­radas com o sal do amor de Deus, se tornarão um alimento dulcíssimo para o Senhor do universo. Podemos, entretanto, gozar continuamente em nossa vida do bem que resulta da oração, se lhe dedicarmos todo o tempo que nos for possível.

A oração é a luz da alma, o verdadeiro conhecimento de Deus, a mediadora entre Deus e os homens. Pela oração a alma se eleva até aos céus e une-se ao Senhor num abraço inefável; como uma criança que, chorando, chama sua mãe, a alma deseja o leite divino, exprime seus próprios desejos e recebe dons superiores a tudo que é natural e visível.

A oração é venerável mensageira que nos leva à presen­ça de Deus, alegra a alma e tranquiliza o coração. Não penses que essa oração se reduza a palavras. Ela é desejo de Deus, amor inexprimível que não provém dos homens, mas é efeito da graça divina, como diz o Apóstolo: Nós não sabemos o que devemos pedir, nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis (Rm 8,26).

Semelhante oração, quando o Senhor a concede a al­guém, é uma riqueza que não lhe pode ser tirada e um alimento celeste que sacia a alma. Quem a experimentou inflama-se do desejo eterno de Deus, como que de um fogo devorador quê abrasa o coração.

Praticando-a em sua pureza original, adorna tua casa de modéstia e humildade, torna-a resplandecente com a luz da justiça. Enfeita-se com boas obras, quais plaquetas de ouro, ornamenta-se de fé e de magnanimidade em vez de paredes e mosaicos. Como cúpula e coroamento de todo o edifício, coloca a oração. Assim prepararás para o Senhor uma digna morada, assim terás um esplêndido palácio real para o receber, e poderás tê-lo contigo na tua alma, transformada, pela graça, em imagem e templo da sua presença.

Paz e Bem!

Fonte: Das Homílias do Pseudo-Crisóstomo (Supp., Hom. 6 de precatione: PG 64,462-466) (Séc. IV)

Blog Franciscanos Mococa


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Quaresma: O Jejum de São Francisco de Assis e de São Romano

Francisco foi um homem de Oração e jejum. O seu jejum era extremo ao ponto de sofrer por falta de alimento. Certa vez chegou a fazer uma Quaresma inteira de Jejum. Tinha no Jejum uma fonte de vida espiritual. Buscava no jejum uma intimidade com o Senhor.
Muitos anos antes de Francisco, São Romano Melodista (? – c. 560), compositor de hinos, escreveu um belo texto sobre o jejum:

"Entrega-te, minha alma, ao arrependimento; une-te a Cristo pela razão e, gemendo, grita: Concede-me o perdão das minhas faltas, para que de Ti receba, Tu só que és bom (Mc 10,18), a absolvição e a vida eterna. [...]
Moisés e Elias, essas torres de fogo, foram grandes nas suas obras. [...] Foram os primeiros de entre os profetas a falar livremente a Deus e a comprazer-se em d'Ele se aproximar para Lhe rezar e falar face a face (Ex 34,6; 1Rs 19,13), facto admirável e incrível, e, apesar disso, não deixaram de recorrer ao jejum, que os unia a Deus (Ex 34,28; 1Rs 19,8). Assim, tal como as obras, o jejum conduz à vida eterna.
Pelo jejum são os demónios afastados como pela espada, porque lhe não suportam os benefícios: o que eles adoram são a folia e a embriaguez. Por isso, ao olharem o rosto do jejum, não podem tolerá-lo e fogem para bem longe, como nos ensina o Senhor nosso Deus: «estes demónios podem ser expulsos pelo jejum e pela oração» (Mc 9,28 Vulg.). É por isso que o jejum nos traz a vida eterna. [...]
O jejum devolve aos que o seguem a habitação paterna donde Adão foi expulso. [...] Foi o próprio Deus, o amigo dos homens (Sb 7,14 Vulg.), que confiou o homem ao jejum como a uma mãe extremosa ou a um mestre, tendo-o proibido de provar apenas duma árvore (Gn 2,17).
Tivesse o homem observado esse jejum e viveria para sempre com os anjos. Ao rejeitá-lo, causou para si a dor e a morte, a fereza dos espinhos e das silvas, e a angústia duma vida dolorosa (Gn 3,17ss.) Ora, se o jejum se revelou proveitoso no Paraíso, quanto mais o não será neste mundo para nos proporcionar a vida eterna!"

Oração: Senhor Jesus. Desejo viver esta Quaresma voltado para o seu projeto em minha vida. O meu próximo sofrido, as minhas limitações carnais, as minhas inquietações, serão o alvo do meu jejum. Me ajude a depender unicamente da graça e utilizar o meu Jejum como meio de Graça para viver de acordo com a sua santa vontade. Senhor Jesus. Necessito unicamente de ti. salva-me e ajuda-me a viver santamente. Amém.

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE O PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2012














MENSAGEM DE SUA SANTIDADE O PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2012

«Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (Hb 10, 24).

Irmãos e irmãs!

A Quaresma oferece-nos a oportunidade de refletir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito, este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.

Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (Heb 10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da fé» (v. 22), de conservarmos firmemente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24).

Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre atual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.

1. «Prestemos atenção»: a responsabilidade pelo irmão.

O primeiro elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a «observar» as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e, todavia, são objeto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se conta» da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf. Lc 6, 41).

Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela «esfera privada».

Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o fato de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. 

Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo atual sofre sobretudo de falta de fraternidade: «O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo» (Carta enc. Populorum progressio, 66).

A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades.

A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença, «passam ao largo» do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf. Lc 16, 19).

Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de «prestar atenção», de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre.

Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende» (Pv 29, 7). Deste modo entende-se a bem-aventurança «dos que choram» (Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.

O fato de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro.

Lemos na Sagrada Escritura: «Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber» (Pv 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf. Ef 5, 11).

A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão.

Diz o apóstolo Paulo: «Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado» (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que «sete vezes cai o justo» (Pv 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais retamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós.

2. «Uns aos outros»: o dom da reciprocidade.

O fato de sermos o «guarda» dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de a considerar na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a atual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que «leva à paz e à edificação mútua» (Rm 14, 19), favorecendo o «próximo no bem, em ordem à construção da comunidade» (Rm 15, 2), sem buscar «o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos» (1 Cor 10, 33). Esta recíproca correção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.

Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social.

Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que «os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum.

Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e omnipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a ação do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).

3. «Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»: caminhar juntos na santidade.

Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efetivo sempre maior, «como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia» (Pv 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf. Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.

Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para o bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18-19). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre atual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).

Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.

Vaticano, 3 de Novembro de 2011

BENEDICTUS PP. XVI

Com carros em chamas

Com carros em chamas
Carnaval vai terminando
Vem Quarta de Cinzas.


Shiranai Kumo Do Brasil

Licença Creative Commons
O trabalho Com carros em chamas de Shiranai Kumo Do Brasil foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - CompartilhaIgual 3.0 Brasil.
Com base no trabalho disponível em brasilfranciscano.blogspot.com.

2.Ed.: Francisco de Assis : uma sintese biografica

Paz e bem! Substituí algumas ilustrações e principalmente alterei a licença de uso agora o uso comercial também está liberado.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

AMAR A DEUS É OBEDECÊ-LO














AMAR A DEUS É OBEDECÊ-LO...


Para a grande maioria da humanidade, amar é um sentimento; já para nós cristãos que vivemos da fé - “o justo vive da fé” - amar é a união perfeita da alma com Deus por meio da virtude da obediência (Cf. 1Jo 5,1-5), “porque Deus é amor e quem ama permanece em Deus e Deus permanece nele” (Cf. 1Jo 4,8.16). Ora, se o amor fosse apenas um sentimento ele seria algo inconstante ou um quase nada sentimental, visto que todo sentimento é passageiro, porque os sentimentos se sucedem, enquanto que o amor nunca passa, porque ele é o fundamento de nossa perfeição.

Jesus nos ensinou, com a sua obediência ao Pai (Cf. Jo 5,30), que a vontade de Deus é a única que permanece, por isso, precisamos fazer tudo o que é do seu agrado para permanecermos Nele até o fim, porque somente assim o nosso testemunho é verdadeiro, por ser um ato de amor a Deus acima de todas as coisas. São Paulo em sua Carta aos Romanos, escreveu: “Eu vos exorto, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus: é este o vosso culto espiritual. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito”. (Rom 12,1-2).

Com efeito, “Ninguém jamais viu Deus. O Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou. Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”. (Jo 1,18.17). De fato, “Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas.    Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas. Esplendor da glória (de Deus) e imagem do seu ser, sustenta o universo com o poder da sua palavra. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, está sentado à direita da Majestade no mais alto dos céus...” (Heb 1,1-3).

É dele que também está escrito nessa mesma Carta aos Hebreus: “Eis por que, ao entrar no mundo, Cristo diz: Não quiseste sacrifício nem oblação, mas me formaste um corpo. Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não te agradam. Então eu disse: Eis que venho (porque é de mim que está escrito no rolo do livro), venho, ó Deus, para fazer a tua vontade (Sl 39,7ss). Disse primeiro: Tu não quiseste, tu não recebeste com agrado os sacrifícios nem as ofertas, nem os holocaustos, nem as vítimas pelo pecado (quer dizer, as imolações legais). Em seguida, ajuntou: Eis que venho para fazer a tua vontade. Assim, aboliu o antigo regime e estabeleceu uma nova economia. Foi em virtude desta vontade de Deus que temos sido santificados uma vez para sempre, pela oblação do corpo de Jesus Cristo”. (Heb 10,5-10).

E ainda: “Nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi atendido pela sua piedade. Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve. E uma vez chegado ao seu termo, tornou-se autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem, porque Deus o proclamou sacerdote segundo a ordem de Melquisedec.” (Heb 5,7-10).

Portanto, foi assim que Cristo Jesus amou a Deus Pai até as últimas consequências de sua vida terrena e com isso nos ensinou a amá-lo assim também. Desse modo, o amor e a fidelidade, que se traduzem em obediência, são as virtudes alicerces da vida em Deus; não é possível ser discípulo de Jesus sem a vivência dessas virtudes, porque é por elas que nos mantemos unidos à videira eterna do Senhor, que é a Igreja, para darmos os frutos da salvação que Ele nos concedeu para o louvor de sua glória.

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.


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Campanha da Fraternidade 2012

Quarta-Feira de Cinzas - Reflexão do Evangelho

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

AS PROFECIAS DA HUMANAE VITAE, DE PAULO VI











AS PROFECIAS DA HUMANAE VITAE, DE PAULO VI

Por Everth Queiroz Oliveira

Gostaria de aproveitar este tempo de Carnaval para escrever alguma coisa sobre as profecias feitas pelo Papa Paulo VI na encíclica Humanae Vitae, de 1968.

Primeiro, o que uma coisa tem a ver com a outra? Simplesmente tudo, caro leitor. No tempo do Carnaval parece que os hormônios da galera vêm à tona com muito mais força. Sim, há muita gente juntando as ferramentas de pesca e indo ao rancho para aproveitar o sossego da natureza; tem muita gente indo a um bom retiro espiritual para rezar e desagravar o Coração de Jesus; mas, ao mesmo tempo, há muitos – muitos mesmo! – aproveitando a festa para cair na gandaia, “encher a cara” e virar a noite sem pensar em nada, mais ou menos no estilo de “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos!” (Is 22, 13; 1 Cor 15, 32).

Danças imorais, roupas extravagantes, sexo sem compromisso, bebedeira liberalizada… Todos estes retratos integram um álbum sujo que contam a história da modernidade. Mas um senhor velho, sentado numa cátedra bimilenar, já anunciava a vinda de todos os males que hoje contemplamos com tristeza no olhar. Queremos falar, aqui, de um modo mais específico, dos alertas de Paulo VI sobre os problemas que uma mentalidade contraceptiva traria à sociedade – problemas que já estamos experimentando. Todas as previsões acertadas deste Pontífice estão compendiadas no número 17 da encíclica Humanae Vitae. Destacamos:

“Os homens retos poderão convencer-se ainda mais da fundamentação da doutrina da Igreja neste campo, se quiserem refletir nas consequências dos métodos da regulação artificial da natalidade. Considerem, antes de mais, o caminho amplo e fácil que tais métodos abririam à infidelidade conjugal e à degradação da moralidade. Não é preciso ter muita experiência para conhecer a fraqueza humana e para compreender que os homens – os jovens especialmente, tão vulneráveis neste ponto – precisam de estímulo para serem féis à lei moral e não se lhes deve proporcionar qualquer meio fácil para eles eludirem a sua observância. É ainda de recear que o homem, habituando-se ao uso das práticas anticoncepcionais, acabe por perder o respeito pela mulher e, sem se preocupar mais com o equilíbrio físico e psicológico dela, chegue a considerá-la como simples instrumento de prazer egoísta e não mais como a sua companheira, respeitada e amada.”

“Pense-se ainda seriamente na arma perigosa que se viria a pôr nas mãos de autoridades públicas, pouco preocupadas com exigências morais. Quem poderia reprovar a um governo o fato de ele aplicar à solução dos problemas da coletividade aquilo que viesse a ser reconhecido como lícito aos cônjuges para a solução de um problema familiar? Quem impediria os governantes de favorecerem e até mesmo de imporem às suas populações, se o julgassem necessário, o método de contracepção que eles reputassem mais eficaz? Deste modo, os homens, querendo evitar dificuldades individuais, familiares, ou sociais, que se verificam na observância da lei divina, acabariam por deixar à mercê da intervenção das autoridades públicas o setor mais pessoal e mais reservado da intimidade conjugal.”

O Papa Montini expõe quatro consequências principais advindas da adoção generalizada dos métodos contraceptivos: (1) queda generalizada dos padrões morais; (2) um aumento na infidelidade e ilegitimidade; (3) a redução das mulheres a objetos utilizados para satisfação dos homens; e (4) coerção governamental em matérias envolvendo reprodução.

Aparentemente, nenhum destes pontos é-nos estranho. Examinemo-los:

Queda generalizada dos padrões morais. Mais do que padrões morais sendo derrubados, a própria existência de verdades morais objetivas vem sendo seriamente questionada nestes tempos de “ditadura do relativismo” em que vivemos. Os princípios de bem e mal são lentamente abolidos; ao invés, adota-se cada vez mais um princípio pragmático de pensamento: as ações do homem deveriam ser pautadas não pelo que é certo ou errado, mas pelo que é útil e vantajoso para o momento. As consequências passam até mesmo dos limites toleráveis, a ponto de lermos na Internet verdadeiras “apologias” de práticas vergonhosas, como a pedofilia. Contra estes, levanta-se o profeta Isaías: “Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!” (Is 5, 20).

Amargam o que é doce, também, aqueles que desnaturam o ato conjugal, doação íntima dos esposos, vivendo a sexualidade como uma mera busca de prazer. Ainda na Humanae Vitae Paulo VI explica que esta condenação da contracepção artificial “está fundada sobre a conexão inseparável que Deus quis e que o homem não pode alterar por sua iniciativa, entre os dois significados do ato conjugal: o significado unitivo e o significado procriador” (n. 12). Em nosso tempo, porém, estes dois significados parecem ter se divorciado. Mais: para muitos, nem mesmo o aspecto unitivo do ato conjugal é levado em conta, sendo substituído por uma “pseudounião”, uma doação momentânea, limitada à esfera da libido. Estes relacionamentos mais efêmeros – que podem durar uma só noite até – são cultuados, também por nosso governo. Basta assistir as propagandas confeccionadas para o tempo do Carnaval.

Um aumento na infidelidade e ilegitimidade. Bom, falar de infidelidade no mundo contemporâneo é praticamente proibido, já que a noção de compromisso vem praticamente caindo em ostracismo. Mas, nos casos em que este ainda existe, está fragilizado por um generalizado desprezo pela virtude da castidade. Assim, se ainda não ocorreu por parte de um dos cônjuges uma traição de fato, certamente algum “já adulterou com ela [outra] em seu coração” (Mt 5, 28). Há casais que ainda vivem o amor entre si e lutam para viver a fidelidade, mas infelizmente o quadro geral é bem outro. A cultura pornográfica e hedonista de nosso século estimula a poligamia e incentiva os homens a evitarem o casamento, fazendo com que a própria instituição familiar entre em crise.

A redução das mulheres a objetos utilizados para satisfação dos homens. Basta ouvir um pouquinho as músicas que fazem sucesso nas danceterias e nos bailes ultimamente… O funk é, por excelência, a música de coisificação da mulher – como também várias letras do axé. Em uma, ela é cachorra e “fica de quatro na mesa”; noutra, canta que está a disposição do homem com um “quero te dar”; nalgumas, não é tratada nem mesmo como mulher (só se ouve a referência ao seu órgão sexual, nada mais).

Essas músicas não são ouvidas por todos, é verdade. Mas são retratos de uma dura realidade: as mulheres não estão sendo devidamente respeitadas. Muitas mesmo não se dão ao devido respeito, se vestindo vulgarmente, se comportando indecentemente… No Carnaval esta sentença encontra seu ápice. Os desfiles das escolas de samba estão repletos de mulheres seminuas, dançando tanto para quem está na Sapucaí quanto para quem está em casa.

Coerção governamental em matérias envolvendo reprodução. A China é o melhor exemplo do que um Estado totalitário, aliado a um neomalthusianismo sem escrúpulos, pode fazer. No país, prevalece, desde os anos 70, a Política do Filho Único. Os casais que ousam ter mais de um filho são punidos com multas altíssimas (isto quando o governo não obriga que a criança seja cruelmente privada de seu direito de viver).

Em nosso país, já começou a iniciativa de distribuir camisinhas nas escolas, iniciando as nossas crianças e adolescentes precocemente no mundo do sexo – isto sem falar das cartilhas vergonhosas que são distribuídas com o financiamento das autoridades públicas. Ora, então você sugere que evitemos a educação sexual em sala de aula? Sugiro que o tema seja abordado, mas de forma a se manter o pudor, pois sabemos muito bem que nem todos os pais concordam com esta política contraceptiva agressiva de nosso governo. O alerta do Papa Pio XII soa bastante conveniente neste momento de nossa história:

“O pudor sugere ainda aos pais e educadores os termos apropriados para formar, na castidade, a consciência dos jovens. Evidentemente, como lembrávamos há pouco numa alocução, ‘este pudor não se deve confundir com o silêncio perpétuo que vá até excluir, na formação moral, que se fale com sobriedade e prudência dessas matérias’. Contudo, com freqüência demasiada nos nossos dias, certos professores e educadores julgam-se obrigados a iniciar as crianças inocentes nos segredos da geração duma maneira que lhes ofende o pudor. Ora, nesse assunto tem de se observar a justa moderação que exige o pudor.” (Sacra Virginitas, n. 57).

Justa moderação! É por nos furtamos de observar esta justa moderação da qual fala o Venerável Pio XII que experimentamos hoje os frutos amargos de uma educação permissiva e irresponsável. É por desprezarmos os conselhos de Paulo VI que hoje observamos uma generalizada “degradação da moralidade” e dos bons costumes… É, é forçoso para muitos reconhecer, mas “é hora de admitir que a Igreja sempre esteve certa sobre a contracepção”.

Graça e paz.

Salve Maria Santíssima!

Fonte:
http://beinbetter.wordpress.com/2012/02/18/as-profecias-da-humanae-vitae-de-paulo-vi/

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Por que estudar religião?

"Acho que a chamada "neutralidade" em estudos da religião não passa de um preconceito contra a fé religiosa, porque em ciências humanas a neutralidade não é um pressuposto universalmente cobrado em todos os campos de pesquisa", escreve Luiz Felipe Pondé, professor de Filosofia, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 20-02-2012.
Segundo Pondé, "acho mais interessante ir logo a questões mais pragmáticas e perguntar: "Por que as pessoas querem estudar religião em vez de simplesmente viver suas religiões em seus templos e fé cotidiana?"
Eis o artigo.
Você estuda religião? Aposto que, se sua resposta for "sim", a causa é uma das hipóteses abaixo. Somos previsíveis como ratos de laboratórios.

Estudar religião cientificamente seria estudá-la sem fins religiosos, ou seja, "de modo objetivo": via neurologia, sociologia, antropologia, psicologia, história, filosofia.

Trocando em miúdos, estudar religião cientificamente é estudá-la sem fins "lucrativos" para a própria fé do estudioso. Neste sentido, o melhor seria um ateu estudar Deus ou um cristão estudar budismo, porque assim não "lucrariam" com seus objetos de estudo.

Duvido profundamente deste pressuposto. Não porque seja impossível em si nem porque neutralidade em ciência seja algo absurdo. Trabalhar com ciência não é fruto de amor ao conhecimento, mas sim um modo de ganhar a vida muitas vezes menos competitivo do que o mercado de profissionais autônomos ou das grandes corporações.

Julgo esse problema da neutralidade do conhecimento científico tão improdutivo quanto se perguntar como faziam os últimos medievais, se Deus poderia criar uma pedra que Ele mesmo não poderia carregar - já que Ele seria onipotente e, portanto, poderia criar qualquer coisa. Mas, sendo Ele onipotente, como poderia existir uma pedra que Ele mesmo não poderia carregar?

Como você vê, trata-se de uma pergunta "podre" no sentido de ser simples perda de tempo. Um beco sem saída.

Acho que a chamada "neutralidade" em estudos da religião não passa de um preconceito contra a fé religiosa, porque em ciências humanas a neutralidade não é um pressuposto universalmente cobrado em todos os campos de pesquisa.

Por exemplo, quando mulheres estudam "opressão feminina", não estariam elas sob suspeita, uma vez que são mulheres e, portanto, suspeitas em "lucrar" com os ganhos do próprio estudo? Ou, quando gays estudam "opressão contra os gays", não estariam eles também sob suspeita, na medida em que eles, gays, também "lucrariam" com o estudo de seu próprio caso?

Ou mesmo ateus estudando Deus não estariam sob suspeita de quererem desconstruir a fé a fim de desvalorizá-la?

Por isso acho mais interessante ir logo a questões mais pragmáticas e perguntar: "Por que as pessoas querem estudar religião em vez de simplesmente viver suas religiões em seus templos e fé cotidiana?".

Proponho as seguintes hipóteses.
  1. Pessoas buscam a universidade ou instituições afins para estudar religião porque têm inquietações "espirituais", mas se acham "cultas e bem (in)formadas" e estão um tanto de saco cheio das "igrejas" (no sentido de religiões institucionais) que existem no mercado. Ou mesmo porque sentem vergonha de serem religiosas "oficialmente" e, por isso, preferem estudar religião a praticar religião. 
  2. Porque odeiam religião por conta de traumas infantis familiares ou escolares ou por algum grande sofrimento que gerou algum tipo de "revolta contra Deus". Normalmente essas pessoas querem acabar com a religião.
  3. Razões ideológicas: religião aliena (marxistas), oprime mulheres e gays, condena o sexo. Ou seja: querem um mundo sem religião ou com religiões simpáticas a suas ideologias.
  4. Para abrir uma igreja, ganhar dinheiro ou poder político.
  5. Para tornar sua vivência religiosa mais "culta e bem informada" e "modernizar" sua vida religiosa cotidiana, como em questões relacionadas à ciência ou à ética. 
  6. Por diletantismo sofisticado movido por inquietações existenciais e/ou filosóficas.
  7. Porque pertenceram ao clero de alguma religião e só sabem ganhar a vida com temas relacionados à religião. 
  8. Para usar o conhecimento em recursos humanos nas empresas.
  9. Geopolítica internacional: fundamentalismos, multiculturalismos, comércio exterior.
  10. Porque é professor e o ensino religioso é um mercado em expansão, além de que, se for egresso de classes sociais inferiores (o que é muito comum), títulos acadêmicos costumam ser uma ferramenta razoável de status e aumento na renda.
Resumo da ópera: dinheiro, status, angústia existencial, fé, política, opção profissional à mão ou simplesmente falta de opção.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Quantas pessoas precisam ser curadas por dentro


 A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 2, 1-12 que corresponde ao 7º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto.

CURADOR DA VIDA

Jesus foi considerado pelos seus contemporâneos um curador especial. Ninguém o confunde com os magos ou os curandeiros da época. Ele tem seu próprio estilo de curar. Não recorre a forças estranhas nem pronuncia conjuros ou fórmulas secretas. Não utiliza amuletos ou feitiços. Mas quando ele se comunica com os enfermos contagia-lhes a saúde. Os relatos evangélicos desenham de diferentes formas seu poder que cura. Seu amor apaixonado pela vida, sua íntima acolhida a cada enfermo, sua força para regenerar o melhor de cada pessoa, sua capacidade de contagiar sua fé em Deus criavam as condições que faziam possível essa cura.

Jesus não oferece remédios para resolver um problema orgânico. Aproxima-se dos enfermos na busca de uma cura desde sua raiz. Não procura somente uma melhora física. A cura do organismo fica englobada numa cura mais integral e profunda. Jesus não cura somente enfermidades. Ele sara a vida enferma.

Os diferentes relatos têm sublinhado isso de diferentes formas. Livra os enfermos da solidão e da desconfiança contagiando-lhes sua absoluta fé em Deus: “Você já acredita?”. Ao mesmo tempo, os resgata da resignação e da passividade, despertando neles o desejo de iniciar uma vida nova: “Você quer curar-se?”

Não acaba ali. Jesus os libera daquilo que bloqueia sua vida e o desumaniza: a loucura, a culpabilidade ou o desespero. Oferece-lhes gratuitamente o perdão, a paz, a benção de Deus. Os enfermos encontram nele algo daquilo que os curandeiros populares não lhes oferecem: uma nova relação com Deus que lhes ajudará a viver com mais dignidade e confiança.

Marcos narra a cura de um paralítico no íntimo da casa onde Jesus mora em Cafarnaúm. É o exemplo mais significativo para destacar a profundidade de sua força que cura. Vencendo todo tipo de obstáculos, quatro vizinhos conseguem trazer até os pés de Jesus um amigo paralítico.

Jesus interrompe sua predicação e fixa seu olhar nele. Onde está a origem dessa paralisia? Quais são os medos, as feridas, os fracassos e culpabilidades obscuras  que estão bloqueando sua vida? O enfermo não diz nada, ele não se move. Ele esta ali diante de Jesus, amarrado a sua maca. Que precisa um ser humano para pôr-se de pé e seguir caminhando? Jesus fala-lhe com a ternura da mãe: “Filho, teus pecados estão perdoados”. Deixa de atormentar-se. Confia em Deus. Acolhe seu perdão e sua paz. Anima-te a levantar-te de teus erros e de teu pecado. Quantas pessoas precisam ser curadas por dentro. Quem os ajudará a se pôr em contato com um Jesus que cura?

Para ler mais:
Comentário ao Evangelho do domingo - preparado pelo IHU - 19-02-2012

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

ASSIM COMO JESUS PASSOU PELA MORTE, A IGREJA TAMBÉM PASSARÁ

















ASSIM COMO JESUS PASSOU PELA MORTE, A IGREJA TAMBÉM PASSARÁ

Mons. Jonas Abib
Livro Céus Novos e uma Terra Nova

Eu sei que você fica receoso e até se pergunta: será que isso é doutrina da Igreja? Está no catecismo da Igreja Católica este presente de João Paulo ll para nós, Igreja:

“Antes do advento de Cristo, a Igreja deve passar por uma provação final que abalará a fé de muitos crentes. A perseguição que acompanha a peregrinação dela na terra desvendará o ´mistério da iniquidade´ sob a forma de uma impostura religiosa que há de trazer aos homens uma solução aparente aos seus problemas, à custa da apostasia da verdade” ( CIC 675). Acontecerá uma impostura religiosa. O anticristo aparecerá como alguém bom que fará a proposta de ser o governador do mundo inteiro. E apresentará às pessoas a possibilidade de solucionar os grandes problemas que angustiam a humanidade: fome, habitação, desemprego, saúde, desigualdade entre os povos…

Momentaneamente, o sistema que ele vai querer impor trará solução para os problemas, e muitas vão aplaudi-lo. Terá a arrogância de se mostrar como Deus e se assentar no trono, no meio do Templo, no coração da igreja, para ser adorado como tal. Seu objetivo, porém, mesmo que de início não o manifeste, será acabar com a igreja, com o cristianismo, por meio de uma religião em que tudo seja válido; em que todas as religiões: budismo, confucionismo, espiritismo e, de modo especial, as mais sofisticadas trazidas pela Nova Era, serão aceitas num grande sincretismo. Só não terá vez o cristianismo, a Igreja verdadeira, a fé cristã.

A Igreja e o cristianismo serão acusados de intolerância, de discriminação. Será dito que ele, com a nação de pecado, trouxe às pessoas o sentimento de culpa, especialmente em relação ao sexo. Vai-se acusar a Igreja de, em sua história, ter causado a diferença entre os povos e, por consequência, todo tipo de intolerância, ódio, guerras, miséria. O Cristianismo e a igreja serão o “bode expiatório”.

É terrível, mas muita gente vai se deixar levar por essa argumentação e achar que realmente o cristianismo é intolerante, discriminatório, e que a noção de pegado foi o que atrapalhou a tudo e a todos. Deus está nos dando a graça de dizer, antecipadamente, que tudo isso será mentira, a fim de que ninguém caia nessa impostura da qual nos fala o Catecismo da igreja Católica:

“… A impostura religiosa suprema é a do Anticristo, isto é, a de um pseudomessianismo em que o homem se glorifica a si mesmo em lugar de Deus e do seu Messias que veio na carne” ( CIC 375). E explica: “Essa impostura anticrística já se esboça no mundo toda vez que se pretende realizar na história a esperança messiânica que só pode realizar-se para além dela através do juízo escatológico… A Igreja só entrará na glória do Reino por meio desta derradeira Páscoa, em que seguirá seu Senhor na sua Morte e Ressurreição ( CIC 376 e 677).

A Igreja vai seguir os passos de Jesus.

“Portanto, o Reino não se realizará por um triunfo histórico da igreja segundo um progresso ascendente, mas por uma vitória de Deus sobre o desencadeamento último do mal, que fará sua esposa descer do céu. O triunfo de Deus sobre a revolta do mal assumirá a forma do juízo Final depois do derradeiro abalo cósmico deste mundo que passa.” ( CIC 677).

Está no catecismo da igreja Católica e na Bíblia. É doutrina da Igreja una, santa, católica e apostólica, um presente que João Paulo 11 deu a sua Igreja nestes tempos:

“No fim dos tempos, o Reino de Deus chegará à sua plenitude. Depois do juízo Universal, os justos reinarão para sempre com Cristo, glorificados em corpo e alma, e o próprio universo será renovado. Então, a Igreja será consumada na glória celeste, quando chegar o tempo da restauração de todas as coisas, e com o gênero humano também o mundo todo, que está intimamente ligado ao homem e através dele atinge a sua finalidade, encontrará a sua finalidade, encontrará a sua restauração definitiva em Cristo.” ( CIC 1042).

Nós reinaremos com Cristo para sempre, glorificados em corpo e alma, e o próprio universo será renovado: “Essa renovação misteriosa, que há de transformar a humanidade e o mundo, a Sagrada Escritura a chama de ´céus novos e terra nova´ ( 2Pd 3,13).” ( CIC 1043). Nós seremos transformados. Nosso corpo será ressuscitado e se tornará Glorioso como o de Jesus e o de Maria . E não somente a humanidade será renovada, mas também este mundo. O mundo é lindo, mas, livre do pecado, do mal e do demônio, recobrará sua harmonia e será ainda bonito. Será a realização definitiva do projeto de Deus.

Leia isto:

“Também o universo visível está, portanto, destinado a ser transformado, ´a fim de que o próprio mundo, restaurado no seu primeiro estado, esteja, sem mais nenhum obstáculo, a serviço dos justos´, participando da sua glorificação em Cristo ressuscitado. ´ignoramos o tempo da consumação da terra e da humanidade e desconhecemos a maneira de transformação do universo.” ( CIC 1048).

Não sabemos quando, mas temos certeza de que isso vai acontecer, e os sinais dos tempos mostram que isso vai acontecer, e os sinais dos tempos mostram que está próximo! Também não se conhece a maneira como serão transformados este mundo e os nossos corpos, mas serão renovados. Deus prepara para você uma nova morada. Aguente firme! A fúria de satanás será como um vendaval a calar sua boca, a jogá-lo na apostasia e o fazê-lo negar Jesus. Mas você não vai negar, não vai arrefecer, nem se dobrar ou perder a fé, porque está guardado e protegido por aquela que é a Mãe do Senhor e nossa.

Assim como Jesus passou pela morte, a Igreja também passará. Mas isso será momentâneo. Quando o anticristo, o príncipe deste mundo, pensar que venceu, Jesus chegará para destruí-lo com o sopro de seus lábios e aniquilá-lo com o esplendor de sua vinda. Assim como Jesus ressuscitou glorioso, igualmente a Igreja ressuscitará. Nós ressuscitaremos.

Paz e Bem!

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